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Tratado do Sublime de Longino, que é, na verdade, um autor que nem sabemos se realmente
escreveu esta obra. muitos estudiosos que preferem citar o Tratado do Sublime ou tratado acerca do
Sublime como sendo de autoria desconhecida, porque existe um problema quanto a elucidar aí
quem realmente escreveu o livro alguns. A própria obra já deixa aberta a possibilidade de ser
produzida ou por alguém chamado Longino, ou alguém chamado de Dionísio, ou alguém chamado
de Dionísio Longino, mas de certo modo não é isso que é o fundamental, o fundamental é o que é
tratado aqui, o tema do Sublime.
O sublime é um tema que não diz respeito apenas aos estudos literários. nos eixos literários ele se
desenvolve de forma mais paralela e complementar, pois o sublime é um tema tratado há muito
tempo dentro da filosofia, afinal de contas, esses autores eram filósofos e estavam ligados à retórica,
inclusive esta é uma obra que tem como um de seus interesses a parte da estética dentro da retórica.
Tratado do Sublime de Longino discorre sobre o tema em seu segundo sentido. a palavra Sublime
tem um sentido próprio e estrito que é o prazer que provém da imitação ou da contemplação de uma
situação dolorosa, isso se liga as ideias de Aristóteles quando ele fala da Catarse, que se dá
principalmente a tragédia, onde vendo a dor do outro, do personagem ali no momento da encenação,
no momento em que contemplamos aquela obra, conseguimos purgar nossos próprios sentimentos e
assim alcançamos um estado superior. Esse estado superior seria uma sublimação é decorrente
dessa Catarse operada no momento de contato com a obra.
É lá na primeira acepção do Sublime, enquanto expressão de sentimentos elevados ou nobres, Ou
seja, a acepção trazida que por Longino, que nós vamos nos deter na nossa explicação. início do seu
tratado Longino não vai afirmar que “o Sublime é o ponto mais alto e a excelência, por assim dizer,
do discurso e que, por nenhuma outra razão senão essa, primaram e cercaram de eternidade a sua
glória os maiores poetas e escritores ele vai aqui ao longo de toda.” (p.71)
Há o questionamento de como se constrói a técnica do sublime e da profundidade, se estas são
inatas ou frutos da prática. Então, ele propõe como resposta outra forma de pensar, pois, embora
existam realmente seres com capacidades inatas para a a construção do discurso, estes mesmo não
podem alcançar o sublime por caírem, muitas vezes nos pecados da escrita que ele vai explicar mais
a frente. Como cita: “os gênios correm perigo maior, pois, se muitas vezes precisam de esporas,
muitas outras, de freio.”
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Ao longo de todo o seu tratado, vai discorrer sobre os elementos essenciais ao Sublime sobre as
utilizações que concorrem para que se alcance este estado de elevação e vai fazer isso de um modo
muito interessante. Ele não vai simplesmente falar o que ele acha que deve é ser feito, ele vai
mostrar com inúmeros exemplos de poemas de tragédias de obras de modo geral até obras históricas
como a de Heródoto. ele vai mostrar com estes exemplos o como que determinadas obras alcançam
uma expressividade mais elevada do que outras.
Longino vai apontar tanto as estratégias, aqueles recursos que podem ser utilizados para se alcançar
o Sublime, como, também, vai criticar aquelas utilizações que, ao contrário, afastam a obra do
alcance do Sublime. ele diz isso, por exemplo, a respeito do rebuscamento do discurso, quando ele
afirma que, em geral, o Rebuscamento é um vício difícil de evitar. “Naturalmente todos quanto
ambicionam a grandeza, não sei como, para evitar a pecha de fraqueza e Aridez, deslizam para essa
outra, persuadidos de que ‘errar um alvo grandioso é sempre o Nobre erro’. Mas os inchaços são
ruins no corpo e estilo, inconsistentes, falsos; quica nos voltem para a direção oposta, pois, como
dizem, nada mais seco do que um hidrópico.”(p. 73) Ou seja, aquele discurso é extremamente
rebuscado, mas que não diz nada, um discurso inchado, um discurso prolixo.
Podemos ver que entre esses tantos vícios citado no tratado, o mais criticado por Longino é o vicio
da frieza, a falta de emoção no texto. Ou seja, O texto sublime, por excelência, não deve se abster
da emoção. Longino critica, pelo excesso desse pecado, Timeu, historiador do seculo IV a.C., que
como cita: é um homem, apesar da grandeza, “apenas muito inclinado à censura das falhas alheias e
insensível às próprias.”. Por conta desse vicio da frieza, Timeu é colocado abaixo dos bárbaros, que
embora se expressem de forma rustica e bruta, ainda observam sua forma de falar em determinados
momentos.
Com isso, Longino compara os discursos de Timeu aos de Platão e Xenofante. Esses dois sendo,
sim, oradores que conhecem o sublime e o aplicam em seus discursos, chamando-os de semideuses,
mas mesmo assim se rendem à frieza em alguns momentos, sendo assim, explica que nem os mais
divinos oradores escapam dos vícios do discurso.
Há de se observar, que embora Longino trate algumas formas de discursos como inferiores, ele
também ressalta que definir o que é sublime advém da natureza do leitor, e embora a opinião dele
seja a que ele acha mais viável, o sublime sempre será aquilo que agrada a todos. Sendo assim,
verdadeiramente sublime é o texto que consegue ser matéria para reflexão de muitos.
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Após apresentar os elementos que contribuem para o contrário do Sublime, Ou seja, que ao
contrário de elevar, rebaixam a obra, ele vai apresentar as cinco fontes do Sublime, cinco elementos
que conforme a sua opinião, faria qualquer obra lograr o êxito de chegar ao nível do sublime. São
elas: a primeira e mais poderosa de todas, Alçar-se a pensamentos sublimados, pois o sublime já
nasce do pensamento de que ira escrever; a segunda é a emoção veemente e inspirada, pois um
discurso sem emoção não surte efeitos; a terceira que vem a ser a moldagem de figuras; a quarta a
nobreza da expressão, a qual se propõe à escolha das palavras e linguagem elaboradas; e, por
último, mas não menos importante, a composição com vistas à dignidade e excelência. Então, esses
cinco elementos são fundamentais para a existência do Sublime num determinado texto literário.
É muito interessante a passagem em que ele vai falar da representação figuras de finas como as
figuras divinas entram ali na obra e etc. Com isso engaja numa crítica a Homero, na passagem da
Batalha dos Deuses que está presente na ilíada, vai dizer que essa passagem é terrível salvo se for
entendida como uma alegoria. nessas passagens, embora muitas vezes considere Homero um
modelo, em vários momentos faz uma crítica, porque a ele quando vai falar de como os deuses
deveriam ser representados cita Moisés, também cita o legislador dos judeus .
O legislador dos judeus, depois de conceber de maneira digna o poder divino, deu-lhe expressão
logo na introdução da tora, no gênesis, escrevendo “e disse Deus”, “faça-se luz e a luz se fez”,
Segundo Longino, essa passagem introdutória da lei é Belíssima, é como se deve retratar é os
deuses. É através desse distanciamento entre a cultura hebraica e a dele, que Longino tenta mostrar
como deve ser um texto sublime pela forma como se relacionar com os Deuses, pois os Deuses são
quem mais merecem louvor de forma sublime.

Longino também exemplifica como deve ser o sublime através da poetisa grega Safo, que, embora
se atenha a realidade dos sofrimentos advindos das relações amorosas, também demonstra o
sublime pelas combinações do mais intenso e agudo das características dos seus temas. Ela tem uma
poesia muito ligada às emoções, é inclusive o exemplo que ele cita, cheio de imagens extremamente
confessionais de sentimentos e que, mais a frente, ele vai dizer que aquilo não rebaixa a obra.
Ela vai dizer que todos os sintomas dessa natureza acontecem aos apaixonados, Esse é o suor
escorrendo os ouvidos zumbindo a chama percorrendo sobre a pele delicada tudo aquilo que Safo
confessa de uma forma é que segundo ele é diferenciada, fruto de Uma Escolha dos Sentimentos
mais agudos possíveis. tudo isso a retira do lugar comum de todos aqueles que que tem determinado
os desejos, determinados sentimentos e coloca esse texto num patamar realmente digno do sublime.
Logo após elogia Homero, Pela forma como compõe a cena com os marujos na ilíada, ao mesmo
tempo que critica Arato, pela imitação e limitações. Para Longino, nesse caso, Homero soube usar
da escolha das palavras, deixando de lado as metáforas e traduzindo sentimento dos marujos de
forma realista, assim como fez safo ao relatar os sentidos de sua paixão.
Vejam que Longino em nenhum momento parte de opiniões não fundamentadas em obras, embora
possamos até discordar das opiniões dele, não dá para dizer que ele simplesmente impõe regras sem
observar. Ele faz estudos realmente, se debruça sobre textos verificando ali os os trechos que são
dignos, além de representarem como exemplo determinados pontos que ele quer ressaltar ali como
passíveis de compor em um discurso Sublime.

Retomando Platão, Longino nos vem falar, através da analise da obra de platão, de um outro
caminho para alcançar o sublime, sendo esse caminho a Imitação. Vimos que há talentos inatos,
tanto para a poesia como para o discurso, porém, existem aqueles que se apegam somente à
imitação dos grandes nomes, e esse nada tem a mostrar de verdade. Porém embora não seja visto
com bons olhos por Longino, ele, ainda assim considera a imitação como um meio de alcançar o
sublime, mesmo não sendo o modo mais aconselhável.
Longino não trata a imitação como roubo, mas sim como emulação, onde o imitador tenta se
equiparar ao emulado, sem ser, de qualquer forma o imitador nunca vence a disputa pelo sublime,
mas mesmo assim, com essa tal derrota pelas gerações anteriores o imitador não deixa de alcançar a
gloria. Então, não se faz um erro a imitação se essa busca alcançar o sublime. é graças a essa
imitação, que para além do plagio, torna-se emulação que muitos retóricos puderam e podem
alcançar o sublime. Se aqueles que imitaram Homero lograram exito em alcançar o sublime, o
próprio Homero não os julgaria por conseguirem através dele.
Longino também nos trás a Fantasia como meio para alcançar o sublime, sendo esta algo que habita
entre a poesia e a oratória. É da fantasia que surge a ficção. Ele cita muitos exemplos de oradores
que se utilizam da fantasia para o discurso sublime, dentre eles os mais digno de menção é Ésquilo,
que se aventura no heroico. Dentre outros que se podem citar, existe também Sófocles, que nos trás
A figura de Édipo. Como o próprio Longino afirma, exemplificar tudo seria impraticável. Contudo
pode-se observar na fantasia um meio muito melhor de persuasão e interesse, mesmo se tratando
muitas vezes de coisa alegóricas.

Por fim, há de se observar a importância das figuras no discurso, que no próprio tratado são ditas
como partes secundarias do sublime. Porém embora seu caráter secundário, as mesmas possuem
também grande profundeza sendo quase impossível examinar todas, por isso Longino se ocupa de
observar apenas algumas poucas.
Assim, cita-se Demóstenes, que usa da figura do juramento para dar peso emocional ao seu
discurso, aludindo e exaltando seus antepassados, afirmando que se deve jurar pelos antepassados
como se jura pelos deuses. Então pode-se ver que pelo apelo emocional criado pelo juramento, o
discurso torna-se sublime, visto que a base do sublime é a emoção. E, assim, Demóstenes, através
desse exemplo de imagem, a do juramento, conseguiu arrebatar os seus ouvintes.
Assim o Sublime se vale muitas vezes de figuras de linguagem para ser exitoso. Por outro lado o
abuso de figuras de linguagem pode surtir um efeito oposto ao sublime, fazendo do discurso, algo
superficial e pouco inteligível. Então, o discurso sublime necessita ser uma medida certa de vários
fatores, e aquele que busca encontra-o deve se atentar para a medida certa de cada um desses
fatores.
No estilo Sublime não devemos descambar para vocabulário sórdido e repugnantes a não ser
constrangidos por necessidade absoluta, mas conviria usar expressões a altura do assunto. A questão
do Cuidado com as palavras é de acordo com seus objetivos. Dependendo dos objetivos ali pode se
em determinado momento fazer o uso de determinadas expressões, mas o mais adequado seria
escolher melhor os termos, e claro, Nem sempre o autor vai querer escolher, as vezes o objetivo do
autor é realmente chocar, mostrar a cena da forma como ela é mostrar o sentimento da forma como
ele é, E com isso repercutir de forma mais intensa na mente do leitor.

Mas, enfim, são observações de um modo geral, feitas por Longino, que nos mostram um pouco da
sua concepção a respeito do que é o Sublime. é sem sombra de dúvidas uma das obras mais
importantes aí é da antiguidade clássica tratando da arte tratando da produção literária como um
todo, também é uma das obras fundamentais para todos aqueles que querem conhecer a teoria da
literatura, que querem conhecer muitas das influências que com o tempo foram construindo essa
nossa disciplina.

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