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As Correntes Filosoficas
As Correntes Filosoficas
AS CORRENTES FILOSÓFICAS
OS IDEALISTAS
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Para PLATÃO, tudo no mundo material deve sua existência a
uma ideia perfeita, eterna e imutável a partir da qual é modelado.
Ele chamou essas ideias de “formas”. Formas de noções abstratas,
como coragem e justiça, servem de ideal para as pessoas, que se
esforçam por alcançá-las. Assim como imaginamos um cavalo ideal,
perfeito, podemos imaginar um ideal de justiça e nos esforçarmos
para alcançá-lo.
A “forma” ideal mais famosa de Platão é sua ideia de uma
sociedade ideal, que ele descreveu no diálogo “A República”. Neste,
Platão expressou firmes opiniões sobre a estrutura da sociedade.
Ele acreditava que as pessoas se dividem em tipos. Algumas não
são especialmente brilhantes e nunca poderão esperar ocupar
posições importantes. Ele disse que essas pessoas têm alma de
bronze e se destinam à agricultura e outros trabalhos. Platão rotulou
esse grupo de “trabalhadores”. Acima dele estão aqueles com alma
de prata: essas pessoas possuem alguns talentos e podem vir a ser
importantes para a sociedade, sendo mais adequadas a policiar e a
proteger o Estado. Platão chamou esse grupo de “soldados”. No
alto da escada estão aquelas pessoas com alma de ouro, que têm a
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inteligência e a educação necessárias para se tornar filósofos e
governantes — os “guardiães”.
Platão argumentou que os filósofos são os melhores líderes
porque são sábios e têm menos probabilidade de se comportar
irracionalmente. Ele acreditava que o Estado permaneceria estável
e justo com filósofos no poder. Sua sociedade ideal é uma estrutura
ordenada, onde as pessoas permanecem fixas em seus papéis.
Todas são treinadas até o limite de sua habilidade, que garante sua
posição na vida. Seria impróprio um agricultor governar o Estado ou
um filósofo trabalhar a terra.
Platão considerava mulheres e homens igualmente capazes
de governar. Mas também achava que os homens tendem a fazer
as coisas melhor. Entretanto, sua concepção sobre a igualdade
entre homens e mulheres era revolucionária para seu tempo.
O Estado ideal de Platão é uma sociedade controlada. A
tentação de ganância — um dos maiores males da sociedade —
desapareceria ao ser abolida a propriedade privada. Para evitar que
as pessoas tornassem o Estado menos importante que suas
famílias, todas as crianças seriam levadas após o nascimento, sem
nunca conhecer seus verdadeiros pais. As crianças seriam criadas
pelo Estado e levadas a pensar em todos como seu próprio pai e
mãe. Os governantes também determinariam quem se casaria com
quem.
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GEORGE WILHELM FRIEDRICH HEGEL
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profundo processo de mudança. Ele sustentou que esse processo
profundo é “uma ideia que realiza a si mesma”.
Hegel afirmou que essa ideia cósmica se desenvolve em
padrões fixos, que ele chamou de “dialética”. Esse é um processo
triplo: primeiro, um argumento, ou “tese”, é apresentado; surge
então um argumento oposto, ou “antítese”; e, depois de muita luta,
uma conclusão é alcançada, conhecida como “síntese”. Essa
conclusão torna-se então a nova ‘tese”, e todo o processo
recomeça, ad infinitum. Na opinião de Hegel, cada grande era da
história do mundo começa como uma síntese de forças opostas à
era precedente. Essas forças opostas (teses e antíteses) acabam
destruindo o momento histórico, mas uma era nova e melhor se
ergue das cinzas.
A “dialética” é o motor que movimenta o sistema de Hegel. Ele
demonstrou que o processo dialético escora toda a história,
inclusive a história do pensamento. Hegel argumentou que, a cada
era, as pessoas desenvolvem um conhecimento melhor sobre o
mundo. Hoje, a prova de Hegel desse desenvolvimento seria que a
ciência moderna e a tecnologia dão uma imagem mais precisa de
como o universo funciona do que davam cinqüenta anos atrás. No
futuro, esse conhecimento terá se desenvolvido ainda mais.
Para Hegel, a história caminha para o conhecimento
completo. O processo dialético terminará numa “síntese” final que
revelará a mente de Deus.
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OS MATERIALISTAS
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“forma”, ou a ideia, de uma coisa é o que é mais real. Ele disse que
as coisas materiais são a realidade e que sua forma é uma parte da
realidade. Aristóteles sustentou que a realidade é feita de muitas
coisas diferentes, que chamou de “substâncias”. Qualquer
substância é uma fusão de “ideia disso” (de que é feito) e “ideia do
que é”(sua forma ou o que é). Por exemplo, a “ideia disso” de uma
cadeira de madeira é a madeira a partir da qual a cadeira foi feita. A
madeira é modelada, ou recebe a forma do que é: uma cadeira.
Aristóteles também criticou as formas de Platão porque não
explicavam como as coisas mudam. Isso o levou a desenvolver sua
própria teoria sobre a mudança. Ele concluiu que toda substância
tem uma “potencialidade” inerente. Com isso, quis dizer que as
coisas têm dentro delas o potencial de transformação. Por exemplo,
a água tem o potencial de se transformar em gelo e também em
vapor.
Aristóteles também discordou de Platão quanto à ideia de que
a alma é separada do corpo. Argumentou que todas as coisas vivas
têm uma alma, que as anima e que as torna diferentes de
substâncias como pedra ou água. O tipo de alma que alguma coisa
possui corresponde ao que faz e ao que necessita. Os organismos
mais inferiores, como as plantas, precisam apenas ser alimentados
e se reproduzir. Os animais têm sentimentos, portanto há um
aspecto sensível em suas almas. As pessoas são bem mais
complicadas e sua alma tem muitas outras dimensões. Aristóteles
afirmou que as coisas vivas são diferentes porque sua alma é feita
de material diferente. Ele também julgou que as almas perecem
quando as coisas vivas morrem. Entretanto, ele identificou um
aspecto da alma humana capaz de sobreviver à morte. Esse
aspecto é o pensamento ou a razão. Aristóteles não encontrou uma
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base física para os pensamentos que se impõem (ou “forma”) na
mente.
Assim como Sócrates, Aristóteles acreditava que as pessoas
deveriam Se esforçar para ser boas. Ele desenvolveu um “teste de
significados” para que as pessoas pudessem aperfeiçoar suas
virtudes.
Argumentou que a virtude real repousa na moderação, entre
fazer demais alguma coisa e não fazê-la suficientemente. Por
exemplo, ser corajoso é o meio-termo entre ser audacioso e ser
covarde.
Este “meio-termo de ouro” também se reflete nas opiniões de
Aristóteles sobre política. Diferentemente de Platão, que acreditava
em uma elite de filósofos governantes, Aristóteles acreditava que
um grupo intermediário forte deveria estar no comando, criando
assim um equilíbrio entre a tirania e a democracia.
A incansável pesquisa de Aristóteles sobre o mundo ao seu
redor levou-o a desenvolver o primeiro sistema de lógica da filosofia
ocidental. Ele quis transformar o argumento em uma ferramenta
para verificar a verdade das coisas. A característica central do
método de Aristóteles é o “silogismo”. Um exemplo simples é:
Todos os homens são mortais. Sócrates é um homem. Portanto
Sócrates é mortal. Isso mostra como duas colocações indiscutíveis
podem produzir uma conclusão.
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KARL MARX (1818-1883)
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OS ESCOLÁSTICOS
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compreender é uma recompensa pela fé, e que a alma humana
mantinha latentes algumas verdades últimas e eternas.
Agostinho era muito interessado na natureza do tempo.
Achava que o tempo começou quando Deus criou o mundo — o
que suscita a questão da existência de Deus antes do tempo. A
resposta de Agostinho foi que Deus reside em um eterno presente,
fora do tempo terrestre. Isso o levou à teoria de que “agora” é tudo
o que realmente existe.
O passado é uma memória presente, e o futuro é uma
expectativa do presente. Essa opinião lhe permitiu enfatizar que é
mais importante o que as pessoas estão fazendo para Deus e não o
que farão.
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que há um Deus independente da natureza?) A quarta prova é a
pergunta da harmonia na natureza: por exemplo, quem deu guelras
aos peixes para que pudessem respirar na água? (Apenas Deus
poderia fazê-lo.) A quinta prova são os graus de excelência que
podem ser observados na natureza. (Isso envolve a noção de
perfeição e, portanto um ser perfeito: Deus.) Tomás de Aquino
apresentou essas provas em seu livro “Summa Contra Gentiles”
(Suma contra os pagãos), o primeiro dos dois densos volumes que
ele escreveu. A intenção deste primeiro livro era provar através da
razão a importância de ser cristão aos não-cristãos.
OS RACIONALISTAS
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PARMÊNIDES (501-492 a.C.)
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argumenta que o tempo é uma ilusão. Ele disse que o passado e o
futuro não existem, pois só podem ser pensados no presente.
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consistia de duas substâncias distintas: mente e matéria. A
propriedade essencial da mente é a consciência, enquanto a
propriedade essencial da matéria é a “extensão” no espaço, no qual
tem comprimento, altura e profundidade. Em sua opinião, toda
matéria, inclusive o corpo humano, não tem mente. Todas as coisas
vivas são apenas matéria em movimento. Essa filosofia dualista
deixou Descartes com o problema de explicar como mente e corpo
se uniram para formar uma pessoa. Ele teorizou que as impressões
duplas —recebidas pela virtude de ter duas orelhas, dois olhos,
duas mãos (e assim por diante) — estavam unidas à consciência
em uma glândula no cérebro. Essa teoria foi muito debatida, mesmo
antes da morte de Descartes, e ele estava consciente da natureza
insatisfatória de sua conclusão. Uma das pessoas que questionou
sua teoria foi a rainha Cristina da Suécia. Ela também discordou de
Descartes quanto aos animais não terem mente, pois já tinha
observado muito seus animais de estimação.
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A EVIDÊNCIA POR CLAREZA
“O primeiro (Evidência) será o de nunca aceitar nada por
ver¬dadeiro que o não reconheça evidentemente como tal, vale por
dizer, evitar cuidadosa¬mente a precipitação e a pre¬venção e não
englobar nada mais nos meus juízos do que aquilo que se
apresente tão cla¬ramente e tão distintamente ao meu espírito, que
eu não venha a ter nenhuma oportunidade de o pôr em dúvida.”
A ANÁLISE
“O segundo, (Reducionismo) de dividir cada dificuldade a
examinar em tantas quantas as parcelas possíveis, de forma a
melhor a resolver”.
CAUSALISMO LINEAR
“O terceiro, de seguir por or¬dem os meus pensamentos,
começando pelos objectos mais simples e os mais acessíveis de
conhecer, para subir pouco a pouco como por degraus até ao
conhecimento dos mais com¬postos, e supondo ordem mes¬mo
entre aqueles que não são de modo algum precedentes uns dos
outros.
Estas longas correntes de razões bem simples e fáceis, de
que os geómetras têm o hábito de se servir para alcançar as suas
mais difíceis demonstrações, tinham me dado ocasião de imaginar
que todas as coisas que podem cair sob a alçada do
conheci¬mento dos homens se entre-seguem da mesma maneira”
O PRINCÍPIO DA ENUMERAÇÃO
“E o último (princípio), o de fazer em toda parte
enumera¬ções tão completas e revisões tão gerais, que eu tivesse
a cer¬teza de nada omitir.”
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GIAMBATTISTA VICO 1668 —1744 filósofo italiano
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indiscutível existência de Deus. Tudo o mais no seu sistema se
desenvolve a partir dessa verdade. Ele chegou a essa verdade ao
tentar resolver o problema proposto pela opinião de Descartes de
que o universo consistia de duas substâncias: mente e matéria.
Descartes chamou-as de “substâncias finitas”. Além delas está
Deus, a “substância infinita”. Spinoza achou isso contraditório.
Spinoza concordava com a definição de Descartes de
substância como algo que não depende de nada mais para existir,
mas achava que Descartes deveria ter parado quando identificou
Deus como uma “substância infinita”, porque uma “substância
infinita” possuiria também todas as propriedades das “substâncias
finitas” — então, como poderia existir independentemente? Dessa
forma, Spinoza foi capaz de argumentar que Deus não está
separado do resto do universo, como Descartes (e praticamente
todo o mundo) havia pensado. Em vez disso, Deus e o universo são
uma mesma e única coisa. Spinoza insistiu que Deus e a natureza
são uma mesma substância e que mente e matéria são apenas
formas diferentes nas quais Deus aparece. Spinoza pensou que
deveria haver muitas outras formas de Deus aparecer, mas que os
sentidos humanos são limitados demais para perceber. A crença de
Spinoza em uma só substância fez dele um “monista”.
Spinoza também era “determinista”, pois acreditava que tudo
que acontecia no mundo fazia parte de um plano divino. Isso
parecia negar a possibilidade de liberdade no sistema de Spinoza.
Mas ele discordava, argumentando que o único jeito de ser livre é
aceitar o que se é. Spinoza acreditava que conhecer a si próprio é
parte do caminho para entender Deus. Isso faz sentido nos termos
do sistema de Spinoza, porque se Deus está em tudo e em todo
lugar cada pessoa é uma parte de Deus. Spinoza disse que quanto
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mais as pessoas compreendessem seu relacionamento com o resto
do mundo, mais livres se sentiriam. A conscientização de que não
há casualidade é libertadora porque livra as pessoas de serem
governadas por suas emoções. Para Spinoza, não era “razoável”
sentir raiva se alguém o magoa. Isso não faria sentido. Não mudaria
nada. Uma pessoa que tenha a clara compreensão do mundo
(portanto, de Deus) aceita tudo o que acontecer.
Para Spinoza, as pessoas mais felizes são aquelas que
colocam Deus em primeiro lugar — não um Deus que existe como
ser elevado, mas a soma total de tudo e todos no cosmos. Assim,
Spinoza acreditava ter inventado uma forma perfeitamente racional
de ética. As pessoas que agem de modo generoso são felizes
porque com certeza estão conduzindo uma boa vida.
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E possível imaginar o que Leibniz queria dizer imaginando um
globo espelhado. Se você olhar um globo espelhado, verá seu
reflexo e o que está no espaço ao seu redor. Entretanto, em vez de
apenas refletir o espaço imediatamente ao redor, as mônadas de
Leibniz refletem todo o universo. Isso significa que, no mundo, tudo
está conectado, ou interrelacionado. Em vez de pensar o mundo
como uma complexa confusão de espaço, tempo e matéria, Leibniz
introduz a ideia de que cada momento e lugar estão conectados a
outros. Nenhuma mônada está desconectada.
Entretanto, Leibniz também argumentou que as mônadas não
agem umas sobre as outras, e sim que cada uma segue seu
caminho desde o início. Segundo Leibniz, tudo o que existe e
acontece, o faz por causa de uma razão. Não haver uma razão,
pensou, seria irracional. Essa foi a pedra fundamental do sistema
de pensamento de Leibniz. Assim como muitos filósofos antes dele,
Leibniz investigou a causa de “tudo o que é” em Deus. Foi Deus
que colocou em movimento uma miríade de mônadas, que fizeram
a realidade, e cada mônada carrega dentro de si tudo o que existirá.
Leibniz chamou essa ideia de que tudo é antecipadamente
programado por Deus de “harmonia pré-estabelecida”. Afirmava que
este mundo é apenas um de um número infinito de mundos
possíveis. Mas, por Deus ter escolhido fazê-lo existir, é lógico que
deve ser o melhor de todos os mundos possíveis. Isso porque se
Deus é um ser perfeito, ele nunca teria escolhido nada que não
fosse o melhor.
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EMPIRISMO
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Seu livro mais importante de filosofia chama-se “Um ensaio
sobre o entendimento humano”. Neste livro, Locke tentou
demonstrar como as pessoas adquirem conhecimento. Ele
descreveu os filósofos como “auxiliares” dos cientistas, porque uma
das tarefas do filósofo era tirar os obstáculos do caminho que leva à
obtenção do conhecimento.
O primeiro desafio de Locke no livro é se as pessoas já
nascem com ideias ou se as adquirem por meio de experiências.
Ele se decidiu cuidadosamente pela experiência. Segundo Locke, a
mente de um recém-nascido é uma lousa vazia. A partir de então,
sua mente é bombardeada com um fluxo de informações obtidas
pelos sentidos. Locke chama essas primeiras impressões do mundo
de “ideias sensoriais”, que devem incluir a experiência da cor
vermelha e do peso de uma maçã. Estas são ideias “simples”, que
não podem ser analisadas. Para quem não entende o vermelho, ele
pode ser apenas mostrado, não explicado. Ideias simples são a
base de todo o conhecimento. Em uma primeira instância, essas
ideias são recebidas passivamente pela mente, que então reflete
sobre elas. A mente se torna ativa quando começa a combiná-las
em ideias “complexas”. Por exemplo, um unicórnio é uma
combinação de ideias simples. Locke chamou esse tipo de ideia de
“complexa” porque elas não têm base na realidade percebida pelos
sentidos.
Locke foi desafiado por aqueles que disseram que sua teoria
não fez nada para explicar se a realidade é real ou se é apenas um
conjunto de ideias causado pelos sentidos. Ele tentou responder
isso fazendo uma distinção entre as qualidades primárias e
secundárias das coisas. Argumentou que todas as coisas do mundo
exterior têm qualidades que são parte da coisa em si e que não
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podem ser separadas. Por exemplo, se fecharmos todos os nossos
sentidos para uma laranja, sem sentir seu cheiro, seu gosto, ver sua
cor ou sua forma, a laranja ainda terá forma, peso e densidade.
Locke chamou essas qualidades de “primárias”. A cor, o gosto e o
cheiro da laranja são as qualidades “secundárias”. Locke disse que
as qualidades secundárias são produzidas na mente em resposta
ao estímulo de nossos sentidos. Dessa forma, acreditou ter provado
que há um mundo externo real e que a existência das coisas não
depende de nossa percepção.
Locke então se deparou com a questão de se esse mundo
objetivo de coisas é tudo o que há. Ele reconheceu que deve haver
um “algo” mais básico — e admitiu que não havia encontrado
nenhuma pista sobre o que seria.
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razão, portanto, nos revela muito pouco do mundo. Na outra ponta
da forquilha estão o que Hume chamou “matérias de fato”. Essas
são todas as coisas que aprendemos sobre o mundo através da
experiência direta. Assim como Locke, era opinião de Hume que
todo o conhecimento útil sobre o mundo vem do que
experimentamos através dos sentidos.
Hume usou essa abordagem de duas pontas para examinar
todas as idéias possíveis de realidade, na busca pela verdade. Ele
achava que sua forquilha atingia muito pouco do que responderia
qualquer das grandes perguntas da filosofia, como “Existe um
Deus?”. Quando Hume aplicou seu método a essa questão,
concluiu que o conceito de Deus não poderia estar ligado à
experiência direta. Portanto a existência de Deus não poderia ser
provada nem contestada.
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Outra ideia que desafiou Hume foi a de se podemos saber
quem somos. De acordo com seu método, não pode haver nada
como o “eu”, no sentido de uma identidade constante e imutável.
Sempre que tentou olhar a si mesmo, encontrou-se em um
processo de sentir alguma coisa, seja calor, frio, felicidade ou raiva.
No auge, acreditou ser um “feixe de percepções” que mudavam
constantemente. Em outras palavras, além de duvidar que
permanecia a mesma pessoa ao longo da vida, ele também duvidou
que fosse a mesma pessoa de um momento ao outro! Hume disse
que apenas a cegueira da familiaridade evita que as pessoas se
dêem conta disso.
Hume discordou da ideia de que a moralidade é uma questão
de razão. Para ele, são nossos sentimentos que nos dão o senso
de o que é certo e errado. A compaixão nos motiva a ajudar os
outros ou a colocar as necessidades alheias acima das nossas. Ele
argumentou que não podemos deduzir o que é bom ou ruim a partir
de fatos sobre o mundo. O julgamento vem de dentro, através da
reflexão sobre nossos sentimentos e da empatia. Isso conta para o
fato de as pessoas terem diferentes valores morais. Hume apontou
que seria mais “razoável” tomar decisões frias ou agir com egoísmo.
Ele disse: “Não é contrário à razão preferir a destruição de todo o
mundo a sofrer um arranhão em meu dedo.”
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KANT era um racionalista, pois nunca questionava o poder da
razão para deduzir verdades além da experiência humana, até se
deparar com o empirismo de David Hume. Kant escreveu que Hume
o acordou de seu “sono dogmático”. Entretanto, Kant não se tornou
um empírico. Em vez disso, escolheu o que era importante em cada
escola e sintetizou tudo em uma filosofia. Isso ficou conhecido como
a “Síntese de Kant”.
Kant achava o ceticismo de Rume desafiador. Hume havia
concluído que o conhecimento além da experiência humana é
impossível e que a experiência podia revelar muito pouco de certo
às pessoas. Kant queria encontrar um jeito de sair desse terrível
impasse. Começou tentando descobrir as capacidades do
pensamento humano. O resultado foi o livro “Crítica da razão pura”.
Suas conclusões reviraram as afirmações de Rume de que a
gravidade e outras “leis naturais” são meramente expectativas
causadas pela repetição das experiências. Kant argumentou que
essas leis são parte da construção, ou estrutura, da própria mente
humana. Em outras palavras, as pessoas já são préprogramadas ao
nascer com um conjunto de regras para estruturar sua experiência
do mundo exterior.
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Kant também se interessou pela ética. Ele discutiu as
afirmações de Hume de que certo e errado são julgamentos
pessoais baseados na experiência. Kant acreditou que poderia
elaborar um caminho racional para distinguir as ações boas das
más. Ele argumentou que uma ação seria errada se o resultado de
todos a praticando causasse um problema universal. Por exemplo,
ele considerava errado mentir. Kant argumentou que se todos
mentissem, ninguém poderia confiar na palavra de ninguém, e o
resultado seria desastroso. Da mesma forma, uma ação é correta
se sua prática generalizada traz benefícios para todos.
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“falseamento”, Popper mostrou ser possível verificar se algumas
colocações científicas são erradas. Em oposição, as não-ciências,
como a astrologia, não podem ser verificadas, não se pode provar
se estão certas ou erradas. Mas a cada vez que a ciência é
refutada, chega mais perto da certeza. Por exemplo, se achamos,
por experiência própria, que todas as vacas são marrons e vemos
uma vaca branca, então acrescentamos a nosso conhecimento
outras cores de que as vacas podem ser. Em outras palavras,
estamos nos aproximando mais da verdade sobre a cor das vacas.
OS PRAGMÁTICOS
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pragmatismo de James era subjetivo no sentido de que ele
reconhecia que a mesma ideia poderia ser útil para uma pessoa e
não para outra. Embora admirasse a forma como James reformulou
sua teoria abstrata em uma filosofia completamente desenvolvida,
Peirce tentou separar sua teoria original, renomeando-a pragmati-ci-
smo. E disse que essa palavra era “feia o suficiente para ficar a
salvo de raptores”.
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OS FENOMENOLOGISTAS
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Apenas uma pequena parte do que Husserl escreveu foi
publicada. A maioria de seus textos permanece em um arquivo na
Bélgica.
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determina como experimentamos o mundo. Assim como Kant, ele
acreditava que todas as nossas ideias vêm de impressões
sensoriais que são moldadas por certas regras de entendimento.
Mas ele discordou que essas regras fossem puramente mentais.
Acreditava que o entendimento é moldado por regras do corpo.
Neste livro, ele demonstrou como as pessoas cujo corpo foi lesado
ou debilitado experimentam o mundo diferentemente.
OS EXISTENCIALISTAS
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SARTRE estudou fenomenologia com Husserl e também foi
influenciado pelas ideias de Heidegger. Sartre levou a
fenomenologia ao existencialismo. Heidegger mencionara pessoas
“inautênticas”, referindo-se àqueles que se recusam a aceitar a
responsabilidade pela própria existência. Heidegger achava que
encarar a certeza fatal, ou inquestionável, da morte obriga as
pessoas a valorizar sua existência e a fazer algo para sua vida.
Para Sartre, os verdadeiros existencialistas são pessoas
“autênticas”, que encaram a realidade de frente e assumem o
controle de sua vida. A habilidade de escolher e agir é a base da
liberdade humana. Sartre rejeitou a ideia de uma autoridade
externa, como Deus ou razão cósmica, para guiar as pessoas. Ele
via isso como uma ilusão criada para confortar mentes
desesperadas. Aceitar a responsabilidade pelas próprias escolhas
pode trazer muita ansiedade ao momento de decisão. Para Sartre
esse era o preço da liberdade.
Sartre explorou suas ideias em “O ser e o nada”, seu livro
mais famoso. O título reflete dois modos de existência que ele
identificou no mundo. Uma coisa que existe apenas por “estar” lá,
como uma pedra, existe “em si”. Em oposição, a consciência é
“nada”. Ela existe “por si” e é capaz de se envolver com o mundo.
As pessoas, em sua maioria, vivem como se fossem pedras na
praia, incapazes de mudar a si ou ao mundo ao seu redor. Os
existencialistas desafiam os limites dessa situação vivendo “por eles
mesmos”.
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OS FEMINISTAS
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OS PÓS-MODERNOS
HERÁCLITO (536-470 a. C)
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linguagem é uma das maiores de todas as decepções. Nietzsche
alertou para o quão limitadas ou distorcidas as palavras podem ser.
Por exemplo, a referência a coisas no plural ou no coletivo, como
árvores, matas, flores, buquês, casas, bairros e assim por diante
promove semelhanças e elimina diferenças. Nietzsche achava que
as opiniões que temos sobre o mundo são apenas artifícios úteis
para lidarmos com a vida. Entretanto, ele pensava que acreditar que
toda ação tem uma causa leva à falsa crença em um eu superior.
Ele disse: “Um pensamento vem quando ele quer, não quando eu
quero”.
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MICHEL FOUCAULT (1926-1984)
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JACQUES DERRIDA (1930-2004)
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suas afirmações para descobrir esses engodos. O
desconstrucionismo tornou-se um movimento popular além da
filosofia, que influencia arquitetos e até estilistas de moda.
A TEORIA CONTRATUALISTA
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democracia direta supõe a participação de todo o povo na hora de tomar uma decisão. A
democracia representativa supõe a escolha de pessoas para agirem em nome de toda a
população no processo de gerenciamento das atividades comuns do Estado.
Os filósofos pré-socráticos.
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O termo pré-socráticos é uma indicação cronológica,
pois a maioria dos filósofos da natureza viveram
antes de Sócrates (retratado acima).
44
Tales, Anaximandro, Pitágoras, Parmênides, Zenão,
Heráclito, Demócrito, Empédocles são alguns
nomes, entre muitos filósofos que inauguraram o
pensamento filosófico no Ocidente. A filosofia
nascente se caracterizava pela busca de explicações
capazes de satisfazer a mente humana de modo
alternativo as explicações que a mitologia grega
oferecia para o funcionamento da realidade e o
surgimento da vida.
Contexto histórico
Os filósofos pré-socráticos impulsionaram o
surgimento da filosofia na Grécia antiga, mais
precisamente, nas colônias gregas na Ásia menor e
região da Itália. Eles se dividiam em escolas de
pensamento: Escola Jônica, Escola Itálica, Escola
Eleática, Escola Atomística; de acordo com o local e
problemas discutidos por seus pensadores. Viveram
entre os séculos VII e V a.C.
Aula abaixo, trata dos principais filósofos pré-
socráticos e suas teorias.
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Filosofia de ARISTOTELES
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sua Metafísica, Aristóteles ensina sobre o Ente, que é tudo aquilo que é, que
tem Ser. É a noção mais abrangente de todas. Aristóteles cria a teoria das
quatro causas do ser: material, formal, eficiente e final. Para Aristóteles, a
permanência e o movimento necessitam dessa teoria para que possam ser
explicados: a teoria das causas do Ser.
Biografia
Aristóteles nasceu no ano de 385 a.C. em Estagiros, cidadezinha da Trácia
fundada por colonos gregos no lugar onde hoje se situa Stavro, na costa
setentrional do mar Egeu.
Era ainda muito jovem quando morreu seu pai, Nicômaco, médico bastante
famoso, neto de Esculápio. Um amigo da família, Próxeno, que morava em
Estagiros, se encarregou de sua educação.
Aos dezessete anos, foi para Atenas prosseguir seus estudos. Em 367, quando
Platão retorna da Sicília e retoma seu magistério na Academia, Aristóteles
aparece como um de seus alunos mais assíduos e se distingue por seu ardor e
pela excepcional inteligência.
Depois de alguns anos de estudo, rompe subitamente com Platão, mas sem
cessar de testemunhar-lhe respeito e continuando a conservar do mestre uma
grata lembrança. Permanece, no entanto, em Atenas até 347; presume-se que
teria fundado uma escola retórica que lhe valeu grande reputação.
De 347 a 342, Aristóteles deixa Atenas. Torna-se como que um embaixador
oficioso junto a Filipe, que acaba de subir ao trono da Macedônia e é quase
seu amigo. Mais tarde o encontramos junto com outros alunos de Platão, como
Xenócrates, na Eólida, junto a Hérmias, tirano de Atárnea, que seguiu seus
cursos em Atenas e está contente por tê-lo junto a si. Permanece na corte do
tirano até a morte de Hérmias, que será estrangulado pelos persas.
Hérmias deixa uma filha e uma sobrinha. Aristóteles casa-se com a sobrinha.
Não se sentindo em segurança em Atárnea, parte para Mitilene, onde
permanece até 342.
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Vai então à Macedônia, onde o chamava Filipe para lhe confiar a educação de
seu filho Alexandre, de treze anos. O filósofo esforça-se por desenvolver nele
as qualidades de moderação e de razão que lhe parecem essenciais para a
conduta de um soberano. Alexandre sente por seu mestre um grande apego,
que conservará até quando suceder a seu pai.
Todavia, Alexandre parte em conquista da Ásia em 335, e Aristóteles considera
que seu papel terminou. Deixa Alexandre e retorna a Atenas.
O ensino de Platão na Academia tem seqüência com Xenócrates.
Aristóteles, então, abre uma escola perto do templo de Apolo Lício, donde o
nome de escola do Liceu que lhe foi dado. Aristóteles expõe suas idéias
enquanto passeia com seus discípulos, e é por isso que são chamados
peripatéticos, do grego nFpínaTov, que significa " lugar de passeio".
O ensino de Aristóteles compreende duas séries de aulas: de manhã, trata das
questões puramente teóricas, no ensino exotérico reservado aos iniciados.
À tarde, Aristóteles se dirige a um público mais amplo: as questões tratadas
são mais acessíveis. A retórica ocupa um lugar importante; é o ensino
exotérico. Durante doze anos, prossegue suas aulas, não sem publicar
numerosas obras que abordam todos os domínios do saber humano.
Com a morte de Alexandre, em 323, os partidários da Macedônia vêem-se
ameaçados de morte e de perda dos bens pelo partido nacional ateniense,
dirigido por Demóstenes. Aristóteles, pró-macedônio, é acusado. Sem aguardar
o julgamento que deve condená-lo, deixa Atenas e vai para Cálcis, na ilha de
Eubéia.
Morre ali um ano depois, em 322, aos 63 anos. Deixa dois filhos, uma menina,
Pítia, com o nome de sua mulher, e um menino, Nicômaco, com o nome de seu
pai.
Diógenes Laércio conta que Aristóteles era um pouco gago, muito magro de
pernas, tinha olhos pequenos e gostava de belas roupas. As gravuras mais
antigas representam-no com uma longa barba ondulada, um nariz muito
arqueado e um bigode pendente.
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Aristóteles (384 – 322 a.C.), cuja influência ao longo da história ocidental seria
notável.
Para Aristóteles, a Terra estaria imóvel, era esférica e se localizava no centro
do universo; os movimentos celestiais dependiam de 55 esferas móveis.
O fato de a Terra ser esférica foi deduzido por ele em fatos como o
desaparecimento dos navios no horizonte ou a alteração das estrelas quando
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alguém se movia para o norte ou para o sul.
Embora não conhecesse a experimentação sistemática, Aristóteles fez várias
experiências e observações que aperfeiçoaram enormemente o conhecimento
disponível na Antigüidade.
Sua visão de mundo foi assimilada em grande parte pelo Ocidente até o século
XVII.
O lugar natural do elemento terra era o centro da Terra, por sua vez o centro
geométrico do universo.
Dessa forma, o movimento natural das substâncias terrestres era cair
diretamente para o centro da Terra, dado o seu peso, assim como o movimento
natural do fogo era subir para seu lugar natural no céu.
O lugar natural da água era acima da terra; o do ar, acima da água, mas abaixo
do fogo. A posição natural dos corpos pesados era o centro do universo, que
se localizava no centro da Terra.
Evidentemente, Aristóteles não tinha conhecimento da noção de gravidade
quando expunha essas idéias, mas amarrava de forma bastante lógica
observações disponíveis.
FILÓSOFO E CIENTISTA
Querida Sofia! Certamente você ficou impressionada com a
teoria das idéias, de Platão. E você não é a primeira. Não sei
se você aceitou tudo sem maiores problemas, ou se tem algum
comentário critico a fazer. Mas se você fez criticas á teoria de
Platão, saiba que estas mesmas críticas já foram feitas por
Aristóteles (384-322aC.). Durante vinte anos ele foi aluno da
Academia de Platão.
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Aristóteles não nasceu em Atenas. Ele era natural da
Macedônia e veio para a Academia quando Platão tinha
sessenta e um anos. Seu pai era um médico de renome; um
cientista da natureza, portanto. Este pano de fundo já diz
alguma coisa sobre o projeto filosófico de Aristóteles. Seu
maior interesse estava justamente na natureza viva. Ele não
foi apenas o ultimo grande filósofo grego foi também o
primeiro grande biólogo da Europa.
Exagerando um pouco, podemos dizer que Platão estava
mergulhado nas formas eternas, no mundo das "ideias", que
não registrou as mudanças da natureza. Aristóteles, ao
contrário, interessava-se justamente pelas mudanças, por
aquilo que hoje chamamos de processos naturais.
Exagerando mais ainda, podemos dizer que Platão se apartou
do mundo dos sentidos e que só percebia muito
superficialmente tudo aquilo que vemos ao nosso redor. (É
que ele queria escapar da caverna para espiar o eterno
mundo das idéias!) Aristóteles fez exatamente o contrário: ele
saiu ao encontro da natureza e estudou peixes e rãs,
anêmonas e papoulas.
Você bem poderia dizer que enquanto Platão usou apenas
razão, Aristóteles - ao contrario - usou também seus sentidos.
Mas há nítidas diferenças entre eles, até mesmo na forma de
escrever. Enquanto Platão era poeta e criador de mitos, os
escritos de Aristóteles são sóbrios e pormenorizados como os
verbete uma enciclopédia. Em compensação, muito do que ele
escreveu estava baseado em estudos naturais realizados com
extrema diligencia.
Registros da Antiguidade dão conta de não menos que cento e
setenta títulos assinados por Aristóteles. Destes, quarenta e
sete chegaram ate nossos dias. Não se tratava de livros
completos. A maior parte dos escritos de Aristóteles compõe-
se de apontamentos feitos para suas aulas. Também na época
de Aristóteles, a filosofia era essencialmente uma atividade
oral.
A importância de Aristóteles para a cultura européia esta
também no fato de ele ter criado uma linguagem técnica
usada ainda hoje pelas mais diversas ciências. Ele foi o
grande sistematizador, o homem que fundou e ordenou as
várias ciências.
Como Aristóteles escreveu sobre todas as ciências, vou me
limitar a tratar aqui sobre algumas das áreas mais
importantes.
E como me detive tanto em Platão, quero falar a você
primeiramente sobre os argumentos de Aristóteles contra a
teoria das idéias de Platão. Na seqüência, veremos como ele
formulou sua própria filosofia natural. Afinal, Aristóteles
resumiu o que os filósofos naturais haviam dito antes dele.
Veremos também como ele tenta colocar ordem em nossos
conceitos e funda a lógica como ciência. Por fim, vou falar um
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pouco sobre a visão que Aristóteles tinha do homem e da
sociedade.
Se você aceita este roteiro, então só nos resta arregaçar as
mangas e começar.
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