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rye li 6 «> ESCOLA PUBLICA ~ CONTEMPORANEA Giberto Luiz Alves* ‘As quatro teses que intogram este ensaio contém apontamentos prebiminares para a oleboragéo Ge uma Uiséra da eacola pibicn de educagdo ger. Homa hstéie Se ac que ainds néo fol esorite. Sue originaildads oonelote em hee ee eee Be eae Drodugso material pratire lets (sails os Uterclnantee ‘GASSES Ge niverealizayaa ce inetigto escola. ‘luat Sactcl tegu,cetre whe a Vegatess ee concise ‘ebelho dldsilo, que aoompenhs eeso univorsallanso- 8 reir, aca da hinge coral dominarte cemea modaldade ‘ Ge coon no ¢poce hegemonizada pelo capital Hnancelr, ALA cuja esséncia é dada pelo parasitismo. Por fim, a quarts € . Whuna tese aborda @ crise qus tinge a reprodugio material 4a coool, ex nosso tempo, por forge Ga onae mals gorel do captaisme. Pasavras-dhsve:Sccedsde capitalise; Hlatrla a eduoagso, Becoie pabiton ae foun theses that aro included in this essay contasa preliminary indlostions towards an olabarstion of 8 history” Of general education of publle schooling. I le @ history ill to be written, Ite originally consiata ia priortzing a ‘point of view fooussing en this matertal production. The inst tnosis discusses tao determinants of the prooses of “Professor de Fundamentos Hisiérioo. unfversaization of schooling as an insfestion ‘he savoad ‘losdtiecs da duoapdo.n0 Curso discourses on the vulfarization of didactic materie! do Mesirado om Bduoagdo do accompanying this universalization. The third treats the Centre de Giénaiag Humanss ¢ doaainant social function of this type of setoo! in an age Socleis/UPAS, where Anunola? cepa hao absolubs hogomeny ancl whose cccence ie panactiter Conan the firth and tat hen Iustragoes de antonio Carlos Gisgusses the crisis that las attained tie material MIGOLDHLO, charelsts do Dol. reprecuetion of the shoo, in ou tle, on account oF te Golaborador da Revista Vale ® general arisis of capitalise, Contratedo do Cartoonists é Writers aywordis: Capitalist society, Kstoruy of Bdvestion; Public ‘Syndicate de Nova lorque Sur INTERMEIO 2 - Revista do Mestrado em Educagdo - UFMS © ponto de partida para, a fundamentaggo dessa tese 6 a discuss acerea da Revolugao industrial, realizade por Marx em 0 CAPITAL (2988: 425-579). a0 expor as consequéncias Sosiais decorzentes do emprego da maquineria moderna, evidenciou, entre outras coleas, @ quebra, da resisténe\a do trahalhadas mascull | no qualificado frents ital. Devav-se esse fato a0 processo de divisdo do trabalho impos. to pela maquina, que fez culminarem, igual mente, as tendéncias indissoliveis de objetivagdo @ de simplificagao do trabalho ~'Por forga da simplificagdo do traballa, oxor- INTERMEIO 2 DE COMO 0 LIBERALISM ESCAMOTEOU O DESEMPREGO INFANTIL HASTEANDO A BANDERA DA DEMOGRATIZACAO DA EDUCAGAO. rou a inconporagio maciga de mulheres @ ori- angas a produgao. A depauperacéo dos salaci 0, causaida pela grande oferca de forga de tra boalho, os ambientes de trabalho infectos, carac teristicos desses tempos orgidsticos do capi. tal, dsterminaram no somente a sujeicdo co trebathador masculino quatificado mas, tam: bém, a emergéncia de um oritico quadro de mis: a 2 nace. fee, B o que se revela cristalino n&o somente Ha obra maior de Marx mas, igualmente, no cldssico de-Bagel>A SITUAGAO DA ord RABATHADORA EM INGLATERRA (1975) A fase histérica que se sucedeu foi marcads pelo provesso de reagao dos trdbathadae 785, OWES lu tas amadu reosram pa- ralelamente ao recrudeso! mento dae disputas in. tornas, trava- das entre di. forentes fra. \ ebes da bur- guesia. A le, aislacdo soot| /) la al inglesa dol/“ século XIX, / om. grande| fjyi% parte, fol of/7" / produto dal ~le¥ ascendente|+ lute dos tra balhadores © dos combates 7 Revista do Mestrado em Educegto - UFMS testinos da burguesia, Contodo, 0 capital, na (Fas8 competitive do capitalismo, sempre se moven pela necessidade ae reprodicie predomi, ppantomente a rigueza soclal, isto €, pola ne. fcseidanin tn ogpocdisasr open here, Imotivagso da sentido as turtas dea eapisalic fl sha mpticagls dos Spee Aa ee cola, que ia sendo produzida em mig BS is Bis wen exemplo stusidativo. um primelro momento, 2 maior boneholéria G0sse logele. cao foi a crianga. Ao dentnclae e as prossioes de ordem moral contra a exploragic desonire. 1 Sb Gast thos tatinincerba de feslatee oes :! industria, colaboraram no sentido de ser pro- uzido urn conjunto de norma que seduwis, progressivamonte, jornada de iabaiho int Hantie tornava obrigateria a escolesizaalo das cnlangas trabainadoras, caje finaasamento ecrtla Por couta, dag emgrosar eagiclisae Porem, 0 Gapital decompress: tabeihadees auando incorpora tecnolode mais avanease rodupso. Como secas conquistas sooieis tor havam mais cara a forge de trabalio darian a, determinaram, ex godulde, a tondccln Go detroments soar, ca oe tata: mmagoe Explica-so, pais o trabalhador adulio tanto 6 do saxo masculine quante © do soko feminine “‘maantinna-se desprotegiao frente 8 ist Loge, vido por tueros, 0 burgues podemia liviaeee YWexplorélo, ac coltrario do que ocorria com a crlanga t ‘trabainadore, Em relagéo ao traba- IRESEEAISD,f Fetho do eapiato'nas So Wisin ceroeadce por Baan race te STaDBIRD ou compromisso Ge Tarctamentc ace Es nae tomcat e [Wabathedo? Infantil, como nesulRano te thre- ao Social gIeee Resumindo, ¢.desenvolvisienie tecnologio, a0 sor snsoepenede a pOenae Sea ce excoludedtie, ito &-Tbere tate doe trabaines |, |aores empragedes nas tébnines onde ae dio pp \incwanose, Come Gennertineia’ da waloriesgio 1?” |aa torga de trabatho infantil, no intenion desse movicnecty efad, ef auisngen edencioresne ne, Sendenglatneri, e tabatho da (Produgao/Esiava definitivamente euperada thos dos trabalhadores eram sindnimos de cri- angas de fabricai. 8 como os seus pals trabalha- vam, poderia parecer que estavam criadas as condigdes materiais para angas de rua. Nao foi 0 qu condigses materials, a0 jana” cApua Marx, 1988: 87) 8 noiais vitimas do proceso de expulsto ds vre para essas criangas, realmente poderiary ias tornado desocupadas. Atuando num sex ldo antagOnico, porém, a escola colocousd come alternativa para ocupar 0 tempo vr do jovem trabalhador, enito desempregade ‘Tendenciaimente, a exorlanga do fabrics, e_ metamorfosearia em crianca de escola. A es. “cola transiormou-se ao constituir-se numa ins-, titulgdo social que prometia atendon além doe flhos dos eapitalictas, também aos’ flhos ne. cér-desempregados dos trabalhadores. Meese instante ganbou forea a propost banguesa de escola tina, Le grata ta, tal como fot formulade'Pelo eacolanorismo Mesino que perseguindo motivacies. diferen tes, as plataformas politico-educacionals de trabaihadores'e bungueses passavam a con vergir para a consecugéo do mesmo resulta: War acuccmsone a ances | roivindioada pelos trabaliadores, que sepire || vam para seus fiibos a alandeada formagie humanistico-cientifioa sla associada, nesse | now estgio 0 estabelecimento do ensino tor ‘ou-se, pare o capital, ndo mais algo que rou- | | | | ava parte do tempo de trabalho qué poderia ser Fealizado pela crianga. A crianga traba- ihagora;-enteo-tesetapredada, dispunha de tempo livre para a educagso. Complementarmente, para 0¢ pais trabalhe- dores, o surgimento de uma institulgda que cuidasee de sous filhos, enquanto trabaihavamn, ere desejavel. Wao ha como negar que a nova escole, foi produzida, também, para atender essa demanda. B, como familias proletdrias,\ em face da situagao de pontnia que marceva a existéncia da, classe trabalhadora, encontra- vam dificuldades para pagar diretamente pe los servigos prestados pela instituigso escolar, amorgiu a necessidade de cua publisizacdo, ac. sim como da gratuidade dos servigos que pres- tava, Desa forma, no ambito da sociedade bur. guesa, 2 escola deixou de ser uma instituicéo freqilentada exclusivamente pelos filhos da burguesia, dos gorentes de sous nogécios, doo funclonarios do Estado, ete. Ao chegar tam- am & classe trabalhedore a, escola tornou-se Jsto natural da produgte dear cae podoe tom ‘ago fecundo:o esi lle que ciglas movie pees Ista, por éle desorito com extrema rigor clentifico sta, DOF le desorito ccm extremo rigor cientific 10 Quando a escola nova burguesa chegou aos trabalhedores, 0 contetdo da, escola tradicio- nal, apeser de ser 0 sou ponto de partida, fol subvertido de uma forma tal que a dita forma- 40 humanistica, caloada no érivium e no qua- drivium, assim como a formagao clentifiea, fe- cundada no desenvolvimento das cléncias mo- dernas, passaram por um processe de Gesvitalizagéo progressiva até submergin numa mera apglogia da dominagto do capital. A esco- lu, nesse sentido, zeompanhow 6 movimento de decadénais ideoldgica burguesa, j4 antecipado no Fosfiicfo da 2* ed. de 0 CAPITAL (Marx, 1988: 8-17), © estudado mais a fundo, pos- INTERMEIO 2 - Revista do Mestrado em Educagéo - UFMS "Go, tmplicou a propria universal Binalizando, a untversalizacdoda escola nova. burguesa, ao estabelecer a unidade do conten. io desse conteiido. Dafa emergencia eitos como “escola comuim ou escola tinlca QAANIFESTO DOS PIONEIROS DA EDUGAGAO Ne EDUCAGAO NOVA In Ghiraldelli dz, 1990: 62), para expressar as caractonisti cas que passavam a singularizar a soi faoe-do modelo escolar dualista do passado. -TBS0OH ova bunguesa torholae escola comum vols desliiouse & todos, filhos de burgueses e de-trabalhariores. Torfiguae também escola tini- anteriormente dirigidas aos filhos dos-traba- Thadores ~e a formaeao humantstico-cientifica Sais enti resicita ans Hlbas dos divi a SocistigMs- Para tanto, nesse novo patamar da historia humana, a escola tinica lastreou a uni- dade de seu plano de estudes os contetidos do eich do quadrivium, eel nos conted- ios humanistioos e otentificdy DE COMO UNIVERSALIZAR O CONTINENTE DESPROVIDO DE CONTEUDO. auip. | © provesso de“WSgFadagéo dos conteidos aaatigos da escola burguesa pode see revelado So Como parEmetro as Reformas Powbalinar Ja Instrugdo Publi, rellzagéo no reine portog. 6s dos ideais iluministas, e o Seminario de Olinda, arrojada experiéncia pedagégica idealizada e implantada pelo Bispo Azeredo Coutinho na pas- sagem do acolo XIN para 0 séoulo XIX, vere. y mos que 05 cldssices fecundavam 0 trabalho ~ didatico e davam consisténcia & formagio dos estudante: oT i | | | | Dols documentos, relacionados no 4pandice Documental da. obra & REFORMA POMBALINA, DOS ESTUDOS SECUNDARIOS NO BRAST., ela- borada por Antonio Alberto Banha de Andrade, evidenciam esse fato. Tanto as Mnstruopoens para os Professores de Grammatica Latina, Grega, Hebraica e de Rhotories, ordenadas @ smandadas publican, por EI Rey Nosso Senhor in; Andrade, 1978: 168-82), de 1759, como a Meméria dos livros aconselhavels ¢ permiti- dos para o Nova Método Cin: Andrade, 1978: 165-6), patenteiam a intengao de assentar 0 plano de estudos, basicamente, em obras clés- sicas. Entre os autores preconizados destacam- se Aristoteles, Cicero, Quintiliano, Deméstenes, Tito Livio, Salistic, Santo Agostino, Camaes, ‘Verney, Teréncio, Plauto, Herédoto, Kenofonte, Teofrasto, Luciano, Tucidides, Homero, Virgilio @ Horacio, entre outros/Tendo come fonte de inspiragdo 0 Ideario pombalino, o plano de es- ‘sados do Seminério de Olinda levou a pratica 0 que nesses documentos 86 aparecia como de- terminagdo normativa (ESTATUTOS DO SEMI- NARIO DE CLINDA, 1798: 46-66). Deve-se acrescentar, ainda, que a esses estudos soma- vam-se contetides das ciéncias modernas, em especial de fisica, de quimica e de historia na- tural. A reapropriagéio dos cléssicos no Semi adrio de Olinda nao representava, portanto, uma volta pura © simples a passado, A recu: peracao de uma tendéneia marcada pela tole. rAncia politica na selegso de contetides cldssi- cos estava associada 4 inclusdo das farramen- tes com as quals a burguesia vinha operando o dominio do mundo material, ¢ Os manuais didaticos, nessa fase, segundo estudes reslzades na obra O PENSAMENTO BURGUBS NO SEMINARIO DE OLINDA: 1800- 1836 (Alves, 1993: 105-49), eram somente recursos auxiliares, no interior do trabalho didatioo, @ néo elementos organizadores ¢ hierarquizadores das operagses nele oxecuta- das pelo professor. Com a universalizagao da, escola bunguesa mudami 0 quadro € a Crtus— meti ae tr aes Sasi a rar o trabalho didié -tigo, de Yorma a dar inicio a um progreseivo proceso dé desqualificacdo do professor. Na sua forma exterior esse processo ainda tem mais correspondéncia, com aquele ooorrido com © artesdo na manufatura, pois no aleangou, nesse momento, o grau de agugamento cbser- vado na relagdo entre trabalhador produtivo e maquina moderna, Nesta, o trabalhador produ- tivo j& hala, se reduzido a mero apéndive de _adguins, 0900 tore suberdinadsoaed fick ~as, a0 “governo” de sous "tersivele mo. ‘vimentoo” continuos 6 uniformes (Mars, 1938 468 © 471).0profascor, contudo, frute de uma ova relagéo-som oa inetrumentos do treba tho, estava comegando a submeter-se a um pro- so que, tendencial & ‘adativamenté, iria restringir as suas habilidades @ 4 sua autono- inla, Os Instrumentos de trabalho, enearisdos ioe tanuals, comooavamn a dominérlo 6 « dat a tonice ao trabalho diadtice ‘A-conquista da escala pelo trabathadon nes- se momento, também Truto de suad Iutag oon. tra. capital, terminava por revelar uma face ~insaperada. Os trabalhadores, por certo, rei- vindioaram a escola convictes da importéneia 6g formagdo huanishies-crentifica-pare-fous Ge: ota pivcsioga Uo Uae 0 wae 4 Et, SHED Teieoootavs, animauateents GA io A aprouriagta do-saber. Con chegou 208 trabalnadores ‘Beus contelidos satneram, ad Masiny Tempe. ‘um processo de delida asseusla, Assim, 1 HRESaGA, por melo doles, « Poesiblidade Sor TONar dif GADInanoree! Salone A anc dade em que viviam 6 0 cardter historieo das Telagdes a que ee eubmetiamn no trabalho, Isto 6, viramee tolhides ao nfo entendimento da historicidade do modo de produgaa, que-os con. denava a produair a riquese sem dela retires HOUSE & BOHAINEAde dle Sa edamhonnen como homens. 0 processa de esterilizagdo do conheoimento, emprsendido nessa pascagem di eioola tradicional bargussa. pares dee3la ‘avg, To doomentads por Bago om A SIT. AGAO DA CLASSE TRABALHADORA EM 1M. GLATERRA. Iniolalmonte, opds a sprovagto da cbrigatoriedade de ensivo para os fines dos trabaihadores, a constatagdo da bungucsia era a da Impocsibitidads de cumprir a Jel segundo (ik Resi dadeBdaleaain ‘Por qual en, gar _que a crianga era produtiva. Para fanto-suoy tudo, 6, “como conciliar essé tempo devatado pela cri| ‘Bigs go rabaiho com aquele que deveria ser| aplicado a0 ensino? A criativa alternativa, Be ir@uesia para dar cumprimen-. to & norma, fol a instalagio de escolas noturnas| 6 dominicais. Blas n&o disputariam o tempo! da crianga com o trabalho, durante a semana. Como as préprias denominagies evidenciam, a crianga trabaihadora frequentaria a escola, somente a noite e aos domingos. Para complementar a farsa, ocorreu, paralelamente, a subversao dos contetdos di- Gaticos. Colocada nas maos da religiao e de INTERMEIO 2 - Revista do Mestrado em Educagdo - UFMS YS 14 suas seitas/as escolas noturnas e dominicais passaram a exereer, pura e simplesmente, uma fungdo catequética, desvinoulada de quaisquer compromissos com as habilidades de ler e es- erever. De fato, o que se desenvolveu foi um | simulacro de escola. %C..). Em parte alguma existe frequéncla escolar obrigatéria. as proprias faibricas isso fo pasea duma palavre, come veremos. Quan do o governo quis, no decurso da sessdéo de 1845, fazer entrar em vigor esta aparéncia de escolaridade obrigatéria, a bungussia “dustrial Opos-se-Ite con todas a torpas, 0 domi que os irabalhadores 6 Tvassen onad podem rraquentar a escola. ‘Porque a5 est0las noctunnas, onde devem ir 05 que trabatham de dia, quase no tém elu- os @ estes no tiram delas proveito algum. Wa verdade, seria pedir demasiado acs jovens operdrios que se estafaram durante doze ho- Tas, que aif Tose 4 oscdla das 8 as 10 da Hote. 05 que 1s -Vao, al adormecem 3 malar arte das vezes, como constataram centenas de tostemunhos no Children's Employment Report, 5 verdade que se onganizaram cursos 0s Domingos, mas tém falta de professores ¢ 56 podem ser Utels aos que jd frequentaram a escola durante a semana. 0 intervaio que se para um Domingo do seguinte é demasiado lon- 60 para que uma crianga incults ndo tenha eSquecido na segunda ligdo 0 due aprendéra Gito dias an 3 Mo relatério oyment da Children’s Emp! Commission, milhares de provas atestam, ea Prépria comisséo apcie, esta opinidio categort- camente: que nem os cursos da semana nem 03 do Domingo correspondam, nem de longa, as necessidades da nagdo. Bate relatério for- rece provas da Wgnordnéla que reina na classe operdria ingiesa ¢ que ndo seriam de esperar mesmo dum pais como a Espanha ou a Itdlia. Mas ndo poderia ser doutro modo; a bi Sta tem pouco a esperar mas muito 4 fomer da formagao intelectual do operdrio. No seu co- lossar orpamento de 65.000.000 de libras es- terlinas, o governo previu apenas um infimo orédito de 40.000 libras esterlinas para a ins- trupgo publica; @ se néo fosse o fanatiemo das seitas religiosas, cujos preconceltos séo tao importantes como os melhoramentos que in- troduz aqui e alt, os malos de instrupdo ainda Seriam mais miserévels. Assim, a Igreja anglicana funda as suas Wa- Jas, com a tinioa Intongso de conservar no sew Selo og Tilhos dos Sams TIGIS-@ se pOsSIVvel Ge” arrebatar aqui © aN uma pobre alma infantil aa TEPas Seitas. A consequéndia disso 6 que a (io, ¢ precisamente o aspecto mais estaril reilgido, a polémica, se torna o ponto fun- damental da instrugdo, & ues emia das “ortange “vats 2 distmpdes teoldgieas: logo Gite 1350 6 po: ve) debperta sea ariaitns pare 7 Gay Sect “rio-e paras beatice fanatioa, enquanto que Yada a Tormaglo raciénal, intelectual <-" mora d vengonhosatiente — negiigencrad Engels, 1975: 162-4) ae oe il ‘ if Para evidenciar como nem mesmo 0 con toudo religioso era uma demands essencial ‘para justificar a existéncia dessa escola,basta notar que Engels desenvolve um rico anedotério sobre as mais estapafirdias nogées verba- lizadas pela sua clientela, amealhada por ins- petores escolares entre os embrutecides filhos dos trabalhadores ingleses. “Wima oriangs ‘trequentou regularmente du- rante cinco anos 0 curso de Domingo; igno- rava quem ere Jesus Oristo mas jé tinks ou- io esse nome; nunca tinha ouvido falar dos doze apéstolos, de Sanséo, Moisés, Abraéo, eto.'. Outro ‘frequentou regularmente o ourso de Domingo durante seis anos. Sabia quem era Jesus Cristo, que tinha morrido na Crus, para verter 0 seu sangue a fim de salvar 0 nosso Salvador; nunca tinha ouvido falar de 3. Pedro nem de 8. Paulo’. Um terceiro, frequentou sete anos vériag escolas de Domingo, sb sabe ler em livros pouco espessos, palavras faceis, de ums 36 silabe; jé ouviu falar dos apéstolos, ido sabe se 5. Pedro ou S. Joao eram um de. Jeg, mas sem dttvida que o era 8. Jodo Wesley Gfundador dos Metodistas), ete..’; & pengunta: quem era Jesus Cristo? Horne obleve as se- uintes respostas: era Adéo; era um apéstolo; ena o flho do Senhor do Salvador (Se was tha Baviour’s Lord's Son), @ da boca de um jovem de dezassete anos: ‘Bra wm rei de Londres, hé ‘muito, muito tempo'.” (Apud Engels, 1976. 158-6) Essa vulgarizago dos conteiides didéticos poderia ser entendida como resultado singu- lar, restrito nos seus efeitos aos trabalhado- res. 110 6 0 caso. Analisando-se 0 proceso de expansdo da escola tinica, publica e universal, © que se verifica 6 a roalizagto de uma ten ldgnola geval e progressiva de perda de conted- fo. Os manuais diddticos, consumidos indis- tintamente pelos filhos dos trabalhadores, das camadas médias ¢ mesmo da burguesia, desde eatgo, vem sendo mercados pela énfase apologética, meio pelo qual termina por justt- ficar inagdo burguesa, A forma pela qua! gating, predominantemente, & pola difusdo de uma imagem nao contradité- Pla da socledade e das coisas, a qual se 2cop! harmoniosamente, a propria “imagem peque- 4 “Le imagen pequeno bunguesa. supose la viabiidad del 1 one rveoiones, sue furloney Uv ‘Uemoeratizacion’ progroulva, pur sus cebalments como lo musstran aumerosas ob¢ no burguesa” da escola. Nesta representagdo, a historia se redux ao exercicio da conciliagso (Gerqueira Filho & Neder, 1976: 169-227); sao, arOs 08 vestigios do Estado ¢ i = soolais ou @ pobres, favelas ou corti- qué aparece é sempre o termo mediccre, uma ‘dealizagdo iluséria © abetrata das coisas. & iemilia, por exemple, ¢ ascalarias © nonesta; a mulher culda do lar e da prole,o 08 “Horan Juntos e contam historias edificantes | ‘parer ds netinhos & noite; 0 pai chega do traba- Ino vansado mas 0 aguardam o carinho da es- posa @-@ alseria dos filhos; a casa 8 humilde (Gos cram e agradevem ao bom Dsus pela dadi- ie viverom mais um dia, de sua (mediocre) existéncia, “Higuém poderia objetar que tal situago coorreria somente no momento inkeial do pro: cess0 de escolarizagdo e que se constituiria pura defese da alma infantil em face da vio- Wenola ¢ da maidade do mundo. Poderie, até afirmar que © aprofundamento dos estudos le- varia, necessariamente, a uma corragdo pro gressiva das nogdes que & crienga tenia for- mado Gesses primeiros tempos de escolari- Zagdo. Tal_tese nao se Sustenta_se_se toma como fundamento um conjunto significativo de way qué tem anaisads, mais recentemente, Come Gos Manuals didaticos. Hssas obras, ebuis a8 produsidag Wa TENE por Bonazai & Boo (1980), nos Estados Unidos por A. 9. Tra- ce (Apud Baran é& Sweezy, 1974: 317 et pas.) @, no Brasil, por Cerqueira Filho & Neder (1976: 189-227), bem como por Faria (1984), evidenciam, de fato, que o fenémeno_nao se escolariaagd ou ad trabathador nem aos pai sesHenos desenvolvidos do 7 aaa Tago, todas as informagdes colhidas tendant a reforgar e levar ao reconhecimento de que dogradagdo dos conteudos didéticos, ministra dos nas escolas, disseminou-se de tal tormal que erigiu-se a um trago distintivo da escola! contemporanea, Nem trabalhadores nem bur- gueses eccapam aos seus efeitos Muito me- nos os paises pobres e os ricos formlame', Aunque on la pedctiea la Becvela no cumpla ssencis podria cumplirias, ¥ asi, siempre serd posible postular @ implementar reformas que ‘perfecctonen' el fancionamienta de In Baouola y tienean, progresivamente, a remover los ‘cba loa! que Impiden que esa funcién se concrete. Sila Escuela, por si es neuéra on relacion 6 las clases sociale, los “obsldeulos’ no efectes ou esoncis. He aqui @l fundamento conceptual de! reforsismo pequerto burgués que opera como interiuullasie de la dominacién bungueca Sobre el preletariaco.” (Vasoonl. I: Labarea, 1977: 205-2), INTERMEIO 2 14 Bevidente que o Bstado, na fase monopélica da sooledade burgussa, & muito distinto, s¢ oon ‘Siderado emi FSlayE6 ao seu correspondente da. fase concorrencial. Para administrar as eri- ses econOmicas ciclicas, tarnadas cada vez mais regulares em prazos menores de temp. tado_bury mais dlara- mente, uma politica de intervengdo direta so- bre @ economia. Tornou-se mantenedor de em. ‘preses, ac Tado das demais empresas priva- das. Para tanto, intensifieou a utilizagao de mecanismos de captagdo de capiteis, seja atra- vvés de impostos, da venda de titulos publicos © do empréstimos externos. Todavia, essa ten- dancia ndo se configurcu lesiva aos intaresses das empreses privadas, como querem fazer eres 08 arautos do liberalismo contemporaneo, pols © Estado investiu prioritariamente em indts- trlas de base, em infra-estrutura, de forma a intensificar @ acumulacéo no Ambito das em- presas privadas. Para efeito de exemplo, a in diistria geradora de eletricidade foi desenvolvi- da pelo Estado e esta praticamente toda em suas mAos. As empresas privadas s&0 as suas grandes beneficiérias ao comprarem, a pregos subsidiados, energia elétrica para mover suas maquinas. Por sua vez, para nao ter prejuizos diretos, 0 Estado socializa as perdas, causa- das pelos subsidios, entre os demais consu. midores particulares. Pode, também, superfaturar as tarifas destes mesmos consu- midores particulares forgando aruificialmente ganhos. Assim o Estado assumiu, presen- temente, Tina fincdo reguladora da sociedade burguesa, nao verificével em sua fase compe- tifiva. Os proprios gerentes das empresas ca. Bitalistas, ao contrério do que faz crer a reté- rica liberal, aprectam muito esse tipo de inter- venodo estatal, pois os recursos publicos vol INTERMEIO 2 - Revista do Mestradio em Educagdo - UFMS UEM NAO TEM COM QUE SUBSISTIR PODE APRENDER E ENSINAR. tam-se para o atendimento dos interesses pri- vados dessas empresas. Hustraremos, ainda, um outro aspecto dis- tintivo do Estado burgués, na fase monopélica / op ee oie da socledade capitaliste /Faz-se necessério evi denciar que as empresas monopolistas, cons- titufdes sob @ forma de trustes, cartéis, socie- dades andnimes, ete., j6 ndo permitem al visualizagéo de quem é 0 patréo/Os grandes proprietarios de agées, que vivem de seus di- dendos, ndo esto mais prosontes, neces sariamente, no interior das empresas. S&0 pa: sasitas, pols ndo desempenham qualquer fun~ ‘WED Social necessdria, dentro delas, nem mes mo no plano da geréncia. Agora sao cirigentes 08 gerentes assalariados, especialistas forma- dos em prestigiosas untversidades, cujo poder, segundo o que muitos imaginam, até poderia, ser colocado @ servigo da harmontzacao das relagdes entre capital e trabalho. 0 burgués, pols, j& nao é uma figura onipresénte dentro ‘a empresa, nao 6 ele quem explora. dirsta- ‘Demed trabalhador. S40 também trabalhado- res-asyalariades, thesmo que modalidades muitos especiais ¢ privilegiadas deles, que es tao & frente dos negocios das empresas, 0 pa- tréo tornou-se, para os trabalhadores &ITEe ral, uma figura distante ou, até mes “Hexistente. Essa nova realidade tamb Tou conseqiléncias para 0 Bstado burgués. Ble Jando € mais gerido de forma a expressar ‘iia vineulagao Gireta ¢ imediata com os inte ¥gsse5 da burguesia, Pelo contrério, sues rela sa classe so cada vex mais m mplexas artioulagées. 0 burgués,, sxemplo, ndo sente qualquer satisfacdo ao-pagar Impostos puiblicos, cada vez mais one- roscs, pols, imediatamente, os vé come ingtrumentos que the roubam expressivas par- celas de roais-valla, extraidas dos trabathado- a res, No entanto, o desenvolvimento tecnoléie, que Mbere traballiadores produtivos ao in” corporar-se as méquinas, exige, em contrapartida, como forma de aliviar tensdes sOolaiE, que parte expressiv a ‘gg Weerados sale ebsorrida pos atividador im proditivas. Essa é a forma de assegurar a existércia parasitéria de um segmento signifi. cativo desses contingentas. Claro esté que & binguesia, avica por lucres, nag assumiria vo- luritarlamerite bal solugao. Nesse sentido, 85.0 Estado pode, de forma competente e eficaz, seoumbla © leva & pratice Para Tanto, ber Gescita de recbitas, dal os impostes. # através dos reoursos resuitantes da cobraniga de im- Posto que Fstado invest em ar Vidades produtivas, #erEnds empregos para os ia lores expulsos dag atividades produtivas ‘Ucapilalista, énocessézio repetin, chega a sen- tir-se lesado diante de tal situagdo, pols se fixa_ mais sobre a parcela de mais | Sente-expropriaio-do-que sobre « fungla Te | “Buladora-que esses fatias de luoro Vao perm! \ i tur ao Estado cumprir: Movido pelo set Imedia- tismo, o empresanio eapitalista buses, 0 limi to, sistematicamente, lesar 0 fisco pela sone: Gagao de impostos, o que Tevela a sua incom eténcia no contide de gerix, direlamente, a Sociedade capitalista na sua etapa contempo- Panea, Pode-se dizen, ontdo, qus o Betado, na | fase competitiva da sosiedade eapltallsta, €Bs- alia da qual 58, tado de burguesia, enquanto_na Tmonopdlica é mais Estado do capital, entendi- a este na sua form: Podem ser relacionadas diversas atividades improdutivas, que se expandem motivadas por | essa necessidade de contengao dos conflitos sociais, a partir do exercicio da fung&o regula- dora do Estado. 0 corpo do funcionalismo pi- ileo, por exempio, incha ao sabor dessa tendén- cla. Portanto, é s6 retorica liberal o combate as distorges geradas por esse corpo mastod6ntico, represantado pelo funcionalis- mo pdblico, associadas ao ndo-trabalho, aos “fantasmas”, etc. 0 grosso do funcionalismo piiblico ndo ‘pode desempenhar uma funcao Socialmente Util nesse contexto; exerce, a0 somente, atividades de caréter improdutivo que, por nao serem sociaimente necessarias, tem caréter exclusivamente parasitério. Quem observa a rede pulblica de satde nao pode conter a impressdio de que ola oxiste ndo para cumprir suas espaoificas fungdes. Os pos- tos de saiide de bairros periféricos encontram- se sistematicamente sem médicos, sem dentis- tas, sem enfermeiros, sem psicdlogos, enfim, sem corpo profissional especializado para 0 atendimento de doentes. Mas la existe um pré- dio, escassos equipamentos e, sempre, um bu- rocrata para atender aos que acorrem neces sitando dos servigos do posto de satide, Este funcionario preenche guias e formuldrios ¢, i quase sempre, dispensa o doente porque o seu caso nao pode ser atendido no local, saja pela sua gravidade, saja pela nao presenca do es- Pecislista indicado para o tratemento ou por qualquer outro motivo. A esoola publica, universal e gratuita tam- bém se desenvoiveu no interior dessa tendén- cia de oxpensdo das atividades improdutivas, por forca da agao reguladora do Estado, Con’ seqiientemente, tem funcionado como um re- Curso para atenuar as tensdes sociatS Ta soci- edade capitalista, na sua fase morlopolic. Da mesma forma que o funcionalismé publicd em geral, que o sistema publico de slide, todas as evidénoias apontam no sentido de due a escola, na perspectiva do capital, ndo necessi- te cumprir as suas alardeadas fungdes especi- A orlse eoondmica vivide pelos brastleiros, Presentemente, ndc ¢ ume crise de carter lo. Cal. Jé 6 noterio que essa orise capitalista se instalou em todos os quadrantes do planeta. Fez submergir eccnomias promissoras da, América Latine, da Africa e da Asia; dasmantelou as ex- veriéncies socialistas do leste europeu e disse thina-se por regides desenvolvidas do capitalis- mo, pare surpresa de muitos (Kure, 1992). NOs, brasileiros, temos sentido og seus efei- tos hd varios lustros e a sensagdo é a de uma. lenta e agonica asfixia. A pobreza do Pais e de sous habitantes # crescente, O Brasil, tido no inicio da déeada de setenta como uma emer- gente economia capitalista — sob 0 dominio de milagre econémico— alardeou os efeites da mo- Gernisagdo do seu sistema produtivo, ouja én- jase maior meidiu sobre a inatalagdo de uma fhoas, Desprovida de conteddo, sua expanstio & vasilar, do ponto de vista, material, pois par. Bite o realocamento de trabalhadores produ. tivas expulsos da produgao, por forga do de. senyolvimento teonolédien, para as camadas intermediarias da sooledade, executoras de ati. videdes improdutivas. Dada a sua mora exis. teneta fisiea, essa escola coloca pare o capital, ainda, a possibilidade de que se lhe agreguem =. outras funges. S40 as fungdes secundarias da escola pilbiica, tal como sao designadas na segunda parte deste trabalho. Do ponte de vista da especificidade da fungao educativa, por estar dostituida de contaude, af | escola néo tem exercide uma fungdo socialmen- 4 4 Oli. Nessa porspectiva, realiza uma atividade exclusivamente de cardier parasttari®) QUEM NAO TEM COM O QUE SUBSISTIR TALVEZ JA NAO POSSA APRENDER E ENSINAR. expressiva infra-ostrutura industrial. Ziegeu como divisa da politica econémica Exportar é | 2 solugdo. mas, apés as primeizas Manifestan 9628 da crise mundial @ a decorrente politica Protecionista das principais poténcias capita. stas, desoobriu que exportar néo dependia Yo somente da vontade e do arrojo Internos. Suas indistrias passaram a produzir, entéo, com slevada taxa de oolosidade, Como decor” rénela, seus produtos ficaram mais ares, in- ternaments; trabalhadores foram despeditos, quadro agravado peias dificuldades de as em: presas, nessas condigdes, poderem se moder- nizar. Bis, em linhas gerais, aquilo que fol d : pea prooesvo da sucsieamantaca nds )\wo>, tia brasilaira a= ‘Alguns mimeros, publioados om jomnels a va nao gers mais-valia mas pode ser scclelmente i. So quance delxa de ser soclalmeTES UE! assume vlog, so expressivos. Qs ecserseimento se impoa Neo oe pode sedusi tildes Eee eee ae nod | auividade paresitaria fie Reviste do Mestrado em Educagao - UMS 7 “ta mimeros incontestéveis - 0 de metaliir- Sicos empregados em Sao Bernardo e Diadema, por exemplo. Em margo de 1990, quando Colior assumiu, eles somavam 150 mil. $40 120 mil Agle. O saldo de industrias na remao é negati- vo quando se compara 1980 com janeiro de 1992 - 266 empresas 2 menos. (...). Foram fechadas indtstrias de parte no ABCD, como a Ford Motores, 700 funciondrios na rua. A ‘Maxion deve fechar no préximo dia 31, despe- Jando mais 800 metalingicas. 4 taxa de de semprego na regiéo tem sido superion, dois pontos em média, & da cidade de Sao Paulo. A previsto para marco de 18,6% de desempre- gados no ABC.” (FOLHA DE SAQ PAULO, 22.08.92, 1-10). Buscande mais promissoras perspectives, somente as filiais dos grupos monopélicos vem. tendo folego suficiente para realizar a moder nizaedo, ou seja, para introduzir inovagoes tecnoldgicas em suas fabricas. Os custos goci- ais da modernizagdo, todavia, sto elevades. 0 diretor-presidente da empresa admite que “A Philips do Brasil fechou 0 ano passado com wm juaro equivalents a US$ 1 bilhéo. C... EC...) que esse resultado 6 uma vitdria, oon siderando-se a recessdo que o pais atravessa 8 a queda de 10% nas vendas frente a 90." (POLHA DE BAO PAULO, 19.08.92, 2-11) Bntre as iniciativas que o diretor-presiden: te reconheceu como responsaveis pala. “vitd- ria" da empresa esté a redugo do “ntimeno dos funcionarios quase pela metade ~ 19,5 mil Para 10,6 mil.” : © arrolamento de muitas outros cases semelhantes poderia ser extenso e entediante, Também no interessa aos objetivos de pre- sente exposi¢do. Mas, s6 para avidenciar que © desemprego ndo 6 questéo que se coloca pontualmente em uma ou cura empresa, re- gistrem-se algumas matérias jornalisticas, Blas permitem configurar a consisténcia com que 0 Ceaemprego se apresenta, o que ihe dé, os con- tornos de um fendmeno geral na cooledade oa. pitalista, hoje. Bm 1992, manchete da FOLWA DE SAO PAULO informava sobre a demissAo de mil tra- balhadores na Sharp e do trazentos » cingiien- ta na Alpargatas. De Janeizo de 199) a janei- ro de 1992, teriam sido demitidos, além des. tes, mais dez mil trabalhadores nas empresas Verolme, Mendes Junior, Voith, Cobrasma, Curt, Lupo, Citicorp & Citibank, CCS, Brastemp, Panasonic, Cofap, Lider, Gradiente, Perdigio ¢ Black & Decker (FOLHA DE SAO PAULO, 16.01.92, 3-1), ‘Uma matéria, denominada Bredeseo aumen ta rede 0 avanga no vareo, dots & expan- so dy “aon cenalometads naaeeare: La. do do pals", Paradoxalmente, a expanséo do | nilmero de agénclas ede corvigos cboerva uma sonehernVENoR Sea eSNG Re Eicmicndrmar eee, Gus aaette Goa 6 ue Tenta,¢ sete ral pessoas, estava redurio a fessenta ¢ cinco mal em 1998 OLA DE GAG 1 PAULO, 11.07 88, 2.10) Talema por al 6 titulo © 0 subvtitulo de uma reporiegen eva & TEM: IEAr Avast saaritar 18 domissto wlusdrta: corte de 20 tal oar. ‘Sree antaautatn Woke gsc ne. cette fa ge conoontra ios BUA e na Buropa, 0. LHA DE SAO PAULO, 17.12.92, 2-10). Bm reportagem denotainada alaargatas 3 AOE AOA A GERD, @ RELIANT tom dou aseredos para 0 siumante dod! ganhoe Ga Sime § Ne Oa, @ a ad Sl crenanocinreo Cais Bat Gee Bl OO IDE SAO PAULO, 13.06.93, 2-6). ‘2 EXDESAGGIS Ga Ghanp tichbho & \aciKGGGivn, Mis. @hOGaN a. te deommant al FASMORAD, BAOTOUAA a Eds eel, pete “y AIWEE tutes Soatae A Pend alt coor SRGEROA EAA ele der Adogwarn oer Ge a0cndo cota «ward. (A eaipeesa au soeteat & again aol Rite x dro ™ (FOLHA DE SAO PAULO, 06.06.93, 2-10). No quadro geval esbucado, a eonclusde & a sie oc asia dn orlgtiecla der ere os tendais opener Gualldase progresava. HOWE Gono a crise Tovela aa Gosear tan cas Ga SAAS ein cn charter, Gel, RES APSA ab aber ger ulate por melo de uin aumento das exportagtes, Nao se pode perder de vista qué o atual presidente Gomocrata dos BRUU tove « bua eleigdo prati. camente derantile, a partirde bandelras coma 5 Sininlgter do dmctagoagy ociows wx cas Stiteleanne-e a dalenstfloayin de polities pro: fecionisia, A sfetivagdo de uma tal polities 95 eguperia ce efeltoe da crise no rostanta do conde mae Sopeepsiillin, wily Sere qantliedes de go Peodeen GES SIDE tadas pelos EEUU. Logo, mals revoesio. mals iocncpangeyctaber 9 ebnaaly ames oerea saparark vm iaieoa capiiaiisinn’testenucividdal| doo demais, Rass qaato as ano van maser oeorune sento 9 lado azn pattesiosca ad SarmsoHia ; ae 0 RL, “AD OuIpreUee estaNaD tamoen \ enreaiian ge comuegenelan Da enesten Thea 1 rulram suas taxas de luoro. Muttas comegarem 2 ecumulan prajulzs. 0 cardter endémico da crise favoreceu a emerginoia dévoma nove roupagem para odie &é heal 17 INTERMEIO 2. Revista do Mestrado em Educapao - UFMS cargo bursués, agora denominado neo-liberal. Ganbou corpo-a tendéiels de dewtncaro oare— ter intervencionista do Bstedo na economia, Mas go £6. Devido & agregagdo de camadas pa- rasitdrias em todas as atividades estatals, nas empresas produtivas tal tendéncia fol cenuncia ds como ovidéaoia pura o simples da inoompe- tonola do Estado no sentido de gerir empresas A compelénela seria alributo exclusive das ii: presas particulares, que, movides to somente pelas forgas do mereado, buseam sistematicamen: te ractonalizar adiministragdo ¢ duinuir cus- ios de produgto. Dai, segundo esse dicourso, a nevessidade de privatizagao das empresas esta ais. Paradoxalmente, ae privatizagbes 26 moti ‘yam. possiveis compradores particulares quando as empresas envotvidas 220 lucrativas. Mesmo quem nao toma partido nessa questao das privatizagtes neconbees, no proceso qus procu- ra aprofindé-ia, uma estranha logica: o Botado pesvatiz suas emmresas jucativas e mantém as eficitdniasl De fato, a sltuagdo de crise mal disfarga a taiénoia do Estado. Meemo que a erise atinja tami bem as emprasas privadas, como ja vimos, 0 fa- | ldo Estado sofre de uma fa=ma muito especial as agni?as do momento, por forea da.gontrole que renee Sobre = reprosugso do_parasttisma % PeC56E0 exon SaIIva NO Pais, que cera desompre: g0, © modernizagto no pélo das empresas maonopolistas, que também gera desemprego, ja no dao condigdes ao Estado de responder, ‘de forma eficaz, a demenga de eprodugdo amplia- da do parasitismo B no interior desse movimento que se compreendem ag medidas qua tam limitado os concursos publicos, assim como a prépria frus- trada tentativa do Governo Collor de exonerar funcionadrios piiblices federais. H4 anos as uunt- versidadas federais tém sido impedidae, através do protbigdes que se renovam, periodicamente, de realizar novas contratagdes. 86 tém ldo ail- torizadas substituledes de professores e téonico- administretives por motivos de aposentadoria, morte ou exonsragéo. Matéria da FOLEA DE SAO PAULO, intitulada Servidor demitido enfrenta preconosito, parece evidenciar o recrudesolmento dacsa tondéncia no Governo Fernando Henrique Cardoso: “Desd 0 infaio do ano, mais de 14 mall pau- listas deixaram o ‘conferto’ do servico publica Para engrossar as estatistioas de trabalhadores demitides o as filas das agénoias do cmprogos. © retorno ao meroado de trabalho, na mato- 1a dos casos, tom sido sofsivel. Currioulos que apontam experténela por varios anos no setor | 8 INTERMEIO 2 - Revista do Mestrado em Educapao - UEMS piiblico costumam ser descartados nas sele- oes." (FOLHA DE SAO PAULO, 28.05.95, 6- Db, Logo, enganam-se aqusles que imaginam estar ocorrendo uma mudanga substancial nessa situagéio, em especial pelas conseqién- ciao garadae pelo Plano Real no Brasil. 0 m Piiienio de copttalisme Se dé am escala Diane” fa. Mesmo as pequenas oscilagbes positivas 2M taxas de emprego e maior establlidude da toeda, numa area localizada, lo alteram 9 Quadro gral, Nem seguranica de que esses comportamentos postivos da coonomia de una ‘agar verarn scumlamascte mason no taupe. © Sngpta exbmanin Ao Maino 6 thekonliva, De Dale da Yer segundo @ rises TadSA BE THSREC foes do Fundo Monetdrio Internacional, dopeis fie er eta Azecne o zane, Talo neta FG, como um exempio de politics de ajustar tento eoontmloo, ala que se revele eeu estar ao caveats, Roveas, wusiniarta unete Se flexos da crise mexicana fazem-se sentir mui- to além das fronteiras do pais, influindo no Sienna eainan iemghsaraaae ca do Sul e gerando preccupacées diretas no Govena das Retades Unidos “Portanto, quando so fala em orise, 0° fala as Grise Goral do capitalism. Hesse pevepect “Va, ne lnlstlor do movimento geral Gado pela colin aol, we daca da anangps Un clits, mane J tec, wr all dian robs wat sone polamnnane erseciaess. ‘Seompanhando esse rine, também os indices de expansdo escolar vém perdendo vigor. 0 anaiftoetiame parece estar creaoendb ain t0- daa as partes do mundo, inclusive am Paleo dexensanicod ie © ania: vaste As ma, mob, publicada na FOLA Di SAO PAULO, sob t fulo Anatfabetismo aresce @ cheifa ao Prime!- goatee oe rastrlio aos paises do Teresire Mundo, segundo um relatdrio divulgado pela Organizagao para @ Cooperagdo eo Desenvolvimento Econdmico (oaDE), organiemo com sede orm Paris, 0 jor nal britanteo "The Buropean’ dadica um artigo de-capa ea raiahinia ae sun ello da SF de foveretro, eafteoa que ‘oe miiboes de analta: betos na Europa significam uma séria amea- 2 pare o desampanto scontimioo de aeus pal = 0 relatirio aftrma quo mlthées da pannass ss palenm manip anaes aa Europe se desi ler ou esorover Segundo 0 artigo do ‘Ruropeas’, de autoria de Kalpana Vora, a OCDE —F enitica os governos europeus por nao daver wn treinamento adequado para afudar os trabalha- dores a desenvolverem suas habilidades. 0 relatério da OODR cits, por exemplo, que trés miles de adultos na Alemanha séo anal- fabetos funcionais. Ma Franga, de 500 mil ho- mens chamados para prestar o servigo militar, entre 1990 @ 1991, 20% néo conseguiam ler um texto simples com 70 palavras. Wa Suéoia, entre os 700 trabalhadores pesquisades de uma Indiistria de papel metade precisava ser sub- unetida a uma ‘reeducagdo’ e cerca de cem néo sabiam ler ou eserever adequadamente Segundo o jornal, a Gra-Bretanha experl- mmentou métodes revolueiondrios de altabeti- zacdo para adultos, mas estes foram abando- nados @ as verbas foram destinadas a outras reas. Para 0 ‘Buropean’, varios palses euro- peus consideravam até agora qué o problema do analfabetismo se rastringia apenas aos imi- srantes vindos do Leste europeu. Segundo o Jornal, 0 Secretério de Trabalho dos BUA deolarou no més retrasado que 20% dos alunos que coneiuiram o curso secundério no pais ndo eraia capsizes de ler seus préprios dpi mas.” BOLBA, DE S40 PAULO, 08.03.92, 1-7). © desemprego ¢ a miséria absaluta tam ceterminado 0 afastamento de grandes con wentes de Crlangas Gas e005. SUES THD asjando podem sustentar nem mesmo os cus tos indiretos da educagdo, referentes a teans- porte, material escolar, uniforme escolar, eto ‘As oriangas sao instadae a produzir expedien- tes para assegurar a subsisténola, Blas J4 no podem mais depender dos pais desempregados Nessa perspectiva, acentua-se, configura-se © genba, consisténcia o fendmeno das cniancas de rua. Contudo, esse fenémeno traz uma dra- MAUS € violenta novidade, em face daquela situagdo gerada pelo desemprogo de criangas, decorrente da aplieago da legislagao fabril do século XIX, na Inglaterra. Hoje, ndo 26 as orian- BESIDORARTA as esto nas ruas, sobrevivendo em meio a todos os tipos de expedientes, mais ou menos honestos, sempre pouco saudévels. Também, estéo nas ruas os seus pais, igualmente de- sempregados, igualmente preocupados em cui- dar da propria subsisténcia individual, igual- mente pressionados a explorar os mesmos ex- pedientes honestos e outros nem tanto. Por- tanto, materialmente, hoje estdo sendo pro- Gusidos onianpas @ homens de rua. Vistos na sua extrema miserabilidade, essas criancas & esses homens, chega a ser dificil acreditar que nunca o género humano dispés de tanta rique- 2a material, em tal grau que a miséria 6a fomo Ja poderiam ter sido banidas da face do plane- ‘ta. Por isso, nfo parece distante nem impossi- vel um mergulho da humanidade na barbérie, o que significa “a dissolug&o da Jefalidade”, “sua transformapdo em mero expediente de dominio, instrumento ad hoc de controle soci- al.” (Giannotti, 1986: 15). Ha sinais preocupantes de escslada para a barbarie quando se reconhece que o cresci- mento do exéreito industrial de reserva tem, aumentado de forme generalizada. Tem aumen- tado em tal intensidade que comeca a produ- 2ir os seus excluidos, Isto 6, h4 trabalhadores Uberados da produgéo que jé n&o podem culti- var qualquer esperanga de a ela retornar. Mais preccupante, ainda, é a evidéncia de que, ex especial nas regides mais pobres do planets, Ja temos paises, como a Somalia ¢ Ruanda, povoados integralmente por excluidos. A visio exposta nao deve levar & conclusaoy do que nao ha caida. O que se afirma é a im,| possibilidade de 0 capitalismo monopélico re+| solver suas contradigdes. A histdria nos ensi-| pa que as crises sociais mais agudas gestam| novas formas de relagdes de produc&o. Por ser| assim, entendemos que, no interior do caos| capitalista, est4 germinando 0 seu contraric, © que implica, também, a negacdo da barbérie. | ung Sez nc 2001985 5: Kate. 258 20. paneer Sica al SUSE te Mp mantle oes asa ol essa da Walurlr Due iG ona Dib, 17. SH isan cnet ol. Bowie HDD, Cre eras quaparsnan vr oP Gunn, 100.135. [BOB menr co cn eats guar Ned da fans Tara ats, rags nfonamarae78 Seep. oan coLon |SSiAfun0s a SmiaroSpoopal de Sambo ta ase Se Canc Cidade Ferousvor onenado por ole ou Cnsde Azoi Covebo “Ee ops ce fursntns do Canaan ngs Mini fate Tn utara acne eth eos ee Bt, EU Season taken Speman Ac Rano, 1908 100 0 nd Raber Owns snusosandons denne oocise snout ce ann mind ad to Haven Buse Hoes Pl: Mena, EAGR Gace asl a san: rpc! recta dade bling At ler Bactnne lo 087 278 707 ‘Mend is Pana a Sete hve SEL coc soos as Fas Cre, 1p OUT Colo agi ms, lor saul Sapa eaten ce empl ro probe opr Precio apa. Ta Fags hn, Ron Dro Baran rah, acto Pe Saale Pao, 1963. 204 7. inn neces Rn ‘ithe Sonia puntata lore necvace Be ABA, Subse a txmion bang Mc aural vate 187 9 3019 INTERMEIO 2 - Revista do Mestrado em Educagdo - UFMS

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