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Género e educagao: cruzando possibilidades Silvia Regina Marques JARDIM! RESUMO (© presente artigo aborda a relagdo género e educacto. Trata-se de situar nfo s6 o/a leitor/a, como a mim mesma, no ambito das abordagens tedricas desenvolvidas durante o mestrado em educagéo,” no qual se buscou cruzar as temiticas género e educagio © compreender como este cruzamento tem se configurado. Por i 0, no & pretensio deste artigo esgotar a reflexio sobre o assunto, mas tecer algumas consideragbes teéricas que tenho procurado empreender. 1. Genero: um contexto Durante as décadas finais do século XX e inicio deste, uma série de discursos, de teorias e de priticas abordam a atuagdo da mulher nas esferas social, politica e cultural. Este periodo mostra a emergéncia de politicas e de pedagogias anti-sexistas, demmeiando discriminagdes de géneros nos bancos escolares. Todavia, muitos passos foram importantes para que esse conjunto de priticas conquistasse visibilidade. No Brasil, um dos trabalhos pioneiros no estudo das relagdes entre mulheres homens foi o de SCOTT (1995), intitulado “Género: uma categoria util de andlise histérica”, referéncia importante no sentido de introduzir 0 aspecto relacional da categoria género, A reflexdo sobre género mostra que a realidade é atravessada por miiltiplas linhas e, portanto, implica, necessariamente, pensar a multiplicidade. Enfatiza a rejeigo dos estudos sobre o ser humano separadamente, pois adotar a perspectiva de género exige ampliar o repertério das experiéncias, visibilizar as multiplicidades que compdem as relagdes humanas e trazer & tona novas percepedes. De acordo com SCOTT, a adogao da categoria ajuda a entender que os significados niio apresentam conteiidos fixos ou universais, podendo variar conforme os grupos sociais ou culturais e de acordo com o espago e com o tempo. As representagdes de masculino e as de * Mestre em Educagio pelo Programa de Pés-Gradnago em Educacto da UFSCar e professora Assistente do ‘Departamento de Filosofia ¢ Ciencias Humanas da Universidade Estadual do sudoeste da Bahia/UESB. * JARDIM (2003) - “GENERO E EDUCACAO: ABORDAGENS E CONCEPCOES EM DISSERTAGOES, DE MESTRADO NO ESTADO DE SAO PAULO”, do Programa de Pés Graduagdo em Educacto da UFSCar/SP. analisou a relacio educacdo e género nas dissertacdes (1990 e 2000) dos Programas de Pés- Graduagdo em Educagao da UFSCar, UNICAMP, USP ¢ PUCISP. feminino, por exemplo, nao so tinicas. Logo, a utilidade do género esti em desconstruir significados que foram socialmente construidos e mostrar que, quando construidos em torno da diferenga sexual, podem e devem ser reconstruidos. Nesse modo de pensar, é crucial apreender os tipos de forcas que centralizam este ou aquele significado. A pesquisadora, aproximando-se das correntes tedricas de Foucault e Derrida, mostra a necessidade de ver 0 conceito de poder ndo como algo unificado e centralizado e sim, conforme Foucault, “como constelagdes dispersas de relagdes desiguais, discursivamente constituidas em ‘campos de forga’ sociais” (ibid., p. 86). Por meio destas correntes tedricas, compreende-se que as hierarquias, estabelecidas pela historia da produc3o da mulher e do homem, foram construidas com base no biolégico, variando conforme momentos historicos, culturais e de acordo com as resisténcias. Da mesma forma, percebe-se que as relagdes de género, as relagdes de poder e as relagdes de saber sto constituidas de modo reciproco. Segundo SCOTT, o género ¢ importante categoria relacional de andlise historica porque apreende como um dos dispositivos do poder & estabelecido e disseminado nas sociedades, permitindo caminhos para compreender as relagdes sociais e, conseqilentemente, para romper com naturalizagdes. Ela divide o conceito de género em duas partes: 1. “elemento constitutivo de relagdes sociais baseadas nas diferengas percebidas entre os sexos”; 2. “forma primaria de dar significado as relagdes de poder”. Enquanto elemento constitutivo das relagdes baseadas nas diferengas fisicas, 0 género aponta quatro elementos interrelacionados: simbolos, conceitos normativos, organizagao social e identidade subjetiva. Este esboco no se aplica apenas as relagdes de género: serve para examinar qualquer processo social. SCOTT confirma que sua teorizagao é desenvolvida em sua segunda proposta, na qual o género (...) € um campo priméio no interior do qual, ou por meio do qual. o poder & articulado, O género néo é 0 tinico campo, mas ele parece ter sido uma forma persistente e recorrente de possibilitar a significacto do poder no ocidente.... Estabelecidos como um conjunto objetivo de referéncias, os conceitos de género estruturam a percepcio e a organizacdo concreta e simbélica de toda a vida social (ibid, p. 88), SCOTT vé a diferenga sexual como (...) uma forma primétia de dar significado & diferenciagto. O género, entdo, fornece um meio de decodificar o significado e de compreender as complexas conexdes entre varias formas de interacao humana. Quando os/as historiadores/as buscam encontrar as maneiras pelas quais 0 conceito de género legitima e constrdi as relacdes sociais, eles/as comecam a compreender a natureza reciproca do género e da sociedade ¢ as formas particulares e contextualmente especificas pelas quais a politica constréi o género e 0 género constrdi a politica (ibid., p. 89). LOURO, ao analisar o texto de Scott, afirma que género refere-se “A construgio social € histériea dos sexos” e tem como objetivo mostrar 0 cariter social das distingdes baseadas no sexo. O género foi introduzido para legitimar os estudos sobre a mulher, “conferindo-Ihes um cardter mais académico © menos militante” e para questionar desigualdades e hierarquias baseadas na biologia. Mas, essas nio seriam as razbes pelas quais a categoria se consolidou, e sim devido a “sua carga conceitual mais densa e compreensiva, jé que ai se inserevem nio apenas o social, mas também o biologico, a cultura e a natureza” (LOURO, 1995, p. 103). Esta autora explica o género como um dos fatores da diferenciaedo, da distribuigao e da construgio do poder. Para ela, o coneeito foucaultiano de poder esta no centro da proposta de Scott. Nessa direcdio, LOURO mostra como questdes principais (..) a énfase nas priticas discursivas, a descentracao do sujeito, a rejeigao das causas tinicas, a idéia de um poder ‘capilar’ que esta intiltrado e fluido no tecido social, a consideracao da diversidade e da pluralidade, a recusa as grandes narrativas, etc. Certamente obrigam a rever muitos dos elementos fundantes da historiografia, a revisar questdes e teorias, a ampliar a idéia de fontes, a questionar critérios de petiodizacdo, a recuperar ou reconstruir metodologias. E aqui novamente & possivel afirmar que esse encontro nfo se da sem resistencias e contestagdes (ibid., p. 111). Discutindo o texto de Scott, Louro faz. uma reflexo sobre a aproximagiio da questio do poder com as relagdes de género € concorda com Scott ao sugerir a teoria de Foucault como um instrumento para embasar os estudes sobre as relagdes de género. Para Foucault, 0 poder nao é visto como algo que se detém ou conquista, mas se exerce. E uma pratica social. Quer dizer, para se entender o poder, é preciso apreender seu carter relacional. RAGO (2002), explica que, para Foucault, as relagées de poder sio tensas, remetendo mais a processos e priticas cotidianas do que a fatos acabados. © que se tem siio efeitos e priticas de poder. Portanto, no ha individuos que apenas possuem o poder enquanto outros so destituidos totalmente dele, pois, “ poder deve ser analisado em termos de relagdes estratégicas complexas e méveis” (idem, p. 271). De acordo com LOURO (1995), Foucault propde uma reflexdo sobre 0 poder “como ‘uma rede que se desenvolveria de um modo ‘capilar’ por toda a sociedade”, Nesse modo de pensar, nio existe um lugar ‘inico do poder na estrutura social, mas sim miiltiplos lugares, nos {quais as mais diferentes formas de poder so mutuamente atravessadas. O mesmo se diz sobre arresisténcia que ndo apresenta lugar fixo ou unico, pois onde ha poder, ha resistencias. Outro conceito importante de Foucault é o de “efeito de poder”, no qual o poder passar a ser entendido em sua positividade no que diz respeito ao desejo e ao saber. Quer dizer, 0 poder nao apenas reprime, mas ao subjetivar o individuo, aprimora-o, produz prazer, pois 0 individuo deseja ser incluido ou aceito dentro da sociedade. A mecénica do poder assume as variadas formas ao controlar e estimular © corpo, penetrando no cotidiano dos individuos. E ai que est no seu cariter positivo, jé que incide sobre o corpo humano para dominé-lo, para aumentar sua forga e produzir o individuo. Ou seja, nao pretende exeluir o individuo e sim aproveitar suas potencialidades. Dessa forma, 0 individuo surge como produto do poder e do saber, exercendo e, ao mesmo tempo, sendo alvo de poder. Essas colocagdes sio importantes para se pensar que as relagdes entre mulheres e homens sio fabricagdes histérieas, culturais ¢ sociais e, ao mesmo tempo, servem para romper com idéias sobre centralidades, conduzindo © pensamento mais a processos e a ramificagdes do que a eventos acabados (FOUCAULT, 1985; MACHADO, 1985). No processo da introduce do conceito de género e da sua disseminagdo nas pesquisas (final dos anos 80 ¢ inicio dos anos 90), foi organizado um semindrio no qual participaram profissionais que produziram textos com o objetivo de produzir discussdes a respeito dos novos estudos? sobre as relagdes de género, BRUSCHINI (1997) afirma que 0 seminério, realizado em 1989, foi importante por ser um momento de reflexdo tedrica e que, antes mesmo da chegada do texto de Scott no Brasil, ja se discutia a importincia em relativizar os estudos (apud AUAD, 1998, p. 43-4). Foi um momento 0 qual se notou a importancia em desdobrar os estudos e analisar as relagdes. Essa discussao foi, para algumas estudiosas, também uma maneira de evitar que os estudos ficassem isolados, apesar da confusio, ainda existente, de que estudar género era o mesmo que dizer estudar mulheres. Posteriormente, em 1992, as reflexdes desse seminario foram publicadas em forma de artigos, resultando em livro que, por sua vez, constituiu referéneia importante para compreender a passagem dos estudos sobre mulheres para os estudos sobre as relagdes de género’. Nesse contexto, ¢ oportuno lembrar que, no século XIX e no inicio do século XX, as explicagdes sobre as desigualdades dadas pela teologia foram substituidas por uma explicagao fundamentada na natureza/biologia. A natureza serviu de parmetro para compreensiio dos °0 semindrio, chamado “Seminario Sao Roque”, foi organizado pelas pesquisadoras da Fundagao Carlos Chagas ¢ financiado pela Fundacao Ford, realizado na cidade com o mesmo nome. * COSTA, A. O., BRUSCHINI, C (orgs.), Uma questao de género. Rio de Janciro: Rosa dos Tempos, 199: aspectos sociais. Um exemplo disso encontra-se na medicina, como uma das cigneias que explicou e justificou as atribuigdes de papéis e, conseqitentemente, as discriminagdes, conforme o sexo do individuo. Assim, a nogio de género surgiu para ultrapassar os limites da experigncia do uso da categoria sexo. Com a introdugao do género, houve um esforgo em perceber e problematizar os discursos naturalizadores produzidos a partir das diseriminagdes culturais. Disso, resultou interesse em se diferenciar, cada vez mais, o sexo biologico (masculino ou feminino) do sexo social (género), construido a partir da diferenga bioldgica que produz, como seu efeito, 0 sujeito. Esse modo de pensar enfatiza que a introdugio do género nao significa a separagao do sexo. E nesse sentido que essa categoria desponta como uma tentativa de superar as dificuldades de teorias até entdo existentes para explicar as desigualdades entre 0s sexos. A categoria de andlise género nas Ciéncias Humanas é uma forma de estudar as relagdes entre mulheres e homens ¢ ligé-las em seu cariter social, histérieo e cultural. De modo que o género passa a ser entendido como uma construgio social que atravessa a familia, a escola, a igreja, 0 trabalho, rompendo com toda forma de polarizagao. E uma categoria que esti em constante processo de construgio conforme os estudos avangam e se ampliam. E 0 seu aspecto relacional permite pensar as diferencas nas relagdes bumanas, relagdes que tém historicidade propria e, portanto, sio mutantes, que ndo se afirmam sempre da mesma maneira, Os estudos, de perspectiva marxista, sobre as desigualdades entre mulheres ¢ homens viam como deteminagio, em Ultima instincia, a categoria classe social, cousiderada a referéucia basica para as anilises das desigualdades. No interior dessa teoria, as demais diferencas ficavam relegadas ao plano super-estrutural, ou seja, os efeitos da desigualdade eram vistos como decorréncia da posigao de classe®, Nessa perspectiva, o género (e nao apenas ele) era compreendido como uma espécie de sub-categoria, como um efeito que apenas confirmava 0 que ja estava determinado pelos modos de produgio. As diferengas, como por exemplo, género e raga, estiveram situadas no plano da super-estrutura ¢ foram justificadas com base, em tltima anilise, em determinagdes econdmicas, pertencendo ao plano das ideologias. Segundo RAGO (2002, p. 272) ~...ndo se trata de jogar fora as aquisigées que o marxismo nos trouxe em. termos de compreensio das soviedades e de suas histérias. Nao hi como pensar, desde eno, em nosso nmindo sem se utilizar conceitos como classes sociais, relacdes de producao, infra-estrutura econdmica, entre outros. E novamente o proprio Foucault quem afirmou, guma entrevista, que no se poderia mais falar em historia sem marxisme, assim como falar em cinema remeteria sempre a Hollywood", Somente no fim do século XX, com a revisto do marxismo e, ao mesmo tempo, com © fortalecimento do movimento de mulheres e com as teorias fenomenologicas, estruturalistas ep “poeira” ideolégica, ou seja, como um subterfiigio ideolégico®, Dessa forma, as lutas dos estruturalistas, a diferenga conguistou visibilidade e deixou de ser pensada como movimentos sociais aliados as andlises realizadas pelas pesquisadoras tiveram repercussbes positivas que fizeram disseminar e eriar visibilidades para os estudos e priticas de género. Logo, chega-se a mais um avango: é preciso pensar a diferenca. O fim do século XX e inicio deste (século XX1) é mareado pelas preocupagdes com as diferengas e desigualdades no que diz respeito a0 género e @ raga, por exemplo, Trata-se de um momento no qual sio desenvolvidas politicas de agdes afirmativas, como uma das estratégias dos movimentos, nas quais sobressaem discursos que enfatizam as caracteristicas das diferengas em toda sua forga e positividade. A luta nio se da apenas pela igualdade. Consiste numa fase em que a luta se da pela afirmacao e pela valorizagao da diferenga. Ou seja, as propostas visam ir além da igualdade entre homem e mulher; tém por objetivo a multiplicidade. Essa preocupagao inova os estudos de género que sio atravessados pelas linhas de classe, de raga, de etnia, de opco sexual e outras, Percebe-se que a reflexio sobre diversidade, entre as/os estudiosas/os, possibilita pensar em estratégias de luta para combater as formas de diseriminagdes, de desigualdades, de preconceitos e de homogeneizacio, pois a diferenca no é motivo para as desigualdades. A adogao da categoria género permite, assim, visualizar as multiplas relagdes que perpassam as experiéncias humanas e leva a reflexo sobre as prativas e sobre os conceitos prontos. RAGO, ao discorrer sobre as mudangas nos estudos sobre as relagdes de género, ‘mostra a importincia da apropriagao das diferengas nos novos estudos, apontando para a importancia de Foucault enquanto problematizador dos discursos e das identidades. Aqui, é crucial atentar para a diferenga da concepedo do sujeito. Enquanto nas anélises marxistas, privilegia-se 0 sujeito histérico, submetido a uma relagdo social fundamentada no capitalismo que esta determinado historiea e culturalmente pelas condigdes materiais de existéncia; na tendéncia foucaultiana, 0 sujeito surge como efeito, como resultante de praticas discursivas de tecnologias disciplinarizantes que o normatizam. “Somos ‘agidos’ mais do que agentes; somos ‘falados’ pelas palavras mais do que falamos, alerta Foucault” (RAGO, 1995, p.88). ® DELEUZE (1992, p. 128) fala que “Foucault sempre invoca a pocira ou o murmtirio de um combate, ¢ 0 proprio pensamento the aparece como uma méquina de guerra. E que no momento em que alguém dé um passo fora do que jé foi pensado, quando se aventura para fora do reconhecivel e do tranqiilizador, quando precisa inventar novos conceitos para terras desconhecidas, caem os métodas e as morais, e pensar torna-se, como diz Foucault, um ‘ato arriscado” uma violéncia que se exerce primeiro sobre si mesmo”. A autora confirma a contribuigdo dos filésofos da diferenga como Foucault, Derrida e Deleuze para 0 avango dos estudos sobre mulheres, lembrando a importancia da passagem e da desconstrugio do objeto de estudo “mulheres”, que se refere a um grupo de cor branca, classe média em favor do género, categoria que possibilita pensar as multiplicidades. Vale citar: A despeito das discussdes entre as te6ricas do feminismo em torno de uma definicdo precisa do género, é evidente a preocupacio em evitar as oposicdes bimérias fixas e naturalizadas, para trabalhar com relagdes e perceber por meio de que procedimentos simbélicos, jogos de significagio, cruzamentos de conceitos e relacdes de poder nossas referéncias culturais sto sexualmente produzidas. E nesse sentido que os novos estudos feministas se aproximam da histéria cultural. Com esta nova proposta metodolégica, insiste-se em que consideremos as diferencas sextais enquanto construgdes culturais, desmontando e sexualizando conceitualizagdes que fixam e enquadram 05 individuos, seus gestos, suas agdes, suas condutas © representacdes. Nega-se, portanto, que se parta de uma ‘realidade objetiva’, em que 03 sujeitos localizados em classes sociais entrariam em cena segundo um procedimento metodolégico homogeneizador e generalizante, que visa a estabelecer continuidades no emaranhar dos fatos, ¢ que entende que interpretar significa recolher (¢ nao atribuir) o sentido essencial ‘oculto” na coisa. Além disso, propde-se pensar as relacdes de género enquanto relagies de poder, e nesse sentido a dominac%o ndo se localiza num ponto fixo, num. ‘outro’ masculino, mas se constitui nos jogos relacionais e de linguagem (ibid, p. 88-9). RAGO demonstra que as pesquisas sobre mulheres estio enriquecendo cada vez e, diante disso, necessitam de meios sofisticados de pesquisa ¢ de anélise. Diante de tais exigéncias, surge 0 género como “ ima possibilidade interpretativa fundamental” (ibid. p. 92- 3). Dito de outra forma, género nao significa uma varidvel que se refere ao masculino ou ao feminino como termos auténomos: vai além, pois esta imbricado com o sistema de relagdes, trata-se de um olhar para a diferenga. E, para que esta seja visualizada é necessario buscar o que é descontinuo, atentar para as rupturas, pois a diferenca encontra-se justamente no que & descontinuo, nos acasos, nas praticas disruptivas e nas experiéneias’ singulares. Em sintese, a novidade na passagem dos estudos sobre mulheres pata os estudos sobre género é 0 fato dessa categoria provocar um novo impacto ao trazer, por exemplo, seu aspecto relacional. Isto porque, ela torna complexas as relagdes sociais, possibilitando a producio de novos poderes ao desafiar as raizes das desigualdades, ao trazer em seu rastro as outras diferengas, chamando a atencao para a percepgaio de que elas sio atravessadas 7 Segundo FOUCAULT (1994) “Na ha experiéncia que nao seja uma maneira de pensar e que nao possa ser analisada do ponto de vista de uma historia do pensamento; é 0 que se poderia chamar do principio de irreduiibilidade do pensamento” (apud RAGO, 2002. p. 271). mutuamente, Aquilo que parecia determinado por uma categoria ja no o ¢ mais, pois a atengio para o género conduz. ao interesse em ultrapassar evidéncias, escapando de saberes constituidos e arrastando visibilidades que outras categories nio o fazem. ‘Mas nio se trata apenas de teorias. O movimento de mulheres, enquanto movimento social, deve ser lembrado, pois possibilitou os quesitos necessérios para legitimar a mulher como objeto de estudo e provocar visibilidades politicas, historicas e culturais. Isso porque 0 movimento ¢ a categoria de anilise foram constituidos numa relagdo de teoria e pritica que pode ser vista nas reflexdes sobre o avango dos usos dessa categoria de andlise. Portanto, ao estudar 0 género, também é importante entender a poténcia eriativa do sentido das lutas desses movimentos. 2. GENERO E EDUCACAO. A educagao escolar é um campo que vem sendo conguistado por movimentos sociais na busca de igualdade de direitos e de oportunidades e, portanto, de superacio de discriminagdes. Devido 4 Constituigdo em vigor, o direito & educagao bisica é quase uma aceitagio tacita, que deve acontecer independente da classe, do sexo, da raga, da etnia, da religifo ete., pois a educagio é um direito de todos/as perante o Estado que deve garantir sua gratuidade. Visando a igualdade de oportunidades, cidadania e consciéncia de direitos, por exemplo, a educagio é vista como o principal instrumento para combater desigualdades e como estratégia para se combater a violéneia (fisica, psivolégica e simbélica) por meio da aquisigao de conhecimentos, que leva 4 possibilidade de se combater a exclusio social Assim, a educagao tem sido compreendida como um caminho pelo qual a mulher conquista sua visibilidade e aleanga cargos importantes, apesar de muitas contradigdes e limites existentes, Por ser a educagio uma das vias de constituigio dos individuos, & importante focalizar a area na perspectiva dos estudos de género. O cruzamento entre género ¢ educagio contribui para a percepgio de que, entre outros fatores, a convivéncia entre as diferengas & uma constante na formagio social ¢ cultural dos individuos. Relacionar género e educagio permite vislumbrar que a educagao (formal ¢ informal) e seus dispositivos sao responsiveis (mas nao s6) pela constituicdo dos corpos e das mente, pelo assujeitamento do individuo conforme suas diferengas sexuais, segundo a teoria foucaultiana, na qual a nogio de dispositive & compreendida como estratégias de relagdes de forgas que produzem corpos. Essas relagdes apoiam e, reciprocamente, so apoiadas pelas relagdes de saber. Tendo por base esta perspectiva teérica, a escola é aqui entendida como uma das instituigdes que normatiza, disciplina e distribui formas e jeitos de ser, sendo um dos espagos de formacio, de produgao e de reprodugdo de saberes e de poderes. A escola € uma das instituigdes na qual o individuo ¢ produto do poder e do saber ¢, a0 mesmo tempo, é atravessado por eles. Resultado de batalhas dos diversos movimentos, principalmente os que tem uma participagao relevante, quando nio exclusivo, de mulheres, a edueagio escolar é considerada uma area majoritariamente feminina na qual as mulheres, em nimero cada vez maior, fregiientam cursos e universidades, além de sua representagdo nas politicas publicas*. Entretanto, o campo nfo deixou de ser mareado como um espago de reprodugio de estereotipos e de discriminages. Os agentes sociais que nela atuam nem sempre tm consciéncia das diferencas. LAVINAS (1997, p. 17) considera que ignorar a existéncia de género pode “reforear categorias universais nao sexuadas” e até mesmo “reproduzir desigualdades, em vez de atentar para elas”. Os estudos produzidos a partir do cruzamento de género e educagio, segundo a autora, devem contribuir para eliminar tratamentos ¢ construgdes desiguais. Nesse sentido, os mesmos devem ter por objetivo: .. apreender as formas ¢ contetidos que tomam as relagdes entre geragdes como se dio mudangas e permanéncias nos chamados ‘papéis sexuais’ na socializacio de criangas e adolescentes, descortinando mecanismos de ruptura ou de reconducdo de hierarquias/antagonismos de género (ibid. p. 17) © emprego da categoria género na area educacional no visa somente a reflexio sobre padrdes de exclusio ¢ de separagio entre mulher ¢ homem. Ao relacionar género educagio, ¢ possivel compreender que a educagao escolar é uma das instancias sociais que influenciam, confirmam, produzem ou reproduzem os processos de formagio de mulheres ¢ de homens. Ou seja, a educagao escolar é uma sintese de determinadas priticas de fabricagio de individuos, de discursos de formagio, de valorizagio e representagiio de formas de subjetivacdo. Apesar de muitas transformagbes, ela atua como um espaco de hierarquizacao, classificacdo e ordenamento. Mas no é sé isso. E um campo que envolve miiltiplos aspectos. Muitas vezes, ela detém o poder de subverter as convengdes ¢ reestruturar as relagdes entre os 5 Apesar de ser uma area predominantemente ferninina, ainda € comum os cargos de maior prestigio social na Educacio serem ocupades por homens (WHITAKER. 2001). 10 sexos sob outras bases, principalmente quando & vista como um dos componentes da mobilidade social. E, quando ha uma atengdo para as relagdes de género que atravessam toda a maquinaria escolar, é possivel erier modos de ser que possam romper com aquilo que é tido como tradicional e, assim, descortinar supostas verdades que foram fabricadas em torno das diferengas sexuais. A contribuigao de MADEIRA corrobora com essa maneira de pensar: A educagao é 0 instrumento possivel para superar desigualdades sociais, & 0 espaco que nfo sé as mulheres, mas também, negros, indios, pobres, proletirios conguistaram e o utilizam como forma de questionamento de hierarquias. Na linhagem feminina, nota-se a emergéncia da mulher da condigao na qual ela seria educada para agradar, pois sua funcdo social era manter-se bonita, meiga, longe do mundo intelectual e do trabalho para nao corromper sua pureza, A mulher educada, por exemplo, “tem mais possibilidade de conseguir renda fora de casa e enfrentar, assim, uma gama de escolhas inteiramente diversa. Fla, tendencialmente, terd um mimero menor de filhos, que serdo mais saudaveis e mais estinulados para seu desenvolvimento cognitive e desempenho escolar, incluindo, naturalmente, suas filhas, que decidirdo ter mais oportunidades (MADEIRA, 1997, p. 58). A visibilidade das relagdes de género no Ambito educacional vem conquistando a atengio de pesquisadoras/res e edueadoras/res, entre outras/os. Porém, isso acontece de modo sutil. BRUSCHINI & UNBEHAUM (2002) analisando projetos de oito concursos promovidos pela Fundagdo Carlos Chagas, que trataram da temitica mulher ou das relagdes de género, no periodo de 1978 2 2000, apontam que no estudo da trajetéria dos projetos, observaram poucos projetos aprovados na area da educagao (de 170 projetos, 9 se dedicavam 4 educagdo), sendo que os estudos eram realizados predominantemente nas Ciéneias Sociais, na Histéria e na Psicologia. Diante da falta de projetos na area educacional, a Fundagio Carlos Chagas chegou a promover concursos (6° e 7°) privilegiando trabalhos que abordassem a educagio, Esse incentivo, segundo as autoras, foi importante para o desenvolvimento desse ‘campo tematico, pois os trabalhos aprovados mostraram preocupagio das educadoras feministas com as desigualdades entre alunas ¢ alunos. Apesar da pouca presenga nos concursos de projetos na Educagio (mesmo ineluindo Historia da Educagio), os projetos se destacaram por nao se restringirem ao papel da educacao/socializacao. Tais projetos “trataram de outros aspectos da questio, ampliando o olhar sobre o papel da educagao nos estudos de ‘género” e, essas formas de olhar nfo s6 refletem a educagao e sim “as diferentes dimensdes da vida social” (BRUSCHINI & UNBEHAUM, 2002, p. 45-46). u Apesar do apoio da Fundacio Carlos Chagas para o aprofundamento do campo tematico género e educagio, ainda sio poucos os estudos que procuram cruzar as tematicas de género com educagio, Pesquisas de ROSEMBERG (1990, 1993, 2001a, 2001b, 2002), ao constatarem essa dificuldade e afirmam que os estudos de género pouco contribuiram para a educagdo e vice-versa devido, de um lado @ falta de unanimidade causada pela complexa “trama de jogos de poder, de aliangas e contra-aliangas, ¢ de opgdes politicas e tedricas” ¢ de ‘outro lado, a falta de comunicacdo e interagio entre as reas académicas ¢ os agentes mais diretamente envolvidos na elaboragio das agendas de politicas sociais, 4 “difieuldade de penetragio da produgio académica nas instincias que dispdem de poder na elaboragio e implantago da agenda de politicas piiblicas” (ROSEMBERG, 2001a, p. 65). Nesse sentido, questiona a autora quais as medidas necessérias para superar a dispersio das poucas pesquisas ‘que quase no sio divulgadas, Acredito que o avango em relacionar género e educagio esta, também, no fato de pemitir aos professores, em atuago ou em processos formatives, tecer novos processos de ressignificagao de categorias aparentemente universais. Por exemplo, se até pouco tempo, a luta de classes foi prioridade das teorias educacionais, os movimentos de mulheres, educadoras e estudiosas mostram as mareas das desigualdades de género, as diferengas com que sio tratados as meninas e 0s meninos, além de outras, como a raga. Ha a possibilidade de visualizar o cuidado para que as multiplicidades sejam focalizadas e se possa compreender as relagdes mais finas, pois ao estar imbricada com outras linhas, inclusive com a de classe social, género nao se coloca como categoria tiniea, Assim, adotar o género pode indicar a possibilidade de romper com pensamentos bindrios que insistem em formas dicotomicas e hierarquizadoras, como branco x negro; homem x mulher; cultura x natureza, entre outras, nas quais o primeiro termo aparece como padrao, valorizado. CONSIDERAGOES FINAIS A intengio deste artigo foi refletir sobre os aspectos tedricos da relagdo género e educagdo. Acreditamos que reflexdes como estas convidar para a necessidade de estar atentas/os para as transformagdes que 0 uso da categoria género na educacao, no sentido de avangar no combate as formas de opressio, de exploragao e de discriminagdes das diferengas. Pensamos apresentar um panorama tedrico sobre a produclo da area, contribuindo para a Teflexdo nessa tematica. Ao realizarmos uma reflexdo tedrica sobre a relagdo género e educagio, pode-se perceber que género, de um modo geral, € explicado como uma construcao social e cultural em tomo da diferenca sexual que hierarquiza a posigio social dos individuos, mas softe mmudangas de acordo com 0 contexto historico-social. Que a adogao da categoria questiona a existéncia de um modelo — masculino, branco, adulto, classe média/alta, heterossexual — como base da organizagao social. A partir disso, notamos a tendéncia em acreditar que as relagdes Iumanas podem ser transformadas se as construgdes culturais e as naturalizagdes que permeiam as relagdes humanas forem problematizadas. Com efeito, 0 género pensa a valorizagio das diferengas das politicas afirmativas nos estudos sobre educagio. A categoria género pode trazer grandes contribuigdes, quando cruzado a outras linhas, se for (ce)orientada em diregdo multiplicidade da qual ela emergiu, Ela também pode trazer contribuigdes quando se promove um intercimbio entre os conhecimentos, pois sabemos que ignorar o género na educagio pode contribuir para a perpetuagilo de discriminagdes, talvez até mesmo as mais resistentes delas, que € a divisio da humanidade em dois sexos. Apesar disto, constatamos que as produgdes sobre género que vém acontecendo desde anos 70, estio em expansio, fortalecendo e inovando 0 campo. Constatamos, sobretudo, que somos forgados a pensar como nossas formas de percepeio e da representago so, no apenas socialmente, mas sexualmente construidas. Apés criticar categorias rigidas como a classe social, 0 género abriu a possibilidade de visualizar outras diferengas que nao se subordinam. Assim, o género surgiu arrastando e evidenciando diversidades que, quando visualizadas, passam a ser um meio pelo qual os outros sio produzidos. Género alargou o campo das visibilidades ¢ das possibilidades. Sob essa perspectiva, fiea nitido que o ato de pensar em género envolve que as diferencas sejam pensadas. Apesar de ser um artigo que nio pretende ser a palavra final sobre o assunto, sinto que ele é importante para ajudar a combater stereotipias; agugar © carater critico de professoras e de professoras para tudo o que esté dado; a constatagao das relagdes de poder entre mulheres ¢ homens, petmeando 0 universo escolat ; a problematizagio de discursos que colocam a mulher “passiva”, “fitil”, que parecia dormir enquanto 0 homem fazia historia; a preocupac3o com veiculagio de informagies preconceituosas em livros. diditicos; movimentos para sensibilizar professoras e professores para suas agdes nao s6 em relagao 4 escola e seus alunos como no proprio modo de pensar ¢ se relacionar; questionamento de hierarquias e@ 2 proximidade entre ser mulher e profissdes que so consideradas desqualificadas. Ajuda, ainda, a visualizar ou estimular novas propostas que tenham como objetivo relacionar género ¢ educagdo, Busquei, com este trabalho, trilhar os caminhos teéricos possiveis para visualizar ou situar as teorias que possam dar suporte aos estudos no campo. Focalizamos as tendéncias a partir da perspectiva foucaultiana para mostrar que as reflexdes sobre © género e educagio mantém-se abertas, © que pode levar os estudos vindouros a renovagio e mudangas. Penso, também, que o artigo ter algum valor para pesquisas que possam se interessar pelas referéneias que aqui se encontram, pois nao é possivel ignorar a riqueza que envolve o tema. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS ABRAMOWICZ, A. Educagao inclusiva: incluir para que? Revista Brasileira de Educagio Espeelal, UNESP, Marilia. UNESP: Publicagdes. v. 7,0. 2, p. 1-9, 2001. ___. A pluralidade do ser judeu. GOMES, N. L.; G. e SILVA, P. B (orgs.). Experiéncias étnico-culturais para a formagio de professoras. Belo Horizonte, Auténtica, 2002. 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