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SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

Como funciona a saúde pública lusitana

Trabalho acadêmico para obtenção do


título de Bacharel em Fisioterapia pela
Universidade Iguaçu.
Solicitado pela docente Mariana Matos.

Nova Iguaçu - RJ
2019
SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE
Como funciona a saúde pública lusitana

Trabalho acadêmico para obtenção do


título de Bacharel em Fisioterapia pela
Universidade Iguaçu.
Solicitado pela docente Mariana Matos.

Nova Iguaçu - RJ
2019
SUMÁRIO

SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE......................................................................................4


TAXAS MODERADORAS...................................................................................................4
QUEM TEM DIREITO AO ACESSO À SAÚDE EM PORTUGAL........................................5
O SERVIÇO POR ETAPAS.................................................................................................6
SNS X SUS......................................................................................................................... 7
REFERÊNCIAS..........................................................................................................9
SERVIÇO NACIONAL DE SAÚDE

Como no Brasil, em Portugal se encontra a coexistência de um sistema


público e um sistema privado de saúde. O Serviço Nacional de Saúde (SNS) é uma
estrutura através do qual o Estado Português assegura o direito à saúde (promoção,
prevenção e vigilância) a todos os cidadãos de Portugal. A sua criação remonta ao
ano de 1979, após se terem reunido as condições políticas e sociais provenientes
da reestruturação política portuguesa da década de 1970.
O objetivo primário do SNS é a busca, por parte do Estado, da
responsabilidade que lhe cabe na proteção da saúde individual e coletiva e para tal
está munido de cuidados integrados de saúde, nomeadamente a promoção e
vigilância da saúde, a prevenção da doença, o diagnóstico e tratamento dos doentes
e a reabilitação médica e social.
Atendendo grande parte da população, o SNS é referência por conta de sua
qualidade e preocupação com seus pacientes. Os hospitais são bem equipados, não
é necessário esperar dias para o atendimento e a qualidade desses atendimentos é
evidente.
Os profissionais da área da saúde em Portugal são considerados dos
melhores do mundo devido à qualidade de sua formação, e muitos residentes de
outros países da União Europeia se deslocam a Portugal para serem tratados por
eles.
A saúde tanto pública como privada em Portugal reflete essa qualidade, e o
SNS, mesmo com falhas e atualmente sobrecarregado justamente pela demanda de
pacientes, consegue fornecer aos seus usuários um atendimento de primeira linha.

TAXAS MODERADORAS

Apesar de público, o serviço não é gratuito – com exceção de alguns grupos,


como pacientes com doenças graves identificadas na legislação e grávidas, por
exemplo, que estão isentos de taxas. Devido à incapacidade de autofinanciamento
por parte do Estado ocorreu, em 1989, a substituição do princípio da saúde gratuita
pela saúde tendencialmente gratuita, considerando as condições econômicas e
sociais dos cidadãos e ressaltando os princípios da justiça social e de racionalização
dos recursos.
Para usar a saúde pública do país, é necessário pagar taxas, que será
cobrada de acordo com os procedimentos que você irá efetuar. São as taxas
moderadoras.
Por exemplo, uma consulta com um médico, nos postos de saúde do Porto,
custa em média €5. Agora, se você vai para a emergência de algum hospital, o valor
muda para €20. Esses valores vão aumentando de acordo com o que será solicitado
pelos médicos. Se for pedido um Raio-X ou uma injeção, por exemplo, você vai
pagar cerca de €2 à mais. Os valores cobrados não são absurdos, podendo-se dizer
até que são valores simbólicos, considerando a qualidade desses atendimentos.
Aqueles que provam não ter como pagar pela saúde pública, pessoas com
doenças graves e gestantes são isentas das taxas cobradas, isso inclui os valores
cobrados para acompanhamento do caso, exames, o parto e até mesmo consultas
com o dentista.

QUEM TEM DIREITO AO ACESSO À SAÚDE EM PORTUGAL

A despeito do desconhecimento de muitas pessoas, todos que residam em


Portugal, mesmo que de forma ilegal e/ou irregular, possuem direito ao acesso à
saúde pública. Para isto, devem preencher alguns requisitos previstos na legislação
portuguesa.
O direito amplo ao acesso ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) está previsto
no artigo 64º da Constituição da República Portuguesa, regulado pelo Despacho do
Ministério da Saúde nº 25 360/2001, e pela Circular Informativa de nº
12/DQS/DMD/07.05.09.
Lembrando sempre que, de fato, para os que não possuem inscrição/número
de paciente fornecido por um Centro de Saúde ou sejam beneficiários de acordo
internacional na área de saúde entre seu país e Portugal, as taxas moderadoras de
atendimento e exames médicos são mais altas. Para cada caso existem documentos
específicos a serem apresentados, que permitem o acesso e o atendimento dentro
do SNS.
Brasileiros podem utilizar por direito o serviço, sendo turista ou alguém que
reside em Portugal. Mas é necessário solicitar o PB-4 para usufruir desse direito. O
PB4 é o resultado de um acordo bilateral entre Portugal e Brasil. Assinado em 1995,
esse acordo confere aos cidadãos desses dois países, entre outros benefícios,
proteção na área da saúde quando estiverem em Portugal (no caso dos brasileiros)
ou no Brasil (no caso dos portugueses).

O SERVIÇO POR ETAPAS

O SNS funciona por etapas, ou seja: não basta querer ter consulta de
ginecologia ou pedir todos os exames que você pede todo ano ou ir para o
dermatologista porque sua pele está muito estragada do frio. Para que todos os seus
pedidos sejam atendidos pelo seu médico assistente é preciso uma razão plausível
que justifique o mesmo.
Trata-se de um sistema onde a prevenção e atenção primária funcionam de
forma devida. Primeiro terá um Médico de Família. O médico da família faz parte do
sistema de acompanhamento da Saúde pública de Portugal. Este mesmo será
responsável por todo o seu seguimento de saúde, apenas nas situações de maior
gravidade ou de difícil resolução sem um especialista da área médica específica é
que será encaminhado para um hospital para investigar e tratar da patologia.
Primeiramente, o paciente terá que se inscrever numa Unidade de Saúde da
Família (também popularmente chamado Centro de Saúde) na sua área de
residência como utente (paciente). Só então terá um número de saúde associado
que se chama Número do Utente. A partir daí, o seu Médico de Família iniciará toda
a cadeia de cuidado de saúde.
A partir do momento que se torna utente pode marcar consultas localmente
na Unidade de Saúde ou através do próprio site do SNS. Este é mais um ponto de
destaque, a tecnologia em favor da saúde.
Exames que sejam necessários até ao grau de complexidade de tomografias
tem a possibilidade de serem pedidos pelo Médico de Família. Assim, através de
convênios entre o público e o privado o SNS consegue otimizar o seguimento de
vários utentes ainda no atendimento primário e minimiza a necessidade de
encaminhamentos hospitalar e das infindáveis filas de espera.
Tudo é digitalizado, caso você faça algum exame, ele ficará disponível para
ser consultado, junto de sua ficha completa, em qualquer hospital do País. Desse
modo, se você mudar de médico ou se você for consultar em um local que nunca
havia ido, eles já saberão todo seu histórico de consultas. As receitas médicas são
impressas com um código de barras, sendo assim, após comprar o medicamento a
receita fica inválida. Você ganhará descontos na compra de remédios solicitados
pelo seu médico.
Outra estratégia bastante interessante é a possibilidade de marcar consulta
apenas para entregar resultados de exames, pedir alguns exames ou pedir
renovação de medicação de uso crônico sem necessidade da presença física do
paciente no local. Custa mais barato e não é necessário esperar por uma consulta.
Essa é a grande vantagem do Médico de Família: ele conhece você e seu estado de
saúde.

SNS X SUS

O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos


sistemas de saúde pública do mundo, abrangendo desde o simples atendimento
para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária, até o transplante
de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população
do país. Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema
público de saúde, sem discriminação. A atenção integral à saúde, e não somente
aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os brasileiros, desde
a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com qualidade de vida, visando a
prevenção e a promoção da saúde.
Pode-se observar grandes similaridades entre o sistema de saúde português
e o sistema de saúde brasileiro no modo como foram projetados para atender a
população e na forma de regulação e fiscalização. Entretanto, o Brasil optou pela
gratuidade da saúde, enquanto Portugal seguiu o caminho da não gratuidade.
Há algum tempo, o sistema público enfrenta uma crise que se agrava a cada dia, e
acaba comprometendo gravemente o atendimento hospitalar. O Descaso com a
saúde pública é um problema crônico que se arrasta por muitos anos. Pessoas do
passado já reclamavam dos maus atendimentos das redes públicas. Com isto o
tempo foi passando e o problema persiste com famílias necessitando de
atendimentos e encontrando unidades falidas. Com baixa qualidade nos
atendimentos, poucas vagas para internação em várias especialidades, por
exemplo: na cardiologia, pediatria e principalmente em leitos com grandes
complexidades como na UTI e CTI. Pacientes vão aos hospitais e vivem sem
nenhuma condição de cidadania, pois tem seus direitos violados pelas próprias
autoridades, o pior de tudo é que nós cidadãos fechamos os olhos e preferimos não
nos envolver diante de tantas injustiças e desigualdades.
Mostram-se necessários maiores investimentos por parte do governo para
que o SUS cumpra seu papel de saúde igualitária, gratuita e universal em nível
nacional, ou o sistema deve ser modificado com vistas a algo próximo do que se
observa no sistema português – com atendimento particular tendencialmente
gratuito.
REFERÊNCIAS

BRANCO, A. G.; RAMOS, V. Cuidados de saúde primários em Portugal. Revista


Portuguesa de Saúde Pública, Lisboa, v. 2, p. 5-12, 2001.

CORTES, M. Breve olhar sobre o estado da saúde em Portugal. Sociologia,


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