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MANUAL TÉCNICO DA

PERÍCIA MÉDICA
FEDERAL
Volume 1

Isenção de
carência

Subsecretaria da Perícia Médica Federal


2022
MINISTÉRIO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA
Secretaria de Previdência
Subsecretaria da Perícia Médica Federal

Subsecretário da Perícia Médica Federal


Alvaro Friderichs Fagundes

Coordenação-Geral da Perícia Médica Previdenciária


Viviane Cabral (coordenadora-geral)
Joyce Lira de Souza Marcelino (coordenadora da perícia médica previdenciária 1)
Karolinne Cardoso Souto Muniz (coordenadora da perícia médica previdenciária 2)
Juliana Wanderley Santos de Andrade

Coordenação-Geral da Perícia Médica de Natureza Assistencial, Administrativa, Trabalhista e Tributária


Vanessa Justino (coordenadora-geral)
Margareth Suzi Antunes da Silva Pereira (coordenadora da perícia médica de natureza assistencial,
administrativa, trabalhista e tributária)
Viviane Boque Correa de Alcantara

Coordenação-Geral de Contencioso em Matéria de Perícia Médica


Alberto Lázaro de Souza Junior (coordenador-geral)

Ministério do Trabalho e Previdência. Secretaria de Previdência. Subsecretaria da Perícia Médica Federal.

Manual Técnico da Perícia Médica Federal – volume 1: isenção de carência / Subsecretaria da


Perícia Médica Federal, Secretaria de Previdência, Ministério do Trabalho e Previdência – Brasília, 2022.
61 p.

1. Perícia médica federal. 2. Isenção de carência. 3. Benefícios por incapacidade.


MANUAL TÉCNICO DA PERÍCIA MÉDICA
FEDERAL – VOLUME 1:
ISENÇÃO DE CARÊNCIA
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................................ 4
1 ABDOME AGUDO CIRÚRGICO .......................................................................................................................................... 6
2 ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (FORMA AGUDA) ......................................................................................... 8
3 CARDIOPATIA GRAVE ........................................................................................................................................................ 11
4 CEGUEIRA ............................................................................................................................................................................. 25
5 CONTAMINAÇÃO POR RADIAÇÃO, COM BASE EM CONCLUSÃO DA MEDICINA ESPECIALIZADA ..... 27
6 DOENÇA DE PARKINSON ...............................................................................................................................................30
7 ESCLEROSE MÚLTIPLA ..................................................................................................................................................... 31
8 ESPONDILITE ANQUILOSANTE .................................................................................................................................... 32
9 ESTADO AVANÇADO DA DOENÇA DE PAGET (OSTEÍTE DEFORMANTE) .................................................... 35
10 HANSENÍASE...................................................................................................................................................................... 37
11 HEPATOPATIA GRAVE .................................................................................................................................................... 39
12 NEFROPATIA GRAVE ...................................................................................................................................................... 42
13 NEOPLASIA MALIGNA..................................................................................................................................................... 45
14 PARALISIA IRREVERSÍVEL E INCAPACITANTE ..................................................................................................... 47
15 SÍNDROME DA DEFICIÊNCIA IMUNOLÓGICA ADQUIRIDA (AIDS)...................................................................49
16 TRANSTORNO MENTAL GRAVE, DESDE QUE ESTEJA CURSANDO COM ALIENAÇÃO MENTAL ...... 53
17 TUBERCULOSE ATIVA ..................................................................................................................................................... 56
INTRODUÇÃO
O Manual Técnico da Perícia Médica Federal – volume 1 tem por objetivo orientar tecnicamente os
peritos médicos sobre as doenças e afecções especificadas nos diplomas legais para isenção do
período de carência, conforme determina o art. 3º da Portaria Interministerial MTPS/MS nº 22, de 31
de agosto de 2022.

Neste ínterim, cumpre destacar algumas normas:

Consta no art. 24 da Lei n° 8.213/91 que “Período de carência é o número mínimo de contribuições
mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao benefício, consideradas a partir do
transcurso do primeiro dia dos meses de suas competências”.
O art. 26 da mesma lei dispõe que:

Art. 26. Independe de carência a concessão das seguintes prestações:


(...)
II - auxílio por incapacidade temporária e aposentadoria por invalidez nos casos
de acidente de qualquer natureza ou causa e de doença profissional ou do
trabalho, bem como nos casos de segurado que, após filiar-se ao RGPS, for
acometido de alguma das doenças e afecções especificadas em lista elaborada
pelos Ministérios da Saúde e da Previdência Social, atualizada a cada 3 (três)
anos, de acordo com os critérios de estigma, deformação, mutilação, deficiência
ou outro fator que lhe confira especificidade e gravidade que mereçam
tratamento particularizado; (Redação dada pela Lei nº 13.135, de 2015)

Em cumprimento ao supracitado dispositivo legal, em 31 de agosto de 2022 foi publicada a Portaria


Interministerial MTPS/MS nº 22, que estabelece, in verbis:
O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E PREVIDÊNCIA E O MINISTRO DE
ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhes conferem os incisos I e II
do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e em atendimento ao disposto no
inciso II do art. 26 da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, sobre a obrigatoriedade
de atualização, a cada três anos, da lista de doenças e afecções que isentam de
carência a concessão de benefícios por incapacidade de acordo com os critérios
de estigma, deformação, mutilação, deficiência ou outro fator que lhe confira
especificidade e gravidade que mereçam tratamento particularizado,
RESOLVEM:
Art. 1º A concessão dos benefícios auxílio por incapacidade temporária e
aposentadoria por incapacidade permanente aos segurados do Regime Geral de
Previdência Social - RGPS será isenta de carência quando a incapacidade
laborativa for determinada pelas doenças e afecções listadas nesta Portaria.

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§ 1º Para fins de aplicação desta Portaria, considera-se:
I - quadro clínico de evolução aguda: doença ou afecção de instalação súbita,
excluindo-se os episódios agudos de doenças crônicas; e
II - critério de gravidade: risco iminente de morte ou de perda da função de órgão
ou sistema que requer cuidado de natureza clínica ou cirúrgica, podendo
apresentar instabilidade das funções vitais e necessidade de substituição
artificial de funções.
§ 2º As doenças e afecções listadas nesta Portaria isentam o segurado do
cumprimento da carência, se iniciadas após a filiação ao RGPS.
Art. 2º As doenças ou afecções listadas a seguir excluem a exigência de carência
para a concessão dos benefícios auxílio por incapacidade temporária e
aposentadoria por incapacidade permanente aos segurados do RGPS:
I - tuberculose ativa;
II - hanseníase;
III - transtorno mental grave, desde que esteja cursando com alienação mental;
IV - neoplasia maligna;
V - cegueira;
VI - paralisia irreversível e incapacitante;
VII - cardiopatia grave;
VIII - doença de Parkinson;
IX - espondilite anquilosante;
X - nefropatia grave;
XI - estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante);
XII - síndrome da deficiência imunológica adquirida (Aids);
XIII - contaminação por radiação, com base em conclusão da medicina
especializada;
XIV - hepatopatia grave;
XV - esclerose múltipla;
XVI - acidente vascular encefálico (agudo); e
XVII - abdome agudo cirúrgico.
Parágrafo único. As doenças e afecções listadas nos incisos XVI e XVII do caput
serão enquadradas como isentas de carência quando apresentarem quadro de
evolução aguda e atenderem a critérios de gravidade.
Art. 3º Os procedimentos técnicos a serem considerados para comprovação das
doenças e afecções listadas no art. 2º como isentas de carência serão dispostos
e atualizados em manual específico a ser publicado pela Subsecretaria da Perícia
Médica Federal da Secretaria de Previdência do Ministério do Trabalho e
Previdência, no prazo de 90 (noventa) dias a contar da data de publicação desta
Portaria.
Art. 4º Fica revogada a Portaria Interministerial MPAS/MS nº 2.998, de 23 de
agosto de 2001.
Art. 5º Esta Portaria entra em vigor no dia 3 de outubro de 2022.

Ressalta-se que, além das doenças elencadas, também isentam de carência os acidentes de
qualquer natureza ou causa e doenças profissionais ou do trabalho.

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1 ABDOME AGUDO CIRÚRGICO

1.1 CONCEITUAÇÃO

Abdome agudo é uma síndrome clínica caracterizada por dor na região abdominal, de origem não
traumática, com início súbito e de intensidade variável, mas, geralmente, intensa e/ou progressiva,
que pode estar associada ou não, a outros sintomas.

Abdome agudo cirúrgico é o abdome agudo que evoluiu com a necessidade de intervenção cirúrgica.

1.2 CLASSIFICAÇÃO

A classificação usada na atualidade considera cinco tipos de abdome agudo, de acordo com o fator
desencadeante:

Consequente a um obstáculo mecânico ou funcional que causa a interrupção


da progressão do conteúdo intestinal.
OBSTRUTIVO São exemplos de etiologias: hérnia estrangulada, aderências, doença de
Crohn, neoplasia intestinal, diverticulite, fecaloma, íleo paralítico, oclusão
vascular.
Decorrente de uma perfuração, levando a uma exposição direta do peritônio
a alguma substância irritativa, como suco gástrico, fezes, etc.
PERFURATIVO
São exemplos de etiologias: os processos infecciosos, neoplásicos ou
inflamatórios, a ingestão de corpo estranho.
Ocorre quando há sofrimento de uma víscera por interrupção súbita do aporte
VASCULAR/ISQUÊMICO sanguíneo para esse órgão.
São exemplos de etiologias: isquemia mesentérica e colite isquêmica.
Se instala quando algum processo inflamatório e/ou infeccioso acomete o
peritônio.
INFLAMATÓRIO
São exemplos de etiologias: apendicite aguda, colecistite aguda, pancreatite
aguda e diverticulite.
Associado à ruptura de aneurismas das artérias viscerais; sangramentos por
HEMORRÁGICO causas ginecológicas e obstétricas e em idosos à ruptura de tumores, veias
varicosas e aneurismas de aorta abdominal.

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1.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência todos os casos de abdome agudo cirúrgico,
independentemente da classificação.

OBSERVAÇÕES

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar, entre parênteses, a


expressão abdome agudo cirúrgico, especificando a condição clínica que cursou com o abdome
agudo.

ATENÇÃO
O CID principal a ser considerado deverá ser relacionado ao abdome agudo cirúrgico, e não
necessariamente à doença de base.

O CID secundário deverá ser, necessariamente, o de convalescença após cirurgia (Z54.0).

A data de início da doença (DID) e a data de início da incapacidade (DII) deverão estar
relacionadas ao evento agudo.

EXEMPLOS
Periciado isento de carência por apendicite aguda (abdome agudo cirúrgico), CID principal K35,
CID secundário Z54.0.

Periciado isento de carência por hérnia umbilical estrangulada (abdome agudo cirúrgico), CID
principal K42.1, CID secundário Z54.0. A DID e a DII deverão estar relacionadas ao evento
estrangulamento, e não a um eventual diagnóstico inicial de hérnia, sem complicações.

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2 ACIDENTE VASCULAR
ENCEFÁLICO (AGUDO)

2.1 CONCEITUAÇÃO

ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL (AVC) é o comprometimento neurológico focal (ou


eventualmente global), de ocorrência súbita e duração maior que 24 horas (ou que evolua para o
óbito), de provável origem vascular.

O termo ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO (AVE) é mais atual e tem sido proposto por
reconhecer outras estruturas encefálicas (cérebro, cerebelo e tronco) que podem ser acometidas pela
lesão. Ocorre que essa doença cerebrovascular ainda é amplamente denominada, tanto na literatura
científica como em publicações oficiais, pelo termo acidente vascular cerebral. Por essa razão, os
termos AVC e AVE serão tratados como equivalentes neste manual.

Os sinais e sintomas dos AVCs podem incluir:


• Comprometimento motor unilateral ou bilateral (incluindo falta de
coordenação);
• Comprometimento sensorial unilateral ou bilateral;
• Afasia/disfasia (falta de fluência da fala);
QUADRO CLÍNICO • Hemianopsia (comprometimento do campo visual de um lado);
• Desvio conjugado do olhar;
• Apraxia de início agudo;
• Ataxia de início agudo;
• Déficit de percepção de início agudo;
• Coma.
Outros sinais e sintomas podem estar presentes, mas são pouco específicos:
• Vertigem;
• Cefaleia localizada;
• Visão embaçada bilateralmente;
• Diplopia;
OUTROS SINTOMAS
• Disartria (fala pastosa);
• Comprometimento da função cognitiva (incluindo confusão);
• Comprometimento da consciência;
• Crises convulsivas; e,
• disfagia.

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2.2 CLASSIFICAÇÃO

São identificados dois tipos principais de acidente vascular cerebral: isquêmico e hemorrágico:

Define-se como um déficit neurológico súbito motivado por fluxo sanguíneo


insuficiente para todo o cérebro ou parte dele, causando isquemia no
ISQUÊMICO parênquima encefálico. A diminuição da irrigação se deve a uma oclusão
arterial, seja por um trombo local, seja por um êmbolo que se desprende do
coração ou de outra artéria do local de impactação.
Por definição, hemorragia intraparenquimatosa ocorre quando uma artéria ou
veia se rompe, permitindo que o sangue extravase no parênquima cerebral ou
no espaço subaracnóide. Embora os dois padrões possam ocorrer
simultaneamente, os acidentes hemorrágicos são usualmente subdivididos
em:
a) Acidente vascular hemorrágico intraparenquimatoso: a
HEMORRÁGICO hemorragia intraparenquimatosa geralmente resulta de ruptura
espontânea de um pequeno vaso penetrante profundo do cérebro.
Os locais mais comuns são os gânglios da base, o tálamo, o cerebelo
e a ponte.
b) Hemorragia subaracnóidea: a hemorragia subaracnóidea consiste
em extravasamento sanguíneo para o espaço subaracnóideo, mais
comumente devido a ruptura de aneurisma de artérias cerebrais.

2.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência todos os casos de acidente vascular encefálico
agudos.

OBSERVAÇÕES

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar, entre parênteses, a


expressão acidente vascular encefálico agudo.

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ATENÇÃO
NÃO serão isentas de carência por acidente vascular encefálico (agudo) as seguintes
condições:

a) Sequelas decorrentes de acidente vascular encefálico agudo;

b) Ataque isquêmico transitório (AIT), que é definido como a ocorrência de sintomas


neurológicos focais com duração inferior a 24 horas;

c) Hemorragia subdural;

d) Hemorragia epidural;

e) Intoxicação;

f) Comas de origem vascular sistêmica como: choque, síndrome de Stokes-Adams e


encefalopatia hipertensiva.

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3 CARDIOPATIA GRAVE

3.1 CONCEITUAÇÃO

São consideradas cardiopatias graves:

a) Cardiopatias agudas: caracterizadas pelo comprometimento funcional agudo do miocárdio,


apresentando risco iminente de morte e requerendo cuidado de natureza clínica ou cirúrgica;
b) Cardiopatias crônicas: limitam progressivamente a capacidade física e funcional do coração
(ultrapassando os limites de eficiência dos mecanismos de compensação), não obstante o
tratamento clínico e/ou cirúrgico adequado;
c) Cardiopatias crônicas ou agudas que apresentem dependência total de suporte inotrópico
farmacológico (como dobutamina, dopamina) ou mecânico (tipo Biopump, balão intra-
aórtico);
d) Cardiopatia terminal: forma de cardiopatia grave em que a expectativa de vida se encontra
extremamente reduzida, geralmente não responsiva à terapia farmacológica máxima ou ao
suporte hemodinâmico externo. Esses pacientes não são candidatos à terapia cirúrgica, para
correção do distúrbio de base (valvopatia, cardiopatia isquêmica, cardiopatia congênita...) ou
transplante cardíaco, devido à severidade do quadro clínico ou comorbidades associadas
(hipertensão arterial pulmonar, disfunção renal severa, neoplasia avançada).

A limitação da capacidade física e funcional é definida, habitualmente, pela presença de


uma ou mais das seguintes síndromes: insuficiência cardíaca, insuficiência coronariana,
arritmias complexas, bem como hipoxemia e manifestações de baixo débito cerebral,
secundárias a uma cardiopatia.

A avaliação da capacidade funcional do coração permite a distribuição dos pacientes em classes ou


graus, assim descritos:

a) GRAU I: pacientes com doença cardíaca sem limitação da atividade física. A atividade física
normal não provoca sintomas de fadiga acentuada, nem palpitações, nem dispneias, nem
angina de peito, nem sinais e sintomas de baixo fluxo cerebral;
b) GRAU II: pacientes com doenças cardíacas com leve limitação da atividade física. Estes
pacientes sentem-se bem em repouso, porém os grandes esforços provocam fadiga,
dispneia, palpitações ou angina de peito;
c) GRAU III: pacientes com doença cardíaca com nítida limitação da atividade física. Estes
pacientes sentem-se bem em repouso, embora acusem fadiga, dispneia, palpitações ou
angina de peito quando efetuam pequenos esforços;

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d) GRAU IV: pacientes com doença cardíaca que os impossibilita de qualquer atividade física.
Estes pacientes, mesmo em repouso, apresentam dispneia, palpitações, fadiga ou angina
de peito.

Os meios diagnósticos a serem empregados na avaliação da capacidade funcional do coração são:

a) História clínica, com dados evolutivos da doença;


b) Exame clínico;
c) Eletrocardiograma, em repouso;
d) Eletrocardiografia dinâmica (Holter);
e) Teste ergométrico;
f) Teste de caminhada de 6 minutos;
g) Ergoespirometria (vO2 pico < 14mL/Kg/min);
h) Questionário de qualidade de vida SF-36;
i) Ecocardiograma, em repouso;
j) Ecocardiograma associado a esforço ou procedimentos farmacológicos;
k) Estudo radiológico do tórax, objetivando o coração, vasos e campos pulmonares, usando
um mínimo de duas incidências;
l) Cintilografia miocárdica, associada ao teste ergométrico (tálio, MIBI, tecnécio);
m) Cintilografia miocárdica associada a dipiridamol e outros fármacos;
n) Cinecoronarioventriculografia;
o) Angiotomografia computadorizada, tomografia coronariana computadorizada, angio-
ressonância magnética e ressonância magnética cardíaca.

As pessoas com doença cardíaca não identificável com os meios de diagnósticos citados, podem ser
utilizados outros exames e métodos complementares, como biópsia miocárdica.

Os achados fortuitos em exames complementares especializados não são, por si só,


suficientes para o enquadramento legal de cardiopatia grave. Em algumas condições, um
determinado item pode, isoladamente, configurar cardiopatia grave (por exemplo, fração
de ejeção < 0,35), porém, na grande maioria dos casos, é necessária uma avaliação
conjunta dos diversos dados do exame clínico e dos achados complementares para
melhor conceituá-la.

3.2 SÍNDROMES QUE PODEM CURSAR COM CARDIOPATIA GRAVE

As seguintes condições clínicas podem cursar com cardiopatia grave:

CARDIOPATIA ISQUÊMICA
a) Angina classes III e IV da CCS (Canadian Cardiovascular Society),
QUADRO CLÍNICO
apesar da terapêutica máxima adequadamente usada;

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b) Manifestações clínicas de insuficiência cardíaca, associada à
isquemia aguda nas formas crônicas, a presença de disfunção
ventricular progressiva;
c) Arritmias graves associadas ao quadro anginoso, principalmente do
tipo ventricular (salvas de extra-sístoles, taquicardia ventricular não
sustentada ou sustentada, devem-se associar dados do ECG e
Holter).
• Zona elétrica inativa (localização e magnitude);
• Alterações isquêmicas de ST-T (segmento ST permanentemente
elevado configurando possível aneurisma ventricular);
ELETROCARDIOGRAMA • Distúrbios da condução atrioventricular e intraventricular (QRS
(repouso) maior que 120 ms);
• Hipertrofia ventricular esquerda, de grande magnitude;
• Fibrilação atrial crônica;
• Arritmias ventriculares complexas (associar com dados do Holter).
• Cardiomegalia (com índice cardiotorácico superior a 0,5);
RADIOGRAFIA DE
• Congestão venocapilar pulmonar;
TÓRAX
• Derrame pleural bilateral ou unilateral importante.
• Limitação da capacidade funcional (<5 MET);
• Angina em carga baixa (<5MET);
• Infradesnível do segmento ST: precoce (carga baixa), acentuada
(>3mm), morfologia horizontal ou descendente, múltiplas
derivações, duração prolongada (>6 min no período de
recuperação);
• Supradesnível de ST, sobretudo em área não relacionada a infarto
TESTE ERGOMÉTRICO prévio;
• Comportamento anormal da pressão arterial diastólica (variação de
PD>30mmHg);
• Insuficiência cronotrópica (elevação inadequada da frequência
cardíaca, descartado o uso de drogas que possam afetar o
cronotropismo);
• Sinais de disfunção ventricular esquerda associada ao esforço;
• Arritmias ventriculares complexas, durante ou pós-esforço.
• Defeitos de perfusão múltiplos ou áreas extensas (áreas
hipocaptantes definitivas ou transitórias);
• Dilatação da cavidade ventricular esquerda ao esforço;
CINTILOGRAFIA
• Hipercaptação pulmonar;
MIOCÁRDICA
• Fração de ejeção (FE) em repouso menor ou esforço 0,40 (valor
ASSOCIADA AO TESTE
específico para o método);
ERGOMÉTRICO
• Comportamento anormal da FE ao exercício (variação da FE menor
que 5%);
• Motilidade parietal regional ou global anormal.

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CINTILOGRAFIA
MIOCÁRDICA
• Interpretação semelhante à definida para a cintilografia com teste
ASSOCIADA A
ergométrico.
DIPIRIDAMOL E
OUTROS FÁRMACOS
• Fração de ejeção menor a 0,40 (valor específico para o método);
• Alterações segmentares significativas ou de vários segmentos que
alteram a contratilidade ventricular global;
ECOCARDIOGRAMA EM • Dilatação das câmaras esquerdas, especialmente se associada à
REPOUSO hipertrofia ventricular esquerda;
• Complicações associadas: disfunção dos músculos papilares,
insuficiência mitral, comunicação interventricular, pseudo-
aneurismas, aneurismas, trombos intracavitários.
• Aparecimento de alterações de contratilidade segmentar
inexistente no Eco em repouso;
ECOCARDIOGRAMA • Anormalidades em dois segmentos da parede ventricular induzidas
ASSOCIADO A ESFORÇO com doses baixas de dobutamina;
OU PROCEDIMENTOS • Resposta inotrópica inadequada ao uso de drogas
FARMACOLÓGICOS cardioestimulantes;
• Comportamento anormal da FE ao exercício (variação da FE menor
que 5%).
• Alterações isquêmicas dinâmicas (ST-T) associadas ou não à dor
anginosa, com ou sem sintomas de disfunção ventricular esquerda;
• Isquemia miocárdica silenciosa;
ELETROCARDIOGRAFIA • Arritmias ventriculares complexas, transitórias ou não;
DINÂMICA (HOLTER) • Fibrilação atrial ou flutter associados à isquemia;
• Distúrbios de condução atrioventricular e intraventricular
relacionados à isquemia (bloqueios de ramos induzidos pelo
esforço físico).
• Lesão de tronco de coronária esquerda maior que 50%;
• Lesões triarteriais moderadas a importantes (maiores que 70% do
terço proximal ou médio);
• Lesões bi ou uniarteriais menores que 70% com grande massa
miocárdica em risco;
• Lesões ateromatosas extensas e difusas, sem viabilidade de
CINECORONAROVENTR
correção cirúrgica ou por intervenção percutânea;
ICULOGRAFIA
• Fração de ejeção menor que 0,40;
• Hipertrofia e dilatação ventricular esquerdas;
• Áreas significantes de acinesia, hipocinesia e discinesia;
• Aneurisma de ventrículo esquerdo;
• Complicações mecânicas: insuficiência mitral, comunicação
interventricular.
FATORES DE RISCO E • Idade maior que 70 anos;
CONDIÇÕES • Hipertensão arterial sistêmica;
ASSOCIADAS • Diabetes mellitus;

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• Hipercolesterolemia familiar;
• Vasculopatia aterosclerótica importante em outros territórios
(central, periférico).
• Cintilografia com Tálio/PET com FDG/RNM para pesquisa de
viabilidade e demarcação de necrose (a extensão de necrose é
marca de gravidade);
• Disfunção ventricular esquerda (áreas de acinesia, hipocinesia e
PÓS-INFARTO DO
discinesia);
MIOCÁRDIO
• Isquemia à distância (em outra área que não a do infarto);
• Arritmias ventriculares complexas;
• Idade avançada (acima de 70 anos);
• Comorbidades associadas.

Quando o tratamento adequado (clínico, intervencionista ou cirúrgico) melhorar ou abolir


as alterações acima descritas, o conceito de gravidade deve ser reconsiderado e
reavaliado. No entanto o critério de gravidade mantém-se se a fração de ejeção
detectada permanecer com valores inferiores a 40%, ou a área de necrose quantificada
por um dos métodos acima apresentar valor >20%, ou ainda houver detecção de arritmias
malignas.

CARDIOPATIA HIPERTENSIVA
A definição de cardiopatia grave na doença hipertensiva não depende exclusivamente dos níveis
tensionais, mas da concomitância de lesões em órgãos-alvo: rins, coração, cérebro, retina e artérias
periféricas. Em alguns casos, um ou mais órgãos-alvo podem estar envolvidos, sem que o coração o
esteja. Nesses casos, não se trata de cardiopatia hipertensiva, mas de hipertensão arterial complicada. O
comprometimento do coração na hipertensão arterial é que identifica a cardiopatia hipertensiva.
a) Hipertrofia ventricular esquerda detectada pelo ECG (com
alterações da repolarização ventricular) ou ecocardiograma (com
massa ventricular esquerda acima de 163 g/m em homens e 121
A GRAVIDADE CLÍNICA
g/m em mulheres), que não regride com o tratamento;
É CARACTERIZADA
b) Disfunção ventricular esquerda sistólica, com fração de ejeção
PELA PRESENÇA DAS
menor a 0,40;
SEGUINTES CONDIÇÕES
c) Arritmias supraventriculares e ventriculares complexas relacionadas
à hipertensão arterial;
d) Cardiopatia isquêmica grave associada.
A CARDIOPATIA a) Cérebro: isquemia cerebral transitória, acidente vascular cerebral
HIPERTENSIVA É isquêmico ou hemorrágico;
AGRAVADA, AINDA, b) Rins: caracterizado por creatinina maior que 3mg/dl ou clearence
PELO de creatinina menor que 30 ml/min, presença de albuminúria
COMPROMETIMENTO e/ou sinais de insuficiência renal crônica (redução do tamanho dos
DE OUTROS ÓRGÃOS- rins, disfunção plaquetária, anemia crônica, distúrbio do equilíbrio
ALVO, COMO ácido-básico, hiperazotemia);

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DISCRIMINADO A c) Artérias periféricas: aneurisma e/ou dissecção da aorta, trombose
SEGUIR arterial periférica, estenose de carótida maior que 70%,
assintomática e menor que 50%, com sintomas;
d) Retina: hemorragias, exudato e papiledema, especialmente quando
não regridem com tratamento adequado.

MIOCARDIOPATIAS
A gravidade é caracterizada pela presença de um ou mais fatores abaixo:
a) Paciente sintomático, especialmente com história de síncope,
angina, insuficiência cardíaca e embolia sistêmica;
b) Diagnóstico na infância (baixa idade);
c) Hipertrofia moderada ou severa, com alterações isquêmicas de ST–
T;
d) Cardiomegalia;
e) Disfunção ventricular esquerda sistólica com FE abaixo de 40%;
HIPERTRÓFICAS
f) Fibrilação atrial;
g) Síndrome de Wolff - Parkinson – White associada;
h) Arritmias ventriculares complexas;
i) Regurgitação mitral importante;
j) Doença arterial coronária grave associada;
k) Forma obstrutiva com gradiente de via de saída maior que 50
mmHg;
l) Perfil citogenético de alto risco.
A gravidade é caracterizada pela presença de um ou mais fatores abaixo:
a) Histórias de fenômenos tromboembólicos;
b) Cardiomegalia importante;
c) Ritmo de galope (B3);
d) Insuficiência cardíaca classe funcional III e IV;
DILATADAS (PRIMÁRIAS e) Fração de ejeção menor que 0.40;
OU SECUNDÁRIAS) f) Fibrilação atrial;
g) Arritmias ventriculares complexas;
h) Distúrbios da condução intraventricular, com complexos QRS
maior que 120 ms;
i) Presença de assincronia ventricular demonstrada por
ecocardiograma com Doppler tissular.
A gravidade é caracterizada pela presença de um ou mais fatores abaixo:
a) História de fenômenos tromboembólicos;
RESTRITIVAS b) Cardiomegalia acentuada;
(ENDOMIOCARDIOFIBR c) Insuficiência cardíaca classe funcional III e IV;
OSE, FIBROELASTOSE) d) Envolvimento do ventrículo direito;
e) Fibrose miocárdica acentuada;
a) Regurgitação mitral e/ou tricúspide importante.
A gravidade é caracterizada pela presença de um ou mais fatores abaixo:
CARDIOPATIA
a) História de síncope e/ou fenômenos tromboembólicos;
CHAGÁSICA CRÔNICA
b) Cardiomegalia acentuada;

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c) Insuficiência cardíaca classe funcional III e IV;
d) Fibrilação atrial;
e) Arritmias ventriculares complexas;
f) Bloqueio bi ou trifascicular sintomático;
a) Bloqueio atrioventricular total.

ARRITMIAS CARDÍACAS
Constituem características de maior gravidade:
DISFUNÇÃO DO NÓ Sintomática, com comprovada correlação sintomas/arritmia, e,
SINUSAL especialmente em presença de síndrome bradi-taquiarritmia.
• Bloqueio atrioventricular (BAV) do 2º grau, tipo Mobitz II;
• BAV total: sintomático; com resposta cronotrópica inadequada ao
BRADARRITMIAS esforço; com cardiomegalia progressiva; com insuficiência cardíaca.
• Fibrilação atrial com resposta ventricular baixa;
• Bloqueios de ramo (direito ou esquerdo), de alto grau.
• Taquicardias ventriculares sintomáticas (claudicação cerebral e/ou
comprometimento hemodinâmico), de qualquer etiologia;
• Taquicardias supraventriculares sintomáticas (claudicação cerebral,
TAQUIARRITMIAS
comprometimento hemodinâmico, taquicardiomiopatia,
fenômenos tromboembólicos), de qualquer etiologia e
desencadeadas por qualquer mecanismo.
SÍNDROME DE
PREEXCITAÇÃO Com alto risco de morte súbita, determinado por estudos invasivos
VENTRICULAR
PESSOAS EM USO DE
Antibradicardia ou antitaquicardia, cuja capacidade funcional se mantém
MARCAPASSO
limitada pela cardiopatia subjacente.
CARDÍACO DEFINITIVO

COR PULMONALE CRÔNICO


Constituem características de maior gravidade:
• Manifestações de hipóxia cerebral e periférica (dedos em baqueta
de tambor);
• Insuficiência cardíaca direita;
• Angina de peito classe III a IV da NYHA;
QUADRO CLÍNICO • Crises sincopais;
• Hiperfonese canglorosa da segunda bulha no foco pulmonar;
• Galope ventricular direito (B3);
• Gasometria arterial com PO2 menor que 60 mmHg; PCO2 maior
que 50 mmHg;
ELETROCARDIOGRAMA • Sinais de sobrecarga importante de câmaras direitas.
• Hipertrofia ventricular direita com disfunção diastólica e/ou
ECOCARDIOGRAFIA sistólica;
• Grande dilatação do átrio direito;

17
17
• Pressão sistólica em artéria pulmonar, calculada a partir das
pressões do VD e AD, maior que 60 mmHg;
• Insuficiência tricúspide importante;
• Inversão do fluxo venoso na sístole atrial.
• Dilatação do tronco da artéria pulmonar;
• Dilatação do ventrículo direito;
• Dilatação do átrio direito;
ESTUDO
• Pressão na artéria pulmonar maior que 60 mmHg;
HEMODINÂMICO
• Pressão no átrio direito maior que 15 mmHg;
• Insuficiência pulmonar;
• Insuficiência tricúspide.

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS
Consideram-se graves as cardiopatias congênitas que apresentam:
• Crises hipoxêmicas;
DO PONTO DE VISTA • Insuficiência cardíaca (classes III e IV);
CLÍNICO • Hemoptises, pela presença de circulação colateral brônquica;
• Arritmias de difícil controle e potencialmente malignas;
• Doença arterial pulmonar;
• Necrose miocárdica, por doença coronária ou origem anômala das
artérias coronárias;
• Drenagem anômala total infracardíaca ou origem das artérias
coronárias;
• Drenagem anômala total infracardíaca ou com obstruções severas
da conexão das veias pulmonares com as sistêmicas;
• Hipotrofia ventricular direita;
DO PONTO DE VISTA
• Agenesias valvares (pulmonar e aórtica);
ANATÔMICO
• Hipoplasia ou atresia de valvas pulmonares, aórtica e mitral;
• Hipoplasia ou atresia do coração esquerdo;
• Estenose mitral;
• Transposição das grandes artérias com hiper-resistência pulmonar
ou ausência de comunicações;
• Ventrículos únicos com atresias valvares;
• Ectopias cardíacas com alterações múltiplas;
• Cardiopatias complexas.
• Sobrecargas diastólicas ventriculares associadas à
hipocontratilidade ventricular acentuada, com manifestações
clínicas;
• Sobrecargas sistólicas ventriculares com hipertrofia importante e
DO PONTO DE VISTA desproporcionada ou com miocardioesclerose e manifestações
ANATOMOFUNCIONAL clínicas;
• Cardiopatias hipertróficas acentuadas, com manifestações clínicas;
• Nas formas crônicas com defeitos corrigidos, a presença de ICE,
ICD ou ICC e seus achados clínicos (enteropatia perdedora de
proteínas, ascite refratária, cirrose cardíaca).

18
18
VALVULOPATIAS
INSUFICIÊNCIA MITRAL
• Insuficiência cardíaca classes funcionais III e IV;
• Frêmito sistólico palpável na região da ponta;
• Primeira bulha inaudível ou acentuadamente hipofonética, (no foco
mitral);
• Sopro holossistólico, no foco mitral, de intensidade > 3/6, com
QUADRO CLÍNICO
irradiação em faixa ou círculo;
• Segunda bulha hiperfonética, no foco pulmonar;
• Desdobramento amplo e constante da segunda bulha, no foco
pulmonar;
• Insuficiência mitral aguda associada ou não a processo isquêmico.
• Sinais progressivos de sobrecarga atrial e ventricular esquerdas
ELETROCARDIOGRAMA com alterações da repolarização ventricular;
• Fibrilação atrial;
• Aumento acentuado da área cardíaca, com predominância das
cavidades esquerdas;
ESTUDO RADIOLÓGICO
• Sinais de congestão venocapilar pulmonar;
• Sinais de hipertensão pulmonar;
ECOCARDIOGRAMA • Presença de jato regurgitante, de grande magnitude;
• Comprometimento progressivo da função ventricular sistólica;
• Aumento significativo do diâmetro sistólico do ventrículo
esquerdo;
• Inversão do fluxo sistólico, em veia pulmonar;
• Sinais de hipertensão pulmonar;
• Onda V com valor maior que 3 vezes, em relação à média do
capilar pulmonar;
HEMODINÂMICA E • Opacificação do átrio esquerdo igual ou superior que a do
ANGIOGRAFIA ventrículo esquerdo: graus III e IV da classificação de Sellers;
• Fração de regurgitação maior que 60% (FR = volume de
regurgitação/volume sistólico total).
ESTENOSE MITRAL
• História de comissurotomia mitral prévia;
• Fenômenos tromboembólicos;
• Insuficiência cardíaca classes funcionais III e IV;
• Episódios de edema pulmonar agudo;
• Escarros hemoptóicos;
QUADRO CLÍNICO
• Fibrilação atrial;
• Estalido de abertura da valva mitral precoce;
• Impulsão sistólica de ventrículo direito
• Segunda bulha hiperfonética no foco pulmonar;
• Sinais de insuficiência tricúspide.
• Fibrilação atrial;
ELETROCARDIOGRAMA
• Sinais de sobrecarga de câmaras direitas.

19
19
ESTUDO RADIOLÓGICO • Inversão do padrão vascular pulmonar;
• Sinais de hipertensão arteriolar pulmonar;
• Sinais de hipertensão venocapilar pulmonar.
• Área valvar maior que 1,0 cm²;
• Tempo de 1/2 pressão maior que 200 ms;
• Gradiente transvalvar mitral médio maior que 15 mmHg;
ECOCARDIOGRAMA
• Sinais de hipertensão pulmonar (pressão sistólica da artéria
pulmonar maior que 50 mmHg);
• Presença de trombo no átrio esquerdo.
• Área valvar menor que 1,0 cm2;
• Gradiente diastólico mitral médio maior que 15 mmHg;
HEMODINÂMICA • Pressão média de capilar pulmonar ou de átrio esquerdo maior que
20 mmHg;
• Pressão sistólica de artéria pulmonar maior que 50 mmHg.
INSUFICIÊNCIA AÓRTICA
• Insuficiência cardíaca classes funcionais III e IV;
• Manifestações de baixo débito cerebral (tontura, lipotímia,
síncope);
• Síndrome de Marfan associada;
• Presença de galope ventricular (B3);
QUADRO CLÍNICO
• Sopro de Austin-Flint, na ponta;
• Ictus hipercinético, deslocado externamente;
• Pressão diastólica próxima à zero;
• Queda progressiva da pressão arterial sistólica;
• Presença de aneurisma do seio de Valsalva.
• Sinais de sobrecarga ventricular esquerda, com onda T negativa,
em precordiais esquerdas;
ELETROCARDIOGRAMA
• Sinais de sobrecarga atrial esquerda;
• Fibrilição atrial.
• Aumento importante da área cardíaca com franco predomínio de
ventrículo esquerdo (aspecto em "bota");
ESTUDO RADIOLÓGICO • Dilatação da aorta ascendente, da croça e do segmento
descendente;
• Dilatação do átrio esquerdo.
• Jato regurgitante Ao/VE largo e extenso);
• Fluxo reverso holodiastólico da aorta descendente;
• Abertura valvar mitral, ocorrendo somente com a sístole atrial;
ECOCARDIOGRAMA • Piora progressiva dos parâmetros da função sistólica ventricular
esquerda;
• Queda da fração de ejeção ao ecocardiograma de esforço, abaixo
de 40%.
CINTILOGRAFIA
• Comportamento anormal da fração de ejeção, abaixo de 40%.
MIOCÁRDICA
HEMODINÂMICA E • Baixa pressão diastólica da aorta, tendendo à equalização das
ANGIOGRAFIA pressões diastólicas aorto-ventriculares;

20
20
• Pressão diastólica final do ventrículo esquerdo (Pd2 VE) elevada
(maior que 20 mmHg);
• Opacificação igual ou mais densa do ventrículo esquerdo em
comparação com a aorta, durante aortografia (Graus III e IV de
Sellers);
• Fração de regurgitação maior que 60%.
ESTENOSE AÓRTICA
• Sintomas de baixo débito cerebral (tontura, lipotímia, síncope);
• Angina de peito;
• Presença de terceira bulha;
• Insuficiência cardíaca;
QUADRO CLÍNICO
• Pressão arterial diferencial reduzida;
• Pico tardio de intensidade máxima do sopro;
• Desdobramento paradoxal da segunda bulha;
• Fibrilação atrial.
• Sinais de sobrecarga ventricular esquerda importante, com
infradesnivelamento de ST e onda T negativa, em precordiais
esquerdas;
ELETROCARDIOGRAMA • Sobrecarga atrial esquerda;
• Fibrilação atrial;
• Arritmias ventriculares complexas;
• Bloqueio atrioventricular total.
• Área valvar menor que 0,75 cm²;
• Gradiente médio de pressão transvalvar aórtica maior que 50
ECOCARDIOGRAMA mmHg;
• Gradiente máximo maior que 70 mmHg;
• Sinais de hipocinesia ventricular esquerda;
• Área valvar menor que 0,75 cm²;
HEMODINÂMICA • Hipocinesia ventricular esquerda;
• Coronariopatia associada.
• Visto que a implantação de uma prótese valvar mantém certo grau
CASOS SUBMETIDOS A de obstrução, embora com gradiente menor, há a manutenção da
TRATAMENTO condição fisiopatológica. Nesses casos o enquadramento em
CIRÚRGICO Cardiopatia Grave dependerá do grau de comprometimento
clínico-funcional do indivíduo.
PROLAPSO VALVAR MITRAL
a) História familiar de morte súbita;
b) História de síncope;
c) Fenômenos trombo-embólicos;
d) Síndrome de Marfan associada;
CARACTERIZADO POR e) Arritmias ventriculares complexas;
f) Fibrilação atrial;
g) Disfunção ventricular esquerda;
h) Regurgitação mitral importante;
i) Prolapso valvar tricúspide associado;

21
21
j) Cardiomegalia (aumento de câmaras esquerdas);
k) Rotura de cordoalhas tendíneas.
PESSOAS EM USO DE PRÓTESE CARDÍACA
a) Presença de hemólise com necessidade de hemoterapia;
b) Sinais de disfunção protética aguda ou crônica;
NAS SEGUINTES
c) História de endocardite pregressa ou atual; e
SITUAÇÕES
d) Presença de gradiente não funcional, acarretando disfunção/
dilatação ventricular.
PERICARDITES
Podem ser consideradas graves nas situações de extrema restrição do enchimento ventricular por
inflamação crônica. As restrições pericárdicas devem-se às pericardites por tuberculose e por radiação.
A GRAVIDADE É
DETERMINADA POR
a) Congestão circulatória periférica;
ACHADOS CLÍNICOS
b) Pulso paradoxal;
ASSOCIADOS AO
c) Turgência jugular;
QUADRO DE
d) Refluxo hepato-jugular; e
RESTRIÇÃO
e) Hepatomegalia.
VENTRICULAR, TAIS
COMO
DOENÇAS DA AORTA
As doenças da aorta, principalmente em sua porção torácica, são patologias com morbi-mortalidade
elevada e tanto o tratamento clínico quanto o cirúrgico ainda estão associados a elevadas taxas de
mortalidade.
A gravidade é dada por:
a) Diâmetro maior que 5.5 cm na porção ascendente da aorta;
b) Diâmetro maior que 6 cm na porção descendente da aorta;
c) Com qualquer diâmetro associado a sintomas por compressão de
estruturas vizinhas (dor, rouquidão, dispnéia);
ANEURISMA DE AORTA
d) Diâmetro maior que 5 cm nas pessoas com síndrome de Marfan ou
TORÁCICA
válvula aórtica bicúspide;
e) Diâmetro maior que 4 cm nas pessoas com válvula aórtica
bicúspide, que necessitem de correção cirúrgica da valvopatia;
f) Aneurismas de aorta de rápida progressão, história familiar de
dissecção ou estados hipermetabólicos (gestação).
Caracterizada por:
• Dissecção aguda de aorta (menos de quinze dias entre os sintomas
e o diagnóstico) envolvendo porção ascendente (Tipo A - Stanford),
com ou sem envolvimento da válvula aórtica;
• Dissecção aguda de aorta (Tipo B - Stanford), associada a
DISSECÇÃO DA AORTA comprometimento de órgão alvo, ruptura ou iminência de ruptura
(formação sacular), extensão retrógrada e nas pessoas com
síndrome de Marfan;
• Dissecção não aguda da aorta associada com envolvimento de
órgão alvo, sintomas recorrentes, progressão retrógrada ou
anterógrada da lesão intimal já pré-estabelecida.

22
22
• Os hematomas intramurais da aorta apresentam prognóstico
HEMATOMA DE AORTA semelhante aos da dissecção clássica de aorta e aqueles
localizados na porção proximal da aorta são de pior prognóstico.

TUMORES CARDÍACOS
• Deverão ser adotados os parâmetros exigidos para o
TUMORES MALIGNOS
enquadramento de neoplasia maligna.
TUMORES BENIGNOS • Com alterações funcionais irreversíveis.

A ausência de um ou outro aspecto que caracterizam as patologias acima discriminadas


não afasta o diagnóstico de cardiopatia grave, desde que seja identificada a doença
pelas características que se fizerem evidentes e que sejam mais marcantes.

3.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

As seguintes situações serão enquadradas como cardiopatia grave:

1) As pessoas com cardiopatias agudas caracterizadas pelo comprometimento funcional


agudo do miocárdio, apresentando risco iminente de morte e requerendo cuidado de
natureza clínica ou cirúrgica;
2) As pessoas com lesões cardíacas que incidam nas especificações dos graus III ou IV da
avaliação funcional do coração;
3) As pessoas com lesões cardíacas que incidem nas especificações dos graus I e II da avaliação
funcional do coração, QUANDO, fazendo uso de terapêutica específica e depois de
esgotados todos os recursos terapêuticos, houver progressão da patologia, comprovada
mediante exame clínico evolutivo e de exames subsidiários;

A idade do paciente, sua atividade profissional e a incapacidade de reabilitação são


parâmetros que devem ser considerados na avaliação das pessoas com as lesões acima.

4) As arritmias graves, comprovadas eletrocardiograficamente, resistentes ao tratamento, ou


cursando com episódios tromboembólicos, mesmo na ausência de outros sinais clínicos,
radiológicos ou ecocardiográficos de alterações cardiovasculares;
5) As pessoas com valvulopatias susceptíveis de correção cirúrgica, SE as alterações
cardiovasculares, pela longa evolução ou gravidade, sejam consideradas irreversíveis ou
comprometedoras da atividade funcional;
6) As pessoas com cardiopatias agudas ou crônicas que apresentem dependência total de
suporte inotrópico farmacológico (como dobutamina, dopamina) ou mecânico (tipo
Biopump, balão intra-aórtico).

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23
De modo geral, podem ser consideradas como cardiopatia grave as seguintes condições clínicas:

1) Síndrome de insuficiência cardíaca de qualquer etiologia que curse com importante


disfunção ventricular (classes III e IV);
2) Síndrome de insuficiência coronariana crônica refratária à terapêutica sem indicação
cirúrgica (classes II a IV);
3) Arritmias por bloqueios atrioventriculares de 2º e 3º graus, extrassistolias e/ou taquicardias
ventriculares, síndromes braditaquicárdicas;
4) Cardiopatias congênitas nas classes III e IV ou com importantes manifestações sistêmicas
de hipoxemia.

24
24
4 CEGUEIRA

4.1 CONCEITUAÇÃO

CEGUEIRA OU AMAUROSE é um estado patológico no qual a acuidade visual de ambos os olhos é


igual a zero, sem percepção luminosa, depois de esgotados os recursos de correção óptica
disponíveis.

VISÃO SUBNORMAL OU BAIXA VISÃO é uma condição em que há comprometimento do


funcionamento visual mesmo após tratamento e correção dos erros refracionais comuns, com
acuidade visual inferior a 20/60 ou campo visual inferior a 10º do ponto de fixação.

CEGUEIRA LEGAL é uma condição em que a acuidade visual é igual ou menor que 20/200 e/ou o
campo visual igual ou menor que 20 graus no melhor olho e com a melhor correção.

4.2 CLASSIFICAÇÃO

Graus de perda parcial da visão equivalente à cegueira:

VISÃO CENTRAL
Grau de
comprometimento Acuidade visual com a melhor correção visual possível
visual
Visão do pior olho igual ou
Visão do melhor olho inferior a
melhor que
1 20/70 ou 0,3 20/200 ou 0,1
2 20/200 ou 0,1 20/400 ou 0,5
20/1.200 ou 0,02 ou
3 20/400 ou 0,05 capacidade de contar dedos a 1
metro
20/1.200 ou 0,02 ou capacidade de
4 Percepção de luz
contar dedos a 1 metro
5 Ausência da percepção da luz

25
25
CAMPO VISUAL
Grau de
comprometimento Acuidade visual com a melhor correção visual possível
visual
1 Campo visual, no melhor olho, entre 20º e 10º
2 Campo visual, no melhor olho, entre 10º e 5º
3 Campo visual, no melhor olho, menor que 5º

Para uniformizar e facilitar a classificação quanto aos graus de perda da acuidade visual, a Perícia
Médica Federal adotará as escalas Snellen e Decimal na avaliação da acuidade visual:

SNELLEN DECIMAL % DE VISÃO (eficiência visual)


20/20 1,0 100
20/22 0,9 98,0
20/25 0,8 95,5
20/29 0,7 92,5
20/30 0,6 9,4
20/40 0,5 83,6
20/50 0,4 76,5
20/60 0,3 69,9
20/70 0,28 63,8
20/80 0,25 58,5
20/100 0,2 48,9
20/200 0,1 20,0
20/400 0,05 10,0

4.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

As seguintes situações serão enquadradas como cegueira:

1) Amaurose;
2) Situações equivalentes à cegueira discriminadas abaixo:
a. Os casos de visão subnormal, nos limites previstos neste manual, não susceptíveis
de correção óptica, nem capazes de serem beneficiados por tratamento médico-
cirúrgico (graus 1 a 5);
b. Os casos de redução muito acentuada e irreversível do campo visual (visão tubular),
comprovados por campimetria, independente do grau de acuidade visual central
(grau 1 a 3).

26
26
5 CONTAMINAÇÃO POR RADIAÇÃO,
COM BASE EM CONCLUSÃO DA
MEDICINA ESPECIALIZADA

5.1 CONCEITUAÇÃO

Radiação ionizante é a transferência de energia suficiente para arrancar os elétrons de sua órbita,
resultando na criação de átomos carregados denominados íons. A radiação ionizante é emitida por
substâncias radioativas (radioisótopos), como o urânio, o rádio e o plutônio, mas pode ser
igualmente produzida por dispositivos, como aparelhos de raios-X e de radioterapia.

A contaminação radioativa é caracterizada pela presença indesejável de um material radioativo em


local onde não deveria estar e implica em contato com este material. É o contato e a retenção de
material radioativo, geralmente na forma de líquido ou poeira. A contaminação pode atingir apenas
a pele por contato direto ou ainda órgãos internos, por ingestão, inalação ou através de soluções de
continuidade na pele.

Já a irradiação é a exposição de um objeto ou um corpo à radiação, o que pode ocorrer à distância,


sem necessidade de contato. Irradiação, portanto, não significa contaminação. Exemplo: utilização
de bomba de cobalto para tratamento de neoplasias malignas.

As lesões teciduais decorrentes da contaminação por radiações ionizantes variam de acordo com a
quantidade de radiação, a extensão da exposição, o tipo de radiação e a parte do corpo que foi
exposta. Grandes doses de radiação ionizante podem causar doença aguda, reduzindo a produção
de células sanguíneas; danificando o trato digestivo, o coração e os vasos sanguíneos (sistema
cardiovascular), o cérebro e a pele, bem como podem aumentar o risco de câncer.

Em linhas gerais, os efeitos podem ser: agudos ou crônicos, localizados ou sistêmicos:

a) EFEITOS AGUDOS: Náuseas, fraqueza, perda de cabelo, queimaduras na pele ou diminuição


da função orgânica.
b) EFEITOS CRÔNICOS: A radiação pode causar alterações no DNA. O câncer também é
considerado um efeito da exposição à radiação, já tendo sido observadas as associações
conforme o quadro a seguir.

27
27
TIPO DE RADIAÇÃO CÂNCER EM HUMANOS
Glândula salivar, esôfago, estômago, cólon, pulmão, ossos, mama, bexiga,
RAIO X E RAIOS GAMA
rim, pele, cérebro e sistema nervoso central, tireoide e leucemia
PARTÍCULAS ALFA Pulmão e leucemia
PARTÍCULAS BETA Tireoide, leucemia, glândula salivar, osso e sarcoma

c) EFEITOS LOCALIZADOS (SÍNDROME CUTÂNEA DA RADIAÇÃO): conjunto de sinais e


sintomas decorrentes da exposição localizada ou de corpo inteiro e que levam a alterações
cutâneas e de tecidos e estruturas subjacentes.
Quadro clínico:
1) Grau I ou leve (exposição de 8.0 a 10.0 Gy): evolui com pele seca e pigmentação;
2) Grau II ou moderada (exposição > 12.0 a 30.0 Gy): evolui com atrofia de pele,
podendo se estender ao subcutâneo e músculos, e com úlcera tardia;
3) Grau III ou grave (exposição de 30.0 a 50.0 Gy): evolui com cicatrizes, fibrose,
alterações escleróticas, degenerativas e necrose; e
4) Grau IV ou muito grave (exposição acima de 50.0 Gy): evolui com deformidade e
recidiva de úlceras, podendo necessitar de amputação.

d) EFEITOS SISTÊMICOS (SÍNDROME AGUDA DA RADIAÇÃO): conjunto de sinais e sintomas


decorrentes de exposição de corpo inteiro a alta dose de radiação por curto espaço de
tempo; é um evento determinístico que se desenvolve quando um limite de dose é
ultrapassado (0.8 a 1.0 Gy).
Quadro clínico:
1) HEMATOPOIÉTICO: caracteriza-se por alterações hematológicas (leucopenia,
trombocitopenia, reticulocitopenia) provenientes de exposição à radiação ionizante
das células tronco e precursoras da medula óssea. O quadro surge ao ser alcançado
o limiar de dose de 0.8 a 1.0 Gy, considerando-se uma distribuição uniforme e
homogênea de dose;
2) GASTROINTESTINAL: caracteriza-se por alterações da mucosa gastrointestinal,
decorrentes de exposição de corpo inteiro à radiação ionizante, levando à síndrome
disabsortiva, perda hidroeletrolítica e sanguínea. As lesões da mucosa ocorrem, em
geral, a partir do limiar de 7.0 Gy; e
3) NEUROVASCULAR: caracteriza-se por manifestações neurológicas e vasculares
que conduzem, inevitavelmente, à morte, e ocorre com doses extremamente altas
de radiação, superiores a 20 Gy.

Os quadros clínicos decorrentes do acúmulo de pequenas doses de exposição por longo


período de tempo (exposição crônica) não são considerados quadros de síndrome aguda da
radiação. Todavia, pode haver manifestação clínica similar a ela.

28
28
DIAGNÓSTICO

Os meios de diagnóstico a serem empregados na avaliação da síndrome cutânea da radiação e da


síndrome aguda da radiação são:

a) História clínica, com dados evolutivos da doença;


b) Exame clínico;
c) Dosimetria física (avaliação de dosímetro individual, de dosimetria de área e reconstrução
do acidente com modelo experimental);
d) Dosimetria clínica (avaliação do tempo de surgimento dos sintomas e do tempo de duração
das manifestações);
e) Avaliação hematológica;
f) Avaliação bioquímica (glicose, ureia, creatinina, amilase, lipase, fosfatase alcalina,
desidrogenase lática, transaminases glutâmico oxalacética e pirúvica);
g) Dosimetria citogenética;
h) Tomografia computadorizada;
i) Ressonância magnética;
j) Termografia;
k) Avaliação fotográfica seriada;
l) Estudos cintilográficos; e
m) Estudos doppler.

5.2 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência por contaminação por radiação os seguintes casos:

a) Síndrome cutânea da radiação graus I e II, DESDE QUE gerem condição incapacitante;
b) Síndrome cutânea da radiação graus III e IV;
c) Síndrome aguda da radiação, DESDE QUE gere condição incapacitante.
d) Manifestações clínicas similares à síndrome aguda da radiação, mas decorrentes de
exposição crônica, DESDE QUE gere condição incapacitante.

OBSERVAÇÃO

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar, entre parênteses, a


expressão contaminação por irradiação.

ATENÇÃO
NÃO serão isentas de carência as lesões incapacitantes decorrentes de IRRADIAÇÃO.

29
29
6 DOENÇA DE PARKINSON

6.1 CONCEITUAÇÃO

A doença de Parkinson é uma doença crônica e degenerativa caracterizada pela perda contínua de
neurônios dopaminérgicos na parte compacta da substância negra do mesencéfalo, resultando na
depleção de dopamina na via nigroestriatal.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO

A Doença de Parkinson é caracterizada pelos seguintes sinais:

a) Bradicinesia: diminuição da atividade motora espontânea e consequente lentidão de


movimentos;
b) Tremor: hipercinesia, predominantemente postural, rítmica e não intencional, que diminui
com a execução de movimentos voluntários e pode cessar com o relaxamento total;
c) Rigidez muscular: sinal característico e eventualmente dominante, acompanha-se do
exagero dos reflexos tônicos de postura e determina o aparecimento de movimentos em
sucessão fracionária (“sinal da roda dentada”).

O Parkinsonismo Secundário, também chamado de Síndrome de Parkinson, é consequente a lesões


degenerativas infecciosas, parasitárias, tóxicas (inclusive medicamentos), endócrinas ou produzidas
por traumatismo, choque elétrico e tumores intracranianos.

6.2 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência as pessoas com qualquer das formas clínicas da
Doença de Parkinson ou do Parkinsonismo Secundário.

OBSERVAÇÃO

O perito deverá especificar a etiologia da Síndrome de Parkinson responsável pela incapacidade do


examinado sempre que possível.

30
30
7 ESCLEROSE MÚLTIPLA

7.1 CONCEITUAÇÃO

Esclerose múltipla é uma doença desmielinizante do sistema nervoso central, progressiva,


caracterizada por placas disseminadas de desmielinização no cérebro e na medula espinhal,
resultando em múltiplos e variados sinais e sintomas, geralmente com remissões e exacerbações.
Sua causa é desconhecida, mas há suspeitas de uma anormalidade imunológica, com poucos
indícios de um mecanismo específico.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO

Os critérios para se estabelecer o diagnóstico de esclerose múltipla são clínicos. Utilizam-se


informações da anamnese para caracterizar a presença dos surtos e o exame neurológico para
estabelecer a correspondência entre os surtos e as estruturas do sistema nervoso central lesadas.

De início insidioso, a doença se caracteriza por queixas e achados de disfunção do sistema nervoso
central, com remissões e exacerbações frequentes. Os sintomas podem ser graves ou parecer tão
triviais que o indivíduo pode não procurar assistência médica por meses ou anos.

Neurite óptica, diplopia, paresia ou alterações sensitivas e motoras de membros,


disfunções de coordenação e equilíbrio, dor neuropática, espasticidade, fadiga,
disfunções esfincterianas e cognitivo-comportamentais, de forma isolada ou em
combinação, são os principais sintomas.

O diagnóstico diferencial deve ser feito com seringomielia, esclerose lateral amiotrófica, sífilis, artrite
da coluna cervical, tumores do cérebro, ataxias hereditárias e malformações do cérebro e da medula.

7.2 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência todos os indivíduos com esclerose múltipla que
apresentarem sinais e sintomas incapacitantes.

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31
8 ESPONDILITE ANQUILOSANTE

8.1 CONCEITUAÇÃO

A espondilite anquilosante é uma doença reumática inflamatória crônica, que acomete a coluna
vertebral, podendo evoluir com rigidez e limitação funcional progressiva do esqueleto axial. Faz parte
e é a principal representante do grupo de doenças típicas das espondiloartrites, denominação atual
das espondiloartropatias soronegativas (ausência de fator reumatóide).

A espondilite anquilosante é inadequadamente denominada de espondiloartrose anquilosante em


diversos textos legais.

Entende-se por ANQUILOSE ou ANCILOSE a rigidez ou fixação de uma articulação, reservando-se


o conceito de anquilose óssea verdadeira à fixação completa de uma articulação em consequência
da fusão patológica dos ossos que a constituem.

Afeta principalmente as articulações sacroilíacas, interapofisárias e costovertebrais, os discos


intervertebrais e o tecido conjuntivo frouxo que circunda os corpos vertebrais, incluindo os
ligamentos da coluna. Inicialmente, há comprometimento inflamatório de articulações sacroilíacas,
com tendência para a ossificação dos tecidos inflamados, resultando rigidez progressiva da coluna.
Pode apresentar evolução ascendente e acometer a coluna torácica e cervical.

As manifestações clínicas da espondilite anquilosante podem ser divididas em três grupos principais:

Como a dor lombar inflamatória.


O sintoma inicial costuma ser lombalgia, caracterizada por dor noturna, de
início insidioso, que não melhora com repouso (mas melhora com exercícios),
SINTOMAS AXIAIS
podendo estar associada a dor inguinal e das nádegas. A dor lombar é
resultante de uma das características mais comum da espondilite
anquilosante, que é a sacroileíte, inflamação da articulação sacroilíaca.
Como entesite, dactilite e artrite.
SINTOMAS
Principalmente na forma de oligoartrite de articulações dos membros
PERIFÉRICOS
inferiores.
OCULARES: a uveíte anterior aguda (UAA) é a manifestação extraesquelética
mais comum, acometendo até 40% dos pacientes, especialmente os com
HLA-B27 positivo. Pode ocorrer em qualquer momento da doença, em geral
MANIFESTAÇÕES
recorrente, caracterizada por inflamação ocular unilateral alternada com dor,
EXTRA-ARTICULARES
vermelhidão, lacrimejamento, fotofobia e visão borrada;
ENVOLVIMENTO CARDIOVASCULAR: aortite, regurgitação aórtica,
disfunção do miocárdio e anormalidades na condução cardíaca;

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ENVOLVIMENTO PULMONAR: ocorre fibrose de lobos superiores em menos
de 1% dos pacientes e diminuição da expansibilidade torácica;
LESÕES NEUROLÓGICAS: fraturas, subluxação atlantoaxial ou ossificação do
ligamento longitudinal posterior, causando mielopatia compressiva e
síndrome da cauda equina;
ENVOLVIMENTO DO TRATO URINÁRIO: nefropatia por IgA, amiloidose
secundária e prostatite crônica.
ATENÇÃO: Com exceção do comprometimento ocular, as outras
manifestações não ocorrem com frequência.

8.2 CLASSIFICAÇÃO

Para a confirmação do diagnóstico de espondilite anquilosante definida e a classificação da doença,


os critérios mais utilizados são os de Nova York modificados, de 1984, que combinam critérios
clínicos e radiográficos.

Para o diagnóstico de espondilite anquilosante é necessário que haja um critério clínico e


um radiográfico.

Os CRITÉRIOS CLÍNICOS são os seguintes:

• Dor lombar de mais de três meses de duração que melhora com a realização de exercício e
não alivia em repouso;
• Limitação da coluna lombar nos planos frontal e sagital;
• Expansibilidade torácica diminuída (corrigida para idade e sexo).

Os CRITÉRIOS RADIOGRÁFICOS são os seguintes:

• Sacroileíte bilateral, grau 2, 3 ou 4;


• Sacroileíte unilateral, grau 3 ou 4.

GRAUS RADIOGRÁFICOS DE SACROILEÍTE


GRAU 0 Normal
GRAU 1 Alterações suspeitas
Anormalidades mínimas: pequenas áreas localizadas com erosão ou esclerose, sem
GRAU 2
alteração de espaço articular
Anormalidade moderada ou avançada: erosões, evidências de esclerose, alargamento
GRAU 3
articular ou anquilose parcial
GRAU 4 Anquilose total

Não existe nenhuma prova laboratorial patognomônica para espondilite anquilosante. As provas de
atividade inflamatórias PCR e VHS habitualmente estão elevadas na doença em atividade e o HLA-

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33
B27 é positivo em 90% dos casos, está associado a pior prognóstico, incidência familiar, recorrência
de uveíte anterior e sua ausência não exclui o diagnóstico.

8.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência todos os indivíduos com espondilite anquilosante.

OBSERVAÇÕES

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar, entre parênteses, a


expressão espondilite anquilosante.

ATENÇÃO
A espondilite anquilosante não deve ser confundida com as artropatias degenerativas da
coluna vertebral, também conhecidas como artroses, osteoartrites ou artrites hipertróficas,
as quais acarretam maior ou menor limitação dos movimentos da coluna pelo
comprometimento das formações extra-articulares, mas não determinam anquilose.

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34
9 ESTADO AVANÇADO DA DOENÇA
DE PAGET (OSTEÍTE DEFORMANTE)

9.1 CONCEITUAÇÃO

A doença de Paget óssea (DPO), também conhecida como osteíte deformante, é uma doença óssea
hipermetabólica que acomete um (monostótica) ou mais (poliostótica) ossos e se caracteriza por
áreas de reabsorção óssea aumentada mediada por osteoclastos, seguida de reparo ósseo
osteoblástico desorganizado.

A maioria dos pacientes é assintomática. Quando presentes, as manifestações clínicas mais


frequentes são dor e deformidades ósseas, que podem se manifestar por fraturas ou compressão de
estruturas adjacentes (por exemplo, nervo e vasos sanguíneos). A dor óssea é o sintoma mais
frequente, sendo normalmente de leve a moderada intensidade e descrita como profunda. Pode
haver relato de piora à noite. Além disso, pode haver dor por osteoartrose em articulações adjacentes
a ossos acometidos pela doença de Paget óssea. A deformidade óssea é a segunda manifestação
clínica mais comum, sendo os locais mais acometidos a tíbia e o fêmur.

A evolução da doença se processa em duas fases:

1) FASE ATIVA OU OSTEOPORÓTICA: caracterizada pela formação de tecido ósseo ricamente


vascularizado, onde são comuns fraturas com consolidação rápida; e
2) FASE DE RELATIVA INATIVIDADE: com formação de tecido ósseo denso e menos
vascularizado, onde as fraturas têm retardo de consolidação.

ESTADO AVANÇADO DA DOENÇA DE PAGET

O estado avançado da doença de Paget apresentam as seguintes características:

a) Lesões ósseas generalizadas: deformidades ósseas, osteoartrites secundárias, fraturas


espontâneas e degeneração maligna (sarcoma osteogênico, fibrossarcoma e sarcoma de
células redondas);
b) Complicações neurológicas e sensoriais: surdez, perturbações olfativas e neuralgias;
c) Complicações cardiovasculares: insuficiência cardíaca de alto débito, arteriosclerose
periférica e hipertensão arterial.

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35
Ao analisar o diagnóstico, a Perícia Médica Federal deverá considerar a extensão das deformidades
e partes ósseas atingidas, o tipo de complicação que determinou a incapacidade e os exames
subsidiários que comprovam o diagnóstico como:

a) Exame radiológico: aumento do volume ósseo, espessamento da cortical, trabeculado


grosseiro e lesões líticas e escleróticas;
b) Dosagem da fosfatase alcalina sérica: valores de fosfatase alcalina 10 vezes acima do normal
geralmente indicam comprometimento do crânio ou doença poliostótica extensa, enquanto
que valores inferiores a três vezes o limite superior podem indicar comprometimento
monostótico ou a forma esclerótica da doença;
c) Dosagem da hidroxiprolina urinária nas 24 horas;
d) Tomografia computadorizada e, preferencialmente, ressonância nuclear magnética com
resultado de biópsia óssea nos casos de suspeita de degeneração sarcomatosa;
e) Cintilografia óssea.

9.2 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência os indivíduos que apresentarem as características do


estado avançado da doença de Paget.

Também serão isentas de carência as formas monostóticas com deformidades acentuadas e


dolorosas e aquelas que apresentarem dificuldade para marcha, característica da coxopatia
pagética.

OBSERVAÇÕES

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar, entre parênteses, a


expressão estado avançado da Doença de Paget.

ATENÇÃO
NÃO serão isentas de carência as seguintes condições:

a) As formas localizadas da doença de Paget, assintomáticas, detectadas em exames


radiológicos de rotina;

b) As formas oligossintomáticas.

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10 HANSENÍASE

10.1 CONCEITUAÇÃO

Hanseníase é uma doença infectocontagiosa de caráter crônico, de notificação compulsória, causada


pelo Mycobacterium leprae (bacilo de Hansen), com predileção pela pele e nervos periféricos,
podendo apresentar surtos reacionais intercorrentes.

DIAGNÓSTICO CLÍNICO

O diagnóstico de hanseníase é essencialmente clínico e epidemiológico, baseado no exame físico,


história e condições de vida do indivíduo.

Principais características das formas clínicas de hanseníase:

a) HANSENÍASE INDETERMINADA (HI): caracteriza-se por lesão de pele única e localizada,


mais clara (hipocrômica) do que a pele ao redor, sem alteração de relevo e bordas mal
delimitadas. Há hipoestesia ou anestesia térmica e/ou dolorosa, e a sensibilidade tátil pode
estar preservada. Não ocorre sudorese na respectiva área (mancha);
b) HANSENÍASE TUBERCULOIDE (HT): a lesão de pele manifesta-se como uma placa única
de borda elevada e eritematosa, com anestesia proeminente. O espessamento de nervo
ocorre de forma localizada, às vezes com alterações da sensibilidade na área do trajeto do
nervo com ou sem presença de mancha;
c) HANSENÍASE VIRCHOWIANA (HV): as lesões cutâneas caracterizam-se por placas
infiltradas e nódulos, de coloração eritêmato-acastanhada ou ferruginosa, com hipoestesia
ou anestesia dos pés e mãos. A infiltração ocorre principalmente na face, nariz, orelhas,
cotovelos e joelhos. Podem ocorrer madarose superciliar e ciliar devido à infiltração. O nariz
é congesto, e a pele e os olhos são secos.

REAÇÕES HANSÊNICAS

As reações hansênicas são definidas como fenômenos agudos, potencialmente incapacitantes e que
ocorrem antes, durante ou após o tratamento da hanseníase (infecção). Podem ocorrer por até cinco
anos (aproximadamente) do tratamento adequado.

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DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

A baciloscopia (esfregaço intradérmico raspado de pele) deve ser utilizada como exame
complementar para a classificação dos casos como paucibacilar ou multibacilar. A baciloscopia
positiva classifica o caso como multibacilar, independentemente do número de lesões.

10.2 CLASSIFICAÇÃO

O quadro a seguir correlaciona, de modo sucinto, as principais formas de classificação da hanseníase


e seus respectivos códigos na CID–10:

OPERACIONAL CLASSIFICAÇÃO CID-10


Hanseníase (doença de Hansen) ---- A30
Paucibacilares (PB) Hanseníase indeterminada A30.0
(Até 5 lesões cutâneas) Hanseníase tuberculóide A30.1
Hanseníase tuberculóide borderline A30.2
Hanseníase dimorfa A30.3
Multibacilares (MB) Hanseníase Virchowiana borderline A30.4
(Mais de 5 lesões cutâneas) Hanseníase Virchowiana A30.5
Outras formas de hanseníase(*) A30.8
Hanseníase não especificada (*) A30.9
Sequelas da Hanseníase B.92

As reações hansênicas podem ser classificadas em tipo I e tipo II:

a) REAÇÃO TIPO 1 (REAÇÃO REVERSA): apresenta alterações cutâneas agudas. As lesões


pré-existentes tornam-se mais eritematosas, descamativas, por vezes dolorosas e tendem
a perder sensibilidade de forma progressiva;
b) REAÇÃO TIPO 2 (ERITEMA NODOSO DA HANSENÍASE): a lesão típica é o eritema nodoso
que se caracteriza por lesões eritematosas, dolorosas, de tamanhos variados incluindo
pápulas e nódulos, localizadas em qualquer região da pele.

10.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência as pessoas com qualquer forma clínica da hanseníase
e os acometidos por reações hansênicas.

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11 HEPATOPATIA GRAVE

11.1 CONCEITUAÇÃO

São consideradas hepatopatias graves aquelas de evolução aguda, subaguda ou crônica que
acarretem insuficiência hepática, determinando incapacidade para o trabalho e/ou risco de morte
e/ou que tenham evoluído para o óbito.

Constituem características das hepatopatias graves:

1) Emagrecimento;
2) Icterícia;
3) Ascite;
4) Edemas periféricos;
QUADRO CLÍNICO
5) Fenômenos hemorrágicos;
6) Alterações cutâneomucosas sugestivas: aranhas vasculares, eritema
palmar, queda de pelos, sufusões hemorrágicas, mucosas hipocoradas; e
7) Alterações neuropsiquiátricas de encefalopatia hepática.
1) ALTERAÇÕES HEMATOLÓGICAS:
a) Pancitopenia (completa ou parcial); anemia, leucopenia e
trombocitopenia; e
b) Distúrbios da coagulação: hipoprotrombinemia e queda dos fatores
da coagulação (V, VII, fibrinogênio);
2) Alterações bioquímicas:
QUADRO a) Hipoglicemia predominante;
LABORATORIAL b) Hipocolesterolemia; e
c) Hiponatremia;
3) Testes de avaliação hepática alterados:
a) Retenção de bilirrubinas;
b) Transaminases elevadas;
c) Fosfatase alcalina e gama-GT elevadas; e
d) Albumina reduzida.
Nos exames de imagem são observadas as seguintes alterações:
1) ULTRASSONOGRAFIA: alterações estruturais do fígado e baço, ascite,
dilatação das veias do sistema porta;
2) TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA E RESSONÂNCIA NUCLEAR
EXAMES DE IMAGEM MAGNÉTICA ABDOMINAL: alterações dependentes da doença primária;
3) ENDOSCOPIA DIGESTIVA ALTA: presença de varizes esofagianas e de
gastropatia hipertensiva; e
4) CINTILOGRAFIA HEPÁTICA: redução da captação hepática, forma
heterogênea, com aumento da captação esplênica e na medula óssea.

39
39
São causas das hepatopatias graves:

a) Hepatites fulminantes: virais, tóxicas, metabólicas, autoimunes, vasculares;


b) Cirroses hepáticas: virais, tóxicas, metabólicas, autoimunes, vasculares;
c) Doenças parasitárias e granulomatosas;
d) Tumores hepáticos malignos: primários ou metastáticos; e
e) Doenças hepatobiliares e da vesícula biliar levando a cirrose biliar secundária.

11.2 CLASSIFICAÇÃO

A gravidade do comprometimento funcional é graduada, com finalidade prognóstica, em tabela


universalmente aceita, conhecida como Classificação de Child-Pugh, nela considerados cinco
indicadores:

CLASSIFICAÇÃO DE CHILD-PUGH
DADOS CLÍNICOS E
1 PONTO 2 PONTOS 3 PONTOS
LABORATORIAIS
Encefalopatia (grau) Ausente 1-2 3-4
Discreta (ou Ao menos moderada
Ascite Ausente controlada com apesar do uso de
diuréticos) diuréticos
Tempo de protrombina
(segundos além do <4 4-6 >6
controle)
Ou INR < 1.7 1.7-2.3 > 2.3
OU atividade > 50% 40-50% < 40%
Albumina (EFP) (g/dL) > 3.5 2.8-3.5 < 2.8
Bilirrubinas (mg/dL) <2 2-3 >3

De acordo com o total de pontos obtidos, os prognósticos dividem-se em:

CLASSE TOTAL DE PONTOS


A 5a6
B 7a9
C 10 a 15
Os indivíduos situados na classe A têm bom prognóstico de sobrevida, habitualmente acima de
cinco anos, enquanto os da classe C têm mau prognóstico, possivelmente menor que um ano.

40
40
11.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

As seguintes situações serão enquadradas como hepatopatia grave:

a) As hepatopatias classificadas na Classe B de Child-Pugh, QUANDO houver incapacidade


para o trabalho;
b) As hepatopatias classificadas na Classe C de Child-Pugh.

OBSERVAÇÕES

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar, entre parênteses, a


expressão hepatopatia grave.

ATENÇÃO
As hepatopatias classificadas na classe A de Child-Pugh não são consideradas graves e,
portanto, NÃO serão isentas de carência.

41
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12 NEFROPATIA GRAVE

12.1 CONCEITUAÇÃO

São consideradas nefropatias graves as patologias de evolução aguda, subaguda ou crônica que
acarretem insuficiência renal, determinando incapacidade para o trabalho e/ou risco de morte
prematura ou que rapidamente evoluírem para o óbito.

As nefropatias graves são caracterizadas por manifestações clínicas e alterações nos exames
complementares:

1) ECTOSCÓPICAS: palidez amarelada, edema, hemorragia cutânea e sinais


de prurido;
2) CARDIOVASCULARES: pericardite serofibrinosa, hipertensão arterial e
insuficiência cardíaca;
3) GASTROINTESTINAIS: soluço, língua saburrosa, hálito amoniacal,
MANIFESTAÇÕES náuseas, vômitos, hemorragias digestivas, diarreia ou obstipação;
CLÍNICAS 4) NEUROLÓGICAS: cefaleia, astenia, insônia, lassidão, tremor muscular,
convulsão e coma;
5) OFTAMOLÓGICAS: retinopatia hipertensiva e retinopatia
arteriosclerótica;
6) PULMONARES: pulmão urêmico e derrame pleural;
7) URINÁRIAS: nictúria.
1) Diminuição da filtração glomerular;
2) Diminuição da capacidade renal de diluição e concentração (isostenúria);
QUADRO
3) Aumento dos níveis sanguíneos de ureia, creatinina e ácido úrico;
LABORATORIAL
4) Distúrbios dos níveis de sódio, potássio, cálcio, fósforo, glicose e lipídios;
5) Acidose.
1) Diminuição das áreas renais nas patologias crônicas ou nas isquemias
agudas intensas;
2) Distorções da imagem normal consequente a cicatrizes, cistos,
EXAMES DE IMAGEM
hematomas, abscessos ou tumores;
3) Distensão do sistema coletor nos processos primariamente obstrutivos;
4) Diminuição da eliminação de contrastes, quando usados.

42
42
12.2 CLASSIFICAÇÃO

Considerando os níveis de alteração da função renal e o grau de insuficiência renal, as nefropatias


podem ser divididas em cinco estágios:
FILTRAÇÃO
GLOMERULAR
CREATININA
ESTÁGIO OU CLEARANCE GRAU DE IRC MANIFESTAÇÃO CLÍNICA
(MG/DL)
DE CREATININA
(ML/MIN)
Função renal
normal com
1 > 90 0.6-1.4 Assintomático
evidência de
lesão renal
Sem sintomas clínicos
IR leve ou
2 60-89 1.5-2.0 importantes de insuficiência
funcional
renal
Os sintomas da uremia estão
presentes de forma discreta,
podendo prevalecer sinais e
IR moderada
3 30-59 2.1-6.0 sintomas ligados à causa
ou laboratorial
básica (hipertensão arterial,
diabetes, lúpus, infeções
urinárias)
Presença de sinais e sintomas
mais marcantes de uremia:
IR grave ou
4 15-29 6.1-9.0 anemia, hipertensão, edema,
clínica
adinamia, náuseas, vômitos,
hiporexia
IR terminal ou
5 < 15 > 9.0 Intensamente sintomático
pré-dialítica

A estimativa da filtração glomerular pode ser calculada através da fórmula:


(140 – 𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑒𝑚 𝑎𝑛𝑜𝑠) 𝑥 𝑝𝑒𝑠𝑜 (𝐾𝑔)
𝐹𝐺 (𝑚𝐿/𝑚𝑖𝑛) =
72 𝑥 𝑐𝑟𝑒𝑎𝑡𝑖𝑛𝑖𝑛𝑎 𝑠é𝑟𝑖𝑐𝑎 (𝑚𝑔/𝑑𝐿)

No caso de mulheres, o resultado deverá ser multiplicado por 0.85

43
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Os principais grupos de patologias que cursam com insuficiência renal e são capazes de produzir
nefropatias graves são:

a) Glomerulonefrite crônica consequente a depósitos de imunocomplexos;


b) Glomerulonefrite crônica consequente a anticorpo antimembrana basal;
c) Vasculites;
d) Nefropatia diabética;
e) Nefropatia hipertensiva;
f) Amiloidose renal;
g) Nefropatia por irradiação;
h) Nefropatia consequente à obstrução do fluxo urinário;
i) Neoplasias (hipernefroma, linfoma, infiltração leucêmica);
j) Necrose cortical difusa;
k) Necrose medular bilateral;
l) Pielonefrite crônica;
m) Obstrução arterial e/ou venosa grave (aguda ou crônica);
n) Nefrite intersticial crônica;
o) Nefropatias hereditárias (rins policísticos, síndrome de Alport e outras).

12.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

As seguintes situações serão enquadradas como nefropatia grave:

a) As nefropatias classificadas como estágio 3, DESDE QUE o periciado apresente sintomas e


sinais clínicos que determinem sua incapacidade laborativa;
b) As nefropatias classificadas como insuficiência renal grave, estágios 4 e 5.

OBSERVAÇÕES

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar, entre parênteses, a


expressão nefropatia grave.

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13 NEOPLASIA MALIGNA

13.1 CONCEITUAÇÃO

Neoplasia é uma proliferação anormal do tecido, cujas células, entre outros mecanismos
fisiopatológicos, tendem à autonomia na replicação e à falha dos mecanismos de apoptose. As
neoplasias podem ser benignas ou malignas (câncer).

Câncer é o nome geral dado a um conjunto de mais de 100 doenças, que têm em comum o
crescimento desordenado de células que tendem a invadir tecidos e órgãos vizinhos. As neoplasias
malignas ou tumores malignos manifestam um maior grau de autonomia e são capazes de invadir
tecidos vizinhos e provocar metástases, podendo ser resistentes ao tratamento e causar a morte do
hospedeiro.

O prognóstico é determinado pelo grau de malignidade da neoplasia e influenciado pelos seguintes


fatores: grau de proliferação celular; grau de diferenciação celular; grau de invasão vascular e linfática;
estadiamento clínico e/ou cirúrgico; resposta à terapêutica específica; estatísticas de morbidade e
mortalidade de cada tipo de neoplasia.

AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA E ESTADIAMENTO

O diagnóstico e a extensão da neoplasia maligna podem ser determinados pelos seguintes meios
propedêuticos:

a) Biópsia da lesão com estudo histopatológico;


b) Exames citológicos;
c) Exames ultrassonográficos;
d) Exames endoscópicos;
e) Exames de tomografia computadorizada;
f) Exames de ressonância nuclear magnética;
g) Exames cintilográficos;
h) Pesquisa de marcadores tumorais específicos;
i) Exames radiológicos.

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13.2 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência todas as neoplasias malignas, incluindo recidivas
e/ou metástases.

ATENÇÃO
O enquadramento da isenção de carência independe do prognóstico da neoplasia maligna.

OBSERVAÇÕES

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar o tipo anátomo-


patológico da neoplasia e sua localização, e acrescentar, entre parênteses, a expressão neoplasia
maligna.

Exemplo: Periciado isento de carência por adenocarcinoma do pulmão esquerdo (neoplasia maligna).

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14 PARALISIA IRREVERSÍVEL E
INCAPACITANTE

14.1 CONCEITUAÇÃO

Paralisia é a incapacidade de contração voluntária de um músculo ou grupo de músculos, resultante


de uma lesão orgânica de natureza destrutiva ou degenerativa, a qual implica interrupção de uma
das vias motoras, em qualquer ponto, desde o córtex cerebral até a própria fibra muscular, pela lesão
do neurônio motor central ou periférico.

A abolição das funções sensoriais, na ausência de lesões orgânicas das vias nervosas, caracteriza a
paralisia funcional.

14.2 CLASSIFICAÇÃO

As paralisias são classificadas conforme sua localização e extensão das lesões:

a) PARALISIA ISOLADA OU PERIFÉRICA: quando é atingido um músculo ou um grupo de


músculos;
b) MONOPLEGIA: quando são atingidos todos os músculos de um só membro;
c) HEMIPLEGIA: quando são atingidos os membros superiores e inferiores do mesmo lado,
com ou sem paralisia facial homolateral;
d) PARAPLEGIA OU DIPLEGIA: quando são atingidos os membros superiores ou os inferiores,
simultaneamente;
e) TRIPLEGIA: quando resulta da paralisia de três membros; e
f) TETRAPLEGIA: quando são atingidos os membros superiores e inferiores.

14.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A paralisia será considerada irreversível e incapacitante quando, esgotados os recursos terapêuticos


da medicina especializada e os prazos necessários à recuperação motora, permanecerem distúrbios
graves e extensos que afetem a mobilidade, a sensibilidade e a troficidade.

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Também são consideradas paralisias, para fins de enquadramento de isenção de carência:

a) As lesões osteomusculoarticulares e vasculares graves e crônicas, das quais resultem


alterações extensas e definitivas das funções nervosas, da mobilidade e da troficidade,
esgotados os recursos terapêuticos da medicina especializada e os prazos necessários à
recuperação;
b) As paresias das quais resultem alterações extensas das funções nervosas e da motilidade,
esgotados os recursos terapêuticos da medicina especializada e os prazos necessários à
recuperação.

OBSERVAÇÕES

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar, entre parênteses, a


expressão paralisia irreversível e incapacitante.

ATENÇÃO
Não se equiparam a paralisia as lesões osteomusculoarticulares envolvendo a coluna
vertebral.

A paralisia de um músculo ou grupo de músculos não apresenta, por si só, motivo para
enquadramento em paralisia irreversível e incapacitante, pois muitas vezes não configura
incapacidade. Por definição, é preciso que, depois de esgotadas todas as medidas
terapêuticas disponíveis, seja considerada irreversível e incapacite para o exercício das
atividades inerentes ao cargo ou das atividades rotineiras, no caso de segurados filiados
como facultativos.

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15 SÍNDROME DA DEFICIÊNCIA
IMUNOLÓGICA ADQUIRIDA (AIDS)

15.1 CONCEITUAÇÃO

A síndrome da deficiência imunológica adquirida (Aids) é a manifestação mais grave da infecção pelo
vírus da imunodeficiência humana (HIV), caracterizando-se por apresentar uma severa
imunodeficiência, manifestada pelo aparecimento de doenças oportunistas.

DIAGNÓSTICO

Os quadros abaixo sintetizam os critérios atualmente utilizados para definição de casos de Aids em
indivíduos com 13 anos de idade ou mais.

CRITÉRIO CDC ADAPTADO (REVISÃO 2013)


Evidência de diagnóstico de infecção pelo HIV por testes sorológicos (de triagem, confirmatório e teste
rápido) ou virológicos, normatizados pelo Ministério da Saúde
+
Evidência de imunodeficiência: diagnóstico de pelo menos uma doença indicativa de Aids
E/OU
Contagem de linfócitos T-CD4+ < 350 células/mm³

DOENÇAS INDICATIVAS DE AIDS


a) Candidíase esofágica ou de traqueia, brônquios ou pulmões;
b) Carcinoma cervical invasivo;
c) Criptococose extrapulmonar;
d) Criptosporidiose intestinal crônica (duração > 1 mês);
e) Doença por citomegalovírus (retinite ou outros órgãos, exceto fígado, baço ou linfonodos);
f) Encefalopatia pelo HIV;
g) Herpes simples com úlceras mucocutâneas (duração > 1 mês) ou visceral em qualquer localização;
h) Infecção disseminada por micobactérias não-M. tuberculosis;
i) Isosporíase intestinal crônica (duração > 1 mês);
j) Leishmaniose atípica disseminada;
k) Leucoencefalopatia multifocal progressiva;
l) Linfoma não-Hodgkin de células B ou primário do sistema nervoso central;
m) Micoses disseminadas (histoplasmose, coccidioidomicose);

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n) Nefropatia ou cardiomiopatia sintomática associada ao HIV;
o) Neurotoxoplasmose;
p) Pneumonia bacteriana recorrente (dois ou mais episódios em um ano);
q) Pneumonia por Pneumocystis jirovecii;
r) Reativação de doença de Chagas (meningoencefalite e/ou miocardite);
s) Sarcoma de Kaposi;
t) Septicemia recorrente por Salmonella não-thyphi;
u) Síndrome consumptiva associada ao HIV (perda involuntária de mais de 10% do peso habitual)
associada à diarreia crônica (dois ou mais episódios por dia, com duração ≥ 1 mês) ou fadiga crônica
e febre (≥ 1 mês);
v) Tuberculose extrapulmonar.

CRITÉRIO RIO DE JANEIRO/CARACAS


Evidência de diagnóstico de infecção pelo HIV por testes sorológicos (de triagem, confirmatório e teste
rápido) ou virológicos, normatizados pelo Ministério da Saúde
+
Somatório de, pelo menos, dez pontos, de acordo com a escala de sinais, sintomas ou doenças do critério
Rio de Janeiro/Caracas

ESCALA DE SINAIS, SINTOMAS E DOENÇAS DO CRITÉRIO RIO DE


JANEIRO/CARACAS
SINAIS / SINTOMAS /
DESCRIÇÃO PONTOS
DOENÇAS
ANEMIA: hematócrito inferior a 30% em homens e 25% em
mulheres, ou hemoglobina inferior a 6.8 mmol/L (menos de 11.0
g/dL) em homens e inferior a 6.2 mmol/L (menos de 10 g/dL) em
ANEMIA E/OU
mulheres;
LINFOPENIA E/OU 2
LINFOPENIA: contagem absoluta de linfócitos inferior a 1 x 109/L
TROMBOCITOPENIA
(menos de 1.000 células/mm³);
TROMBOCITOPENIA: contagem de plaquetas inferior a 100 x
109/L (menos de 100.000 células/mm³).
Por um período igual ou superior a um mês, excluída a tuberculose
ASTENIA 2
como causa básica.
Lesões eczematosas localizadas ou generalizadas, de evolução
DERMATITE crônica, lesões papulovesiculosas disseminadas sem etiologia
2
PERSISTENTE definida, ou micoses superficiais de evolução crônica resistentes
ao tratamento habitual.
Constante ou intermitente, por um período igual ou superior a um
DIARREIA 2
mês.
Igual ou superior a 38°C, de forma constante ou intermitente, por
FEBRE um período igual ou superior a um mês, excluída a tuberculose 2
como causa básica.
Maior ou igual a 1 cm, acometendo dois ou mais sítios
LINFADENOPATIA 2
extrainguinais, por um período igual ou superior a um mês.

50
50
Tosse persistente associada ou não a qualquer pneumonia (exceto
TOSSE tuberculose) ou pneumonite, determinadas radiologicamente ou 2
por qualquer outro método diagnóstico.
CANDIDOSE ORAL: inspeção macroscópica de placas brancas
CANDIDOSE ORAL OU removíveis em base eritematosa ou pela inspeção microscópica de
5
LEUCOPLASIA PILOSA material obtido da mucosa oral com achados característicos;
LEUCOPLASIA PILOSA: placas brancas não removíveis na língua.
Confusão mental, demência, diminuição do nível de consciência,
DISFUNÇÃO DO convulsões, encefalite, meningites de qualquer etiologia conhecida
SISTEMA NERVOSO (exceto por Cryptococcus neoformans) ou desconhecida, mielites 5
CENTRAL e/ou testes cerebelares anormais, excluídas as disfunções
originadas por causas externas.
HERPES-ZOSTER EM Lesões dermatológicas em diferentes fases de evolução,
INDIVÍDUO COM ATÉ precedidas e/ou acompanhadas por dor, acometendo um ou mais 5
60 ANOS DE IDADE dermátomos.
TUBERCULOSE Tuberculose de linfonodos com localização única, pleural,
PULMONAR, PLEURAL pulmonar não especificada ou cavitária, diagnosticada por padrão
OU DE LINFONODOS radiológico específico, inspeção microscópica (histologia ou 5
LOCALIZADOS EM citologia), cultura ou detecção de antígeno em material obtido
UMA ÚNICA REGIÃO diretamente do tecido afetado ou de fluidos desse tecido.
Tuberculose de linfonodos localizados em mais de uma cadeia,
disseminada, atípica ou extrapulmonar, diagnosticada por padrão
OUTRAS FORMAS DE radiológico específico (miliar, infiltrado intersticial, não cavitário)
10
TUBERCULOSE e/ou inspeção microscópica (histologia ou citologia), pesquisa
direta, cultura ou detecção de antígeno em material obtido
diretamente do tecido afetado ou de fluidos desse tecido.
Diagnóstico definitivo (inspeção microscópica: histologia ou
citologia) ou presuntivo (reconhecimento macroscópico de
SARCOMA DE KAPOSI 10
nódulos, tumorações e/ou placas eritematosas/violáceas
características na pele e/ou mucosas).

CRITÉRIO EXCEPCIONAL ÓBITO


Menção de Aids (ou termos equivalentes) em algum campo da Declaração de Óbito
OU
Menção de infecção pelo HIV (ou termos equivalentes) e de doença indicativa/presuntiva de Aids em
algum campo da Declaração de Óbito
+
Investigação epidemiológica inconclusiva*
*Investigação epidemiológica inconclusiva é aquela em que, após a busca em prontuários, o caso não puder ser descartado ou
enquadrado em um dos critérios principais, pela falta de registro de dados clínicos/laboratoriais. A data do diagnóstico na ficha
de notificação e de investigação é aquela em que o indivíduo se enquadrou em um dos critérios de definição de caso de Aids, ou
seja, em que se tenha evidência clínica e laboratorial, exceto no critério óbito. Nesse caso, a data do diagnóstico é igual à do óbito.

51
51
15.2 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência todos os casos de Aids enquadrados em qualquer um
dos critérios mencionados acima.

ATENÇÃO
Ressalta-se que a presença de teste sorológico positivo para HIV, sem caracterização de
Aids não constitui condição isenta de carência.

52
52
16 TRANSTORNO MENTAL GRAVE,
DESDE QUE ESTEJA CURSANDO
COM ALIENAÇÃO MENTAL

16.1 CONCEITUAÇÃO

Transtorno mental é uma síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na


cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção
dos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento
mental.

Considera-se alienação mental todo caso de distúrbio mental ou neuromental grave e persistente
no qual, esgotados os meios habituais de tratamento, haja alteração completa ou considerável da
personalidade, comprometendo gravemente os juízos de valor e realidade, destruindo a
autodeterminação do pragmatismo e tornando o indivíduo total e permanentemente
impossibilitado para qualquer trabalho.

QUADRO CLÍNICO

A Perícia Médica Federal deverá identificar nos quadros clínicos de alienação mental os seguintes
elementos:

a) TRANSTORNO INTELECTUAL: atinge as funções mentais em conjunto e não apenas


algumas delas;
b) FALTA DE AUTOCONSCIÊNCIA: o indivíduo ignora o caráter patológico de seu transtorno
ou tem dele uma noção parcial ou descontínua;
c) INADAPTABILIDADE: o transtorno mental é evidenciado pela desarmonia de conduta do
indivíduo em relação às regras que disciplinam a vida normal em sociedade;
d) AUSÊNCIA DE UTILIDADE: a perda da adaptabilidade redunda em prejuízo para o indivíduo
e para a sociedade.

A alienação mental pode ser identificada no curso de qualquer transtorno psiquiátrico desde que,
em seu estágio evolutivo, estejam satisfeitas todas as condições abaixo discriminadas:

a) Seja transtorno mental ou neuromental;


b) Seja grave persistente;

53
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c) Seja refratária aos meios habituais de tratamento;
d) Provoque alteração completa ou considerável da personalidade;
e) Comprometa gravemente os juízos de valor e realidade, com destruição da
autodeterminação e do pragmatismo;
f) Torne o paciente total e permanentemente inválido para qualquer trabalho;

São considerados meios habituais de tratamento:

a) Psicoterapia;
b) Psicofarmacoterapia;
c) Terapêutica biológica (eletroconvulsoterapia, insulinoterapia, etc.).

Não é considerado meio de tratamento a utilização de psicofármacos em fase de experiência


laboratorial.

16.2 QUADROS CLÍNICOS QUE CURSAM COM ALIENAÇÃO MENTAL

As seguintes situações, satisfeitos os itens “d”, “e” e “f” das condições discriminadas acima, cursam
necessariamente com alienação mental:

a) Demência;
b) Psicoses esquizofrênicas;
c) Transtorno delirante persistente;
d) Retardo mental profundo ou grave.

São excepcionalmente considerados casos de alienação mental:

a) Transtorno de personalidade e do comportamento devido à doença, lesão ou disfunção


cerebral e que satisfizer às três condições a seguir: seja grave, cronificado e resistente ao
tratamento;
b) Retardo mental moderado e que satisfizer às três condições a seguir: atraso acentuado no
desenvolvimento na infância, mínimo grau de independência quanto aos cuidados pessoais
e mínimo grau de comunicação social e habilidade acadêmica;
c) Transtorno afetivo bipolar grave com sintomas psicóticos ou transtorno depressivo
recorrente grave com sintomas psicóticos e que satisfizerem às duas condições a seguir:
sejam cronificados e resistentes ao tratamento;
d) Transtornos mentais e comportamentais devido ao uso de substância psicoativa e que
satisfizerem às três condições a seguir: presença de sintomas psicóticos, comprometimento
grave e irreversível de personalidade e refratariedade ao tratamento;
e) Casos graves de epilepsia e que satisfizerem a uma das condições a seguir: predominância
de sintomas de demenciação, resistência terapêutica ou elevada frequência de surtos
psicóticos;

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54
f) Autismo infantil ou atípico;
g) Síndrome de Rett.

16.3 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência todos os casos de transtorno mental grave que
estejam cursando com alienação mental, conforme critérios mencionados acima.

OBSERVAÇÕES

Ao aplicar o enquadramento de isenção de carência, o perito deverá registrar o diagnóstico do


transtorno mental de base e acrescentar, entre parênteses, a expressão transtorno mental grave,
cursando com alienação mental.

Exemplo: Periciado isento de carência por transtorno afetivo bipolar grave com sintomas psicóticos,
cursando com alienação mental (transtorno mental grave, cursando com alienação mental).

ATENÇÃO
A alienação mental não deve ser confundida com os quadros de reações psíquicas isoladas,
intercorrências psicorreativas e distúrbios orgânicos subjacentes, dos quais sejam simples
epifenômenos;

NÃO serão isentas de carência as seguintes condições:

a) Síndrome amnésica orgânica;


b) Transtornos mentais agudos e transitórios (estados confusionais reversíveis);
c) Transtornos relacionados ao estresse e somatoformes (reação de ajustamento, reação ao
estresse);
d) Transtornos neuróticos (mesmo os mais graves);
e) Transtornos mentais decorrentes do uso de substâncias psicoativas (álcool e outras
drogas) nas formas leves e moderadas;
f) Transtornos da personalidade e do comportamento do adulto, exceto os devidos a
doença, lesão ou disfunção cerebral e que satisfizerem as condições apresentadas neste
manual;
g) Retardo mental leve;
h) Delirium;
i) Transtornos dos hábitos e dos impulsos, de preferência sexual ou associados ao
desenvolvimento sexual e à sua orientação;

55
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17 TUBERCULOSE ATIVA

17.1 CONCEITUAÇÃO

A tuberculose pode ser causada por qualquer uma das sete espécies que integram o complexo
Mycobacterium tuberculosis: M. tuberculosis, M. bovis, M. africanum, M. canetti, M. microti, M.
pinnipedi e M. caprae.
Em saúde pública, a espécie mais importante é a M. tuberculosis, conhecida também como bacilo
de Koch (BK) e, desse modo, a tuberculose é frequentemente conceituada como “uma doença
infectocontagiosa causada pelo Mycobacterium Tuberculosis ou bacilo de Koch, de evolução aguda
ou crônica, de notificação compulsória”.
Tuberculose ativa ocorre quando o indivíduo apresenta:

• Grande suspeita clínica e radiológica, podendo ter um diagnóstico presuntivo baseado em


dados clínico-epidemiológicos após outros tratamentos antimicrobianos sem resultado;
OU
• Tuberculose comprovada laboratorialmente (baciloscopia e/ou cultura).

APRESENTAÇÕES CLÍNICAS

Período compreendido entre a introdução do bacilo no organismo e o


INFECÇÃO LATENTE
aparecimento da tuberculose doença (esse indivíduo não apresenta
PELO M. TUBERCULOSIS
nenhum sintoma e não transmite a doença)
Período em que ocorrem as manifestações clínicas da doença após a
TUBERCULOSE PRIMÁRIA
infecção
TUBERCULOSE PÓS- Recrudescimento de algum foco existente no organismo (reativação
PRIMÁRIA OU endógena) ou exposição a nova carga bacilífera (reinfecção exógena),
SECUNDARIA tempos depois da primoinfecção

QUADRO CLÍNICO

Os sintomas clássicos são:


a) Tosse persistente seca ou produtiva;
TUBERCULOSE
b) Febre vespertina;
PULMONAR
c) Sudorese noturna; e
d) Emagrecimento.
TUBERCULOSE
TUBERCULOSE PLEURAL: cursa com dor torácica tipo pleurítica;
EXTRAPULMONAR

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EMPIEMA PLEURAL TUBERCULOSO: consequência da ruptura de uma
cavidade tuberculosa para o espaço pleural, ocorrendo, muitas vezes, um
pneumotórax secundário à fístula broncopleural;
TUBERCULOSE GANGLIONAR PERIFÉRICA: cursa com aumento
subagudo, indolor e assimétrico das cadeias ganglionares cervicais anterior
e posterior, além da supraclavicular;
TUBERCULOSE MENINGOENCEFÁLICA: cursa com cefaleia holocraniana
com acometimento de pares cranianos;
TUBERCULOSE PERICÁRDICA: apresenta dor torácica, tosse seca e
dispneia;
TUBERCULOSE ÓSSEA: atinge mais a coluna vertebral e as articulações
coxofemoral e do joelho apresentando-se com a tríade dor lombar, dor à
palpação local e sudorese noturna.

DIAGNÓSTICO

A baciloscopia de escarro deve ser realizada em duas amostras: uma por


ocasião do primeiro contato com a pessoa que tosse e outra,
independentemente do resultado da primeira, no dia seguinte, com a coleta
BACTERIOLÓGICO
do material sendo feita preferencialmente ao despertar.
A baciloscopia de outros materiais biológicos também está indicada na
suspeição clínica de tuberculose extrapulmonar.
A cultura é um método de elevada especificidade e sensibilidade no
diagnóstico da tuberculose. Nos casos pulmonares com baciloscopia
CULTURA PARA negativa, a cultura do escarro pode aumentar em até 30% o diagnóstico
MICOBACTÉRIA bacteriológico da doença. O resultado da cultura confirma o diagnóstico de
micobacteriose, sendo necessária a identificação de espécie para
caracterizar se é um caso de tuberculose ou outra micobactéria.
1) RADIOGRAFIA DE TÓRAX
a) Podem ser observados vários padrões radiológicos sugestivos de
atividade da doença, como cavidades, nódulos, consolidações,
massas, processo intersticial (miliar), derrame pleural e
alargamento de mediastino;
b) O padrão clássico da tuberculose pós-primária é a cavidade, única
ou múltipla, em média com cerca de 2 cm de diâmetro, localizada
preferencialmente nos segmentos apicais e dorsais. Após a cura,
EXAMES DE IMAGEM essas lesões tornam-se fibróticas, eventualmente calcificadas,
associadas com distorção da arquitetura parenquimatosa,
bronquiectasias de tração, desvio das estruturas mediastinais e
tuberculomas;
2) TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA DE TÓRAX
a) É mais sensível para demonstrar alterações anatômicas dos
órgãos ou tecidos comprometidos e é indicada na suspeita de
tuberculose pulmonar quando a radiografia inicial é normal, bem
como para diagnóstico diferencial;

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b) As principais alterações sugestivas de tuberculose ativa na
tomografia computadorizada de tórax são: cavidades de paredes
espessas, nódulos, consolidações, espessamento de paredes
brônquicas, aspecto de “árvore em brotamento”, massas e
bronquiectasias.

17.2 CRITÉRIOS TÉCNICOS DE ENQUADRAMENTO

A Perícia Médica Federal isentará de carência todos os casos de tuberculose ativa.

ATENÇÃO
NÃO serão isentas de carência as seguintes condições:

a) Indivíduos com infecção latente pelo M. tuberculosis;


b) Indivíduos com sequelas de tuberculose.

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