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leo Ca 4G frei ier ose Miguel aca Media ue ux: ue He eo; ue Fe Mendaue Volpe Canary Pedro Miranda de Oliveira (org). Salvador: jusPodivm, 2013. " a NUNES, Dierle José Coetho. Process jurisdiconal democrétic. Curitiba: jurué, 2008. PAS0S, os Joaquim Canon de sic de na era ds nldades pede des processuais, Rio de Janeiro: Forense, 2002. “4 PICOZZA, Esa,“ calendario del proceso”. Rvsta di Dirito Processuae. Milano: am le. Milano: CEDAM, "IC, ian Franco. ta reforma del rots cle ee 18 gu 20, m6. Tero Glappichelli Editore, 2009. ieesmcneaeae 4 santos, Emane Fils dos. Manal de det procesua evi: proceso de conhecimen 13° ed. So Paulo: Saraiva, 2009, v. 1. " von SMnTos, Marina Franca, “Intervene de terceiro negociada:possibidade abero pelo ovo Cédigo de Processo Civil”. Texto inédito, gentilmente cedido pela autora. fi SANTOS, Moaeye Amaral. rieias nhs de dito processal ck process deeonhet- mento 25 Aa Maria Beste Amaral Santos Kohnen, so Pal: Salva, SIWVA, Clovis do Couto e. Comentirios ao Céligo de Pracesso Cv. SKo Paulo: FI 197, v ota ena UCC, Rogério Lauria. Negécio juridico processual.Encclopédia Saraiva de Dirito, Sto Paulo: Saraiva, 1977, v.54 YALENCA FLO, Caio deMda Poder luicidro e sentenca arbitral Curitiba: juru, 2002 CAPITULO 3 Convencao das partes em matéria processual: rumo a uma nova era? Flgvio Luiz Yarshelt Semi 1 el: 2 Tenge mts pic de cee eee pe ent eit rma «See. And denn xii: oe one Rt re lor rr ies eg 7S > ‘tue meno oat tei Seve asd pel 3 ‘Shr wer pce ee 8 Se hae denen pies Se Forma ‘compen eo psn eastern pap 3S: cpa (one gt cpt essen: Soe prin eon 1 Fmd cede ‘aia bnysep essere a7 einen (eco pes. 1.INTRODUCAO. Dentre as alteragdes trazidas pelo novo Cédigo de Processo Civil, uma delas, em particular, é potencialmente geradora de relevantes repercussdes. Trata-se da possiblidade de que, mediante certas condicGes, regras processu- ais sejam estabelecidas pelas partes (artigos 190/191). {A possibilidade de convencao das partes em matéria processual no & algo propriamente novo no sistema. No direito positivo, para iustrar a discipl ha legal da arbitragem ganhou (Olego inegavel com a Lei 9307/96; mas, a rigor, jévigorava antes disso. Além disso, no Cédigo de Processo Civil de 1973. desde sempre se facultou convencao sobre competéncia (eleicao de foro) e distribu ‘0 do Onus da prova, dentre outros. Também na legislacdo extravagante havia {al possibilidade, como no incso WV do ar. 58 da Lei 8245/92. Tampouco o tema ‘era desconhecido da doutrina nacional, bastando lembrar por todos ~ o traba: Iho de josé Carlos Barbosa Moreira, escrito hé mais de trinta anos, com algo de Xislondtio, a0 menos para nés (BARBOSA MOREIRA, 1984). Alifs, este muito mo esto artigo & dedicado a esse brilhante processualista, Mestre de todos nés. 1 Protests rr acd de Deo da UP. Abogado em So Pao «em rast, Mas, parece ser incontestével que, até aqui, essa autonomia foi pouco ‘exercitada pelas partes. Agora, com a vigéncia do novo diploma, esse quadro pode mudar. Para tanto, é preciso considerar que 0 processo continua a ser instrument a servico do Estado, isto 6, para atingir objetivos que, embora tam. bém sejam das partes, so pGblicos: atuado do direlto objetivo, pacificacto social (pela eliminacio da controvérsia) e afirmacdo do poder estatal. sso quer: dizer que o juiz estatal possa ser singelamente colocado em idéntico patamar do frbitro. Uma arbitragem é instituida para um caso espectfico e os arbitros so julzes dessa particular situacdo;'jé 0 érgao estatal tem a seu cargo uma pléiade de processos e a instituicio de diferentes regras processuats - embora ‘do possa justifcar a pura e simples recusa da convencao das partes pelo julz = deve levar em conta as caracteristicas ¢ peculiaridades do érgao estatal e da atividade por ele desenvolvida. Pode soar Sbvio, mas convém lembrar que a possibilidade de criacdo de regras pelas partes deve se prestar a racionalizar © processo; e nao a torné-lo menos eficiente 2, TERMINOLOGIA E NATUREZA JURIDICA DA CONVENGAO CELEBRADA EN- ‘TRE AS PARTES. ‘lei ampliou consideravelmente a possibilidade de disposicao das partes ‘em matéria processual perante a jurisdicdo estatal, a0 permitir “mudancas no procedimento” para alusté-lo as “especificidades da causa” e ao abrir campo para convencio sobre “6nus, poderes, faculdades e deveres processuais, an- tes ou durante o proceso”. Tal amplitude jé vigorava no ambito do processo arbitral e a abertura agora incorporada a0 CPC 2015 sugere um meio-termo entre as duas citadas modalidades de jutisdicao ~ ainda que se considere nao ser possfvel colocar em pé de estrita igualdade, para esse fim espectfco, 0 juiz cestatal eo Arbitro, ‘Ao tratar do tema anteriormente A vigéncia do novo Diploma, a doutrina ja destacara as incertezas terminol6gicas em torno da matéria, a refietira falta de consenso sobre a natureza juridica das convencoes firmadas entre as partes; j& js, mas de forma consideravelmente mais timitada. es repusdiaram taxativamente a existéncia de negécios Jurficos processuais, em sintese, sob 0 argumento de que nao haveria preva- lencia da vontade para determinar 0 contetdo do processo, determinado antes de tudo pela lel. Mas, quando se assevera que 0 proceso nao € um contrato, toma-se como premissa a circunstancia de que a jurisdicao gera estado de su: jeido das partes, de tal sorte que ela se impée de forma inevitivel as pessoas, independentemente de sua vontade. Isso quer dizer apenas que a jurisdicio 6 forma de poder, que envolve a capacidade de decidir e de impor decisoes. Isso no parece impedir que os sujeitos parciais declarem vontade dirigida & a cto de efeitos juridicos por eles queridos. Entao, na premissa de que 0 Pagéelo exist, sea valido eeficaz, o que existe €a suelcdo do 6rgio jurisdic Mat estatal ou arbitral. Conceitualmente, portanto, € possivel admitir negécios fitdieos processuas. Problema dlverso consiste em saber se e quando eles ‘existem, sdo validos e eficazes. sata-se, sem dlivida, de neg6clo juriico bilateral -ressalva feita ao esta belecimento de um calendério, tratado em dispositivo legal préprio. Tal negécio uno e néo se confunde - conforme jé alertara a doutrina precedente - coma foncordancia de um dos Itigantes que é exiglda para que o julz defira determi hada providéncia requerida pelo adversério daquela. {Em termos pragmaticos, parece possivel passar ao largo de tals polémicas (conquanto relevantes), bastando que o exame das convengBes das partes em matérla processual civil seja feito sob a metodologia empregada para a analise flo negécio juridico, tomando-se os planos da existéncia, validade e eficcia. Dai porque a referéncia doravante sera a negécio processual [ELEMENTOS DE EXISTENCIA: FORMA E OBJETO. No negécio processual a declaracao de vontade que the confere existéncia ‘deve necessariamente ter a forma escrita. Ainda que ela seja eventualmente fmanifestada oralmente em audiéncia - ou em alguma outra oportunidade em ‘ue isso seja possivel - ela deve ser reduzida a termo; ou, quando menos, ela deve registrada em suporte que permita sua oportuna reproducao, sempre que {sso for necessério. A manifestaglo de vontade deve sempre ser expressa e nao pode resultar apenas do slléncio, 0 que pode ocorrer € que as partes estabele- ‘am determinado 6nus de manifestacio no processo, de sorte a qualficar jurii {amente eventual siléncio, Mas, Isso jé estd no campo do contetido do negécio € no se confunde com a respectiva forma que, repita-se, deve ser escrita. Assim ocorre porque a documentagdo - aqui entendida como insercdo de dados num determinado suporte (ainda que eletrénico) é indissoctavel da tealidade do processo. 0 brocardo “0 que nao est4 nos autos nijo est no mundo” nao se limita a garantir o contradit6rio e a publicidade, mas a permitir Aue tudo quanto produzido no processo seja concretamente acessivel a todos {ue se habilitam para tanto; durante e, eventualmente, até mesmo depois de encerrado 0 processo. 4. SEGUE: OBJETO. 0 objeto do negécio processual ¢ dado por seus elementos categoriais lessenciais ou inderrogivels. Sob esse Angulo, o negocio como processual regula 6 ave tn Yas ‘condutas humanas voluntarias, a serem realizadas em processo jurisdicional = estatal ou arbitral ~ e destinadas a produzir efeitos sobre ele - ainda que pensado de forma potencial Quando se fala na regulacdo de condutas, isso 6 abrangente das posicBes Juridicas que emergem da relacio pracessual - tal como mencionado pela lei, a0 falar em Onus, poderes, faculdades e deveres - e dos atos que resultam do, exercicio de tals posicdes. Por outras palavras, é essencial a0 negécio proces: sual a regulacio, ainda que parcial, dq relacdo juridia processual ou a0 menos, do procedimento; respectivamente, 05 componentes substancial e formal do conceito de processo, |Nlém disso, quando se fala na regulagio de atos do processo, esté-se a pensar nas condutas voluntérias realizadas nesse ambito, por um de seus su- jeitos ¢ aptas a ali gerar efeitos. Apenas é preciso considerar que o objeto do nnegécio processual nao se limita a regular o processo jurisdicional (estatal ou arbitral) e pode se prestar a insttuir e a regular processo extrajudicial, notada- mente para realizacdo de atividade de instrucio preliminar, & semelhanga do {que se passa nos sistemas de common law. Alias, a lei fol expressa ao estabe- lecer que a convencdo possa abranger posigdes das partes “antes ou durante © processo”. Nao so elementos essencials do negécio processual as disposigoes que, de alguma forma, possam atuar como fatos jurdicos processuals, isto &, aconte- cimentos que - embora sem regrar posigdes da relacdo processual ou atos do procedimento ~ possam eventualmente produzir efeitos sobre o processo. Mas, a alusdo a tals fatos pode surgir como elemento categorial natural ou derrogé vel do negécio processual, se e quando se dispuser a reguté-to, (0 negéclo processual também pode apresentar elementos particulares, sempre voluntarios, de conteddo indetérminado (a tornar praticamente impos. sivel seu exame de forma exaustiva). Dentre os mais comuns estdo eventuais, termes, condigdes e até mesmo eventual encargo, se for possivel que se esta- beleca~ e, portanto, que se restrinja - eventual iberalidade. Novamente, coisa dliversa € saber se tais elementos sao validos € se sao eficazes. Por fim, o negécio processual ndo deve ser (quando menos no convém que seja) qualificado como ato processual, se adotada a premissa de que 0 aspecto diferencial desse dtimo reside em ser praticado no contexto de um processo, para nele produzir efeitos; exceto se fosse possivel estender 0 con- Ceito de processo para 0 contexto dos contratos privados. Ento, o conceito de ‘ato processual apenas indiretamente interfere com 0 de negécio processual, na ‘medida em que esse tenha por objeto a regulacdo daquele. % Covent i et ts 9 5, AINDA ELEMENTOS DE EXISTENCIA: AGENTE, LUGARETEMPO. ‘Nlém da forma e do objeto, o negécio processual ~ como qualquer outro negécio uridico - apresenta elementos de existéncia que podem ser considera- dos extrinsecos (até porque existem antes do negocio ser feito) e que, quando menos, prestam-se & adequada Identificagdo do ato, primeiro, ele pressupae a existéncia de sujeitos ou de agentes ~cuja “capa cidade” € exigida para que o neg6cio sea vido (nfran. 12). Como regra, su jettos sao os protagonistas da relagio material, atval ou potencialmente contro: Yertda. Dessa forma, afora a hipétese particular de fhacdo de calendario (ar. 191), 0 juiz (ou 0 brgto judicial) no € agente do negécio. kinda que o respec: tivo conteddo possa até ser discutido na presenca do magistrado (o que pode tevetvalmente se afigurar conveniente pelo cardterproflatco que Iss0 possa {en, Iso no faz do juiz um sujet do negéco: dele nfo emana declaracao de Vontade consttutiva do neg6cio e, a rigor, nem & caso de o juz “homologar” 0 ato das partes. Nao hé previsio legal para isso; o que & rigorosamente correto porque nao hé o qué homologar, mas simplesmente observar e efetivar, Ais, {quando se trata de negécio processual celebrado para regrar atos e posicBes Juriicas anteriores a0 processo (supra n. 4) isso fiea ainda mais caro porque ainda nfo se cuida de intervencéo judicial Tudo isso evidentemente nao significa que o jlz ~ no momento oportuno = esteja privado do controle da licitude do negécio. Exceto nas hip6teses de anulablidade do negScio (infra n. 16), € poder e dever do magistrado controlar 4 presenga dos requisitos de existéncia e de validade do negécio, recusando: Ihe elicica, se for esse o caso, em decisfo fundamentada e sujeita a impug nacho, Essa Gitima poderd vir s0b a forma de recurso ou de eventual acto de impugnagio auténoma, dada a (nfliz) op¢lo do Cédigo de tornar taxativas as hipdteses de agravo de instrument. Segundo, 0 negécio tem um determinado tempo, entendido como a data fem que 0 negécio & celebrado. Esse dado é relevante porque o momento em {ue ele seja celebrado pode ditar 0 respectivo contetdo ou objeto (supra i 4.0 negécio pode ser anterior ao processo, para regular atividade processual extrajudicial (por exemplo, para tratar de providéncias de instrugao prelimina- res) ou para reger futuro e eventual processo judicial. Além disso, 0 negécio pode ser firmado durante 0 processo. Isso significa que, em tese, pode ser celebrado em qualquer fase processual, desde que haja 0 qué, em dado mo: ‘mento, convencionar. Até mesmo em fase recursal isso é possivel, embora seja forcoso reconhecer que, nesse mbito, a margem para exercico da autonomia dda vontade tende a decrescer. © tempo do negécio também é relevante para determinar a legistacio apli- cave; o que pode apresentar alguma dificuldade, se aceita a premissa de que a tr Ysa 6 regime de validade ¢ misto (infra. 6). Como nao se trata de ato processual, info h sentido em se falar na incidéneia da regra de isolamento, a impor a imediata aplcacio de lei nova 20 negécio processual. o que prevalece & 0 que as partes tenham estabelecido e a modificagio superveniente da lei processy. al pode até levé-las a rever o negécio; mas isso $6 poderé ocorrer mediante nova convencio. Do que se poderia cogiar seria a superveniéncia de norma processual cogente e de ordem péblica (inran. 6) tomar invléve a execugto da regra processual que as partes anteriormente haviam fxado, Mas, eventual restricfo dessa ordem deve ser vista com grande reserva porque o negécio processual, como qualquer outro, esti protegido pela regra constitucional que Dreserva 6 ato jurdico perfeito e o direto adquiido Terceiro, o negéclo processual tem um lugar. Aqui, ndo se deve confundir 0 local da celebragdo do negécio, de um lado, com a base territorial na qual deve se produzir a respectiva eficdcia, de outro. ‘6. REQUISITOS DE VALIDADE RELATIVOS AOS ELEMENTOS INTRINSECOS DO NEGOCIO. Sobre 2 validade do negécio, a primeira indagagio diz com o regime jus ridico aplicével, dado que 0 CPC de 2015 ndo trouxe exaustiva regulamentacao ‘€ que nem sempre sao coincidentes as disciplinas legals dos atos processuais € dos atos privados. A solucao doutrindria formulada antes do CPC de 2015 se afigura aplicivel sob a égide do novo diploma: o regime do negécio processual hha que ser misto: por um lado, 0 neg6cio juridico processual ndo corresponde: exatamente a um ato processual; mas, por outro, sua funcio é a de produzir efeitos no processo. Assim sendo, partindo-se inicialmente dos elementos gerais intrinsecos do negécio, exige-se que ele resulte de processo volitivo caracterizado por adequada consciéncia da realidade, em ambiente de liberdade de escolha de boa-fé. Do contrario, o negécio poderd ser anulado por viio resultante de erro, dolo ou coacao. Quanto a igualdade real das partes (tema que, a rigor, nZo se confunde ‘com a questo de sua capacidade) e a correspondente paridade de armas, elas sdo relevantes para a validade de qualquer disposicao convencional no ambito processual, como forma de assegurar que existe livre manifestacdo dos sujeltos envolvidos. Nao se pode admitir que uma das partes ~ por sua proeminéncia econdmica ou de outra natureza - imponha regras processuais que Ihe sejam ‘mais vantajosas, consideradas as peculiaridades de cada caso. Sem embargo, convém considerar que a igualdade entre as partes ~ que se traduz na jé mencionada “paridade de armas” - deve ser controlada nao 6 « 47. SEGUE: LICITUDE DO OBJETO E NATUREZA DO DIREITO MATERIAL CON- ‘TROVERTIDO. Conforme diccao do art. 166, lI do Cédigo Chil, o objeto do negécio juridico deve ser licito, possivel e determinado (ou determinavel). Desde logo, o CPC 2015 se encarregou de limitar 0 campo da convencio centre as partes as controvérsias sobre direitos que comportem autocomposicdo “isto é,transacio, reniincia ou submissdo. Ao assim fazer, o CPC 2015 seguit na linha do que jé fizera a Lei xo444/2002 a0 alterar a redagio do art. 331 do CPC 4973, numa presumida tentativa de distinguir os conceitos de indisponibilidade, de um lado, ¢ de possibilidade de transagdo, de outro. Vale dizer: mesmo no Ambito de direltos indisponfveis haveria eventual margem para autocomposicao. Contudo, teria sido preferivel que 0 CPC 2015 tivesse empregado a termi rnologia adotada pela lei 9307/96, mais objetiva e precisa ao falar em lit lativos a “direitos patrimoniais disponiveis” (art. 1). insistindo na suposta dis tingio entre disponivel e transaciondvel, o CPC 2015 pode ensejar divida quanto & possibilidade e aos limites do negécio processual. Para ilustrar, costuma-se dizer que o direito ciscutido em processo de investigacio de paternidade ~ que pode perfeitamente envolver pessoas “plenamente capazes” - é indisponivel. Contudo, ninguém hé de negar que o réu, sendo maior e capaz, possa reconhe- cer a procedéncia da demanda e assumir a paternidade. Fendmeno andlogo ode ocorrer em outros processos relativos a direitos usualmente tidos por indisponives. A interpretacio que se afigura mais correta parece ser a seguinte: pelo ovo texto legal, a possiblidade de negécio processual nao fica restritaa itigios, enyolvendo direitos patrimoniais. Assim, mesmo em processos que envolvem 6 Fue ee Yon uestdes relativas ao estado e & capacidade de pessoas, desde que capazes 8 partes, afigura-se admissivel o negécio processval Al se incluem a Fazenda Piblica e pessoas integrantes da Administragao ppblica direta e indireta: embora elas tenham margem muito restrita para auto. composicdo, em tese essa possiblldade existe. Sendo assim, nfo parece haver bice legal para que ela celebre eventual convencaio em matéria processual, ressalvadas disposicoes substancials ou processuals que se entendam cogentes (infra n, 9). SEGUI ‘OBSERVANCIA DO DEVIDO PROCESSO LEGAL. Outro limite a0 objeto do negécio processual esté na sua adequacdo ao devido processo legal. Conquanto 0 CPC 2015 no tenha felto essa ressalva de forma expressa, ela decorre do que esté inscrito nos incisos LIV e LV da CF. Aids, oderia a nova lei, nesse particular, ter empregado diccao igual ou semelhante Aquela constante do art. 23, § 2° da Lei 9307/96; que condicionou a autonomia dda vontade em matéria processual na arbitragem & observancia dos principios do contraditério, igualdade, imparcialidade e livre convencimento. ‘Mas, na premissa de que todos os requisitos de validade do negécio juri- dico estejam presentes (af incluidos a igualdade real das partes, sua adequada consciéncia da realidade, a liberdade de escolha e a boa-té), a restricdo acima ‘mencionada deve ser vista com ponderacado. Limitacées bilaterals e isonémicas ‘a0 contraditério néo devem necessariamente ser vistas como inconstitucionals. Para ilustrar, hé décadas se admitia em doutrina que as partes dispensassem 2 Intervencao de assistentes técnicos,flando-se de antemo e exclusivamente no laudo do perito oficial, ‘Além disso, no hé exatamente consenso sobre quais postulados efetiva- ‘mente integram 0 conceito de devido processo legal. Para ilustrar, a public- dade é usualmente incluida nesse contexto. Contudo, ela nio consta da lei de arbitragem acima referida; pelo contrario, osigilo€ usualmente indicado como ‘uma das vantagens do processo arbitral Naturalmente, seria inconcebivel negécio que pretendesse interferir na Imparcialidade do juiz; nao apenas porque Isso ofenderia o devido proceso legal, mas porque extravazaria o Ambito negociével, que se limita a posicaes Juridicas das partes e no do juz (exceto indiretamente). De forma anéloga, se "a invidvel imitar 0 contraditério apenas para um dos ltigantes. Mas, fora dos casos em que efetivamente haja ofensa ao devido processo legal, prevalece o ue as partes tiverem convencionado. Nao se afigura jurfdico ou ético que uma das partes viesse depois -jé em funcio de resultado destavordvel - queixar-se de suposto vicio para o qual no atentou no momento préprio, n Cones a a saa um A? ‘SEGUE: NORMAS PROCESSUAIS COGENTES. ac do dei proceso le iva 2 cure ¢.oetran ordi, ae eamete pode coniert como cogete Blan igo do processo culfCom ocorte em outros ramos do Diet, nem Terapre 0 ordenamento é sufcientemente claro e objetivo ao estabelecer que $Erinas rorm sea moe ; Oa is de Cg hl em uae ean o ego verbo aur person rears a ia 0 9 So ces pate ser ulead dss fra. Alanbm aut ace Tas pteses em que all taratamente recomecer oto como Bsn, Sen nrsna no proces da arhiagn, fora resaha cosa nme Sons's aoa, proce sonoma da tae ao poe € sorta pls peas saree dds plo CP lee. aan nia ara loc am meso pata of esa 0 est og, ose exaelecer sonia ene a lees nome coe den procs le or cert, avers reps qe merece acu Gifeaco (¢ pensar os pesapets process) mas qe no dzem rs eer ado a0 mens detamente aos postlados qe gram o cone Seo proceso eel a Ab dso, hécaos em que o stra processial afro carter coen i qu at partes possam modicardeteminadaFega~ alo tant ue cos spre al do eso do a 8 o Cio Fasaas stages ras quis © cer iperatho fea spe a part do Feces de ue daca mata €reputaa de “orem ps sua to came de ft plo ee fora do aleance da presto, ora no se fecanea nieve caresponca ene snes de ora de dem Pater eum ado e nora cgente, de UVa neealo legal no de Serum parimeto objet : «Angulo da ordem plc (process, no novo regramento estabe- lec pel fe ais, amen oa rset ar cue ea sel barge das regras que asseguram a regularidade do processo. € que as “irregulari fet do proceso” deve seria edo carter Inrumetl do proceso ee sarante de seus excopos, so evdentemente nfo quer dzer qv os fs justificam os meios, porque 0 processo é garantia das partes na betapert fe ae suerte de exer de poder. Aa asim € pedi cosferar fie’ clo nlo pode se asbrepor as escopos a qe seve, Adena 20 We dialer se ere como eval epulaidde process pode, eventualmente, er sperado por convene ds partes Para Tusa, i problema: no n fo Un Ye matéria de pressupostos pracessuals, nfo se pode descartar que as partes sim. plifiquem a forma ce comprovacao da representagao processual (por exemplo, porque previamente definida no préprio negécio processual). Portanto, néo & possivel singelamente equiparar os conceitos de requisites para julgamento ‘do mérito (condigdes da acto e pressupostos processuais) a regras de orcem, pablica ou cogentes. esse contexto de poucas definigdes, sem prejuizo do que jé foi pondera- do, um critério a considerar € a adequacdo da regra processual aos escopos. dd jurisdigdo - seja ela estatal, sel arbitral. 0 processo existe para superar contlits (e, portanto, restabelecer a paz social com racionalidade presteza possivel) mediante a atuacio do direito objetivo (suposto que nao seja possivel, solucio consensual). Nao se descarta que, eventualmente, seja preciso recorrer a técnica da ponderacio de valores, como forma de conter eventual excesso na intervencao estatal sobre a atividade das partes. Seré caso, entao, de avaliar a necessi- dade, a adequacio e a proporcionalidade em sentido estrito de determinado Sbice que o juiz oponha a autonomia da vontade das partes. ‘Sem resolver o problema e sem qualquer pretensio de esgotamento ou de imutabilidade (pela consideravel dificuldade de se tratar o t6pico de forma geral e, mais do que Isso, desvinculada de determinada situacéo espectfica), parece licto identificar limites & convencao das partes em relacao ao seguin- te: a) excluir ou restringir a interven¢ao do Ministério Piblico, quando ditada pela Constituicao ou pela lel b)alterar regras cuja falta de observancia leva 8 incompeténcia absoluta; &) dispor sobre organizac4o judiciaria; d) dispensar as partes (mesmo que de forma bilateral) dos deveres inerentes Itigancia proba, € leal; e) ampliar o rol das condutas caracterizadoras de litigincia de ma-é; ‘) criar sangBes processuais para repressio de ltigancia de mé-fé ou de atos, ‘atentatérios & dignidade da Justia;,g) criar recursos no previstos em leit) ‘riar hipéteses de acdo resciséria ou de outras medidas tendentes a desconsti- tuira coisa julgada; ) dispensar o requisito do interesse processual. 10, SEGUE: VALIDADE DE ELEMENTOS PARTICULARES. Dentre os elementos particulares do negécio processual, algumas cogita- ‘ges podem ser feitas a respeito da respectiva validade. Primeiro, é licita a convencio de termos pelas partes. Aliés, a lei permite o estabelecimento de um calendério e, por ora sem cogitar da participacao do {rgio judicial, € cto as partes convencionarem sobre 0 tempo dos atos pro: cessuais; em particular sobre prazos - na premissa de que, de forma razodvel € proporcional, isso se afigure compativel com os escopos da jurisdigao. Para ‘exame da fixaco de prazo com a participacdo do magistrado, vide infra n. 17 n Cones ans ut este a A yao se deve descartar a insergio de condigdes no negécio processual « que mio deve ser confundido concetvalmente com o ato processual. Com Siac, emboraseja tradicional 0 entendimento de que atos processuais ndo shejem ser condconais ( que € bem istrado pela sentenca),o conteido © oem de exercco das posigdesjurcicas processuals podem estar suetos a arent futuro eincerto. Isso se di na premissa de que a dsposicéo nao infirme erfowido processo legal e de que no ofenda normas cogentes ou de ordem poblc (ide supra. 8). espeltados ais limites, também se afguralcita a insercdo de cusula penal a Incdir no caso de descumprimento de alguma das regras (processuais) prpistas pelos interessados ~ no apenas para a situagio de Iiganca de mé Ten prestacio dali decorrente nfo seri exatamente imposta pelo jul, mas plas partes. O qué cabe ao drgio judicial é, eventualmente, resolver questao Formas sobre a ocorréncia, ov nfo, da viola que fz incdir a muita. Nao se festara que, sendo possivel, tal decisto seja proterida no préprio processo e Si mesmo cobrada a mula. Se, por qualquer razao, isso no ocoret, a multa oderé ser cobrada em sede aulOnama, por demanca prépra 11, SEGUE: A FORMA DO NEGOCIO JURIDICO PROCESSUAL. J4 foi dito que, para exist, o negécio processual deve obrigatoriamente ter forma escrita, ainda que eventualmente apresentado de forma oral (Supra 3) Sob esse Angulo, para ser valido, 0 negécio processual nao esta sujeto a forma especial (C, art. 266, IV). N3o ha exigéncia de que seja celebrado por ins trumento pablico, nem mesmo quando esse ditimo for requisto de validade de atos objeto da controvérsia judicial, Quando nao fosse por outras razdes, basta tia lembrar que, ainda que celebrado por instrumento particular, ele deverd ser juntado aos autos e, nessa medida, j& ganhard a forma pablica; que sera origi- Nia se e quando o negéclo for celebrado na presenca do juiz, em audiéncia. 12, REQUISITOS DE VALIDADE EXTRINSECOS: AGENTE CAPAZ. CO negécio processual exige sujeltos “plenamente capazes” (art. 190, caput). Isso exclui a possibiidade de que seja celebrado por absolutamente incapa: es ainda que na pessoa de seus representantes legais - e por relativamente incapazes - mesmo que regularmente assistidos. Mas, ha relevancta na distin- lo entre essas duas situagbes porque o vicio de incapacidade relativa gera Anulailidade do ato (CC, art. 172, , enquanto a absoluta gera a nulidade (CC, an. 166, i), com diferentes regimes, conforme regras dos artigos 168 e 177 do écigo Civil - especialmente quanto ao meio de reconhecimento do vicio. Fo tn Wen Poder-se-ia argumentar que, diante do caréter taxativo da lei processual (que falou em “partes plenamente capazes"), a consequéncia seria sempre a dda nulidade de pleno direito, qualquer que fosse o grau de incapacidade civil Contudo, nao se vislumbra razao juridica para que nao incida a regra do inciso ''do art. 171 do Cédigo Civil, Portanto, sendo caso de anulabilidade, s6 por de: ‘manda prépria ela poderd ser reconhecida, sendo vedado o reconhecimenta de offcio. alias, a norma do art. 177 do Cédigo Civil, nesse particular, esté em hharmonia com aquela contida no § tinico do art. 191 do CPC 2015, que falou do controle judicial de oficio nos casos de “nulidade”. E certo que 0 regime de invalidades no processo civil é diverso do vigen: te no direito privado, havendo quem sustente ser inaplicivel naquela seara a distingdo entre nulidade e anulabilidade. Mas, é preciso considerar que isso se a essencialmente com base na ideia de que a invalidade processual & sempre aquela reconhecida expressamente como tal, no proceso. Portanto, para o processualista civil, 0 ato nulo ~ ainda que insanavel o vicio - é sempre 0 ato ‘ulo como tal qualificado pelo érgio judicial. Mas, isso nao interfere com a conclusdo acima; até pelo contrario. Em linha de argumentacdo, se considerada a regra de conservacao dos atos processuais (sem propriamente aceitar que 0 nnegécio processual tenha tal natureza), a invalidade s6 se reconhece diante de concreto prejuizo; 0 que reforca a necessidade de propositura de medida auto- ‘noma para o reconhecimento da invalidade por vcio de incapacidade relativa. A impossibilidade de reconhecimento de oficio pelo julz da anulabilidade cima tratada significa que ele no pode recusar validade ao negécio apenas por esse fundamento. Contudo, o julz certamente ndo esta Impedido de alertar as partes acerca do vicio, a gerar potencial ameaca a validade do processo. ‘Além disso, a conduta das partes diante da constatagdo do vicio pode e deve ser oportunamente valorada sob a dtica de seu dever de Itigar com ética probidade. De todo modo, se a incapacidade for superada no curso do proceso, os atos processuais praticados com base no negéclo processual antes viciado po- dem ser ratificados, atentando-se para o disposto nos artigos 172/175 do Cédigo chi 13, SEGUE sulzo. "APACIDADE DE ENTES QUE TEM CAPACIDADE DE ESTAR EM (0 negécio processual pode ser celebrado nao apenas pelos que ostentam personalidade civil, mas igualmente pelas entidades que, embora despidas da uela condicao, tem aptidio de estar em juizo e, portanto, de ser parte. Toda pessoa é dotada de personalidade, isto é, de aptidao para ser titular de posicdes juridicas ativas e passivas (CC, art. 1»). 0 processo se insere nesse ” nv as an es oe 9H petnda pessoa & apa a ser Ur de poses navel den pro Ao Pes que dae uleer pesos em capacade dese" pare ces as er oe, hd une pesoalade pecs sta Fane ean eam epee pate esi GWEC or rae rr coms ior a rts de ado, 000 Wgaprocessual admit como tal, de outro. €0 caso do espdio, que congrega os Ble re a cin emrste da rove de pesto ard ae at ane cand surndgcnucmada t pata Ob Te a a aesorey ea snl que bars 0 re So eset cndonblo, qe apa divs ds contin Be acon toon fm todos esses casos fala-se que tals entes, ainda que desprovidos de personalidade juriica, teriam personalidade “judiclria” porque poderiam ser Bhulares de posigbes na relagio processual, embora assim no ocorra no plano substandial. Mas, em termos légicos, no pode haver uma posicéo processual ‘que dispense precedente personalidade, tal como detinida pelo art. 1» do CC. Por ‘Outro lado, pelo cardter instrumental do processo, ndo faria sentido que alguém ou alguma entidade - fosse apenas tiular de “direitos e deveres” na drbita pro ‘cessval, sem qualquer outra vinculagdo, quando menos indireta, com (afirmadas) posigGes juridicas vigentes no plano substancial do orcienamento. Entdo, como Jé preconizara parte da doutrina civilista, melhor seria reconhecer que personal dade, sob a dticajurfdica, consiste na possibiidade de agir, que a ordem juridica atribul a certos entes: pessoa é 0 ente que pode praticar atos juridicos e nao ‘exatamente 0 sujeito de direitos (unqueira, Negécio jurdico, p. 43) ‘De qualquer modo, os entes acima referidos representam ~ ou a0 menos congregam - interesses de outrem; 0 que, forcoso convir, & algo diferente do fonceito de personalidade. Além disso, o direlto processual civil considera 0 onceito de capacidade cli, segundo os respectivos graus: capacidade plena, incapacidade absoluta e incapacidade relativa (CC, arss. 3o/4). Nao se trata mais da titularidade do direito (ou de outra posicao juridica), mas do respect vo exercici. H4, nesse particular, correspondéncia entre lei material e proces sual, de tal sorte que a aptidao de exercicio de direitos leva ao que se qualifca como capacidade de estar em julzo (CC, art. 70). Assim, incapazes serao repre: sentados ou assistidos, conforme o caso (CPC, art. 73). Nao haveria sentido em se permitir que tais entes pudessem estar sujeitos. 4 regras processuais ditadas pela lei, mas que, paradoxalmente, no pudessem participar de negécio tendente a estabelecer regras de igual natureza, apenas Porque resultantes da autonomia da vontade. Por tudo isso, a conclusio é de que, respeitados os demais requisitos le fais, negécios processuais podem ser celebrados pelos referidos entes acima Feferidos. foo Una Yon, 114, SEGUE: PRESENGA DE ADVOGADO. A validade do negécio processual nio esta condicionada 4 presenca de advogado - embora evidentemente ela seja desefivel por se tratar de matéria técnica, que presumivelmente escapa ao conhecimento do leigo. Assim ocorre porque, como no se trata da pritica de ato processual, ndo vigora a exigéncia de Capacidade postuat6ria Essa mais restrtamente diz respeito a aptiddo de apresentar manifestacBes e pleitos em julzo. 0 fato de 0 rnegéco ter por objeto atos que integram o procedimento e posigies jridicas que compaem a relacio processual nao & sufcieme para tomar obrigatria a presenga do advogado no ato de celebracio do negéco. Para que isso ocor- resse seria indispensdvel previsio legal expressa, tal como ocorre no caso de atos e contratos constitutivos de pessoas jurdicas, conforme previsto do § 2 do art. 1 da Lei 8506/94 (Estatuto da Advocacia), que, além de expresso, comina taxativamente a sangio de invalidade, 0 que se afigura inviével 6 que as partes simplesmente afastem, no ne- s6cio processual, o requisto da capacidade postulatéria do advogado para a Drtica de atos processuais ~exceto se isso jé for autorizado pela lei (0 que, de resto, & objeto de leislacio extravagante e no do Cédligo de Processo Ci) Portano, rata-se de uma restrigio de conteddo do negécio processual e no de capacidade. A capacitacao técnica do advogado 6 indissocidvel do acesso & Justca que, dentre outros, exige adequada informagdo acerca dos direitos, da forma de sua postulacéo ¢, especialmente, das chances eriscos envolvidos na éempreitada de demandar ou de resistr & pretensio de outrem. € por isso que a CFestabelece ser o advogado indispensavel & administracao da justia; o que, de resto, estérepetido pela legslagao acima lembrada (art. 2). Anda quanto ao advogado, eventuais disposicBes no negécio processual sobre a destinagao dos honorérios fixados em juizo e, portanto, cabentes aos advogados (Lei 8906/a4, art. 24, § 48), S80 ineficazes € inoponivets perante os causidicos, salvo se eles expressamente tiverem comparecido ao ato e anuido. 15. FORMAS DE CONTROLE DA VALIDADE DO NEGOCIO PROCESSUAL: CASOS DE NULIDADE. J fol dito que a validade e a eficicia conereta e plena do negécio proces- sual ficam sujeitas a0 controle pelo érgao jurisdicional (supra n. 6). A forma de controle depende da natureza de eventual vic Na premissa de que regime juridico € misto (supra n. 6), sfo aplicaveis as regras cvis que tratam das nulidades, conforme disposigies gerals dos art- {205 166 e seguintes do Cédigo Civil, analisadas acima sob a especifca ética das regras de natureza processual. % Conn es a san ue 4m A? rratando-se de vio caracterizador de nulidade (como tal se deve consi- derar também a “Insercio abusiva em contrato de adesdo ou no qual alguma parte se encontre em manifesta siuacio de wuinerabilidade"), 0 CPC 2015 rea Firmou 0 que jd consta do sistema do Cédigo Chl (art. 168) 0 tema pode e deve rmonhecido de ofcio pelo juz ou a requerimento da parte inlind-se af anistério Pablico). Isso deverd ocorrer incdentalmente no processo em que 0 fontetido do negdcio for apresentado a0 magistrado, isto 6, do processo que fdeveria ser reido pelo ato das parts. Dentro do processo, niio hd dever de o juiz examinar a integralidade do negécio, de sorte a jé adiantar eventuats invalidades que pudessem dizer res: peito a atos ov posicées juridicas futuras e, portanto, ainda eventuais. 0 contro- Te ha que ser feito em correspondéncia com a fase processual, ustamente por- ‘que nio ha preclusao sobre o tema e porque, no momento de aplicar a regra, 0 juiz deixaré de o fazer se entender que ela, por qualquer razao, é invalida, Nos tribunats, suposto haja margem para convengdo que abranja essa fase, mesmo 4b ningua de regra expressa, parece licito aceitar que o controle sera feito pelo relator, cuja decisio ficara sujeita revisao pelo colegiado. Nesse particular, ao menos como regra, néo haverd interesse processual para demand cujo objeto seja exclusivamente a declaracao de nulidade - total fu parcial - do negécio, Compete & parte ~ seja autora ou ré - alegar a nuli- dade de forma incidental, submetendo ao juiz da causa, que é funcionalmente competente - com a exclisio de qualquer outro - para determinar se e quais, as regras processvais a reger a respectiva atividade. Nao ha utilidade para in- ‘alidagdo auténoma, inclusive sob a ética estatal. De demanda aut6noma s6 se poderd excencionalmente considerar se a cognicao necesséria para apuracio io vicio - por exemplo, no caso de simulagao ~ exigir processo cujo objeto seja exclusivamente a apuracao da nulidade. 116, SEGUE: CASOS DE ANULABILIDADE. 0s vicios geradores de anulabilidade do negécio processual sio aqueles arrolados pela lei civil, cujo regime juridico deve ser observado. Nesse caso, 0 negécio deve ser desconstituido por demanda aut6noma. € que a iniciativa do interessado, neste caso, 6 indispensdvel: os termos do art. 177 do Cédigo Civil, @ anulabilidade “nao tem efeito antes de julgada por sentenca, nem se pronuncia de oficio; sé os interessados a podem alegar, e aproveita exclusiva- mente aos que a alegarem, salvo 0 caso de solidariedade ou indivisibilidade”. ‘Ademais, a via autonoma é necessaria porque 0 objeto do processo enseja cognicdo propria, que dificlmente se coordenaria com a cognicao do objeto de ‘outra demanda (essa titima fundada na controvérsia de direito material). 0 Se for eventualmente proposta demanda para anular 0 negécio, @ compe- ‘éncia sera do jufzo perante o qual pendemte o pracesso cujas regras 0 negocio bretende regular; ou, se ainda ndo instaurado, 0 érgio a quem competiria, desse Gitimo conhecer. Nao se trata apenas de tema prejudicial, a gerar cone. x40 e, portanto, reunido de processos (CPC, art. §5). Conforme ja realcado, a competéncia, nesse caso, é ditada por critério funcional: discutindo-se quais ag Fegras devem prevalecer em dado proceso, é da respectivo juizo a competén a para determinar 0 qué prevaleceré, Portanto, o crtério funcional prevalece sobre qualquer outro, notadamente sobre o que crtério (objetivo) da matéria, Para argumentar, se por alguma razio aqui nao divisada, ndo for possivel o Drocessamento conjunto das demandas, ento, em argumentacao, serd caso de ‘se aplicar suspensdo por prejudicialidade. Proposta que seja a demanda pelo legitimado, se houver pluralidade de artes, em atual ou potencial Itiscons6rcio, © reconhecimento da invalidade Prevalecera perante todos, tendo em vista o cardter indivisivel da rela¢ao con ‘rovertida. Nao ha como conceber regras processuais vilidas para uma parte € ‘do validas para outros litisconsortes (CC, ats, 105 e 177, parte final) Portanto, tratar-se-d de Iitisconsércio unitario. Tendo em vista que o prazo decadencial para a demanda anulatéria € de ‘quatro anos, a contar do dia em que cessar a incapacidade (CC, ar. 178), pode ‘ocorrer que ela seja aforada quando jf proferida sentenca de mérto transitada em julgado. Assim, se procedente a demanda, sera preciso anular o processo desde 0 momento em que vigoraram as regras constantes do negécio proces: sual desconstituido, O carater hibrido da situacdo - que envolve direito material e processual - fica consideravelmente evidente. De um lado, hd vicio em negocio juridico sob a ‘tica dos requisites exigidos pelo direito material, Contudo, invalidar o negéclo significa invalidar atos processuais e, para tanto, é preciso considerar o regime do CPC: a) a invalidade de um ato no prejudica outros que eventualmente ssejam independentes; b) nao se reconhece invalidade quando se puder decidir © métito a favor da parte a quem aproveitaria a decretacdo daquela; c) apro- veltam-se os atos, ainda que desconformes a0 modelo legal, desde que nao haja prejuizo a defesa de qualquer das partes (CPC, artigos 279 e 280), Portanto, uer para aferir o interesse de agir, quer para se julgar o mérito de eventual cdo anulatéria por vicio de incapacidade ¢ preciso considerar o regime de lavalidades estabelecido pelas regras de processo. 0 mesmo vale para outras hipéteses de anulabilidade do negécio, 17, O ESTABELECIMENTO DE CALENDARIO ENTRE PARTES EJUIZ. 'Além de permitir que as partes convencionem sobre matéria processual, 4 lei abriv possibiidade de 0 acordo abranger também o érgao judicial. Isso n oa ts wt soos tos proseaair ips om fe e justificados (art. 191, § 1°). Isso poderia sugerir que o drgado judicial, nes- Tivipotese, seria também parte contratante. Mas, dscussao dessa natureza, Be eves possa vr relevincla academic, €relatha em iermos pragmtcs, ‘A possiblidade aberta pela lei deve ser vista como oportunidade de as pares faem os prazos aque eso sues: tanto so € verdad que oes fabelecimento do calendério gera a dispensa da intimagdo delas para a prética fe ato processual (§ 2). Ndo se deve entender que também para o juiz seriam estabelecidos prazos, que no aqueles jéfixados pela lel ou, por outra forma, ‘ompativels com a tempestividade da jursdicao e a observancia dos deveres funclonais do magistrado. Excecio a isso é a prévia designacdo de data para audléncia (que certamente vineula 0 juiz), embora iso ndo represente exata mente uma novidade no sistema Portanto, 0 calendério nao & mais do que um capitulo partcuar da con vengio das partes em matériaprocessual. A paticipacio do juizo nao vai subs tanclalmente além do que jé ocorre em relacdo ao controle do negécio proces sual, e nem poderia. ainda que ele esteja autorizado a incentvar as partes € até suger a composicio do calendério,rigorosamente ele nao & parte do ne- a6cio; do contrari, a presenca do juz como “parte” impeediria que fizesse 0/8 mencionado controle do negécio processual Dferentemente do &rbitro,o jlz esata tem s0b sua presidénca outros processos (requentemente em némero significativo) e nao parece desejével ou sequer factivel que 0 juizo estabeleca regras dferenciadas que, inclusive, poderiam compromerer o respeito & ordem ronol6gica que a prépria le cuidou de estabelecer (ar. 12). 18. CONCLUSAO. ‘A abertura que 0 CPC 2015 dé as partes, para que exercam a autonomia dda vontade em matéria processual ndo deve ser encarda apenas como uma ‘portunidade para o exercicio da criatividade dos advogados. Como ja fot dito, regras processuais convencionais, que alterem as opgGes feitas pelo Leista dor, devem ser pensadas como forma de trazer resultados relevantes para racionalizagao do proceso. Por isso & que a lei falou em mudancas no proce dimento para “ajusté-o as especiicidades da causa”. Ndo se trata exatamente de “simplificar” 0 processo, porque 0 conceito de simplicidade, por incrivel ‘ue pareca, envolve boa margem de subjetividade e nem sempre & téo facil » Fao te Yon de estabelecer Tatase de raconalar, ad : Je racoalar,adequando-se 0 processo 8 rela controvertida € respectivos sujeitos, a De outro lado, & imperativo que os magistrados estejam abertos a esse novo cenétio. Nao deve vingar eventual cetiscismo, de que argumente com a impossiblidade de se ter processos particularizados perante érgdos ja atarefa- ‘dos. Ao conferir espaco para a autonomia da vontade, o que almejou @ reforcar a cooperagao que as partes possam dar para 0 bom andamento dos Drocessos e para resolucao das controvérsias. Portanto, depend do esforgo € da boa vontade de todos os envolvidos 0 sucesso ou 0 fracasso das novas disposigées. S6 entéo saberemos se caminhamos, de fato, para uma nova Era, CAPITULO 4 Sobre os acordos de procedimento no Processo Civil Brasileiro Pedro Henrique Pedrosa Nogueira’ Sms. mnt, Boe ta na bes nghinocns n de teu pes 4 Onno eas ips a5 crs rm (Peat fs epi i Poca Ol 257s es fe peda, 1. NOTA INTRODUTORIA 0 presente ensalo busca identifiar a presenca de negécios processuais sob a modalidade “acordos de procedimento”, a partir do advento do Cédigo, de Processo Civil, sem perder de vista algumas figuras negociais da espécie faistentes no direito brasileiro, mesmo em periodo mais remoto e sob a égide do CPC/2973, 2. BREVE RESENHA DOUTRINARIA SOBRE OS NEGOCIOS PROCESSUAIS 0 estudo dos negécios juridicos, historicamente, esteve vinculado ao Dire to Privado. Na Ciencia Processual, a temtica é relativamente recente. Coube & doutrina alema elaborar e desenvolver o conceito de negécio juridico proces- sual, a partir do final do século XDe-. Tovior (FA) e Mestre (AL em Be, Prfeso de Deo Proce Gl radact @ mesa) thivestade Fever! de Agen (UA), roteszr © sordenadr ao cro de eo da SUE, Merb fons frase de Dro Proce! QP). embrofndader da esodaao Note e Nore de Proesores de Proceso (ANE) Avon. vitor egal proseetune Enoped dl Ota. ano: ue 98 v.80 138. WO do hal de Derecho Poca EM aS Tomds A. Unzat Bvenos Nes: HA. 97, hap notes eet passin rca una reset das erences concep germans, wo pride, sere a tea do neo Drotessual acer, PERteh, Lg Std ¢Qoestenl Dito Pees Ce MADD: ovene, 198 pace ses: PARE, Aton. Corto aa eta del tt Procesual Mao: vee, 193, 9.6 im a

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