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20 JusTICACoMo EQuUDADE § 6. A idéia da posicio original 6.1. Discutimos até agora tr idias Fundamentaisin- ‘roduzidas em Tori, §§ 1-2: idéa de uma sociedade como sistema eqiitativo de cooperacéo, a ida de uma socieda dde bem-ordenada e a ideia de estrutura basic da socie dade. Discutiremos a seguir duas outras ideas fundamen: fais, introduzidas em Teri, §§ 3-4. Uma delas€ da posi- {lo onginal a outta, a de cidaddos como pessoas livres & Iguais. A sexta déia fundamental, ada justiicagao pablica, seri disctida nos §§ 9-10. : ‘Comecemos pelo que nos leva 3 posiio originale pe- las razdes para usd A seguinte linha de racocinio deve nos conduzit até ela: partimos da idélaorganizadora de Sociedade como um sistema eqitativo de cooperagzo entre pessoas lives e iguas, Surge de imediato a questao de como Aeterminar os termos eqitativs de cooperacio. or exem= plo les slo ditados por algum poder distnto do das pes Soas que cooperam entre si, digamos pela lei divina? Ou ‘esses fermos #30 reconhecidos por todos como eqiitativos tendo por referénca uma ocdem moral de valores", por txemplo, por intuigie racional, ou por referéncia 20 que flguns definiram como “ei natural”? Ou eles so estabele- ‘dos por meio de um acordo entre cidadios lives e iguas tunidoe pela cooperagio, a luz do que eles consideram ser ‘suas vantagens reiprocas, ou seu bem? ‘A justga como equicade adota uma variante de res- posta a tima pergunta: os termos equitativos de coopera social prowem de um acordocelebrado por aqueles com: prometidas com ela. Um dos motivos por que isso assim Etque, dado o prestupesto do plurlismo razodve, os cia {ids nfo podem concordar com nenhuma autoridade mo~ ral, como um texto sagrado ou uma institigdo ou tradigdo feligiosa.Tampouco podem concordar com uma ordem de vas eo engi ee nr ha so om ses runauenass a valores morais ou com os ditames do que alguns conside- ‘am come lei natural. Pranto, nig ha outa altematva me Thor sendo um acordo entre os proprios cidadios, conceta- doce condigbesjustas para todos. 6.2. Mas exe acondo, come quague out, tem de ser celeb sob cera condgbes pata que sain aor lio do onto de vita da jst poltic. Em prt, e- fs conigbes devem sitar de modo eat a pesoat ines puns endo deve pei que aguns eam po- sige de negocio male vantjosas do Guta de oon ‘Alem die, dever ena exes a ameya a frgne Ga Coagio,o loge a aude, e asin por dante, At agi ne nim problema, Eas so conedeaydes habs na vida ‘hin Mason cords david din se fazem em dete ‘ade stuagBes no conteto das instgbs de fndo da ‘Stutura Bs; € a aactertcs pauls des si tage afta on tems dos acordscebadon im tas paltras ano ser que eos ages stage cond {Bes par cords vidos sts on eros acodados 30 Serio conaderados ton coin da jntgn como eidade epera extender a iia de acordo [eto propane bln Deparamos quem uma grave difcadade de qualquer encepto po ike de tig gu emprega aida de cont, qt aa decontata sol ou nao A difcaldade segue: deve. tos determina am potode vistas pari J ual se ossa Concerta um aco caitataenre peso ies as tras ene pono de vita te de se stan ds cacte Cics eccnstncaspartcres da extra sca txistente eno ser distoredo po elas. A posi orignal, Com sua casters que denominl de" Se gnorin Gia (lai, § 2 incl exe pono de vista Na pongo of ginal ndo se pete qu a artes conhesam ss pies ‘lcs ou ax dotinssbrangentesepecticas das pesos Gh elas representa. As patente igora saga © frupe enc, seo, ov autos done natura como a orga € 2 usm coMo equroane ainignca das pessoas. Expessirosfigrabvamentees- Seslittes de intormago daendo qu spats be enc ta por tre de um vou de gordnia® ‘Un dos motos pelos qi poo orignal tem de abouair ap coningéngas » a carterstieas e ceanan- She parle cas pesos ~ a esta hiss qe a concies pars um aor eatv ente pesos nts © {guns sb os pnpoe panes de at pra aguela ‘Str tno ina a Png anes go ‘Sago que com o pasar do tempo, snestavelmente sut- fem eo quale! scedae como eu de endéncs Secais ston cumulative “A cada um deacordo com seu poder de amen” (a com eu poder ple, queza done atu ft) ro sre de base paa ust pol Vartagene etc contingents enutncs0¢- Anas onginadas no pss no deveram altar um aco do sole os principio qe dover eger a estutra bia {o presente em dtegso no ro" 6.9, Prporos ptt, a ade posi ogra em repost uestio deco ester iia de um ato tcitativo para um acrdo sobre penipios de justia pot 2 paras esata bin, Essa pogo € conebila como Sing stung eqitatia para aspares ts como es igus e devidementeinformadas ¢racionai=. Potato, ‘Tales aord concen plas partes na condo dee 15 er Ret! Lion i Yk Cumbia ies re eaten dy otecomo maa ae eer cai cbt Nose em acy Sd lie ons Yn autos, 9) eames Buchanan The Lis of hd (Chea Utversty of Chcngs Pn 179) Dad Gato Mra by gern Onde Ord Ue Be, 985), Nes es hoa nn porn ry non se Vflaens soos? Imes INDAMENTAIS 23 presentantes dos cidadsos éeqiitativo. Uma vez que 0 con Fedo do acordo dz respeito aos prinipios de justia para a ‘estrutura basica, 0 acordo na posigio original especiica os termos justos da cooperagio social entre cidadsos assim considerados. Dai o: nome: justiga como eqiidade. ‘Observe-se que, como foi afirmado em Teoria, a posi 30 original generaliza a ideia familar de contato social (rong, § 3). Eo faz constituinda em objeto do acordo os principios primeiros de justia para a estruturabisica,e no para uma determinada forma de governo, como em Locke. [A posigdo original ¢ também mais abstrata: acordo tem de'ser visto coma hipotéticoe abstérico. (OE hipotético na medida em que nos perguntames © «que as partes (conforme foram descitas) poderar {cordar ou acordariam, eno o que acordaram. (ADE ahistrico na medida em que néo supomos que o _acordo tenha sido concertad alguma vez ou vena ‘ser celebrado, Emesmo que o fase, sso nao fara renhuma citerenga ‘© segundo ponto (I significa que & preciso determi nar por andlise guaissfo os principio com que as partes, ‘oncordariam, Caracterizamos a poscao orginal por mio {de vrasestipulacdes ~ cada qual sustentada por cuidado- sas ponderagbes ~ de forma tal que o acondo a que even- thalmente se chegue posse ser deduzido racionalmente 3 partir de como as partes esto situadas eso descritas, das Alterativas de que dispiem, e das razdes e informagoes ‘com que cantar, Voltaremos a eso na Pst I 64, Aqui uma séia objesio parece se apresentar uma ver que acordos hipotéticos nao eram nenhuma obrigacao, ‘ acordo entre as partes na posigio original ni tesa qual ‘quer significado", Respondo que aimportincia da posigio 1 Ba gut dsc por Hanlon 0 § Jessen tsi utes igh Une 9 Cet ene 193) 24 susTigacoMo EQUIDADE original assenta-se no fato de ser um procedimento de re presentagio ou um experimento mental para os propdstos fe esclarecimento pablico. Devemos pensar que ela see de modelo para duas coisas: Primeito,€ um modelo do que considerames ~ aqui e agora ~ condigies eqiitativas sob as quais os representan tes dos cidadios,vstosexclusivamente como pessoas livres iguais, devem concordar com os termos eqiitativos de ooperagio que dever reger a esrutura bisa Segundo, um modelo do que consideramos ~ aqui e agora ~ restigbes aeitaveis 3s razdes com base nas quals 435 parts, disposts em condigbes egitativas, podem com propriedade propor certos principios de justia politica € ‘ejetar outros. Portanto, sea posigio orginal & um modelo adequado de nossas convicgbes sobre esas duas coisas (a saber, a$.con: Aigoes eqiitativas de acordo entre cidados lives e iguais fs restrighes apropriadas is razbes), conjeturamos que 08 princpios de justiga que Fossem objeto de acordo entre as partes (se conseguissemos elabori-los de modo condizen: {e) determinariam os termos de cooperacio que considera ‘mos ~ aqui e agora ~eqiitativos e beseados nas melhores raze, Iso porque, nese cs0, a posigio original teria con Sepuido formaizar de um modo apropriado as consideragdes fque, ponderando cuidadosamente,julgamos ser razodvels para fundamentar os pineipos de uma concepeio politica Ge justiga 65, Para ilustrar © que entendo por condigies eqiita- tivas as partes encontram-se simetricamente situadas na ‘odo em Tin is Sri Camb, Mast: Hara Uniersiy Fen 979 cont pod bas em enrol Ma face 29, Bsa event sn nepetnonTaste o Fal ‘se ola No Meaty Pampa aie Afr Verio Se {Sp estat Ral Colt Pap el Sal Fc span (nbs Mas Hard erty ress 99, 00. bets runaweras 2 posiclo original. Iso formaliea nossa convicgio reletida de que, em matéra de justca politica bisica, 0s cidadios slo iguais em todos os aspectos relevantes: ou sea, pos= ‘sem em grau sficiente as necestdriasfaculdades de per sonalidade moral eas outrascapacidaces que Ihes permi- tem ser membros normais e plenamente cooperativos da sociedade a vida toda (§ 7). Assim, em conformidade com ‘© preceito de igualdade formal segundo o qual os que si0, ‘gua (comelhantes) em todos os aspectosrelevantes de. vem ser tratados igualmente (similarmente), 05 represen- tantes dos cidadios devem esta stuados simetrcamente ‘a posigio original. Nao fosse por isso, nao consideraria- ‘mos esea posigio equitatva para cidadios livres eiguais. Para iustrar o que entendo por resrigdes apropriadas as razdes: se somos razo‘ves, uma de nossas conviegdes ‘mais ponderadas 6 que o ato de, digamos, cuparmos uma determinada posigio socal no uma boa razto pa ace- tarmos, ou esperar que os outros aceitern, uma concepio de justca que favoreca os que ocupam essa posigo. Se 50 ‘mos ricos, ou pobres, no podemos esperar que todos 08 ‘outros aceitem uma estrutura bisica que favoreca 0s rico, (01 os pobres,simplesmente por esta razio. Para modelar ‘esta e outas conviegbes semelhantes,ndo permitimos que as partes conhegam a posigdo social das pessoas que elas representam. A mesma idéa se estende a outros atributos das pessoas por meio do véu de ignorinci, ‘Em suma, a posisSo original deve ser entendida como ‘um procedimento de representacio. Enquanto tal, formal 2a nossasconvicybesrefietidas de pessoas razoives a0 des “reve as pates (Cada qual responsive pelos intresses fun. AP ealzn ura determinadaconcepgo do bem gue af trem num momento dado. Plo conn, enguanto cia dios, so consderados apazes de fever e mesa? ess concepgio por motion rznaves e raonas,e poem f- flow asimo desjarem. Na qualidade de pessoas ies os dos reine o diet de ie aan propa pes sous san corldradas como independents de paler oncepio do bem expec de qualquer exguema resco de ns limos e ce no ser enfifeadsy a alguna Sco concepbes: Dai facldade moral ue tem shar revere acionalmene roca ating uma coneepaio oben sua denne able ou legal como pesos res ‘io €sftada por mudangas que pssam aren fem ona concepeio eapectiza do bem ge mar or exemple, quando iados se convertem de uma reli are ett eas de profess alma fel fos evableida no debar de ses para estes de is {ie poltca, as mesmaspesons de antes Nada se perde do {je pderamoschama de os identdade pics oo legal {Tech Mentdadeexy tenon de diet fundamental. Em ‘eros gras, contin tendo os mearos deltas e de {eres kicos conser as means Propedadesepogem Tire as mesmasengtncos que antes, slvo quando ets Se achar igadas a su ling reigns anterioe. € pons magna a scedade (hist free vio xempos dino) em que om dretonbiscos eas revindcagtes eit mas dependem da lig reliiosae da clase socal Ta {pedal tem uma concepio pole diferente de pessoa. Porovivel que nem tena urna concep de dada pore esta concep tlomo aentendemas et exe {amunte vinclade concep de socedade como tn si tema eqtativa de coopera em benef de todos os adios ies igus ses runaMenrass 3 1 um outro sentido de identidade, elacionado com ‘os objetivos e engajamentos mais profundos dos cidadsos. ‘Vamos denomins-la identidade ndo-legal ou identidade mora”, Os cidadios costumam ter a0 mesmo tempo obje tivos e engajamentos politics eno-poitios. Endossam os valores da justia politica e querem vé-losincorporados em insttuigBes polis e em poliias socais. Lutam também ‘pelos outros valores e objtivos nio-politicos das associa. {bes a que pertencem. Os cdadios tém de harmonizar © Concilia esses dois aspectos de sua identidade moral, Pode acontecer que em seus assuntos pessoais, ou na vida inter~ ra de suas associagbes, os cidadios considerem seus fins Ultimos afinidades de uma maneira muito diferente da- {quela pressuposta pela concepco politica. Roem tere mul tas vezestém em momentos verso, relagdes de afeto, de devocio e de lealdade das quais pensam que ndo se sepa rarlam ~e na verdade ndo 0 poderiam nem o deveriam =e ‘que no poderiam avaliar objetivamente. Pura eles, & sim plesmente impensivel pensar em si mesmos sem certas onviggbes religiosas losis e moras ou certasafnida- ese lealdades permanentes, Esses dois tipos de engajamentos e afinades ~ poli ticos e ndo-polticos ~ determinam a identidade moral de ‘uma pestoa e dio forma a0 seu modo de vida e aquilo {gue uma pessoa entende que esti fazendo e std tentan- do realizar no mundo socal. Se os perdssemos de repen- te, Bearlamos perdidose incapazes de seguir em frente. Na verdade, poderiamos até pensar que no havera par que se juirem frente. Mas nossasconcepaSes do bem podem mu~ dare de fato mudam no corter do tempo, geralmente deva~ ‘gar mass vezes de supetio. Quando essas mudangas si0 Subitas, tendemos a dizer que nio somos mais a mesma pessoa, Sabemos o que iso significa referimo-nos a uma 18. Dea Ean Kaly «dso ete 0 ls ps de ats que care a Kees nora ee cnet Ssarhss © 2 suse COMO EOUIDADE -mudanga ou revravolta profunda e generlizada de nossos fins e compromises limos; referimo-nosa uma identida se moral diferente (que incl aidentidade religiosa). Na es. trada de Damasco,Saulo de Tarso tomou-se Paulo, 0 ApOs- tolo, Essa conversio, porém, ndo implica nenhuma altera~ fo de nossa identdade publica ou legal, nem de nossa dentidade pessoal, tal como esse conceit & entendido por alguns tecnicos da flosofia do esprto. Erma sociedade bem-ordenada, sustentada por um consenso sobreposto, ‘08 valores politicos e compromissos (mais gerais) dos cida los, como parte de sua identidade nio-institucional ou ‘moral, sho basicamente os mesmo. 175, Em segundo lugar, os cidados consideram a si ‘mesmos como lites na condigao de fontes de reivindica Bes legitimas que se autenticam por si mesmas. Ou sea, Concideram-se autorizados a fazer reivindicagSes a sas Instituigdes para promover suas concepges do ber (desde {que essas concepgBes se incluam entre as admitidas pela concepeio pilbica de justia). Para os cidadios, eseasroi- vindicagGes valem por si mesmas, independentemente de drivarem de deverese obrigagdes determinados por uma concepg30 polite de justiga, por exemplo, de deveres ‘obrigagies para com a sociedade. As reivindicagées que 8 cidadios consideram baseadas em deveres © obrigasées ‘oriundes de sua concepgio do bem e da doutrina moral {que defendem em sua propria vida também devem, para ‘nossos propéstos aqui ser entendidas como demandas que se autenticam por si mesmas,Taté-las assim é razosvel n= ma concepgio politica de justiga para uma democracia cons titucional, pois, desde que as concepes do bem e a dou trina moral que os cidadios defendem sejam compativeis «com aconcepcio piblica de justia, esses deverese obriga~ ‘Bes autentcam-se por si mesmos de um ponto de vista politico ‘Ao deserevermos a maneira pela qual 0s cidados con- sideram asi mesmos lives, levamos em coma como 08 = og ruvoaxseras 3 dacliostendem a se conceber numa sociedade democritica ‘quando surgern quesiées de justi politica. Que isso faz parte de uma concepsio politica especifica de justica fea ‘evidente do contraste com uma concepeio politica distnta, para a qual ot membros da sociedade no Siovistos como Fontes que se autenticam por si mesmas de revindic legitimas, Nese timo caso, suas reivindicacbess6 tim va- lore derivarem dos deveres eobtigagbes para com a socie ade, ou do papel que Ihes€atibuido numa hierarquia so {al jastificada por valores religiosos ou aristocraticos. Para tomar um exemplo exremo, escravos so seres hhumanos que néo sio trtados como fontes de reivindia- bes, nem mesma de reivindicagdes baseadas em deveres (1 obrigagées sociis, porque ndo se considera que sejam capazes de tee deveres ou obrigagbes. Leis que proftem smaltratare explorarescravos ndo se fundamentar em rei- vindicagdes fetas por esravos em benefiio proprio, mas fem relvindcagées oriundas quer de senhores de escravos ‘4 dos interesses geais da sociedade (que néo incluer os dos escravos) Escraves slo, por asi dizer, inividuos so clalmente mortos: no séo de modo algurn reconhecidos ‘como pessoas, Essa comparacio com uma concepgio po Tica de justiga que admite a excravidio evidencia por que conceber os cidadios como pessoas limes em vitude de suas faculdades moras ede eles terem uma concepsio do ‘bem est intimamente ligado a uma determinada concep ho politica da justia 76, Enfatizo que a concepeio da pessoa como livre © igual € uma concepcio normativa: ela & dada por nosso pensamento e nossa prtica moral e politica, e ¢ estudada, pela filosoia morale politica e pela flosofia do dirito. Des- de a antiga Grécia, tanto em filosofia como em ditto, 0 20. Em elo i de morte soa ver Ondo Patera Siwy and Seal Ba Cane Na: Hanae Unser Pe 180 bre 4 usrga como equio4De concito de pessoa fo de alguém gue pode partir da sida soil ca decempectar ina fang nel, epatan’o {ue pode eercer eresptar diferentes dietose deveres Jo Gpeciear aia nganizador central da sociedad Compu sea ett de coopera, usarosa idea Sscovada de estos Ines e gsi como aquele ve FO dim desempenterafangio de membros ramen co- ‘perativos. De acordo com uma concepgdo politica de justi Fethe e a soedade como um sistema eqitativo de co- stg. um lado alguém qu poe se um partpan- {elie egal a ato. ssa concep da pessoa no deve se confuida com a concept ce ser ano fem merbeo da especie home ‘apr ta como defini pela Dolo ple ptlota temo wo decnceos norman evs poh ene spor excnpl, os concn defacldades mes © cs mor pins Ay dy pte race 0 pessoa tems de aegara essex conceitosaqeles uta Eos pce formar acaldades da tao, da nena e dh jlgamento. Estas so faceldades essen assonadas $s da acldades morals es neesistas para seu xe Sie pare a pest das vides §8. Relagio entre as idéias fundamentais, £1, As cinco iis fundamentas que disctimos até agora ostram ua tia eag guano expos aS ‘Rincl em que fram nvaderda’ Go soceade como ‘Xjena eit de cooperaso sade una sociedad ten orcenada 3a ease det sociedad 3 de da pono orignal nalmente ade adios CSoperates ive eu "Nessa seqiiéncia, partimos da idéia organizadora da so siedade como sstenaequtativo de coopera, uc vase tspedfcando masa medida gue detalaros 0 que aon ‘Sle qundo esa bis els plramente (ma sce meus runpurexras 3 dade bem-ordenada), ea que elas aplic (a estutura bis a), Expomos em seguida como os termos eqiitativos de «ooperagio sao determinados (peas partes na posgio of ginal e explicamos como as pessoas engajadas na coopera so devem ser consideradas (como cidadaos lives eiguais), 82. Esse detalhamento da idéiaonganizadora central 4a cooperagio social no & um argumenta dedutivo. No se diz que os passos que partem dessa iia prosseguem Para a proxima decorrem ou derivam dela. Especificamos 3 idéa organizadorae a tormamos mais determinada 20 vin culi-la ds outrasidéias. A titulo de ilstrago: exstem virias maneiras de es- pecificar a idéia central de cooperacdo socal, Poderiamos dizer que os termos eqitativos de cooperagio so fixados pela lei natural, entendida quer como le divina ou como dada por uma ordem moral préviae independente que & publicamente conhecida por intuigio racional. Tais ma- neiras de fxar aquelestermos ndo foram excluidas por um argumento dedutivo: por exemplo, mostrando que elas fo incompativeis com a idéia de cooperagao social. Plo contrério, so eliminadas pelas condigdeshistrieas pela cultura pdblica da democracia que estabeleceram 38 ex éncas para uma concepedo politica de justiga mum reg- me consttucional moderno. Entre esas condigoes hist6- ricas estéofato do pluralismo razoavel, que elimina dou ‘rinas abrangentes como base de um acordo politica exe ivel sobre uma concepgao de justica. E ja que a justin como edad procra ua base como ess segue um 6.3.Niopoemos afrmar de anemone on- perago socal «su dis is aso, oereced 3s iis orgnizadoras de que ecestmos pa una con” epcio poli de sti exegivel. A clu plica pu iSts nape kena de anges contr une vredne de poses den onanzndots ve pode so ada, susmca como ggormane ‘Quando o assunto sdo elementos constitucionais es sencials, ou questies de justiga bsica,tentamos recorrer apenas a principio e valores que qualquer cidado possa endossar, Uma concepgio politica de justia espera poder formula esses valores: os prneipios e valores comuns deta. concepsio tornam 2 rao pailica, a0 passo que a liberda- {de de expressioe de pensamento num regime consitucio- pala tornam live, Ao fomecer uma base piblica de justi ‘aso, uma concepeio politica de justia farece oarcabou: {0 da idéia liberal de legiimidade politica. Contudo, como fei observado no §9.4¢serédiscutido deforma mais apro- fandada no § 26, ndo afrmamos que uma concep0 pol tea formila valores politicos que possam resolver todas as quest legisltvas Isso nem é possivel nem dese{ivel. Ha ‘muitas questées da algada do legislativo que podem ser _esolvidas por votacbes propriamente iniuenciadas por va Joes ndo- politics. No entanto, pelo menos no toante aos elementos consttucionas essencais e questbes de justin ‘sica buscamos efetivamente uma base consensual; en {quanto houver pelo menos um acordoradimentar com res Peto a isso, 6 possivel manter, assim esperamos, a coope: ago social eqiitativa entre cidaddos! 124, Dados esses trés pontos, nossa pergunta&: consi- derando se a sociedad como um sistema equitativ de oo. peragao entre cidados lives e iguais, que principios de just {sto mais apropriados para determinar direitos eiberdades ‘isis, para regular ax desigualdadessocais e econdmicas das perspectivas de vida dos idados? Essas desigualdades ‘io nossa primeira preocupayio. Para encontrar um principio que reguleessasdesigual dades, recortemos a nossas mals frmes convicgesreleti- 7, New sempre fa ar una dds quo ele vn ele conte cra can ena vo meena Em ‘fpr deer cade, atu end pros tom ‘Storrs lo pee soe qo pose prascf0s De usTCA 3” das sobre dititose liberdades bisicosiguals, 0 valor eg tativo das iberdades poltcas e a igualdade equitativa de ‘oportunidades. Distanciamo-nos da esfera dajstga dist btiva em sentido estrito para verifcar se um principio dis tebutivo apropriado se define por meio dessas corwicgSes fiemes, quando seus elementos essencais s20 representa dos na posigio orginal entendida como um procecimento de representagio(§ 6). Esse procedimento deve nos ajudar 8 elaborar 0 principio, ou prinipios, que os representantes de cidados lives eiguais escalheriam para regular as desi fgualdades sacais © econdmicas depois de se assegurater de que as lberdades bisicasiguas e oportunidades eqiita tivas estejam garantidas, ‘Aintencio aqui é utilizar nossas mais firmes conv: Bes refletidas sobre a natureza de uma sociedade demo. {ratica como um sistema egiitativo de cooperagéo entre ‘idadios livres e iguais ~ conforme formalzada na posi- ‘lo orginal ~ para verficr se a assergio combinada dessas ConvicgBes assim expressas nos ajudam a identifiar um Principio distributive apropriado para a estrutura bisica com, Sas desigualdades econdmicas e socais nas perspectvas de vida dos cidadios. Nossas convigSes sobre os princ- pics que regulam essas desigualdades sio bem menos fr ‘mes € certs; por isso guiamo-nos por nossas convicgdes ‘mais frmes quando a ceteza falta e uma orienta se faz snecessiria (Teoria, $§ 4, 20). § 13, Dois prinefpios de justiga 13.1, Para tentar responder a nossa pergunta,fagamos ‘uma revisio dos dois princpios de justiga discutidos em Tori, §§ 11-14, Eis como os exprimo agora® 2 spo rue apne pron de “The Rs ies ad Tel oy Ta at Haas Valu oe Sng earn Salt {She Uyak eae 585 na em es srl © usrga como sqQDaDe (@) cada pessoa tem o mesmo dieto ievogivel a um esquema plenamente adequado de liberdades bist- fas iguals que seja compatvel com © mesmo es- ‘quema de liberdals pata todos: (b)as desigualdades sociais e econdmices devem sa- tisfazer duas condigbes:primeio, devem estar vin culadas a cargos e poses acessiveis a todos em ‘ondigdes de igualdade eitatva de oportunida tds, e» em segundo higas tem de benefiiar a0 mé imo os membros menos favorecidos da sociedade (c principio de dferenga Como expliare abaixo, 0 primeiro principio tem pre: ‘cedéncia sobre o segundo; no mesmo sentido, no segundo Principio, a igualdade eqitativa de oportunidades tem pre- edéneia sobre o principio de diferenga. Essa prioridade sig rifica que ao apliar um principio (ou testé-lo em situagbes de controle) partimos do pressuposto de que os princpios News eo nt apne so gu aceasta es mais ‘tae mins cong sera em Tar eis ests as por ERA Ste yan ne Pr 17 unser ge Le Ra 8 pn e197) p15 do a ses Ey rn ot Poply (On. Oxod Un ‘erty Fon 185), Near des iad rors dria co ‘Rig ot eon ens gtena due ul ges po Ene epi de onan ores prem temo “nl mami su memento guna 8 \CoSPtontante Vopr tcmpl sek ent compeae peat {pene Cite nr do pcan de erg em “Demet Eu rer unde 89, pp. 72751 Mas criuo ere tem ‘fence cen sen po aoe ee po =e ‘totmin de Senet conan de morte G28) ees tn ben a {uc am sspunds age ae po pnp de ieng noe ‘rcp dau rextpn omprnepioreeeode cde a [eta um unin oases da ms ar oso ‘emt din Ai nd re ararencmme so ode dlereng Seo emia ears 2 ees eon, [Exian cc sqtocs siemens ests prt Se oe ‘Soe Ta aha gu perce a ea es. tl pancimos DenusTca el anteriores jf foram plenamente satsetos. Buscamos um Principio de distibuig (no sentido mais estrito) que vigore ro contexto de institugies de fundo que garantam as liber- Sader basics iguais entre as quis o valor eqiatvo das i- berdades polities" bem como aigualdade equtativa de opor- tunidades. Até onde esse principio vigora fora desse con- texto & uma outa questio que nao abordarernos 182, As revsdes no segundo principio sio meramente estilsticas, Mas antes de comentar as revises no primeico principio, que slo signifcativas, deveriamos voltar nossa tencio para o significado da igualdade eqiitativa de opor tunidades, Tata-se de uma nocio dif e néo totalmente ‘lara; talvez sua fungo possa ser inferida das razdes plas (quals ela & introduzida: para corrgic os defeits da igual- dade formal de oportunidades ~ careias aberts a tale. tos ~no sistema da chamada liberdade natural (Tera, §§ 12 14) Para tanto, diz-se queaigualdade equitativa de opor- tunidades exige no s6 que cargos pablico e posites - ‘as estejam abertos no sentido formal, mas que todos te ‘nham uma chance eqiitativa de ter acesso a eles. Para es peciicar a iia de chance eqiitativa dizemos:supondo que Fja uma distibuiglo de dons naturais, aqueles que tim 0 mesmo nivel de talento e hablidade e a mesma disposigio para usar esses dons deveriam ter as mesmas perspectivas {Se sucestoindependentemente de sua clase social de ori- gem, a classe em que nasceram e se desenvolveram até a “ever Tae $38 5 Howe quem se je se io desta, pa es uma cries sarin {rss pai sung den Se um conto mca! epee ‘Spi ean fry. The era Tew of fe (or rd Uy Frau 5) ps Ne pelo con samen pcp gor orem dniguntn soca ¢ eons em sogines Sema ates «pro eae esa co dena pes fe ie oan ets eo a usta coMo Eguroave ‘dade da azo. Em todos os mbitos da sociedade deve ha-~ ver praticamente as mesmas perspectives de cultura ereali- 2zasto para aqueles com motvacao e dotes similares. "Agualdade equitatva de oportunidades significa aqui igualdade era. Para alcancar seus objetivos, €precsoim= Dor certas exigdncias & estutura sca além daquelas do Sstema de liberdade natural, E preciso estabelecer um sis- tema de mercado live no cantexto de instituigbes potas « legais que ajuste as tendéncias de longo prazo das forgas fecondmicas a fim de impedie a concentragio excessiva da propriedade eda riqueza,sobretudo aquela que leva & do Tminagio politica. A Sociedade também tem de estabelecer, tenlze outas coisas, oportunidades igus de educagio para todos independentemente da renda familiar (§ 15). 19,3, Consideremos agora a razes que nos levaram & rever o primeito principio’. Uma delas & que as iberda- des bésicas igus sto, nese prinepioespectiadas pela se {guint lista iberdade de pensamento e de conseincia berdades politicas (por exemplo,o diceito de votare de par ticipar da politica) ¢liberdade de associago, bem como os direitos e liberdades expecificados pela liberdade e inte [ridade (Bisicae psicologica) da pessoa; e, finalmente, os diteitos e iberdades abarcados pelo estado de dieito. Que ts libetdades bisicas sejam especficadas por uma lista testé bastante claro em Teoria, § 11; mas o uso do termo Singular “liberdade bisica” na expesigio do principio em ‘Teoria, § 11, obscurece esse importante aspecto dessas li berdades. 6 Eas cherie so um eos sip de una a ae ‘otuenos ela teen enempon "Thos ponepos ra pin pcp ein ae ie ‘oe aan deeds aan el eae ik SOUR mene ees prs or aon rena ¢ osm cosa jon ¢pamente Seba ies Pr oer dees psp eda ver Pe, Maron Molt anf Sl se co Psa Uety Pee 199) 1, Pravcns De usTICA @ ssa revsio evidencia que no se atribui nenhurna prio ridade a iberdade enquanto tal, como se oexercicio de algo -chamado “Tiberdade” tivesse um valor preeminentee fosse ‘principal, quando noo tinic, fim da justica politica eso ‘Gal, Embora exista um pressuposto geal conta a impos ‘fo de restigbes legais ou de outo tipo 3 conduta sem um Tmotivosufciente, esse pressuposto nao cra nenhuma peo ridade especial para qualquer liberdade particular. Ao lon- go dahistéra,o pensamento democratico dedicou-se area lear alguns direitos e liberdades especfcos bem como ga- rantias consttucionas espectias, como se pode let, por texemplo, em varias cartas de dceltos e decaragdes dos di- reitos do homer. A justia como eqiidade segue essa vi io tradicional 134, Uma list das liberdadesbiscas pode sr frmula- da de das mancras. Uma histénca:examinamos von teyimes demecraios ereunimos uma ita de dicts eI berdades que paregam bscos e seguramente prtegidos ragules que historicamente, parce ser os regimes mais bem siceds.E aco que o veu de ignorancia pressupse aque ee tipo de informagio particular nao estja isporvel Pa as pares na poo orginal mas ext dsponivel Ierb¢ da eabornys chin da fata come ene, Temos toda a liberdade para usi-l afm de detemninar os pincpos de astiga que dsponsza pa spares. ‘Asegunda manera de formular ma sta de ditetos¢ liberdades basicos & anata: avalamos quais Uiberdades "De menos agel questo ie porte it ste tin comets qe nda tag pt dea ar ose pi no ne nasi ye ‘lite enemy nb cae ‘indore exper ue parts sprain Gop ois pe ces see Sri Ci en ‘oo es ver ial Laon, Pet 64 uSTICA COMO EQUIDADE fomecem as condigies poltcase sociais essencais para 0 adequado desenvolvimento e pleno exerccio das duas fa ‘uldades morais das pessoas lives eiguas(§ 7.1) Segue-se disso que: primeiro, as iberdades polticasiguas ea liber dade de pensamento permitern que os cidados desenvol ‘var e exergam essas faculdades para julgar a justiga da es trutura bésica da sociedade e suas politias socias ese sgundo, a liberdade de consciénca iberdade de associa {0 permite que os cidadios deservolvam eexergam suas Faculdades morais para formar, revere racionalmente pro- cura realizar (indvidualmente ou, com mais frequéncia em ssaciaglo com outros) suas concepgées do ber. sees direitos e liberdades bisicos protegem e garan tem o campo de aco necessério para o exercicio das duas faculdades morais nos dois casos fundamentais que acaba- mos de mencionar: ou sea, 0 primei caso fundamental & ‘ exercico dessas faculdaces para julgar a justica das insti tuigBesbascas e das poicas soca; 0 passo que o segun- do € 0 exerccio deseas faculdades na tentatva de realizar ‘nossa concepsio do bem. Exercitarnossasfaculdades desta ‘maneira é estencial para nt enquanto cidadios lies e ‘gua 135, Observem que © prime principio de justica aplica-se no s6 3 estratura bisica (os dos prinipios fazem. |ss0), mas mas especicamente ao que consideramos ser a constituigo, esrila ou nao, Observem também que algu- ‘mas destas Hberdades, sobretido as liberdades. politics ‘guns ealiberdade de pensamento eassocacio, devem ser {garantidas por uma constitugio (Teoria, cap. IV). O que po: ‘eriamos chamar de “poder constuinte” em oposgaoa “po. der ordindria”® tem de ser adequadamente institucionalza donna forma de um regime: no diteito de votar ede exercer 9a diode de Locke, quel o poser gato por em de eqs lpn etlprana uae de oso aoe. [ck Sou Ta of ronan 130 Tel 1. Panctnos be nisrca 6 ‘omandato, nas chamadascartas de dritos, em como n08 procedimentos para emendar aconstitugio, por exerpla, [Esses slo assuntos que dizem respeito aos chamados

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