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O parto
O parto 485

1. A pelve estrutura óssea dos compartimentos da


cavidade pélvica e do períneo no tronco,
A pelve materna é subdividida em separados pelo diafragma da pelve.
pelves maior e menor. Essas duas são Do ponto de vista obstétrico, para a
separadas pela linha inominada, que vai avaliação da via de parto, é necessário
do promontório sacral até a margem apenas o conhecimento das dimensões da
superior da sínfise púbica. Assim, a linha bacia menor, que é dividida nos estreitos
terminal delimita a abertura superior da superior, médio e inferior. No sentido da
pelve menor, ou bacia obstétrica. progressão fetal, os estreitos têm impor-
A pelve menor, chamada de bacia obs- tância nas distocias ósseas (causadas
tétrica, é circundada pela parte inferior do por alterações na bacia obstétrica).
cíngulo do membro inferior, que forma a

Figura 1. Modelo anatômico.

Fonte: Zugaib et al4.

Estreito superior borda superior da sínfise púbica, e mede


11 cm. O diâmetro anterior de maior
O diâmetro anterior com menor in-
interesse obstétrico é a conjugata vera
teresse obstétrico é a conjugata vera
obstétrica (CO), traçado do promontó-
anatômica, traçado do promontório até a
rio à face posterior da sínfise púbica e
486 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

medindo de 10,5 a 11 cm. É considerado (CO = CD – 1,5 cm). A CD é o diâmetro


o trajeto real da cabeça fetal; porém, não traçado do promontório à borda inferior
é possível medi-lo, sendo então estimado da sínfise púbica, podendo ser medida
a partir da medida da conjugata diago- no exame de toque vaginal, e mede em
nalis (CD), através da Regra de Smellie geral 12 cm.

Figura 2. Conjugatas

Fonte: Google.

Figura 3. Pelvimetria interna


O parto 487

Estreito médio Figura 5. Estreito inferior

É delimitado pela concavidade do o.


sacro com a borda inferior do o. púbico
e pelas espinhas isquiáticas. O diâmetro
anteroposterior é o sacromediopúbico, que
vai do meio da concavidade do o. sacro
até o meio da face posterior da sínfise
púbica, medindo 12 cm. O diâmetro
transverso é o biespinha isquiática, que Fonte: Zugaib et al1.
se estende de uma espinha isquiática à
outra, mede 10,5 cm e é o ponto de maior
estreitamento de todo o canal de parto, Figura 6. Corte Sagital da Bacia, mostrando de
cima para baixo, e com os valores normais:
que coincide com o Ponto 0 de De Lee. Conjugata vera anatômica, Conjugata vera
obstétrica, Conjugata diagonalis, Conjugata
Estreito inferior exitus, antes e depois da retropulsão do cóccix.

É delimitado pela borda inferior do o.


púbico, pelos mm. sacroilíacos e pelo
m. isquiococcígeno. O menor diâmetro
é a conjugata exitus (diâmetro antero-
posterior) e mede cerca de 9,5 cm. No
entanto, na fase final da expulsão fetal
após a deflexão da cabeça fetal, há
retropulsão do cóccix, e esta medida
amplia-se em 2 a 3 cm.

Figura 4. Estreito médio

Fonte: Zugaib et al1.


Fonte: Montenegro et al2.
488 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

2. Tipos de bacia depois, não impossibilitando o parto


vaginal.
A raça, as condições socioeconômi-
cas, a atividade física, as características Figura 7. Bacia Ginecoide

nutricionais da infância e da adolescência,


além do hábitat, interferem na formação
da bacia. Didaticamente, a classificação
dos tipos de bacia efetuada por Caldwell e
Moloy (1933) define 4 tipos fundamentais,
com base na forma do estreito superior.
• Bacia ginecoide: É a pelve feminina
típica (50% das bacias femininas). O
estreito superior tem a forma arredon- Fonte: Zugaib et al1.

dada, e a porção posterior é muito


larga. Possui o melhor prognóstico
Figura 8. Bacia antropoide
para o parto vaginal.
• Bacia antropoide: Aproximadamente
25% das bacias femininas. Apresenta
o estreito superior elíptico e alongado
no sentido anteroposterior e o diâ-
metro anteroposterior > transverso.
Mal prognóstico para o parto vaginal.
• Bacia androide: Em geral, a bacia
masculina normal (cerca de 20% das Fonte: Zugaib et al1.
bacias femininas). Tem o estreito
superior triangular. As espinhas ciá-
Figura 9. Bacia androide
ticas salientes, o ângulo subpúbico
e o estreito superior são reduzidos.
O parto vaginal tem mal prognóstico.
• Bacia platipeloide: Corresponde a
5% das bacias femininas. Esse tipo
é achatado (diâmetros transversos >
anteroposteriores). Em geral, a distocia
ocorre na insinuação, mas amenizada
Fonte: Zugaib et al1.
O parto 489

Figura 10. Bacia plapipeloide materno e o feto. São avaliadas atitude,


situação, apresentação e posição do feto.

Atitude fetal
É a relação das diversas partes fe-
tais entre si e depende da disposição
dos membros e da coluna vertebral. A
atitude fisiológica nas apresentações
Fonte: Zugaib et al1. cefálicas é a flexão generalizada, com
mento encostado no esterno. Em situ-
ações anômalas, pode haver extensão
da coluna com deflexão do polo cefálico,
3. Estática fetal levando às apresentações defletidas (1º,
O estudo da estática fetal compreende 2º e 3º graus).
as relações espaciais entre o organismo

Figura 11. Flexão generalizada, deflexão 1° grau, deflexão 2° grau e deflexão 3° grau

A atitude fisiológica na apresentação o modo de nádegas (ou agripina), quan-


pélvica é a chamada pélvica completa, do as pernas estão estendidas sobre a
com as coxas fletidas e aconchegadas barriga fetal, ou, ainda mais raro, o modo
ao abdome, e as pernas fletidas junto às de joelhos ou pés.
coxas. As situações anômalas incluem
490 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

Figura 12. Pélvica completa, pélvica incompleta e modo de pés.

Apresentação fetal
SE LIGA!
A apresentação é definida como a
Se o feto estiver com ausência persis- região fetal que ocupa a área do estrei-
tente de flexão de todos os membros to superior da pelve materna e nela se
pode significar sofrimento fetal grave vai insinuar. Na situação longitudinal,
ou perda do tônus muscular (ex.: as apresentações são cefálica (95%)
doenças neurológicas). ou pélvica. Na situação transversa, a
apresentação é denominada córmica.

Situação fetal Variedade de posição


É a relação entre o maior eixo fetal A variedade de posição complementa
com o maior eixo da cavidade uterina, o a orientação espacial do concepto ao
que leva a três possibilidades de situa- relacionar um ponto de referência da
ção fetal: longitudinal (95% dos casos); apresentação fetal com um ponto de
transversa; oblíqua. referência ósseo da bacia materna. Os
pontos de referência são variáveis, sempre
Posição fetal
a depender do tipo de apresentação, e
É a relação do dorso fetal com o abdo- convencionou-se o emprego de 2 ou 3
me materno. Pode ser dorso à esquerda letras para a nomenclatura:
ou à direita, na situação longitudinal, ou A 1ª letra diz respeito ao ponto de
dorso anterior ou posterior, na situação referência da apresentação fetal: O (oc-
transversa. cipício), B (bregma), N (naso), M (mento),
S (sacro) e A (acrômio).
O parto 491

• Na apresentação cefálica fletida, o Figura 14. Deflexão de 1° grau

ponto de referência é a fontanela


posterior, lambda, ou occipício (O).
O menor diâmetro é o suboccipito-
bregmático, com 9,5 cm.
• Na deflexão de 1º grau, o ponto de refe-
rência é o bregma (B). O prognóstico para
parto via baixa ainda é bom. O menor
diâmetro é o occipitofrontal, com 11 cm.
• Na deflexão de 2º grau, a chamada
Figura 15. Deflexão de 2° grau
apresentação de fronte, o ponto de
referência é a glabela ou raiz do nariz,
chamado naso (N). É o caso com pior
prognóstico de parto por via baixa,
pois o menor diâmetro é occipito-
mentoniano, com 13,5 cm.
• Na deflexão de 3º grau, a chamada
apresentação de face, o ponto de
referência é o mento (M). O menor
diâmetro é suboccipitobregmático,
com 9,5 cm.
Figura 16. Deflexão de 3° grau

Figura 13. Apresentação cefálida fletida

• Na apresentação pélvica, o ponto de


referência fetal é o sacro (S).
• Na apresentação córmica, o ponto de
referência é o acrômio (A).
492 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

Figura 17. Apresentação pélvica A 2ª letra refere-se ao lado materno


para o qual está voltado o ponto de re-
ferência fetal (posição): D (direita) e E
(esquerda), e esta letra é suprimida nas
variedades sacral e púbica. As posições
E são mais frequentes.
A 3ª letra indica a variedade de posi-
ção, conforme o ponto de referência fetal
esteja voltado para o ponto de referência
ósseo da bacia materna: A (anterior), T
(transversa), P (posterior ou púbis) e S
(sacro).
Figura 18. Apresentação córmica
Figura 19. Pontos de referência da bacia
materna. 1: púbis; 2: variedades direita anterior
e esquerda anterior; 3: variedades direita
transversa e esquerda transversa; 4: variedades
direita posterior e esquerda posterior; 5: sacro.

Fonte: Montenegro et al2.


O parto 493

Tabela 1. Resumo.

Situação Apresentação Referência Símbolo Linha de Orientação

Cefálica – fletida Lambda O Sutura Sagital

Sutura
1º – Bregma B
Sagitometópica

Longitudinal Cefálica – defletida 2º – Fronte


N Sutura Metópica
Glabela-nariz

3º – Face-Mento M Linha Facial

Pélvica Sacro S Sulco interglúteo

Transversa Córmica Acrômio A Gradil costal

Fonte: Zugaib et al

Resumindo, para memorizar, a va- feita, na maior parte das vezes, pelos
riedade de posição ODA significa que a planos de De Lee. O plano 0 é o diâmetro
apresentação é cefálica fletida (Occipício da biespinha isquiática, que é o plano de
– O), que está em correspondência com referência para os demais.
o estreito superior da bacia à Direita (D)
Figura 20. Representação dos Planos de De Lee.
e Anteriormente (A).

SE LIGA!

É muito importante diferenciar, no


exame de toque vaginal, a fontanela
lambdoide, que tem forma de “Y”,
e a fontanela bregmática, que tem
forma de losango, para determinar
corretamente a variedade de posição.

Altura
Fonte: Zugaib et al4.
É importante saber em que altura está
a apresentação, e sua determinação é
494 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

4. Manobras de • Terceiro tempo: Determina a apresen-


Leopold-Zweifel tação fetal, ou seja, o polo fetal que se
apresenta ao estreito superior da bacia,
Ao realizar a palpação abdominal, e sua mobilidade. Com o polegar e os
precisamos conhecer as manobras de dedos, imprimem-se movimentos laterais
Leopold-Zweifel, para avaliar os pontos da e, quando não está encaixada, a apre-
estática fetal. Dividem-se em 4 tempos. sentação será palpada como um corpo
• Primeiro tempo: Deprime o fundo móvel, geralmente a cabeça fetal. Se
uterino para delimitá-lo e determina estiver encaixada, a mobilidade é pequena.
a situação fetal.
Figura 23. Segundo Tempo da
Figura 21. Primeiro Tempo da Manobra de Leopold-Zweifel.
Manobra de Leopold-Zweifel.

Fonte: Montenegro et al2. Fonte: Montenegro et al2.

• Segundo tempo: Desliza as mãos • Quarto tempo: Determina a insinuação,


do fundo uterino para o polo inferior ou seja, o grau de penetração da apresen-
do útero com o objetivo de sentir o tação na pelve materna. O examinador
dorso fetal (região maciça e contínua) fica de frente para os pés da gestante e,
determinando sua posição. com as pontas dos dedos, exerce pressão
em direção ao eixo da entrada pélvica.
Figura 22. Segundo Tempo da
Manobra de Leopold-Zweifel. Figura 24. Segundo Tempo da
Manobra de Leopold-Zweifel.

Fonte: Montenegro et al2.

Fonte: Montenegro et al2.


O parto 495

5. Fases clínicas do parto O diagnóstico do trabalho de parto


(TP) é essencial, sendo um conjunto de
alterações, as significativas que devemos
SE LIGA!
considerar são a presença de contrações
O parto é caracterizado por contra- dolorosas e rítmicas (≥ 2 em 10 minutos,
ções uterinas dolorosas, que levam com duração de 50-60 segundos cada);
à dilatação cervical e à expulsão apagamento e dilatação do colo (≥4cm).
do feto, porém, antes, o útero sofre Outros sinais são: formação da bolsa
modificações fisiológicas concomi- das águas; e perda do tampão mucoso.
tantes ao aumento da frequência de Podemos dividir o verdadeiro TP em 4
contrações indolores (contrações fases clínicas.
de Braxton Hicks), até o verdadeiro
trabalho de parto.

Figura 25. Premonitório X trabalho de parto

Período premonitório Trabalho de parto

• Contrações intermitentes, com • Contrações dolorosas e rítmicas


aumento da frequência e intensidade; (≥2 em 10min, 50-60seg cada);
• Sem dilatação do colo uterino; • Apagamento e dilatação do colo uterino;
• Saída de muco cervical; • Bolsa-das-águas;
• Dores lombares. • Perda do tampão mucoso.

1º período: dilatação A fase de dilatação, ou 1º período,


inicia-se com as primeiras contrações
SE LIGA! dolorosas, cuja principal ação é a mo-
dificação da cérvix e termina com a
No TP, as contrações têm início no
dilatação total de 10 cm. O tempo de
fundo, são mais duradouras e inten-
dilatação nas primíparas dura de 10-12
sas, com propagação descendente.
horas e nas multíparas de 6-8 horas.
É o chamado TRÍPLICE GRADIENTE
São esperadas de 2 a 4 contrações em
DESCENDENTE.
10 minutos, 40 mmHg, e com duração de
50 segundos nessa fase. A velocidade
de dilatação é por volta de 1 cm/hora
496 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

na fase ativa do TP das primíparas e um são fenômenos distintos. Nas primípa-


pouco mais rápido, cerca de 1,5 cm/hora, ras, ocorre primeiro o esvaecimento, de
nas multíparas. cima para baixo, e depois a dilatação do
O esvaecimento (incorporação do colo orifício externo; já nas multíparas os dois
à cavidade uterina) e a dilatação cervical ocorrem simultaneamente.

Figura 26. Apagamento e dilatação do colo em primíparas (A – D) e multíparas (E – H).

Fonte: Montenegro et al2.

Assistência ao 1º período
SE LIGA!
Logo na admissão da parturiente,
Os materiais necessários para a as-
deve ser feita anamnese, o exame físi-
sistência ao TP são: campos e luvas
co e o toque vaginal, além de exames
estéreis; pinças de antissepsia e retas;
laboratoriais, que devem incluir tipagem
tesoura de Metzenbaun; clorexidina
sanguínea ABO, fator Rh caso a gestante
aquosa; compressas.
não tenha, coombs indireto se Rh -, VDRL
e teste rápido para HIV.
O parto 497

Durante a fase de dilatação, o ideal Métodos não farmacológicos para


é que haja o mínimo de intervenções e, auxílio da dor devem ser orientados,
sempre que possível, numa evolução como banho morno, bola de pilates,
fisiológica do TP, deve-se respeitar a massagem e música.
autonomia da paciente. A analgesia via bloqueio peridural, no
Está liberada a dieta com alimentos geral, é feita com 4-5 cm de dilatação,
nutritivos e de fácil ingestão, além de porém, não é um procedimento de rotina,
líquidos. O acesso venoso deve ser feito já que pode trazer complicações como
apenas se houver necessidade de admi- vômitos, hipotensão, retenção urinária
nistração de drogas, analgesia ou em e período expulsivo prolongado, com
casos de indução do parto. O decúbito maior uso do fórceps. Respeita-se o
dorsal deve ser evitado, pois diminui o limiar individual de dor.
retorno venoso; portanto, a deambulação Lembrando que a presença constante
é livre. Em caso de bolsa rota e apresen- de um acompanhante durante todo o
tação alta (De Lee -1 ou -2), para evitar parto é direito da parturiente. E o preen-
enroscar o cordão, a deambulação deve chimento do partograma é obrigatório!
ser controlada.
A tricotomia não é recomendada 2º período: expulsão
(apenas será feita antes da cesariana), A expulsão é considerada o 2º período
assim como também não é a lavagem e inicia-se quando a dilatação é total, ou
intestinal. A amniotomia é feita se houver seja, quando atinge 10 cm, e termina
indicação. O toque deve ter o intervalo quando ocorre a completa expulsão do
mínimo de 4 horas, pois aumenta o risco feto. Nessa fase, o feto é expelido do
de infecção. útero por meio da ação combinada das
A ausculta cardíaca intermitente deve contrações uterinas voluntárias e, aqui,
ser feita da forma correta, a cada 30 ocorre o mecanismo de parto (será visto
minutos em pacientes de baixo risco em seguida). Nesse período, são espe-
e a cada 15 minutos naquelas de alto radas 5 a 6 contrações em 10 minutos,
risco. Para que haja valor, a ausculta com cerca de 50-60 mmHg e duração de
deve ser feita antes, durante e após o 60 a 80 segundos. A duração média em
fim da contração por prazo de 30 a 60 primípara é 50 minutos e em multípara,
segundos. A cardiotocografia não deve 20 minutos.
ser feita como rotina em baixo risco.
498 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

Podem ocorrer os puxos, compará- Figura 27. Proteção do períneo:


episiotomia (mediana e mediolateral)
veis à “vontade de espremer”, como na e apoio com compressas.
evacuação ou micção dificultadas.

Assistência ao 2º período

Não existe uma posição ideal, sendo


totalmente opção da paciente; porém,
atualmente, as posições verticalizadas
são mais recomendadas do que a po-
sição de litotomia. A ausculta cardíaca
intermitente deve ser realizada com
intervalos menores (Baixo risco 15/15
minutos, alto risco 5/5 minutos).
Deve-se realizar a antissepsia da re-
gião perineal e a colocação dos campos
estéreis para isolar as partes maternas,
exceto a vulva.
Para proteção do períneo, é importante
realizar a manobra de Ritgen modificada,
sendo tecnicamente realizada compri-
mindo a parte de baixo do períneo com
uma compressa na mão, enquanto a outra
mão controla a deflexão da cabeça. É Fonte: Montenegro et al2.
uma possibilidade realizar o parto hands
off, sem interferência, só observando. A realização de episiotomia não é
indicada de rotina e deve ter a avaliação
do obstetra antes de ser realizada. O
momento ideal, caso seja necessária,
é no desprendimento do polo cefálico.
A técnica a se utilizar pode ser tipo mé-
dio lateral (dói mais, é menos estética,
sangra mais, porém há menos risco de
lesão esfincteriana) ou tipo mediana.
Os músculos seccionados: transverso
O parto 499

superficial do períneo, bulbocavernoso e • Baudelocque-Schultze: mais comum,


puborretal. É preciso realizar anestesia, o descolamento é central e a face
fazendo um bloqueio troncular do nervo fetal é vista primeiro pela rima vulvar.
pudendo interno na extremidade da es- Há formação de hematoma retropla-
pinha ciática. Algumas das indicações centário e o sangramento sai depois
são: previsão de laceração perineal grave da placenta.
(3º ou 4º grau); sofrimento fetal; distocia • Baudelocque-Duncan: menos comum,
de ombros; uso de fórceps ou extrator a o descolamento é marginal ou periféri-
vácuo; fetos macrossômicos; e período co. A face materna é vista saindo pela
expulsivo prolongado. rima vulvar e o sangramento escoa
antes da saída completa da placenta.
SE LIGA!
Figura 28. Dequitação a Baudelocque-Schultze.

A manobra de Kristeller (compressão


do fundo uterino) é rotineiramen-
te proibida pelos riscos de rotura
hepática materna, rotura uterina e
trauma fetal.

3º Período: secundamento
(dequitação)
É o período em que ocorre o des-
colamento, a descida e a expulsão da
Fonte: Montenegro et al2.
placenta. A duração média é de 5 a 30
minutos após o período expulsivo. É
importante reconhecer os 2 tipos de
dequitação:
500 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

Figura 29. Dequitação a Baudelocque-Duncan. Assistência ao 3º período

Algumas condutas são recomendadas


nessa fase. São elas:

1. 10 UI ocitocina IM pós-expulsão fetal;


2. Tração controlada de cordão;
3. Manobra de Fabre: avalia se a placen-
ta já descolou. Coloca-se a mão no
fundo do útero da paciente e faz-se
leve tração de cordão;
4. Procedimento de Harvey: leve com-
pressão do segmento inferior do útero
para auxiliar a descida da placenta
pelo canal vaginal;
Fonte: Montenegro et al2. 5. Manobra de Jacob-Dublin: leve tra-
ção e torção axial da placenta para
Caso a placenta não seja expelida auxiliar no descolamento durante
após 30 minutos, estamos diante de um exteriorização.
quadro de encarceramento placentário, 6. Realizar revisão do canal de parto
quando devemos ativamente interferir (buscar laceração).
na dequitação.

Figura 30. Manobra de Jacob-Dublin

Fonte: Zugaib et al1.


O parto 501

Não deve ser feita a Manobra de Credé placentário. Evita-se tração intensa do
(risco de inversão uterina): expressão cordão e compressão intensa do fundo
uterina visando auxiliar o descolamento uterino.

Figura 31. A: 1º grau - pele e a mucosa. B: 2º grau - pele, mucosa e músculo


transverso superficial do períneo e bulbocavernoso. C: 3º grau - esfíncter externo
do ânus. D: 4º grau - esfíncter interno do ânus e a mucosa retal.

Fonte: Zugaib et al¹.

4º período: (1ª hora pós-parto) de coagulação – é considerado o mais


raro, pensar quando excluir os demais).
Inicia-se imediatamente após a de-
Deve-se manter vigilância rigorosa da
quitação, sendo, dessa forma, a 1ª hora
paciente na 1ª hora pós-parto pelo risco
do puerpério, e não um verdadeiro 4º
de hemorragia.
período. É o período com maior risco
Ocorre a hemostasia por Miotam-
de hemorragias e devemos nos lem-
ponagem (contração uterina-ligaduras
brar dos 4Ts: Tônus; Trauma (revisar
vivas de Pinard), trombotamponagem
o trajeto sempre que fizer um parto);
(coagulação do sangue) e contração ute-
Tecido (verificar se ficou algum resto
rina fixa (globo de segurança de Pinard).
placentário); Trombina (algum problema
502 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

2º tempo: descida
6. Mecanismo de parto
Passagem da apresentação fetal do
São feitas divisões didáticas para estreito superior para o estreito inferior
melhor entendimento, mas, na realidade, da pelve. A descida é acompanhada
trata-se de um processo dinâmico com pelos planos de De Lee, onde será veri-
acontecimentos concomitantes. ficada a altura da apresentação, sendo
considerada:
1º Tempo: insinuação
A insinuação indica a passagem do Quadro 1. Planos de De Lee.

maior diâmetro da apresentação fetal Móvel: superior ao De Lee -3


pelo estreito superior da bacia materna Ajustada/fixada: em De Lee -3, -2 ou -1
(plano 0 de De Lee). O maior diâmetro
Insinuada: De Lee 0
na apresentação cefálica é o biparietal,
Fortemente insinuada: De Lee +1, +2 ou +3
e na apresentação pélvica é o bitrocan-
Baixa: De Lee +4 ou +5 cm
térico. Nesse período, ocorre a redução
dos diâmetros fetais, o que, no caso da
Figura 33. Planos de Lee
apresentação cefálica, consiste na flexão
(mais frequente) ou deflexão da cabeça.
Nas primigestas, a insinuação do feto
se dá cerca de 15 dias antes do parto;
já nas multíparas, isso pode ocorrer a
qualquer momento.
Há, ainda, movimentos de flexão
lateral, já que um dos ossos parietais
atravessará o estreito superior antes
do outro; essa situação é denominada
de assinclitismo.

Fonte: Zugaib et al¹


O parto 503

3º tempo: rotação interna

Figura 34. Rotação interna da apresentação em OEA para OP, seguida do desprendimento cefálico.

Fonte: Montenegro et al2.

A rotação interna da cabeça tem o para que o polo cefálico se alinhe com o
objetivo de coincidir o maior diâmetro púbis. Nas variedades posteriores, pode
do polo cefálico com o maior diâmetro acontecer de o feto rodar 45º posterior-
da bacia, ou seja, fazer com que o polo mente para se apresentar em occípito
cefálico se alinhe com o púbis. Há rotação sacro (OS). Nesse caso, o trabalho de
de 45° nas variedades anteriores, 90º parto é mais moroso, difícil.
nas transversas e 135º nas posteriores
504 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

Figura 35. Rotação interna das variedades de posição posterior (A),


anterior (B) e transversa (C) para a occipitopúbica (D).

Fonte: Zugaib et al4.

4º tempo: desprendimento ocorrer exteriorização do maciço fron-


cefálico tal. A fronte do feto rechaça o cóccix
aumentando esse diâmetro, o que se
O polo cefálico está em flexão, sendo
denomina retropulsão coccígea.
necessário que ocorra movimento de
deflexão ou extensão da cabeça para

Figura 36. Desprendimento cefálico

Fonte: Zugaib et al¹


O parto 505

5º tempo: restituição
7. Partograma
(rotação externa)
Consiste em novo movimento logo O partograma é a representação grá-
após o desprendimento total da cabeça fica do TP, um documento obrigatório
fetal, quando o occipício se volta para nas maternidades por determinação da
o lado materno que ocupava no inte- OMS. Com ele, é possível acompanhar e
rior do canal de parto. A sutura sagital documentar a evolução do parto, diag-
apresenta-se em sentido transversal ao nosticar distocias e evitar intervenções
da fenda vulva ao final desse processo. desnecessárias.
Ao mesmo tempo, as espáduas rodam,
Figura 51. Modelo de ficha de partograma.
trazendo o diâmetro biacromial para
o diâmetro anteroposterior do estreito
inferior. Assim, o ombro anterior fica
sobre a arcada púbica e o posterior fica
em contato com o cóccix materno.

6º tempo: desprendimento
do ovoide córmico
Nessa parte final da expulsão fetal,
há o desprendimento das espáduas, no
qual, primeiramente, a espádua anterior
aparece no orifício vulvar, seguida pela
liberação da espádua posterior. Com a
saída das espáduas, há liberação de todo
o tronco fetal.
Vale dizer que podem ocorrer situa-
ções como o parto pélvico e a distocia
biacromial, entre outros quadros, que
tem particularidades bastante relevantes
e estão melhor abordados em nossa
apostila de obstetrícia! Fonte: Montenegro et al2.

O desenho do triângulo mostra a dilata-


ção da paciente e sua evolução em horas,
506 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

sabendo que cada quadrado corresponde Distocias de dilatação


a 1 hora. O desenho da circunferência re-
presenta a altura da apresentação e nela é Fase ativa prolongada
preciso desenhar a variedade de posição.
A fase ativa prolongada ocorre quando a
Sua descida será acompanhada pelos
dilatação progride, porém lentamente, menos
planos de De Lee ou Hodge. Lembrando
que 1 cm/hora. Geralmente está associada à
que o plano 0 de De Lee ou 3º plano de
distocia funcional (contrações ineficientes).
Hodge corresponde ao nível das espinhas
Pode-se ter um útero que contrai pouco ou
isquiáticas. Acima desse plano os valores
de maneira desregulada. A opção possível
são negativos e, abaixo, os valores são
para correção é melhorar as contrações, seja
positivos. Outras variáveis do partogra-
com deambulação, ocitocina ou amniotomia.
ma são frequência cardíaca fetal, nº de
Se a apresentação estiver alta, evita-se am-
contrações e intensidade, condições da
niotomia, pelo risco de prolapso de cordão.
bolsa das águas e do líquido amniótico,
uso de ocitocina, medicamentos, fluidos Figura 52. Fase ativa prolongada
e anestesia. É necessário traçar 2 linhas
que irão avaliar a evolução da dilatação:
• Linha de Alerta, traçada na hora se-
guinte da dilatação inicial: precisa
tangenciar o primeiro registro de dilata-
ção do colo uterino (não é para cruzar
o triângulo). Ao cruzar essa linha, é
preciso que haja maior observação
clínica sobre esse trabalho de parto.
• Linha de Ação, traçada quatro horas
depois da linha de alerta. Quando a
curva de dilatação cruza a Linha de
Ação, significa apenas que alguma
intervenção deve ser feita, não neces-
sariamente a resolução por via alta. O
partograma deve ser aberto na fase
ativa de TP. Caso o examinador o abra Fonte: Ministério da Saúde
no momento errado, pode acontecer
distocia de abertura (abriu na fase
latente e não ativa do parto).
O parto 507

Parada secundária de dilatação Parto precipitado

A dilatação não progride em 2 toques O parto precipitado (taquitócico) é aquele


consecutivos, intervalados em pelo menos em que o tempo da dilatação até expulsão
2 horas. Pode ser por de desproporção é ≤4 horas. É causado por taquissistolia
cefalopélvica (DCP) absoluta (feto > e hipersistolia, espontâneas ou iatrogêni-
bacia materna), ou relativa, quando há cas (uso inadequado de ocitocina). Pode
deflexão, ou nas variedades de posição estar associado a sofrimento fetal agudo
transversas ou posteriores. Quando há e lacerações do canal de parto (não há
situação de DCP absoluta, indica-se ce- tempo de o trajeto adaptar-se à descida).
sárea. Se descartado DCP, pode ser feita Se for iatrogênico, suspende-se a ocitocina
amniotomia, deambulação ou analgesia. e, quando espontâneo, pode-se colocar
a paciente em DLE, hidratá-la e colocar
Figura 53. Parada secundária de dilatação oxigênio em cateter nasal. Se necessário,
a terbutalina está indicada para tocólise.

Figura 54. Parto precipitado

Fonte: Ministério da Saúde

Fonte: Ministério da Saúde


508 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

Distocias do período pélvico Parada secundária da descida

No período pélvico ou expulsivo, as A parada secundária de descida ocorre


distocias só podem ser identificadas na quando há dilatação completa e a descida
presença de dilatação total do colo uterino. não progride em 2 toques sucessivos,
em pelo menos 1 hora. As contrações
Período pélvico prolongado geralmente estão boas e a causa mais
Ocorre quando a dilatação é completa, comum é a DCP, e, nesse caso, opta-se
mas a descida da apresentação é lenta. A pela cesárea.
causa é a contratilidade uterina deficiente
Figura 56. Parada secundária da descida
(o útero está empurrando pouco). É possí-
vel corrigir com ocitocina, amniotomia ou
fórcipe, quando há indicação. As posições
verticalizadas também ajudam na descida.
O Ministério da Saúde coloca o limite do
período expulsivo de 3 horas em primíparas
e 2 horas em multíparas. Caso seja feita
analgesia, permite-se 1 hora a mais.

Figura 55. Período pélvico prolongado

Fonte: Ministério da saúde

8. Fórceps
O fórceps tem o uso restrito a algumas
situações e tem a função de apreender
o polo fetal, tracionar e rodar. Algumas
indicações precisas do seu uso estão
no quadro abaixo:
Fonte: Ministério da Saúde
O parto 509

Quadro 3. Indicações de uso do Fórceps.

Sofrimento fetal ou BCF não tranquilizador; Variedade de posição anômala como OS ou OT;

Cicatriz uterina prévia;


Comorbidades maternas que contraindiquem a
manobra de Valsalva (doença cardíaca classe Cardiopatas, para abreviar o período expulsivo;
III ou IV, crises hipertensivas, miastenia gravis,
lesão de medula, retinopatia proliferativa); Apresentação anômala, como a
apresentação de face.

Exaustão materna.

Para o uso deste instrumento, algumas


9. Indução do parto
condições devem estar garantidas, como
ausência de DCP; bolsa rota; conhecer A indução do trabalho de parto consiste
a variedade de posição; dilatação total; em estimular artificialmente o preparo
feto insinuado e vivo. A pega correta é do colo e as contrações uterinas coor-
a biparietomalomentoniana. denadas e efetivas antes de seu início
Alguns tipos de fórceps são: Simpson, espontâneo, levando ao desencadeamento
mais usado, para resolver período expulsivo do trabalho de parto, em mulheres a partir
prolongado; Kielland, para variedades de trans- da 22ª semana de gestação.
versas, pois consegue rodar (90º a 135º); e Indicações com grau de evidência A
Piper, para cabeça derradeira no parto pélvico. incluem: gestação prolongada (> 41 se-
manas): diabetes e RPMO (> 34 semanas
SE LIGA! ou antes na vigência de infecção).
As contraindicações absolutas para
Após uso do fórceps, alguns cuidados indução são: desproporção cefalopélvica,
devem ser realizados: revisão de canal gestação múltipla, apresentação fetal
de parto em busca de lacerações; toque anômala, cicatriz uterina, placenta prévia,
retal antes e depois da episiorrafia; obstrução do canal de parto, carcinoma
examinar RN para avaliar possíveis cervical invasivo, macrossomia, sofrimento
lesões; fazer analgesia, se necessá- fetal, prolapso de cordão, herpes genital
rio; monitorar diurese até 12 horas com lesões ativas, malformações uterinas.
pós-parto, principalmente se analge- Para a indução dar certo, o colo precisa
sia regional for realizada e em casos estar maduro. Essa maturação é medida
de retenção urinária; avaliar volume pelo Índice de Bishop, que avalia o colo e a
residual; oferecer fisioterapia pélvica altura da apresentação (planos de De Lee).
para prevenir incontinência urinária.
510 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

Tabela 5. Índice de Bishop

Pontos 0 1 2 3

Dilatação 0 1-2 cm 3-4 cm > 4 cm

Esvaecimento (%) 0-30% 40-50% 60-70% 80% ou mais

Consistência Firme Intermediário Amolecido —

Posição Posterior Medianizada Central —

Altura da
-3 -2 -1 ou 0 +1 ou +2
apresentação

Fonte: Zugaib et al¹

Considera-se colo maduro quando o disponíveis, mas a dose de 25 mcg é


índice de Bishop for >7. Nesses casos, a mais segura, sendo empregada para
há alta probabilidade de partos normais indução de partos a termo, com feto vivo.
após a indução do TP. O colo é consi- Faz-se a administração de 1 compri-
derado imaturo quando o Bishop ≤ 6. mido de 25 mcg de 6/6 horas, por via
Nessa situação, é necessária, então, a vaginal, em fundo de saco posterior. O
utilização de métodos artificiais para a uso de doses maiores está associado
maturação cervical, pois a indução de a um maior risco complicações (ex.:
parto com ocitocina está associada a taquissistolia e rotura uterina). Está con-
altas taxas de falhas de indução e parto traindicado em pacientes com cirurgia
por cesárea. uterina ou cesariana anterior.
A falha ou malogro de indução é de-
Maturação cervical finida quando há ausência de TP após
A maturação cervical pode ser feita administração da 4ª dose de Misoprostol.
por métodos farmacológicos ou não A administração de ocitocina só pode
farmacológicos, os métodos mecânicos. ser iniciada após 4 a 6 horas do uso
As drogas normalmente utilizadas são as do misoprostol, para reduzir o risco de
prostaglandinas. O uso de prostaglandinas complicações.
E2 (dinoprostona) é bom, porém tem alto Outros métodos não farmacológicos
custo. O uso de misoprostol (prostaglan- são:
dina sintética E1) é o método de escolha
para o preparo cervical, através da via • Dilatadores osmóticos: dispositivos
vaginal. Existem várias apresentações que absorvem a água, aumentando
seu tamanho, o que leva à dilatação
O parto 511

do colo. A principal complicação é a utilizada para estimular as contrações


infecção (ex.: endometrite). uterinas. Apesar da ação rápida (3 a 5
• Descolamento digital das membranas minutos) tanto para início da estimulação
ovulares: muito conhecido e utilizado quanto da sua cessação quando suspen-
tanto para a maturação cervical como sa, não é indicada quando o colo ainda é
para estimular o início do TP espon- imaturo (Bishop < 7), sendo associada a
tâneo, porém tem nível de evidência partos prolongados, intoxicação hídrica
baixo. Aparentemente, ocorreria au- pelo aumento sucessivo das doses e,
mento de prostaglandinas no local consequentemente, de cesáreas.
que seria responsável pelo início das A avaliação da vitalidade fetal deve
contrações uterinas. ser feita com o uso da cardiotocografia
• Método de Krause: se insere uma e amnioscopia, quando as condições do
sonda vesical de grosso calibre acima colo permitirem.
do orifício interno do colo, através de Administração: 5UI de ocitocina (1
exame de toque ou com espéculo va- ampola) diluídas em 500 mL de soro
ginal, e se insufla com água destilada. glicosado a 5%, gerando uma solução
A ação mecânica promove estímulo com concentração de 10 mUI/mL. Ini-
à liberação de prostaglandinas. Tem cia-se a indução com infusão de 2 mUI/
menor taxa de sucesso e maior tempo min (12 mL/h em BIC ou 4 gotas/min, se
de latência na indução. BIC indisponível). Aumentam-se 2 mUI a
cada 15 minutos até se obter contração
Indução com ocitocina uterina adequada ou atingir o máximo
A medicação de escolha para a indu- de 32 mUI/min.
ção do TP em colos maduros é a ocitocina,
512 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

Referências

1. Zugaib M, Francisco RPV. Zugaib obste- 3. Amorim MMR, Duarte AC, Andreucci CB,
trícia. 4. ed. Barueri: Manole; 2020. Knobel R, Takemoto MLS. Distocia de
2. Montenegro CAB, Rezende Filho J. Re- ombro: proposta de um novo algoritmo
zende Obstetrícia Fundamental. 13. Ed. para conduta em partos em posições não
Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2011. supinas. FEMINA. 2013; 41(3), 115–24.
4. Zugaib M, Francisco RPV. Zugaib obste-
trícia. 3. ed. Barueri: Manole; 2016.
O PARTO RESUMO VISUAL

TIPOS DE BACIA

Ginecoide Androide Platipeloide Antropoide

PELVE PELVE OBSTÉTRICA

Dividida em duas: Estreito superior


Pelve MAIOR e Estreito médio
Pelve MENOR – Estreito inferior
PELVE OBSTÉTRICA São os menores
diâmetros atravessados pelo
feto no momento do parto

TRAJETO
ESTREITO SUPERIOR
Conjugata diagonal – média 12 cm » Toque vaginal até o promontório Conjugata vera
obstétrica – média 10,5 cm (geralmente 1,5 cm menor que a diagonal)

ESTREITO MÉDIO

Diâmetro biespinha esquiática – média 10 cm » diâmetro da pelve


ESTREITO INFERIOR

Conjugata Exitus até 11 cm


Atitude fetal – Relação das Posição fetal: Relação


Situação fetal – eixo fetal

partes fetais entre si. dorso fetal x abdome


x eixo uterino

Flexão generalizada materno (esq, dir, ant


e post);
Apresentação fetal:
Relação polo fetal x estreito;
Insinuação: Grau de
penetração da apresentação
na pelve materna;

VARIEDADE DE POSICÃO - 2 ou 3 LETRAS


Ponto de Linha de
Situação Apresentação
Referência orientação
Cefálica fletida Lambda Sutura sagital
Cefálica fletida Sutura
Bregma
1 grau Sagitometópica

Cefálica fletida
Glabela ou nariz Sutura metópica
Longitudinal 2 grau

Cefálica fletida
3 grau Mento Linha facial

Pélvica Sacro Sulco interglúteo

Transversa Córmica Acrómio Dorso


O PARTO
FASES CLÍNICAS
ATENÇÃO!
1° Período – Dilatação Tríplice Gradiente Descendente
2° Período – Expulsão As contrações começam e são mais
3° Período – Dequitação intensas no fundo uterino e se
4° Período – 1° hora pós-parto propagam do fundo para o colo uterino

MECANISMO DE PARTO
1° TEMPO
Insinuação: Passagem do

mesmo tempo » Flexão (movimento acessório).

2° TEMPO

Descida:

3° TEMPO

4° TEMPO

Desprendimento cefálico: Deflexão (movimento acessório) » Hipomóclio = ponto de

5° TEMPO

Restituição (rotação externa):

6° TEMPO

Desprendimento do ovoide córmico: Cinturas escapular e pélvica (Atenção à

FÓRCEPS
Indicações: sofrimento fetal, exaustão materna, caridiopatas (abreviar período
expulsivo) e cicatriz uterina prévia
Simpson OPS
Kielland para variedade KTA
Piper PP

INDUÇÃO DE TRABALHO DE PARTO

MECÂNICOS
FARMACOLÓGICOS
Se contraindicação
Prostaglandinas
aos farmacológicos

E1: Misoprostol
Descolamento digital
E2: Dinoprostona de membranas

Cateter de Foley

Laminária
O parto 515

Fluxograma

Gestante com indicação de indução

Feto vivo

Cardiotocografia normal
ILA normal
Peso fetal < 4,5 kg.

sim não

Avaliar cesárea
Índice de Bishop

<6 ≥6

1º Misoprostol 25mg VV Ocitocina

Ruptura das membranas OU


Bishop >06 OU
Contrações eficazes

sim não Se falha na 4ª dose


de misoprostol

Repetir até 3x Misoprostol Falha de Indução do


Avaliar ocitocina
25 mg VV trabalho de parto.

eficaz
Avaliar métodos não farmaco- Avaliar cesárea
lógicos (ex.: Sonda de Krause)
516 Temas em Ginecologia e Obstetrícia

Checklist: Partograma e parto na prova prática

Caso clínico
Paciente gestante de quase 42 semanas, primigesta, jovem, realizou o pré-natal
adequado e foi admitida para receber ocitocina para indução do trabalho de parto.

Tarefas
a. Preencha o partograma conforme c. Após 2 horas, a paciente evoluiu com
orientações do examinador. dor abdominal. Converse novamente
b. Realize a anamnese direcionada e o com a paciente.
exame físico da gestante.

Checklist

Parcialmente
Adequado
adequado
Inadequado

Preenche corretamente o partograma.

Se apresentou para a paciente.

Perguntou sobre comorbidades.

Perguntou sobre intercorrências no pré-natal.

Avaliou a paridade.

Solicitou exame físico geral.

Solicitou altura uterina.

Avaliou a contração uterina.

Avaliou BCF.

Fez menção ao toque vaginal.

Tarefa C – A paciente queixa-se de intensa dor abdominal.

Solicitou reavaliação do tônus uterino e do


BCF (R: 8 contrações em 10 minutos).

Solicitou cardiotocografia.

Identificou a cardiotocografia como categoria 2.

Não indicou cesariana no momento.


O parto 517

Desligou ocitocina.

Decúbito lateral.

Ofertou oxigênio.

Hidratação.

Tocolítico.

Repetiu a cardiotocografia.

Interpretou a nova cardiotocografia como categoria 1.

Indicou seguir o trabalho de parto

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