You are on page 1of 20
nttp:/twww.ig.ufubrirevista/caminhos.htm! Instituto de Geografia ufu O ESPACO INTRA-URBANO DE UMA CIDADE MEDIA E SUAS CENTRALIDADES: UMA ANALISE DE MONTES CLAROS NO NORTE DE MINAS GERAIS. lara Soares de Franca Profa, MSc. da UNIMONTES Beatriz Ribeiro Soares Profa. Dra. Programa de Pés-graduagaio em Geografia - UFU RESUMO © presente trabaino analisa 0 processo de expansao urbana de Montes Claros, cldade media localizaca no Nore ce Minas Gerals, por melo da formacao de novas centralidades da redefinigao de fung6es do niicleo central, Até meados da década de 1970, Montes Claros concentrava no nucleo central parte expressiva de suas atividades, especialmente comercio prestagao de serviges. Desde enléo, essa Cidade apresenta uma configuragao urbana caractetizada, enire outros processos, pelo surgimento de novas centralldades ndo restritas 20 nucleo principal. Partingo dessa premissa, esse trabalho tem por objetivo analisar a dinamica recente do nicieo Central de Montes Ciaros, contextualizando-a enquanto cidade média norte-mineira e enfocando suas transformagées teritoriais, demograficas e econdmicas. Diante disso, examinar-se-d 0 surgimenta de novas centralidades, a partir do estudo dos suacentros Major Prates © Esplanada. Para tal, a metodologia ullizada consiste em andlise € reviso teorica sobre as tematicas cidades medias, expansdo territorial urbana, descentralizagao econdmica e subcentros; a observagao empirica na area de estudo € confeccao de mapas de uso e ocupagao do solo, bem como registro iconogratico. Palavras-chave: cidades médias, expansao urbana, cenlralidades e subcentros. THE INTRA-URBAN SPACE OF A MEDIUM CITY AND ITS CENTRALITIES: AN ANALYSIS. OF MONTES CLAROS IN THE NORTH OF MINAS GERAIS ABSTRACT ‘The present work analyse the process of urban expansion in Montes Claros, a medium city located on the North of Minas Gerais through by the formation of new centraitles and a redefinition about the functions of the central nucleus. Unti the middle of 70's, Montes Claros concentrated, in the central nucleus, an expressive part of its activities, specially bussiness and services rendered. Since then, this city presents an urban Configuration characterized, among other processes, by the appearence of new Centralies non-resticted to the central nucleus. Leading off this premise, this work has as objective alnalyse the recent dynamic from the central nucleus of Montes Claros, contextualizing it as @ medium north-mineira city focusing on territorial, demographic and economical changes. In the face of this, the appearence of new centralites will be examinated from the sub-central afeas: Major Prates and Esplanada. To that, the metodology used consists of an alalysis and a theoric review about the medium cities thematic, urban terttoral expansion, economical decentralization and subceniral areas. An empirical observation of the study area and confection of maps of ground.use and occupation as well as a iconographic registration Key words: Medium cities, urban expansion, centraiies and sub-central areas. ‘Aprovado para publcacao om 23/11/2007 Caminhos de Geogratia Uberiandia v8.24 = DEZ2007-«p.75-94 Pagina 75 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais INTRODUGAO Montes Claros representa 0 nicleo urbano de maior dinamismo econémico da regiao norte- mineira. Tal expressao se mantém na atualidade por meio de sua economia que possul como base primordial 0 comércio 9 a industria. Dados do Instituto Brasileiro de Geografa - IBGE (2000) sivulgaram uma populagao absoluta de 342.586 habitantes,cistibuida nos 3.562 km que totaizam a rea do municipio. No perimetro urbano, com 97km?, encontra-se cerca de 94% da populaeao. © desenvolvimento econémico experimentado por essa cidade, a partir dos anos 1970, a destacou como centro comercial, industrial e de servigos do Norte de Minas. Contribui também para isso a localizapao geografica da cidade de Montes Claros, sendo 0 2°. entroncamento Fodoviario do pais’ Esses fatores contribuiram para um intenso ¢ rapido processo de urbanizagao. O crescimento demografico acelerado desencadecu a expansao urbana da cidade, paralelamente a transformagdes econémicas no mbilo intra-urbano. Tais mudangas tiveram como suporte a crescente demanda de consumo da populagao em consondncia com a légica capitalista. O ‘estudo de sua dindmica intema pode se apresentar como uma contribuigao analitica sobre a produgao @ reprodugao sécio-espacial das cidades médias. © municipio de Montes ClarosiMG esta localizado no norte do estado, regido administrativa estadual. Montes Claros 6 drenado pela bacia do rio Sao Francisco que possui importante rede hidrogratica para a area, destacando a sub-bacia do rio Vieira com os seus afluentes. Do ponto de vista fisico-geografico, a cidade caracteriza-se por apresentar clima quente com elevadas tomporaturas @ forte insotagao, com ocorréncia do clima tropical semi-tmido com tendéncia para a aridez. Seu indice pluviométrico anual é de aproximadamente 1.200 mm @ uma temperatura média anual de 24°C. (INMET, 2006). Dessa forma, predominam-se paisagens variadas na area como cerrado, caatinga © mata seca caducifélia.. Incluido na drea mineira da Sudene® em 1965 0 municipio passou por diversas transformacoes: demogréficas, econémices, politicas e socials. A cidade se industrializou rapidamente e atraiu lum grande contingents populacional, fruto das migragdes que a ela se dirigiu oriundas de outros municipios do Norte e Nordeste do estado, bem como do Sul da Bahia ¢ Vale do Jequitinhonha, O8 dados do Censo Demagratico do IGE do ano 2000 mostram uma populagao de 306.947 habitantes, estando 90% dessa populago residindo no espago urbano’, revelando como a cidade esté em consondncia com a tendéncia de evolugao demogréfica de cidades grandes e médias do pals. Em 2005, 0 IBGE estimou para Montes Claros uma populacéo total de 342.586 habitantes. ‘Ao desenvolver fungoes especializadas Montes Claros se insere no interior da rede urbana brasileira’ como capital regional, por desempenhar fungdes em toro de servigos, comércio, 7 As rodovias federais sao as BR 135 (Belo Horizonte- Montes Claros ~ Sudoeste da Bahia), BR 305 (Montes Claros - Triangulo Mineiro), BR 251 ( Montes Claros ~ Rodovia Ric-Bahia), dentre outras. Tem-se como rodovias estaduals as MG 306 € MG 401. (FRANCA, 2007) * Denire as causas, aquela que mais marcou o processo de transformagao pelo qual passou 0 municipio foi a sua inclusdo na area de atuagdo da SUDENE ~ Superintendencia do Desenvolvimento do Nordeste, que resultou em mudancas estruturals na base econdmica da cidade de Montes Claros. Neste periodo, 0 municipio de Montes Claros delxava de ser somente agricola, sequindo a tendéncia desenvolvimentista de industnializagao do pais. Montes Claros foi palco de programas de investimentos publicos financiados pelo Estado € pela Uniao. Esses programas coniribuiram para a insergao do Norte de Minas como polo de ‘desenvolvimento da regido, cujos incentives fiscals propiciaram seu desenvolvimento, crescimento, ocupagao @ modernizagao, * Desse total 289.183 habitantes residiam na area urbana e 17.764 residiam na area rural de Montes Claros. \BGE, 2000). Expressdes como cidade global, metropole nacional, metropole regional, capital regional, centio regional € cidade local séo utlizadas em estudos de rede urbana e refletem a natureza hierarquica das cidades, (CORREA, 1988; 2000; 2004.) Caminhos de Geogratia Uberiandia v8.24 = DEZ2007-p.75-84 Pagina 76 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais Industria (sobretudo civil no atual momento), politico-administrativos e por apresentar relagoes de produeao @ consumo que extrapolam o espaco fisico da cidade, ou seja, alcanga a regiso @ consolida sua importancia. A cidade mantém relagdes, sobretudo econdmico-financeiras, concentra capitais, atividades e ao mesmo tempo, a combinago em maior ou menor grau de interagdes que se realizam em escala local efou regional. Do ponto de vista intra-urbano 0 processo de expansao da cidade se acentuou com a industrializagao @ a urbanizacao, @, com isso, estimulou a emergéncia de novas centralidades. Os subcentros de comércio € servigos se originam nas regides periféricas das cidades e resultam do crescimento demografico @ da emergéncia de novas formas de consumo nas sociedades. Montes Claros, uma cidade média norte mineira No inicio da segunda metade do século XX, 0 mundo vivenciou grandes mudangas econdmicas, socials, poliicas, tecnolégicas e cientificas, que resullaram em novas dindmicas nos espacos nacionais. Com isso, a Rede Urbana Brasileira - RUB - se modificou profundamente e assistiu- se, dentre outras transformagdes no espago econdmico nacional, a descentralizacso do comando da metrépole paulista por meio da desconcentragao industrial e territorial rumo a outras diregdes nao restrtas a0 sudeste brasileiro Na década de 1970, o governo federal, por meio de politicas publicas de ordenamento territorial, comega a incentivar a criagao de novos polos de desenvolvimento em regides periféricas, a fim de frear a migragSo rumo as metrdpoles e incentivar desenvolvimento de cidades de porte médio. Essas medidas governamentais eram de cunho desenvolvimentista e visavam a politicas de regionalizacao para 0 pais, Odjetivava-se a descentralizacao territorial e populacional das metrépoles nacionais, que redundaria em descentralizagso econémica também. (SOARES, MELO, LUZ, 2005; SOARES, SILVA, 2002; PONTES, 2000). Para Rochefort (1998), as ag6es de desenvolvimento das cidades médias objetivavam: (...) desenvolver, prioritariamente, algumas cidades médias para refrear 0 crescimento das metrépoles e, & medida que as cidades sao escolhidas no interior do territério, levar para esses espacos subdesenvolvidos atividades @ homens que permitam um desenvolvimento da ‘economia regional. (ROCHEFORT, 1998, p. 93) © Programa Nacional de Apolo as Capitais e Cidades de Porte Médio ~ 0 PNCCPM - era parte integrante do Il PND, por meio da Comiss20 Nacional de Regides Metropolitanas e Politica Urbana do Ministério de Planejamento® (CNPU) da época. Essa comissao elaborou uma série de classificagbes conceituais para as cidades médias brasileiras, justificou a importancia de se esludar essas cidades e tracou hipéteses para a classificag4o funcional das cidades médias, brasileiras. Dente as cidades beneficiadas pelo PNCCP (1970) em sua fase inicial, Montes Claros/MG foi a inica cidade no Norte do estado a receber investimentos. Como parte das agdes desse programa, na década de 1980, Montes Claras foi contemplada com 0 Projeto Cidade de Porte Médio (1980). Pereira @ Leite (2004) retratam especificidades desse projeto na cidade de Montes Claros, resgatando que: © De acordo com Pontes (2000), a referida Comissdo dividiu as cidades médias brasileiras em dois grandes ayupos, sendo um format pela clades medias tegfaces& rede ubana © 0 Duo pels clades siuades Sr 'hargene das rotesubarao Nerareuzadas O peo gupo de cdades sao cdaces que eae fusncla da motpde se lcalzando predominaniements no Sudeslse Sul do pas, Perencsm 20 segundo grupo Seuolas cdades mecias qe consituo conostercros das zonas ce aputuraradonal, ss cages que Scivem ce pono de apo as Zones de colonzagao agncoa, as cvades essenciamente aominvatves © a8 fidades que canazatprodtos basis sestnados&exporgao,(PONTES, 2000) Esimatva popuaconal em 0107 2008, csponivel em wae gr ” Central de Operagdes Policiais Mlltares - COPOM, ® Além do Montes Claros Shopping Center esta em construgao na regido o Ibituruna Center, Caminhos de Geogratia Uberiandia v8.24 = DEZ2007-p.75-84 Pagina 77 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais ‘A execugio desse projeto ficou sob responsabilidade da Secretaria de Planejamento © Caordenago de Montes Claras, senda que 70% do capital investido foi proveniente do Banco Interamericano de Reconsirugao Desenvolvimento (BIRD), 20% do cofre do Estado de Minas Gerais e 10% da Prefeitura de Montes Clares, (PEREIRA; LEITE, 2004, p.42), Assim, objetivava-se possibilitar a populagSo carente 0 acesso @ casa propria, a servigos Uurbanos basicos, como agua, esgoto © energia elétrica, © a legalizagao de lotes, com vistas a elevar a qualidade de vida da populacao de baixo poder aquisitivo, notadamente, aquelas que residem em favelas. Além disso, objetivava-se melhorar e ampliar a infra-estrutura urbana da cidade de Montes Claros. Santos (1993) j& destacava em seus trabalhos as taxas de crescimento das cidades médias brasileiras com populacao superior a 100 mil habitantes. Conforme esse autor, havia, em 1940, 18 agrupamentos com mais de 100 mil habitantes, em 1980, 142 aglomeragées e, em 1981, 183 aglomeragSes com esse numero de populacao, Tomadas om conjunto, as aglomeragdes com mais de 100,000 hab., raras em 1940 — quando ‘ram apenas 18 em todo o pais — véem 0 seu numero aumentado nos recenseamentos. seguintes, alcangando 142 em 1980. Em 1991, 183 municipios contavam com mais de 100.000 hab. A partir dos anos 70, parece ser esse (100.000) 0 patamar necessario para a identificagao de cidades médias em boa parte do territério nacional. A expansao © a diversificagao do consumo, a olevagao dos niveis de renda @ a difusao dos transportes modernos, junto a uma divisao do trabalho mais acentuada, fazem com que as funcdes de centro regional passem a ‘exigir maiores niveis de concentragao demogratica de atividades. (SANTOS, 1993, p.73) Os dados do Censo Demografico de 1991, realizado polo Instituto Brasileiro de Geografia 0 Estatistica - IBGE, demonstram a concentragao das cidades médias com populacao entre 100 500 mil habitantes no Centro Sul, que possula, naquele periodo, 86 cidades médias, ou seja, 0 ‘equivalent 2 aproximadamente 50% do niimero total das cidades médias do pais. (Soares, 1999), Soares (2005) confirma esse crescimento quando diz que um “numero cada vez maior de cidades vem apresentando um crescimento demogréfico expressivo, pois em 1960 elas eram em ndmero de 60 , em 2000, 188 com um crescimento demogrético na ultima década do século XX de 2,02%". 0 IBGE confirmou a existéncia de 193 cidades médias no Brasil em 2000, © crescimento populacional e 0 dinamismo econdmico das cidades médias impulsionaram as pesquisas sobre essa tematica, que passou a ser objeto de estudo das ciéncias, em especial, da ‘geografia urbana brasileira. E de se destacar, ainda, 0 interesse governamental nessas cidades. essa forma, vai se intensificando, cada vez mais, a origem desses centros urbanos dotados de potencialidades © capazes de atrair para seu espaco intemo e regional capitais econémicos, tecnologias, industrias, fluxos populacionals, bem como diversificado setor torcigrio. Pesquisadores brasileiros como Santos (1993,2003), Amorim Filho (1976), Amorim Filho, Bueno © Abreu (1982, 1984), Amorim Filho, Serra (2001), Soares (1999, 2000, 2001, 2002, 2006), Pontes (2000) Spésito (2001), Andrade © Lodder (1979), Andrade, Serra (2001), Steinberger, 0 Bruna (2001), dentre outros, t&m focado os seus trabalhos na investigacao das cidades médias, a fim de compreendé-las e avancar em pesquisas empiricas e em reflexdes tedrico- metodolégicas. Tais trabalhos abrem espagos para 2 compreensdo desses tipos de cidades & para a andlise de suas individualidades e perfs. A definigzia do concello de cidade média remete aos estudos de pesquisadores, érgaos governamentais @ planejadores urbanos. Do ponto de vista do nivel hierarquica das cidades, uma cidade média 6 aquela que se localiza entre a grande cidade e a pequena cidade, tendo dessa forma, uma posieo intermediaria. Amorim e Serra (2001) alertam que a posi¢ao que as cidades médias acupam no interior de um ais nao 6 fechada ou esta pronta inacabada, visto que uma cidade média nao 6 média, ola Caminhos de Geogratia Uvertandia v8.24 DEZ2007-«p.75-94 Pagina 78 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais esté média em uma determinada situagao € em um contexto especifico. Essa posigao pode permanecer por muito tempo, ndio obstante a cidade média pode se elevar a categoria de cidade grande. Para que qualquer uma dessas duas situagSes ocorra, no entanio, uma condig&o prevalecente serd a situacao sacioeconémica dessas cidades, que se relaciona & sua economia, rede de consumo, infra-estrutura e potencialidades, entre outros. Ha que se considerar também a localizagao espacial da cidade média, pois, se ela esta isolada ‘em uma determinada regiao, esse fato pode indicar dificuldade de autonomia @ de manutencao, de sua posigao de cidade média. Além disso, essa cidade pode estar sob a influéncia direta ou indireta de uma metrépole nacional, metrépole regional, de uma capital estadual ou se posicionar proxima a uma importante cidade, 0 que, provavelmente, confere-ine maiores possibilidades de desenvolvimento © crescimento, Todos asses fatores tomam cada cidade média singular no ‘espago e no tempo em que se localizam. (SOARES, 1999). Para o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica - IBGE, a cidade média 4 aquela que possui Populagao entre 100.000 e 500.000 habitantes. Quando se considera como critério de classificagao 0 tamanho demogratica, ou seja, cidade com populagao entre 100.000 e 500.00 habitantes, Montes Claros é uma cidade média, haja vista 0 fato de possuir 342.586 mil habitantes®. (IBGE, 2005). Isso ja havia sido mostrado por Andrade Lodder (1978) em seus estudos na década de 1970. Nessa mesma década, a cidade fot incluida no Programa Cidades de Porte Médio, parte integrante da politica pablica definida pelo Il Plano Nacional de Desenvolvimento (PND). Ao estudar as cidades mineiras com mais de 100 mil habitantes, Amorim Filho, Bueno e Abreu (1982) consideraram Montes Claros como uma cidade média de nivel superior, uma verdadeira “capital regional”. O estudo do IPEA/IBGE/UNICAMP (1999) classificou a cidade de Montes Claros como um centro regional 2. Estudos mais recentes, como o de Pereira e Lemos (2004), também identificam essa cidade como média, tendo por base @ sua capacidade de polarizagao, intra-regional, Montes Claros/MG constitui uma realidade singular no tocante a essa discussao, sobretudo em fungao de como se deu seu proceso de crescimento econdmico @ expansao urbana, de modo ‘que passou a assumir uma posi¢ao de centralidade intra e inter-urbana, consolidando-se como 0 dcleo urbano mais expressivo da regiao em que se insere, o norte de Minas Gerais. Essa cidade se individualiza no contexto norte-mineiro por apresentar uma formagao sécio- ‘espacial singular. Sendo assim, analisar sua fungao de centralidade intra-urbana frente ao periodo técnico cientifico informacional e sua potencialidade econémica toma-se fundamental. Expansio urbana e novas centralidades A expansao territorial das cidades acontece por diversos fatores, dentre eles 0 aumento da demanda por habitagées gerado pelo crescimento populacional; © surgimento de novas formas de morar, por exemplo, a expansao dos loteamentos que se da geralmente por mecanismos especulativos; as trensformagSes nas éreas centais que aumentam a concentrago de atividades ¢ disponibilidade de servigos, enquanto diminui sua fungao meramente residencial. Quando uma cidade expande territoriaimente, significa que ela absorve e/ou incorpora areas & Parcelas de territorio, processo denominado de expansao territorial horizontal. Em Montes Claros, a expansao da malha urbana, no sentido horizontal, ocorreu por meio da criagao de novos loteamentos. Conforme levantamento de dados na Secretaria Municipal de Planejamento = SEPLAN, de Montes Ciaros, existiam na cidade 164 bairrs [..] no ano de 2003; em 2008, a cidade possuia 228 bairrosivilas (IBGE; SEPLAN-MOC; COPOM’ - 10), Examinados os dados sobre 0 processo de expanséo territorial de Montes Claros verifica-se um aspecto interessante que afeta a fisionomia e a fisiologia da cidade. Até por volta da década de 1970, a ocupapao urbana restringia-se 4 area central © proximidades. Atualmente, observa-se ‘em tal area uma enorme diferenca entre o numero de residéncias que havia no passado @ 0 que resta dessas ocupagdes hoje. Mesmo em menor numero, existe na regio central da cidade, Caminhos de Geogratia Uvertandia v8.24 DEZ2007 op. 75-984 Pagina 79 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais ainda, algumas casas, mansoes € prédios, expressando, entao, que coexistem usos comercials @ residenciais A partir de entao, verificou-se um crescimento da maiha urbana, (Mapa 1). As regiGes norte @ leste passaram a concentrar parcelas de populagao de média e baixa renda com instalagoes infra-estruturais urbanas nao raro inadequadas. Tais areas sao caracterizadas em geral por loteamentos realizados pés década de 1970 com formacao de bairros que abrigam grandes contingentes populacionais. Esta localizado na regiéo norte da cidade de Montes Claros Distrito Industrial implantado em 1985, com a finalidade de sadiar as indUstrias que chegaram @ cidade por meio de incentives federais estaduais. Das industrias atualmente instaladas nessa regiao, algumas merecem destaque, quais sejam: uma das unidades da maior fabrica de Leite Condensado do Mundo, NESTLE, a maior fabrica de insulina da América Latina - NOVO NORDISK, cinco unidades do 2° maior grupo t8xtil do pais, COTEMINAS, e por fim, uma das maiores fabricas de cimento do Brasil - LAFARGE. Na regiao leste encontra- se um importante atrativo ambiental ¢ econémico-turistico de Montes Claros - a Lagoa Interlagos contribui para que restaurantes, pizzarias, churrascarias e casas de show se instalem na regido dinamizando sua economia e motivando praticas de lazer. Os bairros localizados na zona ceste de Montes Claros tiveram sua ocupacao inicial também na década de 1970, entretanto, em fungao de fatores geograficos @ econémicos, essa regio 6 ocupada por uma populacdo de média e alta renda com bom aceso a servigos urbanos € saneamento bésico. Dessa maneira, a regiao oeste apresentou um crescimento diferenciado, ao agregar uma populacao de média o alta renda com bairros de melhor infra-estrutura urbana. Nessa area esto localizados os balrros de maior valor imobiliério numa area que conta com um impedimento fisico-natural para a expanséo horizontal que ¢ a Serra do Sapucaia, Na zona Sul destaca-se 0 bairro Major Prates que constitui o subcentro de comércio e servicos de maior diversidade ¢ alcance funcional da cidade. Tal subcentro atende a cidades @ distritos vizinhos, além da populagao local. Alguns fatores aceleraram a formagao e consolidagao dese subcentro e 0 crescimento da zona Sul de Montes Claros, sao eles: proximidade com a rodoviaria, com 0 shopping-conter @ com a BR 135 ¢ BR 365, eixos viarios que conecta Montes Claros a varias regioes do Estado. Com 0 surgimento de novos bairros, a cidade se horizontalizou, denotando uma rapida expansao da area construida. Tal periodo marca uma intensa especulagao imobildria, com loteamentos: impiantados de forma aleatéria quase sempre sem obedecer &5 polticas de controle urbanistico @ de protecao ambiental. O atual proceso de verticalizacao vivenciado por Montes Claros & infiuenciado pelo crescimento demogratico da cidade, pela questéo da seguranca, por status social e, ainda, a titulo de investimentos do setor imobiliério privado. Pode-se acrescentar que tal processo nao ocorreu de forma homogénea, restringindo-se, no primeiro momento, a rea central e bairros proximos e atualmente tem se expandido para a egido sul que apresenta atralivos ambientals, boa infra-estrutura, proximidade a shopping: Universidade e faculdades, além de ser considerada drea de investimento imobilidrio em raz8o do alto valor relativo dos iméveis. ‘A verticalizagao tem sido observada com maior expressao nos bairros com populagao de classe média @ alta, como, por exemplo, Ibituruna, Melo, Todos os Santos, Panorama, Sao Luiz, Morada do Sol (Figura 1). Cabe ressaltar que 0 crescimento da cidade de Montes Claros ocorreu de forma répida @ intensa, com a predominancia da expanséo horizontal, o que gerou problemas relacionados aos vazios urbanos @ & necessidade de investimentos no setor imobiliério @ am transporte publico. Outro fator, que deve ser considerado, 6 a questo desse crescimento nao ter sido acompanhado por um processo de planejamento urbano eficiente, Caminhos de Geogratia Uveriandia v8.24 = DEZ2007-p.75-84 Pagina 80 lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares (© espace Intrawurbano de uma cidade media e suas centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais + + + Sistema de coord. UTM FONTE Puc tara8090 2000 Datum SAD 69 ORG -LEITE, ME_2006 [EI ers ucenanapscce 70 (I) ceesomentonefno.2000 | Hera ec ee ce [HI cessmenona nec co Lane Mapa 1 = Malha Urbana de Montes Claros/MG (2000) Caminhos de Geogratia Uberiandia v8.24 = DEZ2007 op. 75-94 Pagina 81 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais ‘ator: FRANGA, IS. deJjuiho. 2006 Figura 1: Processo de verticalizagao nos bairros da zona sul de Montes Claros. A partir do crescimento das cidades, sua produgao e reestruturago devem ser analisadas tendo como ponto de partida o nucleo central @ seu papel no interior urbano. A centralidade ou as multicentralidades refoream a descentralizacao do comércio & de servigos ~ atividades tipicamente centrais - nessa area ao passo de reproduzi-las, recrié-las ou relocalizé-las em outras areas das cidades, por meio do surgimento de fungdes comerciais relevantes na dindmica econdmica das cidades € na vida de seus moradores. estudo da produgo do espago urbano a pattir de processos socioespacias intra-urbanos, como © niicleo central, as novas centralidades urbanas ¢ suas redefinigdes, permitem compreender as cidades, no somente 0 espaco intra-urbano, mas, também, o interurbano. As transformagbes da rea central so reflexos dos processos sécio-espaciais que alteram a sua configurago interna € a dinamica e a dinémica na ocupagao funcional, bem como o perfil do consumidor dos estabelecimentos de comércio servigas, (RIBEIRO FILHO, 2004, p.180). Corréa (1989) argumenta que 2 descentralizagao esta associada ao crescimento da cidade em termos demograficos © espaciais. A competigao pelo mercado consumidor leva as_firmas ‘comarciais a descentralizarem seus pontos de vendas, através da criagao de filiais nos bairros das cidades. Esse processo @ viabilizado pelo desenvolvimento dos meios de transportes mais floxiveis. (© autor chama a atengao para a necessidade de considerar @ propria dinamica capitalista, que atua juntamente com fatores de repulsao @ atragao de atividades, e que, nessa dinamica, estado também presentes os interesses individuais dos setores de transporte e imobildrio, A descentralizacao torna-se um mato para manutengao taxa de lucro, que a exclusiva localizacao central no & mais capaz de fomecer. Assim, constata-se no capitalismo monopolista a centralizacao de capital e a descentralizacao espacial. © processo de descentralizagso da rea central vem ocorrendo no Brasil a partir da segunda metade do século XX, na qual tal area deixa de ser 0 espaco exclusive de producao e reprodugao da alividade econdmica. Esse processo também 6 verificado em Montes ClarosiMG. Desde entao, a paisagem urbana das regides centrais das cidades foi alterada @ assistiv-se a0 surgimento de subcentros de comércio, shopping-centers, vias especializadas em regioes distantes descentralizadas do niicleo central. No ontanto, ele mantém-se como 0 espaco monopolizador das principais atividades econémicas, visto que acumuula uma maior diversificagao comercial, e servicos e especializagAo de tais alividades. Esse processo responde ao crescimento Caminhos de Geogratia Uveriandia v8.24 DEZ2007 op. 75-984 Pagina 82 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais horizontal da malha urbana que, @ partir do aumento demografico, carece de responder as necessidades de consumo da populagao a ser atendida, gerando novas centralidades. Corréa (1994) reitera que 0 processo de descentralizacao das atividades de comércio @ servigos gerou novas formas espaciais e redefiniu as fungdes do nticleo central, que deixa de monopolizar as atividades tercidrias, dividindo-as com outros niicleos centrais comerciais. A descentralizagao responde ao crescimento horizontal da malha urbana das cidades que a partir do aumento demografico impoe a necessidade de responder as necassidades de consumo da populacao a ser atendida Um dos impactos da descentralizagao resulta na redefinigtio @ distribuigao de atividades econémicas diversas fora do eixo central principal das cidades ¢ conforme Scariato (2005, p.139). Essa centralidade, que especialmente nesse caso corresponde ao lugar de origem da cidade, @ resultado do proprio crescimento da mesma que, nesse local oncentrou as mais diversas atividades e uma grande densidade populacional. Enlretanto a forga ca centralidade exigiu sua propria expansdo. [..] A crise da Centralidade unica, marca da cdade de entéo e espacializada no centro histerico, faz parte do proprio processo de reprodugdo espacial da sociedade captalsta. A partir disso, emergem em areas distantes do nucleo central novas centralidades ou formas comerciais como vias especializadas, shopping-centers, hipermercados @ subcentros. Essas formas de comércios © servigos diversificados se diferem do nucleo central ao atender as necessidades de consumo de uma parte da populagao da cidade residents em areas pariférioas, sendo, portanto, um produto de consumo de abrangéncia menor se comparado ao nticleo central (Os Subcentros de Comércio e Servicos (Os subsentros, pequenos ou grandes, dotados de estabelecimentos comerciais @ de servigos, comacam a se formar para atender as necessidades imediatas da populagao do seu entorno, ou seja, das areas residenciais oréximas. Mendes e Grzegorczyk (2003, p.110) enfatizam que o surgimento dos subcentro 6 uma caracteristica tanto de cidades grandes quanto médias, eles se Constituem em fungao da dindmica intra-urbana das cidades: "Os subcentros|...] podem se originar dentro das cidades, como resposta 2 expansao territorial @ ao adensamento populacional em doterminadas areas. Este tipo de subcentro surge tanto nas cidades grandes como nas de médio porte”, Ao reunir comércios e servioos os subcentros atraem equipamentos urbanos que por sua vez, funcionam como atrativos para empreendedores interessados om investimentos, como também atraem populae3o que procura espacos para morar que atendam aos seus anseios. Essa ppopulagao por sua vez, ira usufruir e consumir os subcentros instantaneaments, Os subcentros emorgem em regides de grande densidade demogratica, onde esta segmentos de baixo e/0u alto oder aquisitivo, podendo ser dotados ou nao de boa acessibilidade e infra-estrutura urbana, ‘A evolugdo dos subcenttos acompana o tamanho € o contexto no qual a cidade esta inserda, De modo geral, surgem em areas cistantes do centro principal, em regides de alta densidade demogrética, constuindo-se em uma nierarqula de ceniros comercials no interior da estrutura urbana, [. (RIBEIRO FILHO, 2004, p. 50). Geralmente os equipamentos urbanos presentes nos subcentfos so conquistados devido iniciativas de investimentos imobilarios, de empresas de médio @ pequeno porte que interessam fem dotar tais areas de infra-estrutura visando valoriza-las, a fim de potencializar 0 consumo da populagao, maximizando seus lucros com os investimentos efetuados nos estabelecimentos H4 nos espagos urbanos uma articulagao muito forte entre tals agentes e o poder pilblico municipal, este quase sempre atua em favor dos detentores de capilais, privilegiando algumas reas em detrimento de outras. Ocorre que quando o Estado representa 05 anseios da populacao mais pobre, isso se justifica pela pressdo muilo grande de moradores ou como tem ocorrido ocasionalmente, para fins eleitoreiras. Caminhos de Geogratia Uveriandia v8.24 = DEZ2007-p.75-94 Pagina 83 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais Caracteriza entao, os subcentros a presenga de empreendimentos urbanos que motivam os Investimentos nos setores pUblicos e privados definindo diferentes usos de solo e atraindo fluxos de pessoas para o consumo. Dos empreendimentos que originam os subcentros pode-se destacar a criacao de shopping-centers, novos loteamentos, hospitals, universidades ou faculdades, postos de sade, entre outros. Dal decorre a tendéncia que alguns subcentros apresentam a formagao de vias ou areas comerciais e de servicos especializados, dotados de funcionalidade s6cio-espaciel. Entdo os subcentros desenvolveram-se, nao para faciltar a vida dos moradores, mas como resultado do processo de reestruturagao urbana, em fungao da expansao desta, desenvalvendo uma centralizagao de acordo com os airativos proporcionados por algum tipo de institugao ou equipamento urbano que gera Lm certo fluxo de pessoas, ou ainda mals, caracteriza.se pelo poder aquisivo dos moracores, resultando ate em alguma especializapao funcional dessas areas. (NAVARRO, 2005, p.108). Percebe-se assim, a redefini¢So das fungbes centrais ocasionando a criagao de novas centralidades, para atender as demandas das populagdes dos bairros novos que surgiram e aqueles que se localizam na periferia das cidades. Com o passar do tempo os subcentros vao se dinamizando ao passo que comegam a aglutinar fluxos diversos (mereadorias, pessoas, capitais, informagoes) de bairros circunvizinhos, como também de outras regides da cidade, Isso acontece om fungao do dinamismo @ diversidade no oferecimento de atividades que alguns subcentros podem apresentar no decorrer do tempo. As pessoas que os consomem deixam de ser necessariamente do bairro em que eslé localizado. Entretanto, nao se pode padronizar essa tendéncia para todos, na verdade, coexistem subcentros que possuem servigos de primeira necessidade para atender sua populagao, enquanto ha aqueles que sao mais variados @ que tém um aleance maior. Esses oferecem, por exemplo, servicos bancérios, agéncias lotéricas, correios, farmédcias, postos de combustiveis, entre outros, No caso da cidade de Montes Claros os subcentros se originaram em areas residenciais distantes do nécleo central que, acompanhando a expansao territorial urbana da cidade @ o crescimento demogratico em areas periféricas, passaram a atrair comércios © servicos diversificados. Tais subcentros estéo distribuidos em varios pontos da cidade © atendem prioritariamente as necessidades imediatas dos consumidores locais, sendo que, alguns se apresentam mais aualificados @ diversificados de acordo com as acessibilidades presentes no bairro e 0 contingents populacional ‘A maioria dos subcentros formados na cidade possui em comum a presenga de postos de satide municipais’, esses equipamentos aceleraram o processo de formaco dos subcentros Major Prates, Cristo Rei, Independéncia ¢ Esplanada. Os subcentros Major Prates e Esplanada analisados nesse trabalho sao denominados de subcentros espontaneos. Os subcentros espontaneos constituem-se uma réplica do centro principal, com diversidade comercial e de servicas, porém com menar incidéncla de atividades especializadas (VILLAGA, 2001). © subcentro Major Prates esta entre um dos malores adensamentos populacionais da cidade", que or sua vez, s€ constiui em excelente mercado consumisor a ser explorado por diversos agentes produtores do espago urbano, Esse subcentro possuiintenso fluxo de alividades comerciais € prestagao de servigos que atrai uma massa muito grande de consumidores. Os consumidores variam ° Os postos de saiide foram implantados a partir dos anos 1980 nesses baliros gracativamente pela ago da Prefeitura Municipal de Montes Claros, como resultado de instrumentos de gestao que objetivava dividi a cidade em regides administrativas visando oferecer aos moradores de diversas regiSes da cidade servigos de gale € descentralizando assim a busca de tals Servicos nos hosptals. " Apresenta uma populagdo residente total de 6279 pessoas referente a 1,82% da populagdo de Montes Claros. (PMMC, 2008). Caminhos de Geogratia Uberiandia. v8.24 —DEZ2007-«p.75-94 Pagina 8+ © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais de moradores do bairro a pessoas que 0 consome quando estao de passagem para outros lugares da cidade, ou ainda, viajantes que chegam a Montes Ciaros. Dessa forma, a existéncia e manutengo esse Subcentro interessa 4 empreendedores, prefeitura e populagao. © Major Prates localiza-se na regiao sul da cidade de Montes Claros, possuindo como limites os baitros Augusta Mota, Morada do Parque, Morada do Sol, S20 Geraldo, Vargem Grande ¢ Canolas. Esse bairro conta com uma area de 759.898,91m2. (PMMC, 2006). Sua localizagao tem sido determinante para o desenvolvimento socioecondmico nao s6 do bairro mas da propria regiao Sul. O bairro possui um sistema vidrio que o articula uma grande volume de pessoas e vefculos para a regiso central da cidade. Entre as principais avenidas de acesso desse subcentro estao 2 Francisco Gastani a Castelar Prates, que assumem um importante papel na concentragao de ccomércio e prestagao de servigos. Nessas duas avenidas principais do bairro, convergem grandes fluxos de pessoas e veiculos. Ademais, registra-se que esse espago também faz limite com a BR 351, que interliga o municipio de Montes Ciaros a Pirapora, no Norte de Minas, @ a Uberiandia, no Trianguio Mineiro, Pode-se depresnder que a emergéncia do bairro Major Prates a condi¢ao de subcentro se relaciona diretamente com a infra-estrutura urbana que tal espaco possui, somados a isso a sua excelente localizacdo geogréfica, 0 dinamismo econémico, 0 grande contingente populacional e, conseqientemente, um forts mercado consumidor Sobre esse aspecto, Pereira (2000, p.97-98) afirma que A descentralzagéo como parte do processo de reestruturagdo intema das, Cidades contemporaneas, cria e recria espagos que se diferenciam pela presenca de servigos e equipamentos urbanos, para atender a sociedade. Os subcentros, nesse sentido também tém sua diferenciagdo e coniguragao ‘espacial baseadas nos atrallvos e nfluéncia dos moradores de determinada area {ue motivarao investimentos diferenciados do poder privado e o recebimentos de servigos puiblicos. O resultado dessa terrtoriaizacao reflete-se nas condigdes de infra-estrutura, atividades comerciais, de servigos e equipamentos urbanos, que Influem na qualidade de vide dos moradores. A partir da renda dos moradores, das condigdes infra-estruturais e da diversidade funcional ali presentes, 0s comerciantes © pequenos empresarios locais investiram nesse subcentro, de forma ue passasse a atender as necessidades imediatas dos moradores e Ihes proporcionasse retorno financeiro. As atividades comerciais @ 08 servigos desenvolvidos tornam-se cada vez mais dinamicos ¢ Variados, aleangando 0 consumo nao somente da populacao do Major Prates, mas também dos bairros adjacentes e da regido. Alualmente, desenvolvem-se nesse espaco alividades de consumo imediato da populacao, como, por exemplo, o comércio de cames e hortifrutigranisiros, juntamente com ramos de atividades mais especializadas e complexas. Dessa forma, academias, farmacias (Figura 2), comercio de calcados e de cama, mesa e banho, casas lotéricas, servicos de transportes © cargas, bem como hotéis e penstes sdo algumes atividades que ilustram 0 desenvolvimento e a potencialidade econémica desse subcentro. A partir do mapeamento da distribuigao do uso do solo, nota-se que a ocupagao no subcentro Major Prates é vatiada, possuindo, concomitantemente, uso comercial @ residencial. Percebe-se que os estabelecimentos comerciais concentram-se ao longo de dois eixes perpendiculares, quais sejam, as avenidas Francisco Gaetani Castellar Prates, formando dois nicleos estratégicos de passagem para a area central de Montes Claros ¢ outros bairros da cidade, bem como acesso para a BR135. Os quarteirées localizados nessas duas avenidas so densamente ocupados por atividades comerciais, notadamente no centro do bairro. Dessa forma, a madida que se afasta dessa area, que é bastante ampla em relagdo a dimensdo total desse subcentro, vé-se a acorréncia de resid&ncias, denotando uma nitida separago entre uso comercial e residencial. O resultado apresentada no mapa 2 demonstra também a ocorréncia, nesse subcentro, de instituigoes publicas, unidades de ensino e salide, templos religiosos e areas verdes. Caminhos de Geogratia Uberiandia v8.24 = DEZ2007 op. 75-94 Pagina 85 (© espago Intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Frana, Beatriz Ribeko Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais Autor: FRANCA, |. S.de/ nov. 2006 Figura 2: Comércio e servigos, Avenida Francisco Gaetani, Major Prates Mapa 2: Uso e Ocupagao do Solo do Subcentro Major Prates, Montes Claros/MG, 2008 Caminhos de Geogratia Uveriandia v8.24 = DEZ2007p.75-94 Pagina 86 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais A partir do mapeamento da distribuigéo do uso do solo, nota-se que a ocupagao no subcentro Major Prates 6 variada, possuindo, concomitantemente, uso comercial @ residencial. Percebe-se ue 0s estabelecimentos comerciais concentram-se ao longo de dois eixos perpendiculares, quais sejam, as avenidas Francisco Gaetani e Castellar Prates, formando dois niicleos estratégicos de passagom para a area contral de Montes Ciaros @ outros bairros da cidade, bem como acesso para a BR135. Os quarteirdes localizados nessas duas avenidas sao densamente ocupados por atividades comerciais, notadamente no centro do bairro. Dessa forma, a medida que se afasta dessa area, que € bastante ampla em relagao a dimensao total desse subcentro, vé-se a ocorréncia de residéncias, denotando uma nitida separacao entre uso comercial e residencial. O resultado apresentado no mapa 2 demonstra também a ocorréncia, nesse subcentro, de instituiges publicas, unidades de ensino e saiide, tomplos religiosos o areas verdes. Nota-se, pois, que, nessa rea, dotada de populacao, infra-estrutura fisica, servigos © comércios Vatiados, inclusive sob a forma de vias especializadas, que séo elementos fundamentais na configuragao dos. subcentros, vem sendo construida uma das mais fortes © complexas centralidades de Montes Claros fora do eixo do nticiso central. Nao obstante isso, é sabido que, em momento algum, 0 nticleo central principal perdeu a sua funcéo de oferecimento de atividades, que sempre Ihe foi atribuida. Em verdade, o que se percebe é a redefinigao das fungdes centrais, ccasionando a criagao de novas centralidades, por exemplo, os subcentros, para atender as domandas das populagdes dos bairros novos que surgiram © daqueles que se localizam na periferia das cidades. A prosperidade/complexidade/dinamismo do subcentro Major Prates deve-se a proximidade com a rodovidria da cidade, com o Montes Ciaros Shopping Center, com a saida para a rodovia BR365 e com a instalagao dé uma boa rede de infra-estrutura basica: agua, luz, esgoto, pavimentacao, telefonia, vias de comunicagdo e circulagao. E, portanto, um espago de acessibilidades, ideal para a manifestagao de centralidades. ‘Sobre a centralidade, conquanto se afigure um principio constitutvo no piano do fespago urbano, é preciso dastacar Incessantemente, que a toca de produtos sempre esteve associada a ela. Os lugares escolhidos para a troca de produtos Ccomumente implicaram situagoes estratégicas. Em outras palavras, a atividade Comercial sempre demandou centalidade, 0 que tambem significa dizer acessibiidade, (PINTAUDI, 2002, p.15) Autor: FRANGA,I-S.d2/ nov. 2006, Figura 3: Vista parcial do Montes Claros Shopping, préximo ao subcentro Major Prates Os eixos de circulago (ruas e avenidas), juntamente com o sistema de transporte coletivos (Gnibus) @ individual (automéveis, motocicletas @ bicicletas), fazem a ligagao do subcentro Major Prates com o nuclee central central, atendendo moradores que se deslocam para outras areas da cidade, a fim de trabalhar, estudar, entre outros abjetivos. Outra tendéncia presente nesse subcentro, de acordo com seu dinamismo ¢ diversidade de Caminhos de Geogratia Uvertandia v8.24 DEZ2007-p.75-984 Pagina 87 (© espace Intrawurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Frana, Beatriz Ribeko Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais servigos, € 0 atendimento a bairros de outras regides da cidade, assim como distritos de Montes Claros. Tal fato ¢ viabilizado pela sua posi geografica, favorecida pela proximidade com a BR 365, que faz com que o Major Prates se destaque como ponto de passagem de pessoas que visitam ou passam pela cidade. Isso denota que a drea de influéncia do subcentro do Major Prates 6 maior, estendendo para bairros vizinhos e a distritos de Montes Claros. A produgao @ reprodugao que se processam nesse espago, todavia, nao inviabilizam melhorias para possibilitar investimentos diversos, 9, com isso, melhorar a vida dos seus moradores, Desse modo, assim como em todo subcentro, detectam-se, no Major Prates, problemas relacionados & moradia, a ineficiéncia ou baixa qualidade dos transportes coletivos, @ auséncia de areas verdes © vias de lazer, dentre outros. Nota-se que os referidos problemas estao associados as necessidades urgentes da populagao, dai a exigéncia de investimentos que proporcionem methorias. © subcantro Esplanada localiza-se na regio administrativa de Interlagos"', zona nordaste da cidade de Montes Ciaros. A regiao Interlagos possui uma populagao de 6.665 pessoas, sendo 3241 homens @ 3424 mulheres, abrigando 2,30% da populagao residente total de Montes Claros. (PMMC, 2006). Um importante fator, que tomia 0 Esplanada um lécus de atendimento a populagao circunvizinha, & a sua étima localizagao, servida por um sistema vidrio com excelentes vias de acessos, a saber Avenida Dulee Sarmento, Avenida Magalhes Pinto e Avenida Deputado Plinio Ribeiro Tais avenidas possibiltam 0 acesso do subcentro Esplanada a bairras vizinhos e se apresentam como espacos de expressivo desenvolvimento de atividades econémicas, tais comosetores de autopecas, offcinas, automobilsticas (Figura 4), algumas industrias (Fuji - fébrica de componentes eletrénicos, Coteminas, Denver - fabrica de eletrodos, Florevale - empresa de tratamento de madeiras), alguns servigos relacionados a transportes, concessionatias, locadoras de automéveis @ lojas de revendas de auto-pecas, essas ultimas na forma de vias especializadas. Na avenida Dulce Sarmento, destaca-se a recém implantada concessionaria de veiculos da marca Mitsubish Todas essas atividades econdmicas e prestagao de servigos influenciam a dinamizacao do subcentro Esplanada, Aulor: FRANGA, |. S.de,/nov, 2006 Figura 4 - Vista parcial de empreendimentos na Avenida Deputado Plinio Ribeiro, subcentro Esplanada Em fungao de sua boa localizagao, viabilizada pelas vias de acesso que circundam o Esplanada e @ ragiao em que se situa, notadamente os acessos as rodovias BRs 251 e 135, essa area tornou- se propicia a uma forte @ diversificada exploracao comercial, embora seja uma regio com 4 regido Administrativa do Interiagos & composta pelos bairros Esplanada do Aeroporto, Santa Laura € Guaruja estando localizada na regigo Leste de Montes Clafos, limitando-se oom os baltros Vera Cruz, Ipiranga, Carmelo, Independéncla, Jardim Primavera e JK. Essa regio conta com uma area de 1.783,032,00 m2. (PMMC, 2004) Caminhos de Geogratia Uberiandia v8.24 DEZ2007 op. 75-84 Pagina 88 (© espago Intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Frana, Beatriz Ribeko Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais populacao de baixo poder aquisitivo e baixo padrao de moradias. Essos fatores possibilitaram um processo do instalacao de atividades econdmicas @ diversidade de servigos, transformando a area numa importante via comercial, com eixos de circulagao ¢ avenidas de facil acesso a0 consumo de moradores do Esplanada e da regio, bem como de toda a cidade, A partir do desenvolvimento da pesquisa empirica, com a abservacao da dinamica econémica do subcentro, além do levantamento dos estabelecimentos comerciais @ de servigos, verifica-se que ‘esse subcentro apresenta uma configuragao espacial baseada em concentracao de comércio © servicos, notadamente atividades de consumo imediato da populagao do Esplanada @ suas proximidades. As atividades econdmicas desenvolvidas contribuem para que os servigos oferecidos pelo subcentro Esplanada sejam consumidos por moradores de bairros adjacentes, como, por exemplo, o Santa Laura, o Vera Cruz, 0 Independéncia, 0 Alcides Rabelo e o Monte Carmelo, entre outros. Veriica-se entao, que esse subcentro possul estabelecimentos comerciais @ de servigos em diversas modalidades. —— ia, Caminhos de Geogratia Uvertandia. v8, (© espace Intrawurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Frana, Beatriz Ribeko Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais Examinando a distribuigao do uso do solo © da constatagéio da pesquisa de campo, 0 mapa 3 revela a oxisténcia de uma mancha mais densa de atividades comerciais @ algumas poucas residéncias na Avenida Coronel Coelho, que 6 a principal do subcentro, constituindo acesso para © nticleo central © para os bairros que compoem a regiao Interlagos, Tal mancha vai se ‘expandindo em diregao @ acompanhando o trajoto da Avenida Deputado Plinio Ribeiro, onde se constituem as vias especializadas. As atividades concentradas nessa avenida sao, predominantemente, voliadas para 0 comércio de autopecas e equipamentos de veiculos, concessionérias automotivas e oficinas mecénicas. Essa avenida representa o espago comercial especializado de maior projegao nesse subcentro, 20 passo que a ocupagao residencial marca expressivamente as outras quadras do Esplanada, nao restritas as avenidas Coronel Coelho & Deputado Plinio Ribeiro. Dessa forma, coexistem, nesse subcentro, juntamente com os usos residenciais ¢ comerciais, instituigdes publicas, templos religiosos, garagem, quadra pollesportiva © areas verdes, Ademais, existem nesse subcentro importantes vias especializadas, onde se formam fluxos de pessoas 8 circulagao de capital em dirego ao comércio de pegas automotivas @ servigos que ali se desenvolvem (Figura 5). Pade-se atribuir a essas vias especializadas o papel de estimular € consolidar uma forte estrutura comercial, a partir do subcentro do Esplanada ¢ da area de sua polarizagao. Aullor: FRANGA, |. S.de, nov. 2006 Jura 5: Av. Dep. Plinio Ribeiro, subcentro Esplanada, via especializada automéveis, tratores, pegas automotivas ‘As vias especializadas ou de servigos constituem outras formas de expresséo da centralidade Urbana, também conhecidas como desdobramento da area central. Esses espacos se diferenciam da expansao da area central ou dos subcentros por nao serem éreas continuas @ de expansao geografica a eles. Ao fazer referéncias as vias especializadas, Ribeiro Filho (2005, p.4-5) acrescenta que Os desdobramentos so areas que caracterizam pela especializagao de servigas, lazer, empreserlal e financeiro. So areas que ndo se reproduz atividades tipicamente centrais, mas de selegdo de algumas destas, “Dal, a Caracterizago do processo como de desdobramento da centraidade (ao inves de reprocugao da localizagso das atividades centrais em menor escala, como 0 que se observa nos subeentas), coma se o centro se multiplicasse, desdobrando.se especializadamente em outros elxos da estrutura urbana, E do se registrar que as Avenidas Deputado Plinio Ribeiro 6 Coronel Cosiho representam, no subcentro Esplanada, os espacos comerciais de maior dinamismo da atividade econdmica e onde ocorre a maior circulagao de capitais, mercadorias e fluxos de pessoas, constituindo os locais de maior expressividade © consumo do subcentro. A Avenida Deputado Plinio Ribeiro concentra servigos automotivos @ de pecas © acessérios para automdveis. Jd na Avenida Caminhos de Geogratia Uveriandia v8.24 = DEZ2007 75-84 Pagina 90 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais Corone! Ribeiro desenvolvem-se atividades ligadas ao comércio de produtos para consumo da populagdo, tais como, bares, sorveterias, locadoras de filmes, padaria, agougues, lojas de vestuario € calgados, entre outros (Figura 8). ‘Autor: FRANGA, I. 5.de /nav. 2006 Figura 6: Estabelecimentos comerciais nas avenidas Deputado Plinio Ribeiro e Coronel Coelho, subcentro Esplanada ‘A maior parte da Avenida Deputado Plinio Ribeiro, delimitada pelas Avenidas Dulce Sarmento Governador Magalhaes Pinto, localizando-se nas intermediagoes do subcentro Esplanada, retine, majoritariamente, estabelecimentos de comércio e servigos especializados ligados ao comércio de guindastes, autopegas e acessérios para automévels € tratores, pneus € radiadores, toldos soldas. Dentre esas instalagdes empresariais, algumas podem ser destacadas, a saber: as concassiondrias Ford Crevac, Tratores Massey Ferguson, Tratores New Holland, @ Caminhoes Mercedes Montes Claros Diesel. Faz-se importante ressaltar que as atividades econémicas @ de prestacao de servicos oferacidas nessa avenida atendem a um mercado bastante amplo, que nao se resiringe ao subcentro Esplanada e sua area de influéncia; pelo contrario, abarcam toda a Populacao montesclarense, bem como muitas outras cidades que buscam esses ramos de servigos mais especializados. Ja a Avenida Coronel Coelho 6 via de acesso para os bairros circunvizinhos @ para a propria Avenida Deputado Plinio Ribeiro. Verifica-se nessa area uma maior concentracao de estabelecimentos de comércio @ servigos, com a presenga de clinicas odontolégicas, oficinas, apelarias, farmécias, locadoras, lojas de material de construcao, salves de beleza, sacolées. acougues, padarias e bares, dentre outros. Na visao de Segadas Soares (1968), 0 surgimento de subcentros se relaciona justamente com a expansdo urbana das cidades, que aumenta as distancia e leva os moradores dos baitros, que buscam mercadorias © servicos nao especializados, a procurarem estabelacimentos mais préximos. Ribeiro Filho (2004) apresenta algumas medidas que podem ser tomadas visando a melnoria de Vida da populagaio que reside nos subcentros, a partir da interveneao estatal Altravés das diferentes agdes e estratégias dos agentes sociais no espago urbano, verifica-se um processo continuo de (re)pradugao da cidade. A intervencdo do Estado 6 mais complexa e varidvel, dependendo pela forma adotada que pode ser pela elaboragao de leis, implantagao de infra-estrutura urbana, loteamentos populares, construgao dos conjuntos habitacionais, ou remogao de favelas, entre outras medidas. Assim consolidam-se ou sao alteradas algumas fungoes prioritérias do espago urbano, inclusive as transformagges referentes a0 comércio € servigos em diversas areas da cidade, (RIBEIRO FILHO, 2004, p.140), Dessa mansira, 0 estudo dos subcentros pode contribuir para uma melhor compreensao da Caminhos de Geogratia Ubertandia v8.24 © DEZ2007 op. 75-94 Pagina 91 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais dindmica desses espacos e de seu papel no contexto das cidades médias. Torna-se imperativo 0 plangjamento adequado e responsavel, 0s investimentos publicos e privados visando a atragao de formas de comércio e servigas e a melhoria das condigées de vida nesses locals. CONSIDERAGOES FINAIS A expansao urbana das cidades médias se associa ao marcante processo de urbanizagao © crescimento urbano que elas t&m experimentando ao longo dos anos. Em conseqUiéncia disso, 0 espaco intra-urbano de tals cidades foi modificado a medida que sua produgao e estrutura produtiva se transformou A reprodugao do capital associada & demanda de consumo da sociedade refleiu na descentralizacso econdmica e no desenvolvimento de atividades e novas formas comerciais no interior dos centros urbanos. Assim sendo, na maioria das vezes, a atividade econémica buscara um campo para seu desenvolvimento que feuna aspectos favoraveis a sua reprodugo, tals como: grande adensamento populacional, acessibllidades e boa infra-estrutura urbana. Esses aspectos Mmativam e implicam em aumento de consumo das populagdes urbanas. Em Montes Claros 2 expansao urbana potencializa 0 surgimento @ fortalecimento de novas centralidades, os dois subcentros aqui analisados, Major Prates, Esplanada @ as vias especializadas, constituem exemplos dessa realidade. E a partir da dinamizagao de espagos estratégicos que as cidades potencializam suas fungdes urbanas, através das quais essas se configuram como lugares favoraveis & ocupagao © lovalizagao de atividades diversificadas. A cidade de Montes Claros vem passando por importantes transformagoes socioespaciais, dentre as quais a redefinicao de sua centralidade. Apesar do centro principal desempenhar um jportante papel na economia da cidade, j4 que acumula maior variedade e especializacao de atividades que nao se encontram nos baitros, veriica-se uma tendéncia a constituigao de novas centralidade em Montes Claras. nucleo central constitui-se hoje em um espago marcado pelo declinio do uso residencial, se consolidando como area de comércio e prestacao de servicos. Foi no interior desse processo que a atividade econémica da cidade se descentralizou, originando novas formas de comércio e dividindo com as novas éreas comercials ~ como os subcentros, @ localizagao de atividades terciérias, notadamente aquelas de consumo imediato @ em menor oconéncia, algumas especializacdes, Nessa perspectiva, espacos como Major Prates ¢ Esplanada se configuram como importantes novas centvalidades no interior da cidade de Montes Claros, que vem assumindo uma forte polarizagao nas regides em que situam. De um lado, 0 subcentro Major Prates marcado por grande diversidade © especializagao no oferecimento de comércio @ prestacao de servigos, além de um atendimento que nao se restringe a polarizacao da populagao local, mas também regional ‘que busca consumo de comércio ¢ servigos. Por outro lado, veriica-se no Esplanada um modesto subcentro em formagao que se individualiza pela ocorréncia de vias espacializadas que estabelecem fluxos @ usos para as diferentes areas de Montes Claros © com isso, atende uma clientela regional. Este subcentro possui uma menor civersidade funcional ¢ clientela atendida se comparado ao subcentro Major Prates. Sendo assim, duas importantes areas econémicas do espaco urbano de Montes Claros que ilustram 0 processo de expanséo urbana da cidade e a consolidagao desse nucleo como concentradar e polarizador de atividades comerciais e de servigos, no somente no seu interior, mas de uma vasta regio que & o Norte de Minas Gerais. A analise do proceso de produgao € reprodugao do espago urbano de Montes Claros atrelada a descentralizagao econémica @ as novas centralidades permite a compreensao da dinamica espacial € socioeconémica dessa cidade média. Processo esse que se apresenta em continua transformagao e que merece ser estudado pela geografia urbana, que com o resultado de seus estudos pode contribuir com politicas de planejamento para as cidades elevando a qualidade de Caminhos de Geogratia Uveriandia v8.24 DEZ2007-p. 75-984 Pagina 92 (© espace Intrawurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Frana, Beatriz Ribeko Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais vida de seus habitantes, REFERENCIAS AMORIM FILHO, ©. B., BUENO, M. E. T. ¢ ABREU, J. F. Cidades de porte médio o programa de agdes sécio-educativo-culturais para as populagoes carentes do meio urbano em Minas Gerais. Boletim de Geogratia Teorética, Rio Claro — SP, v. 2, n. 23-24, 33-48, 1982. AMORIM FILHO, 0. B. Cidades médias e organizagao do espago no Brasil. Revista Geografia e Ensino, Belo Horizonte: n? 5, p.5-34, jun. 1984. AMORIM FILHO, O. B.; SERRA. R, Evolucao @ perspectivas do papel das cidades médias no planejamento urbano e regional. ANDRADE, T e SERRA (args). Cidades médias brasileiras. Rio de Janeiro:IPEA, 2001, p.1-34 ANDRADE, T. A. © LODDER, C. A. Sistema urbano @ cidades médias no Brasil. IPEA. Rio de Janeiro: IPEA/INPES, 1979. ANDRADE, T. A; SERRA, R. V.; (Org.). Cidades médias brasileiras. Rio de Janeiro: IPEA, 2001. CORREA, R. L. A Rede Urbana. Sa0 Paulo: Atica, 1988. CORREA, R. L. 0 espago metropolitano © sua dindmica. Anuério do Instituto de Geociencias da UFRJ, 17. Rio de Janeiro, 1994, p.24-29 CORREA, R. L. Rede Urbana: reflexies, hipdteses © questionamentos sobre um tema negligenciado. Revista Cidades. v.1, n.1. 2004. p. 65-78. FRANCA, |. S. de. A cidade média e suas centralidades: 0 exemplo de Montes Claros no Norte de Minas Gerais. Dissertacao de Mestrado em Geografia. UFU — Uberiandia, MG, 2008. 2401. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA — IBGE. Censo Demografico de Montes Claros. Minas Gerais. 2000. INSTITUTO DE PESQUISA ECONOMICA APLICADA (Coord. geral), Caracterizagdo da atual configuracao, evolucao @ tendéncias da rede urbana do Brasil: determinantes do processo de urbanizacao e implicacées para a proposicao de politicas piiblicas. Mimeogratado, Brasilia, 1999. MENDES, C. M.; GRZEGORCZYK, V. Centro, Centralidade e Verticaizagao em Maringa.. In MORO, D. A. (org.) Maringa Espaco e Tempo. Ensaio de Geografia Urbana. Marings: Programa de Pés Graduacao em Geografia - UEM, 2003, p. 89-126 NAVARRO, N. A. Hospital de Base e a Formacéo de Subcentras na Zona Sul de Séo José do Rio Preto (SP) - 1950-2000. 2005. 151 f. Dissertagao de Mestrado em Geografia, UFU, Minas Gerais, 2005. PEREIRA, A. M; LEITE, M. E. A expansao urbana de Montes Claros @ a questao da centralidade: otas para reflexao. Anais do V Encontro Regional de Geografia: Regiéo e Lugares: Novos Tempos, Outros desafios, Montes Claros/MG, Outubro de 2004. CD-ROM. PEREIRA, S. R. Subcentro e Condicées de Vida no Jardim Bongiovani ¢ Conjunto Habitacional Ana Jacinta ~ Presidente Prudente - SP. Dissertagao de Mestrado em Geografia, UNESP — Presidente Prudente, SP, 2001, 194 F PINTAUDI, S. M. A cidade @ as formas do comércio. In: CARLOS, A. F. A . (org.) Novos Caminhos da Geografia. Stio Paulo: Contexto, 2002, p. 143-159. PONTES, B. S. As cidades médias brasilelras: 0s desafios e a complexidade do seu papel na organizagao do espago regional (1970). Boletim de Geografia. Maringa: UEM, n. 18, p. 1-27, 2000. RIBEIRO FILHO, V. A configuracao da area central de Manaus e sua dinamica recente. Tose de Doutorado, Universidade Federal do Rio de Janeiro — UFRJ, Programa de Pés-Graduagao em Geografia ~ CCMN, 2004. 236. ROCHEFORT, M. Redes e Sistemas: ensinando sobre 0 urbano ¢ a regio. Sao Paulo: Hucitec, Caminhos de Geogratia Uveriandia v8.24 DEZ2007 op. 75-84 Pagina 93 © espago intraurbano de uma cidade media e suas lara Soares de Franga, Beatriz Ribelro Soares centralidades: uma analise de Montes Claras no norte de Minas Gerais 1998. SANTOS, M. A urbanizaedo Brasiiira, Sao Paulo: Hucitec, 1993. SANTOS, M. Economia Espacial. Sao Paulo: Edusp, 2003. SCARLATO, F.C. Revitalizagao do centro antigo ~ 0 espago da meméria de Sao Paulo. In CARLOS, A. F_ A; CARRERAS, C. (org). UrbanizagSo ¢ Mundializecdo: estudos sobre a metropole. Séo Paulo: Contexto, 2005. p.130 a 136. SOARES, B. R. Repensendo as cidades médias brasileiras no contexto de globalizacéo. Presidente Prudente (SP): Pés-Graduagao em Geografia — FCTUNESP, n. 6, 1999, p. 85-68. SOARES, B. Rs BESSA, K. C. F. 0. Especificidadss da urbanizagdo nas areas de cerrado Brasilsiro: a importancia das cidades médias. Mimeo, 2000, SOARES, B R; BORGES, G. V.; BESSA, K. C. F. 0. Dindmica sécio-econémica das ‘cidades locais" situadas em areas de cerrado mineiro. Caminhos da Geografia, hitp:www.ig.ufu.br/ volume S.ht, 5,1. 3, 2001. SOARES, 8B. R; SILVA, L. V. 0. da. Transformagées sécio-espaciais nas cidades médias dos cerrados de Minas Gerais. p.01-26.In: Il Encontro Interno de Iniciagao Cientiica © VI Seminario de IV, 2002,, Uberiancia. Anais, 2002. v.1.p.390-301 SOARES, B. R.; MELO, N. A; LUZ, J. Cidades médias: A importéncia da dimensao regional na analise da cidade média goiana. In: VI Encontro nacional da ANPEG, 2005, Fortaleza. Anais. Comunicagoes Cieniificas @ Coordenadas, 2005. p.1-13. STEINBERGER, M. @ BRUNA, G. C. Cidades médias: elos do urbano-regional @ do pablico € privado. ANDRADE, T @ SERRA (orgs). Cidades médias brasileiras. Rio de Jansiro:IPEA, 2001, p. 35-78 VILLAGA, F. Espaco intre-urbano no Brasil. 2°. edig0. S40 Paulo: Fapesp, 2001 Caminhos de Geogratia Uberiandia v8.24 —DEZ2007-—p.75-94 Pagina oF

You might also like