You are on page 1of 35
O DESENVOLVIMENTO HuMANO: Un REEFERENCIAL PARA PROFESSORES Capitulo Parte 1 O desenvolvimento cognitivo e a linguagem Panorama ! 0 Que Vocé Faria? 36 UMA DEFINICAO DE DESENVOLVIMENTO 36 Principios Gerais do Desenvolvimento | © Cérebro @ 0 Desenvolvimento Cognitive ATEORIA DE PIAGET DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO 38 As Influéncias sobre 0 Desenvolvimento | ‘As Tendéncias Basicas do Pensamento | Os Quatro Estgios do Desenvolvimento Cognitivo AS IMPLICAGOES DA TEORIA DE PIAGET PARA OS PROFESSORES 48 Entendendo o Pensamento dos Alunos | ‘Adequando Estratégias a Habilidades | Construindo o Conhecimento | Aigumas Limitagdes da Teoria de Piaget APERSPECTIVA SOCIOCULTURAL DE VYGOTSKY 52 Q Papel da Linguagem e da Fala Individual | Q Papel dos Adultos e dos Pares AS IMPLICAGOES DA TEORIA DE VYGOTSKY PARA OS PROFESSORES 55 ‘A Aprendizagem Assistida | A Zona de Desenvolvimento Proximal (© DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM 57 Como Aprendemos a Linguagem? | Os Estégios do Processo de Aquisigao da Linguagem | © Desenvolvimento da Linguagem nos Anos Escolares LINGUAGEM, ALFABETIZAGAO E ENSINO 62 (Os Professores ¢ a Alfabetizagao | A Parceria com as Familias Resumo | Termos-Chave | Verifique Sua Compreensao | Arquivo dos Professores: O Que Eles Fariam? Priseper wn momento sobre como voeéexpicariao conceito de simbolo para uma crianca de seis anos de idade e para um adolescente de 14. Vooé usaria palavras? Figuras? Exen. los especificos? De que ipo? O que voeé sabe sobre como as criancas menores e mais velhas diferem quanto ao seu pensamento? © material deste capitulo vai ajudé- lo a responder essas perguntas e muitas ‘outras sobre como as pessoas jovens pen- ‘sam e como seu pensamento muda com 0 tempo. Tais mudancas no pensamento e no entendimento sio chamadas de desenvol- vimento cognitivo. Neste capitulo, comegamos com uma iscussio dos principios gerais do desen- volvimento humano ¢ um breve exame do érebro humano, Depois, examinamos as {déias de dois dos mais influentes teéricos do desenvolvimento cognitivo, Jean Piaget © Lev Vygotsky, As idéias de Piaget tém implicagdes para os professores em termos «do que seus alunos podem aprender e quan- do eles esto prontos para isso, Também ‘vamos examinarcriticas importantes a suas idéias trabalho de Lev Vygotsky, um psi- logo russo, esti se tomando cada vez mais influente, Sua teoria enfatiza 0 papel im- portante que pais e professores tém no de- senvolvimento cognitivo da crianga, Por lltimo, vamos exploraro desenvolvimento da linguagem e discutir 0 papel da escola no desenvolvimento e enriquecimento das, habilidades de linguagem, Ao terminar este capftulo, vocé devera ser capaz de: Citar trés prineipios gerais do desenvolvimento humano e dat exemplos de cada um deles, Explicar como 0 pensamento das criangas difere em cada um dos quatro estigios do desen- volvimento de Piaget. Resumir as impticagbes da teoria de Piaget para o ensino com alunos de diferentes idades, Contrastar as idéias de Piaget e Vygotsky em relagio a0 desenvolvimento cognitivo Citar as implicagdes da teoria de Vygotsky pare o ensino com alunos de qualquer idade, Descrever resumidamente os estigios do desenvolvimento da linguagem, Sugerir maneiras como um professor pode ajudar as criangas a expandirem seu uso ¢ sua ccompreensio da linguagem, Psicovosia ox Eoucagio 35 O Que Vocé Faria? ARQUIVO DOS PROFESSORES Desenvolvimento Mudangas ordenadas adaputivas que sofremos ente a con- ‘cxpeto © & mone. Desenvolvimento Fisieo Madangas na cstraturaen9 fancionamento do coro ‘0 longo do tempo. Desenvolvimento Pessoal Mudangas de personlidade & medida que um indivi du ereser Desenve imento Social Mudangas no ‘modo como nos 8 relacionamos com ‘08 outtos 0 longo do tempo, Desenvolvimento Cogntvy Mudangas graduais ordenadas por meio das ais ‘0 processos mentas se toram mais compexose sofisticndos © curriculo de seu municipio apresenta uma unidade sobre a poesia, incluindo Tigdes sobre 0 simbolismo nos poemas. Vocé teme que muitos de seus alunos de 5* série possam no estar ‘prontos para compreender esse conceito abstrato. Para fazer um teste, vocé pergunta a alguns alunos o que & un simbolo. “£ tipo uma coisa de metal bem grande que voeé bate uma na outra’ como se tocasse um tambor. 2” acrescenta Sam, “A minha inmi toca isso na banda do colégio”. ‘Vocé pereebe que esté no eaminho errado, ¢tenta novamente. “Eu estava pensando em um tipo diferente de simbolo, como uma alianga como simbolo de casamento, ou um coragdo como simbolo do amor, ou.” les olham fixamente para voeé, sem entender nada. ‘Trevor arrisca, “Voe8 quer dizer como a tocha olimpica?” “E 0 que ela simboliza, Trevor?”, vocé pergunta. “Bu jt disse, a tocha.” Trevor se pergunta como seu professor pode ser to burro Tracy agita as mos (0 que as reagGes dessas criangas the dizem sobre seu pensemento? Como vocé abordaria essa unidade? (© que mas fara para “escutar” o pensamento de seus alunos de modo a adequar seu ensino ao nivel de pensamento deles? © Como daria a seus alunos experigncias concretas com o simbolismo? Como voce vai decidir se 0s alunos esto ou no prontos para esse material? igao de Desenvolvimento 0 termo desenvolvimento, em seu sentido psicoldgico mais amplo, refere-se a certas mudangas ue ocorrem nos seres humanos (ou animais) entre a concepedo ea morte, O termo ni se aplica a todas as mudangas, mas, sim, iquelas que aparecem de maneira ordenada e que se mantém por “um periodo de tempo razoavelmente longo. Uma mudanga temporéria caissada por uma doenga, por exemplo, nao & considerada parte do desenvolvimento, Os psicblogos também fazem um julgamento de valor ao determinar quais mudangas podem ser qualificadas como desenvolvi- ‘mento, Pressupde-se que as mudangas, pelo menos aquelas que ocorrem cedo na vida, sejam para melhor ¢ resultem em comportamentos mais adaptativos, organizados, eficazes e comple- os (Mussen, Conger & Kagan, 1984). ‘0 desenvolvimento humano pode ser dividido em uma série de aspectos diferentes. 0 desenvolvimento fisico, como vocé pode adivinhar, trata das mudangas do corpo. O desenvol- vimento pessoal € 0 termo geralmente usado para as mudangas na personalidad de um indivi- duo, O desenvolvimento social refere-se as mudancas no modo como um individuo se relacions com os outros. E 0 desenvolvimento cognitivo refere-se is mudangas no pensament. Muitas mudangas durante o desenvolvimento sao simples questdes de crescimento ¢ matu- ragio, A maturago refere-se as mudangas que ocorrem natural e espontaneamente e que sio, ‘em grande parte, geneticamente programadas. Tais mudangas emergem com o tempo eso rela ‘tivamente imunes ds influéncias do ambiente, exceto em casos de desnutrigao ou doengas gr ves, Muito do desenvolvimento fisico de uma pessoa encaixa-se nessa categoria, Outras mudan- «as sio causadas pela aprendizagem, 3 medida que os individuos interagem com seus ambientes. Essas mudangas representam uma grande parte do desenvolvimento social de uma pessoa. Mas «quanto ao desenvolvimento do pensamento e da personalidade? A maioria dos psicdlogos concorda que, nessas reas, tanto a maturago como a interagio com o ambiente (ou a natureza ¢ a criagio, como clas sio por vezes denominadas) sto importantes, mas discordam quanto a énfa- se que dio a cada uma. 4 N. de RCT, As eriangas esto confundindo simbolo com *ibalo™ instrumento musical também eonhecido por rates” 36 Anima E. Woouroux ‘Maturagio Mudanyas geneticamente programadas que acoatecem naturl- renie a0 longo do tempo, Movimento ¢ " ‘Sensagao cvordenagao corporal Sensani Cortex visual FIGURA 2.1 Uma Perspectiva do Cortex Corebral Esta 6 uma representacéo simples Go lado esquordo do eérebro huma: 0, mosirando 0 cértex cerebral. O brtexé ividido om diterenteséroas ‘24 fos, cada um cam uma vari ade de regioes com fungSes dite: ‘ontes.Algumas das principals fun- {580s estdoincicadas aqui Principios Gerais do Desenvolvimento -Embora haja discordancias quanto ao que esté envolvido no desenvolvimento e como ele acon- tece, existem alguns principios gerais que quase todos 0s tedricos adotam. 1. As pessoas se desenvolvem em ritmas diferentes. Em sua propria sala de aula, voce vai ter toda uma gama de exemplos de diferentes ritmos evolutives. Alguns alunos vao ser maiores, ‘mais bem coordenados ou mais maduros em seu pensamento e relagdes sociais. Outros vio ‘demorar muito mais para amadurecer nessas éreas. Exceto em raros casos de desenvolvimen- to muito répido ou muito lento, tas diferencas so normais e devem ser esperadas em qual- quer grande grupo de alunos. 2. O desenvolvimento é relativamente ordenado. As pessoas desenvolvem certas habilidades antes de outras. Os bebls sentam-se antes de caminhar, balbuciam antes de falar € véem 0 ‘mundo pelos seus préprios olhos antes de poderem comecar a imaginar como outros o vem ‘Na escola, eles vio dominar a soma antes da élgebra, Bambi antes de Shakespeare, e assim por diante. Os teéricos podem discordar quanto a exatamente o que vem antes, mas todos Darecem encontrar uma progressio relativamente logic 3. Odesenvolvimento acontece de forma gradual. Raramente as mudangas aparecem da noite para dia, Um aluno que iio consegue manipular um lépis ou responder uma pergunta hipotética pode desenvolver tas habilidades, mas essa mudanca provavelmente vai levar algum tempo. Cétebro e 0 Desenvolvimento Cognitivo Se vocé fe uma cadeira de introduc &psicologia,jé leu sobre a mente o sistema nervoso. Vocé provavelmente recorda, por exemplo, que existem diversas éreas diferentes no cérebro, ¢ que algu- mas dels estio envolvidas em fungdes partculares. Por exemplo, o cerebelo, com sua aparéncia frdgil, parece coordenar e orquestrar os movimentos habilidosos, suaves ~ dos gestos graciosos da bailarina ago cotidiana de comer sem enfiaro garfo no proprio nariz Otélamo esté envolvido em ‘nossa capacidade de aprender informagdes novas, particularmente se elas forem verbais, A formagio reticular desempenha um papel na atencao e na estimulagdo, bloqueando algumas mensagense envi- ‘ando outras para os centr superioes de processamento (Wood & Wood, 1993). A cobertura externa do cérebro, com um oitavo de polegada de espessura e aparéncia cennugada, &0 e6rtex cerebral ~a maior érea do c&rebro. O eértex cerebral responde por 85% do peso do cérebro € contém o maior nimero de células nervosas ~ as pequenas estruturas que armazenam ¢ transmitem informacdes, essa parte do cérebro permite as maiores realizagies hhumanas. Essa folha amarrotada de neurinios serve para trés propdsitos principais: receber si- nais dos Srgaos dos sentidos, como sinais visuais ou auditivos, controlar o movimento volunti- io ¢ formar associagdes. Nos humanos, essa drea do cérebro é muito maior do que nos animais inferiores. O cértex & a ihima parte do cérebro a se desenvolver, e, por isso, acredita-se que ele seja mais suscetivel as influéncias ambientais do que as demais dreas (Berk, 1996, 1997). As varias éreas do cérebro parecem ter fungdes diferentes, como mostra a Figura 2.1 Embora as éreas do cérebro sejam um tanto especializadas, clas devem trabalhar juntas. Por exemplo, muitas dreas do cortex sio nevessérias para processar a linguagem, Para responder uma pergunta, vocé deve primeiro ouvila. Isso envolve 0 cértex auditivo primrio. Movimentos controlados pelo cértex motor séo necessérios para articular sua resposta. A érea de Broca (perto «da rea que contra 0s libios, a mandibula e lingua) tem um papel no estabelccimento da forma gramaticalmente coreta de expressar uma idéia, e a érea de Wemicke (perto do cértex cerebral) & necessiria para conectaro sentido a cada palavra Ura pessoa com a rea de Broca integra, mas com a direa de Wemicke lesionada, vai dizer coisas sem sentido, mas com uma estrutura gramaticalmente corre, As lees limitadas & érea de Broca, por outro lado, esto associadas a frases curtas e sem esirutura gramatical, mas formadas com palavras adequadas (Anderson, 199Sa) Outro aspecto do funcionamento do cérebro que tem implicagdes para o desenvolvimento cognitivo éa lateralizagio, ou a especializacao dos dois hemisférios do eérebro, Sabemos que cada hemisfério controla o lado oposto do corpo. As lesbes no lado dircito do cérebro vio afetar os movimentos do lado esquerdo do compo, ¢ vice-versa. Além disso, certs dreas do cérebro afetam comportamentos especificos. Para a maioria de nés, o hemisfério esquerdo do eérebro & Psicovaaia oa Eoucacho 37 ‘0 principal fator no processamento da linguagem, enquanto hemisfério dreito lida com a maior ae parte das informagées visuoespaciais e das emocdes (infomagies nao-verbais). Para algumas Desenvolvimento pessoas canhotas, arelaclo pode ser inversa, mas @ maioria dos canhotos tém menos especializa- io hemisférica (Berk, 1996, 1997) 1 Diterencie desenvolvimento de Os psicélogos do desenvolvimento se interessam sobremaneira pelo momento de ocorrén mature, cia da lateralizacio, pois, antes de as especializagbes serem estabelecidas em dreas especificas ' Resuia ts principios de como ‘ desenvolvimento sconce 18 Dé um exemplo de como die do cérebro, este € muito adaptivel, ou plastica, Se uma érea é lesionada, outras podem assumir seu funcionamento, Portanto, quando criangas muito pequenas sofrem lesGes em uma parte do Dé um exemple de come Gi" | cérebro,outras partes podem assumir a tarefas geralmente realizadas pela rea lesionada ~ até Thum junasparaproduirs tin. | Um certo ponto. Parece que a lateralizagdo comega até mesmo antes do nascimento e continua sagem, ‘por muitos anos. Por iso, quanto menor for a crianga, mais ela serd capaz de se recuperar de Quesspecto do desevolvimen- | lesdes ou privagdes. to estéenvolvdo na compreen- siode Trevor do"simbolismo", na abertura deste capitulo? ‘A lateralizagao nio significa que um lado ou outro do eérebro tenha o controle total, de- pendendo da tarefa, Nas pessoas que tém cérebros normais ¢ intactos, ambos os hemisférios estdo envolvidos em todas as tarefas de aprendizagem, mesmo que um ou outro lado esteja mais ‘ou menos envolvido em um dado momento (Bjorklund, 1989). E possivel que os pesquisadores ‘veriham a relacionar certs problemas de aprendizagem a aspectos da especializagio hemistérica, ‘mas as evidéncias ainda no so conclusivas. Na verdade, algumas pesquisas preliminares indi- ‘cam que a relagio entre o funcionamento das porgées da frente ¢ de trés do cérebro pode ser to importante quanto o funcionamento esquerdo‘direito para a compreensio das deficiéncias de aprendizagem (Jordan & Goldsmith-Phillips, 1994), Na proxima década, provavelmente veremos pesquisas crescentes sobre 0 oérebro, 0 de- senvolvimento, 0 ensino ¢ a aprendizagem. Até recentemente, as implicagdes das pesquisas ce- rebrais nfo eram amplamente reconhecidas, mas estamos entrando em ume era em que isso pode ‘utdar profundamente. Por exemplo, em 1992 foi publicada uma edigdo especial do Educational Psychologist sobre “O Cérebro ea Educagao” Nela, havia artigos deserevendo pesquisas sobre variagBes no desenvolvimento de diferentes sistemas de funcionamento cerebral que podem afe- taro aprendizado da leiturae da escrita, assim como diversos modelos de aprendizagem ¢ ensino baseados em pesquisas sobre o cérebro, A mensagem de muitos autores deste volume ¢ de que © cérebro é um conjunto complexo de sistemas que tabalham em conjunto pars construiro enten- dimento, detectar padrdes,criarregras ¢ atribuir sentido as experiéncias, Esses sistemas mudam com 0 tempo ao longo de toda a vida, & medica que o individuo amadurece e aprende. ‘A primeira teoria do desenvolvimento cognitivo que vamos considerar foi desenvolvida por um bidlogo que se tornou psicélogo, Jean Piaget. A Teoria de Piaget do Desenvolvimento Cognitivo Durante o iiltimo meio século, o psicélogo suigo Jean Piaget desenvolveu um modelo para a descrigdo de como os humanos atribuem sentido ao seu mundo, reunindo e organizando informagdes (Piaget, 1954, 1963, 1970a, b). Vamos examinar as idéias de Piaget detalhadamente, porque elas coferecem uma explicaso do desenvolvimento do pensamento desde o bebé alto adulto. Segundo Piaget (1954), certas formas de pensamento que so bastante simples para um adulto nao so assim para uma crianga. As vezes, tudo o que vocé precisa fazer para ensinar um ‘novo conceito & dar a0 aluno alguns fatos basicos como pano de fundo. Outras vezes, no entanto, todos 05 fatos do mundo slo initeis. 0 aluno simplesmente ndo esta pronto para aprender 0 coneeito. Com alguns alunos, vocé pode discutir as causas gerais das guerras civis e entdo per- guntar por que eles acham que a guerra civil americana explodiu em 1861. Mas suponha que os alunos the respondam com a pergunta “Quando é 18617”. Obviamente os conceitos de tempo deles sio diferentes dos seus. Eles podem pensar, por exemplo, que algum dia vao alcangar um de seus irmios em idade, ou podem confundir passado e futuro. “Jean Piaget foi um psicdtogo suo RS Influéncias sobre o Desenvolvimento ‘uj ricasdesriges do pensamento ‘nf madaraso modo como conre- Como voc8 pode ver, 0 desenvolvimento cognitivo é muito mais do que a soma de novos fatos © cendemos 0 desenolvimento cognitive. idéias a um repertorio existente de informagdes. Segundo Piaget, nossos processos de penst- 38 Ana E, Wootroux Process de combina fomagies eexpericias em sistemas ou cateoras ments Adaptagio Ajustamento 0 ambiente, Esquemas Sistemas oucatgoriss men- ‘sis de percep e experince. Assimilagdo Encaiar novas informa ‘cs em esquema a existent. eae eee mento mudam de maneira radical, ainda que lentamente, desde 0 nascimento até a maturidade, Porque estamos constantemente lutando para atribuir sentido ao mundo. Como fazemos isso? Piaget identificou quatro fatores ~a maturagao biolbgica, a atividade, as experiéncias sociais ea equilibragio~ que interagem e influenciam as madangas no pensamento (Piaget, 1970a). Vantos ‘examinar rapidamente os trés primeitos fatores. Retomaremos ii discussio da equilibragio na sepdo seguinte. ‘Uma das influéncias mais importantes no modo como atribuiimos sentido a0 mundo & a ‘maturagao, o desdobramento das mudansas biol6gicas geneticamente programadas em cada ser hhumano na concepsao, Pais e professorestém pouco impacto sobre esse aspecto do desenvolvi- ‘mento cognitivo, exceto garantirem que a crianga tena a nutrigdo e os cuidados de que precisa para ser saudavel. A.atividade éoutrainfluéncia. Com a maturasio fisica, vem a capacidade crescente de agit sobre o ambiente e aprender com ele. Quando a coordenago de uma crianga pequena esti raz0a- vvelmente desenvolvida, por exemplo, cla pode descobrir prineipios sobre o equilibrio, fazendo experiéncias com uma gangorra, Assim, quando agimos sobre o ambiente - explorando, testan- do, observando e por fim organizando informagies ~ & provivel que alteremos nossos processos. de pensamento ao mesmo tempo. ‘A medida que nos desenvolvemos, também estamos interagindo com as pessoas a nossa volta, Segundo Piaget, nosso desenvolvimento cognitivo é influenciado pela transmissdo social, 04 0 aprendizado com os outros. Sem a transmissio social, precisariamos reinventar todo 0 conhecimento jé oferecido por nossa cultura. Aquilo que as pessoas podem aprender com @ transmissio social varia segundo seu estigio de desenvolvimento cognitivo. ‘A maturacio, a atividade e a transmissio social trabalham juntas para influenciar 0 desen- volvimento cognitivo, Como reagimos a tas influéncias? As Tendéncias Bésicas do Pensamento Como resultado de suas pesquisas em biologia, Piaget concluiu que todas as espécies herdam das tendéncias basicas, ou “fungGes invariantes”. A primeira dessas tendéncias ¢ a organiza ‘io ~a combinagio, ordenagdo, tecombinagdo e reordenagao de comportamtentos ¢ pensamen- ‘os em sistemas coerentes. A segunda fendéncia &a adaptagio, ou ajustamento ao ambiente Organizagao, As pessoas nascem com uma tendéncia x organizar seus processos de pensa- ‘mento em estrturaspsicoligicas, Tas estruturas so nossos sistemas para compreendere interagit com o mundo, Estrturas simples sio continuamente combinadas ¢ coondenadas para se toma- rom mais sofisticadas e, portanto, mais efiientes. Os bebés muito pequenos, por exemplo, po- sagem de um estigio aout, A fungio do professor éassoquar que o desenvolvimento ‘onto de cad etigio sea plenamente inte grado completo. (p. 117) Segundo Piaget, o desenvolvimento cognitivo baseia-se nas agdes e pensa- rmentos selecionados pelo proprio aluno, €e nfo na ago do professor. Se vooé ten- {ar ensinar a um aluno algo que ele no esti preparado para aprender, ele pode aprender a dar a resposta “correla”, mas isso no vai realmente afetar o modo como ele pensa sobre o problema, Por- tanto, para que gastar um longo tempo ensinando algo em um estigio quando 6s alunos vo aprender por si mesmos muito mais répida e plenamente em ou- tro estigio? Hoje, existe uma pressio sobre os pais professores de pré-escola para que criem “supercriangas”, que saibam ler, eserever e falar uma segunda lingua aos tnés anos de idade. David Elkind (1991) afirma que exigir demais das eriancas pode ser prejudicial. Elkind acredita que criangas de pré-escola que reeebem ins- trugo formal em matérias académicas ruitas vezes demonstram sinais de es- ‘esse, como dores de cabeca. Taiscrian- ‘gas podem se tornar dependentes da orientagio de adultos. 0 foco precoce nas respostas “certas” e “erradas” pode le- var & competiggo e& perda da auto-est- ‘ma, Elkind afirma: A eucapio equvocada das eriangas peque- as, to prevalente nos Estados Unidos ie jgoraasdiferencasaceitasebem-findaer™ {ads entre educago precoce ea educasio formal, Com educadores, ness primeira 6 reafirmar esta difetenga e insist sua importincia. (p31), 50 Anita E. Wootroux FOCO NA. Implicagbes da Teoria de Piaget 1 Como o professors podem ter nogio do tipo de pensamento (pré-operacional, conereto ou formal) que sews alunos usam resolver problems? 8 Oque to" problems da adequ- 0" deseo por Hunt? 18 O que aprendizagem ava? Por ‘qu a teria de Paget do desen- ‘wlvimento cognitive consisen- tecom gprendizagem atv? 18 Como voet ensinaria um con- cwito abstato para estudantes como Trevor (9.36)? teéricos piagetianas tentaram lidar com essas inconsisténcias, mas nem todos os psicélogos fo- ‘am convencidos por suas explicagdes (Siegler, 1991). Alguns psic6logos recorreram a pesquisas sobre 0 cérebro para dar suporte ao modelo Piagetiano dos estigios. Epstein observou mudancas na taxa de crescimento do peso cerebral e do tamanho do erdnio e mudangas na atividade elétrica do cérebro entre a inffincia ea adolescn- cia. Essas explosdes de crescimento ocorrem mais ou menos na mesma época que as transigBes, entre estigios descritas por Piaget (Epstein, 1978, 1980). As evidéncias de estudos com animais, indicam que os filhotes de macacos rhesus demonstram aumentos draméticos nas conexdes si npticas (nervosas) em todo 0 cértex cerebral quase ao mesmo tempo em que dominam os tipos de problemas sensbrio-motores descritos por Piaget (Berk, 1997). Isso pode se aplicar também ‘os bebés humano. AA transigao para os estigios cognitivos superiores nos humanos também pode estar relacionada a mudangas no cérebro, tais como a produgdo de conexdes sinépticas, adicionas, A Subestimagao das Habilidades das Criancas. Parece agora que Piaget subestimou as, habilidades cognitivas das eriangas, particularmente das mais jovens. Os problemas que ele pro- ppunha para as criangas pequenas podem ter sido dificeis demais, e suas instrucdes muito con sas. Seus sujeitos podem ter compreendido mais do que puderam demonstrar com estes proble- mas. Por exemplo, os trabalhos de Gelman ¢ seus colegas (Gelman, Meck & Merkin, 1986; Miller & Gelman, 1983) mostram que as criangas de pré-escola sabem muito mais sobre 0 con- ceito de nimero do que Piaget pensava, mesmo que és vezes cometam erros ou se confundam, Desde que trabalhem somente com trés ou quatro objetos de cada ver, elas sio capazes de dizer que o nimero permanece o mesmo ainda que os objetos sejam espalhados ou agrupados. Estudos recentes com bebés mostram que eles também so muito mais competentes do que pensava Piaget. Em vez de terem que aprender que os objetos so permanentes, eles podem simplesment ter que aprender como procurar por eles. Em outras palavras, podemos nascer com um repertirio maior de ferramentas cognitivas do que sugeriu Piaget, Alguns elementos bisicos, como a per- manéneia de objeto ou a nogo de nimero, podem fazer parte de nosso equipamento evolutivo, prontos para serem usados em nosso desenvolvimento cognitiv. ‘A teoria de Piaget no explica como até mesmo criangas pequenas podem desempenhar tarefas em nivel avangado em certas reas nas quais tem conhecimentos altamente desenvolvi- dos. Um especialistajogador de xadrez de nove anos pode pensar abstratamente sobre os movi- ‘mentos no tabuleiro, enquanto um jogador iniciante de 20 anos pode ter que recorrer a estraté sias mais concretas para planejar e recordar 0s movimentos (Siegler, 1991). Como observou John Flavell (1985), “a [erianga) perita parece muito, muito inteligente ~ muito ‘cognitivamente ‘madura’ ~ quando esta funcionando em sua drea de pericia” (p. $3). 0 Desenvolvimento Cognitivo e 0 Processamento de Informagii. Como vor’ vai ver no Capitulo 7, existem explicagdes alterativas para por que as criangas tm dificuldades com a cconservaglo e outras tarefas piagetianas. Tais explicagdes concentram-se nas habilidades de processamento de informagao e desenvolvimento da crianga. Siegler (1991) propde que, & medi da que as criangas erescem, elas desenvolvem regras cada vez melhores para resolver problemas e pensar logicamente. Os professores podem ajudar seus alunos a desenvolverem suas capacida- des de pensamento formal, colocando-os em situages que desafiem seu pensamento ¢ revelem as defivineias de sua logica. A abordagem de Siegler & denominada avaliacdo de regras, porque focaliza a compreensio ea mudanga das regras que os alunos usam para pensar. Essa abordagem. pressupBe que experiéncias especificas, o ensino e outras influéncias extemas tém um papel maior no desenvolvimento cognitivo das criangas, 0 Desenvolvimento Cognitivo e a Cultura. Uma iltima critica & teoria de Piaget & que ela negligencia os efeitos importantes do grupo socal e cultural da crianga. As criangas das culturas ocidentais podem dominar 0 pensamento cientifico ¢ as operacdes formas porque esse & 0 tipo de pensamento requerido nas escolas ocidentais (Artman & Cahan, 1993; Berk, 1996). Até mes- 'mo operagGes concretas basicas como a clasificagdo podem nao ser tdo basicas para pessoas de ‘outraseulturas, Por exemplo, quando sujeitos africanos do povo Kpelle foram solicitados a se~ parar 20 abjetos, eles criaram grupos que faziam sentido para eles —uma enxada com uma batata, uma faea com uma laranja. O experimentador no conseguiu fazer os Kpelle mudarem suas Psicovosia 04 Eoucacao 51 categorias; eles diziam que era assim que um homem sibio agiria. Finalmente, 0 experimenta- dor, desesperado, perguntou: “Bem, e como agira um tolo” Os sueitos prontamente eriaram as, quatro pilhas de classificagdo que 0 experimentador esperava ~ alimentos, instrumentos, etc. (Rogoff & Morell, 1989). Existe uma visdo cada vez mais influente do desenvolvimento cognitive. Proposta anos atrés por Lev Vygotsky e recentemente redescoberta esta teora liga o desenvolvimento cogniti- vo a cultura A Perspectiva Sociocultural de Vygotsky ‘Teoria Sociocultural Enfatia o papel os cilogoscooperativosentascrian- a5 € 05 membros mais intruidos da Sociedade no desenvolvimento, AS criangas aprendem a cultura de sua co ‘munidade formas de pensar e se com- porta) nor mio dest intragies 52 _ Anima E, Wootroux 0s psieélogos de hoje reconhecem que a cultura da crianga modela 0 desenvolvimento cog- nitivo, determinando o que ¢ como a crianga vai aprender sobre o mundo. Por exemplo, as ‘meninas indias Zinacanteco do sul do México aprendem formas complicadas de tecer panos, ‘As culturas que valorizam a cooperagio e a divisio ensinam essas habilidades cedo, en- quanto as culturas que valorizam a competigdo alimentam esta habilidade em suas eriangas (Bakerman e cols., 1990; Childs & Greenfield, 1982; Saxe, 1988). Os estigios observados por Piaget no so necessariamente “naturais” para todas as criangas porque, em um certo grau, eles refletem as expectativas e as atividades da cultura delas (Rogoff & Chavajay, 1995). ‘Um dos principais porta-vozes da teoria sociocultural (também denominada s6cio-hist6 rica) foi um psicdlogo russo que morreu hi mais de 50 anos. Lev Semenovich Vygotsky tinhe apenas 38 anos ao morrer, mas suas idéias sobre a Tinguagem, a cultura e o desenvolvimente ccognitivo eram muito maduras. As tradugdes recentes de seus trabalhos mostram que ele ofere cia uma alternativa a muitas das idéias de Piaget. Enquanto este descrevia a crianga como um ‘pequeno cientista, construindo uma compreensio do mundo em grande parte sozinha, Vygotsky (1978, 1986, 1987, 1993) sugeria que 0 desenvolvimento cognitive depende muito mais das interages com aspessoas do mundo da erianga e das/erramentas que a cultura proporciona pare promover o pensamento. O conhecimento, as idéias, as atitudes ¢ os valores das criangas s¢ desenvolvem pela interago com os outros. AS criangas aprendem nao por meio da exploracic solitéria do mundo, mas se apropriando ou “tomando para si” os modos de agir oferecidos po sua cultura (Kozulin & Presseisen, 1995). {As teoras de Le Vygishy enfetizam a importncia da interago edo sport social no desen ‘oimento cogniv, Individuat Ur dilogo cansigo ‘mesma que a eranga usa para orient seus pensamentos ages, ais verbal "ages aeabam por ser interalizadss ‘como fala interna silenios, Auto-tnstrucio Cognitiva Abortagem "3 qual os alusos “naam paras mes ‘Vygotsky também acreditava que as ferramentas reais e simbéicas, tais como as facas, 05 pis (hoje, acrescentariamos os computadores), 08 nimeros e os sistemas matemticos, os si- nais, os cédigos ¢ a linguagem desempenham papéis muito importantes no desenvolvimento Cognitive. Por exemplo, se a cultura oferecer somente numerais romanos para representar quan- tidade, certas formas de pensar matematicamente — das divisdes longas aos célculos integrais — seriam dificeis ou impossiveis. Mas, com um sistema numérico que tem o zero, fragdes, valores positivos e negativos e um nimero infinite de nimeros, muito mais é possivel. O sistema numé- rico uma ferramenta cultural que promove o pensamento, aaprendizagem ¢ 0 desenvolvimento cognitive. Esse sistema é passado do adulto para a crianga por meio de interagdes ¢ ligdes for- mais ¢ informais Na teoria de Vygotsky, o sistema simbélico mais importante para a promogdo da aprendi- zagem é a linguagem. (© Papel da Linguagem e da Fala individual A linguagem é critica para o desenvolvimento cognitivo. Ela proporciona um meio para expres- sar idéias e fazer perguntas, categorias e conceitos para pensar e elos entre o passado e o futuro (Das, 1995). Quando consideramos um problema, geralmente pensamos em palavras e frases parcais. Vygotsky deu muito mais énfase do que Piaget ao papel da linguagem no desenvolv ‘mento cognitivo. Na verdade, Vygotsky acreditava que a linguagem, sob a forma da fala indivi ual (falar consigo mesmo) orienta 0 desenvolvimento cognitivo. As Visbes de Vygotsky e Piaget Comparadas. Se vocé jé passou algum tempo perto de criangas pequenas, sabe que elas com freqiiéncia falam consigo mesmas enquanto brincam. Pia- get chamou a conversa autodirecionada das criangas de “fala egocéntriea”. Ele pressupunha que a fala egocéntrica & outra indicagdo de que as criangas pequenas nfo conseguem vet 0 mundo pelos olhos de outros. Falam sobre aquilo que & importante para elas, sem levar em considerag30 as necessidades ou os interesses de seus ouvintes. A medida que amadurecem,e especislmente quando tém discordancias com seus pares, acreditava Piaget, as criangas desenvolvem a fala socializada. Elas aprendem a ouvir ea trocar idéias ‘Vygotsky tinha idéias muito diferentes sobre a fala individual das eriangas pequenas. Ao invés de ser um sinal de imaturidade cognitiva, Vygotsky sugeriu que estes mutmirios ¢ém um papel importante no desenvolvimento cognitivo. AS criangas estio se comunicando ~ clas est30 se comunicando consigo mesmas pars orientar seu comportamento e pensamento, Em qualquer sala de pré-escola, vocé poderi ouvir criangas de quatro ou cinco anos dizendo: “Nao, nao vai caber. Tenta aqui. Vira. Vira. Talver essa aqui...” enquanto montam quebra-cabegas. A medida ue essas criangas amadurecem, sta fala autodirecionada submerge, tornando-se un sussurro € depois movimentos labiais silenciosos. Finalmente, as criangas apenas “pensam” as palavras orientadoras, O uso da fala individual tem seu auge entre os cinco ¢ os sete anos de idade, e em eral jé desapareceu aos nove. As criangas mais inteligentes parecem fazer essa transigZo mais edo (Bee, 1992). ‘Wygotsky identificou a transigio da fala individual audivel para a fala interna silenciosa ‘como um proceso fundamental. Por meio desse processo, a crianga esta usando a linguagem para realizar tarefas cognitivas importantes, tais como direcionar a atencio, resolver problemas, planejar, formar conceitos ¢ ganhar autocontrole. Pesquisas confirmam as idéias de Vygotsky (Berk & Spuhl, 1995; Bivens & Berk, 1990; Diaz & Berk, 1992; Kohlberg, Yaeger & Hjertholm, 1969), As criangas tendem a usar mais a fala individual quando esto confusas, tém dificuldade fou cometem errs. A fala interna nao apenas nos ajuda a resolver problemas, mas também nos Pemite regular nosso comportamento. Vocé ja pensou consigo mesmo algo como “Vamos ver, 0 Drimeiro pass.” ou “Onde foi oitimo lugar em que usei minha chave de fenda..." ou “Se eu ler até o fim desta pagina, entao poss...” Voce estava usando a fala intema para recordar, procurar pistas,incentivar ou orientara si mesmo. Em uma situagao realmente dificil, vocé pode até mesmo descobrir que voltou a murmurar de modo audivel. A Tabela 2.2 contrasta as teorias de Piaget e Vygotsky sobre a fala individual. Devemos observar que Piaget aceitou muitos argu- rmentos de Vygotsky e veio a concordar que a linguagem podia ser usada tanto de forma egocén- trica como para a solugao de problemas (Piaget, 1962) Psicotoaia pa Eoucagto 53. ‘TARELA 2.2 Difereneas entre as Teoria de Vygotsky e Piaget sobre «Fala Kgoeéntriea ou Indiviu Piaget Vygotsky Signtieado Evotutve Representa uma incapacidade de assumira pespestiva Representa o pensamento extemalizado; ua fu do outvo ede se engsjar em comunicagioresjroca _comuncar com o eu pa fins de ato-rientagdo€ Curso do Desenvolvimento Relagdo om a Fale Social Relaso com os Contexts Ambientas ‘utodireeionamento Decins com 2 idede ‘Aumenta nas dads menorese nto gradualmente pede sia qualidade audvele transforms no Pensumento verbal interno [Negatvas 9 criangas menos madras sociale Positivs fala individual desenvolve-se a pari das cogniivamente usm mais fla epocniea imeragiessocais com outros Aumenta com a dificuldade da tart a {fala nivdual tm una Fungo auto-orientadora Git ‘em stages em que um esforg cognitive maior & nocessrio para aleangar uma solugdo Fowe: Def, Bet eR. A Gan Declopmcnt of rate sch among low income Applacin tir, DevlprenalPscoles 20,272 Copigh © 198, Ameiean Prychologicl Assan, Adaag aarnde Segundo Yoraky, mt daapren |gom infantil ¢asistida om mediada pe- los professorese elas ferramentas de se ambiente ea maior parte desta rien ‘ago &comunicada pela lnguagem. FOCO NA... ‘Teoria de Vygotsky 180 gue so ferraments psicolé ica e como eas promovem & prendizagem? "Quis sfoas ditrengs enteas perspectivas de Piaget ¢ de ‘Vygotsky sobre a fla individual seupapel no desenvolviments? 1 Explique como 0 deservolvi- ‘mento interpsicolgico se ten Forma em desenvolvimento in trapsicolgico 54 Anima E. Wootroux A Fala Individual ea Aprendicagem. Como a fala individual ajuda os alunos a regular seu pensamento, faz sentido permitir, e até mesmo incentivar, que eles a utilizem na escola. Insistir no siléncio total quando criangas pequenas estio trabalhando em problemas dificeis pode tomar © trabalho ainda mais dificil para elas Vocé pode observar quando os murmérios aumentam — pode ser um sinal de que os alunos precisam de ajuda, Uma abordagem, denominada auto- instrugio cognitiva, ensina as criangas a usarem a fala individual para orientarem a aprendiza- gem. Por exemplo, elas aprendem a se lembrar de irem devagar c com cuidado. Flas “narram para si mesmas” a progressio das tarefas, dizendo coisas como “Ok., o que eu tenho que fazer”, Copiara figura com as linhas diferentes. Eu tenho que ircom cuidado e devagar. Ok., fazer uma linha para baixo, bom; agora para a direita, isso, agora...” (Meichenbaum, 1977, p. 32). 0 Papel dos Adultos e dos Pares A linguagem tem outro pape! importante no desenvolvimento. Vygotsky acreditava que o desen- volvimento cognitivo ocorre por meio das conversas ¢ interagdes das criangas com membros ais capazes da cultura, adultos ou pares mais habeis. Tais pessoas servem como guias e profes- sores, fomecendo as informagGes e 0 suporte necessério para que a ctianga eresea intelectusl- mente. Os adultos escutam a erianga com atengao e oferecem a ajuda certa para melhorar seu centendimento, Portanto, a crianga nao esté sozinha no mundo, “descobrindo” as operagées cog- nitivas da conservagio ou classificagdo. Essa descoberta éassistida ou mediada pelos membros «a familia, professores ¢ pares. A maior parte da orientagao € comunicada pela linguagem, pelo ‘menos nas culturas ocidentais. Em algumas culturas, observar um desempenho hibil,¢ nfo falar sobre ele, orienta a aprendizagem da crianga (Rogoff, 1990). Jerome Bruner denominou esse tipo de assisténcia dos adultos andaimes de aprendiza- gem (Wood, Bruncr & Ross, 1976). 0 temo sugere que as criangas usam esta ajuda como supor- te enquanto constroem um entendimento firme que vai permitir que elas resolvam os problemas sozinhas. Para Vygotsky, a interagdo social era mais do que um método de ensino, ela era & ‘origem dos processos mentais superiores, ais como a solugao de problemas. Ele pressupunha que “cada fungio do desenvolvimento cultural de uma crianga aparece duas vezes: primeiro no nivel social e depois no individual; primeiro entre as pessoas (interpsicolégico) e depois dentto da crianga (intrapsicolégico)” (Vygotsky, 1978, p. 57). Considere este exemplo: ‘Uma menina de 6 anos de idade perdea um brinqueo epee sud a seu pa. O pai pergunta onde ela via 0 bringued pela itima ver; crang dz: “Eu ndolembro.” Ele faz uma série deperguntas~ele stv ‘em seu quarto? Li fora? Na sls? A cada pegunt,2eriangaresponde “no”, Quando ele di “no eat- 1”, la di “acho que sim” eval buscar brinquedo. (Tharp & Gallimore, 1985, . 14) ‘Quem se lembrou de onde estava o brinquedo? A resposta na verdade é: nem o pai nem menina, mas 0s dois juntos. lembranga e a solucio do problema aconteceram entre as pessoa ~ na interagio, mas a crianga pode ter intemalizado estratégias para usar na proxima ver que perder algo. Em algum momento, ela vai ser capaz de funcionar independentemente pata resol- ‘er esse tipo de problema. Como a estratégia para encontrar o brinquedo, as fungSes superiores 4aparecem primero entre uma erianga e seu “professor” antes de existirem na erianga isolada- ‘mente (Kezalin, 1990). As Implicagées da Teoria de Vygotsky para os Professores Existem pelo menos trés modos das ferramentas culturais serem passadas de um individuo para outro — a aprendizagem imitativa (em que uma pessoa tenta imitar a outa), a aprendi- zagem instrufda (na qual os aprendizes intemalizam as instrugdes do professor ¢ utiizam. zas para se auto-regularem) e a aprendizagem colaborativa (em que um grupo de pares se esforca para compreender uns aos outros ¢a aprendizagem ocorte durante o process0) (To tasello, Kruger & Ratner, 1993). Vygotsky dedicou muita atengdo & aprendizagem instrul-

You might also like