You are on page 1of 141
CONCURSOS (u Estratégia Aula 00 Direito Processual Penal p/ PC-SP (Escrivao) Com videoaulas - 2019 Renan Araujo, Time Renan Araujo 11 1.2 124 122 1.23 124 1,3 13.1 14 141 142 15 16 17 3.1 a2 3.3 bi INQUERITO POLICIAL INQUERITO POLICIAL.. Natureza e caracteristicas .. Inicio do IP (instauracao do IP) Formas de instauracéo do IP nos crimes de aco penal publica incondicionada mn. Formas de instauracdo do IP nos crimes de Aco Peri! Piblica Condicionada 8 Representacai Formas de Instaurago do IP nos crimes de Ago Penal Privada nn Fluxograma.. Tramitago do IP... Diligéncias Investigatorias..... Forma de tramitacao.... Incomunicabilidade do preso.. Indiciamento Conclusdo do inquérito policial Valor probante dos elementos colhidos no Inquérito Policial.... Poder de investigacdo do MP.... DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES. SUMULAS PERTINENTES... Sumulas vinculantes .. Sumulas do STF Sumulas do ST)... EXERCICIOS PARA PRATICAR... EXERCICIOS COMENTADOS ... GABARITO.. I lect heen Nee eo ai at ih ie iit i O15, meus amigos! E com imenso prazer que estou aqui, mais uma vez, pelo ESTRATEGIA CONCURSOS, tendo a oportunidade de poder contribuir para a aprovaciio de vocés no concurso da PC-SP. Nés vamos estudar teoria e comentar exercicios sobre DIREITO PROCESSUAL PENAL, para o cargo de ESCRIVAO. E ai, povo, preparados para a maratona? O edital ainda nao foi publicado, mas cresce a expectativa por um novo certame. Bom, estd na hora de me apresentar a vocés, certo? Meu nome é Renan Araujo, tenho 31 anos, sou Defensor Publico Federal desde 2010, atuando na Defensoria Publica da Unido no Rio de Janeiro, e mestre em Direito Penal pela Faculdade de Direito da UERJ. Antes, porém, fui servidor da Justiga Eleitoral (TRE-Rl), onde exerci o cargo de Técnico Judiciério, por dois anos. Sou Bacharel em Direito pela UNESA e pds-graduado em Direito Publico pela Universidade Gama Filho. Minha trajetéria de vida esté intimamente ligada aos Concursos Publicos. Desde 0 comeco da Faculdade eu sabia que era isso que eu queria para a minha vida! E querem saber? Isso faz toda a diferenca! Algumas pessoas me perguntam como consegui sucesso nos concursos em tio pouco tempo. Simples: Foco + Forca de vontade + Disciplina, Nao hd férmula magica, nao ha ingrediente secreto! Basta querer e correr atrés do seu sonho! Acreditem em mim, isso funciona! E muito gratificante, depois de ter vivido minha jornada de concurseiro, poder colaborar para a aprovacao de outros tantos concurseiros, como um dia eu fui! E quando eu falo em “colaborar para a aprovacdo”, nao estou falando apenas por falar. O Estratégia Concursos possui indices altissimos de aprovagao em todos os concursos! Neste curso vocés receberdo todas as informacdes necessdrias para que possam ter sucesso na prova da PC-SP. Acreditem, vocés nado vdo se arrepender! O Estratégia Concursos esta comprometido com sua aprovacao, com sua vaga, ou seja, com vocé! Mas 6 possivel que, mesmo diante de tudo isso que eu disse, vocé ainda no esteja plenamente convencido de que o Estratégia Concursos é a melhor escolha. Eu entendo vocé, ja estive deste lado do computador. As vezes é dificil escolher o melhor material para sua preparac3o. Em razao disso, disponibilizamos gratuitamente esta aula DEMONSTRATIVA, a fim de que vocé possa analisar o material, ver se a abordagem te agrada, etc. Acha que a aula demonstrativa é pouco para testar o material? Pois bem, o Estratégia concursos dé a vocé o prazo de 30 DIAS para testar o material. Isso mesmo, vocé pode baixar as aulas, estudar, analisar detidamente o material e, se no gostar, devolvemos seu dinheiro. Sabem porque o Estratégia Concursos dé ao aluno 30 dias para pedir o dinheiro de volta? Porque sabemos que isso nao vai acontecer! Nao temos medo de dar a vocé essa liberdade. Neste curso estudaremos todo o contetido de Direito Processual Penal que podera ser previsto no Edital. Estudaremos teoria e vamos trabalhar também com exercicios comentados. Abaixo segue o plano de aulas do curso todo: lei cen Ble ooh a tie ee itll ie AULA CONTEUDO DATA Aula 00 Inquérito Policial. 15.03 Aula 01 Acido penal 22.03 Aula 02 Provas (parte I): Teoria geral. 29.03 Provas (parte rovas em espécie. 06.04 eet (artigo 112 do CPP). Pris8o e liberdade proviséria (parte |). | 13.04 snow PrisSio em flagrante (espécies, hipdteses, etc.). Prisdo preventiva, Pristio temporéria (Lei 7.960/89). Prisdo e liberdade provisdria (parte Il). | 20.04 Aula05 | Medidas cautelares diversas da prisdo. Fianga. Nossas aulas serao disponi ‘adas conforme o cronograma apresentado. Em cada aula eu trarei algumas questées que foram cobradas em concursos publicos, para fixarmos o entendimento sobre a matéria. Como a Banca do ultimo concurso foi a VUNESP, daremos prioridade as questdes desta Banca. Todavia, utilizaremos também questdes de outras Bancas renomadas, para reforcarmos nossa preparacao. Além da teoria e das questdes, vocés terdo acesso, ainda, ao forum de diividas. Nao entendeu alguma coisa? Simples: basta perguntar aos professores Vinicius Silva e Yuri Moraes, que so os responsdveis pelo Forum de Diividas, exclusivo para os alunos do curso. Outro diferencial importante é que nosso curso em PDF sera acompanhado de videoaulas. Nas videoaulas iremos abordar os topicos do edital com a profundidade necesséria, a fim de que o aluno possa esclarecer pontos mais complexos, fixar aqueles pontos mais relevantes, etc. Antes de iniciarmos 0 nosso curso, vamos a alguns outros AVISOS IMPORTANTES: 1) Com 0 objetivo de otimizar os seus estudos, vocé encontrara, em nossa plataforma (Area do aluno), alguns recursos que irao auxiliar bastante a sua aprendizagem, tais como “Resumos", “Slides” e “Miapas Mentais” dos conteidos mais importantes desse curso. Essas ferramentas de aprendizagem irdo te auxiliar a perceber aqueles topicos da matéria que vocé precisa dominar, que vocé ndo pode ir para a prova sem ler. —_ Ss a ee 2) Em nossa Plataforma, procure pela Trilha Estratégica e Monitoria da sua respectiva 4rea/concurso alvo. A Trilha Estratégica é elaborada pela nossa equipe do Coaching, Ela ira te indicar qual é exatamente o melhor caminho a ser seguido em seus estudos e vai te ajudar a responder as seguintes perguntas: ~ Qual a melhor ordem para estudar as aulas? Quais so os assuntos mais importantes? - Qual a melhor ordem de estudo das diferentes matérias? Por onde eu comeco? - “Estou sem tempo e o concurso estd préximo!” Posso estudar apenas algumas partes do curso? O que priorizar? - O que fazer a cada sessdo de estudo? Quais assuntos revisar e quando devo revisa- los? - Aquais questes deve ser dada prioridade? Quais simulados devo resolver? - Quais sdo os trechos mais importantes da legislagéo? 3) Procure, nas instrug8es iniciais da “Monitoria”, pelo Link da nossa “Comunidade de Alunos” no Telegram da sua drea / concurso alvo. Essa comunidade ¢ exclusiva para os nossos assinantes e serd utilizada para orienté-los melhor sobre a utilizagdo da nossa Trilha Estratégica. As melhores diividas apresentadas nas transmissées da “Monitoria” também serdo respondidas na nossa Comunidade de Alunos do Telegram’. No mais, desejo a todos uma boa maratona de estudos! Prof. Renan Araujo M E-mail: profrenanaraujo@gmail.com oO Periscope: @profrenanaraujo Birecebook: www.facebook.com/profrenanaraujoestrategia ‘Steos[nstagram: www.instagram.com/profrenanaraujo/?hl=pt-br YofEB youtube: www.youtube.com/channel/UCIIFS2cyREWT35OELNSwcFQ Observa¢do importante: este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislacéo sobre direitos autorais e dé outras providéncias. * (#) 0 Telegram foi escolhido por ser a tinica plataforma que preserva a intimidade dos assinantes e que, além disso, tem recursos tecnol6gicos compativeis com os objetivos da nossa Comunidade de Alunos. I lect heen Nee eo ai at ih ie iit i Grupos de rateio e pirataria so clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores que elaboram os cursos. Valorize 0 trabalho de nossa equipe adquirindo os cursos honestamente através do site Estratégia Concursos. ;-) 1 INQUERITO POLICIAL 1,1 NATUREZA E CARACTERISTICAS | Antes de tudo, precisamos definir 0 que seria o Inquérito Policial, para, a partir dai, estudarmos os demais pontos, Podemos defi PSinguérito policial &, p ; | apuragao de uma infracéo penal e sua autoria, a fim de que o titular da ago penal possa | ingressar em juizo” Assim, por Policia Judicidria podemos entender a Policia responsavel por apurar fatos criminosos e coligir (reunir) elementos que apontem se, de fato, houve o crime e quem o praticou (materialidade e autoria). A Policia Judicidria é representada, no Brasil, pela Policia Civil e pela Policia Federal. A Policia Militar, por sua vez, nao tem fungao investigatoria, mas apenas fungéo administrativa (Policia administrativa), de cardter ostensivo, ou seja, sua fungdo é agir na prevencao de crimes, nao na sua apura¢ao! Cuidado com isso! Nos termos do art. 4° do CPP: Art. 4° A policia judiciéria serd exercida pelas autoridades policiais no territorio de suas respectivas circunscri¢6es e terd por fim a apuragéo das infracdes penais e da sua autoria. © IP tem natureza de procedimento admi ial. Muito cuidado com isso! strativo, e ndo de processo ju 0 inquérito policial possui algumas caracteristicas, atreladas & sua natureza. Sao elas: => OIP é administrativo - O Inquérito Policial, por ser instaurado e conduzido por uma autoridade policial, possui nitido carater administrativo. © Inquérito Policial nao é fase do proceso! Cuidado! O IP é pré-processual! Daf porque eventual irregularidade ocorrida durante a investigag3o nao gera nulidade do proceso. ? => 0 IP é inquisitivo (inquisitorialidade) - A inquisitorialidade do Inquérito decorre de sua natureza pré-processual’. No Processo temos autor (MP ou vitima), acusado e Juiz. No ? Tourinho Filho, Fernando da Costa, 1928 ~ Processo penal, volume 1/ Fernando da Costa Tourinho Filho. ~ 28. ed. vere atual,- $30 Paulo Saraiva, 2006, * Este € 0 entendimento do STI, no sentido de que eventuais nulidades ocorridas durante a investigago nao contaminam a aco penal, rnotadamente quando nao hé preluizo algum para a defesa (STI - AgRg no HC 235840/SP) “Para entendermos, devemos fazer a distincio entre sistema acusatério e sistema ingusitiv. O sistema acusatério é aquele no qual ha dialética, ou seja, uma parte defende uma tese, a outra parte rebate as teses da primeira e um Luiz, imparcia,julga a demanda, Ou sea o sistema acusatério é multilateral I lect heen Nee eo ai at ih ie iit i Inquérito ndo ha acusagio, logo, ndo hd nem autor, nem acusado. O Juiz existe, mas ele no conduz o IP, quem conduz o IP é a autoridade policial (Delegado). No Inquérito Policial, por ser inquisitivo, nao hd direito ao contraditério nem a ampla defesa°. Como dissemos, no IP nao ha acusacio alguma. Ha apenas um procedimento administrativo destinado a reunir informagoes para subsidiar um ato (oferecimento de dentincia ou queixa). Nao hd, portanto, acusado, mas investigado ou indiciado (conforme o andamento do IP).° Em raz3o desta auséncia de contraditério, o valor probatério das provas obtidas no IP é muito pequeno, servindo apenas para angariar elementos de convic¢o ao titular da ado penal (o MP ou 0 ofendido, a depender do tipo de crime) para que este ofere¢a a dentincia ou queixa. => Oficiosidade - Em se tratando de crime de aco penal publica incondicionada, a autoridade policial deve instaurar o Inquérito Policial sempre que tiver noticia da pratica de um delito desta natureza. Quando o crime for de aco penal publica incondicionada (regra), portanto, a instauracdo do IP poderd ser realizada pela autoridade policial independentemente de provocacao de quem quer seja. £ claro que, se 0 MP ja dispuser dos elementos necessérios ao ajuizamento da acdo penal, 0 IP ndo precisa ser iniciado. © que o inciso | do art. 5° quer dizer é que a autoridade policial tem o poder-dever de instauré-lo, de oficio, no caso de crimes desta natureza (O que determinard a instauracao, ou nao, seré a existéncia de indicios minimos da infragio penal e a eventual utilidade do IP). = Oficialidade — O IP é conduzido por um drgao oficial do Estado. => Procedimento escrito - Todos os atos produzidos no bojo do IP deverao ser escritos, e reduzidos a termo aqueles que forem orais (como depoimento de testemunhas, interrogatério do indiciado, etc.). Essa regra encerra outra caracteristica do IP, citada por alguns autores, que é a da FORMALIDADE. => Indisponibilidade - Uma vez instaurado o IP, nao pode a autoridade policial arquiva- lo’, pois esta atribuiga0 6 exclusiva do Judicidrio, quando o titular da aco penal assim o requerer. = Dispensabilidade - 0 Inquérito Policial é dispensavel, ou seja, nao é obrigatério. Dado seu carater informativo (busca reunir informagées), caso o titular da aco penal ja 14 0 sistema inquisitive é unilateral, Nao ha acusador e acusado, nem a figura do Juiz imparcal. No sistema inquistiva no ha acusacio propriamente dita * NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit., p. 124. Isso n&o significa que 0 indiciado nao possua direitos, como o de ser acompanhado por advogado, ete. Inclusive, o indiciado, embora no possua 0 Direito Constitucional a0 Contraditério e & ampla defesa nesse caso, pode requerer sejam realizadas algumas diligéncias. Entretanto, a realizacao destas nao € obrigatéria pela autoridade polical, * Entretanto, CUIDADO: (OST! possui decisées concedendo Habeas Corpus para determinar & autoridade policial que atenda a determinados pedidos de diligéncias; (O exame de corpo de delito nao pode ser negado, nos termos do art. 184 do CPP: ‘Art. 184, Salvo o caso de exame de corpo de delito,o jul au o autoridade poliial negard « perico requerida pelas portes, quando néo for rnecessirio ao esclarecimento da verdade. 7 art. 17 do CPP. I lect heen Nee eo ai at ih ie iit i possua todos os elementos necessarios ao oferecimento da aco penal, o Inquérito sera dispensdvel. Um dos artigos que fundamenta isto é 0 art. 39, § 5° do CPP®. = Discricionariedade na sua condugio - A autoridade policial pode conduzir a investigacao da maneira que entender mais frutifera, sem necessidade de seguir um padrao pré-estabelecido’. Essa discricionariedade nao se confunde com arbitrariedade, nao podendo o Delegado (que é quem preside o IP) determinar dilig€ncias meramente com a finalidade de perseguir 0 investigado, ou para prejudicé-lo, A finalidade da diligéncia deve ser sempre o interesse piblico, materializado no objetivo do Inquérito, que é reunir elementos de autoria e materialidade do delito. = Sigiloso - o IP & sempre sigiloso em relagio as pessoas do povo em geral, por se tratar de mero procedimento investigatério, ndo havendo nenhum interesse que justifique o acesso liberado a qualquer do povo.”” Todavia, o IP ndo é, em regra, sigiloso em relacdo aos envolvidos (ofendido, indiciado e seus advogados), podendo, entretanto, ser decretado sigilo em relacdo a determinadas pecas do Inquérito quando necessario para o sucesso da investigagio (por exemplo: Pode ser vedado 0 acesso do advogado a partes do IP que tratam de requerimento de interceptagdo telefénica formulado pelo Delegado ao Juiz). §50.0 érgdo do Ministerio Publico dispensardo inquérito, se com a representacdo forem oferecidos elementos que o habilitem a promover a agio penal, e, neste caso, oferecerd a dentincia na prazo de quinze as. * A propésito da condugio do IP pela autoridade policial,& importante destacar que estas devem atuar com imparcialidade, apesar de niio se tratar de um processo judicial. Tanto 0 € que devem se declarar suspeltas quando howver situacio que preludique sua necesséria imparcialdade: Art. 107. Nao se poderé opor suspeigdo ds autoridades polcais nos atos do inquérito, mas deverdo elas declarar-se suspeitas, quando ‘ocorrer motivo legal. Como se ve, apesar de ndo haver possiblidade de argulcdo de suspelcSo da autoridade polical, esta tem o dever de se declarar suspelta quando ocorrer motivo legal que gere suspeicdo. *° NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit, p. 124 Administrativo Escrito Inquisitorial (inquisitivo) Dispensdvel CARACTERISTICAS DO IP Indisponivel Discricionério Oficioso 1.2 INiclO DO IP (INSTAURACAO Do IP) As formas pelas quais o Inquérito Policial pode ser instaurado variam de acordo com a natureza da Acdo Penal para a qual ele pretende angariar informacées. A a¢do penal pode ser publica incondicionada, condicionada ou a¢do penal privada. 1.2.1 Formas de instauracao do IP nos crimes de a¢ao penal pul incondicionada -1 De ofi Tomando a autoridade policial conhecimento da pratica de fato definido como crime cuja acdo penal seja publica incondicionada, podera proceder (sem que haja necessidade de requerimento de quem quer que seja) a instauracdo do IP, mediante Portaria. Quando a autoridade policial toma conhecimento de um fato criminoso, independentemente do meio (pela midia, por boatos que correm na boca do povo, ou por qualquer outro meio), ocorre © que se chama de notitia criminis. Diante da notitia criminis relativa a um crime cuja ago penal 6 piblica incondicionada, a instauragao do IP passa a ser admitida, ex officio, nos termos do ja citado art. 5°, 1 do CPP. Quando esta noticia de crime surge através de uma delacdo formalizada por qualquer pessoa do povo, estaremos diante da delatio criminis simples. Nos termos do art. 5°, § 3° do CPP: § 30 Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existéncia de infracdo penal em que caiba acéo piiblica poderd, verbalmente ou por escrito, comunicé-la é autoridade policial, e esta, verificada a procedéncia das informacées, mandard instaurar inguerito. A Doutrina classifica a notitia criminis da seguinte forma: => Notitia criminis de cogni¢So imediata - Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato em razdo de suas atividades rotineiras. => Notitia criminis de cognic¢ao mediata - Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato criminoso por meio de um expediente formal (ex.: requisi¢’io do MP, com vistas a instaura¢3o do IP). => Notitia criminis de cognicdo coercitiva - Ocorre quando a autoridade policial toma conhecimento do fato em razdo da prisio em flagrante do suspeito. Adelatio criminis, que € uma forma de notitia criminis, pode ser: => Delatio criminis simples - Comunicacao feita 4 autoridade policial por qualquer do povo (art. 52, §39 do CPP). = Delatio criminis postulatéria - E a comunicacio feita pelo ofendido nos crimes de acao penal publica condicionada ou acao penal privada, mediante a qual o ofendido ja pleiteia a instauracao do IP. = Delatio criminis inqualificada - & a chamada “dentincia andnima”, ou seja, a comunicacado do fato feita 4 autoridade policial por qualquer do povo, mas sem a identificagéo do comunicante. QUE ‘ATENTO! Mas, e no caso de se tratar de uma dentincia anénima. Como deve proceder o Delegado, ja que a Constituicéo permite a manifestacdo do pensamento, mas veda o anonimato? Nesse caso, estamos diante da delatio criminis inqualificada, que abrange, inclusive, a chamada “disque- dentincia”, muito utilizada nos dias de hoje. A solucdo encontrada pela Doutrina e pela Jurisprud@ncia para conciliar o interesse publico na investigacdo com a proibicio de manifestacdes apécrifas (andnimas) foi determinar que o Delegado, quando tomar ciéncia de fato definido como crime, através de dentincia andnima, ndo deverd instaurar o IP de imediato, mas determinar que seja verificada a procedéncia da dentincia e, caso realmente se tenha noticia do crime, instaurar 0 ip." ‘Admite-se a dentincia anénima como instrumento de deflagracio de diligéncias, pela autoridade policial, para apurar a veracidade das informacGes nela veiculadas, conforme jurisprudéncias do STF e do STI...) (AeRg no RMS 28.054/PE, Rel. MIN. ADILSON VIEIRA MACABU. (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TI/Ri}, QUINTA TURMA, julgado em 27/03/2012, Dle 19/04/2012) O STF corrobora esse entendimento:(..) Segundo precedentes do Supremo Tribunal Federal, nada impede a deflagraco da persecucdo penal pela chamada ‘dentincia andnima’, desde que esta seja seguida de iligéncias realizadas para averiguar os fatos nela noticiados (86.082, rel ‘min, Ellen Gracie, Dle de 22.08.2008; 90.178, rel, min. Cezar Peluso, Dle de 26.03.2010; e HC 95.244, rel. min. Dias Toffoli, DJe de 30.04.2010- Informativo 755 do STF) ‘Adendincia annima s6 pode ensejar a instaura¢do do IP, excepcionalmente, quando se constituir como o préprio corpo de delito (ex. carta na qual hé materalzacio do crime de ameaca, etc} I lect heen Nee eo ai at ih ie iit i 1.2.1.2 Requisicao do Juiz ou do MP IP poderd ser instaurado, ainda, mediante requisi¢go do Juiz ou do MP. Nos termos do art. 5°, II do CPP: Art. 50 Nos crimes de agdio publica 0 inguérito policial seré iniciado: (a) |- mediante requisigéo da autoridade judiciéria ou do Ministério Piblico, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representé-lo. Essa requisi¢ao deve ser obrigatoriamente cumprida pelo Delegado, no podendo ele se recusar a cumpri-la, pois requisitar é sindnimo de exigir com base na Lei. Contudo, o Delegado pode se recusar” a instaurar o IP quando a requisi¢ao: « For manifestamente ilegal «Nao contiver os elementos faticos minimos para subsidiar a investigac3o (nao contiver os dados suficientes acerca do fato criminoso)* 1.2.1.3 Requerimento da vitima ou de seu representante legal Nos termos do art. 5°, Il do CPP: Art. 50 Nos crimes de agdio publica 0 inguérito policial seré iniciado: () |- mediante requisigdo da autoridade judicidria ou do Ministério Publico, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representé-lo. Vejam que aqui o CPP fala em requerimento, nao requisicao. Por isso, a Doutrina entende que nessa hipdtese o Delegado nao esta obrigado a instaurar o IP, podendo, de acordo com a analise dos fatos, entender que nao existem indicios de que fora praticada uma infracdo penal e, portanto, deixar de instaurar o IP. 0 requerimento feito pela vitima ou por seu representante deve preencher alguns requisitos. Entretanto, caso nao for possivel, podem ser dispensados. Nos termos do art. 5°, § 1° do CPP: Art. 5(..) § 10 O requerimento a que se refere o no Il conterd sempre que possivel: 0) a narragfo do fato, com todas as circunsténcias; * NUcCI, Guilherme de Souza. Op. Ci, p. 111/112 Neste iltimo caso o Delegado deve oficiar a autoridade que requisitou a instauraglo solicitando que sejam fornecidos os elementos minimos para instaurario do IP. ae i ee Te ae ae ie i te b) a individualizagéo do indiciado ou seus sinais caracteristicos e as razdes de convic¢do ou de presungao de ser ele 0 autor da infragao, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; a nomeagéo das testemunhas, com indica¢do de sua profissdoe residéncia Caso seja indeferido o requerimento, caberd recurso para o Chefe de Policia. Vejamos: Art. 50 (..) § 20 Do despacho que indeferir o requerimento de obertura de inquérito caberd recurso para 0 chefe de Policia. 1.2.1.4 Auto de Prisao em Flagrante Embora essa hipdtese nao conste no rol do art. 5° do CPP, trata-se de hipotese classica de fato que enseja a instauracdo de IP. Parte da Doutrina, no entanto, a equipara & notitia criminis e, portanto, estariamos diante de uma instauragio ex officio. 1.2.2 Formas de instauragdo do IP nos crimes de Acdo Penal Publica Condicionada a Representacdo Aacao penal publica condicionada é aquela que, embora deva ser ajuizada pelo MP, depende da representacéo da vitima, ou seja, a vitima tem que querer que o autor do crime seja denunciado. Nestes crimes, 0 IP pode se iniciar: 1.2.2.1 Representacao do Ofendido ou de seu representante legal Trata-se da chamada delatio criminis postulatéria, que é 0 ato mediante o qual o ofendido autoriza formalmente o Estado (através do MP) a prosseguir na persecuc3o penal e a proceder responsabilizacio do autor do fato, se for o caso. Trata-se de formalidade necessdria nesse tipo de crime, nos termos do art. 5°, § 4° do CPP: Art. 59 (...) § 40 O inquérito, nos crimes em que a a¢do publica depender de representaco, nao poderd sem ela ser iniciado. Nao se trata de ato que exija formalidade, podendo ser dirigido ao Juiz, a0 Delegado e ao membro do MP. Caso néo seja dirigida a0 Delegado, ser recebida pelo Juiz ou Promotor e aquele encaminhada. Nos termos do art. 39 do CPP: Art. 39. 0 direito de representaciio poderd ser exercido, pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, mediante declaracdo, escrita ou oral, feita ao juiz, ao drado do Ministério Piiblico, ou d autoridade policial I lect heen Nee eo ai at ih ie iit i Caso a vitima no exerca seu direito de representacdo no prazo de seis meses, a contar da data em que tomou conhecimento da autoria do fato, estar extinta a punibilidade (decai do direito de representar], nos termos do art. 38 do CPP: Art. 38. Salvo dispasi¢o em contrério, 0 ofendido, ou seu representante legal, decairé no direito de queixa ou de representagéo, se ndo o exercer dentro do prazo de seis meses, contado do dia em que vier a saber quem 6 ‘0 autor do crime, ou, no caso do art. 29, do dia em que se esgotar o prazo para o oferecimento da dentincia. Caso se trate de vitima menor de 18 anos, quem deve representar é 0 seu representante legal. Caso no o faca, entretanto, o prazo decadencial sé comeca a correr quando a vitima completa 18 anos, para que esta no seja prejudicada por eventual inércia de seu representante. Inclusive, o verbete sumular n° 594 do STF se coaduna com este entendimento. E se o autor do fato for o proprio representante legal (como no caso de estupro e violéncia doméstica)? Nesse caso, aplica-se o art. 33 do CPP", por analogia, nomeando-se curador especial para que exercite o direito de representacao; 1.2.2.2 Requisicdo de autoridade Judicidria ou do MP Como nos crimes de aco penal puiblica incondicionada, o IP pode ser instaurado mediante requisi¢éo do Juiz do membro do MP, entretanto, neste caso, dependera da existéncia de representagSo da vitima 1.2.2.3 Auto de Pri jo em Flagrante Também é possivel a instauracéio de IP com fundamento no auto de prisdo em flagrante, dependendo, também, da existéncia de representagSo do ofendido. Caso o ofendido no exerca esse direito dentro do prazo de 24h contados do momento da prisdo, é obrigatoria a soltura do preso, mas permanece o direito de o ofendido representar depois, mas dentro do prazo de 06 meses. .4 Requisicdo do Ministro da Justica Esta hipétese 6 se aplica a alguns crimes, como nos crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil (art. 7°, § 3°, b do CP), crimes contra a honra cometidos contra o Presidente da Republica ou contra qualquer chefe de governo estrangeiro (art. 141, , c/c art. 145, § Unico do CP) e alguns outros. Trata-se de requisi¢ao nao dirigida ao Delegado, mas ao membro do MP! Entretanto, apesar do nome requisico, se o membro do MP achar que nao se trata de hipétese de ajuizamento da aco penal, nao estard obrigado a promové-la. * Art, 33, Se 0 ofendido for menor de 18 anos, ou mentalmente enfermo, ou retardado mental, e ndo tiver representante legal, ou coliirem 0 interesses deste com os daquele, 0 iceito de queixa poders ser exercido por curador especial, nomeado, de ofco ou a requerimento do MinistérioPablico, pelo juiz competente para o processo pena. Diferentemente da representacao, a requisico do Ministro da Justica nao esta sujeita a prazo decadencial, podendo ser exercitada enquanto o crime ainda nao estiver prescrito. 1.2.3 Formas de Instaura¢ao do IP nos crimes de Acao Penal Privada 1.2.3.1 Requerimento da vitima ou de quem legalmente a represente Nos termos do art. 5°, § 5° do CPP: Art. 5° (..) § 50 Nos crimes de acéo privada, o autoridade policial somente poderé proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intenté-la. Caso a vitima tenha falecido, algumas pessoas podem apresentar o requerimento para a instauraco do IP, nos termos do art. 31 do CPP: Art. 31. No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por deciséo judicial, 0 direito de oferecer queixa ou prosseguir na agdo passard ao cénjuge, ascendente, descendente ou irmao. Este requerimento também esta sujeito ao prazo decadencial de seis meses, previsto no art. 38 do CPP, bem como deve atender aos requisitos previstos no art. 5°, § 1° do CPP, sempre que possivel. 1.2.3.2 Requisic¢ao do Juiz ou do MP Neste caso, segue a mesma regra dos crimes de aco penal publica condicionads: a requisigo do MP ou do Juiz deve ir acompanhada do requerimento do ofendido autorizando a instaurago do IP. 1.2.3.3 Auto de Prisdo em Flagrante Também segue a mesma regra dos crimes de aco penal pitblica condicionada, devendo o ofendido manifestar seu interesse na instauracdo do IP dentro do prazo de 24h contados a partir da prisio, findo 0 qual, sem que haja manifestacio da vitima nesse sentido, ser 0 autor do fato liberado, lei cen Ble ooh a tie ee itll ie 1.2.4 Fluxograma pi INCONDICIONADA INSTAURACAO DO IP para alguns) [Grimes de acio penal publica CONDICIONADAA [REPRESENTAGAO DA ViTIMA ‘Crimes de aio penal VADA Sempre necesstio que hala ‘representoréo da vitima NOMA FUNDO! ATENGAO! Se 0 inquérito policial visa a investigar pessoa que possui foro por prerrogativa de funcao (“foro privilegiado”), a autoridade policial dependera de autorizacao do Tribunal para instaurar 0 IP. Qual Tribunal? O Tribunal que tem competéncia para processar e julgar o crime supostamente praticado pela pessoa detentora do foro por prerrogativa de funcdo (Ex.: STF, relativamente aos crimes comuns praticados por deputados federais). Este 6 0 entendimento adotado pelo STF, mas ha decis6es do STJ em sentido contrario”. 1.3 TRAMITACAO DO IP Ja vimos as formas pelas quais o IP pode ser instaurado. Vamos estudar agora como se desenvolve (ou deveria se desenvolver o IP). °° STF - Ing, 2.811, Ha decisdes, no ambito do STJ, em sentido contrério, o que indica uma provavel alteracio de entendimento num futuro proximo, I lect heen Nee eo ai at ih ie iit i 1.3.1 Diligéncias Investigatérias Apés a instauracio do IP algumas diligéncias devem ser adotadas pela autoridade policial. Estas diligéncias esto previstas no art. 6° do CPP: Art. 60 Logo que tiver conhecimento da pratica da infra¢do penal, a autoridade policial deverd 1 - dirigir-se oo local, providenciando para que néo se alterem o estado e conservagio das coisas, até a chegada dos peritos criminais; (Redagio dada pela Lein® 8.862, de 28.3.1994) (Vide Lei n® $.970, de 1973) 1- apreender os objetos que tiverem relaco com o fato, apés liberados pelos peritos criminais; (Redacdo dada pela Lei n? 8.862, de 28.3.1994) 11 colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunsténcias; IV- owvir 0 ofendido; V- ouvir o indiciado, com observéncia, no que for aplicdvel, do disposto no Capitulo Ill do Titulo Vl, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; VI- proceder a reconhecimento de pessoas e coisas e a acareagées; Vil determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras pericias; Vill - ordenar a identificagio do indiciado pelo processo datiloscdpico, se possivel, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes; IX - averiquar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condi¢éio econémica, sua atitude e estado de Gnimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuirem para a apreciacdo do seu temperamento e cardter. X- colher informagées sobre a existéncia de filhos, respectivas idades e se possuem alguma deficiéncia e 0 nome e 0 contato de eventual responsdvel pelos cuidados dos filhos, indicado pela pessoa presa. (Incluido pela Lei n® 13.257, de 2016) Art. 70 Para verificar a possibilidade de haver a infracdo sido praticada de determinado modo, a autoridade policial poderd proceder @ reproducdo simulada dos fatos, desde que esta ndo contrarie o moralidade ou a ordem public. Alguns cuidados devem ser tomados quando da realizacdo destas diligéncias, como a observancia das regras processuais de apreensdo de coisas, bem como as regras constitucionais sobre inviolabilidade do domiciio (art. 5°, XI da CF), direito ao silencio do investigado (art. 5°, LXII da CF), aplicando-se no que tange ao interrogatério do investigado, as normas referentes ao interrogatério judicial (arts. 185 a 196 do CPP), no que for cabivel. Percebam que o art. 7° prevé a famosa “reconstituigao”, tecnicamente chamada de reprodugdo simulada, ESTA REPRODUCAO £ VEDADA QUANDO FOR CONTRARIA A MORALIDADE OU A ORDEM PUBLICA (no caso de um estupro, por exemplo). O investigado nao esta obrigado a participar desta diligéncia, pois ndo é obrigado a produzir prova contra si. Em se tratando de determinados crimes, a autoridade policial ou o MP poderdo requisitar dados ou informagées cadastrais da vitima ou de suspeitos”®, Sao eles: => Sequestro ou carcere privado => Reducao a condicdo andloga a de escravo = Trafico de pessoas => Extorsdo mediante restri¢ao da liberdade (“sequestro relampago”) => Extorsdo mediante sequestro => Facilitag3o de envio de crianga ou adolescente ao exterior (art. 239 do ECA) Ou seja, em se tratando de um desses crimes o CPP expressamente autoriza a requisicao direta pela autoridade policial (ou pelo MP) dessas informagdes, podendo a requisicdo ser dirigida a 6rgios publicos ou privados (empresas de telefonia, etc.). De forma esquematizada: ™ Art, 13-4, Nos crimes previstos nos arts. 148, 149 e 149-A, no § 3° do art. 158 e no art, 159 do Decreto-Leino 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Cédigo Penal), eno art. 239 da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Crianga e do Adolescente), 0 membro do Ministerio Pablico ou delegado de policia paderé requisitar, de quaisquer érgdos do poder piblica ou de empresas da iniciativa privada, dados informagdes cadastrois da vitimo ou de suspeites. _(Incluido pela Lein? 13.344, de 2016) _(Vigéncia) Pardgrafo tinico. A requisicao, que seré atendida no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, conterd: {Incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) (Vigénco) | onome do autoridade requisitante; (Incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) (Vigéncia) 11-omimero do inquéritopolial;e _(Includo pelo Lein® 13.344, de 2016) (Vigéncio) W-aidentificagdo da nidade de polica judiciiria vesponsével pela investigagdo. _Incuido pela Lein® 13.344, de 2016) _(Vigéncia) Art, 13-8. Se necessério @ prevengio e @ represséo dos crimes relacionados ao trifico de pessoas, © membro do Ministéio Publico ou 0 delegado de polcia poderdo requistar, mediante autorizagéo judicial, ds empresas prestadoras de servco de telecomunicacées e/ou telemética ue eisponiblizem imediatamente os melas técnicos adequados ~ como sinais,informagées e outros ~ que permitam a localzagto da vitima ou dos suspeitos do defitoem curso. _(incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) (Vigéncia) § 10 Para os efeitos deste artigo, sinl significa posionamento do estario de cobertura,setoriacéo e intensidade de radlofrequénca. (Incuido pela Leia? 13.344, de 2015) (Vigéncia) § 20 Na hipétese de que trata o caput, sinal: (includ pela Lein® 13.344, de 2016) _(Vigéncia) | néo permitré acesso ao contetdo do comunicagao de quolquer naturezo, que dependerd de autorizagéo judicial, conforme disposto em ll; (incluido pela Lei n® 13.344, de 2016) (Vigéncia) |1- deveré ser fornecido pela prestadora de telefonia mével celular por periodo néo superior a 30 (trinta) dias, renovével por uma tinica vez, por iguatperiodo; _Incluido pela Lei n? 13.344, de 2016) _(Vigéncia) II- para periodos superiores dquele de que trata o inciso I, seré necesséria a apresentagéo de ordem judicial. {incluido pela tei n® 13,344, de 2016) _(Vigéncia) § 30 Na hipdtese prevista neste artigo, o inquérito polcal deverd ser instaurado no prazo méximo de 72 (setenta e duas) horas, contado do registro da respectiva ocorréncia polcia, _—(Incluido pela Lein® 13.344, de 2016) _(Vigéncio) § 40 Ndo havendo manifestasdo judicial no prazo de 12 (doze) horas, a autoridade competente requisitaré ds empresas prestadoras de servo de telecomunicagées e/ou telemética que disponibilizem imediatamente os meios técnicos adequados ~ como sinais, informasées e outros ~ {que permitam a localizardo da vitima ou dos suspeitos do defito em curso, com imediata comunicagdo oo juiz. (incluido pela tei n® 13.344, de 2016) __(Vigéncia) she il i i ‘Autoridade policial 0 responsavel Destinatérios da requisicéo Grgios pablicos Empresas privadas [Dados e informagbes cadastrais das vitimas (ou dos suspettos PODER DE REQUISICAO ‘Sequestro ou carcere privado Redugdo & condigio andloga 3 de escravo “Trfco de pessoas ‘xtorséo mediante restngao da liberdade (sequestro relampaga") Extorsio mediante sequestro Faciltagao de envio de crianga ou adolescente a0 exterior (att. 239 do ECA) Além disso, em se tratando de crimes relacionados ao trafico de pessoas, o membro do MP ou a autoridade policial poderdo requisitar, mediante autorizacao judicial”, as empresas prestadoras de servico de telecomunicagdes e/ou telematica que disponibilizem imediatamente os dados (meios técnicos) que permitam a localizago da vitima ou dos suspeitos do delito em curso (como sinais, informacdes e outros). Contudo, 0 acesso a esse sinal: => Néo permitird acesso ao contetido da comunicacao, que dependerd de autorizacio judicial (apenas dados como local aproximado em que foi feita a ligacdo, destinatério, etc). => Deverd ser fornecido pela prestadora de telefonia mével celular por periodo nao superior a 30 dias (renovavel uma vez por mais 30 dias). Para periodos superiores sera necessaria ordem judicial Nesses crimes (relacionados ao tréfico de pessoas) o IP deverd ser instaurado em até 72h, a contar do registro de ocorréncia policial (informagdo da ocorréncia do crime 8 autoridade, o chamado "B.0.”). De forma esquematizada: Embora seja necesséria a prévia autorizacio judicial, caso 0 Juiz nfo se manifeste em até 12h, a autoridade (MP ou autoridade policial) ppoderd requisitar diretamente, sem a autorizacdo judicial. Nesse caso, deveré comunicar tal fato a0 Juiz, mediatamente. Autoridade policial ng esporsive DEPENDE DE ‘AUTORIZAGRO JUDICIAL Destinatérios da requisi Disponiblizacio imediata dos meios tecnicos adequados —| ‘como sea, informagies © Objeto da requisicéo ar shale, Ierrncies localzacao da vtima ou dos 1s relacionados ao ico de pessoas (em curso} Empresas prestadoras de servgn de telecomunicaches| ‘e/ou telematica ‘PODER DE REQUISIGAO DE BADD OE TELECOMUNICACBES OU 1.3.1.1 Requerimento de diligéncias pelo indiciado e pelo ofendido O ofendido ou seu representante legal podem requerer a realizagdo de quaisquer diligéncias (inclusive o indiciado também pode), mas ficard a critério da Autoridade Policial deferi-las ou nao. Vejamos a reda¢do do art. 14 do CPP: Art. 14, 0 ofendido, ou seu representante legal, e 0 indiciado poder requerer qualquer diligéncia, que seré realizada, ou ‘no, a julzo da autoridade. Contudo, com relagdo ao exame de corpo de delito, este 6 obrigatério quando estivermos diante de crimes que deixam vestigios (homicidio, estupro, etc.), ndo podendo o Delegado deixar de determinar esta diligéncia. Nos termos do art. 158 do CPP: Art. 158. Quando a infragéo deixar vestigios, seré indispensdvel o exame de corpo de delito, direto ou indireto, 1ndo podendo supri-lo a confisstio do acusado. 1,3.1.2 Identificagao criminal Com relacdo a identificacdo do investigado (colheita de impressées de digitais), esta identificagdo criminal s6 seré necesséria e permitida quando o investigado nao for civilmente identificado, pois a Constituico proibe a submissio daquele que é civilmente identificado ao procedimento constrangedor da coleta de digitais (identificagao criminal), nos termos do seu art. 5°, LVI: Art. 52 (...) Vill - 0 civilmente identificado néo seré submetido a identificagao criminal, salvo nas hipdteses previstas em lei; Primeiramente, quem se considera civilmente identificado? A resposta estd no art, 22 da Lei 12.037/90: Art. 22 A identificagéo civil é atestada por qualquer dos seguintes documentos: 1~corteira de identidade; 11 carteira de trabalho; Ill - corteira profissional; IV passaporte; V-carteira de identificagdo funcional; Vi-outro documento puiblico que permita a identificagéo do indiciado. Parégrafo unico. Para as finalidades desta Lei, equiparam-se aos documentos de identificacdo civis os documentos de identificagtio militares. Contudo, percebam que a CF/88 veda a identificagéo criminal do civilmente identificado “salvo nas hipoteses previstas em lei”. Quais sao estas excecdes? A Lei que regulamenta a matéria, atualmente, é a Lei 12.037/09. Vejamos 0 que diz seu art. Art. 32 Embora apresentado documento de identificacdo, poderd ocorrer identificagdo criminal quando: 1-0 documento apresentar rasura ou tiver indicio de falsificagto; 11-0 documento apresentado for insuficiente para identificar cabalmente o indiciado; 1il~0 indiciado portar documentos de identidade aistintos, com informagées conflitantes entre si IV ~ a identificagao criminal for essencial as investigades policias, segundo despacho da autoridade judiciéria competente, que decidiré de oficio ou mediante representactio da autoridade polical, do Ministério Publico ou da defesa; V=constar de registros policiais 0 uso de outros nomes ou aiferentes qualificacdes; VI ~ 0 estado de conservagio ou a distancia temporal ou da localidade da expedictio do documento opresentado impossibilite a completa identificagao dos caracteres essenciais. Pardgrafo unico. As cdpias dos documentos apresentados deverdo ser juntadas aos autos do inquérito, ou outra forma de investigacao, ainda que consideradas insuficientes para identificar 0 indiciado. Assim, em qualquer destes casos, podera ser realizada a identificagdo criminal. Contudo, ainda que haja necessidade de se proceder a este tipo vexatério de identificagao, ndo se pode proceder de forma a deixar constrangida a pessoa, devendo a autoridade (Em regra, o Delegado) tomar as precaucGes necessarias a evitar qualquer tipo de constrangimento ao investigado. Por fim, mas ndo menos importante, A Lei 12.654/12 acrescentou alguns dispositivos & Lei 12.037/09, passando a permitir a coleta de MATERIAL GENETICO como forma de identificacio criminal. Vejamos: Art. 52(..) Parégrafo tinico. Na hipdtese do inciso IV do art. 30, a identificagdo criminal poderd incluir a coleta de ‘material biolégico para a obtencao do perfil genético. (Incluido pela Lei n? 12.654, de 2012) Art. 50-A, Os dados relacionados 6 coleta do perfil genético deverdo ser armazenados em banco de dados de perfis genéticos, gerenciado por unidade oficial de pericia criminal, (Incluido pela Lei n? 12.654, de 2012) § 10 As informagées genéticas contidas nos bancos de dados de perfis genéticos nao poderdo revelar tragos somdticos ou comportamentais das pessoas, exceto determinagtio genética de género, consoonte as normas constitucionais e internacionais sobre direitos humanos, genoma humano e dados genéticos. (Incluido pela Lei n? 12.654, de 2012) § 20 Os dados constantes dos bancos de dodos de perfis genéticos terdo caréter sigiloso, respondendo civil, penal e administrativamente aquele que permitir ou promover sua utilizagdo para fins diversos dos previstos nesta Lei ou em decisdo judicial. (Incluido pela Lei n® 12.654, de 2012) § 30 As informacées obtidas a partir da coincidéncia de perfis genéticos deverdo ser consignadas em laudo pericial firmado por perito oficial devidamente habilitado. (Incluido pela Lei n? 12.654, de 2012) Percebam que o § tnico do art. 5° apenas possibilita a coleta de material genético na hipétese do inciso IV do art. 3°, ou seja, somente quando a identificacdo criminal for indispensavel as investigacées. De qualquer forma, esse perfil genético coletado devera ser armazenado em banco de dados sigiloso, de forma a preservar o indiciado de qualquer constrangimento, nos termos do art. 79-B da Lei. 1,3.1.3 Nomeacao de curador ao indiciado O art. 15 prevé a figura do curador para o menor de 21 anos quando de seu interrogatério: Art. 15. Se 0 indiciado for menor, ser-Ihe-d nomeado curador pela autoridade policial. Entretanto, a Doutrina e a Jurisprudéncia s4o pacificas no que tange 8 alteraco desta idade para 18 anos, pois a maioridade civil foi alterada de 21 para 18 anos com 0 advento do Novo Cédigo Civil em 2002. Assim, atualmente este artigo esta sem utilidade, pois ndo ha possibilidade de termos um indiciado que é civilmente menor (eis que @ maioridade civil e a maioridade penal ocorrem no mesmo momento, aos 18 anos), diferentemente do que ocorria quando da edigo do CPP, j4 que naquela época a maioridade penal ocorria aos 18 anos e a maioridade civil ocorria apenas aos 21 anos. Assim, era possivel haver um indiciado que era penalmente maior, mas civilmente menor de idade. 1.4 FORMA DE TRAMITACAO O sigilo no IP 6 0 moderado, seguindo a regra do art, 20 do CPP: Art. 20. A autoridade asseguraré no inguérito o sigilo necessério a elucidacéio do fato ou exigido pelo interesse da sociedade, A ccorrente doutrindria que prevalece é a de que o IP é sempre sigiloso em relacdo as pessoas do povo em geral, por se tratar de mero procedimento investigatério, néo havendo nenhum interesse que justifique o acesso liberado a qualquer do povo.”* Entretanto, o IP ndo é, em regra, sigiloso em rela¢do aos envolvidos (ofendido, indiciado e seus advogados), podendo, entretanto, ser decretado sigilo em relacdo a determinadas pecas do Inquérito quando necessario para 0 sucesso da investigagdo (por exemplo: Pode ser vedado o acesso do advogado a partes do IP que tratam de requerimento do Delegado pedindo a prisio do indiciado, para evitar que este fuja). Com relacdo ao acesso por parte do advogado, hd previsSo no art. 72, XIV do Estatuto da OAB. Vejamos 0 que diz esse dispositivo: Art. 72 Sao direitos do advogado: (...)XIV- examinar, em qualquer instituigtio responsdvel por conduzir investigagtio, mesmo sem procuragao, autos de flagrante e de investigagées de qualquer natureza, findos ou em andamento, ainda que conclusos & cutoridade, podendo copiar pecas e tomar apontamentos, em meio fisico ou digital; (Redagéo dada pela Lei in? 13.245, de 2016) Durante muito tempo houve uma divergéncia feroz na Doutrina e na Jurisprudéncia acerca do direito do advogado de acesso aos autos do IP, principalmente porque o acesso aos autos do IP, em muitos casos, acabaria por retirar completamente a eficacia de alguma medida preventiva a ser tomada pela autoridade. Visando a sanar essa controvérsia, 0 STF editou a stimula vinculante n° 14, que possui a seguinte redacio: Simula vinculante n2 14 “E direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, ja documentados em procedimento investigatério realizado por érgtio com competéncia de policia judiciéria, digam respeito ao exercicio do direito de defesa”. Percebam, portanto, que o STF colocou uma “pé-de-cal” na discussio, consolidando o entendimento de que: => Sim, o IP é sigiloso “= NUCCI, Guilherme de Souza. Op. Cit, p. 124 = Nao, 0 IP nao é sigiloso em relacdo ao advogado do indiciado, que deve ter livre acesso aos autos do IP, no que se refere aos elementos que ja tenham sido juntados aele.” E dbvio, portanto, que se ha um pedido de prisdo temporaria, por exemplo, esse mandado de priséo, que sera cumprido em breve, ndo devera ser juntado aos autos, sob pena de o advogado ter acesso a ele antes de efetivada a medida, o que poderd levar a frustracao da mesma. Outro tema que pode ser cobrado, se refere a necessidade (ou nao) da presenca do defensor (Advogado ou Defensor Publico) no Interrogatério Policial. E pacifico que a presenga do advogado no interrogatério JUDICIAL é INDISPENSAVEL, até por forca do que dispe o art. 185, §1° do CPP”, Entretanto, nado ha norma que disponha o mesmo no que se refere ao interrogatorio em sede policial. Vejamos o que diz 0 art. 6° do CPP: Art. 6 Logo que tiver conhecimento da pratica da infragéo penal, a autoridade policial deverd (..) V+ owvir 0 indiciado, com observéncia, no que for aplicdvel, do disposto no Capitulo Il! do Titulo Vil, deste Livro, devendo o respectivo termo ser assinado por duas testemunhas que Ihe tenham ouvido a leitura; Vejam que 0 inciso que trata do interrogatério em sede policial determina a aplica¢o das regras do inquérito judicial, NO QUE FOR APLICAVEL. A questo é: Exige-se, ou nao, a presenca do advogado? Vem prevalecendo o entendimento de que o indiciado deve ser alertado sobre seu direito A presenca de advogado, mas, caso queira ser ouvido mesmo sem a presenca do advogado, o interrogatério policial é valido. Assim, a regra é: deve ser possibilitado ao indiciado, ter seu advogado presente no ato de seu interrogatério policial. Caso isso nao ocorra (a POSSIBILIDADE de ter 0 advogado presente], haverd nulidade neste interrogatério em sede policial. Contudo, mais uma polémica surgiu. A Lei 13.245/16, que alterou alguns dispositivos do Estatuto da OAB, passou a prever, ainda, que é direito do defensor “assistir a seus clientes investigados durante a apuracdo de infrag6es, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatério ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatérios e probatdrios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente”. Att. 72 (..) XI - assist a seus clientes investigados durante a apuracéo de infrades, sob pena de nulidade absoluta do respectivo interrogatério ou depoimento e, subsequentemente, de todos os elementos investigatérios e probatérios dele decorrentes ou derivados, direta ou indiretamente, podendo, inclusive, no curso da respectiva apuracdo: _(Incluido pela Lein® 13.245, de 2016) ° Nzo as dligdncas que ainda estejam em curso Art 185 (ou) § 10 0 interrgotévio do réu preso seré realizado, em sola propria, no estabelecimento em que estiverrecolhido, desde que estejam garentidos 2 seguranga do ju, do memo do Ministéria Pico e dos auires bem como a presenga do defensor ea publiidade do at, (Redagdo dada peo ein 11.800, de 2008) I lect heen Nee eo ai at ih ie iit i A pergunta que fica é: a presenca do advogado passou a ser considerada INDISPENSAVEL também no interrogatdrio policial? Ainda nao temos posicionamento dos Tribunais sobre isso, pois € muito recente, Mas ha duas correntes: + 12 CORRENTE - 0 advogado, agora, ¢ indispensdvel durante o IP. @ 22 CORRENTE - A Lei nao criou essa obrigatoriedade. O que a Lei criou foi, na verdade, um DEVER para o advogado que tenha sido devidamente constituido pelo indiciado (dever de assisti-lo, sob pena de nulidade). Caso o indiciado deseje nao constituir advogado, néo haveria obrigatoriedade. Assim, € necessdrio que os Tribunais Superiores se manifestem sobre o tema para que possamos ter um posicionamento mais seguro. 1.4.1 Incomunicabilidade do preso Oart. 21 do CPP assim dispde: 21, A incomunicabilidade do indiciado dependerd sempre de despacho nos autos e somente seré permitida quando o interesse da sociedade ou a conveniéncia da investigacéo o exigir. Paragrafo tnico. A incomunicabilidade, que ndo excederd de trés dias, seré decretada por despacho fundamentado do Juie, a requerimento da autoridade policial, ou do érgdo do Ministério Pablico, respeitado, em qualquer hipstese, 0 disposto no artigo 89, inciso I, do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (Lei n. 4.215, de 27 de abril de 1963) (Redacao dada pela A incomunicabilidade consiste em deixar o preso sem contato algum com o mundo exterior, seja com a familia, seja com seu advogado. A despeito de o art. 21 do CPP ainda estar formalmente em vigor, a Doutrina é undnime ao entender que tal previsdo NAO foi recepcionada pela CF/88, por duas razées: => ACF/88 prevé que ¢ direito do preso o contato com a familia e com seu advogado => ACF/88, em seu art. 136, §32, IV, estabelece ser vedada a incomunicabilidade do preso durante o estado de defesa. Ora, se nem mesmo durante o estado de defesa (situagdo na qual hd a flexibilizag3o das garantias individuais) 6 possivel decretar a incomunicabilidade do preso, com muito mais razdo isso ndo é possivel em situacdo normal. 1.4.2 Indiciamento O indiciamento € 0 ato por meio do qual a autoridade policial, de forma fundamentada, “direciona” a investigacio, ou seja, a autoridade policial centraliza as investigacdes em apenas um ou alguns dos suspeitos, indicando-os como os provaveis autores da infrag3o penal. Assim: Vejam, portanto, que a autoridade policial comeca investigando algumas pessoas (suspeitas), mas no decorrer das investigacdes vai descartando algumas, até indiciar uma ou alguma delas. £ claro que nem sempre isso vai acontecer, ou seja, 6 possivel que sé haja um suspeito e ele seja indiciado, ou, é possivel ainda que haja varios suspeitos e todos sem indiciados, etc. 0 indiciamento no desconstitui o carater sigiloso do Inquérito Policial, sendo apenas um ato mediante o qual a autoridade policial passa a direcionar as investigacdes sobre determinada ou determinadas pessoas. O ato de indiciamento é PRIVATIVO da autoridade policial”, nos termos do art. Lei 12.830/13: Art. 22(. , 62 da § 60 0 indiciamento, privativo do delegado de policia, dar-se-d por ato fundamentado, mediante andlise técnico-juridica do fato, que deverd indicar a autoria, materialidade e suas circunstancias. 1 5e a pessoa a ser indciada possul foro por prerrogativa de funcao ("foro privlegiado”), a autoridade polical dependeré do Tribunal que tem competéncia para processar e julgar 0 crime supostamente praticado pela pessoa detentora do foro por prerrogativa de funcao (Ex.: STF, relativamente aos crimes comuns praticados por deputados federas) (STF ~ Inq. 2.411). Todavia, ha decisBes, no ambito do STJ, em sentido contrério, o que indica uma provavel alteracdo de entendimento num futuro préximo. leeds Reece ieee hth iia Ainda que tal previsao legal nao existisse, tal conclusdo poderia ser extraida da prépria légica do IP: ora, se é a autoridade policial quem instaura, preside e conduz o IP, naturalmente é a autoridade policial quem tem atribuicao para o ato de indiciamento. 1.5 CONCLUSAO DO INQUERITO POLICIAL Esgotado o prazo previsto, ou antes disso, se concluidas as investigacdes, o IP sera encerrado e encaminhado ao Juiz. Nos termos do art. 10 do CPP: Art. 10. 0 inquérito deverd terminar no prazo de 10 dias, se 0 indiciado tiver sido preso em flagronte, ou estiver preso preventivamente, contado o prazo, nesta hipdtese, a partir do dia em que se executar a ordem de prisio, ow no prazo de 30 dias, quando estiver solto, mediante fianca ou sem ela, § 10 A autoridade fardé minucioso relatério do que tver sido apurado e enviard autos ao juiz competente. Caso 0 Delegado nao consiga elucidar o fato no prazo previsto, deverd assim mesmo encaminhar os autos do IP ao Juiz, solicitando prorrogaco do prazo. Caso 0 indiciado esteja solto, 0 Juiz pode deferir a prorrogacao do prazo. Caso 0 indiciado esteja preso, o prazo no pode ser prorrogado, sob pena de constrangimento ilegal a liberdade do indiciado, ensejando, inclusive, a impetracao de Habeas Corpus. Estes prazos (10 dias e 30 dias) so a regra prevista no CPP. Entretanto, existem excecées previstas em outras leis”: => Crimes de competéncia da Justica Federal — 15 dias para indiciado preso (prorrogavel por mais 15 dias) e 30 dias para indiciado solto. => Crimes da lei de Drogas - 30 dias para indiciado preso e 90 dias para indiciado solto. Podem ser duplicados em ambos os casos. = Crimes contra a economia popular - 10 dias tanto para indiciado preso quanto para indiciado solto. => Crimes militares (Inquérito Policial Militar) - 20 dias para indiciado preso e 40 dias para indiciado solto (pode ser prorrogado por mais 20 dias). feo) JURISPRUDENCIA importante ressaltar que, caso se trate de crime hediondo ou equiparado, e tena sido decretada a prisdo temporéria, o IP deverd ser concluido no prazo maximo de 20 dias, prarragaveis por mais 30 dias, que é 0 prazo méaimo da prisio temparéria em relagio a tals delitos. 0 STJ firmou entendimento no sentido de que, estando o indiciado solto, embora exista um limite previsto no CPP, a violacao a este limite no teria qualquer repercussio, pois no traria prejuizos a0 indiciado, sendo considerado como prazo impréprio. Vejamos: (..) 4. Esta Corte Superior de Justica firmou o entendimento de que, salvo quando o investigado se encontrar preso cautelarmente, a inobservancia dos lapsos temporais estabelecidos para a concluséo de inquéritos policiais ou investigacées deflagradas no ambit do Ministério Piblico nao possui repercussio prética, j4 que se cuidam de prazos impréprios Precedentes do STI e do STF. 2. Na hipétese, 0 atraso na conclusdo das investigacdes fol justificado em razio da complexidade dos fatos e da quantidade de envolvidos, 0 que revela a possibilidade de prorrogago do prazo previsto no artigo 12 da Resoluco 13/2006 do Conselho "Nacional do Ministério Pablico - CNMP. 3, Habeas corpus no conhecido. (HC-304.274/R), Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA,julgado em 04/11/2014, Dle 12/11/2014) A maioria da Doutrina e da Jurisprudéncia entende que se trata de prazo de natureza processual. Assim, a forma de contagem obedece ao disposto no art. 798, § 1° do CPP: Art. 798. Todos es prazos correrdo em cartério e sero continuos e peremptérios, ndo se interrompendo por férias, domingo ou dia feriado. § 10 Nao se computard no prazo o dia do comeco, incluindo-se, porém, o do vencimento. Contudo, estando o indiciado PRESO, Doutrina e Jurisprudéncia entendem, majoritariamente, que o prazo é considerado MATERIAL, ou seja, inclui o dia do comego, nos termos do art. 10 do CP. Hé divergéncia na Doutrina quanto ao destino do IP, face 4 promulgacdo da Constituic¢éo de 1988 (O CPP é de 1941), posto que a CRFB/88 estabelece que o MP é 0 titular da aco penal publica. Entretanto, a maioria da doutrina entende que a previsdo de remessa do IP ao Juiz permanece em vigor, devendo o Juiz abrir vista ao MP para que tenha ciéncia da conclusdo do IP, nos casos de crimes de a¢3o penal publica, ou ainda, disponibilizar os autos em cartorio para que a parte ofendida possa se manifestar, no caso de crimes de aco penal privada. Ainda com relaco ao destinatdrio do IP, a Doutrina se divide. Parte da Doutrina, acolhendo uma interpretaco mais gramatical do CPP, entende que o destinatario IMEDIATO do IP é 0 Juiz, pois o IP deve ser remetido a este. Desta forma, o titular da a¢do penal seria o destinatario MEDIATO do IP (porque, ao fim e ao cabo, o IP tem a finalidade de angariar elementos de conviccdo para o titular da ado penal). Outra parcela da Doutrina, que parece vem se tornando majoritdria, entende que o destinatdrio IIMEDIATO seria o titular da ago penal, ja que a ele se destina o IP (do ponto de vista de sua finalidade). Para esta corrente o Juiz seria o destinatario MEDIATO, pois as provas colhidas no IP seriam utilizadas, ao fim e ao cabo, para formar o convencimento do Juiz. Caso 0 MP entenda que no € 0 caso de oferecer deniincia (por no ter ocorrido o fato criminoso, por nao haver indicios a autoria, etc.), o membro do MP requererd o arquivamento do IP, em peticao fundamentada, incluindo todos os fatos e investigados. Caso o Juiz discorde, I lect heen Nee eo ai at ih ie iit i remeterd os autos do IP ao PG! (Procurador-Geral de Justica), que decidir se mantém ou nao a posi¢3o de arquivamento. O Juiz esta obrigado a acatar a decisdo do PG! (Chefe do MP).”> Mas, em se tratando de crime de ago penal privada, o que se faz? Depois de concluido o IP, nesta hipdtese, os autos sio remetidos ao Juiz, onde permanecerao até o fim do prazo decadencial (para oferecimento da queixa), aguardando manifestac3o do ofendido. Essa é a previsdo do art. 19 do CPP: Art. 19. Nos crimes em que néo couber acto publica, os autos do inquérito serdio remetides ao juizo competente, onde aguardaréo a iniciativa do ofendido ou de seu representante legal, ou serdo entregues a0 requerente, se o pedir, mediante traslado. O Juiz nunca podera determinar 0 arquivamento do IP em crime de acao penal publica sem que haja manifestacao do MP nesse sentido! NUNCA!’ [Concluido o IP, os autos sio remetidos| a0 Juiz, aguardando-se manifestacSo do ofendido (ajuizamento da queixa- crime ou pedido de arquivamento) CChefe do MP voatoe Je mamma | | ates set) |r Chefe do MP Préprio chefe denune; ou ARQUIVAMENTO DOIP. ‘CRIMES DE ‘ACAO PENAL’ PUBLICA CChefe do MP entende que ‘deve ser oferecida Genanca ||| chefe do me designa outro membro para oferecer a enuincia, IQUE ‘ATENTO! A Doutrina criou a figura do arquivamento implicito. Embora nao tenha previsdo legal, o arquivamento implicito, como o nome diz, é deduzido pelas circunstancias. Ocorrera em duas hipoteses: » Como regra geral, essa deciséo judicial éirrecorrvel.Existe, todavia, hipétese excepcional de "recurso de ofici” no caso de arquivamento de IP relativo a crime contra a economia popular, na forma do art. 7° da Lei 1.521/51. Neste caso, o Jui, 20 arquivaro IP, deverd remeter os autos do IP 20 Tribunal » apenas para corroborar:(..) No se admite o arquivamento de inquérito policial de oficio, sem a oitiva do Ministério Publica, sob pena de ofensa a0 principio acusatorio, (STF, Pleno, AgRg no Inq 2913 julg. 01/03/2012) => Quando 0 membro do MP ajuizar a dendincia apenas em relacio a alguns fatos investigados, silenciando quanto a outros = Quando 0 membro do MP ajuizar a dentincia apenas em relacdo a alguns investigados, silenciando quanto a outros Nesses casos, como 0 MP teria sido omisso em relacdo a determinados fatos ou a determinados indiciados, parte da Doutrina sustenta ter havido um pedido implicito de arquivamento em relagio a estes. No entanto, o STF vem rechacando a sua aplicagdio em decisées recentes, afirmando que no existe “arquivamento implicito”: “(...) © sistema processual penal brasileiro nao prevé a figura do arquivamento implicito de inquérito policial.” (HC - 104356, informativo 605 do STF). Outros pontos merecem destaque: => ARQUIVAMENTO INDIRETO - € um termo utilizado por PARTE da Doutrina para designar o fendmeno que ocorre quando o membro do MP deixa de oferecer a dendncia por entender que 0 Juizo (que estd atuando durante a fase investigatoria) é incompetente para processar e julgar a aco penal. Todavia, o Juiz entende que é competente, entdo recebe o pedido de declinio de competéncia como uma espécie de pedido indireto de arquivamento. Grande parte da Doutrina entende este fendmeno como inadmissivel, jd que se 0 Promotor entende que 0 Juizo ndo & competente deveria requerer a remessa dos autos do IP ao Juizo competente para, ent3o, prosseguir nas investigagdes ou, se jd houver fundamentos, oferecer a dentincia. => TRANCAMENTO DO INQUERITO POLICIAL - O trancamento (encerramento andmalo do inquérito) consiste na cessagao da atividade investigatoria por decisdo judicial quando hé ABUSO na instauragdo do IP ou na conducdo das investigacdes (Ex.: € instaurado IP para investigar fato nitidamente atipico, ou para apurar fato em que jd ocorreu a prescrigdo, ou quando o Delegado dirige as investigacdes contra uma determinada pessoa sem qualquer base probatéria). Neste caso, aquele que se sente constrangido ilegalmente pela investigagdo (0 investigado ou indiciado) poder manejar HABEAS CORPUS (chamado de HC “trancativo") para obter, judicialmente, o trancamento do IP, em razdo do manifesto abuso. A decisdo de arquivamento do IP faz coisa julgada? Em regra, NAO, pois o CPP admite que a autoridade proceda a novas diligéncias investigatorias, se de OUTRAS PROVAS tiver noticia. Isso significa que, uma vez arquivado o IP, teremos uma espécie de “coisa julgada secundum eventum probationis”, ou seja, a decisio fara “coisa julgada” em relaco aquelas provas. Assim, nao poderd o MP ajuizar a aco penal posteriormente com base NOS MESMOS ELEMENTOS DE PROVA, nem se admite a reativaco da investigacao. OSTF, inclusive, possui um verbete de sumula neste sentido: OMULA 524 DO STF WNIT i | Arquivado 0 Inquérito Policial, por despacho do Juiz, a requerimento do Promotor de Justica, nao } lei cen Ble ooh a tie ee itll ie

You might also like