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4 UM OLHAR E FAZER GESTALTICO NA DIVERSIDADE AFETIVO-SEXUAL E DE GENERO Vitor Guedes Pereira’ Lais Nadai Tavares* aro leitor, neste capitulo trarei uma ética da Gestalt- Terapia a respeito das diversidades afetivo-sexuais e das identidades de género, porém falaremos mais especificamente da afetividade sexual homoafetiva, biafetiva e das identidades de género transgéneras. Falo isso porque as afetividades sexuais heteroafetivas e as identidades de género cisgéneras? também fazem parte da diversidade. Para vocé que esta se perguntando: “O que é orien- tagao afetiva sexual homoafetiva e biafetiva?” ou “O que 7. Autor: Gestalt-terapeuta formado na Escola Paranaense de Gestalt-Te- rapia, em Maringé- PR. 8. Orientador: Gestalt-terapeuta, com pés-formago em GT, é mestre em Psicologia , prof, de Psicologia da universidade Unicesumar , prof € otientadora do aluno em seu trabalho de conclusio de curso de GT. Membro da Associacao Brasileira de Gestalt-Terapia. 9. Em estudos de género, é um termo para pessoas cuja identidade de género corresponde ao sexo que Ihes foi atribuido no nascimento, Por exemplo, alguém que se identifica como mulher e foi designada como mulher ao nascer é uma mulher cisgénero. O termo cisgénero 0 oposto dapalavra transgénero. 75 i SUEN Guzman | Lats Tavares | Lucas WENDT Digitalizado com CamScanner dade de género transgénera?”, orientacag ates fetividade é quando uma pessoa sente 7 Jidade por pessoas do mesmo eine. que se identifica com 9 ner exualmente por outra i a pessoa biafetiva é aquela é identi sexual homoa} edesperta sua sexua ouseja, quando uma pessoa feminino se atrai afetiva e st que se jdentifica como mulher; e se atrai afetivamente e sexualmente por pessoas bo qui ° género feminino € do género masculino. Ou seja, orien. tagao afetivo-sexual € quando nos referimos sobre 0 que o ser humano sente na sua fronteira de contato, 0 que o atrai e quais relagdes permitem um encontro satisfatério na fronteira de maneira que atendam suas necessidades afetivas e sexuais. Jaas identidades de género se referem 4 maneira como ele se vé, a relacao dele com ele mesmo, dele com seu corpo, de como ele se percebe, de como ele se identifica, de como ele existe endo necessariamente com quem ele se relaciona ou com quem ele desperta desejo, em um contexto bem subjetivo e individual. Por exemplo, uma pessoa qué sé identifica como transgénera nao se identifica com 0 género que lhe foi atribuido ao sexo biolégico’, como quando a Pessoa nasce com um pénis, mas nao se vé como homem. De modo resumido, a identidade de género éa compreensao do eu para dentro, é 0 senso de self. Claro que todos esses aspectos podem se misturat Porque o ser humano é um todo, as partes interagem ¢”” 10. E nec i Eves uum adendo a respeito da forma como a medicina ¢ 0 a “classifica” os corpos e individuos, muitas vezes atribuind uma compreensio do todo a partir de uma tinica parte do ser. Ampliat®- ssa discussdo posteriormente, 76 GESTALTEAR Digitalizado com CamScanner ¢ configuram de varias formas, fazendo um ser Como a pessoa se percebe tem a ver com suas o modo como ela existe e se relaciona com 0 meio. Essa separagao ¢ feita para compreendermos de forma gidatica como se dao a orientagio e a identidade, porém, conforme dito anteriormente, a pessoa sempre é uma s6, com suas partes integradas, e com essas particularidades wre sie § integrado- pecessidades, ge misturando e se relacionando umas com as outras. QuESTOES EXISTENCIAIS A RESPEITO DA DIVERSIDADE ‘A Gestalt-Terapia é uma abordagem existencial por ser uma proposta de reflexdo sobre a existéncia humana, buscando auxiliar a pessoa a ampliar sua consciéncia de sino mundo (ou seja, sua awareness) a fim de capacita-la a fazer escolhas auténticas e responsveis e a organizar sua vida de maneira significativa para si. Sua pratica é sustentada pela concepgo de homem como ser no mundo em relagio, num perene vir a ser, sempre aberto para consumar seu projeto existencial (CARDOSO, 2013). Conforme comentado anteriormente, a Gestalt-Te- Tapia preza e acredita que autenticidade é uma das formas Pata ter uma existéncia mais plena. Com as politicas de igualdade e equidade de direitos, a populagao LGBTI+ vem vivendo de melhor forma no meio social, e 0 meio social vem Compreendendo e se relacionando de uma melhor maneira Com as minorias afetivas sexuais e de género. Embora ainda tendo muitos problemas em relag4o a discrimina¢ao, vem 77 Digitalizado com CamScanner Herp N Gvzatan | Lais Tavares | Lucas WENDT aminhando, ora a passos mais longos, ora a. um conviver mais harmonioso, 0s rtancia do didlogo e da integracao ge mo 7 L . a 10 todos na sociedade é uma via Préspera pap . ‘a existencial de todos, acolhendo e dando se enc mais curtos, A impo! igualitario de o desabrochar chance para um viver mais livre e singular de cada um, Em um olhar gestaltico, a abertura eo cultivo de um ambiente mais tolerante sao de suma importancia, conforme jadito, para fortalecer a autenticidade das pessoas e, consequen- temente, para promover uma satide emocional e Psiquica maior em todos nés. Também vemos a importincia do didlogo nas palavras de Martin Buber (1982), grande tedrico da filosofia exis- tencial dialdgica, que enfatiza que todo viver verdadeiro é encontro, e o evento dialégico é o que ocorre na esfera do “entre”. Perls, Hefferline e Goodman (1997), através das influéncias de Bubber, agregam a filosofia dialégica a Gestalt-Terapia e referem-se ao “entre” como a “fronteira do contato”, Esses autores citam que é na “fronteira de contato” que se dé o contato, e é nesse contato que ocor- rem as trocas com o meio, que consequentemente podem promover 0 crescimento de ambos. Assim, contato implica telacao, nao apenas para o desenvolvimento de potenciali- dades humanas, mas também para a propria constituigao de si mesmo, sendo awareness, entendida como contato Pleno, fundamental para o estabelecimento de uma relagi0 auténtica e de crescimento e estrutura do ser. da tones Sociais, isso requer uma condi¢40 a ial para que o individuo seja reconheci@? 78 GESTALTEAR Digitalizado com CamScanner em sua autenticidade. Em outras palavras, é preciso uma condicéo minimamente favoravel do meio para que o individuo tenha sua existéncia confirmada e reconhecida como auténtica, para que a pessoa construa sua identidade eindividualidade de forma saudavel, plena e integra. ‘Também é importante que cada ser humano tenha seu apoio proprio forte e nao dependa exclusivamente do meio para se desenvolver, ou seja, ter criatividade para passar pelas intempéries da vida, como comenta o grande filésofo existencialista Jean-Paul Sartre (2012): “O importante nao éaquilo que fazem de nés, mas 0 que fazemos daquilo que os outros fizeram de nés”. Neste viés existencial, é importante conhecermos a visio de mundo e de homem da fenomenologia-existencial de Martin Heidegger, que muito influenciou a epistemologia da Gestalt-Terapia, na qual prop6e um conhecimento mais profundo da existéncia através da andlise do Dasein (do ser ai, langado no mundo). Segundo Claudia Cardoso (2013), na visio de Dasein, o homem é entendido como um ser de possibilidades, um individuo que nasce com um leque de potencialidades, que sao consumadas ou nao de acordo com as interacdes que ele estabelece e de acordo também com as vivéncias que ele experiencia durante a vida. Ainda sobre Dasein, Heidegger (1998) propde trés maneiras de ser no mundo, que seriam 0 modo projeto, o modo langado e 0 modelo decaido. No primeiro modo o individuo consegue fazer uma rela¢ao de suas necessidades eadapté-las ao seu contexto e a seus pares, vivendo assim numa congruéncia entre pensamento, emogées e agoes, 79 Digitalizado com CamScanner Hey “EN Guzman | Lafs Tavares | Lucas WENDT do uma vida dotada de sentido e autenticidag, ie, do é quando o ser se depara com as WUestoes a partir do seu nascimento se » Sey logo, viven' O modolanga que foram impostas a ele, contexto social, sua cor de pele ¢ outros, que posterig, mente 0 modo projeto pode interferir nisso, sobre como ele fara suas escolhas a partir de entao. Vale lembrar que numa perspectiva existencial se vé 0 contexto como uma influéncia no comportamento, porém nao como fator determinante, ou seja, o ser humano é influenciado pelas intempéries do mundo, porém essas condigoes nao deter- minam como ele sera. De alguma forma o individuo tem poder de escolha e de mudanca. O modo mais precario de Dasein, ou de existir ou de “ser af” (ser no mundo) seria o decaido, que podemos compreender como um estado de inautenticidade, em que 0 ser nao esta atento ao cotidiano, vive de forma superficial, deixa-se levar por tudo que o meio estabelece, onde o individuo se perde de si mesmo e muito provavelmente encara um vazio existencial, devido a falta de sentido de vida (Cardoso, 2013), fato esse que pode acontecer quando o individuo nega sua orienta¢éo sexual-afetiva ou sua identidade de género. Essa falta de sentido existencial, oua perda da pleni- tude do individuo, ou as vivéncias de forma fragmentadae nao fluida, podem levar a varios sintomas, como depressao> ansiedade, Panico, fobias e outros sofrimentos psiquicos ‘mocionais (CARDOSO, 2013). com Anda sobre inautenticidade, Perls (1988) conceitue 10. y «“ ja- a ouldism, 0 que podemos traduzir para “dever!* * Wando, em algumas situagdes ou de uma forma 80 ers TALDBAR Digitalizado com CamScanner orriqueira, a pessoa se apega a referénci, - clas que nao mais ¢ s e age através delas e acredita estar vivendo sua sao sua forma mais auténtica. A pessoa vive seguindo uma espécie de “oteiro” criado por outros, achando que esta vivendo de uma forma genuina. Porém, na realidade, 0 individuo percebe um aumento da sua insatisfacdo, a qual se deve ao nao atendimento de suas necessidades mais basicas, promovida por esse modo inauténtico de ser. 1 Em suma, agregando os pensamentos dialdgicos de Bubber com a filosofia de Sartre (que concebe o homem como detentor de escolhas) com embasamento de auten- ticidade de Heidegger e Perls, podemos resumir que a existéncia humana é uma grande “corda bamba”, onde nos equilibramos entre aprovacao e acolhimento do meio, com Orespeito e a busca da forma auténtica de nossos anseios € de nossa individualidade, ou seja, numa légica existen- Gialista, a tendéncia é que sempre busquemos integrar de forma mais harmoniosa possivel nossas necessidades com Oambiente em que interagimos. Afinal, como afirma Perls (197, P.20): “O primeiro e ultimo problema do individuo 81 Digitalizado com CamScanner Heyy EN Guzman | Lafs Tavares | Lucas WENDT tegrar-se internamente e, ainda assim, ser aceity e] é int Pel, sociedade”. Portanto, é essencial que, como Psicoterapeyts cidadaos, além de trabalharmos o desenvolviments fortalecimento do poder da escolha, da resiliéncig e i autenticidade dos nossos clientes, trabalhemos Para = sociedade mais tolerante e inclusiva das diferentes formas de existir. © ARMARIO E A INTROJEGAO: O NAVIO_ A DERIVA Como ja vimos, o homem é um ser de potencialida- des, dono da sua propria vida e é dele a responsabilidade le manobrar 0 “timao do barco” da sua propria existéncia, \Nessa viagem, cheia de belezas, de prazeres, de conquistas e de obstaculos, ele é 0 guardiao do seu “navio”, de onde saem seus anseios, suas felicidades e suas necessidades, ¢, cuidando desse barco, otimizando seus “mecanismos” suas “ferramentas” podem-se contemplar seus desejos, suas viagens e seus destinos mais almejados através das aguas (as vezes calmas, As vezes turbulentas) da vida e do mundo. As Aguas podem ficar arredias ao longo da jornada; porém, sabemos que nosso barco foi planejado para todas essas intempéries. Uma “turbuléncia maritima” muito comum do trajeto das pessoas que vivenciam orientagoe afetivo-sexuais e identidades de género minoritarias © conhecida como homofobia ou Igbtfobia, que podemos Conceituar como uma forma de preconceito que see Tacteriza como medo, discriminagao, exclus4o € outras 82 gestalt Digitalizado com CamScanner formas de tratamentos e pensamentos difamatérios a lés- picas, gays» bissexuais e transgéneros. O (mar) ambiente jgbtfobico ea Igbtfobia podem causar muitos Prejuizos as pessoas (navegantes) LGBTT+, que no estio dentro dos épadroes” hegemOnicos de orientagao afetiva-sexual e de jdentidade de género. Podemos nos referir a esses lugares (mares) Igbtfobicos como ambientes, sociedades e culturas heteronormativas, em que a referéncia, o centro ea norma sio as condutas de orientacao heteroafetiva e as identidades de género cisgéneras; quando as pessoas nao se enquadram nessa determinada orienta¢ao afetivo-sexual ou nessa identidade de género, sao marginalizadas, patologizadas, estigmatizadas e excluidas. Conforme mencionado anteriormente, esse meio pode ser muito deletério para quem nao se “enquadra” em suas “tegras sociais” e pode influenciar muito, de modo nega- tivo, na forma como os sujeitos vivenciam sua afetividade, sexualidade e/ou identidade de género minoritaria. Essa Igbtofobia pode, inclusive, adentrar de maneira invasiva no funcionamento da propria pessoa que sente necessidades sexual-afetivas biafetivas ou homoafetivas, ou que despertam suaidentidade de género transgénera. Podemos chamar esse fendmeno como Igbtfobia internalizada, ou seja, quandoa Pessoa tem rejeigéo e vergonha da sua propria orientagao afetivo-sexual e da sua propria identidade de género. Esse fenémeno pode se dar pela “quebra da vela” da Mobilizacdo do nosso “barco”, ou, sem metdforas, da fragmentacdo do nosso agir mais genuino, quando nos "obilizamos, atuamos e interferimos no meio pela forma 83 Digitalizado com CamScanner Ray 7 Guzman | Lais Tavares | Lucas WENDT dos outros e nao pelo nosso modo original, por exemple, No caso da Igbtfobia internalizada, essas pessoas po. lem passar a viver a sexualidade da forma mais comum, dg forma em que 0 meio diz que é a melhor, e nao atende, suas necessidades mais profundas e verdadeiras, Podendg assim adoecer emocionalmente, de forma répida ou alongo prazo. E como se 0 barco estivesse sem a vela de direcig oucom 0 timao quebrado, alheio as correntezas maritimas e nao seguindo a rota desejada, assim, nao chegamos ao destino almejado; ou fazendo uma viagem que nao nos agrada, fazendo uma caminhada que nao queremos, a viagem pode ficar entediante, sem motivo algum, com ne- nhum propésito, trazendo um caminhar existencial vazio e levar a uma perda de sentido de vida tremenda, ficando a deriva de qualquer mudanga climatica ou de mares. Esse modo de funcionar é conhecido em Gestalt-Terapia como introjec4o, que no caso que estamos nos referindo é um bloqueio do contato, porém a introje4o pode se dar de forma saudavel, como movimento de aprendizagem, de forma critica, na qual assimilamos e aceitamos algumas coisas do aprendido e rejeitamos outras, sempre levando em consideragéo nosso modo singular de olhar e vivel fazendo uma mastigacio e integracdo do meio coma nossa Personalidade e 0 nosso eu genuino (Pinto, 2015). Ou s* dar em um estado de introjecdo disfuncional, no gual, conforme Citado anteriormente, é onde nosso exemplo a ae se encontra, estado esse em que finio Brito » P. 59) descreve como: 84 GESTALT Digitalizado com CamScanner Dificuldade de realizar um ajustamento critico ¢ de usar a agressividade para separar 0 que € do outro do queé proprio - de modo que a pessoa acaba Por engo- Jir sapos, POF manter em si comportamentos, atitudes, valores que ndo sdo exatamente seus, mas tomados de outros e nao digeridos. Essa introjecao, Igbtfobia ou homofobia internalizada, segundo o psicdlogo e um dos principais profissionais e estudiosos da terapia afirmativa (psicologia e psicoterapia dirigida a gays, lésbicas e bissexuais) no Brasil, Klecius Borges (2009, p.33), € é “resultante da exposi¢ao continua a homofobia social e cultural, de forma direta ou indireta, e faz que a pessoa gay geralmente desenvolva um conjunto complexo de defesas psicolgicas” que podem ser iden- tificadas com mais clareza ou nao de acordo com o grau de autoconhecimento de cada individuo. Além do grau de autoconhecimento, Klecius (2009, p.33) escreve ainda sobre o nivel de autoaceitacao que, quando é baixo, pode gerar varios sintomas, como: Confusao emocional, baixa autoestima, atitude hipercritica em relagdo a si mesmo € aos outros, isola- mento social, supressio generalizada da expressao de sentimentos, depressdo crénica, autoabuso (por meio s ilicitas, auto- etentativas de neralizada de daadogao de ou situagdes de uso recorrente de dlcool ou substancia mutilagao, exposi¢ao a situagoes de risco suicidio), ansiedade crénica, dificuldade ge estabelecer intimidade, ‘atuagao’ (por meio esterestipos), ‘recusa’ em assumir posigoes 85 Digitalizado com CamScanner Hein Gy; Gvaatan | Lafs Tavares | Lucas WeNDT de lideranga, atitude supercompensatéria nag telagée familiares, sociais e profissionais (querer ser ae em tudo), baixa imunidade (0 que gera problemas . saiide) e depreciacao de outros gays (ou mesmo ataque verbais ou fisicos a eles). Em um paradigma gestaltico, a partir desta introje. cao inicial, podemos nos bloquear em varias outras etapas do contato (figura 1), desde a dessensibilizacao, na qual a pessoa diminui sua percep¢ao sensorial, se esfria e fica atonica no intuito de bloquear um contato que outrora foj deletério e perturbador, porém agora nao é mais, € 0 indivi duo continua se comportando assim (de forma anacrénica e fora de contexto). Ainda segundo Borges (2009), é muito comum as pessoas homoafetivas passarem ou estarem na dinamica do “armario”, que se caracteriza quando as pessoas nao revelam sua orienta¢ao afetivo-sexual para os outros, A mesma situa¢ao pode se dar de forma absoluta, quando se torna um segredo nao compartilhado com ninguém, ou de forma relativa, quando é compartilhado com algumas poucas pessoas e é escondido das demais. Esta segunda situacao é a mais comum, Borges (2009) comenta também que, independentemente do grau que esse “segredo” se da, ainda pode originar muita angustia, medo, vergonha e culpa. Em Gestalt-Terapia esse movimento pode set com: . . i- Preendido como retroflexio, que ¢ quando nao consegtt ; ents mos colocar nossas energias e nossos anseios NO ambient = seja, € essa pulsio se volta pata nds, ou a represamos, 0H § | 50 satisfe temos uma descontinuagao do contato final, n40 salt 86 cestalte® Digitalizado com CamScanner gemnos 108508 necessidades com 0 meio. Pinto (2015, p61) coment que nesse estado . comum uma luta interna, um conflito entre entregar-s° as situa¢6es ou manter-se atento e qutocontrolado > Nesse modo de estar o sujeito pode estar fragmentado, ocorre uma ruptura no modo de agir fluido pot ‘conta do medo do externo. Pinto (2015) ressalta ainda que nesse estado o ser humano pode entrar em uma briga com seu corpo e seus desejos. Com essas interferéncias no contato final, é muito possivel que ocorram problemas na etapa de satisfa¢ao, jaque as necessidades nao estao sendo respeitadas, atin- gidas ou saciadas de forma plena com o meio, que por consequéncia pode gerar dificuldade na retirada, na qual, quando é feita de modo saudavel, o ser humano volta para si mesmo e fica aberto ao mundo de forma fluida ao en- contro de outro abrir de gestalten; porém, quando nao feita de forma “plena” pode ocasionar um egotismo (quando a pessoa tem dificuldade de se satisfazer ou 0 meio nunca esta a seu agrado), ou cair em um modo confluente, que é justamente a dificuldade de se retirar dos contatos quan- do nos satisfazemos nas situagées, assim, conforme dito anteriormente, nao conseguimos finalizar as situagdes e temos obstaculos para voltarmos a nés mesmos e estarmos disponiveis e sensiveis a novas experiéncias e vivéncias que 0 . mundo pode nos proporcionar. 87 Len Gy; PMAN | Lafs Tavanee | Treas Wasnt Digitalizado com CamScanner FIGURAT CICLO DO CONTATO E PERTURBACOES ‘DE FRONTEIRA CICLO DA SAUDE MEIO AMBIENTE P wo Interact Projecéo, + 'S Proflexio \ Contatofinal a Con je ' Reteferio / \ ; 1 seit = 1 PESSOA ‘ : 1 Pessoa ! i Consinca | satsagio Deflesio i Esatisno \, / Ny v Sensagio “S. 7 Retirada Dessensibilaagio’ pe? Confuénc (MEIO AMBIENTE MEIO AMBIENTE + PESSOA = ESPACO VITAL (fonte: Ribeiro, 2017, p. 45) E 0 QUE FAZER DIANTE DESSE “BARCO A DERIVA” NO SETTING TERAPEUTICO? Oprimeiro passo é a investiga¢ao, a postura acolhedora e de confirmacao da autenticidade do sofrimento. Muitas vezes uma das formas de sofrimento é nao ser entendido¢ nao ser legitimado em seu sofrimento, o que pode cheg’* aum entendimento de que nosso sofrimento ¢ banal, iss © meio e o mundo costumam fazer com muita frequen quando elencam quais sio os tipos de sofrimentos majores a quais situagdes temos o “direito” de sofrer € 0 que noe digno de sofrimento, Quando o ser humano nao esté atent? esTaLDs Digitalizado com CamScanner sua qutenticidade (assunto jé comentado anteriormente) 2 conflui com esses pensamen eens a sua volta, pode cair em um processo le analiza¢ao do seu sofrer, ser muito prejudicial, porque, pior do que sofrer, éachar que nao deve sofrer por aquilo, ou que seu sofrer m valor ou nao faz sentido algum. Desse modo a ferida estara aberta, causando dor, mas nds nao identifi- camos como algo importante para dar atengao, entao essa ferida pode ficar cada vez maior, o sangue (energia) vai se esgotan Portanto, quando um individuo chega em sofrimento aum consultério psicoterapéutico, uma das primeiras ati- tudes importantes que pode ajudar o cliente é a validacao (por parte do terapeuta) do sofrimento, dar confirma¢ao erelevancia 4 aquela dor, muitas vezes também, por con- sequéncia dessa banalizacao da dor, ou falta de aten¢ao pessoa nem saiba onde esta el que pode nio te! do e assim adoecemos. perante ela, é comum que a doendo, j4 que adotou um forma para tentar “nao sentir dor’, assim se faz necessario falar desta dor, é importante dar nomes para posteriormente lidar com 0 fendmeno, identificd-lo para um possivel “enfrentamento”, por isso pode acontecer de termos que ajudar o cliente encontrar onde esté(ao) essa(s) dor(es), onde esta a chaga. Um meio para chegar a essas jnformagoes ser! ampliacdo da dwareness, ou.a expansao da consciéncia, que maa Terapia &é buscada nao sé de forma cogeit sic eat aa oe maneira emocional, corporal, ua ne Vivencas espiritual (j4 que a abordagem no descar ie espirituais de cada pessoa, ou S€J@ tudo aqui ‘ja a Haun, GUtMAN | LafeTevapee | Teas WENDT » Digitalizado com CamScanner que 6 considerado sagrado para cada um). Quem tom, consciéncia é 0 proprio cliente, e é ele que darg Sentidg significado as possiveis novas descobertas. S O Gestalt-terapeuta usa alguns métodos e tem algumas abordagens diferentes da maioria das linhas de Psicotera. pia. Como visto acima, um dos primeiros “trabalhog” do psicoterapeuta gestaltico é a investigacao e a busca da am- pliacdo das percep¢des do cliente. Nesse trabalho um dos pontos-chaves que diferencia a Gestalt-Terapia de algumas psicoterapias é a mudanga de paradigma, no qual saimos do viés explicativo, em que nao tentamos explicar nada nem fazemos com que 0 cliente explique e vamos em busca da descrigdo da experiéncia, dos sentimentos, das emocéese dos fenémenos, mudando algumas pequenas palavras na hora da entrevista, saindo da pergunta \Romiquez2iparajo (piofundoresingulandoxfenOnieneehr Teen, Esse processo pode ajudar na tomada de consciéncia de forma mais plen@ que falamos anteriormente, em que o método descritiv nda a pessoa a trazer & tona memérias de forma muil mals vivencial, empirica, sentimental e emocional. 90 estauteat Digitalizado com CamScanner Napsicoterapia com pessoas que experienciam viven. BIT €88e movimento Pode a muito interessante, vand0 saimos do “Por que Le € LGBTI+?” ou até do “Por que yocé se tornou ou vivencia questées LGBTI42” ara 0 “COMO é experimentar essas situa¢ées?”, “Como é cer GBTE* para vocé?” ou “O que é essa experiéncia para “Como vocé esta sentindo essa dor que é dificil 12”. Percebem como uma simples mudanga no e na abordagem pode gerar reflexées, cas yocé?” ow de nomea: questionamento aprofundamentos e percep¢oes totalmente diferentes a quem responde? Como jé falado anteriormente, essa caminhada pode se dar de forma muito mais empatica, acolhedora e respei- tosa entre a dupla terapéutica (cliente e psicoterapeuta), e o cliente pode olhar para si mesmo de forma muito mais completa e sensivel, em vez de puramente racional e cal- culivel. Além de facilitar a compreensao da situagao de forma muito mais fenomenoldgica e singular por parte doterapeuta e fazer com que a dupla chegue a esséncia do fendmeno, ou A fonte do possivel sofrimento, chamamos isso em Gestalt-Terapia de redugao fenomenolégica. Ainda sobre 0 método fenomenolégico, veja um exemplo de um relato obtido através de uma pesquisa fenomenoldgica com algumas mulheres transgéneras de For do Iguacu ~ PR (pesquisa realizada por mim e por ence na qual nao foi publicada), a que uma eres entrevistadas descreve sua experiéncia € sua Petcepeio a respeito da sua identidade de género: 91 Digitalizado com CamScanner Haug Guz MAN | Lais Tavares | Lucas WENDT Nao olho no esp [...] todo meu ap me sinto homem [ vocé ser homem, vocé tem que se sentir homem (2, 2016) me identifico com esse SeXO que nasci, ey » elho e aquele corpo, aquele sexo nag sou « arato biolégico nasceu homem, mag = ...] nado basta vocé ter um pénis Par Neste relato percebemos 0 quao importante é a nig interpretacéo por parte do terapeuta das vivéncias de cada um, 0 quao necessario é a descrico da vida e das experiéncias por parte do cliente. Conforme comentado anteriormente, em Gestalt-Terapia, cada individuo é 0 melhor intérprete da sua propria vida. Através do método descritivo e fenomenoldgico, podemos propiciar um olhar mais amplo, completo e sensivel do cliente para si mesmo e para o seu existir. Corroborando isso, Rodrigues (2013) escreve que, na abordagem fenomenolégica, mais impor- tante que a realidade para compreender 0 fendmeno ¢4 percep¢ao que as pessoas tem da realidade. Percebemos também que muitas areas do saber acabam reduzindo e categorizando os individuos a partir de uma ou algumas partes do ser, ou seja, rotulam 0 individuo @ partir de um determinado 6rgio, como é 0 caso da Biologia e da Medicina quando categorizam um individuo com podemos homem ou mulher, a partir do seu orgao genital, e jato ae pear a problematica dessa generaliza¢ao n° rel (2016), ser homem ou mulher para cada individuo muito alé ; dade ‘0 além do seu Orgao genital, envolve personalidad modo de se ; lo. Ver, sentir, se relacionar e existir 1° mun 92 et ersTAll Digitalizado com CamScanner Lanz (2016, p.207), importante Pesquisadora mbém fala sobre essa reducio categérica ¢ das identidades: Leticia prasileir@, ta fragoentayae Embora seja uma ideia absurda definir uma pes- soa em fungao exclusivamente do seu érgio genital, é isso que 2 sociedade faz diariamente com todos os seus membros. O resultado é uma assustadora maioria de pessoas incrivelmente fragmentadas, dilaceradas e em constante conflito existencial com elas mesmas e com a yida. Existindoem pedacos — e aos pedagos — isto é, sem conseguir compreender a natureza do todo, lembram a histdria dos cegos que foram convidados a descrever um elefante. Um deles pegou na pata do animal e disse: é como um poste. O outro pegou no rabo do animal e concluiu: é como um espanador. Um outro pegou na tromba e concluiu imediatamente que o elefante é uma espécie de mangueira. Aprendemos que considerar as caracteristicas de apenas uma parte como definidoras do todo sempre acaba nos induzindo a erros grosseiros com relacdo ao todo. No entanto, é isso que a sociedade tem feito com as pessoas, reduzindo a enorme com- Plexidade do ser humano ao seu sistema reprodutivo, arbitrariamente eleito nao apenas como representativo, mas como determinante do proprio todo (Lanz, 2016). 2 i. teflexdo de Lanz vai ao encontro dos pensamentos cia da Gestalt (outra filosofia que 4 Gestalt-Terapia £M seu bojo). Podemos notar isso nas falas de Perls 93 Digitalizado com CamScanner Lay Gy vz, AN | Lais Tavanes | Tareas Went (2002, p.61) quando ele se refere a teoria da Gestajtn, “ia tem totalidades cujo comportamento nao é determinag, pelo de seus elementos individuais, mas onde og Proceso, parciais sao determinados pela natureza intrinseca dessa totalidades”. A Gestalt-Terapia, através da ontologia? fenome. nolégica, considera o ser humano de modo multifatorial, concebe o ser como biopsicossocial (LUCZINSKI e AN. CONA-LOPEZ, 2010), e Beatriz Cardella (2015) ainda acrescenta o fator espiritual, aquilo que é considerado sagrado para cada individuo. Em setting terapéutico é de suma importancia que terapeuta considere essa totalidade do cliente. Como comentado anteriormente a respeito da importancia da CONFIRMAGAO por parte do meio, em setting tera- péutico a confirmagao por parte do psicoterapeuta tenta representar o mundo e o meio para 0 individuo. Seo cliente é confirmado por parte de seu terapeuta, pode-se abrit um caminho para um desabrochar, para um sentimento de pertencimento, para uma sensacio de nao solidao, se” sacao de entendimento pelo outro e de que aquele existi tem valor, é verdadeiro e digno, como comenta Cardoso 2013, p66) 11. A teoria da Gestalt a qual nos referimos aqui € a teora da forms autores Koffka, Kohler e Wertheimer. Diferente da Gestalt-Terap'> e usa alguns pensamentos da primeira, porém so duas coisas difero""™ 12. No heideggerianismo, reflexdo a respeito do sentido abrangente 4°" como aquilo que torna possivel as miiltiplas existéncias. 94 cesTaLte® Digitalizado com CamScanner Quando o psicoterapeuta assume uma postura re. ceptivae facilitadora da expresso dos modos de existir da pessoa do seu cliente, encorajando-o a perceber a diversidade do seu agir, do seu pensar e do seu sentir arefletir sobre as novas perspectivas que se abrem, sio criadas as condigdes necessarias para o crescimento pessoal. Trata-se da confirmagao da totalidade da pes- soa, atitude fundamental para que ela desenvolva um senso de seguranga (autossuporte) e disponibilidade para relacionar-se. A Gestalt-Terapia acredita que o didlogo genuino do eu-tu (pensamento de Martin Buber) é uma ferramenta eum método essencial nesta abordagem, nao sé como cardter investigativo, para uma maior afinidade entre a dupla terapéutica e consequentemente para uma melhor, compreensio dos fendmenos do cliente, mas também como um fator de “cura”, por conta do didlogo e do cultivo desse espaco onde tudo pode ser falado. Nesse espago, os entraves do contato e sofrimentos emocionais podem ser diluidos, jaque, através do didlogo genuino e franco, a consciéncia pode ser expandida, os pensamentos proibidos de antes podem ser falados agora, novas conexdes podem surgir a partir desse campo, desse lugar de confirmacao, de vali- dacao e de INCLUSAO. Yontef (1998) citado por Cardoso (2013, p. 66) traz a importancia de mais dois fatores para complementar essa relacdo terapéutica, que s40 a “PRESEN- GA" do terapeuta como uma qualidade de encontro com a ae um todo, o que requer abertura, compaixio, € humildade de sua parte. Isto esta intrinseca- Heung VeMAN | Lais Tavares | Lucas WENDT 95 Digitalizado com CamScanner mente ligado a postura de “ENTREGA AO ENTRE” Bose quatro fatores (inclusao, confirmagao, Presenga e entrega ao entre) Sao considerados para Yontef (1998) os pri ciping bdsicos do didlogo e do preparo do terreno fértil, Por parte do terapeuta, para que ocorra um desabrochar existencig| do cliente em setting psicoterapéutico. E sobre esse desabrochar existencial entendemos que: [..] amudang¢a nao acontece através de uma tentativa coercitiva, por parte do individuo ou de outros, para muda-lo, mas sim quando dedicamos tempo e esforco a ser 0 que somos, investindo plenamente em nossas inclinagées correntes (BEISSER, 1980, p. 110). Bn Gestalt Terapia’chamamiosessemmovimento.c \mudanganparadoxalsrow seja, para encontrarmosmoss. ‘aneiraluidaldelexistin nao temos que mudarybast sdedi . ; Em algumas situaces e contextos pode ser dificil, como é le a a 0 caso do armario que citamos acima, quando o medo do externo é muito grande. Além da relacao dialégica e desse espaco isento de julgamentos, cobrancas e ‘deverianismosi, a Gestalt-Terap* langa mao de uma ferramenta muito utilizada que so 0s experimentos. Os experimentos podem envolver cada uma esferas do funcionamento humano. Contudo, a maior? deles tem uma qualidade em comum: pedem 20 client que expresse alguma coisa comportamentalment® a eS eoTALTEA® Digitalizado com CamScanner vez de apenas passar por uma experiéncia cognitiva interior (ZINKER, 2007. p.142). Ou sejas OS experimentos sao um convite ao cliente ara que ele possa fazer alguma atividade, tanto para compreender © que est sentindo tanto para prepard-lo ara alguma deciséo ou aco. Pode ser feito de diversas maneiras, ele pode encenar algum sonho, interpretar alguma pessoa, personificar algum sentimento, e geral- mente faz a proposta para que a pessoa narre, encene ou interprete essa situagdo em primeira pessoa e no momento presente, sempre descrevendo o que esta acontecendo, o que esta sentindo, o que imagina que determinada pessoa ou emogao esta “sentindo”. Como foi citado antes, essa ferramenta nos ajuda na compreensao, na elaboracao e nas possiveis mudangas de rotas, tendo em vista que, fazendo algo vivencial, a pessoa consegue ter uma nocaéo melhor do que esta acontecendo. Um experimento muito comum realizado em Gestalt-Terapia é a cadeira vazia, experimento em que o individuo tem uma conversa com alguém, com algum sentimento ou “figura” de interesse. Nao raro, como ja falado acima, as pessoas LGBTI+ podem ter dificuldade em revelar sua orientagao afetivo-sexual ou sua identidade de género a pessoas proximas e importantes, portanto, o experimento da cadeira vazia (por exemplo) pode ser uma otima atividade para diminuir esse espago entre o pensar em falar e o falar de fato. O experimento aqui citado pode fazer um meio nessa imensa lacuna entre pensar ¢ agir, ee 0 cliente sentir, expressar, colocar-se no lugar do - Diante dessa noticia e comunicado tao importantes, 97 Hetey, G ‘vzMAN | Lats Tavares | Lucas WENDT Digitalizado com CamScanner elaborar € sentir muito através dessa fr senca do terapeuta, essa situacgg Pode ida dentro dos possiveis Sentimentos amentos que emergirio ali, pode-se ensaiat, ramenta. Com a pre aborada € acolh mentos e comport idade pode facilitar o enfrentamento do que, apos confirmado em sua existéncia u senso de self, pode solicitar respeitg mbiente, pois agora ja possui sua itegrados em seu ser. ser el: pensal Essa ativ meio pelo cliente, e fortalecido em se e diferenciagao em seu a identidade e autorrespeito in adeiro, como vimos neste capitulo, a Ges- Por derr: a abordagem que pode beneficiar muito talt-Terapia € um as pessoas que experi afetivo-sexuais e as identidades de género, através do seu olhar humano, fraterno, sensivel as singularidades. Assim, faz. com que os navios humanos possam navegar de forma mais fluidas e genuinas, podendo fazer sua melhor viagem dentro desse grande, belo, sinuoso e desafiante mar da vida. Nao minimiza ainda as necessidades de busca por mares menos turbulentos, na luta por uma sociedade que reflita também este respeito, criando um contexto que valide a subjetividade de cada ser de maneira mais ampla. ‘enciam e vivenciam as diversidades ; Compreendemos, entao, que desenvolver a autoa- Ceitagéo € o primeiro passo para a busca de validac4o de roatlaninca ser no mundo que reflitam mudan¢@ fundamentadae an oe reivindicagoes possan est © préprio ser, come tuma vivencia de respeito que jé habit —— a ound no micro e caminhando pat ° » como afirma Charlie Chaplin (1959, P- ys 98 - GESTALT#A® Digitalizado com CamScanner Quando eu comecei a me amar, entendi o quanto pode ofender alguém quando eu tento impor minha yontade sobre essa pessoa mesmo sabendo que nao é o momento certo e a pessoa nao esta preparada para isso, € que, muitas vezes, essa pessoa era eu mesmo. [.] Quando comecei a amar-me eu pude compreender que dor emocional e tristeza sao apenas avisos para que eu nao viva contra minha propria verdade. Hoje eu sei que aisso se dd o nome de Autenticidade. REFERENCIAS BEISSER, Arnold. A teoria paradoxal da mudanga. Gestalt- Terapia: teorias, técnicas e aplicagées. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1980. BORGES, Klecius. Terapia afirmativa: uma introdu¢ao 4 psicologia e a psicoterapia dirigida a gays, lésbicas e bissexuais. Edicdes GLS, 2009. BUBER, Martin. Do didlogo e do dialdgico. Sao Paulo: Perspectiva, 1982. CARDELLA, Beatriz. Relagao, atitude e dimensao ética do encontro terapéutico na clinica gestaltica. In: FRAZAO, L. Ms FUKUMITSU, K. O. A clinica, a relagao psico- terapéutica e 0 manejo em Gestalt-Terapia. Sao Paulo: Summus, 2015. CARDOSO, C. L. A face existencial da Gestalt-Terapia. In: Frazio, L. M. e Fukumitsu K. O. (orgs.). Gestalt-Terapia: fundamentos epistemoldgicos e influéncias filos6ficas. 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