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Mecânica dos Solos I

Exploração/Investigação do subsolo

Prof. Mario Vicente Riccio Filho


Dep. Geotecnia e Transportes – Eng. Civil - UFJF
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo

► O projetista de uma obra civil, deve, antes de tudo conhecer o terreno em


que seu projeto será implantado. O reconhecimento do terreno pode ser feito,
basicamente, por meio dos seguintes passos:

1) Visita à campo para conhecer o terreno – verificação das condições de


acesso, presença de água, observação da vizinhança, observação inicial da
topografia do terreno, tipo de solo;

2) Levantamento topográfico (plani-altimétrico) – permite inferir os tipos de


solo presentes na área, de forma qualitativa e preliminar;

3) Estudos de solos para determinação do tipo de fundação tanto para a


estrutura do empreendimento quanto para aterros. Os estudos envolvem
ensaios de campo e/ou laboratório.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Os estudos de solos podem ser feitos por meio de ensaios de campo
(diretos ou indiretos) e laboratório. Os ensaios mais comumente empregados
serão apresentados a seguir;

► Deve-se ressaltar que os ensaios devem ser escolhidos de acordo com as


condições e tipos de solo que foram o subsolo. Os tipos de solo que formam o
subsolo podem ser determinados preliminarmente por meio de sondagens
SPT, ou trado em casos mais simples. A partir de um reconhecimento inicial a
investigação do subsolo pode ser detalhada;

► O objetivo da investigação geotécnica não é onerar o projeto, mas sim


otimizar as soluções e custos, fornecendo dados para um projeto adequado. A
prática mostra que o custo da investigação geotécnica é compensado pelos
benefícios que traz aos projetos;

► A investigação geotécnica, baseada em ensaios de campo e laboratório,


também possui importância fundamental em pesquisas envolvendo a
mecânica dos solos .
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Métodos de investigação geotécnicos - classificação:

• MÉTODOS DIRETOS

Os métodos diretos permitem a observação direta do subsolo ou por meio de ensaios


in situ ou por meio da retirada de amostras (deformadas ou não) e ensaios posteriores
de laboratório. Escavações, trincheiras, sondagens e ensaios de campo em geral são
métodos diretos.

• MÉTODOS INDIRETOS

As propriedades geotécnicas dos solos são estimadas indiretamente por observação


a distância do ponto escolhido ou mesmo por meio da medida de outras grandezas
do solo (eletrorresistividade, por exemplo) e uso de correlações. São exemplos de
medidas indiretas o sensoriamento remoto, ensaios geofísicos e fotos de satélite.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Métodos de investigação geotécnicos - EXEMPLOS:

• MÉTODOS DIRETOS

→ sondagem a trado;
→ sondagem SPT;
→ sondagem mista (SPT + rotaBva);
→ ensaio de CPTu;
→ coleta de amostras (deformadas ou não) para ensaios de laboratório

• MÉTODOS INDIRETOS

→ ensaio geoCsico de sísmica;


→ ensaio geoCsico de eletroresisBvidade;
→ sensoriamento remoto (fotos de satélite, por exemplo)
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

A amostragem tipo “Shelby” (amostrador Shelby se destina à retirada de amostra


indeformada do solo, particularmente argilas moles. Pode ser utilizada para outros
tipos de solo (colúvio, residual), porém nestes tipos de solo seu uso é menos
comum;

A mostragem Shelby deve ser feita seguindo a norma DNER-PRO 002/94 e NBR
9820 - Coleta de amostras indeformadas de solos de baixa consistência em furos de
sondagem. Outra norma relativa a este tipo de amostragem é a ASTM D1587-08 –
“Standart Practice for Thin-Walled Tube Sampling of Soils for Geotechnical
Purposes”

É de suma importância que o tubo amostrador siga as especificações apresentadas


na norma como: diâmetro interno e externo do tubo amostrador, formato do
biselado da extremidade, material do tubo, etc.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

A amostragem com tubos de paredes finas tipo “Shelby” se destina a prospectar


o subsolo coletando amostras destinadas principalmente para os seguintes
ensaios:

• *Ensaios de caracterização (Limites de Atterberg, granulometria, teor de


matéria orgânica....);
• Ensaios de mini palheta (determinação do Su do solo);
• Ensaios de cisalhamento direto;
• Ensaios triaxiais;
• Ensaios de adensamento oedométrico.

* Os ensaios de caracterização podem ser efetuados a partir de amostras deformadas ou


indeformadas
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

Amostrador “Shelby”
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

• O procedimento de amostragem
“Shelby” requer a execução de
um furo para se atingir as
profundidades de amostragem;

•O furo normalmente é
executado com o equipamento de
sondagem SPT, podendo-se
utilizar também trado
mecanizado, por exemplo;

• Em alguns casos pode ser


necessário se introduzir um
revestimento (por exemplo, de
PVC) de forma a impedir o
fechamento do furo.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

• O furo foi previamente executado até a


profundidade de amostragem;

• Após a execução do furo o amostrador é


introduzido;

• O amostrador tem uma de suas


extremidades presa à haste constituída de
segmentos que podem ser unidos até o
comprimento desejado;

• O amostrador “shelby” é então cravado


na profundidade desejada.
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► Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

• Após a cravação do amostrador


“Shelby” este deve ficar em repouso
por um período de 24 horas (no caso
de solos tipo argila mole e muito
mole);

• Após as 24 horas o amostrador é


extraído do furo;

• A amostra indeformada é retirada.


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

• Amostrador retirado do fundo do


furo;

• Aspecto da amostra indeformada


no interior do tubo de paredes
finas;

• O procedimento de espera (24


horas) no caso ilustrado foi bem
sucedido, pois a amostra não
escorregou do tubo.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

• Amostras “Shleby” em câmara


úmida no laboratório a fim de
preservar a umidade natural do
solo;

• Os tubos devem receber


etiquetas que forma a se
identificar o local, furo e
profundidade de amostragem;

• As extremidades do tubo devem


ser seladas com uso de parafina e
gaze e ainda serem envolvidas
com plástico. Este procedimento
visa manter a umidade natural do
solo preservada.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

• Tubo Shleby com a amostra sendo


preparada para extração;

• As extremidades são descartadas.


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

Corte transversal do tubo.

Vista frontal da amostra


separada em seções
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

i) Amostragem do solo tipo indeformada – Amostra tipo “Shelby”

► Resumo do procedimento

(1) Introdução do amostrador Shelby no interior do furo de amostragem, utilizando-se as


hastes do equipamento de sondagem. O amostrador é cravado estaticamente 0,50m no
interior do solo;

(2) Após a cravação a amostra deve ficar em repouso por um período de aproximadamente
24 horas. Este procedimento tem por objetivo diminuir o risco de escorregamento da
amostra do interior do tubo “Shelby” durante a retirada do mesmo do interior do furo de
amostragem. Após a retirada a amostra tem suas extremidades seladas e depois
acondicionadas em caixas de madeira com material no entorno para evitar vibrações
durante o transporte;

(3) A amostra deve ser embalada, conforme NBR 9820/1997, mantendo-se as condições de
umidade e estrutura até a realização dos ensaios de Laboratório. De modo a manter a
umidade a amostra deve ser mantida em uma câmara úmida.
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►Amostragem de solos

ii) Amostragem do solo por meio de blocos indeformados

• Este tipo de amostragem se destina à coleta de solo em seu estado natural,


presenvando seus índices físicos, assim como no caso da amostragem tipo
“Shelby”;

• A retirada de blocos indeformados é utilizada em diversas aplicações em


geotecnia como: análise de estabilidade de taludes, projetos de muros de
contenção, análise de empuxos de terra, etc.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

ii) Amostragem do solo por meio de blocos indeformados

► A amostra indeformada contida no bloco pode ser utilizada normalmente


para a realização dos seguintes ensaios de laboratório:

• *Ensaios de caracterização (Limites de Atterberg, granulometria, teor de


matéria orgânica....);
• Ensaios de cisalhamento direto;
• Ensaio de cisalhamento tipo “Ring-shear”;
• Ensaios triaxiais;
• Ensaios de adensamento oedométrico;
• Ensaio tipo Pinhole (erodibilidade).

* Os ensaios de caracterização podem ser efetuados a partir de amostras deformadas ou


indeformadas
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►Amostragem de solos

ii) Amostragem do solo por meio de blocos indeformados

• Coleta:

Escavar de forma a se obter um bloco


de solo na profundidade e local de
interesse.
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►Amostragem de solos

ii) Amostragem do solo por meio de blocos indeformados

•De modo a selar o bloco,


prevenindo a perda de
umidade natural do solo
deve-se aplicar parafina
quente sobre camada de
gaze que envolve o bloco;

•Ao esfriar a parafina junto


com a gaze formam um selo.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

ii) Amostragem do solo por meio de blocos indeformados

• A face inferior do bloco


deve ser separada do
terreno. Para isso se passa
um fio de aço na base do
bloco;

• Depois se regulariza a
face e depois completa-se
a selagem da face restante
com gaze e parafina.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Amostragem de solos

ii) Amostragem do solo por meio de blocos indeformados

• Após a selagem de todas as


faces o bloco de amostra
indeformada que deve ser
acondicionado em uma caixa de
madeira para ser levado ao
laboratório;

• No laboratório o bloco deve


ser acondicionado na câmara
úmida para não perder
umidade.
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►Amostragem de solos

iii) Outros tipos de amostragem

• A amostragem por meio de blocos indeformados pode ser realizada quando o nível
d´água está abaixo da cota de interesse de retirada da amostra e também quando os solos
forem mais densos como solos residuais e solos coluvonares por exemplo;

• Quando a profundidade de interesse está abaixo do nível do lençol freático deve-se


utilizar o amostrador de paredes finas “Shelby” ou mesmo utilizar outros tipos de
amostradores como o “Denison” ou amostrador tipo “Corte Contínuo”;

•Amostragem tipo “Denison”: este tipo de amostragem é indicada para casos onde os
solos mostram-se rijos ou compactos. Nestas condições não é possível o avanço de um
amostrador apenas por meio de cravação estática. A amostragem é realizada com o auxílio
de sondagem rotativa;

•Amostragem tipo “Corte Contínuo”: este tipo de amostrador foi desenvolvido para coleta
de amostras em aterros compactados. O amostrador possui parede grossa e é cravado no
solo por meio de martelete pneumático.
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►Ensaios de campo

i) Sondagem do solo por trado manual

• A amostragem do solo por meio do trado é bem mais simples que o SPT. Porém
fornece apenas a indicação do tipo de solo em cada camada atravessada pelo
trado.

• A identificação do tipo de solo é feita por uma classificação tátil-visual das


amostras de solo retiradas a cada profundidade.

• Também é útil para determinação do nível d’água presente na área. O trado


porém não fornece indicação da resistência do solo. Dependendo do solo pode-
se atingir até 3m de profundidade.

• Este tipo de amostragem é de profundidade limitada. Serve para um


levantamento inicial do terreno.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

i) Sondagem do solo por Trado manual

Trado cavadeira Trado helicoidal


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo

ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484

• É o ensaio mais comum realizado para investigação do solo no Brasil;

• Na grande maioria dos casos seu custo é barato em relação ao valor do


empreendimento;

• Fornece informações importantes com relação à estratigrafia do subsolo


(tipos de solo), posição do nível d’água e estimativas de parâmetros geotécnicos
dos solos para projetos de fundações, por exemplo;

• A norma de fundações (NBR 6122) prescreve um número mínimo de


sondagens SPT a serem executadas, de acordo com o tamanho do terreno.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo

ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484

► A norma NBR 6484 prescreve o método de execução das sondagens de


simples reconhecimento de solos, com SPT, para aplicações em engenharia civil.

► As finalidades do ensaio SPT são:

determinação dos tipos de solo em suas respectivas profundidades de


ocorrência;

determinar a posição do nível d’água;

Determinar os índices de resistência à penetração N a cada metro.


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► Ensaios de campo
ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484

►Componentes básicos do equipamento

► A amostragem é feita através do amostrador Raymond de 50,8mm


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► Ensaios de campo

ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484


►Amostrador Raymond aberto

► A amostragem é feita através do amostrador Raymond de 50,8mm


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo
ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484

►Amostrador Raymond aberto


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo
ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484

► Execução do ensaio
SPT em campo.

► A amostragem é feita através do amostrador Raymond de 50,8mm


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo
ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484
► Tabela dos estados de compacidade (areias e siltes
arenosos) e consistência (argilas e siltes argilosos)
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo

ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484

► Um martelo com peso padronizado e altura de queda de 75 cm é solto de


forma a bater na composição de perfuração.;

► O número de golpes necessários para se penetrar 45 cm de solo é registrado,


sendo que os registros são feitos em 3 etapas de 15cm de cada;

► O número de golpes (Nspt) para se penetrar as duas últimas etapas de 15cm


(ou seja, os 30cm finais) é o valor de Nspt a ser considerado;

► Na prática se registra o número de golpes empregado para uma penetração


imediatamente superior a 15cm, registrando-se o comprimento penetrado.
Exemplo: 3/17 = 3 golpes para se avançar 17cm.
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► Ensaios de campo

ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484


► Critérios de paralisação:

O processo de perfuração por circulação de água, associado aos ensaios


penetrométricos, deve ser utilizado até onde se obtiver, nesses ensaios, uma das
seguintes condições:

quando, em 3m sucessivos, se obtiver 30 golpes para penetração dos 15 cm


iniciais do amostrador-padrão;
quando, em 4m sucessivos, se obtiver 50 golpes para penetração dos 30 cm
iniciais do amostrador-padrão;
Quando, em 5m sucessivos, se obtiver 50 golpes para penetração dos 45 cm
iniciais do amostrador padrão.

► A sondagem também pode ser paralisada havendo justificativa geotécnica ou


solicitação do cliente.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo

ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484

► Amostragem:

• A cada metro de perfuração, a partir de 1m de profundidade, devem ser


colhidas amostras dos solos por meio do amostrador-padrão, com execução do
SPT;

• Deve ser coletada, para exame posterior, uma parte representativa do solo
colhido pelo trado-concha durante a penetração, até 1 m de profundidade;

• Do bico do amostrador-padrão pode-se coletar amostra para ensaios de


caracterização e umidade natural.
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► Ensaios de campo

ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484

► Amostragem:

As amostras devem ser examinadas procurando identificá-las no mínimo através


das seguintes características:

Granulometria (NBR 7181)


Plasticidade
Cor
Origem:
• solos residuais;
• solos transportados (coluvionares, aluvionares, fluviais e marinhos);
• aterros.
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► Ensaios de campo

ii) Ensaio SPT (“Standart


Penetration Test”) – NBR 6484

► Exemplos de sondagens:
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo
ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484

► Exemplos de
sondagens:

► O valor do Nspt
considerado é o
relativo aos 30cm
finais de
penetração do
amostrador.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo

ii) Ensaio SPT (“Standart


Penetration Test”) – NBR 6484

► Classificação Tátil-visual:
Argila Turfosa, Cinza Escura
(Esta classificação é feita pelo sondador em campo e
pode ser verificada em laboratório com as amostras
retidas no amostrador Raymond).

► Classificação quanto à consistência


ou compacidade:
Muito Mole
A classificação é feita com base no valor Nspt.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
► Ensaios de campo
ii) Ensaio SPT (“Standart Penetration Test”) – NBR 6484
φ' ( )
o
Estado do solo NSPT Su (kPa)
Areia
fofa ≤4 - < 30
Este tipo de correlação
pouco compacta 5 - 10 - 30 - 35
fornece uma estimativa
medianamente
11 - 30 - 35 - 40 bastante preliminar,
compacta
compacta 31 - 50 - 40 --45
29 35 sendo que para projeto
> 45 devem ser executados
muito compacta > 50 - 30 - 35
ensaios de campo ou
Argila
laboratório específicos
muito mole ≤2 < 20 - para determinação dos
mole 2-4 20 - 40 - parâmetros de
média 4-8 40 - 100 - resistência,
rija 8 - 15 100 - 200 - principalmente no
caso das argilas.
muito rija 16 - 30 200 - 400 -
dura > 30 > 400
► Correlações entre SPT e parâmetros de resistência
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone)

• Os ensaios de CPT e CPTu são semelhantes, porém o ensaio CPTu mede a poro-
pressão e pressão hidrostática da água no terreno;

• O ensaio CPTu tem sido mais utilizado que o CPT, pois os custos são semelhantes
e o CPTu fornece mais informações;

• O ensaio CPTu é bem mais sofisticado que o ensaio de SPT. O CPTu fornece
parâmetros geotécnicos para cálculo de capacidade de carga de solos submetidos
à cargas de fundações e parâmetros de solos para cálculo de fundações de aterros
sobre solos moles.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) - terminologia

Componentes Básicos do Cone

a) Sensor de poro-pressão (“pore-


pressure filter location: u2 ”);

b) Ponta cônica (“Cone”);

c) Luva de atrito (“Friction sleeve”).

Os Cones apresentam de 1 a 3 sensores de


poro-pressão.

A depender da posição do sensor estes


podem ser designados por u1, u2 ou u3.
Robertson (2007)
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone)

u1 e u2 = elementos porosos e sensores para medição de


poro-pressão

u2
u1
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►Ensaios de campo
iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone)

Máquina de cravação do cone a Os dados são registrados continuamente. Os


velocidade constante. resultados não são pontuais, mas contínuos.
Excetuando-se os ensaios de dissipação.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone)

Equipamentos para cravação da


sonda do piezocone.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone)


Os resultados do ensaio de piezocone são formnecidos em basicamente em função dos
seguintes valores medidos:

1) qt = resistência de ponta corrigida : qt = qc + (1 – a) ⋅ u2;

Onde:

qc = resistência de ponta medida durante a cravação;


a = coeficiente de razão de áreas – obtido por calibração;
u2 = poro-pressão medida durante a cravação do cone.

2) fs = atrito lateral medido durante a cravação do cone;

3) u2 = poro preaaão medida durante a cravação do cone, sendo que u2 se refere a um


sensor localizado na base do cone, u1 é quando o sendor se localiza na ponta do
cone e u3 quando se localiza na luva do cone.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – resultados típicos


qT (kPa) fS (kPa) u1; u2; u0 (kPa)
0 500 1000 1500 2000 0 10 20 30 40 50 0 200 400 600 800 1000
0.0 0.0 0.0
1.0 1.0 1.0
prof. X u1
2.0 prof. X qT 2.0 prof x fS 2.0
prof. X u2
3.0 3.0 3.0
prof. X u0
4.0 4.0 4.0
5.0 5.0 5.0
6.0 6.0 6.0
Prof. (m)
Prof. (m)

Prof. (m)
7.0 7.0 7.0
8.0 8.0 8.0
9.0 9.0 9.0
10.0 10.0 10.0
11.0 11.0 11.0
12.0 12.0 12.0
13.0 13.0 13.0
14.0 14.0 14.0
15.0 15.0 15.0
16.0 16.0 16.0
17.0 17.0 17.0
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►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – resultados típicos

Ch - (m2/s)
1.00E-06 1.00E-05 1.00E-04 1.00E-03
0.0

2.0

4.0
• Determinação do
coeficiente de
6.0
adensamento horizontal
Profundidade(m)

8.0 a partir de ensaios de


dissipação.
10.0

12.0 u1-CPTU13

u2-CPTU13
14.0
u1-CPTU10
16.0 u2-CPTU10

18.0
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►Ensaios de campo
iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – Determinação de Su

O valor de Su (resistência não drenada do solo) pode ser obtido por meio do Nkt. O valor de
Nkt é obtido por correlação com outra medida de Su (normalmente o Su é obtido pelo ensaio de
palheta).

onde:

qt = resistência de ponta corrigida;


σvo = tensão vertical total;
Nkt = parâmetro empírico de correlação.
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►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – Exemplo de valores Nkt

Valores de Nkt a partir de ensaios na Barra


da Tijuca – RJ

Nkt médio = 12

Baroni (2010)
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo
iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – resultados típicos
Su (kPa)
0 10 20 30 40 50
0.0

1.0

2.0

3.0 Valores de Su:


4.0

5.0 Pontos: valores determinados por meio de


6.0 ensaio de palheta (Vane teste);
Prof. (m)

7.0

8.0 Linha azul contínua: valores determinados por


9.0 meio do ensaio piezocone utilizando o valor
10.0 Nkt.
11.0

12.0

13.0

14.0
Indeformado_SPT 10 Inderformado_SPT13
Amolgado_SPT 10 Amolgado_SPT13
Su - Nkt=12
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►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – resultados típicos

► Determinação do valor de OCR


(razão de sobreadensamento),
importante por exemplo para o
cálculo de recalques.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – classificação do solo

Robertson (2007)
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – classificação SBT

SBT:

Soil
Behaviour
Type

Robertson
(2007)
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – classificação do solo

σv0 e σ’v0 = tensão vertical total e efetiva,


respectivamente;

qt = qc + (1 – a)⋅ u2 = resistência de ponta


corrigida;

u2 = poro-pressão medida na base do cone;

u0 = poro-pressão hidrostática determinada


pela posição do NA;

fs = atrito medido pela luva do cone


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iii) Ensaio CPT (cone) e CPTu (piezocone) – classificação SBT do solo


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iv) Ensaio de palheta elétrica – “Vane shear test”

• Este ensaio foi normalizado em 1989 pela Associação Brasileira de


Normas Técnicas (ABNT):

MB 3122: Solo – Ensaios de palheta in situ – Método de ensaio

ou

NBR 10905 (INMETRO)


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iv) Ensaio de palheta – “Vane shear test” – Usabilidade do Ensaio

→ Algumas recomendações para usabilidade do ensaio são:

• Nspt menor ou igual a 2, correspondendo a uma resistência de penetração (qc) menor ou


igual a 1000 kPa. O ensaio entretanto é realizado normalmente com valores de Nspt de
ordem de 5, por exemplo;

• Matriz predominantemente argilosa (>50% passando na peneira #200, LL > 25 e IP > 4);

• Ausência de lentes de areia (a serem definidas previamente por ensaios de penetração).


Neste caso faz-se inicialmente um ensaio SPT próximo ao local do ensaio de palheta,
assim pode-se programar as profundidades de ensaio saindo das regiões onde o ensaio
não se aplica.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iv) Ensaio de palheta – “Vane shear test” – Usabilidade do Ensaio

• O ensaio de palheta (ou Vane test) é indicado para se determinar a resistência


não drenada (Su – “undrained strenght”) de argilas que apresentam consistência
mole ou muito mole;

• O valor de Su é muito importante para projetos de fundações de aterros sobre


solos moles, projetos de fundações, escavações, etc;

Por exemplo, com base no valor de Su pode-se decidir entre o uso de estaca
escavada (hélice contínua) e estaca cravada (pré-moldada de concreto);

O ensaio é realizado principalmente nas camadas de argila mole (SPT 3 a 5) ou


argila muito mole (SPT ≤ 2).
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iv) Ensaio de palheta – “Vane shear test”


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iv) Ensaio de palheta – Vane shear test – detalhe do equipamento

Baroni (2010)
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo
iv) Ensaio de palheta – “Vane shear test”
► Para se executar o furo por onde a composição do equipamento de palheta
deve descer é necessário o apoio de uma equipe de campo com um equipamento
de ensaio tipo SPT. Alternativamente pode-se utilizar um trado mecanizado (para
profundidades maiores que 3,0m.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iv) Ensaio de palheta – “Vane shear test”


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iv) Ensaio de palheta – “Vane shear test” – formulação básica

• Valores da resistência não drenada do solo (Su) são obtidas com base no torque
aplicado à palheta durante a execução do ensaio:

6 T
su =
7 π D3
onde:
T é o torque aplicado (torque máximo obtido na curva torque x rotação da palheta);
D é o diâmetro da palheta.

• Esta expressão pode variar conforme as dimensões da palheta e condições específicas


do solo (isotropia/anisotropia, etc), sendo que a expressão acima é a mais utilizada.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iv) Ensaio de palheta – “Vane shear test” – Su e Su amolgado

• A aplicação do torque é efetuda aplicando-se uma rotação igual a 6 ± 0,6°/ min;

• O torque de pico atingido com esta rotação é o torque T a ser utilizado para o cálculo
da resistencia não drenada Su;

• Para a determinação da resistência Su amolgada deve-se aplicar 10 rotações completas


na palheta, após a determinação inicial do Su indeformado;

• A aplicação destas 10 rotações é realizada em no máximo 5 minutos e após as 10 rotações


procede-se novamente ao ensaio com velocidade de 6 ± 0,6°/ min.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

iv) Ensaio de palheta – “Vane shear test”

Determinação do valor da
resistência não drenada da
argila (Su indeformado)
e Su amolgado.

A sensitividade da argila (St) é


dada pela relação entre o Su
indeformado(Su) e o Su
amolgado (Su amolgado).
Resultado típico
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►Ensaios de campo

iv) Ensaio de palheta – “Vane shear test” – exemplo de resultados de campo

Resultados típicos de valores de resistência não drenada Su e sensitividade (St)


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►Ensaios de campo
iv) Ensaio de palheta – Vane test – Sensitividade das argilas

Valores de St (sensitividade das argilas) – Skempton e Northey (1952)


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

v) Ensaio Pressiométrico (pressiômetro de Menárd)


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

v) Ensaio Pressiométrico (pressiômetro de Menárd)

► Resultado típico
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo
v) Ensaio Pressiométrico (pressiômetro de Menárd) – determinação de Su

onde:

Pa = pressão atmosférica = 101,35 kPa


PL = pressão limite, ou seja, quando ∆V/Vo = 1;
ΔV = variação de volume do balão causada pela injeção de gás.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo
vi) Ensaio Dilatométrico (Dilatômetro de Marchetti)

• Desenvolvido na Itália em meados dos anos 1970;

Normas:

Americana – ASTM, 1986b

Européia – CEN/TC 250 SC; Eurocode, 1997

• No Brasil ainda não há uma normalização específica.


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►Ensaios de campo
vi) Ensaio dilatométrico (Dilatômetro de Marchetti)
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

vi) Ensaio dilatométrico (Dilatômetro de Marchetti) – Princípio de funcionamento

• São efetuadas duas leituras, a leitura


A indica a pressão de gás necessária
para que a membrana de aço se
afaste do disco sensitivo (disco
sísmico);

• Prosseguindo a pressão do gás é


aumentada progressivamente até que
a membrana de aço se afste 1,1 mm
do disco sensitivo. Esta é a leitura B;
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

vi) Ensaio dilatométrico (Dilatômetro de Marchetti) - Princípio de funcionamento

• A terceira leitura, ou leitura C,


corresponde à pressão medida
quando a membrana volta a
repousar sobre o disco
sensitivo.
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

vi) Ensaio dilatométrico (Dilatômetro de Marchetti) – Interpretação/ alguns resultados

Tem-se então para cada leitura:

• Leitura A = Pressão Po

• Leitura B = Pressão P1

• Leitura C = Pressão P2
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

vi) Ensaio dilatométrico (Dilatômetro de Marchetti) – Interpretação/ alguns resultados

Módulo de elasticidade do solo ou módulo dilatométrico ED

Índice de material (ID) – utilizado principalmente para indicar o tipo de solo

Onde: u0 (= γw⋅z) é a pressão hisrostática na profundidade (z) ensaiada


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Ensaios de campo

vi) Ensaio dilatométrico (Dilatômetro de Marchetti) – Interpretação/ alguns resultados


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►VANTAGENS E DESVANTAGENS DE ALGUNS ENSAIOS DE CAMPO E
LABORATÓRIO
Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo

►Características de alguns ensaios de campo e laboratório


Reconhecimento do terreno / investigação do subsolo
►Características de alguns ensaios de campo e laboratório
Bibliografia

• Ensaios de campo e suas aplicações à engenharia de fundações, 2012,


Fernando Schnaid e Edgar Odebrecht, 2 ͣ edição, editora Oficina de
Textos.

• Aterros sobre solos moles, projeto e desempenho, 2010, Marcio de


Souza S. Almeida e Maria Esther Soares Marques, 1 ͣ edição, editora
Oficina de Textos.

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