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-OLEGADO DE ROMA $ Iluminando a idade das trevas, 400-1000 21 O ENGAIOLAMENTO DO CAMPESINADO, 800-1000! 859. Os dinamarqueses assolaram as terras além do rio Schelde. Parte do povo comum (vulgus], que vivia entre o rio Sena 0 Loire, formava entre si uma associagao juramentada [coniura- tio] ¢ lutou corajosamente contra os dinamarqueses junto a0 Sena. Contudo, como a sua associacao tinha sido feita sem a devida consideragao [incaute], eles foram facilmente dizima- dos pelos nossos poderosos.? Assim, os Anais de Saint-Bertin contam o destino da tinica resis- téncia popular aos vikings durante o perfodo carolingio. Certamente, essa breve narrativa deixa muita coisa sem explicag4o. O que incaute realmente significa? Pode-se pensar que uma associagao juramentada era vista, em si Mesma, como um ato sedicioso? Carlos Magno tinha proibido as conin- Yationes, afinal de contas, seus juramentos supunham uma poten- Elst eSiad ies ores Reet CIR Reese Principal problema ou nio, 0 fato ¢ que os camponeses que lutaram em grave por causa da forma como a sociedade franca havia se desenvolvido dicionalmente, os camponeses livres podiam inado de Carlos Magno, encontramos di Ieis sobre esse tipo de servigo no exército, ¢ essa capacidade militar, ainda no tiltimo meio século. Tra servir em exércitos régios; até 0 que raramente fosse exercida, era uma das marcas da liberdade, junto como dircito de participar nas assembleias piblicas, especialmente nos tribunais de justica. No entanto, por volta dos anos 850, apesar do perigo militar que os vikings representavam, os exércitos eram cada vez mais aristocré- ticos, e o servico militar, lentamente, passou a ser considerado como um privilégio distinto, como vimos no capitulo anterior. Os campesinos da regiao do Sena-Loire podem ter pensado que estavam seguindo os passos de seus avés, congregando-se para a defesa militar em um momento em que cram realmente necessarios. Entretanto, para esse momento, os aris- tocratas de Carlos, o Calvo, consideraram inadequada a disposicao militar dos camponeses. O fato de os campesinos terem feito isso de forma autd- noma, sem qualquer convocagio oficial, sé piorou a situagao. Por isso, eles morreram. Mas, se os camponeses livres jé nao prestavam o servico militar, em que consistia sua liberdade? Eles eram muito menos titeis para os reis,¢ estes ficariam muito menos preocupados se outras ameagas a sua liberdade viessem a ocorrer. Isso foi um desenvolvimento geral dos séculos IX eX no Ocidente: os camponeses foram, lenta ¢ constantemente, excluidos da cesfera publica e, em termos mais gerais, cada vez mais claramente subme- tidos a aristocratas ¢ igrejas, os grandes proprietarios privados de terras. A maneira como isso aconteceu, ¢ em que grau, foi algo que ‘0s lugares da Europa Ocidental. Podemos evocar aqui distintas. Em primeiro lugar, em pela primeira (© engaiolamento do campesinado, 800-1000 algumas partes da Europa (principalmente na Franga, mas também em grande parte da Isla), essa exclusio, jd por volta do ano 1000, signif cou a sujei¢ao direta das comunidades campesinas ao controle judicial dos senhores locais, no ambito do senhorio banal. Esses foram desenvol- vimentos em grande parte independentes, mas todos eles, no entanto, apontaram paraa mesma dire¢ao. Em geral, 0 campesinato relativamente autonomo da Alta Idade Média, discutido no capitulo 8, perdeu cada vez mais sua autonomia durante os tiltimos dois séculos de nosso perlodo, Denominei esse processo de “engaiolamento” do campesinato: cada vez mais, a grande maioria camponesa da populagio da Europa Ocidental acabou dividida em unidades localizadas, sempre mais controladas pelos senhores locais. A palavra é uma tradugio aproximada do termo encellu- lement {“encelulamento”], de Robert Fossier,? literalmente, a divisao da sociedade segundo o modelo celular, que ele vé como o elemento-chave na mudanga da Alta Idade Média para a Idade Média Central. A forca dessa viltima imagem est mais intimamente ligada Aquela da “revolugao feudal” que é, em sentido estrito, apenas o quinto elemento (¢ 0 mais localizado) das minhas cinco mudangas. Mas, em geral, 0 campesinato estava, por todos os lados, sistematicamente mais restrito, mais engaio- lado, como resultado de todos os cinco processos. Devemos examinar cada um deles separadamente ¢, depois, dar um passo atras ¢ analisar também seus contextos ¢ suas consequéncias econémicas mais amplas. Como vimos no capitulo 19, os governantes, lentamente, torna- tam-se mais poderosos na maior parte da Europa nao carolingia, apés 0 ano 800. O outro lado dessa mudanga foi um crescimento geral do po- der aristocratico. No século VIII, aproximadamente, os aristocratas eram Patronos politicos de seus vizinhos camponeses livres — como na Escan- dindvia, na Irlanda ou na Bretanha ~ ou cobravam tributos de outros de- Pendentes, auténomos, na verdade — como na Inglaterra ¢, logo, em Rus ~:mais do que proprictérios de terra em larga escala que obtinham alu- legado de Roma: Huminando a idade das trevas, 400-1000 a, pois nossa documentagio apenas comesa no ¢ momento, certamente existia a ple- nao podemos ter certe final do século XI; porém, para na propriedade da terra entre os aristocratas (junto com uma sobrevi cia considerdvel do estrato de campesinos proprietarios). Noutras partes eon da “Europa exterior”, mudangas equivalent do nosso periodo, apesar de que, no final, elas se dariam em toda parte Essas transformagées a respeito da propriedade fundiaria aristocratica em grande escala estio deficientemente documentadas, em qualquer caso, € seu contexto (¢ seu efeito imediato sobre o campesinato) permanecers sombrio, Mas o resultado foi claro: 0 surgimento de um poderoso grupo de elite que teve, pela primeira vez, 0 direito de coagir aqueles grupos da maioria camponesa que eram seus dependentes imediatos. Esses direitos no cram maiores do que aqueles dos aristocratas da Francia merovingia ou da Ieilia lombarda, jé proprictarios de terra no século VI; demorou até 900 para que os senhores, na Inglaterra, ganhassem os poderes considerados normais nos reinos romano-germanicos, e até 1000-1050, na Dinamarca, para que 0 mesmo ocorresse aos senhores de ld. No entanto, os campesinos estavam perdendo terreno, mesmo assim, ¢ na Inglaterra ~ como vimos an- tes -, onde nio restava quase nenhum campesino proprietario no século XA, eles perderam mais terreno do que em qualquer outra parte da Europa. A expansao da propriedade de terras aristocraticas ¢ eclesiasticas na Europa carolingia est pouca coisa mais bem documentada. Certamen- te, um aspecto disso fica muito claro em nosso material, pois quando os deram terras as igrejas, os cartularios, que registravam suas m sistematicamente preservados. Para o século VIII ¢ comego arg ro ce ees desse tipo que discorrem sobre inia (centro e sul); temos também textos ea Leao do século X. Muitos des- © engaiolamento do campesinado, 800-1000 erata de doagoes “para. a alma’, ou paraas preces de cléigos profissionas cua eda, 38 vezesnvocam a“recompensado dom, reeeber ceneuplen céu"). Porém, 0 contexto sociopolitico dessa agao variava muito. As vezes, tais doagdes eram 0 que se poderia chamar de uma instituigao “neutra” como uma igreja local recém-fundada, que simplesmente representava um Jocal convenientemente préximo para um sacerdote proferir oragoes de intercessio, ou como um mosteiro com reputagao de grande espiricuali- dade, cujas oragGes poderiam ser mais eficazes por essa razao (Cluny era uum desses no inicio do século X). Os camponeses poderiam dar peque- nas porgoes de suas terras, ou um casal sem filhos doar a totalidade ou amaioria de suas propriedades, por razdes puramente espirituais nessas circunstancias.> Mas a instituicao também poderia ter muito poder em nivel local, quer porque estava associada a uma grande familia aristocré- tica ou a um bispo, ou simplesmente porque estava angariando riqueza e, portanto, poder, gracas as doagdes dos figis, como foi claramente 0 caso de Cluny durante o século X; nessas circunstancias, associar-se a ela por meio da propria generosidade também podia trazer beneficios politicos: o patrocinio neste mundo e no préximo. Enfim, as instituig6es mais ricas emais poderosas podiam se tornar grandes agentes, senhores de terra, pe- rante seus vizinhos, ¢, assim, qualquer doagao que recebessem dos fracos seria, decididamente, uma espada de dois gumes, e bem poderia conter uma enorme possibilidade de coersao. Nem todas as igrejas e mosteiros novos chegaram tio longe. E visivel a tendéncia a diminuigao ¢ ao término de doagdes, em muitas aldeias europeias, quando as instituigdes religiosas se tornaram local- mente poderosas e, portanto, menos “neutras’s por exemplo, podemos observar isso em muitas partes da Germania ¢ da Italia, no século IX, apés a primeira grande onda de dagies.Mas atcomuntades Poa © legado de Roma: Huminando a idade das trevas, 400° 106 ‘Tanto as igrejas quanto os aristoc ratas leigos aumentaram suas terras por meio de métodos mais diretos isto é, pela forga. Certamente, era improvs- vel que tal ato ficasseregistrado em documentos legais, mas ocasionalmente temos sinais disso nos registros dos tribunais. Em Milao, em 900, onze cam- poneses provenientes da aldeia de Cusago buscaram provar, nos tribunais, sua plena liberdade contra o conde de Milio, seu senhor, que lhes arrendara parte de suas terras;® este tiltimo reclamava que eles eram aldii — semilivres ~, mas eles contra-argumentavam que eram donos de suas préprias terras também, A posse de terras estava restrita aos livres, portanto, se iso fosse aceito, provariam que estavam certos; no entanto, se fracassassem, perderiam suas terras, assim como sua liberdade, em beneficio do conde. Nesse caso, de forma muito excepcional, os camponeses ganharam; mas outros casos imilares em que perderam demonstram que eles, Frequentemente, tinham certeza de que sua causa era justa. Eles também podem ter agido desse eito porque nutriam esperanga de obter o apoio régio. De fato, tanto Carlos Mag no quanto Luis, Piedoso, egislaram contra a expropriagio dos pobres,’ em 811, Carlos Magno relatou que os pobres lhe contavam que bispos, abades ¢ condes os estavam despojando de suas propriedades; quando os poderosos rio conseguiam obtertais propriedades, procuravam pretextos para enfa- {quecer seus proprietirios, inclusive os enviando a expediges militares inter- minayeis (um sinal de liberdade, embora, ’s vezes, muito oneroso) até que se rendiam eas vendiam. Mas, certamente, por mais compreensivo que um rei/ imperador pudesse ser, seus representantes judiciais, em nivel local, eram os bispos ¢ condes, que dificilmente engaiolamento do campesinado, 800-1000 Algumas vezes os campesinos opuseram resistencia era uma estratégia condenada ao fracasso, ja que os exérci pela forga." Isso tos aristocraticos eram muito mais poderosos; que eles tentassem,é sinal do quanto estavan, areas de monta- cem éreas onde aexplora- go coletiva de bosques e pastagens levava a comunidades camponesas mais fortes: eemos exemplos dos Alpes, dos Apeninos e dos Pireneus, O melhor desses exemplos ¢ aquele dos camponeses de Valle Trita, na parte mais ala dos Apeninos centrais, que, durante um século inteiro, 779-873, ¢ diane de nove diferentes audiéncias judiciais, resistiram 4s tentativas do mosteiro de San Vincenzo al Volturno de reivindicar suas terras ¢ declaré-los destituidos de liberdade; passaria mais um século antes que eles finalmente perdessem, A tinica grande revolea de camponeses, nesse periodo, foi a dos stellingas, na Saxénia, em 841-842; isso parece ter se estendido por toda a Saxénia, ou por sua maior parte. Mas essa foi uma situagdo extrema, pois a conquista carolingia havia deslocado uma sociedade e uma economia inteiramente campesinas, mais semelhantes as da Dinamarcado que as da Francia daquela época, e, em pouco mais de uma geragio, impés-se um poder aristocratico de estilo franco. Dessa forma, o campesinato saxao enfrentou uma nova sujeicao toralizadora, 0 que explica por que um grupo tio grande como esse pegou em armas. No entanto, eles também foram derrotados. Deixando de lado a retérica régia, o século carolingio foi um momento ruim para a autonomia ‘campesina, o tempo em que, na Francia ¢ na Italia, o impulso em diregao a dominagio aristocritica generalizada tornou-se inevitavel pela primeira vez. A situagao dos camponeses dependentes — ou seja, dos arrends- tarios - tornou-se mais severa nesse mesmo periodo. O século posterior 4750 foi testemunha da continua On PATPICU ACER Nara GC. a, desesperados. Essa resisténcia tendia a ser muito comum em nha, mais distantes dos centros do poder politico, © legado de Roma: Iluminando a idade das trevas, 42° osenhor, ¢ as propriedades arr terras arrendadas destin produgao ia inteira e diretamente para dadas ao campesinato. Parte da produgao das va-se a pagar o arrendamento; o restante eFa conserva arrendataria, masculina e feminina (pois o arrendamento era pago, as vyezes, na forma de tecidos, quase sempre produzidos por mulheres), para garantir a propria subsisténcia. Isso nao era algo novo; a novidade residia ha propria reserva jé que ela era cultivada, sobretudo, pelo trabalho for gado da populagao arrendataria que prestava se trés dias na semana em alguns casos - como parte de se © tamanho dessas reservas variava muito; alguns dos principais moste- ontavam com reservas enormes € com muito do pela mao de obra rvigo compulsorio ~ até uy arrendamento. ros franco-setentrionais ¢ servigo compulsério; ao leste parte da Itdlia, eram tanto pequenas de trabalho proporcionalmente baixas, tl por ano. No entanto, em quase todos 0s casos, as re caram uma intensificacao do trabalho, pois tais padrées raramente sto documentados, nas terras francas, antes da década de 740. Essa mudanga também foi suficientemente visivel para chamar a atengio dos reis; em 800, quando Carlos Magno estava no territério de Le Mans, os campo- neses das terras régias e eclesisticas quiseram obter dele uma regra para a quantidade de serviso compuls6rio que deveriam prestar, uma vez que isso variava muito na regio, aleancando uma semana inteira em alguns casos, Ele definiu que uma familia arrendatéria, em um quarto de factus (cermo que designa o arrendamento), com seus préprios animais, nao de- veria prestar mais do que um dia de servigo por semana (ou dois dias, caso _ndo usasse os animais), € menos, se tivesse menos terra. Isso soa generoso, amos quanto do Reno elas eram menores e, em grande como fragmentadas, com obrigagdes vez apenas duas a trés semanas servas senhoriais mar- © engaiolamento paiolamento do campesinado, 800-1000 750-800, em particular, como veremos a Seguir, tornam problem: porém, de qualquer forma, a documens propriedades carolingias faz frequente dai tico um argumento como esse; tagao das réncia a0 transporte de produ- as discancias, tendo como destino n tos, as vezes em long io apenas os cen- eros monisticos, mas também os mercados ¢ portos. Em geral, o sistema ‘io. do comércio. Mas, para a populacio das propriedades bipartidas, representava ainda um peso maior de exploracao, © que demonstra que também os arrendatérios, nao 3 os s proprictarios, sentiam os efeitos do poder das elites agrarias, ‘Temos uma quantidade excepcionalmente grande de informagées sobre as propriedades bipartidas do periodo carolingio — particularmente asdos mosteiros -, muito mais do que sobre o funcionamento interno das herdades europeias em qualquer outro periodo antes do século XIL. Isso se deve ao fato de que 0 século IX é 0 grande perfodo dos estudos de pro- bipartido estava fortemente ligado & expans campones priedades, conhecidos como polipticos, que, com frequéncia, eram muito detalhados. Um dos primeiros polipticos de que temos conhecimento ~ proveniente do mosteiro de Saint-Germain-des-Prés, regido suburbana de Paris, da década de 820 ou um pouco antes!! ~ enumera todos os membros de cada uma das familias arrendatarias (com uma pequena lacuna no re- gistro das filhas), o status legal tanto do marido quanto da esposa, 0 tama- ho de seu mansus (a propriedade arrendada), com os campos de cereal, 0s vinhedos € os prados contabilizados separadamente, ¢ todas as rendas € 0s servicos que deviam, o que poderia ser muito complexo, pois cee tecelagem, transporte, corte de arvores, confecgao de cestos, construgao € trabalho de ferraria. Conservaram-se mais de duas ditzias de textos seme- Ihantes ao longo do século seguinte (os tiltimos mais importantes iis os de Priim, perto de Trier, em 893, ¢ de S. Giulia, em Brescia, por te do ano 900). A espécie de informagao que temos sobre ener tipica de tais levantamentos de dados; talvez ae le 6s nomes das criangas camponesas, Mas as vezes sabemos suas concedidas aos trabalhadores do O legado de Roma: lluminando a idade das trevas, 400-1000 nao livres a se casarem com mulheres livres, garantindo, assim, a liberdade de seus filhos (Saint-Germain, entre outros), ou a relativa regularidade dos arrendamentos ¢ do servigo compulsério ~ que poderia ser intensa, o que indicava forte direcao central, ou bem mais diversa, indicando negociagao ad hoc ow a persisténcia dos costumes locais. O interesse por esse tipo de detalhes, durante muito tempo, impediu que os historiadores compreen- dessem que tais propriedades nao eram tipicas em seu grau de organizacao (cf. capitulo 8). Nao apenas estavam limitadas geograficamente, mas também eram, provavelmente, um indicativo sobre- nem em seu tamanho nem tudo de propriedade de terras por parte da Igreja ¢ talvez do poder régio também; pode-se observar que os senhores laicos desenvolveram dominios, mas é improvével que fossem tao organizados como esse, em especial por. que as propriedades laicas eram divididas entre os herdeiros ¢ mudavam de maos muito mais frequentemente. Mesmo assim, 0 mundo dos polip- ticos era uma realidade do século IX, e provavelmente a mais produtiva. ‘Tampouco os mosteiros selimitaram a descrever os levantamentos de bens iméveis; temos um manual sobre gerenciamento de terras deixado pelo aba- de Adalardo de Corbie, primo de Carlos Magno, datado de 822, ¢ incluso um mapa de um mosteito ideal, oriundo de St. Gallen, com a indicagao de todas as oficinas, desenhado em torno de 825-830." O aparecimento de tal gama de documentos fundiarios, a partir dos primeiros anos do século IX, poderia dar a impressao de que estes ja faziam parte do programa politico carolingio, e, de fato, eles faziam: 0 primeiro deles, o Brevium Exempla," de c. 800, contém levantamentos de cinco dominios régios, incluindo Annappes, ¢ enumera todos os utensilios, -cereais € animais que ali se encontravam, e também de uma aldeia do mos- _ teirode es cabou. com comentarios tais como: © do mesmo. mado, | © engaiolamento do campesinado, 600-1000 zer um adequado registro (na verdade, de fo conseguia um poliptico tipico) “servissem inteiramente as noss rma mais detalhada do que Para assegurar que as propriedades gis as necessidades e nao is de outros homens” etambsém exorta os adminiseradores fundiios (iis) m exort aexercer ajustiga ¢ gatantir que “nossa forga de trabalho [familia] trabalhe bem nes ane obrigacées en ‘0 v4 desperdigando o tempo nos mercados”. Deste modo, misturamse a preocupasio por um modo de vida moral, que permeis toda a legslagio carolingia, ea preocupagio pelo luc adequado, Essa inquictagao propagou-se desde o rei até os. grandes mosteiros carolingios eperdurou tanto quanto os préprios carolingios. A corte de Carlos Mag- ho, com certeza, nao inventou a agricultura bipartida, mas apenas o seu registro; os dominios bipartidos estavam se desenvolvendo por motivos bastante diferentes. Porém, o programa carolingio providenciou um im- pulso adicional rumo a sistematizacio e a0 controle. No século X, os polipticos deixaram de ser esctitos, mas os do- minios bipartidos de forma alguma desapareceram. Em algumas dreas, estenderam-se geograficamente; na Inglaterra, eles so encontrados por volta do ano 900, como indica o estudo de Hurstborne Priors (cf capieulo 18), que demonstra que tanto a terra dominial quanto 0 rigoroso controle das propriedades haviam criado raizes ali. Na Itélia, o sistema manorial, de ato, perdeu terreno apos 9005! as referéncias ao trabalho forgado cai- ram nitidamente durante o século X, ¢ existiu uma tendéncia geral de se cobrar o arrendamento em dinheiro muito antes que isso acontecesse na Europa Setentrional, com dominios cada yez mais divididos em tenén- cias" [tenures]. No entanto, isso ainda demonstra uma administracao de Propriedades direcionada ao comércio; ocorre que a compra ea venda do Produto agricola eram realizadas pelos arrendatirios ¢ nao pelos senho- Fes; esse era um processo mais facil na Italia do que mais ao norte, pois 5 cidades cram maiores ¢, (© legado de Roma: Iluminando a idade das trevas, 400-1000 0 servigo forgado continuaram a ser uma parte normal das relagdes entre © senhor ¢ os arrendatarios até 0 século XII (na Inglaterra, até o XLV). Para esse momento, frequentemente, esse tipo de uso da terra tornara-se uma pratica rotineira, como um instrumento de controle mais do que uma intensificagao do rendimento agrario, porém sempre era possivel procurar maiores rendimentos se surgisse uma oportunidade, como aconteceu na Inglaterra do século XIII. Como acontecia antes de 800, 0 arrendatarios de grandes pro- priedades eram muito diversos socialmente. Em todas as propriedades havia tanto dependentes livres quanto nao livres" e, as vezes, também semilivres, com um conjunto intermediario de direitos. Nas regides da Europa com uma tradigao de escrita verndcula, como na Inglaterra e na Alemanha, achamos, inclusive, mais estratos sociais, cada um com um nome vernéculo distinto, que prestavam uma variedade de servigos ligei- ramente diferentes entre eles. Todos, ou quase todos, os estratos deviam prestar servico de trabalho forgado, mas a carga mais pesada nos domi- nios, em geral, recafa sobre os nao livres; o status legal estava, entio, amar: rado a sujeigao econdmica. Mesmo assim, a tendéncia era que esse status se tornasse menos importante. Nas propriedades de Saint-Germain que tinham o tamanho de uma aldeia, onde todo mundo era arrendatario, 0 matriménio entre livres ¢ nao livres era comum, como acabamos de ver, ¢ € possivel imaginar que a privacao da liberdade acabaria por se extin- guir. Em certo nivel, os senhores ja nao precisavam da falta de liberdade, uma vez que a maioria dos camponeses jd era composta de arrendatarios; as proximas transformacoes que discutiremos — isto é, a exclusio dos li- yres do mundo publico ¢ o desenvolvimento do senhorio banal — tam- bém reduziram os privilégios da liberdade, 0 que facilitou que os senho- u jogo ures ae ee Muito lentamente, 0 © engaiolamento do campesinado, 800-1000 pritica, da nao liberdade legal da Alta Idade Média — -se a mesma palavra com que, no latim clissico, se de servus, Nesse momento, no entanto, o grau de submi de ato, empregava- signava o “esctavo", sn omer ssao das tenéncias de sujeigéo econémica a um senhor era muito mais importante do que a tradicional divisao entre livres e nao livres, As outras duas rendéncias que reduziram a autonomia do campe- sinato europeu, no periodo 800-1000, jé foram discutidas (cf capitulos 18 ¢ 21) e precisam de menos detalhes aqui. Os camponeses foram cada vez mais excluidos do exército, na Europa carolingia, como ja vimos. O pro- cesso nao estava completo; nao aconteceu na Inglaterra, nem na Saxdnia, onde todas as maos eram necessdrias para as guerras eslavas no século X. No entanto, em todas as partes, para o ano 1000 ~ ¢, inclusive, antes -, 0 proprio status aristocratico passava a estar associado a ser miles, e as clien- telas aristocraticas tornaram-se as tnicas forcas de combate. As assem- bleias publicas também perderam sua importancia, em partes da Europa do século X, particularmente na Francia Ocidental; elas continuaram até ofinal do século XI na Itélia, mas também ali terminaram abruptamente. Foi sobretudo na Inglaterra que as tradigdes mais antigas de assembleias piblicas com poderes juridicos, que se estendiam a todos os homens li- vres, continuaram sem interrup¢ao. Essa foi uma das principais razdes pelas quais a divisio entre livres e nao livres manteve-se forte também ali; de fato, em 1200, aproximadamente, havia na Inglaterra uma proporgao bastante mais ampla de populacio legalmente nao livre do que em qual- quer uma das terras pés-carolingias. Em outros lugares, porém, 0 mundo publico estava cada vez mais vetado ao campesinato que, como resultado, ficava mais € mais sujeito aos senhores. Isso, ento, caminhou na diregio do senhorio banal em partes da Francia Ocidental/ Franca da Iedlia, em dreas onde o estado Deore ticamente todas as Forgas ¢ os senhores privados assumiram quase " controle. Os senhores desses dominios reivindicavam “ sive sobre seus vzinhos que fossem proprietérios lives, cso Ves _territério senhorial, especialmente se s¢ tat atte © legado de Roma: Huminando a idade day trevas, 490 1008 iniciado no periodo carolingio. O tipo de controle que os senhores passa é demonstrado claramen: ram ater, mesmo sem direitos senhoriais oficiais, te pelo processo de incastellamento do centro da Italia, em particular das terr sem torno de Roma." Nese proceso, durante os séculos X e XI, os senhores deslocaram seus dependentes livres, muitas vezes pela Forga, de seus assentamentos anteriores para aldeias situadas nos topos das colinas, as vezes em novos locais, enquanto reorganizayam scus tenéncias [tenn res] e seus arrendamentos. Isso foi mais dificil no norte da Iedlia, onde a ava mais fragmentada; ali, 0 zcastellamento apenas stelos como sinal de poder ¢ status politico, ao terra dos senhores es significou a fundagio de c como na Europa Seten- Jado ou acima de vilarejos ¢ aldeias preexistente: trional. No centro da peninsula, no entanto, os senhores frequentemente tinham blocos maiores de terra ¢, como resultado, eram mais poderosos. Os camponeses dentro dos novo stavam muito mais longe do mundo piiblico, embora o senhorio banal nao tenha se desenvolvido completamente nessas regides até bem entrado o século XI. Porém, com os novos senhorios das décadas iniciais do ano 1000, 0 campesinato caiu na armadilha, j4 que, desde entao, esteve submetido legalmente aos senhores, com diferentes graus de severidade, em todos os seus assuntos, Isso con- tinuaria até o século XII (e dai em diante), quando os poderes senhoriais foram picados de ambos os lados, isto é, pelos campesinos que estabelece- ram conjuntos de direitos acordados com seus senhores, chamados fran- quias (“liberdades”), em paises de linguas romanicas, ¢ pelos governantes, ‘reis ou condes na Franga, ¢ em cidades na Italia, que estavam interessados em ampliar a competéncia da justiga publica novamente. Mas, para esse rento, era um mundo Disa muito diferente. pencilieruasiosrerelan copy astelo: © engaiolamento do campesinado, 800-1000 em alguns casos, fossem provenientes de familias emergentes e militariza- das da mesma comunidade, antigos proprietatios de aldeia de nivel médio ou, inclusive, antigos camponeses ricos (cf. capitulo 20) nao melhorou a sieuagio; tais familias detinham um conhecimento local que facliava 2 dominagio ¢, muitas vezes, também mantinham vineulos hierirquicos capilares com seus vizinhos ou antigos vizinhos, sob a forma de patrono e cliente, assim como senhores proprietirios ¢ arrendatarios. As aldeias e co- munidades locais, em geral, ficaram mais atravessadas por vinculos sociais verticais. Como vimos no capitulo 8, as proprias aldeias tornaram-se mais cuidadosamente estruturadas: muitas vezes eram maiotes, outras vezes mais nucleadas. Apés 800, aproximadamente, cada vez mais dispunham de uma igreja (0 sacerdote era outro eixo das relages de patrocinio) e, no ano 1000, svezesé podiam ter um castelo.” Se olharmos o registro arqueolégico das aldeias, também veremos frequentemente, a partir do século IX, 0 lento desenvolvimento de sinais de distingao e poder, tais como os centros das propriedades, talvez amuralhados, como em Montarrenti, na Toscana (cf. capitulo 9); esses eram, as vezes, os ancestrais diretos das fortificacdes dos séculos X ¢ XI. Porém, castelos, torres ¢ coisas semelhantes supdem uma hierarquia muito mais formalizada. Essas hierarquias ¢ novas estruturas teforgaram o processo de engaiolamento do campesinato, na medida em que tiraram a flexibilidade que podiamos ver nas fontes da primeira fase da Alta Idade Média. A partir de agora, os camponeses “sabiam qual era 0 seu lugar”; eles tinham menos poder de negociagao. Essas sio generalizagdes muito amplas; houve nuangas regionais de ( legado de Roma: Huminando a idade das trevas, 490-1000 desse modelo. As aldeias da Reninia, ao redor de Mainz, eram locais onde abundayam propriedades aristocriticas (incluindo monasticas € régias), pois a regio era uma das principais “paisagens régias” do mundo carolingio; mas havia também muitos proprictarios camponeses, organizados em gru- pos de testemunhas pitblicas que, em grande medida, se mantinham fora das redes aristocraticas. As aldeias menores ao redor de Milao ou Lucca, na Itélia, no século IX," demonstram mais vinculos de patrocinio entre camponeses e grandes proprietérios (tanto laicos quanto eclesiésticos), mas também uma flexibilidade consideravel de agdo para os intermedidrios de nivel aldedo: todos, ou. a maioria deles, deviam ter patronos na cidade, mas havia muita diversidade de possibilidades, pois todas as pessoas poderosas tinham uma base na cidade. Nas montanhas, longe das cidades, os cam- poneses podiam desenvolver estratégias diferentes. Um exemplo disso éa regio em torno de Rankweil, no Alto Vale do Reno (nos Alpes, acima do Lago de Constanga), onde — gracas a uma colegio de documentos da dé- cada de 820 - vemos que seus habitantes desenvolveram cautelosamente uma relagéo de patrocinio baseada na tetra, com o scultaizus Folewin, um funciondrio local. Provavelmente, Folewin era um forasteiro levado para 14 como parte da ampliagao da autoridade piblica carolingia nos Alpes, mas parece que ele teria sido absorvido pela sociedade local mais do que a modificado desde o exterior. Outro exemplo provém do lado adridtico dos Apeninos Centrais, na Itdlia, nas terras ao redor do mosteiro de Casauria (nao distante do Valle Trita), fundado pelo imperador Luis II, em 873. Os documentos de uma aldeia chamada Vico Teatino, que datam de 840-880, mostram, entre outros, um préspero proprietério médio chamado Karol, a aie ania ota areas seem -se mais débil no século seguinte. tos de Cluny que elucidam, com consideravel d ideias 20 redor do mosteiro, de fato, nos mostr eg mosteiro; mas, em outros, uma estrutura mais hierarquica estava come- gando a aparecer. A familia de Arleus, filho de Ingelelm (m. apés 1002), era formada por proprietarios médios, semelhante a de Karol, baseada em um conjunto de aldeias ao norte do mosteiro;” na Gltima metade do ns aldedes, em certos locais, operavam estra- s do tipo que acabamos de ver, apenas com ocasionais doagdes 20 século X, eles cederam 20 mosteiro a maior parte da terra que detinham em uma dessas aldcias, Flagy, no intuito de desenvolver uma relagao de patronato com Cluny, 20 mesmo tempo que mantiveram terras em ou- tras aldeias, tais como Merzé. Mas Arleus também tinha relacées mais formais; Josseran de Uxelles era seu senior (senhor). O senhorio banal (la seigneurie banale] estava chegando ¢, ademais de restringir os direitos legais daqueles que lhe estavam sujeitos, traria também relacées pessoais de senhorio. Os herdeiros de Arleus escapariam disso ¢ acabariam como milites ¢ pequenos senhores, em Merzé, no lado aristocratico da linha diviséria. No entanto, 0 mesmo nao aconteceu com seus vizinhos, com muitos dos quais ele ¢ sua familia também tinham realizado transagoes ou agido como testemunhas em seu favor. Os documentos de Farfa, na Itdlia Central, mostram padrées and- logos. Farfa tinha fundado 0 castelo vizinho (isto é, uma aldeia fortificada) deSalisano, entre 953 ¢ 961, como parte do processo de incastellamento, _ €amaioria dos habitantes locais parec (0 legado de Roma; Iluminando a idade das trevas, 490-1000 perficie; Azo, filho de Andrea, um proprictario local, arrendou 0 proprio castelo, em 961, ¢ seus rivais (ou talvez herdeiros), a familia Gualafossa, acabaram por se converter, no século seguinte, em pequenos senhores de castelo, dependentes do mosteiro ¢ ativos em sua clicntela, com status mi- litar ¢ também controlando um castelo subsidiario que Farfa nao logrou completamente controlar, até 1093. O senhorio banal nao comegou aqui até a década de 1010, mas jé vemos uma hierarquia local cada vez. mais fir- me, com contornos militares, uma geragao antes, ou talvez mais. Esses dois tiltimos exemplos sao de areas préximas a poderosos mosteiros, e, portanto, até certo ponto, poderia nao parecer surpreen- dente que o imaginirio do senhorio se impusesse com forga. Mas tam- bém foi o caso da maior parte dos exemplos carolingios e, mesmo assim, co senhorio era menos sdlido. Além disso, como ja se enfatizou, havia, naquele momento, bem menos partes da Europa onde ainda existiam propriedades de terras nao aristocraticas. Se as aldeias parisienses sujeitas a Saint Germain-des-Prés pareciam atipicas, em sua submissao, em 820, certamente elas nao continuariam a sé-lo 150 anos depois. Flagy, Merzé ¢ Salisano demonstram os primérdios do processo de engaiolamento do campesinato; mas, em aldeias inteiramente controladas pelos senhores, a situagao ja era totalizante ¢ ainda se tornaria mais na medida em que ali chegaram os direitos senhoriais. Essas nao foram as tinicas mudangas socioeconémicas dos séculos XX, na Europa Ocidental. Esse foi um periodo de expansao econémica constante, no sentido mais lato do termo ~ no que diz respeito & popu- lagao, a produgao agricola, & atividade artesanal e ao comércio. Pode-se © engaiolamento do campesinado, 800-1000 des normais em muitos lugares, no século XII. As raizes des. ecem ter comegado no -se prop escimento Pp. Periodo carolingio, pois muitas zistradas, por exemplo, no poliptico de Saint-Germain ja des, eas listas de criangas, nesse em outros polipticos, perm- cemmnos calcular que jé estavam aumentando, mesmo que lentamence, # nos polipticos ¢ outros documentos ja apareciam divididos, de 2 mais frequente, pelo menos em dois, o que também re. presenta ~ naguele momento, assim como posteriormente - um indica- dor aproximado do crescimento populacional. Por que esse crescimento comegou ¢ exatamente quando comeou sao coisas que ainda nao esto totalmente claras, mas a lenta expanséo demogréfica, que aumenton de yelocidade apos aproximadamente 950, sustenta os tiltimos dois séculos cobertos por este livro. Uma consequéncia do aumento demogrifico era, obviamente, a necessidade de haver comida suficiente para uma populagao crescente. A demografia alto-medieval era reduzida em niimero; os cerca de dois milhdes de pessoas calculados para a Inglaterra do Domesday Book (em comparaco com os 60 milhées de hoje) podiam ser alimentados com bastante facilidade, mesmo com os métodos agricolas disponiveis naquele momento, assim como podia fazé-lo parte da crescente populagao depois disso, simplemente utilizando, tao intensamente quanto possivel, todo 0 ©spaco agricola disponivel. As presses para o cultivo intensivo nem sempre ram irresistiveis, inclusive nesse momento; apenas bem no final do nosso Petiodo, de fato, os europeus setentrionais comegaram a adotar amplamen- Ve sec Ideias das aldeias r am Os m. forma cada 0 legado de Roma: Iluminando a idade das trevas, 400-1000 utilizados para obter madeira ¢ talhadia, pe lo menos eram considerados um recurso para a subsisténcia do campesinato € a caga aristocratica ou régia. De fato, os bosques constitufam muitas vezes parte das proprieda- des campesinas, e seu uso (para pastoreio, colheita de frutas da floresta e, claro, lenha) compunha o leque de estratégias habituais da economia cam- pesina, Se a pressio demogrifica se intensificava, esses bosques seriam os primeiros a desaparecer, abatidos e substituidos por campos de cereais, 0 que produziria mais calorias, embora também uma dieta menos variada. Esse arroteamento em pequena escala, que abre espaco para o plantio, esta documentado mais extensamente no século IX do que antes; talvez isso se deva ao fato de termos evidéncias documentais mais abundantes, mas ajusca-se bem aos sinais de crescimento demogrifico no periodo carolingio. Mesmo assim, o princ{pio da abertura de clarciras - a decisao de limpar 0s bosques e também os pantanos, em grande escala — nao se verifica em nenhum lugar antes de, aproximadamente, 950, e, em muitos casos, acon- teceu ainda mais tarde. A pressio demografica s6 se intensificou, realmente, bem no final do nosso periodo, depois do lento inicio carolingio. O grande periodo de arroteamento, que mudou a face da Europa Central e Oriental, em particular, é posterior data final que este livro aborda. Vale a pena acrescentar que, uma vez que os camponeses se com- prometiam de verdade com o arroteamento de terras, eles conseguiam desbravar mais rapido do que aumentavam em ntimero, ao menos durante um tempo, o que fazia crescer seus recursos, pelo menos em cereais. Isso era particularmente verdadeiro nas margens agricolas, nas Areas de monta- nha ou na margem das grandes zonas florestais da Alemanha, onde havia '— frequentemente, os senhores proprietarios ofere- parccipar te ptospero por algumas décadas. As ¢ avas ofereceram grandes descober tay: Ferramentas e tigclay de madeita ( © INStLUMENtOS Musicais), tecidos, patos, cerdmica impo sapatos, cerlaica importada © uma quantidade incomum de produtes em metal, incluindo armas e moedas: os bens import ados provavelmente foram pay a venda de porcos, eujos ossos predominavam entre ossadas animais do local, Nao podemos generalizar ap com as arti disso (embora muitos 0 tenham feito), mas temos de reconhecer que esse & um eonjunto de achados muito mais rico do que se poderia esperar da maioria dos st tios arqucolégicos rurais dos séculos passados, Uma das edificagdes pode ter sido aristocratica, mas nao as outras, Vemos ali o tipo de prosperidade que a expansio agraria podia tr r, no final do nosso periodo, ao menos por um certo tempo, até que os crescimentos demograficos aumentaram ealcanga ‘am-na novamente, ou até que os senhores ampliaram o nimero de arrendamentos ¢ obrigagées senhoriais. ‘A produgio artesanal eo comércio também estavam crescendo em outros lugares, ja desde o periodo carolingio.** Vimos, no capitulo 8, que, antes de 800, 0 intercambio acontecia em nivel local na maioria dos luga~ res, Nao foi tanto 0 caso no norte da Francia, onde hayia um movimento de bens perceptivel, ao longo dos vales de grandes rios, como o Reno ¢ 0 Sena, que, no século VILL, estava a altura de um conjunto de portos do mar do Norte. No entanto, a maior parte do comércio italiano dificilmente se estendia além dos territérios de cada cidade ¢, na Inglaterra, existiu muito pouco comércio além do nivel aldeao, Na Escandinavia ¢ nas tertas esla- vas ¢ celtas essa situagao era ainda mais extrema, com excegio dos itens de luxo que viajavam. até seus compradores da elite através do mar do Norte tio facilmente quanto na Francia O legado de Roma; Huminando a idade das trevas, 400, 1000 conjunto de novos ¢ menores centros urbanos também se desenvolveu, como aconteceu com o burgus que cresceu cm torno de Saint-Denis, imediatamente fora de Paris, ¢ a primeira atividade na rede de cidades flamengas ~ como Bruges, Ghent ¢ Saint Omer ~, que parece ter come gado a expandir-se no final do século IX. Quando Dorestad faliu no mesmo periodo, surgiram novos centros na desembocadura do Reno para substitu-lo, notadamente Tiel, onde as escavagées mostram um enorme desenvolvimento no século X. Assim mesmo, as evidéncias es- eritas sobre os mercados através de todo o norte da Francia aumentaram ¢,no século X, também se estenderam muito além da Francia Oriental, como demonstram intimeras concess6es de direitos de mercado realiza- das pelos otonianos. A producio de ferro é cada vez mais visivel na ar- queologia, ea de cerimica, sempre o indicador que melhor assinala a es- cala dos sistemas econémicos, continuou a se desenvolver: aos fornos de Badorf e Pingsdorf, perto de Col6nia, somaram-se produtos principais camplamente distribuidos, provenientes de, por exemplo, Andenne (no vale do Meuse) ¢ Beauvais (ao norte de Paris). Os produtos de Badorf/ Pingsdorf também sio achados nos centros comerciais da Escandinavia, como Ribe ¢ Hedeby (onde, no entanto, eles podem ter sido vistos como luxuosos). Para esse momento, podemos até mesmo tragar rotas terres tres de comércio que ligavam as grandes bacias hidrograficas, cravejadas de vici e burgi que funcionavam como mercados; essas rotas podem ser rastreadas a partir das distribuigdes de moedas e do vinho da Borgonha de Paris que, provavelmente, era intercambiado pela la do - O engaiolamento do igaiolamento do campesinado, 800-1000 Fass snais de atvidade tinham equivalents em outeosugares, nas em menor excensio, Na Inglaterra, a produgio em larga escala eo rymércio interno comegaram no século X ¢ foram acompanhados por “ero desenvolvimento urbano, particularmente em York. Na Alemanha Meridional, Regensburg (junto ao Danibio) era claramente um ativo ‘enero urbano ¢ mercantil, no século X, que se expandiu além de suas snuralhas romanas ¢ teve comerciantes ricos o suficiente para comprar ‘erras. Um documento de 905, aproximadamente, que lista os pedgios pagosem Raffelsttten (as margens do Danibio, perto de Line), mostra émios e talvez até os mercadores do Rus utiliza- yam o rio para comerciar com os bavaros. Aqui, no entanto, 0s produtos fistados estavam dominados pelo sal, que havia sido vendido na regiao de salzburgo, desde a Idade do Ferro ¢, inclusive, antes; escravos ¢ cavalos do lugar. Nao ha referencia de produtos artesanais, do comércio a granel. O Dantibio ainda nao ‘omercial. que os morivios, 0s bo ocupavam o segun um dos principais sinais se equiparava ao Reno, 20 Meuse ou ao Sena como uma rota “Também contamos com alguns paralelos na Ilia. Uma vez que arte do Ocidente Latino mais proxima das importantes re- des comerciais do Mediterraneo Meridional ¢ Oriental iskamicos, foram surgindo em torno da peninsula, cada vez mais, ativas rotas maritimas de longa distancia; Veneza se desenvolveu rapidamente como um entreposto, aps o final do século VIII, particularmente com 0 comércio de escravos enviados as regioes Arabes, que se alimentava das guerras carolingias-escla- venas.6 Em 829, seu duque Justiniano faz referéncia, em seu testamento, aos seus “solidi empregados” em navios que ainda tinham que retornar 2 primeira referéncia na histéria medieval 20 capital mercantil. No século X, Veneza era uma poténcia maritima merciais nao apenas com 0s reis imperador Basilio IT, que, em teoria, €F4 0 a Itélia era ap larmente, os crescen- >, Algumas delas eram pontos de udo Pavia ¢ Cremona. Mas = tudo, para seus territérios Jes do norte da Itilia até entio tinham pouca conexio nos do que as cidades do sul da peninsula tinham com no século XII, a produgio ¢ o comércio da planicie do Amalfie Xapol Pé edo norte da Toscana, complexos ¢ vibrantes, sio pouco visiveis antes do ano 1000, ou 950 no maximo. Tudo o que podemos dizer é que a rede urbana italiana estava localizada 4 margem dessa decolagem econémica, entre 100 ¢ 150 anos depois do que se dew na Francia. No século VIII, Veneza e Amalfi jd tinham antecessoras, nos portos do mar do Norte ~ Dorestad, Quentovie, Londres, Ipswich, Sou- thampton, York, Ribe -, que se estendiam pelo Baltico até Birka, coma fandagio de Hedeby, em torno de 800.28 Os vikings utilizaram as rotas comerciais com a Escandinavia para suas incursdes e seus assaltos a Do- restad e outras cidades costeiras francas, assim como a muitos centros no interior da Francia Ocidental, causando danos consideraveis no final do século IX. Mas, como vimos no capitulo 19, a atividade viking teve estreitos vinculos com a mercantil; de fato, era com bastante frequéncia que os invasores tomavam bens simplesmente para vendé-los em outros lugares. No século X, 0 comércio do mar do Norte se recuperou rapi- damente (se, de fato, alguma vez tinha diminuido, tomando-o em seu ‘conjunto), ¢ a presenca de comunidades escandinavas pelo norte inteiro, ase inca genta cat out Novgorod < icra © engaiolamente do cam npesinade, 800-1000 gos vinhos francés © renano, madeira noruegues ealesine ae alema e peixe seco ur que precisasse d asse desses prc ino ano 1000, esse tipo de comércio a geanel er she {Jo norte da Norucga par “uma caracteristica do ierraneo am consolidado clos mais estreitos ¢ orgiinicos entre as regides mugulmanas: al-Andalus, Tunh : al-Andalus, Tunisia, Sicilia, Egito, o Levante (cf. capitulo 14), De fato, no ano 1000, 0 M diterr’inco tinha mais potencial para o crescimento no comércio inter. Mediterrinco iskamico; no séeulo X, ja se havi “regional a granel do que o mar do Norte, eno século seguinte, iria se s, medida que a Ted a fosse se inserindo nele mais plenamente, assim como as outras regides. Na regiao do mar do Norte, expandir ainda ind em contrapartida, esse mundo comercial era uma caracteristica da Idade Média Central, nao de antes, ¢ quase nem era visivel no ano 1000, exceto talvez nas Flandres. Mas, no final das contas, 0 mar do Norte acabaria por se equiparar ao Mediterrinco, ¢ suas raizes jazem na rede comercial de objetos de luxo da Alta Idade Média. As vias maritimas ¢ as estradas do século XII nao eram tao diferentes daquelas dos séculos VIII, IXeX. Nestas paginas, enfatizeia erescente atividade mereantil do perio- do 800-1000, mas nao devemos exagerar sua importincia, Em particular, nao devemos sublinhar demais o significado das rotas de longa distancia. dem ser encontrados na Constanti- assinala nenhum vinculo sistémico Venezianos, suecos € renanos, todos po nopla do século X, 0 que, contudo, nao entre a Itélia, a Suécia/Rus ¢ a Alemanha, por um Jado, ¢ BizAncio, por outro, Isso apenas marca a rede de Tuxo que trazia riqueza a um punhado decomerciantes afortunados, auma cidade importante (Veneza) © nee. poucas. Poder-se-ia olhar para 0 comércio de longa distancia dos i navos do século X, desde Dublin até Rus, ¢ supor que isso pe aatividade econdshica era tio grandena Hecancinsus dial come- ou no Egito, cujos comerciantes, no mesmo sando ase deslocar para pony A economia rc — © legasto de Roma: Haminanido a dade das trevas, 100-1000 de econdmica, 0 “desenvolvimento”, dependia acima de tudo disso. Se nos concentrarmos na atividade econdmica interna das principais regides da Europa Ocidental, antes do ano 1000, apenas 0 norte da Francia ea Rena- nicos, apesar de que um comércio interno mais nia parecem realmente dit complexo se estendia amplamente, de forma constante, como demonstram as concessdes mercantis de Otao I na Francia Oriental, a ceramica de tor no da Anglia Oriental ou a luta prolongada entre os cidadaos de Cremo- na e seu bispo acerca dos pedagios fluviais do Pé (essa tiltimo continuow pelo menos por 200 anos, ¢. 850- 1050).”? No entanto, o comércio interno precisaria se enraizar corretamente em outras regides, além da zona do Loire-Reno, para que pudesse ser possivel ter um comércio a granel entre essas dreas, nao apenas um comércio de objetos de luxo. Isso estava & beira de acontecer na Europa Ocidental no ano 1000. Havia, portanto, certa vitalidade comercial na Europa Ocidental, no final do nosso periodo, que, porém, nao pode ser considerada uma de- colagem, Isso também se encaixa no aumento constante ~ mas ainda no rapido — da populacéo e do desmatamento; os séculosXIe XI mostram | uma atividade tao maior que se arrisca a pensar nao ter havido nenhuma antes do ano 1000, 0 que tornariaa interpretagao tao enganosa quanto seria | otimista aquela que se baseasse nas rotas internacionais, No entanto, o que explicaa atividade mercantil que se pode ver nos séculos IX eX? No capi- tulo 8, afirmei que o motor do comércio, antes de 800, era, grosso modo, a | riqueza ¢ o poder aquisitivo da aristocracia; quanto mais ricas as clites eram, mais capazes se tornavam de sustentar redes de producio ¢ distribuigao ee arme ele: As 800, e ainda mais depois de 950, aproximadamente, © engaiolamento do campesinado, 800-1000 aumentou de forma constante (as vezes, como no caso da Inglaterra, rapi- também cresceu, séculos IX ¢ X,¢ continuaria aser assim por maisalguns séculos, pois nao foi até muito mais tarde na Idade damente). Desa forma, 0 poder aquisitivo aristocratico Foi isso 0 que alimentou a expansao do comércio nos Média que o comércio capilar, em qualquer lugar, contou com respaldo suficiente do campesino para atngir a autonomia. A perda de autonomia do campesinato ¢ o aumento da complexidade do comércio foram, portanto, dois lados de uma mesma moeda. Os historiadores tendem a gostar da complexidade comercial e, para descrevé-la, utilizam palavras carregadas de valor, tais como prosperidadc, desenvolvimento ¢ (como eu fiz) dinamismo. Mas a complexidade tem custos,¢ 0 custo nesse periodo foi um movimento decisivo para restringir a autonomia (e as vezes, de fato, a prosperidade) de cerca de 80% a 90% da populacio. Notas Nenhum livro isoladamente cobre todos os temas deste capitulo. As duas clissicas pesquisas de G. Duby, The Early Growth of the European Economy (London, 1974), ¢ Rural Economy and Country Lifein the Medieval West (London, 1968), sio as mais pr6- ximas de uma visio geral em lingua inglesa, Para o século IX, The Carolingian Economy (Cambridge, 2002), de A. Verhulst, é uma obra basica. Também existem alguns guias nos capitulos socioeconémicos da NCMH, vols, 2-3. Em francés, os dois recentes livros de J.P. Devroey, Economie rurale et société dans l'Europe frangue (VE-IX'siécles) (Paris, 2003) e Puissants et misérables (Bruxelas, 2006), ¢ R. Fossier, Enfance delEurope, X-XIF siécles (Paris, 1982), juntos oferecem uma importante ¢ variada descri¢ao regional, embora difiram muito substancialmente (no que eles diferem, eu fico com Devroey); Fossier ai 0 legado de Roma: Iluminando a idade das trevas, 490°1000 fanaresi (Roma, 1955-1960), vol. 1, n. 110; ‘isos analisados por J. L. Nelson, in: W. Davies & Medieval Europe (Cambridge, I placiti del “Regnum Italiae’, ed 112; cf, mais adiante alguns dos c P.Fouracre (ed.), The Settlement of Disputes in Early 1986), pp. 45-64 Para legislagio, ef Capinuaria, vo. 1, n. 44,6. 15.1. 73,6. 2:3 (eitagao) ete trad. P King, Charlemagne (Kendal, 1987) pp. 250: 264)scf-E, Miller Mertens, Karlder Grosse, Ludvig der Fromme und die Freien (Berlin, 1963), pp. 100-101 para uma listagem. C. Wickham, Framing the Early Middle Ages (Oxford, 2005), pp. 570-588, Duby, Verhulst ¢ Devrocy, citados acima, falam todos sobre o sistema bipartido ¢ oferecem extensa bibliografia, Para maior intensificagao, cf. Wickham, Framing, pp. 287-301. Sobre Le Mans, ef. Capitularia, vol. 1, n. 31 P. Toubert, L’Europe dans sa premiére croissance (Paris, 2004), pp. 27-115; 145-217; J.-P. Devroey, Etudes sur le grand domaine carolingien (Aldershot, 1993), especial- mente o estudo XIV. Aeedigio mais recente é: Das Polyptichon von St-Germain-des-Prés,ed. D. Hgermann, (Colonia, 1993). L. Levillain, “Les Statuts d’Adalhard”, Le Moyen age, 4 (1900), pp. 333-386; St. Gallen: W. Horn & E. Born, The Plan of St Gall (Berkeley, 1979). Brevium Exempla e Capitulare de Villis; cf. Capitularia, vol. 1, n. 128, 32 (citagdes dec. 1,54; trad. H.R. LoyneJ. Percival, The Reign of Charlemagne (London, 1975), pp- 98-105; 64-73, ligeiramente modificadas). Toubere, L'Europe, pp. 170-178; B. Andreoli & M. Montanari, Liszienda curtense in Italia (Bologna, 1983), pp. 201-213. Onde o sistema nao perdeu terreno, ver, por exemplo, Duby, Rural Economy, pp- 197-212. ‘Ver, por exemplo, Duby, Rural Economy, pp. 186-196; W. Davies, in: M. L. Bush (cd.), Serfdom and Slavery (Harlow, 1996), pp.225-246; paraa Itdlia, F. Panero, Servi ce rustici (Vercelli, 1990), pp. 37-55. Sobre as complexidades da servidio na Franga apés 0 ano 1000, cf. P. Fouracre, Transactions of the Royal Historical Society, 6* set., + C.Wickham,l/pr 2 Verhulst, Carol Viking Age, 2. ed. (Leicester, 1995). * Sobre Cremona, f. G. © engaiolamento do campesinado, 800-1000 vblema dell’ mcastellamento nell alia centrale Fitenze, 1985), pp. 62-64, desenvolvida ecorrigida in: A. Sennis, "Cennistorici", 9 (1992). pp. 456-461 Archeologia medievale, 19 (1992). pp. 456-46 M, Zerner-Chardavoine, “Enfants et jeunes au IX¢ sidcle”, (1981), pp. 355-381, para Marselha:u em Devrocy, Economie rurale, pp. 65- ne, Provence historique, 31 1a abordagem mais geral pode ser encontrada ‘5; Fossier, Enfance, pp. 88-107, an Economy, pp. 61-64, Duby, Rural Economy, pp. 88-122, De- rile, pp. 108-129, Fossier, Enfance, pp. 152-187; 654-656. Duby ¢ Fossir sio mais pessimistas no que diz respeito economia carolingia do que os escritores posteriores; uma historiografia mais recente revisa o aumento de forma substancial: entre outras coisas, os rendimentos de campos de cereais, a disponibi- lidade de ferro ¢ a densidade dos moinhos carolingios, vroey, Economie rur Sobre Charavines, ef. M. Colardelle & E. Verdel, Les Habitats du lac de Paladru (Isére) et leur environnement (Paris, 1993). Ver, sobretudo, O. Bruand, Voyageurs et marchandises aux temps carolingiens (Bru- xelas, 2002). Sobre cidades, P. Johanek, NCMH, vol. 3, pp. 64-94; A. Vethulse, The Rise of Cities in North-west Europe (Cambridge, 1999), pp. 44-100; ¢ H. Sarfatij, “Tiel in Succession to Dorestad’, in: H. Sarfatij et al. (ed.), In Discussion with the Past (Zwolle, 1999), pp. 267-278. Sobre Raffelsterten, cf. Capitularia, vol. 2, n. 253 (nota McCormick, Origins, p. 556, sobre a cautela com respeito ao Rus). Sobre Veneza, cf. McCormick, Origins, pp. 254-260; 523-531; 761-777; 0 testamento de 829 esta parcialmente traduzido em R. S. Lopez & I. W. Raymond, Medieval Trade in the Mediterranean World (New York, 1955), pp. 39-41. Sobre Amalfi ¢ as demais, ef. B. Kreutz, Before the Normans (Philadelphia, 1991), especialmente p. 75-93; P. Skinner, Family Power in Southern Italy 1995), pp. 247-281. Sobre o mar do Norte, cf, por exemplo, H. Clarke & B. Ambrosiani, Towns in the au

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