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8 TT TENSOES NO SOLO 8.1 MEIOS CONTINUOS - CONCEITOS BASICOS Do ponto de vista microseépico, todos os corpos sio compostos de moléculas, particulas dis- cretas, conectadas umas as outras por forcas de attagio € tepulsio, Na auséncia de qualquer forga externa agindo sobre ele, um corpo permanece em equilibrio € nfo softe deformagdes. Entretanto, na solugio dos problemas de engenharia, onde em geral so necessitias previsdes de resisténcia e deformagées de estruturas ou materiais em decorréncia de carregamentos, nfo seria conveniente a necessidade da determinacio do deslocamento de cada particula ou © céleulo da forca de interagio, em cada par de moléculas. Assim, para fins praticos, ignora-se a natureza molecular da matéria ¢ portanto, as descontinui dades e as vatiacdes, a nivel microscépico. Adota se a hipétese abstrata de que a matéria, seja sélida, liquida ou gasosa, é um meio continuo € como tal o material disteibui-se, continuamente, em todo 0 espago considerado, sem deixar intervalos ou vazios. A ciéncia que estuda 0 comportamento dos meios continuos, em movimento ou em equlibrio sob a aco de forcas externas aplicadas, denomina- se Mecinica do Continuo. A teoria do continuo aceita, entretanto, a idéia de um volume infinitesimal de material referido como wma particula do continuo. 8.1.1 CONCEITO DE TENSAO A teoria do continuo admite que as forcas atuantes num corpo sio de duas categorias: as jorgas de massa © as forgas de superficie As forcas de massa sio aquelas que atuam em todo o volume do corpo, como por exemplo, as resultantes de um campo gravitacional ¢ magnético. Dimensionalmente, sio especificadas em termos de forca por unidade de volume do corpo. As forcas de superficie existem, somente, pela ptessio entre dois corpos. Consequentemente, atuam na superficie externa dos corpos e so transmitidas indiretamente 0 interior, Definem-se em termos de forca por unidade de Area. A pressio de um fluido sobre a superficie de um corpo, a car ga uniformemente distribuida sobre uma viga, as cargas de uma fundacio sobre o terreno ¢ as Forgas devidas 20 vento constituem exemplos de forgas de superficie. MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS Um corpo se encontra em equilibrio, quando as forcas internas ¢ as forcas externas sio iguais em valor € de diregdes opostas. O conceito de pressio na teoria do continuo é estabelecido através da interagio entre duas par- tes de um corpo. A figura 8.1 a representa um corpo em equilibrio, sujeito a um sistema de forgas externas. Sob a agio das forgas extemas serio produzidas forgas internas entre as partes do corpo. Para estudar a grandeza dessas forgas num ponto qualquer P., imaginemos o corpo dividido em duas par- tes (1) € (11), por um plano (1) passando por este ponto, gerando a se¢io transversal ( A.). Con- siderando-se uma das partes, por exemplo (1), pode-se afirmar que ela esté em equilibrio sob a a¢io. das forcas externas ¢ das forcas internas ( F ), continuamente distribuidas 20 longo da seo trans- versal A. A forca F representa as ages do material da parte (II) sobre o material da parte (D). (b) (e) Fig 8.1 Determinagao da tensao num meio continuo AAs grandezas de tais forgas sio usualmente definidas por sua intensidade, ou seja, pela forca que atua sobre a unidade de iirea da superficie considerada. No estudo das forgas internas essa intensida- de denomina-se fnsao. Qualquer que seja a distribuigio de forgas sobre a area total A, co! jdera-se que a parcela atuan- te numa area finita AA serd uma fragio AP. da forga total. Quando a érea clementar AA diminui, continuamente, aproximando-se de zero, a relagio AF/AA aproxima-se de um valor limite denomi- nado tensio no ponto P. AF io = lim “= 1 see ey AA & 84 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS Cabe ressaltar que o valor da tensio esti vinculado a um determinado plano. Mudando-se 0 plano (1) seré obtido novo vetor representativo da tensio. ‘A direcio limite da resultante AF € a direcio da tensio, No caso getal, a ditego da tensio é in- clinada em telagio 4 area AA sobre a qual atua ( fig. 8.1 b), podendo ser decomposta nas direcdes normal ( AF, ) ¢ tangencial ( AF, ) a0 plano dessa area Sio definidas para 0 ponto P as seguintes ten: tensio normal — = tim A (82) m0 AA AE, tensio tangencial t= lim 63) Ato AA Para se definir, completamente, o estado de tensdes em um ponto de um meio continuo, é es- sencial especificar as componentes da tensio segundo trés planos ortogonais entre si, passando pelo ponto P (fig. 8.1 ¢). Este sunto seré abordado mais detalhadamente neste curso, quando do estu- do da resisténcia ao cisalhamento dos solos. 8.2 CONCEITO DE TENSAO TOTAL NOS SOLOS Na maioria dos materiais empregados na engenbatia, tais como: ago, madeira, concreto, etc. as hipéteses tedricas, anteriormente expostas, estio bem préximas da realidade pois as particulas que os constituem tem ordem de grandeza molecular. Entretanto, de acordo com o abordado nos capitulos anteriores, um corpo de solo é composto por um conglomerado complexo de particulas, cujas dimensdes variam de valores microscépicos, nas argilas, a valores macroscépicos nos pedregulhos € matacdes. As particulas sélidas apresentam-se arrumadas de vérias formas e orientagdes, deixando vazios entre elas, os quais podem estar preen- chidos com Agua, ar ou ambos. Em conseqiiéncia, para a aplicago convencional do continuo 20s problemas da mecinica dos solos, sio necessérias algumas consideragées adicionais e a introdugio do conceito de pressdo média Na figura 8.2 a, a Arca clementar AA, definida no interior de uma massa de solo, seria apa- rentemente continua, Observada de forma ampliada, constata-se que o plano secciona tanto particu- las sélidas como os vazios ( fig. 8.2 b ). Com uma maior ampliaga , evidencia-se que a forca AP seri aplicada tanto nas particulas do solo como nos vazios, Nesse caso, no teria sentido definir tensdes no ponto, mas valores médios das tensdes distribu- Grao AA ACT ATy 85 (a) (b) (c) MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS fdas pelas particulas ¢ vazios, denominadas iensdo normal total (6) © fensio tangencial total (). Fig.8.2 Segdo transversal de um elemento de solo Portanto, em mecinica dos solos 0 termo fensdo refere-se & tensio macroscépica, definida pela relago entre a forga atuante e a area total FORGA TENSAO TOTAL = ———~—_ AREA TOTAL 8.2.1 TENSAO VERTICAL TOTAL Em diversas situagdes, 0 comportamento dos solos esti rclacionado a tensio decorrente da agio da gravidade sobre a massa de solo, Como exemplo, na figura 8.3 consta o perfil de um terreno, com a superficie plana ¢ horizontal, formado por dois horizontes de diferentes materiais. Na face hori zontal do elemento de solo, situado a uma profundidade Z abaixo da superficie, atuard apenas a ten- sio vertical 6, , decorrente do peso das camadas de solo, acima do elemento. Fig.8.3 Determinagao da tensao vertical total Se o solo for constituido de # camadas com espessura Hye peso especifico 7, a pressio verti cal total, no elemento, sera caleulada pela expresso: = ya, Yi 64) ia Os pesos especificos adotados devem considerar todos os elementos presentes no solo. Assim, nos solos saturados, devem incluir os grios minerais do solo ¢ a 4gua dos vazios, ou seja, 0 peso es- pecifico saturado ( Yar) No exemplo da figura 8.3, onde o terreno tem apenas duas camadas € o nivel d’agua se encontra a.uma profundidade Z,,, ser adotado o peso especifico saturado da camada inferior ¢ o peso espe cifico aparente da camada superior. A expressio 8.3 transforma-se em 86 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS Oy = Att Ho Yat 85) APLICAGAO O perfil de solo apresentado na figura 8.4, compae-se de 3,0 m de areia compacta com peso es- pecifico 7=17,5kN/m?, apoiada em uma argila saturada, peso especifico y= 15,75kN/m? O nivel d’agua coincide com a interface areia-argila. Calcular a tensio total vertical a 8,0 m abaixo da superficie do terreno. Solugio: 6, = DA; = (17.5x3)+ (15,755) - 3m Areia compacta oy, =131,25kN/m? 8m — Argila saturada Fig.8.4 Perfil transversal de um terreno 8.2 CONCEITO DE PRESSAO NEUTRA Foi mencionado, anteriormente, que os vazios dos solos podem estar preenchidos por um ou mais fluidos. Cada um desses fluidos podera estar sob pressio c, provavelmente, as presses de cada fluido serio diferentes. Neste curso, serio considerados os solos saturados onde o éinico fluido pre: sente é a Agua, que como uma camada continua, preenche todos os vazios ¢ envolve as particulas do solo. A pressio atuando na agua dos varios denomina-se pressao neutra (it) Quando uma massa de Agua contida num recipiente esté em equilibrio (fig. 8.5 a), a pressio da gua varia linearmente com a profundidade na forma u=h7,, sendo h a profundidade do plano considerado e Yq © peso especifico da 4gua. Levando-se em conta que na superficie da 4gua atua a pressio atmosférica Pamm » a pressio toral ou absoluta a uma profundidade ht tera o valor P= Pain + 86) 87 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS com a distribuigio representada na figura 8.5 b. plezéme < \ el (a) (b) Fig.8.5 Pressao da agua na condicao estatica A mecinica dos solos adota, como pressio de referéncia, a pressfio atmosférica ¢ usa em seus cAlculos a pressio manomeétrica, definida pela diferenga: =P Pam = "Ya 67 Inserindo-se tubos piezométricos a diferentes profundidades, a 4gua se clevard até a superficie. Diz-se, entdo, que nao existe excesso de pressio hidrostatica na massa de Agua, ou seja, a pressio representada pela coluna de Agua no tubo piezométrico, decorre apenas, das posighes relativas dos piezémetros ao plano de referéncia. piezor Fig. 8.6 Pressdo neutra em solo saturado Enchendo-se 0 reservatério com solo seco, de modo que a agua preencha seus vavios ¢ a super- ficie do solo saturado coincida com a superficie livre anterior da Agua, as alturas das colunas de gua nos piezémetros, nao se alterario ( fig.8.6 ). Portanto, a pressio neutra dos solos saturados, quando a agua estiver em equilibrio, podesi ser calculada pela expresso 8.7, isto 6, w=, h,, onde h, - profundidade do ponto em questio, em telacio A superficie do lencol d’égua. APLICAGAO MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS Utilizando-se © perfil do terreno representado na figura 8.4, a pressio neutra a 8,0 m de pro indidade poderd ser determinada como se segue: h, =10,0x(8 — 3) = 50,0KN/m? _ F OS" | 31m areia compacta Colocado um piezémetro a 8,0 m de profundi N. + dade, a agua se elevard até a altura necessdria para ¢ 1 quilibrar a pressio nos vazios do solo saturado, na 5m base do tubo piezoméitico, conforme mostrado na Argila saturada figura 8.7. | Fi 9.8.7 Pressao neutra em solo saturado Sabe-se da mecinica dos fluidos que, por definigio, os liquidos nfo oferecem resisténcia a ten- sGes cisalhantes; suportam, somente, tenses normais que atuam igualmente em todas 2s diregies. Por essa razio, a pressio da gua nos vavios dos solos nao participa da resisténcia ao cisalha- mento desses materiais, dai receber a designacio de pressio neutra. A importincia da pressio neutra no comportamento dos solos ficara evidenciada no item seguinte ¢ nos capitulos referentes a0 aden: samento ¢ cisalhamentos dos solos. 8.2 PRINCIPIO DA TENSAO EFETIVA Com base em resultados de experiéneias de laboratério, em 1936, Terzaghi enunciou 0 cha- mado principio da tensto efetiva, estabelecendo que comportamento de um solo depende de uma combinagio da tensfo total ¢ da pressio neutra e niio de seus valores individuais Este principio € provavelmente 0 conceito mais simples € importante da mecinica dos solos. Compée-se de duas afirmativas: 8) Todos os efeitos mensuraveis, decorrentes de uma variagio de tensées, tais como, com- pressio, distorgao ¢ resisténcia a0 cisalhamento sio exclusivamente devidos variagao da tensao efetiva, b)_ Nos solos saturados, a tensio efetiva é nida pela expressio so-u (88) Existem instramentos que permitem a medida direta, no terreno, da tensio total ¢ da pressio neutra, Entretanto, a tensio efetiva ( 6") s6 poder ser avaliada em fungio de (6 ) ¢ (1). Para o entendimento do significado do principio da tensio efetiva, sero considerados a seguir trés corolérios, com seus correspondentes exemplos. 89 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS a tensédes totais e pressées iferentes, comportamentes de engenharia, se as tensdes efe guais. EXEMPLO: Cilculo da tensio vertical efetiva, em dois sedimentos idénticos, no fundo de um lago em Aguas profundas. A figura 8.8 apresenta dois elementos de solo 1,0 m abaixo da superficie dos sedimentos, Em {@), trata-se de um lago onde o nivel d’égua coincide com a superficie dos sedimentos., enquanto em (b), a altura da Agua acima do solo é de 10° m, O peso especifico de cada solo € 17 N/m’ © peso especifico da 4gua é 10 kN/m’, Calcular 0 tensio vertical efetiva em cada elemento. NA oy (a) (b) Fig. 8.8 Tensao vertical no (a) lago e (b) em aguas profundas (a) Sedimento no fundo do lago 6, = OM, y, =17,0%1,0 =17,0kN/m? u = hy 7¢ = 10,0%1,0 = 10,0kN/m* 7,00-10,0 o'=6, u 0" = 7,0kN/m* 90 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS ((b) Sedimento em aguas profundas 6, = DH, 7, =(17,0«1,0) + (10,0«10") = 100017,0kN/m? 4 =h, ¥, =10,0%10 001 = 100 0104N/m* o’ =o, —u =100017 - 100010 6’ =7,0kN/m? As tensdes efetivas sio iguais nas duas situagdes. Como os sedimentos possuem a mesma estru tura € mineralogia, as respostas aos problemas de engenharia serio idénticos. Se um solo é carregado ou descarregado, sem variagdo de volume e sem sofrer qualquer distorcdo, nado ocorrerao modificagdes na tensdo efetiva. EXEMPL Anélise das tens6es € poro presses em um ensaio de carregamento isotrépico, a vo- lume constante, Na figura 8.9 est ilustrada a seguinte experiéncia, Uma amostra de solo cilindrica, apoiada nu. ma base lisa, é envolvida por uma membrana fina de borracha e colocada em um recipiente conten: do um fluido. Attavés do fluido, a amostra é submetida, em todas as diregdes, a uma pressio total (9). A tensio total (6) ¢ a pressio neutra (2) podem ser modificadas, independentemente, ¢ as di: menses da amostra sio observadas por transdutores de deslocamentos, tais como A eB. Sea Agua Cilindro Membrana de ~~ de presséo borracha Anel de | Amostra de solo vedagao- Tensto . Gl = total <— Pressio Fig, 8.9 Ensaio de compressao isotrépica a volume constante No inicio do ensaio, a tensio total era 6 =17kN/m? ¢ a pressio neutra u = 10KN/m? . Con- tinha o valor o'=7kN/m?, A tensio total foi cl seqiientemente, a pressio efetiv ada para 7 =1000KN/m? ca pressio neutra modificada, simultaneamente, de modo que os dispositives de medida no indieassem qualquer deformagio da amostra, A pressio neutra final foi de 1 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS 1000 - 993 =7kN/m? , 1 =993KN/m? . O calculo da pressio efetiva no final da experiencia o' mostra que no houve variagio na tensio efetiva Um solo sofrera uma expansdo ( aumento de volume ) © uma com- ( diminuig de volume ) se somente a pre: séo neutra, respectivamente, aumentar ou diminuir EXEMPLO: ifeitos da variagio da pressio neutra, mantendo-se constante a pressio total Para esta anilise, empregou-se um aparelho idéntico 20 do exemplo anterior a0 qual foi acres- centado um dispositrivo, graduado, que permite mediir 0 volume de 4gua que entra ou sai da amostra (figura 8.10). , » <— Pressio neutra « Medidor de volume Tensao tal SS Fig. 810 Ensaio de compressao isotrépica Dui 1 0 ensaio, a pressio total (6) é mantida constante, a pressio neutra (1) varia e sio obser- vadas as alteragdes do volume da amostra. No inicio do ensaio, 6 = 17kN/m? ¢ u =10KN/m? , logo o = TkN/m™ No decorrer do ensaio, (a) é aumentada para 15KN/m? , enquanto a tensio total é mantida constante. O nivel da égua no tubo graduado cai, indicando que o volume da amostra aumentou. No final do ensaio, 6 =17kN/m? ¢ u=15kN/'m? e portato, a” = 2kN/m? Assim, a diminuigao da tensdo efetiva esté associada a uma expansio do solo, isto é a um au- mento de volume ea uma diminuigio de sua resistencia, como seri disacutido mais adiante, em ou- tro capitulo deste curso. 2 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS Inversamente, se a tensio efetiva for aumentada, 0 solo seri comprimido ¢ sua resisténcia au mentara 8,5 SIGNIFICADO FISICO DA TENSAO EFETIVA Terzaghi, ao enunciar o principio da tensio efetiva, no teve a preocupacio de estabelecer um significado fisico para a tensio efetiva, a no ser que ela se refere 4 fase sélida dos solos ¢ que se li- mita aos efeitos mensuraveis do seu comportamento. Baseando-se em resultados experimentais, Tetzaghi visualizou suas conclusdes como uma hipétese de trabalho, com suficiente preciso para as finalidades priticas da engenharia Entretanto, pela importincia do assunto na mecinica dos solos, varias tém sido as tentativas de interpreti-lo teéricamente, considerando as forgas atuantes € as éreas de contacto intergranulares, Deis sao os tipos de seco transversal que podem ser feitas em um elemento de solo. Uma se- 40 plana, cortando os grios sélidos, como representado anteriormente a figura 8.2 ¢ uma secio “ondulada”, pasando nos pontos de contacto das particulas tal como na figura 8.11 WW \ * ue ARS ap ul AF; AF, AAy AAs AAs AAs AAy HH H HIi#H A -_——_1——_ Fig.8.11 Segées tranversais em um elemento de solo A secio plana horizontal define, no elemento de solo representado na figura 8.11, uma area to- tal (4) 4 superficie ondulada passa por superficies elementares, no contacto das particulas, cujas projegdes horizontais sio (AAs) ¢ seu somatério Ay = YA Ay O elemento de solo esta submetido a um catregamento externo, no valor da forca (F), que seri equivalente as forgas atuantes a0 longo da superficie ondulada, de tal modo que: FoF, +U+Fy-Fy (89) onde: F, = SLAF, — ~ parcela do forea total suportada pelas particslas sélidas 3 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS U - parcela da forga total no contacto agua - gua F, ~ forga de repulsio entre as particulas F,- forga de atragio entre as particulas A expresso (8.8) seri expressa sob a forma de tensdes, se dividida pela érea (A) A A AA A UL Fe gy A forca (F;) pode ser substituida por (Gj 4e), sendo (6,) a pressio intergranular, ou seja, a resultante das pressdes atuantes nos contactos das particulas. A = 64S +u+ (8.10) A As ae 7 5g AB o-u- (=a) at) Nos solos granulares, nos siltes ¢ nas argilas de baixa plasticidade as pressdes (r"— a") é despre- A , wveleportine op AZ o-4=0' (12) A A expressio (8.12) mostra, que nesses solos, (jg Dp € igual a pressio efetiva (6') , tal como definida por Terzaghi. Portanto,:a pressio efetiva corresponde a uma pressio média intergranular, calculada dividindo-se a resultante das forgas que atuam no contacto das particulas (Fy = jg As) pela frea total (A). Nas argilas altamente plisticas ou dispersas a parcela (r’— a") tem valor aprecidvel € conse qiicntemente o primeiro membro da express2o 8.12 no corresponderd, exatamente, & pressio efeti A interpretagio da equacio 0” = 6 ~ 1, através de uma visio microseépica interessa aos aspec- tos cientificos e de pesquisa em mecinica dos solos. Os problemas de engenharia so resolvidos de acordo com o principio enunciado por Terzaghi ¢ suas consqiiéncias a seguir resumidas. * A tensio efetiva, em qualquer ponto de uma massa de solo é, aproximadamente, a forga su- portada pelo esqueleto sélido, expressa por unidade de area. + A pressio efetiva controla a variagao de volume ea resisténeia de uma massa de solo, * A clevagio das tensdes efetivas induziri a diminuicio dos vazios do solo. 8.5 DETERMINAGAO DAS PRESSOES GEOSTATICAS Na solugo de muitos problemas geotécnicos, tais como os relativos ao estudo dos recalques, capacidade de carga dos solos ¢ empuxos de terra, necessita-se do conhecimento das tensdes exis- 94 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS tentes no tetteno ou seja das tensdes én-situ, em varias profundidades. Quando essas tensdes sio produzidas pelo peso das camadas de solo, sobrejacentes a um determinado plano, sio denominadas tensdes geostiticas. No estudo das tensGes geostiticas estuda-se a distribuicio da pressfio total, pressio neutra € pressio efetiva, em diversas profundidades de um terreno, como nos exercicios que se seguem, \ JEXERCICIO 8 ‘Tracar o diagrama de tensdes totais, presses neutras ¢ tensdes efetivas, considerando o perfil abaixo, nas condigées indicadas: NA JP Condigao: Situacio atual Argiaorganica 0120) raisers 1425.0 kNim 135% ‘Areia média 5 1226.7 kNim 14-26,7 kim Areia grossa y=16,0 kNim* Fig. 8.12 Perfil do terreno Solugao: Calculo dos pesos especificos (kN/m’) Argila orgéoica Areia média Yet Seva a re Your = (1- mre Sng Yat = 165 Ysa Calculo das tensdes iniciais: (kN/m’) Cotas Stotal u Sefetiva = 1,0 | 16,5x3=49,5 3,0x10=30,0 | 49,5-30,0= 19,5 ou 6,5x3=19,5 - 5,0 | 49,5+4x20,9= 133.1 | 7,0x10=70,0 | 63,1 = 12,0 | 133,1 + 20,0x 7=273,1 | 14,0.x 10= 140,0 | 133,1 95 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS 2! Condigio: 4 Remogio da camada de argila 1y=16,8 kN? Rebaixamento do N.A, até a cota 1,0 m Acero h=17,0% Aterro até a cota +3,0 m_ a Areia média 5 14°26,7 kNin +%4526,7 KNim? Areia grossa y2216,0 kNim* Soluga Calculo dos pesos especificos (kN/m*) Fig. 8.13 Perfil do terreno ‘Argila orginica “Areia grossa ‘Areia média yaro(l+h) Yoat = 20,0 Yaar = 209 y=197 Calculo das tenses iniciais: (kN/m*) Cotas Stotal u Sefetiva -1,0 | 19,7x4=78,6 0 78,6 =50 | 78,6+4x209= 162.2 |4x10=40,0 | 122.2 = 12,0 | 162.2 +20,0x7=302,2 | 11,0x 10-1100 | 192.2 1° Condigao 2° Condicao tensbes (kNin’) tenses (kNim') ° 4100 200 300 © 100 200 300 AEN cotas +2 6 “s ei =10 =10 u “12 “2 NK k— 1 —| k—o —4 Fig.8.14 Graficos da variagao das pressées geostéticas com a profundidade 96 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS \/ EXERCICIO 8.2 "Tragar o diagrama de variacio com a profundidade das tensées total, neutra e efetiva, conside- rando o perfil de terreno representado na figura = 3 Pedregulho Yea 20,0 kNim eareia 9,2 kNim? Argila Yea= 18,0 kNim? Yagua= 9.8 KNIM® Fig.8.15 Perfil do terreno Solugio: CAlculo das tensdes geost: (kN/m?) Cotas Stotal fe -3,0 |3x19,2=57,6 0 57.6 -4,0 |57,6+1x200=77.6 | 1x9,8=9,8 67,8 -9,0 | 77,6+5x 18,0=167,6 | 6x9,8=588 108,8 tensdes kNim” 100 ° 100 200 cotas 9 a 4 u NT XS s oh m Fig.8.16 Graficos das pressées geostaticas 7 MECANICA DOS SOLOS TENSOES NOS SOLOS \ JEXERCICIO 8. Uma lagoa tem uma limina de Agua de 4m acima de um fundo de argila. A camada de argila tem uma espessuta de 3m e apoia-se sobre uma areia média de 4m, a qual, por sua vez, é sobrejacente a tocha impermeavel. Caleular a tensio efetiva no topo da argila ¢ no ropo ¢ no fundo da camada de arcia, sob as seguintes condicdes: 2) inicialmente, antes do depésito de qualquer sedimento. b) apés um depésito de 2m de areia fina siltosa. ©) apés a drenagem da lagoa até sua base, mantendo-se a espessura de 2m do sedimento langa- do. Pesos especificos: argila = 18 kN / m3; areia = 20 kN / m3 ; sedimento = 16 kN / m3 Agua = 9.8 kN / m3 2 Aterro NA - Argila 1 “To Areia 4 11 1 Rocha! Rochal 4 Etapa (b) Etapa (c) . Fig.8.17 Perfil do subsolo da lagoa nas diferentes etapas, Solugio: Calculo das tensdes geostaticas: (kN/m?) Etapa (a) Cotas Stotal u Sefetiva 40 98x4=392 4x98 = 39,2 0 -7,0 39,2+ 3x 18= 93,2 ‘Tx 9,8 = 68,6 24,6 -11,0 | 932+4x20=1732 | 11x98= 1078 654 98 MECANICA DOS SOLOS Etapa (b) TENSOES NOS SOLOS Cotas Srotal u Sefetiva 40 | 98x2416x2=516 39,2 124 -7,0 51,6+ 3 x 18= 105,6 7x 9,8 = 68.6 37,0 11,0 | 1056+ 4x20=185,6 | 11x9,8= 1078 778 Erapa (¢) Sefetiva 4,0 2x 16 = 32,0 10 Referéncias 32,0 + (18,0-9,8) x3 = 56,6 36,6 + (200-98) x4=97,4 Al-Khafaji, A. ¢ Andersland,© (1992) Geotechnical Engineering and Soil Vesting, Oxford University Atkinson,}.H. ¢ Bransby, P. L (1978) The Mechanics of Soil An Intreduction to Critical State Soil Mecha- nies, McGraw-Hill Book Company (UK) Limited Dunn, LS. 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