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A Cidade ao Nivel dos Olhos 2 cidade a0 nivel dos elhos~3 scala mais importante para 6 planejamento urbano ‘caminhar, parar, sentar, ouvir e falar ~ um bom lugar para comecar 118 cidades para pessoas cS A luta pela qualidade se da na pequena escala Em muitas cidades, principalmente nos paises emeryertes, ¢ a necessidade ‘ne gera muito do tréfego de pedestres. Noutras partes do mundo, o numero de pedestres depende apenas de o quanto as pessoas se sentem convidadas a caminhar. porténcia da qualidade da cidade independe de o tréfego a pé ser uma ‘questo de necessidade ou convite. A boa qualidade ao nivel dos olhos deve ser considerada como diteito humano basico sempre que as pessoas estejam nas ‘idaces. Na escala menor, a da paisagem urbana dos 5 km/h, € que as pessoas, se encontram de perto com a cidade. Aqui o pedestre tem tempo pata fruira qualidade ou softer com sus falta, Independentemente de ideologias de planejamento ou condigdes eeu 2%, a gestin cuiidadnca da dimensiio humana em todos os tipor de cidades © ‘reas urbanas deve ser um requisito universal Apresentamos aqui uma visio geral dos principios do planejamento para a dimenséo humana das cidades. O ponto inicial é simples: atividades humanas Universais. As cidades devem propiciar boas condiigbes para que as pessoas cami- ‘ahem, parem, sentem-se, olhem, oucam e falem, Se tals atividades basicas,ligadas aos sentidos e ao aparelho motor humano, uderem ocorrer em boas condicdes, essas e outras atividades relacionadas deverdo ser capares de se desdobrar em todas as combinacdes possiveis na ppaisagem humana. De todas as ferramentas de planejamento urbane disponi- veis, a mais importante é a escala menor. Se, no dia a dia, a sala de estar de uma casa ndo funciona bem para quem ‘moraall, uma cidade e/ou conjunto habitacional bem planejado tampouco tra- Fae muito consolo. Por outro lado, a qualidade da moradia e do espaco ao nivel os olhos pode ser, emi, decisiva para a qualidade de vida, apesar das deficién- cias de outras éieas Ue planejarnento. Aconsideragio pelos sentidos diretos des pessoas ¢ crucial para dete elas podem andar, entar, ouvir efalar dentro de prédios, no bairro ou na cidade. Auta pela qualidade se da na escala menor, : 2 acontece a pé Eum grande diana vida de uma crienga quando ela da seus primeiros passos, Seu nivel de visdo sobe do ponto de vista do engatinhar (cerca de 30 cm do chao), ara cerca de 8u cin de altura, (© pequeno caminhante pode ver mais e mover-se mais rapidamente. De agora tem diante, tudo no mundo da cnianga - campo de visio, perspectiva, viska geral, ritmo, lexiblidade e oportunidades - vai ocorrer num plano maisalto eem velo cidade maior. Todos os movimentos importantes da vida, dai para frente, sero experimentados em pé, quer a pessoa esteja parada au caminhando. ocorre pe (Lucca, lila: Amd, Jor Basicamente, 0 andar é um movimento linear que leva 6 caminhante de um raquexe, Marrocos). local ao outro, mas é, tamhAm, muito mais que isso, Pedestres podem parar sem aonivel dos olhos 119 caminhar com um propésito - e como um comego Hé mais no caminhar do que simples- ‘mente andar, caminhar com um propésito como um comeco com qual velocidade? esforgo e mudar de direcéo, manobrar, acelerar ou reduzira velocidade ou fazer outro tipo de atividade, como ficar de pé, sentar, correr, dancar, escalar ou deltar-se. (Ume carina pela cidade lustra suas multas varlacbes: uma caminhada rapida como propésite deirdo ponte A.ao ponto 8; lento passeio para fruit a cidade ou um pérdo sol;0 ziguezaguear das criangas; ou. decicida caminhada do idoso para pegar ar fresco ou exercitar-se ou fazer algo. Independentemente do propésito, ‘uma caminhada pelo espago urbano é uma espécie de forum’ para as atividades sociais que acontecem durante o percurso, como parte integrante das atividades do pedestre. Cabesas vottantrse para us lados, os pedestres viram-see param para ver tudo, ou cumprimentar ou falar com alguém. Caminhar é um meio de trans Porte, mas também um inicio potencial ou uma ocasiéo para outras atividades. ‘Muitos fatores infiuem na velocidade do caminhar: a qualidade do percurso, a superficie, a quantidade de pessoas, aidade e a mobilidade do pedestre. O pro- jeto do espaco também tem seu papel. Os pedestres normalmente andam mals rapido em ruas que convidam ao movimento linear, ao passo que seu ritmo cei quando atravessam pracas, quase como a Sgua, que fui mais rapidamente ao longo das margens dos ros, mas se move lentamente nos lagos, 0 climaé outro fator. As pessoas andam mais rapidamente quando chove, venta ou faz fii. Na principal rua de pedestres de Copenhague, a Stroget, a velocidade do tré- fegode pessoas num dia fro 6359 mais répida do que nuriidia bur Ue verdo. No verdo, ha muitos pedestres passeando e desfrutando desse processo, enquanto 0 trafego de pedestres no inverno & bem mais objetivo. Quando esta fro, as pessoas caminham para aquecer-se. Em média, a velocidade de caminhiada no veréo é de 14,2 min/km,o equivalentea 4,2 km/h. Nainverno, a velocidade é de 10,3 min/km, correspondendo a 5,8 km/h Uma caminhada de 450 metros leva cerca de 3 minutos, enquanto uma cain nhada de 900 metros leva cerca de 10 minutos a 5,4 km/h, Naturalmente, tais estimativas valem somente para dreas sem aglomeracées e sem obstaculos ou interrupgées. caminhar por quanto tempo? aco para caminhar 4 maioria dos centros urbanos mede um espayus dle Wansiqdo Ue cidade so, porenclalmente, zonas interessantes pata se permanecer, mas € importante destacar que as zonas maisatraentes S80 aquelas onde o espaco de transicéo e os detalhes das fachadas trabalham juntos. Nem todas as fachadas convidam a permanéncia, Fachadas fechadas, isa, sem detalhes tém 0 efeito oposto,indicando:"por favor, prossiga’ Espacos de transigo e detalhes de fachadas com colunas, dearaus € nichos devem ser sempre considerados em contexto. Nao basta que o espaco plblico tenha transicdes: elas dever oferecer detalhes que indiquem: “por favor, pare aqui e fique vontade. * Dentre os elementos das fachadas urbanas, os mais atraentes para se perma- nnecer séo ‘caves’ nichos ou reentréncias. fécil encontrar apoio num nicho: ha ‘onde se apoiar, hd protecio contra vento e chuva e uma boa visdo do entorno. ‘Uma atracao fundamental éa chance que a reentrancia oterece para uma apari- ‘0 piblica apenas parcial. Ai,o individuo tem a opgéo de se afastar ese tornar quase invisivel, assim como pode mover-se a frente se algo interessante atrair sua atengio. Na seco anterior mencionamos a psicologia de caminhadas e das escada- tlas, Esta secao sobre atividades estacionérias oferece observagées semelhan- tes sobre sentidos e comportamento, fornecendo bases para recomendacoes sobre como reforcar as oportunidades para permanencia. De forma bem sim- ples, as boas cidades para se ficar tém fachadas irregulares e bons pontos de apoio. Em contraste, cidades sem espaco de transicéo ou com fachadas lisas, sem detalhes, tm pouco a oferecer em termos da"psicologia do permanecer." acldade ao nivel dosolhos 139 cidades para estar tem detalhes elaborados de fachadas \Nichos e aberturas nas paredes da cidade sdo particulormente aliaentes para se ficar (exemplos da Espanha, Portugal, ‘México e Canadé sentarse {Quem precisa icar por algum tempo em um espaco urbano vai se cansar de ficar de pée vai procurar um lugar para se sentar. Quanto mais tempo pretender per- ‘manecer, mais atencéo a pessoa teré ao escolher 0 lugar para ficar. Os melhores lugares sempre combinam muitas vantagens e poucas desvantagens ‘onde estio 0s lugares Uma escala de quatro pontos fol desenvolvida pars avaliara aualidade do esnaco atraentes para se sentar? para se sentar, num estudo de 1990 sobre qualidade urbana no centro de Esto- colo”. Kesumindo, 0s requisites gerais para um bom espaco para se sentar s20 um microclima agradavel, boa localizacéo, de preferéncia nos espacas de tran- si¢d0, com as costas protegidas, boa visibilidade e um nivel de ruido baixo, que permita conversas, e sem poluigdo. &, claro, vista, Se o local oferece atracoes espaciais come gua, Srvores, flores, bom espaco, boa arquitetura @ obras de arte, a pessoa quer vé-las bem, Ao mesmo tempo, as pessoas querem uma boa visdo da vida e das pessoas do lugar. Estudantes de arquitetura também gos- de fcar ao longo de fachadas irregue ares (Aberdeen, Escécia) assentos primérios e secundérios Naturalmente, vistas atraentes dependem das oportunidades do local, mas a vista da vida da cidade e das pessoas é atracao principal. Quando o clima local, a localizagao, a protecdo.e as vistas se unem, os locas para se sentarsio.o melhor dos mundos. Pensamos “este é um bom lugar para ficar, e posso permanecer ‘aqui por um bom tempo." Nao é de se estranhar que os estudos de Estocolmo tenham mostrado uma intensa relacdo entre qualidade do sentar-se na cidade e o uso de certos locals. Locais para se sentar com pouco para oferecer foram pauco usados, com ocupa- ‘Bo de 7 12%, enguanto bancos com muitas qualidades foram usados com mais ‘requencia, com ocupacao de 61a 72%. 0 estud, feito no verdo em dias de tempo bom, também mostrou que os bancos da cidade sao raramente ocupados, Ha sempre certo numero de assentos vagos nos bancos de praca, seja porque alguém acabou de sai, seja porque as pessoas se espalham ou mantém certa distancia ent individues ou yrupes. No*banco com vista’ mals popular de Sergelstarget, em Estocolmo, o tempo deespera por um assento vago, em torne do meio-dia, foi de 2 segundos. Entre- tanto, apesar da demancdia por bons assentos, eles tiveram apenas 70% de ocu- pasdo. Assentos vagos nos bancos aumentam a impresséo de conforto fisico psicolégico. As pessoas querem se sentar perto de outras pessoas, mas nao perto demais® O confortaaa se sentarinfliina eccalha ds hancas a na durarSo da parmansn- cla, Uma selecao variada e ampla de assentos na cidade pode ser estabelecida ‘com uma combinacao de assentos secundarios e primarias. Os primarias can- sistem no mobiliério em si, com encostos e bragos: bancos, cadeiras isoladas e cadeiras de cafés. Em todos os casos, os encostos e bracos s6 contribuem para 0. conforto se as pessoas permanecerem por algum tempo ou se um idoso precisar de apoio para se sentar ou levantar. O desenho das cadeiras também influi no conforto, claro, assim como os materiais e propriedades de isolamento.e imper- meabilidade dos assentos. acidade aonivel dos olhos 141 bons e maus lugares para sentar Arvores, bancos ¢ latas de Io uriforme- ‘mente distribuidos em uma praga nao oferecem nem lugares confortavels para permanéncia nem um ambiente visual agradével (Céréoba, Espanta, Esquerda: a localizagio e 0 design dos assentos sdo importantes para 4 quall- dade dos convites para permanéncia. Os tubs de ago sée uma solugéo mais ards cada (Japéi) Direita: 0 banco, aa langa da parede da casae visitado porum alo desl, convide @ permanéncia (Espanta. ‘Além de assentos primétios confortaveis e bem colocados, multas opcées secundaria sa0 necessarias, locals onde as pessoas possam se sentar, descan sare olhar em votta de modo mals informal e espontaneo. Pode-se usar uma ‘grande variedade de objetos: pedestals, dearaus, pedras, races, monumentos, fontes ou o préprio chao. Em dias em que ha alta demanda de bancos, osassen- tos secundirins padem contribuir para o total de assentos da cidade, Opgbes secundirias tém a vantagem de, nos outros dias do ano, serem degraus,florel 'as,etc., mas podem ser usadas como assentos quando preciso. Antigamente, era comum que as construgées e © mobilério urbano fossem projetados para serem elementos belos na paisagem do pedestre, e tamisém ‘oferecer oportunidades para se sentar. Veneza tem poucos bancos, mas uma ‘grande riqueza de elementos urbanos que atendem a essa funcéo. "Toda a cidade é'sentvel’ afirma William H. Whyte, a respeito de Veneza, no filme The Social Life of Small Urban Spaces". enta onde’ Emtermos gerais, lancas ¢jovens podem se sentar em qualquer lugar ou em qualquer coisa. Conforto, clima e materi nao desempenham um papel signi- ‘icativo.Esses dois grupos normalmente dominam os assentos secundérios da cidade. Adultos e idosos querem mals conforto e sao bem mais cuidadosos aa escolher onde se sentar. Um mobilério urbano confortavel, de preferéncia com encosto e braces, assim como eleborado em materials confortaveis, faz adie renga para que esses grupos optem por sentar-se num dado espaco urbano e ali ppermanecer por um tempo. Para quea dela de espaco urbano para todos tenha algum significado, éimportanteoferecer’baas acomodacées para que idosos se sentem. Os jovens sempre do um jeito. 10s duros, asser ‘Afirmamos, anteriormente, que patadas mals longas significam cidades mais vivas, A duragéo ¢ extensao das permanéncias s30 crucials para a vida urbana. rar cidades socialmente vidveis para todos implica criar opcdes de permanén cia pata todas as idades, mm espago urbana deve tes primairios na forma de b deiras, assim como muitas opgoes ndarias parase sentar:escadas, bases ‘banco em Copenhague, mobilidrio para recastar-ce em Haten City, sem encosto ou com assentos frios -Muitos designers e arquitetos tém uma queda por bancos de pedra colocados decorutivarente enn ferte aos eects. Fatteianto, ox ucuirinc naa partilhae de sua afelcdo por esse tipo de mobilério urbana. Quando bancos desconfortdvels so colocados no meio de espaco urbano, uma boa idela écolocar gente de bronze para garantir que alguém os use (Hasselt, Délgica). cadeiras mévels Eis outra rea importante onde praticas arqulteténicas comuns estéo em rota de colisio com prine! para a criagSo de espaces urbanes confortiveis fe atraentes par ce ficar A preccupacio com a vida urbana esté totalmente ‘ausente de consideracbes sobre a localizagdo de bancos e a escaiha de dese 'nho e materials. Os bancos ficam ancorados no melo do nada, longe dos espacos de transicéo, recantos e reentrancias,€ $80 muites vezes proietados como plin tos oucalxées" combinando com blocos de conereto, mas no com as pessoas ‘que poderiam se sentar neles. Mesmo que o mérmore ou o granito envelhegam lindamente, é somente no sul de Barcelona que esses materias fios s8o agra dveis para se sentar, e mesmo assim, somente em algunsmeses do ano. ‘encosto, ninguém fica muito tempo, sem Como dissemosanteriormente, os assentos primérios podem consistirde vaio: tips de baricus, sap tannibérn de cadres midvels como as dos parques de F ou do Bryant Park em Nova York. Cssas cadeiras rivels aferecens Mexibilidetle onas detransigdo entre 0 lio €0 privado ino, como pausa e como cacao lives que podem ser deelocadas ofe moportunidades flexiveiseconfortd- para permanéncia no espago urbana Pracada Prefeitura, Melbourne, Austria, «Porque Bryant, Nova York), a0 usuirio, que pode aproveitar ao maximo o local, clima ea vista, além de garantir uma valiosa oportunidade para que se organize o espaco social para situagdes especficas Outra vantagem &asimplicidade para se guardaras cadeiras méveis, conforme a estacdo, Cadeltas vazias deixadas a0 ar livre em pracas ou parques no invemo iembram balnedtios na baixa temporada, Até agora a discussdo ficou centreda nos prazeres gratuitos dos bancax, cali ‘ase detalhes de mobilaro oferecidos a quem caminhar pelo espaco urbano. [Entretante, opybes privades e semiprivauas av longo tos espacos de tansi¢a0 do espaco urbano comum também tém impacto no nivel total de atividade. Varios estudos sobre centros urbanos, ruas e éreas residenciais mostram que petmanéncias em sacadas,terracose jardins frontais que margelam os espacos turbans multas vezes compéem o grosso de todas asatvidades estacionsrias” Como esperado, as zonas de transicéo, 8 quais 0s usuatios tém facil acesso e podem mobilar e compo, 0 usadas mais intensamente do que todas as outras ‘opcbes da cidade. O grupo usuario é muito definido ea opcio esté bem & mao. Dentre as atividades estaciondras nas zonas de transicéo do espaco urbano, 0s Gales de calgada tém um papel particularmente importante na paisagem urbana moderna. Nas liltimas duas ou trés décadas, o atendimento aoar livre espalhou- -se pelo espaco urban. ‘Antes cafés de calcada erem exclusivos de cidades e culturas mediterréneas, mas a ideia se espalhou pelas cidades mais desenvolvidas do mundo. Conforme seus moradores prosperavam e ganhavam mais tempo de lazer, o atendimento ao ar livre foi se espalhando, da Finlandia a Nowa 7elandia, do Jap3o ao Alaska, Os. turistas observaram a vide urbana recreativa nos cafés ao a live nos locals que ‘cidade 20 nivel dos olhos cappuccino como pausa e como explicagao Fladétfia 3380 2790 3208 1990 2001 2005 2008 5750 1990 2005 1150.00 O crescimento dramatico do niimero de cadelras dos cafés no espaco urbano é um fenémeno mundial, que eflete novas necessidades e novas formas de usar a cidade. Xicaras de café sobre as mesas ‘epresentam um descanso, mas também sdo.uma boa desculpa para permanecer na cidade - por longo tempo®. sto estocimo Copenhague Hate a0 ; 1900 | Porth 3240 2.450 1940 i mas 1993 2004 2008, 1986 1995 2005, 1993 2004 2009 Visitaram, e levaram de volta para casa o conceito de cultura de café. Enquanto as cidades eram antes dominadas por atividades necessérias, os cafés traziam, com forca, a idela de lazer. Agora havia tempo e recursos para usufruir a cidade © vida urbana nas cadetras dos cafés. Ha vinte ou trinta anos, muitas cidades, Copenhague e Melbourne entre clas, eram consideradas invidveis para cafés 20 ar livre, devido ao clima, Cada uma dessas cidades, hoje, tem mais de 7.000 cadeiras de café em seus centros. E 0s cafés tm aumentado o numero de meses do ano em que oferecem ser- vigo ao ar livre, chegando a oito, dez ou doze meses, ¢ a "temparada’ aumenta a cada ano", A popularidade dos cafés e as permanéncias relativamente longas neles res- saltam 0 fato de eles oferecerem uma combinacao atrativa de opcbes: cadeiras razoavelmente confortvels ¢ uma boa visdo dos passantes. A verdadeira justi ficativae atragéo dos cafés de calcada & exatamente essasa vida na calcada. A ‘oportunidade de descansartomando um café é outra vantagem. © café pode ser co pretexto ostensivo para que alguém se sente num café de calgaca, mas tan bém é uma desculpa para ver passara vida da cidade. A combinacao de muitas ‘opcées atraentes & 0 motivo de muitas visitas aos cafés. Os bons motivos tam- bém explicam porque, em quase todos os casos, o tempo de permmanéncia é bem uma boa cidade é como uma boa festa, 0s convidados ficam porque estdo se divertindo Recentemente, a cultura dos cafés seespo: hou rapidamente mesmo em regibes ‘onde a ideia seria impensdvel hd alguns ‘anos (tarde de verdo, Reykjavik, Islandia mais longo do que para tomar uma xicara de café A atlvidade real €recreacéo, lazer e prazer no espaco urbano, Antigamente, passava-se muito tempo na cidade tazendo tarefas € resolvendo rnecessidades praticas e sociaisno caminho. Caminhar e estar na cidade era algo integrado as atividades diias. Hoje, quase nao hé mais tarefas ou motivos para gastar muito tempo na ‘cidade, ¢ deixar prazeres e deleites para depois, Nessa nova situacdo, os cafés de calcada eo ato de tomar café oferecem novos locals e novas razées para pas sar horasna cidade. Em seco anterior, descrevemos comoa vida na cidade ¢ um produto do numero eda duracdo de atividades, e mostramos como atividades estacionarias e, por- tanto, a dura¢ao, séo fatores-chave para estabelecer cidades e espacos urbanos Vivos. Por outro lado, muitas pessoas, ao passar pouco tempo na cidade, ndo acrescentam grande coisa a vida urbana. Convidar as pessoas a caminhar e pedalar na cidade é um inicio, mas no basta. Oconvite deve incluira opgao de se sentar e passar um tempona cidade. Atividades de permanéncia séo.a chave de uma cidade viva, mas também real- mente agradvel As pessoas ficam se um lugar for bonito, signficativo eagradé- vel, Uma boa cidade tem muitas semelhangas com uma boa festa:os convidados ficam porque se diverter, a cidade aonivel dos olhos 147 ver, ouvir e falar, pré-requisitos em comum, uma boa visio é essencial linhas de visio desobstruidas, por favor 148. cidades para pessoas ri) Boas cidades para encontrar pessoas Uma cidade boa para se encontrar é,fundamentalmente, uma cidade com boas ‘oportunidades para trés atividades humanas basicas: ver, ouvir fala. Os encontros na cidade ocorrem em vatlos nivels. Contatos passivos, oportu- nidades para ver e ouvira vidana cidade, representam uma forma simples ¢ no obrigatéria de contato. Vere ser visto é a forma mais simples e mais comum de encontro entre as pessoas. Em comparacdo com o ntimeto de contatos visuais e auditivos, os encontros mais ativos e diretos compdem um grupo menor, porém versatil. Hé encon- ‘os planejados, esponténeos e inesperados, cumprimentos,trocas verbais ¢ con- vversas com conhecidos com quem nos deparamos pelo caminho. Alguém pede luma informacao ¢ alguém responde. Hé conversas com amigos ¢ conhecidos ‘com quem se caminha pela cidade, Hé conversas nos bancos,nos pontos de 6 bus e, com certeza, com a pessoa ao lado, quando houver o¢asiao ou algo ines- peraclo acontecer. Hé eventos para se ver, musicos para ouvir e grandes eventos Pblicos como desfiles, festas de rua e passeatas para se observar ou participar. Em suas varias combinagdes, as oportunidades para ver, ouvir e falar s8o con- dicdes prévias para a comunicagéo entre as pessoas na cidade. ‘Observar a vida na cidade é uma das mais importantes atragées urbanas. Ver ‘gente € uma atividade universal que ocorre constantemente quando andamos, paramos ounos sentamos. O uso de bancos e outros tipos deassentos é estimu- lado desde que oferecam uma boa visio das pessoas. visio de outras atracées, como 4gua, vores flores, fontes earquitetura deve ser também parte das consi- deracées dos urbanistas. Aviso € ainda melhor se varias atragbes puderem ser ‘combinadas. 0 planejamento culdadoso das vistas e das opdes para se olhar deve ser parte do esforgo feito para uma boa qualidade urbana, ‘Comoa visio livre e desimpedida das atragées da cidade é tdo vital as linhas de visio devem ser tratadas de forma to culdadosa como as préprias vistas. Em imuitas cidades, carros e énibus estacionados, prédios mal localizados, outros itens e mesmo o paisagismo limitam a visibilidade, : Outro problema especific & linha de viséo de janelas e terragos nos pré- dios. Aqui. a vista 6, muitas vezes, bloqueada por grades horizontais nas janelas, intato visual, para os prédios dentro deles ncato visual entreexteriareimtenor das ta as oportunidades de iéncia ~nos dois sentido posicionadas bem ao nivel dos olhos, impedindo que pessoas sentadas no inte rior das edificagées tenham uma visio livre, Muitas vezes, gradis grossos nas sacadas e nos terracos impedem a observacéo da vida nas ruas de dentro das tmoradias. Para o arquiteto, o segredo é pensar no que pode ser visto do interior da edificacéo ao projetar esses detalhes. &, ao mesmo tempo, garantir que apr: vvacidade das pessoas nao seja invadida. ‘Aqui também é importante que as linhas de viséo de quem esta sentado, de é e no nivel das criangas sejam estudadas e incorporadas naturalmente aos projetos de prédios ¢ ruas. Anecessidade do bom contato visual entre interior e exterior ao nivel da rua ja {oi descrita em capitulo anterior. O contato visual entre as pessoas nos prédios, principalmente nos andares térreos, com o espago public ¢ indispensdvel para uma experiéncia intensa e para dar chances de contato a todos os envolvidos, dentro e fora da edificagso. Novamente, um cuidadoso planejamento é essencial para que experiénciase ‘contaros sejam sopesados em relacdo.a consideracoes de protecao e privacidade. Lojas e escritétios poderiam funcionar com maior acesso visual. As lojas trans- parentesda Apple; em grandes cidades, demonstram comaa vida na lola pode fazer parte da vida urbana. Por outro lado, muitas outras lojas, principalmente supermercados, ficam isoladas da vida urbana, hermeticamente vedadas com pparedes de tijolos, vidros escuros e cartazes com antincios, colaborando, assim, para o empobrecimento da experiéncia urbana. Outro fator ruim éo fechamento das portas e vitrines das lojas com pesadas portas de aco, apés 0 horétio de fun- cionamento. Isso faz as tuas parecerem mais inseguras e multo menos interes- santes para se caminhar & noite e nos finals de semana, pols néo hé nada para se olhar ao longo dessas fachadas enclausuradas. aidade ao niveldosolhos 149 olhar para os prédios e de dentro deles E preciso considenar as linkas de vise entre 0 exterior eo interior para que as pessoas possam olhiar para fora, quer estejam sentadas ou de pé. Uma grande \ariedade de experencias visuais pode ser garantida sem comprometero domi- rio privado. 0s guarda-corpos das sacadas dos con- juntos residenciais de Ralph Erskine sao projetados para dar uma boa visdo do nivel inferior (Eker, Estocolmo, Suécia) Um trabalho culdadeso com finhas de visde yarante bum conto viuel enere interior eo exterior desse conjunto resi- dencial (Parque Sibelius, Copenhague; ver também p. 102), nes de lojas fechadas ao longo da rua mpedem o contato visual vital entre 0 € 0 interior. As ruas tém pouco a oferecer aos pedestres, o que aumenta @ sacao de insequranca é noite na a direita: vtrines fechadas em mportantes ruas para pedestres em Lon: Inglaterra, e vitrines abertas em ourne, Australia, onde uma politica (ondria garamte pisos téreos atives nas ova dreas construldas. ouvir e falar abrir ou fechar A resposta a esse fechamento problemiatico é, em geral, uma politica urbana que garanta areas térreas visualmente convidativas e ativas. Um bom exemplo 6 Melbourne, onde é obrigatério que 60% das fachadas dos novos prédios nas ruas principals sejam abertas e convidativas, Muitas cidades implantaram polt- ticas semelhantes, de éreas térreas ativas, com bons resultados. No caso de residéncias, muitos tipos de vedacdo parcial podem ser emprega- dos para possibilitaro contato visual e, a0 mesmo tempo, garantir que as pessoas 1ndo possam olhar para dentro. A protecéo pode se dar por telas ou pelo paisa- gismo, ou pode manter os passantes & distancia por meio de escadas, jardins @ canteiros estrategicamente colocades. Out entin, 0 problema pode ser resal- vido, de forma elegante, utilizando diferencas de altura, pare que asresidéncias particulares fiquem alguns degraus acima do nivel da rua. Assim, tem-se uma bela vista da vida urbana, enquanto se garante que ninguém olhe para dentro. Poder ouvir e falar sdo importantes qualidades no espaco pilblico urbano, mas ssas qualidades tem sido gradualmente relegadas a um segundo plano, com ‘aumento do nivel de ruido do trafego de veiculos. A oportunidade de encon- trar pessoas e conversar com elas na cidade, algo antes natural, passou a ser mats e mais dificil, jade 20 nivel dos olhos comunicacao e nivel de ruido Unn dos maiores problemas de qualidade nas cidades modernas & 0 nivel de ruido alto e flutuante que impede conversas normals, Em cidades para pedestres, como Veneza, onivelgeruido fica. normalmente. abaixo dos 60 48; aqui, ¢ fécif manter conversas mesmo através de grandes distancia Uma caminhada pelas agradaveis ruas de Veneza e pelas ruas de trafego Intenso de Londres, Téquio e Bangkok ilustra as mudancas draméticas que ocorreram nos niveis de ruido das cidades. Esses passeios a pé também ilustram as qualidades que se perderam no processo. Osiléncio perceptivel desde o momento em que se desce a escadaria da estacdo de trens de Veneza. Subitamente é possivel ouvir vazes, passos, pissa- rose misica, Em Veneza, em todos os lugares, pode-se ter uma conversa agrads: vel esossegada. Ao mesmo tempo, ouvem-se passos,risos, trechos de conversa cangGes vindas de janelas abertas e muitos outros sons da cidade. Tanto a pos- sibilidade de ter uma conversa como os sons da atividade humana séo qualida- des importantes. unicagdo e nivel de ruido Um passeio nas ruas de tréfego intenso é uma experiéncia totalmente dife- rente. O ruido de carros, motocicletas e, principalmente, 6nibus e caminhées ricocheteia entre as fachadas,criando um nivel de tuido continuo que pratica- mente impossibilita a conversa. As palavras séo gritadas e é preciso falar prati- camente dentro do ouvido da outra pessoa, a distancia de conversa deve ser reduzida ao minimo e muitas vezes € preciso recorrer& leitura labial. N3o 36 a comunicagao efetiva entre as pessoas perde o sentido, como também onivel de ruido é um fator permanente de estresse. ‘Aos poucos, quem anda nessas ruas se acostuma tanto ao ruido que nao pensa ‘mais em como essa situago surgiu. Tampando um dos ouvides, pode-se ter uma conversa gritada pelo celular, Nessas cidades barulhentas, parques, ruas sem carros e pracas s4o espacos ‘onde ainda é possivel ser ouvido. De stibito, & novamente possivel ouvir o som de gente e de atividade humana. Milsicos ¢ artistas de rua ficam aglomerados em ruas de pedestres: sua atividade perde o sentido em outros lugares da cidade. Dentre os mais significativos argumentos para reduziro tréfego nas cidades ou pelo menos reduzira velocidade dos carros, esté a redugao dos niveis de ruido, permitindo que as pessoas voltem a conversar. ‘Um nivel de ruido de fundo de 60 decibéis (dB) é considerado o limite superior para uma conversa normal, variada, mantendo-se uma distancia normal. A cada aumento de 8 dB tem-se a sensacdo de que o nivel de rufdo dobrou. Emoutras palavras, o ouvide humano percebe 68 dB como duas vezes mais alto ue 60 d8, € 76 dB é percebido como sendo 4 vezes 0 nivel de 60 dB®, A Escola de Arquitetura da Academia Real de Belas Artes da Dinamarca fez ‘um estuco em Burano, um pequeno enclave de pedestres na Lagoa de Veneza, © em uma rua com tréfego intenso em Copenhague, que mostra relacgo entre comunicagio e nivel de rufdo na cidade de pedestres e na rua com tréfego"’. Em Burano, a média do nivel de rufdo de uma rua local e da rua principal da cidade foi de 52 dB e 63 dB, respectivamente. Assim, 0 nivel de rufdo de fundo na rua principal é quase duas vezes 0 da rua local. Nas duas ruas 0 nivel de rufdo era bem constante. Em ambos 0s espacos, com s2 dB e com 63 dB ¢ possivel ter conversas agrads- veis e até bem a disténcia. As conversas podem acontecer sem inconveniéncia através dos canais ou entre pessoas nas ruas @ as que esto nos andares supe- riores das casas. Em Copenhague,o nivel de ruido de fundo na rua com trafego intenso foi de 72 dB com intensidade normal de tréfego, 20 paso que o nivel de ruido variou muito @ pode chegar a 84 dB quando Gnibus e caminhdes grandes passavam. (0s 72 dB representam um nivel de ruido entre trés ou quatro vezes o do ruido de fundo das ruas de pedestres, Poucas conversas podem ser mantidas nessa tua elas sdo compostas de trocas répidas de algumas poucas palavras e, em geral, apenas quando nao ha veiculos barulhentos trafegando. \Niveis de 60-65 dB podem ser encontrados em espacos urbanos sem veiculos, ‘com alguma atividade humana, ¢ representam a soma dos ruidos de muitos Passos, conversas, criangas brincando, ressonancia das fachadas de prédios etc acidade ao niveldosothos 153 paisagens para conversas © mobiliério urbano pode dificultar ou ‘mesmo impossibiltar as conversas. Ao contrario, pode també tadoe ‘montado de mado a oferecer ricas opor- tunidades de conversacao — como & dese- Jjdvele necesscrio. paisagens para conversas ‘encontros musicals Fm ralaghe ane eetidos de viel urhana foitns on onclros, om 2004, em Sydney, «em 2007, ¢ em Nova York, em 2008, foram encontrados nivels de ruido de fundo dda ordem de 72-75 dB nas ruas de seus centros”. Nas trés cidades observou-se dificuldade de manter uma conversa. Em Lon: dies, sobretudo, a combinagao de ruas relativamente estreita,edificios altos e 0s barulhentos motores @ diesel dos Onibus urbanos produz um clima actistico ue impede formas normais de conversa em grandes érees da cidade. © mobilirio urbane pode trazer uma contribuigdo valiosa a0 encontros ne espaco das cidades. Bancos longos e retos, onde se senta lado 2 lado, podem ser adequados para se manter distancia entre as pessoas, Embora esses bancos possam ser bons para preservar o espaco privado e a distancia, eles ndo ajudam a comunicagéo. € possivel virar a cabeca e manter ‘uma conversa, mas se houver um grupo, uma familia com criangas e varios ami- «ios que aostariam de conversar, por exemplo, os bancos lineares no s80 muito convidativos. Uma solucio muito melhor é o agrupamento de bancos criando ina "pelsayern pare conversa’ (Oarquiteto Ralph Erskine (1914-2005) trabalhou, sistematicamente, em todos 05 seus projetos com “paisagens para conversa, colocando bancos em angulo de frente a uma mesinha, de modo que as pessoas pudessem conversar e usar ‘@ mesa. Os bancos foram colocados num ngulo levemente aberto para que {as pessoas pudessem sentar-se préximas, dando a opcdo de conversa ou a s6s. F poscivel ancantrar étimas “paisagens pare conversa” em espagos urbanos ‘onde as maiores atracées sao, hd anos, as cadeiras moves. Dos parques de Paris, ssa idela espalhou-se para outros espacos urbanos, antigos € novos. Nao ¢ de surpreender que blocos planos, sem apoio para as costas ou outro tipo de comodidade, estejam no fim da lista de op¢des para conversacao, Pode ser realmente frustrante para uma familia tentar qualquer tipo de apro- ximacdo nesse tipo de caixote que, para piorar, costuma estar quase sempre situado no meio de um espago afastado de fachadas de protecéo. Carquiteto deve terpensacio que o>*caixotes" combinavatticurti aiquitetura, ‘mas certamente em nada contribuem para encontros urbanos. A cidade também é um lugar de encontros para traca de misica, performances, compartilhar talentos, desde um menino com uma flauta até a Banda do Exér- cito da Salvagio, ou o desfile dos guardas da Rainha tocando a pleno volume pela cidade. Todas assas, tips ealarieine » importantes de atividades na espago urbano, Nessa atea, tenho uma confissao e alguma experiéncia pessoal que gostaria de partilhar, Por trinta anos, toquei trombone numa banda de jazz em festas de rua, carnavais, inauguracdes de estacdes de metré e concertos gospel. € fasci- nente tocar etn vatlos locals da cidade e descobrir o quanto a musica depende do espaco e do lugar. Uma grande area gramada absorve a maior parte do som, enquanto o vento espalha o resto em todas as direcdes, com resultados desapon- tadores. Em contraste, em pracas ou ruas estreitas da cidade velha, a miisica subi- tamente ganha vida- principalmente se o espaco for dimensionado de acordo com os sentidos humanos. Aqui realmente podem acontecer verdadeiros even- tos musicals! a cidade an nivel das alhos cidades coma pantas de encantro Ha mithares deanos,oespago urbanatem servido como ponto de encontio e essa Fungo ainda € wi eas tals iqporcan: tes apreciadas, cidades para pessoas ntroz demoeriticoz dos os nivels ‘A eldade come local de encontro também é ums eportunidade para trocas democraticas, onde as pessoas tém livre acesso para expressar sua Felicidade, tristeza, entusiasmo ou raiva em festas de rua, manifestacdes, marchas ou encon- tros. Além dos varios encontros diretos com os concidados, ssas manifestagées so uma condigdo indispensivel para a democracia. Os protestos silenciosos através das ruas de Leipzig, Alemanha, em 1989, foram um comego decizivo para o fim da Guerra Fria. Manifestagées de cotu dantes todas as segundas-feiras, nas ruas de Belorado, em 1996 € 1997, foram uma procondigao escencial para © restabelecimento da democracia na Sérvia, Os protestos silenciosos das maes contra a ditadura militar na Argentina, todas as quintas feltas, de 1977 0 2007, na Praga de Malo em Buenos Aires, também 280 exemplos de encontros valorosos significativos no espaco piiblico que molda- ram um futuro melhor. A histéria do mundo esta cheia de eventos semelhantes que ressaltam @ importancia do espago urbano como local de encontro em muitos niveis, de conversas calmas até manifestacoes impactantes, acidade ao nivel dos olhos 157 novos tempos, nevas atividades a cidade como playground ‘mais energia e criatividade ‘em boa forma, por muitos anos 158 cidades para pessoas 4.5 Autoexpressao, jogos e exercicios fisicos Oconvite para que as pessoas se expressem, jaguem ou se exercitem no espaco urbano envolve um tépico importante com o objetivo de criar cidades vivas e saudlvels, Esse t6pico de cidades saudivels é relativamente novo e reflete mudangas na sociedade. Brincadelras de criancas sempre foram parte integrante da vida urbana, No pas- ssado, as criancas brincavam onde os adultos trabalhavam ou realizavam suas atividades, A cidade de Veneza nao tem, na verdade, playgrounds. A cidade em si é um playground. As criancas sobem nos monumentos ¢ escadaris, brincam junto aos

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