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ierpretagbo de imagers aéens forms mimetics -soqdeeies praales jase sercoial de lmentan Joma fringes cong sténcin socal do dase do Estado & peta do Senigo Socal IROCAD 2000 - gua pditco paca desoros em 20 sstoCAD 2004 ~ qua pico parades er 2D {CAD Rid — gil pec para dasenhes em 2D s8loCAD RIG — gui rico par dawenhos am 3D ‘alagsonutrional de clatuidaes “deal? “ele A oc leo de indtinla ede orga em cries elécos “lado Ager Linear com Deve pease, comunicaysoe sualeag de dads expeciis nit cro; aspacosfundamentas para Enfermagem ‘stiago Decal Universal - COU -ramindo em aveara esr tenho geometric sugnéstio do mee sco de bac hidrosrias imentos bios de ftogramtriae sua ullagso pranca fromagnesmo elu d campos ‘tromagnetimo pas Engenharia etn © ‘erica basic: um enfoque void & Informa genhera de proces cm LOTOSISO ~atsteaapleadaSCincor Sone Tmentos de cre zarmantas de corte I {orseletors de sins amentos de Cartorafa damentos de sitemas hirdulcos ‘2g8a de vepor Tl J | Transmissao de | ! | ENERGIA ELETRICA Inna gana no Pett do Bast Insnena Aes treating Acti: as hhtedue 8 Engearn| Inset Fea Neckar de arcs Comer Insodugo Natencn nooo & Qt arg Exit Innedio& Toe dor Gr Inco 8 Tpsoga Gea Ineo so aborts be Fn Ls ngs Pa, prt dla rononciation du Fema Z Mute der ial asc de Deseo Teaco Moyle alernca~100 execs de pos Matern Fanci ati a 20 Notonse smn de cqmestnwes Neniorenento gobelinegado deportes ms Nog ere amar f Noghes bases de Gest Desa f (papa ca ee na cand ura socdnde ecmosica Oleos ¢ gorcuras vegetais — processamento ¢ anélise i Promades~ totes ctereparincae de Fengis | ‘Quimica Basca = teona e expertnentor ! Raton hes Revosi ofa hi Faded Pet ' Tague meora de ukdadeuna ata ciea Teaching a clr ony ne coma pre Prentiss nj do Fr ' Tete de up rpg a astra ‘ote aren oer eco i: “pega contenparines- Panne ‘Taro deg cen Unidades de informagéo: concelios ¢ eompetincias ego nda ke es ASPECGTOS FUNDAMENTAIS de ENERGIA ELETRICA AixsiNeiras a ssao 621.319 4 [orats oe a Eprom Seurse 'e Y sab — _ — DEDALUS - Acervo - EPEL ° ANVECE 31500016905 oy UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA, Reitor Lticio José Botelho Vice Reitor Ariovaldo Bolzan EDITORA DA UFSC Diretor Executivo Alcides Buss Conselho Editorial Eunice Sueli Nodari (Presidente) Cornétio Celso de Brasil Camargo Joi Hernesto Weber dosé Isaac Pilati Luiz Henrique de Aradjo Dutra ‘Nileéa Lemos Pelandré ‘Sérgio Fernando Torres de Freitas C. Celso de Brasil Camargo Transmissao de energia elétrica: aspectos fundamentais 38 edic&o revisada e ampliada Editora da UFSC Florianépolis, 2006 Esta obra tem como objetivo bésico propiciar aos leitores uma visio clara e concisa sobre os principais aspectos relacionados a transmissio de energia elétrica. Como tal, ela incorpora conceitos fundamentais sobre transmissio de energia elétrica em. corrente alternada e também em corrente continua, técnica cada. ver ‘mais if undida nos dias de hoje. ‘Também aborda a propagagdo de surtos em linhas de transmissio e os principais limitantes & transmissa0 de energia elétrica por redes aéreas, como 0 efeito corona, 0 ruido audivel,. a radiointerferéncia e efeitos dos campos eletromagné- ticos sobre os seres vivos, preocupa- Go crescente na moderna socie- Gade. Etifase foi dada 20 equacions- mento dos-aspectos mecanicos .¢ elétricos da transmissio, ressaltan- do-se 0 célculo de flechas, tipos de estruturas de transmissao; cadeias de isoladores e coordenagio de isolamento. Comentérios sobre o novo papel da transmissdo no atual contexto de mudancas regulat6rias no setor elétrico: brasileiro. também foram incorporados 20 livro. Trata-se, pois, ede “iima: obra. moderna sobre ‘ransinissa0 de ciiergia elétrica; que’ de. sane fs Sonsulta ETOR DE INTERCAMBIO s PERMUTA CA UNIVERSITARIA BiB OTP OER Oe SANTA CATA Transmissao de energia elétrica: aspectos fundamentais OC Celso de Brasil Camargo Editora da UFSC 624,549 Camps ive Hae : . iva Postal 476 a 85010570 Forianépolis—SC © (48)'3231-9405, 3531-9605 ¢ 33318686 14) 3331-9680 @ edulse@edicoraubcbr Bhetpuwaneditora.ufebr Diregio editorial capa Paulo Roberto da Siva Esitoraga Arming Maria Santos da Mota Revisio tfenico-eitoral a Aldy Verge Malngu e Revisio: “Ana Lica Pereira do Amaral FichaCatalogrétca (Catalogagio ns fonte pelo Departamento de Biblioteconomia © ‘Documentagio da Universidade Federal de Santa Carina) C172 Camargo, C.Celso de Brasil ‘Tansmnissio de enerpa elétrcasaspectos fundamentals / . Celso de Brasil Camargo. 3. ed. rev —Floviandpolis Ed. da LUFSC, 2006. 27 7p. gras. tabs. (Série Dida) ~ Incui bibtiogratia 1. Energia eéticn transmissBo. LTtul, ‘cou:621 3.05 ‘cpp 621.319 inn amo A minha esposa e filhos: ; Renata Reeds td os ds e pus a ou ores 1096 0g ea : Eduardo ‘iversidade de Sao Paulo , seca da Escola Politécnica Agradecimentos A Eletrobras e & Universidade Federal de Santa Catarina, especialmente & competente Edufsc, pela estreita colaboragéo empresa-universidade que tornou. possivel as edicdes deste livro. A Eletrosul, pelo apoio em todas as edigdes do livto e pela cesséo de dados do seu sistema de transmissao, tomando mais real os exemplos mostrados no texto. ‘Aos meus colegas de trabalho e a todos aqueles que, de uma forma ‘ude outra, contrbuiram para a concretizagao desta obra, em especial a Ana Paula da Silveira € Leandro H. Agular, cujo apoio foi de fundamental importancia para que esta edigao se tomasse posstvel Sumirio Prefaiclo Capitulo 1 ~ Evolugio histética e perspectivas para a transmissao de energia elétrica 1.1 Introdugao .... 1.2. Planejamento de um sistema de transmissio 1.3 Curva de carga e curva de duracdo de carga 1.4 Interligagao entre sistemas elétricos ne 1.5 Evolugéo da transmissao de energia elétrica — perspectivas tecnolégicas... 26 1.5.1 Transmissao em UAT (ultra-alta-tensdo) corrente altemada........30 1.5.2 Transmnissao em corrente continua .. 32 1.5.3 Transmisséo hexafésica 135 1.5.4 Supercondutores ..coeenenenenn oo AB Referéncias 45 Capitulo 2 ~ Concettos basicos de transmissao de energia em corrente alternada 47 2.1 Transmissio em corrente alternada... esse 47 2.2 Energia armazenada no campo magnético de uma bobina wees. 51 2.3 Transmissio em corrente altemada trifésica 2.4 conceito de poténcia complexa . 2.5 Poténcia transmitida entre dois barramentos de um sistema eléttico..... 56 2.6 Influéncia da variagao dos parémetros na transmissao de poténcia ... 59 2.7 Capacidade de transmissao . 62 2.8 Tenséo étima para transmissio a longas distancias .. 2.9 A questdo das perdas na transmisséo 2.10 Capacitores-série em linhas de transmissao ... 2.11 Bxercicios. Referéncias Capitulo 3 ~ Caracteristicas mecéntcas e elétricas das linhas de transmisséo. 3.1 Introdugio .... 3.2 Cabos condutores em linhas aéreas de transmissao.. 3.2.1 Emprego de ligas de aluminio em condutores 3.3 Isoladores e ferragens em linhas aéreas de transmissio .. 3.3.1 Isoladores 3.3.2 Emprego de isoladores sintéticos 3.3.3 Ferragens 3.3.4 Vibracdes em linhas aéreas 04 3.3.5 Vibragées por carga de gelo nos condutores 296 3.4 Estruturas das linhas aéreas de transmissao 3.5 Tens&o mecénica e flecha de um condutor 3.6 Limites de carregamento de linhas aéreas de transmissdo ........... 107 3.7 Célculo de pardmetros da LT de poténcia 4 3.8 Bxercicios aaa 7 Referéncias... : 120 Capitulo 4 - Transitérios em linhas de transmisséo: introducao & coordenagao de isolamento 4.1 Introdugao ... 4,2 Surtos ultra-répidos 4.3 Ondas viajantes — equagées de onda.. A.A Reflexes de ondas nos terminais da linha 4.4.1 Reflexes de ondas num terminal de linha aberta 123 ez) se 125 . 128 130 132 133 135 4.4.2 Reflexes de ondas ém terminais curto-circuitados: 4.5 Efeito da capaciténcia shunt sobre a onda de surto 4.6 Transitétios de chaveamentos = 4.7 Introdugéo & coordenacéo de isolamento 4.7.1 Solicitagées dielétricas a 4.1.2 SobretensGes de origem atmosfética 136 141 142, 143 144 4.7.3 SobretensGes de manobra.. 4.7.4 Sobretensées & freqiiéncia impressa... 4.7.5 Suportabil 4.8 Definicgao IEC (comisséo eletrotécnica internacional) da coordenagao de isolamento .. lade do isolamento. 45 4.9 Coordenacio de isolamento da linha de transmissio.. 147 4.10 Descargas atmosféricas.. 149 4.11 Neimero misimo de foladores a frequéneaindusti 150 4.12 Exercicios, Referéncias.. Capitulo 5 — Efeitos especiais na transmissao de energia por tedes aéreas. 5.1 Resisténcia & corrente alternada .. 5.2 Efeito corona .. 5.2.1 Corona visivel 7 5.2.2 Avalacio das perdas devdas ao efeito corona. 5.2.3 Formagio do ozona por linhas de transmissio 5.3 Radiointerferéncia - RI 5.3.1 Anélise e medigéo da RI. ce 5.3.2 Férmula empitica para o célculo da RI 169 5.4 Ruido audivel em linhas de transmisséo. - sensenees TIS 5.4.1 Resultados de testes de campo de ruldo audivel .... 178 5.5 Efeitos do campo eletrostético 181 5.6 Efeitos biokigicos dos campos eléticas e magnéticos 185 5.7 Bxercicios. 187 Referéncias... an eee 189 .. 167 Capitulo 6 ~ Aspectos bésicos da transmissdo em corrente continu... 191 6.1 Introduces ae : 191 6.2 O sistema de transmissdo em corrente ContiNUa ...-mse sw 196 6.3 Processo de conversdo CACC/CA 198, 6.4 Relagées matematicas CA/CC. 206 6.5 Controle do sistema de transmisséo em corrente continua 210 6.6 Harménicas em instalagées de corrente continua 214 6.6.1 Distorgéo de tensdo no barramento de um conversor ei223) 6.7 Exercicios. . 224 Referéncias 226 Capitulo 7 - O papel da transmisséo no nove modelo do setor elétrico . 220 - 232. 7.1 Introdugéo 7.2.0 nevo modelo da transmisséo .. 7.3 O gerenciamento pelo lado da demanda 7.4 Geracéo distribuida jos e aplicagdes da GD... 17.4.1 Principais benefic 242 7.5. O.uso dos equipamentos FACTS 245 7.6 Caracteristicas dos equipamentos FACTS . 246 Referéncias .... ‘Apandices 255 ‘Apéndice 1 . 257 Apéndice 2 258 Apéndice 3 259 ‘Apéndice 4 260 Referencias 262 Apéndice 5... 263 Referencias 22 Apéndice 6... 23 Prefacio Esta obra tem como propésito basico servir de referéncia, ou livro- texto, para curso sobre Transmissao de energia elétrica (redes aéreas), em nivel de graduacao. Como tal, ela incorpora nossa experiéncia de magistério na cadeira de ‘Transmissdo de energia elétrica, da Universidade Federal de Santa Catarina, ¢ também nossa vivéncia profissional no setor elétrico, em especial como engenheiro da Eletrosul. Retratando de forma concisa os aspectos que se julgam fundamentais, para um curso moderno sobre Transmissao de Energia Elétrica, 0 livro foi soncebido para ser adotado em disciplina de 4 créditos; cerca de 72 horas de aula, Iniciaimente, faz-se um répido apanhado histérico da evolucao das, técnicas de transmissao no Brasil e no mundo, dando énfase & criacéo € estnituracao do setor elétrico brasileiro e ainda as perspectivas tecnokigicas de transporte de energia elétrica para os préxitnos anos. Em seguida, sfo apresentados os conceitos bésicos sobre transmissao de energia elétrica em corrente alternada, procurando realcar os aspectos, eléticos e mecanicos mais importantes. No capitulo 4, faz-se um apanhado geral sobre propagacdo de surtos eletvomagnéticos em redes de transmissao, enfocando tanto os distairbios externos (descargas atmosféricas) como internos (manobras), terminando com nogées acerca de coordenacao de isolamento em linhas de transmisséo. So examinadas, no capitulo seguinte, as principais restricées que ‘aparecem ao se transmitir energia elétrica: © efelto skin, efeito corona, radiointerferéncia, rufdo audivel, indugao eletrostatica e efeitos dos campos 14 eletromagnéticos. © conhecimento destes fenémenos é essencial para o projeto adequado de linhas de transmisséo de energia elétrica, No capitulo 6, estuda-se a transmissao em corrente continua, técnica cada vez mais empregada no mundo e infelizmente pouco divulgada na literatura técnica. Finalmente, no capitulo 7, séo comentadas as mudancas ocortidas no setor elétrico nos tltimos anos, no Brasil e no mundo, e as alteracdes impostas a transmisséo de energia, redundando no novo papel que esta deve cumprir em face destes novos desafios. Neste particular, s4o analisadas ‘a nova regulamentacéo do setor, o gerenciamento pelo lado da demanda e a getacao distribuida, técnicas que vao exercer influéncia sobre a expanséo da transmissio e 0 uso dos dispositives FACTS, equipamentos cada vez mais utilizados na transmissao de energia elétrica. | ~ Nos apéndices so encontrados métodes e procedimentos que permitem calcular reatdncias indutivas e capacitivas por meio de tabelas, embora estas grandezas sejam hoje ém dia calculadas eficientemente mediante uso de computadores digitais. Adicionalmente, so af apresentados dados de linhas de transmissao ¢ tabelas com informagdes sobre condutores utilizados nas linhas. No decorrer do texto sao apresentados exemplos e exercicios resolvidos, complementados ao final de cada-capitulo por uma série de problemas a serem solucionados, tormando natural a assimilagéo da matéria estudada, A bibliografia istada ao final de cada capitulo propicia aos leltores uma coportunidade de aprofundar conhecimento em itens de interesse especifico, complementando os ensinamentos do texto ‘Ocsgotamento das edigées anteriores nos Teva a cret que olivro também teré boa acolhida junto a professores, alunos ¢ ao setor eléttico em geral, azo pela qual desde jé se pedem desculpas por possiveis falhas ou imperfeigées neste trabalho, cientes da condico de falbldade que acompanha toda e qualquer obra humana, Prof. C.Celso de Brasil Camargo Capitulo 1 Evolucao historica e perspectivas para a transmissao de energia elétrica 1.1 Introdugao Oobjetivo final de um sistema de energia elética consiste em fornecer 08 consumidores um produto (energia elétrica) de boa qualidade e economicamente acessivel, procurando ao mesmo tempo minimizar possiveis Impactos ecoiégicos e sociais. Entende-se aqui como “produto de boa qualidade” o fornecimento continuo de energia elética dentro de certos padrées ou faixas previamente especificadas. Normalmente um Sistema Elétrico de Poténcia tem qualidade quando possui: a) Continuidade, isto é, esté sempre disponivel para uso do consumidor; b) Conformidade, ou seja, obedece a padrées de desempenho especificados; ©) Flexibilidade, a propriedade de se adaptar as continuas mudancas em sua estrutura topolégica; e 4) Manutenabilidade, isto 6, a propriedade de ser devolvido & operacéo © mais répido possivel em caso de panes no sistema, O fomecimento adequado de energia elétrica encerra, em sua esséncia, aquilo que se denomina habitualmente “Confiabilidade do Suprimento", constituindo-se na preocupacdo primeira do processo de planejamento da transmisséo. Para cumprir com este objetivo, necessita-se de uma estrutura tecnolégica muito avangada, de modo a possibilitar 0 correto 16 “enamicsio de nergi elisen pects fundametais dimensionamento e construcéo de unidades geradoras, inhas de transrmissio, trensformadores, disjuntores e demais equipamentos que constituem um modemno sistema elétrico de poténcia. ssa estrutura tecnolégica requer macicos investimentos, com longos prazos de maturaco, razAo pela qual, na maioria das vezes, o governo (federal e/ou estadual) tem apoiado ou mesmo investide em obras de geragéo, transmissao e distribuicéo de energia elétrica. Ainda cabe destacar que 0 intenso desenvolvimento tecnolégico nesta rea tem levado as empresas do setor elétrico a desenvolver projetos de parcerias com universidade e centros de pesquisa de modo a melhorar 0 ‘desempenho operacional do sistema elétrico brasileiro. Adicionalmente, em face da crescente dependéncia de um modemo pais industrializado em relacio a eletricidade, insumo basico nos diversos Setores de producéo, a energia elétrica necessariamente val possuir implicacées estratégicas, devendo ser controlada ¢ ter sua politica definida de forma coerente.e uniforme pelo poder puiblico. De um modo geral, a energia elétrica é gerada e transmitida em grandes blocos, por unidades geradoras impulsionadas por turbinas a vapor, hidréulicas ‘oua gés ¢ ligadas a estruturas adequadas de transmisséo. A rede de transmissao geralmente ocupa e se desenvolve por grandes extensées territoriais, integrando-se aos sistemas de distribuigao mediante subestagdes abaixadoras e possibltando ainda interligar sistemas vizinhos, auuferindo dai beneficios técnicos e econémicos, conforme mostra a figura 1.1 =, A + Figura 1.1 - Ume rede de transmissée Capito | = Bvolvcfo histéin o prspactne para a transmis de entiation aw sistema de distribuicdo ¢ similar, na sua concepgao bésica e estrutural, ao sistema de transmisso, embora ocupando érea bem menor. Um planejamento adequado propicia aos sistemas de poténcia um alto grau de redundancia estrutural, permitindo a estes suportar a maioria das contingéncias que se acredita possam acontecer, sem nenhum dano maior aos consumidores. ‘Toda esta estrutura é gerenciada e monitorada continuadamente em Tnodemos centros de Despacho de Carga, mediante sofisticada aparelhagem de controle, verificando 0 desempenho e seguranca da rede, de modo a manter adequado os padres de qualidade e quantidade de energia suprida ao longo do terapo. Do ponto de vista histérico, no Brasil, a indtstria da eletricidade teve joer 1889, com aconstrucao da primeira hidrelétrica da América do Sul, pela Cia. Mineira de Eletricidacie, em Juiz de Fora, MG, otiunda da visio empresarial e da capacidade empreendedora de Bernardo Mascaranhas. Deste marco inicial até os dias de hoje muitos eventos de-interesse aconteceram, destacando-se na década de 1930 a crlago do cédigo de guas, instituido por decteto de 10 de julho de 1934, Esse cédigo dotou finalmente o pais de uma legislacdo especifica em relagéo aos aproveitamentos hidroelétricos. Dentre as_modificages introduzidas, destacam-se, segundo a Revista Energia Elévica, 1982, publicada pela Eletrobras: + Incorporagées das terras em que se encontram as quedas dégua ‘a0 patriménio da Unig * A Unio passou a ser responsével pela outorga de autorizacao ‘concessao para os aproveitamentos de energia elétrica de otigern hidraulica para uso privativo ou servico pablico; - ‘Teve inicio a nacionalizagao dos servicos, restringindo sua concesséo a brasileiros ou empresas orgenizadas no pais, ressalvando-se, no entanto, os direitos adquiridos; Institut 0 principio do custo histérico e do “servigo pelo custo”, de lucto limitado e assegurado. Outros marcos notéveis na histéria da energia elétrica no Brasil seriam 08 seguintes: + Criagdo da CEMIG, em Minas Gerais, objetivando realizar urn plano global de eletificacao do estado mineito, em 1952. Iniciou-se a constiugao de Trés Matias; 18. “Teansmissko de energla etn: oxpectos fu + Criagdo da Chesf, em 1954, com o intuito de promover 0 aproveitamento do Rio Sao Francisco, garantindo © esforco de industrializacao do nordeste. Iniciou-se ocomplexo de Paulo Afonso; + Criagdo de Furnas, empresa destinada inicialmente a construir uma grande usina no Rio Grande, na divisdo entre os estados de Minas Gerais e Séo Paulo, em 1957; + Em 1960 foi criado 0 Ministério das Minas ¢ Energia, responsével pela politica energética do pafs e pela definicéo da orientacao bésica na dea de sua competéncia; + Criagéo, em 1966, da Cesp, em Sao Paulo, reunindo diversas empresas do estado; + Criagdo da Eletrosul e da Eletronorte em 1968 e em 1973, respectivamente; + Reestruturacao do setor elétrico brasileiro a partir da Lei n® 8.987, de 1995, a chamada lei das concessées, abrindo espacos para a cefetiva participacéo da iniciativa privada no setor de energia elétrica (Camargo e Borenstein, 1997); + Griagéio da Agéncia Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, pela Let 189.427, de 26 de dezembro de 1996, e regulamentadapelo Decreto n€ 2.335, de 6 de outubro de 1997. Cabe ainda mencionar que a promulgagao da Lei da Eletrobras se deu em 1961, tendo sido a Empresa constitufda no dia 11 de Junho de 1962. Dentre as suas atribuigdes, destacavam-se as seguintes: + O planejamento a longo prazo, objetivando programar obras de geragio e transmissao para atendimento ao mercado de energia eléttica, + O aporte de grande volume de recursos para investimentos com longos prazos de maturacao; + A rentabilidade limitada, condicionada muitas vezes As diretrizes governamentals, + Atividade de coordenagao em face da abrangéncia regional dos, grandes aproveitamentos hidrelétticos; + Anecessidade de distribuir recursos para investimentos a um nfvel nacional, procurando equilibrar as tegies mais desenvoWvidas melhor abastecidas e as reas mais pobres e carentes; Cav | = Evoluco hon « perpectivns para a tani do ence evden 19. period inicial de funcionamento da Fletrobras caractetizou-se pela implantacao da realidade tariféria e também pela aquisigéio dos direitos aces das concessionérias estrangeiras controladas pelos grupos AMFORP (American Foreign Co.) ¢ BEPCO (Brazilian Electric Power Co.) Executando a politica energética tragada pelo Ministério das Minas e Energia, a Eletrobras controla quatro empresas regionais, reservando-se a tarefa de coordenar e tomar decisées, deixando as tarefas executivas ao cargo das empresas controladas. Estas empresas controladas sao responsévels pela produgao e transmissdo de energia em grosso e ainda promovem as necessétrias interligagées regionais. ‘As concessionérias estaduais, interligadas &s supridoras regionais, ‘encartegam-se da subtransmissao e distribuico da energia. Nos estados em que ja existiam sistemas proprios de geracao, foi assegurada sua arfipliaga ‘ou suplementagao quando necessatio. As quatro empresas regionais controladas pela Eletrobras, mostradas na figura 1.1 com suas éreas originais de atuagao, sao Fletrosul, Furnas, Eletronorte e Chest. Até oinicio do processo de reestruturac&o do setor eétrico brasileiro, estas regides eram Areas de concesséo das empresas citadas. Hoje estas empresas tém atuado, principalmente por meio de parcerias, nas mais diversas regiées do pais. - Cabe destacar ainda 0 apoio fornecido pela Eletrobras-&-inddstria nacional ¢ a0 patrocinio da pesquisa cientifica e tecnolégica no setor, tendo criado em 1974 0 Centro de Pesquisas de Energia Elétrica — CEPEL, hoje Instalado no campus da cidade universitéria do Rio de Janeiro, 0 qual desenvolve suas atividades basicas em dois campos distintos: + Dando apoio as concessionétias na forma de suporte téenico & ‘BANCO DE AUTOTRANSFORMADORES De 00K : ‘R40OUVA ow. Figura. 1.8 ~ Instalgio ploto de Swareto: projeto.1.000kV Fonte: Parise a, 1962 ‘A antiga Unido Soviética dispunha desde 1985 de uma Instalagio de GAT, 1.200kY, funcionando de forma comercial, num trecho de 497km entre Ekibastus e Kokchetav. Esta linha faz parte de um sistema de 2.500km de extensio, ligando a Sibéria, Kazakisto e Urais (Tikhodeef, 1989). Nos Estados Unidos, 0 projeto BPA (1.200k\) foi encerrado na déc@da de 1980, tendo sido confirmada a viabilidade técnica, econémica e ambiental da transmisséo de poténcia elétrica neste nivel de tensio. No Brasil, para avaliar as possibilidades de transmisso em UAT, particularmente na Amaz6nia, a Eletrobras criouem 1989 a CPTA — Comissao de Planejamento da Transmisséo da Amazénia ~ com a patticipacéo de Cepel, Furnas, Eletronorte, Chesf e Eletrosul. Nao obstante a viabilidade técnica e econémica da transmisséo em UAT, ainda existe pontos a serem melhorados e aprofundados, com vistas a enfatizar a confiabilidade, reducao de custos e minotar efeitos ambientais 2 “Tiaras de energia eléca: aspects fundamentats Entre eles salientamos: «+ Estruturas no convencionais e compactacéo; + Dimensionamento ambiental de linhas e subestagées; + Dimensionamento, projeto e fabricacao de equipamentos; + Isolamento de subestaces. 1.5.2. Transmissao em corrente continua Atecnologia que se dispée hoje é suficiente para atender aos requisitos da transmisséo em corrente continua nos préximos anos, incluindo aqui sisternas multiterminais. Nao obstante alguns aspectos deste tipo de transmissao continuam a ser intensivamente pesquisados, como, por exemplo, otimizacao do projeto das valvulas a tiristores, desenvolvimento de microprocessadores mais ‘sofisticados para monitorar e controlar os sistemas, desenvolvimento de medidores e projeto de disjuntores para corrente continua ¢ o estudo dos efeitos desta transmissao sobre o meio ambiente. Em particular, alguns comentétios se fazem necessérios sobre estes dois ditimos itens (Hazan, 1981): + Efeitos ambientais da operacao de linhas em alta-tenséo de corrente continua Estas pesquisas tém sido financiadas nos EEUU pelo EPRI (Electric Power Research Institute). O fenémeno da concentragao de fons positivos ¢ negativos que ocorre no meio ambiente devido a mudangas.no dima poder resuitar, segundo alguns investigadores, em alteracGes fisiolégicas noser humano. Como ‘esta concentracao de fons é afetada pela presenca da corrente continua em alta- tensdo (CCAT), este assunto tem sido estudado, procurando avaiar ofenmeno relativo ao comportamento humana, tanto de forma individual comno em grupos. Dentro do mesmo espttito e utllzando uma linha de CCAT de + 400kV ‘em operagéo no estado de Minnesota, EEUU, o Departamento de Satide daquele estado e a Junta de Verificagao da Qualidade Ambiental estao desenvolvendo intenso programa de forma a aquilatar as caracteristicas possiveis efeitos ambientais nas vizinhancas da linha de corrente continua. + Disjuntores para corrente continua © disjuntor para corrente continua & um dispositive mais complexe que 0 corespondente para corrente alternada, visto que a corrente continua no passa pot zero a cada meio ciclo como a alternada. Deste modo, toda a CCapulo | = Evlucio hisiice ¢ pupectves para e wonamisso do ence eléico 33 energia do circuito deverd ser dissipada antes que a interrupgao possa ser efetuada pelos disjuntores. Um destes dispositivos fol desenvolvido pela Westinghouse, em colaboragéo com o EPRI ¢ com modificagées sugeridas pela empresa BPA (Bonneville Power Authority, EEUU) (Hazonl, 1981). ‘Sua operagéo permite que a cortente continua seja suportada pelos contatos internos, contatos estes que serao abertos no momento da interrupgao. Neste momento, um campo magnético transversal é aplicado ¢ © arco de alta-tensdo que resulta faz com que a corrente continua circule primeiro num capacitor e depois num resistor. Quando o resistor absorver a energia do circuito, péra de conduzir, dando-se assim a interrupcao completa do fluxo de energia. Atualmente o sistema de transtnissao da Itaipu possui o maior nivel de tensio operativa no mundo, + 600K, a uma poténcia de 6.300MW. Este sisterna tem operado de modo satisfatério, tendo porém alguns problemas localizados na confiabllidade de reatores de alisamento, transformadores, isolamento texterno das buchas/equipamentos e quebra de isoladores de vidro, ondea taxa anual de falhas ficou em 18/10.000 isoladores em 1985 e 1986, contra ovalor contratado de 4/10.000 para a linha do bipolo | (Medeiros, 1989). Aexcecao da antiga URSS, que estaria projetando um sistema de + 750KV, ndose tem noticia, a curto prazo, de nenhuma linha em corrente continua acima de + 600KV, A transmisséo em corrente continua tem sido usada tipo ponto a ponto, ou seja, interigando dois sistemas de corrente alternada. Prevé-se, no entanto, um sistema a trés terminais na Cérsega (tap de 50MW) € 0 comissionamento do sistema Hydro-Quebec/New England, no Canada, que ‘operard com quatro ou cinco terminais conversores. ‘Autilizagao de tensées superiores a + 600KV é de interesse para pases de maior extensdo territorial como o Brasil (transmisséo da Amaz6nia), Rassia, Canadé e Estados Unidos. Alguns tépicos, entretanto, merecem aprofundamento e estao listados a seguir: + Aspectos referentes a valvulas e equipamentos da estacio conversora; + Tépicos relacionados as linhas de transmissio; + Utlizagao de novos materiais; + Efeitos ambientais. Neste titimo t6pico, hé que levar ern conta urn ntimero adicional de efeitos ambientais especfficos a transmissao por corrente continua em GAT, quais sejam: “Transmissio de enarla eiica: aspects fundamentais + Um acréscimo substancial na intensidade do campo elétrico diretamente sob os condutores, devido as cargas espaciais; * Induigéo de altos niveis de potencial sobre objetos isolados, devido &s cargas espaciais; + Uma alta concentracao de fons perto do solo. Em relacdo a este tiltimo item, medig6es efetuadas numa linha piloto de + 750KY, na Rassla, figura 1.9, pertencente ao instituto de pesquisas de transmisséo em corrente continua daquele pais, mostraram correntes I6nicas sobre as pessoas da ordem de 2 a 4uA para uma relacao Tenséo nominal/Tensao de infcio de corona na faixa de 0,7 (Tikhodeef, 1989). ‘Também medigées feitas sob a linha piloto na condigao de um campo eletrostatico de 50kV/m nao indicaram desconforto ou danos aos expetimentadores, exceto ago sobre os cabelos destes. O trabalho em referéncia ‘comenta ainda os cuidades que devem existir para atetrar convenientemente ‘objetos situados nas vizinhangas da linha, concluindo, em sintese, que esta nao oferecia maiores preocupagées quanto a impactos ambientais. 40,0m Figura 1.9 ~ Tere de 750kV pare corrente continua Cepitule 1 = Bvluclo Nissen © perspectis para 2 wersmisiio de enesia ees 35 1.5.3 Transmisséo hexafasica A transmissao hexafésica foi proposta no inicio da década de 1970 como uma altemativa para o uso mais eficiente das faixas de passage. (im tema de 138KV em circuito duplo, por exemplo, poderia ser convertido para 230kV ou para 138KV hexafésico com um tnico condutor por fase, figura 1.10. A ; x 8 e c c crrcurro 1 ccircurro 2 Figura 1.10 ~ Sistema de 130KV cieuito duplo que pode ser trnsformado em hexalésico Como a tenséo fase-terra do sistema hexafésico seré 138KV, contra 13848 no sistema de 138KV trifésico, a passagem para o sistema hexafésico permite elevar de 73,2% a capacidade de transferéncia de poténcia do sistema. Na conversao para um sistema hexafésico, transformadares trifésico/ hexafésicos serao requeridos. Embora estes equipamentos nao sejam convencionais, hoje em dia parece possivel construir transformadores compardveis aos existentes, isto, é, possuindo capacidade adequada de transporte, regulagao de tensao ¢ eficiéncia similares aos atuais. figura 1.1] apresenta alguns esquemas possiveis para a transformacao trifésica/hexafésica (Guyker et al., 1979). 36 “rane de enorgin elition: arpactos fundamentals — Y-HEXAGONO Figura 1.11 ~ Esquemas de transformagéo ‘A conversao para 138KV hexafésica teria as seguintes vantagens sobre © 230KV em circuito duplo: + Gradientes do condutor reduzido; + Menores nivels de rédio e éudio interferéncia; + Melhoria nas condigées de carregamento do sistema; + Melhoria nas caracteristicas de estabilidade. Algumas desvantagens também existriam como, porexemplo, alteracdes em equipamentos de conttole, a falta de experiéncia na operacao e manuitencéo de sistemas hexafésicos ¢ algumas penalidades impostas & confiabilidade. Capt 1 = Euolicio histirice © perpecas pore a tanemissio de energie eltica 32 Caso uma falta fase-fase permanente aparecesse no 230KV circuito duplo, um circuito estatia fora de operagao enquanto que © outro ficatia funcionando; no caso da transmissao hexafésica, em condigées similares de falta fase-fase permanente, toda a linha sattia de operacéo. Um outro aspecto a ser considerado quando se eleva a tensio de uma linha 6 a influéncia de maiores campos elétricos nas vizinhangas desta. A figura 1.12, extraida de Guyker e Shankle, 1981, apresenta os perfis lateriais, calculados do campo elétrico ao nivel do solo paraa linha de 138KV existente € as modificagées propostas. Os gradientes ao nivel do solo tanto para 0 138KV hexafésico como para 0 230kV circuito duplo situam-se abaixo de 4kV/m. Verifica-se assim a possibilidade técnica da conversao de 138KV circuito duplo para 138kV hexafésico a circuito simples, usando as torres existentes, isoladores € condutores. Esta possibilidade poderd ser estendida, no futuro, para outros niveis de tensdo, constituindo-se em alternativa para solucionar de forma econémica esgotamentos prematuros de corredores de transmissao. <> 13BKV — Hexafasico 230K — Circuito duplo A13BKV Circuito duplo (existente) Figura 1.12 Distancia lateral do eo da torre Cabe ainda mencionar pesquisa realizada no émbito da Eletrosul eno Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Santa Catarina, no sentido de estudar a viabilidade técnica e econdmica de transformar uma linha de transmisséo 138KV, circuito duplo, em linha hexafésica (Camargo; Issicaba, 1989). A linha de transmissao considerada no trabalho apresentava as seguintes caracteristicas: + Tipo de estrutura utlizada ~ “SS" (vide figura 1.13); * Cabo condutor - CAA 556,5kemil cédigo “DOVE + “CLEARENCE"” condutorsolo = 6,5m; + Cabo péra-raios ~ ago galvanizado 3/8” HS 7 fios; + Cadeia de isoladores ~ 9 unidades, vidro 5 %" x 10°; + Faixa de seguranga ~ 30m. & B Figura 1.13 - Estratue utiizeda Alguns resultados desta pesquisa serdo comentados a seguir: ) Desempenho quanto ao campo elétrico A figura 1.1.4 mostra o valor méximo do campo elétrico 20 nivel do solo no sistema hexafésico, aproximadamente 30% acima do valor correspondente no sistema tifésico, mesmo assim ainda encontra-se dentro dos limites aceitaveis ‘piu |= Frclucio hithics © penpics pao etansnssto de ene alice __39 Horasica— 192ky cicute duo tilésieo ~ 2300 Figura 1.14 ~ Campo elétrico a0 nivel do solo b) Desempenho quanto & Radiointerferéncia (RI) Afigura 1.15 apresentao perfil de RI numa seco transversal a linha de transmissao. A faixa de seguranca de 30m poderé ser, ou ndo, adequada a altemativa estudlada conforme o ctitétio de qualidade da recep¢ao e do sinal a ser estabelecicio por cada concessions. a “Tranaminséo de energia lien aspectos fundamen ue ~-- Create dul isco ~ 200K 7 Gait simples herasico ~ 190KV TH seo} — ne 7 AEN Z| Figura 1.15 ~ Perfil de radiorruiéo ) Desempenho quanto ao ruido audivel ‘Afigura 1.16 nos mostra o perfil de rufdo audivel numa segéo transversal ‘a linha de transmissao. No limite da faixa, 0 rufdo encontra-se dentro de limites aceitaveis. === Citeatodupotisica- 200K 2 eicuito simples hesatisio ~ 198K « 7 Figura 1.16 Perfil de rutdo ouclvel dd) Desempenho da cadela de isoladores A avaliagao da distribuigéo de tensdo ao longo da cadeia de isoladores apés a transformagiic hexafésica resultou nos seguintes valores de potenciais medidos na unidade mais préxima do condutor. Capitulo | = Evohuco hisivica « pepectivas pars a tranilasSo de enya elticn Al Sem anel de Guarda: V = 29,0kV 3,5KV © acréscimo de isoladores na cadeia mostrou-se pouco eficiente indicando uma redugao no potencial da ordem de 0,5kV para cada unidade, além de concorrer para o aumento do comprimento da cadeia, o-que representa um fator agravante para as distncias minimas a serem mantidas na estrutura. Também foram analisados os aspectos econémicos da questao. Com anel de Guarda: V No estudo da viabilidade econémica da transformacéo de uma linha de transmissio 138KV circuito duplo trifésico em hexafésica, as parcelas de custos com origem nas alteragdes a serem efetuadas no sistema elétrico em decorréncia da transformacdo proposta sao as seguintes: a) custos decorrentes da adaptacdo da linha para operacdo no sistema hexafésico; b) custos devido & transformag&o trifésica/hexafésica nas subestagdes terminals. Na avaliagao dos custos de adaptagao da linha & operagéo hexafésica, poucos serdo os itens que fardo parte da sta composicao, a saber: + dependende do projeto original, poderé haver ou néo necessidade de acréscimo de unidades de isoladores; = necessidade ou nao de introduzir anel de guarda e conectores a sua fixagao na cadela de isoladores; + eventual necessidade de troca de grampo de suspensao por outro tipo anticorona. © custo devido as perdas na linha é avaliads considerando-se que a linha esteja operando no limite maximo de sua capacidade térmica nominal. Nesta situacao, dois enfoques poder motivar a converséo da linha para hexafésica: 6 primeiro, visando somente a reduzit as perdas, sem considerar © crescimento da carga; e 0 segundo, visando a elevar a capacidade de transporte de poténcia da linha (considera o crescimento da carga) Na realidade, as situages sao complementares, pois a propria transformacao trifésica — hexafésica habilita a linha a transportar 73% a mais de poténcia, caso a carga assim requeira Considerande que na.avaliagéo dos custos da conversao hexafésica nas subestacdes se encontraréo elevado niimero de componentes e uma diversidade de artanjos de barramentos e observando-se que nas tensdes entre 80 ¢ 132kV hé unia certa predominancia de custos de alguns 2 TrancnssSo ca ener elven: arpactosfundementels equipamentos, foram utilizados neste célculo férmulas que relacionam custo em kV e MVA, conforme a seguir: a) Para o transformador: Ctrafo = $ x NT x CT (1.2) b) Pata o disjuntor: Cdis| = Vx ND x NF x CD, onde 1.3) S = poténcia do transformador (em MVA); NT = ndmero de transformadores; CT = custo do transformador (em USS/KVA); V = tenséo do disjuntor; ND = néimero de disjuntores; NF = ntimero de fases; €D = custo do disjuntor (em USS/KV/fase). Nos valores de CT ¢ CD, esto agregados custos de equipamentos complementares, A analise comparativa de todos os custos capitalizados num perfodo de trinta anos revela que hé uma sensivel economia no custo das perdas, considerando-se apenas os gastos com a transformagéo da linha. Pode-se observar que os custos dispendidos na conversao das subestagGes serao bem maiores que a economia conseguida com as perdas na linha. Portanto, um pardmetro que serviré de base para a justificativa econémica desse estudo seria um-cumprimento minimo (Lmin) de linha tal que a economia com as perdas se iguale aos custos das subestagées. Neste trabalho se obteve um valor de Lmin = 21km e, deste modo, uma vez satisfeitos os critérios de desempenho elétrico, a matoria de nossas LTs sao vidveis de ser transformadas em linha hexafésica, Come conclusdo, 0 estudo efetuado demonstrou a viabilidade técnico- econémica de transformar linhas trifésicas 138KY, citcuito duplo, acima de 2.1km, em linhas hexafésicas a circuito simples AAlguns pontos ainda merecem exame, principalmente a capacitacao tecnolégica de nosso parque industrial em fabricar equipamentos necessétios @ tal transformagao, incluindo aqui a escala do mercado potencial para tal engajamento empresatial. do 1 = Bolu Hits © prpecthos par a tansmistb deena lca 43 1.5.4 Supercondutores Em 1986, cientistas da IBM anunciaram os primeiros supercondutores A alta temperatura, gerando expectativas quanto & possibiidade da condugao. de energia elétrica 4 temperatura ambiente sem nenhuma resisténcia, Em 1988, varios pesquisadores chegaram a anunciar a existéncia de materiais supercondutores a temperatura de 24,4°C. Basicamente tern-se trabalhado em ceramicas supercondutoras e filamentos superfinos ee istrruto meralico, O fisieo Ronald Bourgoin (CIER, 1989) afirmou recentemente que conseguiu transmitir cerca de 30A através de filamentos tao finos quanto urn didmetro de 1.000 angstroms, na faixa de 10+ mm. Outra linha de pesquisa é a dos cristais supercondutcres, & base de borato de ttanio, que superconduzem a temperatura ambiente, conforme 0 cientista Fied Vahldiek, da Forga Aérea dos Estados Unidos Por ora as atividades se concentram mais nos laboretérios, mas jé existem passos tecnolégicos importantes no sentido de‘possbilitar, a curto razo, o transporte comercial de energia elétrica por supercondutores. Os ‘materiais mais usados para o restriamento dos condutores 89 o hidrogénio liquido, © hélio iquido e o nitrogénio Kquido. Ags precos correntes de mercado, 0 hidrogénio liquido 6 cerca de cinqdenta vezes mais barato do que o hélio liquido e ainda nao existe limites Para a sua aplicacao natural. Os dois tipos de supercondutores resfriados a hidrogénio liquido mais empregados em aplicacdes experimentais na érea de poténcia elétrica sao 0 YBCO (ipco — material cerémico susercondutor — yitium + batio + Gxido de cobre) e 0 BSCCO (bisco ~ material ceramico Supercondutor — bismuto + estréncio + cdlcio + éxido de cobte). © bisco tem sido mais empregado para o transporte de poténcia elétrica, visto pocter: ‘ser moldado em fios, cabos ou fitas, ao passo que o ipco tem se mostrado Inaproptiado (IEEE Spectrum, 1997). Pirelli e Southwire estao trabalhando na manufatura de um cabo de transmissao trifésico usando fios de bisco adequades para encapsulamento (encasing) em tubos padrées de 8", Este cabo supercondutorestaré apto a tausportar de ts a dez veres mais cortente do que o cabo de cobre que ele substitu Como regra geral, um cabo para ser competitive na trarsmissao e na distribuigéo deve possuir uma densidade critica de corrente de pelo menos 10KA/em®. Para contrabalancar as desvantagens da reftigeragio, 0 cabo namissbo de eneria eleca: aspects fundamentais 44 supercondutor deve ter, pelo menos, ordem de magnitude trés vezes superior ‘a0 cobre ou aluminio. Um exemplo de cabo supercondutor mostrado na figura 1.17 Os condutores usando o material tipo bisco séo particularmente adequados para substituir os cabos subterréneos convencionals, em locais ‘onde a demanda esté suplantando a capacidade de transmisséo. Por outro lado, estes mestnos materiais posstuem um mau desempenho {A temperatura do nitrogénio liquido e em campos magnéticos intensos e, ‘assim, séo inadequados para uso em motores, geradores similares, de grande porte, Embora os matetiais & base de bisco tenham aplicagao limitada em ‘equipamentos elétricos de grande porte, devido a sua susceptibilidade a ‘campos magnéticos, eles podem ser usados nos motores industrials. Um motor de 90KW (125 hp), construldo pela Rockwell, nos EUA, foi testado em 150KW, com éxito. O motor ‘atingiu num pico de 200KW, nao indo mais longe devido a problemas mecénicos na carcaga. Menores tamanhos e eficiéncias mais altas seréo conseguidos com 0 uso dos supercondutores nos motores industrais. Fos tenia e elatico superaondutores Nierogtnie auido Figura 1.17 ~ Cabo supercondutor (EEE, 1997) Fonte neta of Ehtical and Bletroic Engineers. (EEE), 1997 Coole | = Eolas bi cae perspectives pera otrnamlssSo de enetas elitice 45 Referéncias CAMARGO, C.Celso de Brasil ISSICABA, José. Viabilidade técnica e econSmica da transformacao de linhas de Transmisséo 138K, circulto duplo,, em linha hexafésica. Revista eletricidade mociemna, Sao Paulo, ago. 1989. CAMARGO, C.Celso de Brasil; BORENSTEIN, Carlos Raul. O setor elétrico no Brasil: dos desafios do passado &s alternativas do futuro, Editora Sagra-Luzzatto, 1997. CIER - Informativo da Comissao de Integragao Elétrica Regional: ‘Supercondutores. Mat. 1989, p. 22-24. CORBERT, John. Gés to oll convertion upgrades cable from 138KV to 230k. Transmission & Distribution, October 1982, p. 46:50. GCTP ~ Grupo de Critétio de Planejamento da Transmisséo ~ Relat6rio de consolidagao. Eletrobras, 1982 GUYKER, WC. et al. Six ~ phase transmission. Transmission & Distribution, October 1979, p. 78-80 GUYKER, W.C.; SHANKLE, Deri. Three-phase to six phase transmission conversion is feasible. 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Capiitullo 2 ~ Conceitos basicos de transmissao de energia em corrente alternada 2.1 Transmissdo em corrente alternada Embora historicamente o desenvolvimento da eletricidade tenha comesado pela geracéo em corrente continua, a facilidade proporcionada pelos transformadores, permitindo gerar numa tenséo, transmitir em outra e distribuir ainda em outro nivel de voltagem, tornou quase universal o emprego de sistemas de comente alternada. Outro fator que muito contibuiu para este quadro foi a invencéo e aperfeigoamento dos motores elétricos com rotores em “gaiola”, por Nikola ‘Tesla. Baratos, robustos e eficientes, estas maquinas so pecas fundamentais na inddstria moderna. Hoje em dia, a transmisséo em corrente continua tem tido grande desenvolvimento, embora seu emprego se restrinja a transmisséo em longas distancias, de ponto a ponto, servindo mais como elo auxliar e/ou interconexao das grandes redes em corrente alternada, Considere-se entdo a gerago de tensao e corrente na forma senoidal: mw SEN WE @ Ql s mse (Wt ~ 0). (22) Sendo f a freqdéncia da rede, w = 2nf, frequéncia angular e @ a diferenga de fase entre as duas ondas. Figure 2.1 ~ Ondas de tena, corente« patina alteneda sencial A poténcia transmitida seré 0 produto da tenséo pela corrente e, logo: P= Vyyigusen WE sen(wt ~ 9). 23) Como sen wt sen(wt ~ 6) = sen?wt e0s @ — sen wt cos wt, sen 9 = 3 (I~ cos 2ur}eos ¢ Hen 2 wt cea $= = 3 (Cos) — cos (2 wt- 6), segue-se que P= Veutinn 2 [608 6 — cos (2 wt ~)] 4 ‘As ondas de tensao, corrente e poténcia alternada senoidal estéo representadas na figura 2.1. Introduzindo os valores eficazes Ya = 75" & ves B= Werie008 ~ Vii,,C08 (2 wt - 0). 25) Observa-se na expressdo (2.5) que a poténcia transmitida “p” possui um. valor médio Vig, 6oS @ , modulado por uma componente pulbante a frequéncia 2w: Durante determinados instantes, a poténcia pode se tornar negativa, ou seja, o fluxo de energia durante estes instantes se processa na diregao negativa. Coptlo 2~ Concttos bisecs de tanaiasio de energia em covert Agora, cos (2 wt — 9) so (2.5) se transforma em: 0s 2. wt cos 6 + sen 2wt sen ea expres- P= Vyigeos (1~cos 2 wt) —vyiysen @ sen 2wt, 26) ou ainda em: p=P(1-cos 2 wt)~Qsen 2 wt com en P= vuiy Cos $= poténcia real ou ativa € 28) Q = vgig sen $= poténcia reativa. A primeira parcela de (2.7) :caracteriza uma onda que possui valor méximo P e minimo zero. A segunda parcela, sendo puramente senoidal, tem valor médio nulo e representa, portanto, a componente de poténcia que ora vai numa direco, ora vai em outra, com valor médio nulo e sem produzit trabalho ttl, constituindo-se na energia reativa necessaria & transmisséo de energia em corrente alternada PEseos(200)] a Csen(2ve) Figura 2.2 ~ Comporientes atlva ¢ reathva da poténca alternada ‘Aenergia ativa, simbolizada por P, produz trabalho itil e € medida em. Watts (kW ou MW); a energia reativa é medida em vars (volt-ampére reativo) ou seus mitiplos, kVAr e MVAr.A figura 2.2 representaas componentes ativa e reativa da poténcia elétrica alternada, Atransmissdo de energia eétrica descrita anteriormente se processa fora dos condutores, através do campo eletromagnético que os envotve. Assim, cembora.a corrente ektrica seja riada e mantida dentro do condutor pela iferenga de potencial aplicado a este, atransmissao de energia se efetuia no meio extemo ‘a0 condutor, sendo este uma condigao de fronteira, um guia de onda, Esta énergia ndo se distribul uniformiemente no espaco ao redor dos condutores, embora possuindo uma densidade volumétrica que cresce & “rans emrginelércasanpects fundamentals medida que aumentam as intensidades dos vetores de campo elétrico © magnético (Elgerd, 1971). Matematicamente esta transmissao de energia pode ser descrita pelo vetor de Poynting, P, (Plonsey, 1961): P=EXH W/m, onde 2.9) E = intensidade do campo elétrico wim e H = intensidade do campo magnético A/m. Assim, a energia eletromagnética se irradia por uma direcao, coincidindo com uma perpendicular ao plano formado pelos vetores Ee Hi como estes vetores esto localizados em um plano perpendicular aos condutores, figura 2.3, 0 vetor P estaréina direcéo dos fios teré por magnitude ovaler: p=le| |H|seny, (2.10) sendo 0 angulo entre Ee H. Dado que 7 = 90°, condigéo de ortogonalidade entre E e H, segue-se.que p= [el [HI Wim’ Esta expresso, em esséncia, é andloga ao produto de tenséo por corrente (poténcia), bastando que se integre & energia itradiada através de toda a segio transversal mostrada na figura 2.3. Cabe acrescentar que, para fins praticos, a transmisséo de energia se processa de forma instantanea, propagando-se ao longo dos condutores a uma velocidade ligeiramente inferior & da luz Figura 2.3 ~ Campo eletromagnétice ao redor de dois condutores energizados nso de enigla er correnteahernada 51 2.2 Energia armazenada no campo magnético de uma bobina Para explorar um pouco mais 0 conceito de energia reativa, considere- se um circuito R-L, com a corrente em atraso em relacao a tensao V = VagSen WE A expresséo geral da corrente seré x80 (Wt ~ 6). Deste modo, a corrente no circuito R-L é representada em valores eficazes, como (2.12) Agora, cos = wL - ge com @ = are tg (2.13) Logo, como P= vyi,cos © Q= V,igSen @, expressao (2.8), entdo vie R Vu WL ve =e 2.14) Roy ¢ 2 @14) R+(L) usando as expressées (2.12) ¢ (2.13). ‘Agora, das leis fundamentais do eletromagnetismo, pode-se calcular a energia magnética armazenada no campo da bobina: FE ha Sem (ot = 9)? = S ; L Gv? sen (wt = 0)? ou Tionanizabo de ener 1, Linesennt=0,, 2.15) 2 RR? + (wh)? en) A tazéo da variagao desta energia armazenada sera aEab_ 2L Ve _ er a Rew Yt ) cos (wt ~ 6) = Lote RP + (wi) sen 2 (wt =) ou SEP = Q sen 2 (wt). 16) Pode-se, pois, concluinque a energia armazenada no campo magnético da bobina tem uma taxa de variacéo em harmonia com a frequéncia 2w possui valor médio nulo e valor de pico Q, sendo, portanto, a componente reativa da poténcia. Esta componente, duas vezes por ciclo de tens, carrega e descarrega a bobina via seu campo magnético, identificando-se com a energia reativa necessétia & realizagdo do processo descrito. 2.3 Transmissdo em corrente alternada trifasica Nesta forma de transmisséo, os geradores fornecem rede tensdes senoidais da forma: sen wt = vy V2 sen wt, - sen (wt ~ 120) = v,y V2 sen (wt ~ 120) € ‘sen (wt — 240) V2 sen (wt ~ 240). (2.17) Va J Figura 2.4 ~ Sistema trilésico balanceado Capitulo 2 Conceitos bésicos de tansmsséo de erargla em coments alemada 53 ‘Admitindo a carga balanceada, as correntes serao da seguinte forma: = Vig sen (wt ~ 6), 2ig sen (wt ~120-6) € (2.18) Dig sen (wt — 240 — 6), como mostra a figura 2.4. A poténcia trifésica ativa total seré igual & soma das poténcias individuais de cada fase: Pyg = Wiig + Vaig + Velo * 2.19) Substituindo (2.17) ¢ (2.18) em (2.19) e aplicando simplificagées trigonométricas (vide exercicio 2), viré Pyg = 3¥gig 005 4, (2.20) ou sea, a poténcia trifésica instanténea & constante ¢ igual a trés vezes a poténcia real port fase: Pyy = 3P. e2n Na transmisséo balanceada, a soma algébrica das tens6es é nula e também a soma algébrica das correntes trifésicas € zero, dispensando-se assim um possfvel condutor de retorno. Chamando de v, as tensdes medidas entié a8 fases e de igual magnitude, verifica-se que vz = V3 Vy © entéo a (2.20) resulta em Pro Se i 608 © = Pag = V3 vy i 008% (2.22) Observar que devido a completa simetria entre as trés fases € suficiente fazer anélises somente para uma delas, chamada fase de referéncia. De modo anélogo, pode-se coneluir por uma “poténcia reativatrifésica’, igual atrés vezes © valor pot fase, embora tal conceito careca de validade fisica (Elgerd, 1971). 2.3.1 Exemplo Uma rede trifésica de 138KV alimenta uma carga industrial equilibrada, ligada em estrelae com impedéncia Z = 85 + [58 O/fase. Calcular a poténcia real e reativa absorvida pela carga Solugéo De acordo com a figura 2.5, Pyq = 3V/L, cos o. Como VNB _ 138/V3 Z 85+ 558 = 0,774 |- 34.30" 4A ¢ cos = 0,826 sen § = 0,563; V, =, jogo 6 6 JE oa Pg = V3 - 138 - 0,774 - 0,826 = 152,81 MW ou cerca de 51MW por fase. ‘Analogamente, a poténcia reativa serd Qo = Veig sen @ = 35 MVAt/fase ou cerca de 105 MVAr nas trés fases, fT We = 138kV Z Figura. 25 ~ Rede tsice de 138kV 2.4 O conceito de poténcia complexa A poténcia, medida em voltampére ou miiltiplos (KVA, MVA), pode ser Pensada como um fasor, teudo parte real P e parte imaginaria Q cotrespondente as partes reais e reativa da chamada poténcia aparente S: S=P+jQ (2.23) Cepia 2 55 ‘Seja entdo o fasor de tensao 'y = v,, ee o fasor de corrente isi, e®, estes termos, 0 fasor conjugado de corrente seré ie, Fazendo o produto S ele = S= Varig of aes © chamando [B — a = 6- Logo, como el® = cos $ + j sen @, éntado teremos S = Vegi (cos G+ jsen 6) ou S = Varig C08 + j Vuigg Seng, OU ainda de acordo com a expressao (2.8),S=P+jQ O médulo da poténcia aparente |S| tera como valor |s|=/P*+Q?, (2:24) 8 lembrando que v = Ziei = YW. ‘Sendo Y a admitancia do circuito, segue-se que S = vik = vt vE= y*|yf? e _ 225) | S=Zii*=Z (226) 5 2.4.1 Exemplo 1 Usando os dados do problema do exemplo anterior, calcular a poténcia. -" aparente S, em MVA. é Solucéo ‘ S=Ziit=ZhiP = (5 + 558) 0.5984) = = 50,85 + 534,71 ou P = 51MW/fase e Q = 35 MVAr/fase. . de energia olin: apps Fundamentaie Pe it Segue-se que S = [50,867 + 34,71" = 61,57 = 62 MVA/fase. 2.5 Poténcia transmitida entre dois barramentos de um sistema elétrico Considere-se, figura 2.6, a representacao monofésica de uma linha de transmnissio conectando dois barramentos a ¢ b de um determinado sistema. Pretende-se calcular as poténcias ativas e reativas transmitides pela linha e, em decorréncla, as perdas ativas na transmissao. nla. ToD Figure 26 ~ Transmisséo de energia entre dois barramentos ‘Admite-se que v, € ¥, S40 conhecidos ¢ expressos em valores por fase: a corrente é constante através da linha, cuja impedancia é Z = R +X por fase, Devido as perdas na linha, as poténcias transmitidas e medidas em cada extremidade serao diferentes. Agora, das expressées (2.23) € (2.25) Sy = Py +5 Qe = Mal , segue-se que vem R-jx chamando 8 Ala ~ |B viré 57 (2.27) Separando as partes reals e imaginarias, viré 1 (2 Po pag Bh —Rvallvl cos 5 +X |v,| |v] sen 5) e * (2.28) = Xfy,||y]00s 6 - Ry, sen 8) (2.29) (2.30) 1 wlav .Ilvs[e085+ Rly, llvulsen8) 31 Nas expressdes anteriores, entrando com os valores das tensées em Ky, fase-fase, as poténcias sairéo diretamente em MW trifésicos, 2.5.1 Exemplo Seja uma linha de transmissdo em 230KV, 60Hz, de 236km de ‘comprimento interligando as subestacées a e b de um determinado sisterna de poténcia, os parémetros da linha sao os seguintes: 58 _____Tiaraminsbo de eneraia etic! aspectos fundamentals epi 2~ Concaitosbiskos de transmis de enega em covert aerade 59 R=0,0999%km (a 50°C) Soraa tara X = 0,518 Q/km. 8,36vAr 24,578vAr Admitindo que as tensdes v, = 238KV e v, = 230kv estejam defasadas a =} now de 15°, calcular as poténcias ativas e reativas em cada extiemo da linha e as a aw perdas ativas na transmissdo. + Solucao Lembrando que a linha de transmisséo tem 236km de extensio, viré R = 236 - 0,099 = 23,36 9, X = 236- 0,518 = 122,250, logo, aplicando a expresso (2.28), tem-se que P, (23,36 - 238? — 23,36 - 230 - 238 - cos 15° + 15490,75, + 122,25- 230 - 238- sen 15°), Logo, (1820056,97) = 117,50 MW. 15490,75 Usando-se a expresso (2.29), vird Quy 122,25 - 230 - 238 cos 15°— — 23,36 - 230-238 sen 15°) e Q, (129828,43) = 8,38 MVAr 15490,75 De modo anélogo, usando as expressées (2.30) e (2.31), pode-se calcular P, =—11L77MW e Q,, = 21,57 MVAr Colocando em um aréfico as informacées acima, pode-se ter uma viséo mais ampla dos fluxos na linha, figura 2.7. Figura 2.7 ~ Flas de poténcias na finha NNa figura 2.7, a seta com um corte representa 0 flixo de reativos na linha. Como se percebe, as perdas na transmissao equvalem a 5,72MW, ou seja, cerca de 5% da poténcia na emissdo. 2.6 Influéncia da variacdo dos parametros na transmissao de poténcia ‘Com o objetivo de verificar a sensibilidade dos resultados anteriores as vatiagées nos parémetros que governam a transmisséo de poténcia, foi claborada a tabela 2.1. Nesta tabela, foi considerado que a impedancia da linha era um parametro constante, imutdvel, a menos que se alterassem as caracteristicas do projeto original Nestes termos, foram feitas variagées nas tensdes da emisséo e Fecepcao ¢ no angulo de defasagem entre os barramentos a e b. Mantendo- se constantes as tensGes v, © v, ealterando o angulo de 10° a 20°, obtém- se 08 seguintes resultados, figuras 2.8 a 2.11, casos 1 a3, 8 4 wea 4 20f = 77 20 ‘w= 23047 15} as} 1017 Pa 3o[— Oe ety cavary . > a Pas * 79,44 137,50 153,60 7.85 937 aides Figura’2 = Varlago da poténela ativa Figura 2.9 ~ Variagéo da poténcie reatve raeminsdo de enstgi eitrice: aapector fundamertals 60. ‘Traeenisséo de enero elitricn: expect “Tabela 2.1 ~ Varlagéo dos parémetros na transmisséo de poténcia ee 638 26 77 Bo | a0 | saad | aS | 2a 10 a B) 8a | 20) STi | 1s3e | as | eae Ts BB Teas | SBT | 708 [3856 oes] ba | TBST Tee [aes Twa P| TO | BT | 84A_ [3130 | 1434) 3.23 3.69, io [50] 255 | 10 | art | Baa ans [539] 3.03 346 Ti [| a0 | 10 arr [84a | Tat | 397 | 290 331 8 ey 4 1s as} 10. 10. Portas ow > 6382455 39,77 260 5:72 10,05, Figura 2.10 —Varingéo da poténcia reatva Figure 2.11 ~ VaiagSo das perdas Observa-se que um aumento de 10° na defasagem angular entre as barras praticamente dobra a poténcia transmitida pela linha, com pouca vatiagdo na poténcia reativa Q,., pasando esta de 7MVAr para 13MVAr. Do 8 lado do ponto b a linha solicita mais 33MVArs, passando de 6,38 para 39,77 & medida que o Angulo § dobra de valor Conclulse, portanto, que a vatiacéo de angulo é mais efetiva em termos de alteragéo de poténcia ativa, sendo esta mais sensivel a mudangas no Angulo de defasamento do que a poténcia reativa Cepitl 2 Concitos bisics de ranmisaio de energia em corrente itleada 61 Em seguida, mantendo-se Inalterado 0 angulo § por exeniplo em 15°, variou-se a tensdo na emissdo desde 250kV até 240k\, em intervalos de 5kV, mantendo-se a tensao na recepgao em 230k, figuras 2.12 a2.15e casos 4, 5.6. Observa-se neste caso a pouca variacdo softida pela poténcia ativa & medida que se aumneiita a diferenga de potencial entre as barras a e b, passando de 120MW para 128MW. J4 a poténcia reativa responde mais a alteragées na tensfo, variando cerca de 20MVAr num extremo € 1BMVAr no outro, Amesma tendéncia pode-se observar nos casos 9, 10 e 11, onde fixou a tensdo emissora € fez-se a variacao, em intervalos de 5KV da tensdo Teceptora, para um angulo § = 10°. Neste caso em particular, em face da pouca defasagem angular entre 0s barramentos ae b, é minima a variacao de poténcia ativa entre os casos, © mesmo nao acontecendo com a poténcia reativa. Em todos os casos analisados, as perdas ativas no sistema variaram, em termos percentuais, na faixa de 3a 6.5%, Em sintese e como comentatio geral, este exercicio demonstra a maior sensibilidade da poténcia ativa transmitida pela linha a variagdes no defasamento angular entre as barras e uma maior influéncia das alteracdes de tensio no montante da poténcia reativa do sistema w= 23087 t 250 "_. 2504 5 24s. 245; 240 Pw 200-7 . 3) 14 they ®t 12.23 22.15 32A2 119, 1255 i798 123 21S AT Figura 2.12 Variagéo da poténeio ata ‘Figura 2.13 — Variago da potncia reatva ve ve * 4 250: 272308250} 245. Baise as 240- Cn 240/-— Perdas (vary { en) i —_* ; — 160 9,92 10,24 2.60 sh 1605 Figura 2.14 - Verigdo da poténcia reatve Figura 2.15 ~ VarlagSo des perdas 62. “TeonsnissSo de energia eitticn: aspects fundamentals 2.7 Capacidade de transmissao Um fator ertico e importante no projeto e operacao de um sistema de transmisséo é a capacidade de camregamento de um elo especifico de transmissdo, Parece intuitivo a existéncia de um limite acima do qual nao se consegue transmitit mais energia pela linha em questo. Admitindo 0 sistema de poténcia em equilfbrio, aumenta-se gradualmente a carga, acarretando igualmente aumentos graduais na energia transrnitida pela linha em consideracao. ‘A expresséo para a transmissée de poténcia entre dois barramentos a eb, com tensdes v, € v, defasadas de §°, ser dada pela founiula (2.28), 1 Pera el cos 6 + X Jvi||vy] sen 8). Admitindo R << X, como acontece para linhas de niveis de tensdes ‘mais altas,, pode se considerar R= 0 e se Xhll (2.32) ‘Mostrando ser a poténcia transmitida diretamente proporcional a0 uadradlo da tenso, ao defasamento angular, ¢ inversamente proporcional a reatncia da linha. Considerando as tensdes nas barras ae b como sendo mantidas constantes, entgo Py, = Pua, Send, (2.33) Sendo Pay (2.34) Neste caso, a tinica maneira de alterar a magnitude da poténcia transmitida por determinada linha seré por meio do angullo de fase §. Este fato é mostrado na figura 2.16, onde se percebe a existéncia de um valor méximo (P,.,,) quando § = 90° e qualquer incremento adicional de carga, a partir daf, acarretaré diminulgéo da poténcia sendo transmitida, Capitulo 2 ~ Cones bSscos de transaiso de engi em corente atemada 63 Este ponto é conhecido como limite de estabilidade estética; qualquer tentativa de transmissao acima deste limite resulta em perda de sincronismo entre as barras ae b. Poa Figure 2.16 ~ Limite de tranemissdo Como se percebe dos itens expostos anteriormente, a capacidade de transmissao de uma linha serd diretamente infiuenciada pelo fluxo de reativos nesta, Nestes termos, a poténcia reativa deve ser ajustada de um modo tal que se tenha a capacidade das linhas de transmissao utlizadas ao méximo. Isto implica manter niveis de tens6es adequados no extremo receptor € subestacdes ao longo da linha. \ Este controle de tenséo ¢ feito, de maneira geral, pelos geradores nas usinas, apoiados pelos seguintes equipamentos de compensagao de poténcia reativa e suas func6es, segundo Miske (1982). + Capacitores em derivacao — Controle de tenséo em regime permanente ~ Controle do fluxo de poténcia reativa + Reatores em derivacéo ~ Controle de tensdo em regime permanente ~ Controle do fluxo de poténcia reativa — Reducéo das sobretensées de manobra ee TTanarninsdo de ehegia alti: agpactos fundamentals + Capacitores série ~Transferéncia de poténcia e estabilizacdo ~ Controle do fluxo de poténcia reativa + Compensadores sincronos — Controle estatico (regime) e dinémico da tenséo — Controle do fluxo de poténcia reativa, —Transferéncia de poténcia e estabilizacéo + Compensadores estaticos — Controle dinamico e em regime da tenséo Controle do fluxo de poténcia reativa — Transferencia de poténcia e estabilizagéo Naturalmente 0 método de controle a Ser émpregado iré depender do problema que se tenha em mao. Caso se necessite de um controle continuo de tensao com répida velocidade de resposta, por exemplo, uma escolha adequada seria o equipamento estético. Se, por outro lado, omesmo controle continuo for exigido e a rede possuir.baixa poténcia de curto-circuito, 0 compensador sincrono pode ser uma boa opcao. © acompanhamento puro e simples do ciclo diétio de carga, ainda, é feito de maneira adequada pelo emprego de reatores e capa derivacéo, chaveados ern tempos determinados (Gravilovic, 1973). 2.8 Tensao étima para transmissao a longas distancias A escolha de um nivel adequado de tenséo para a transmisséo de energia elétrica deveré englobar tanto os aspectos técnicos como os econémicos. Os custos totais da transmissao consistern de dois componentes: = Custos fixor & ~ Custos operacionais. Para o primeiro tipo de custo, devem ser incorporados os dispéndios associados as estruturas de transmissao, condutores, isoladores, ‘equipamentos terminais e faixa de passagem. No segundo caso, torna- se importante avaliar os custos associados as perdas na transmissio (Chard, 1976). ‘captule 2 ~ Concekosbésicos de uonsisito de enero em comets ternade a Para uma linha transmritindo poténcia P a uma certa distancia £¢ com cortente | pormeio de um condutor com seco transversal S, vir t 1 as = p=p—P=p()eL 2.35) perdas = P=P

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