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Relatos de Pesquisa UMA ANALISE DA ACESSIBILIDADE PARA DEFICIENTES VISUAIS NA SECAO BRAILLE DA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFPB AN ANALYSIS OF ACCESSIBILITY FOR THE VISUALLY IMPAIRED IN THE BRAILLE JEPB CENTRAL LIBRARY Marieélia Matias Costa Bacharel em Bibtioteconomia maricetiamatiascosta@ hotmail.com Maria Amélia Teixeira da Silva Mestre em Ciéncia da Informagio Professora do Departamento de Ciéncia da Informagao da UFPB meltetxeiraufpb@gmail.com Resumo: Na pesquisa foram analisadas as necessidades informacionais dos usuarios com deficiéncia visual total 4a Segdo Braille da Universidade Federal da Paraiba, Para tanto, buscou identficar as necessidades dos usuétios nessa edo; descrever as barreirasinformacionais existentes sob perspectiva dos usuarios; apontar solugdes para «que essas bareiras sejam desarticuladas satisfazendo as necessidades de informacio das usuarios da Secio Braille Trata-se de uma pesquisa exploratéria ¢ descritiva, com abordagem quanti-qualitativa, na qual um formnlério foi utilizado para coleta de dados, cuja aplicacto em virtude da deficiéncia dos respondentes, foi preenchido pela prépria pesquisadora que interagin com eles. Apés a anilise dos dados foi possivel concluir que, no que concerne 4 acessibilidade, a Biblioteca Central ¢ a Seg Braille da UFPB nfo possufam até o momento da pesquisa, uma proposta estruturada de servigos que atendam 4 demanda atual da Universidade. Sugere-se, desse modo, a ‘adequacio do ambiente para atender és demandas futuras de estudantes com deficiéneia visual, utlizando-se para isso a ABNT NBR 9050. Palavras-chaye: Acessibilidade - Biblioteca. Deficiente Visual. Biblioteca Universitiria - UFPB, Abstract: The research analyzed the informational needs of users with total visual impairment of the Braille Section of the Federal University of Paraiba. To this end, it sought to identifi the users’ needs; describe existing information barriers from the perspective af Braille Section users; to point out solutions for these barriers to be broken dawn by meeting the users’ information needs. This is an exploratory and descriptive research, with a ‘quantitative and quatitattve approach, in which a form was used for data collection, whose application die to the deficiency of respondents, was completed by the researcher who interacted with them, After analyzing the data it ‘wats possibile to conclude that regarding accessibility, the Central Library and the Braille Section of the UFPB did not have, until the moment of the research, a structured proposal of services that meet te current demand of the University. Thus, itis suggested the adequacy of the environment to meet the future demands of students with ‘visual impairment, using ABNT NBR 9050. Keywords: Accessibility. Visually Impalred. University Library. UFPB. 1 INTRODUCAO 0s estidos de usuarios sto investigacdes centradas no sistema, individuo, grupo ou commnidade favorecido com os servicos oferecidos por tnidades de informacao. De acordo com Moraes (1994), tais investigagdes objetivam: determinar os documentos requeridos pelos ustarios; descobrir 05 habitos dos uswérios para a obtengao da informacao, bem como as maneiras de busca; estudar 0 uso feito dos documentos; ¢ estucar a maneira de obtencao do acesso aos documentos Atentando-se ao acesso e uso da informacdo como fatores primordiais para 0 estabelecimento de uma sociedade inclusiva, pressupde-se determinar nese contexto o papel das relagdes entre a universidade e a sociedade para a compreensio dessas problemiticas. As universidades devem aualisar aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa esses processos limitativos, tanto para a pesquisa como para a formagao profissional, com responsabilidade ampla de cariter social, com o objetivo de obter resultados que contribuam para 0 progresso cientifico que contemplem a orientaco para 0 contexto da aplicagao, ou seja, para a pritica em campo social (BERNHEIM; CHAU, 2008). Perante essa perspectiva, pode-se considerar a importincia da informacdo para a vida e desenvolvimento do ser humano em toda a sua plenitude. Ponderando-se a respeito das necessidades informacionais da pessoa com deficiéncia visual, observa-se a questo do acesso 4 informagao ¢ os principais meios que sto utilizados por essas pessoas, para a sua obtengao, salientando-se, em conformidade com Malheiros (2009), que 0 acesso a informagio € essencial para a pessoa com deficiéneia visual, por ser um de seus maiores desafios de formacao educacional e incluso social. Diante desse contexto, as bibliotecas possuiem um importante papel no que diz respeito & incluso social dos individuos com deficiéncia. Estes sfo considerados usuétios especiais e por isso devem ser alvo de politicas especificas, capazes de lhes possibilitar 0 acesso a informagio, garantindo- thes, assim, meios de ascenderem & condigio de verdadeiros cidadios, capazes de desenvolver a capacidade critica e reflexiva necesséria para Iutarem por seus direitos e também participarem como sujeitos dos processos de transformacao da sociedade (PINHO NETO, 2013). A Constituigdio Federal (CF) de 1988 € 0 ponto de partida de destaque aos direitos as pessoas com deficiéncia, e a0 compromisso da universidade com o direito @ educagdo, & acessibilidade & incluso. Nao se pode perder de vista que a universidade deve desempenhar um papel democratizador junto 4 sociedade e colocar-se contra a exclusio social e a privatizacdo dos conhecimentos, como bem. Jembra Chaui (2003). ‘esse sentido, as bibliotecas universitirias, foco central deste estudo, precisam estar alinhadas a esse cendrio, Compete As bibliotecas universitirias prover & comunidade académica, inctuindo os que apresentam limitacdo visual, fisica e surdez, recursos de informacHo, oferecendo servigas e produtos diferenciados as suas limitagdes e potencialidades. (PUPO; MELO; FERRES, 2008), Diante disso, precisam ser garantidas possibilidades de acesso iguais e justas a todos, criando- se ambientes que oferecam recursos tanto em termos de espaco fisico, como acervo e capacitario pessoal, As bibliotecas universitirias apresentam-se com 0 mérito de buscar, por meio de tecnologia de informa cio, formas altemnativas para compartilhar e contribuir no proceso de aprendizagem, possibilitando 0 acesso ao conhecimento e favorecendo a garantia do direito & educagao. A inguietado da pesquisa surgiu apés visita & Seco Braille da Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraiba, Barreiras relacionadas ao livro em Braille, a falta de equipamentos adequados para éudio-books, barreiras de acessibilidade para chegar 4 Seco da biblioteca destinada a0 usnério com deficiéneia visual, barreiras de sinalizacdo, falta de higiene do acervo Braille, auséncia de atividades de marketing com o objetivo de atrair mais usuérios da universidade Segao, foram alguns ddos motivos impulsionadores desta pesquisa aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa Com o objetivo de analisar as necessidades informacionais dos uswirios com deficiéncia visual total da Seedo Braille da Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraiba, buscou-se questo identificar as necessidades dos usuirios da Secdo Braille; descrever as barreiras informacionais que da referida Seco e; apontar soluedes para que essas barreiras sejam desarticuladas satisfazendo as necessidades de informaco do usuério da Seco Braille 2 BIBLIOTECA CENTRAL DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARATBA © processo de estruturagao ¢ implantacao da Biblioteca Central, a partir da jungdo das treze Bibliotecas Departamentais, iniciou-se em 1976, através da contratago de bibliotecarios, atualizagao do acervo, elaborasaio e aprovayao do regulamento do Sistema de Bibliotecas, criagao de novos servigos, automacdo dos servicos técnicos, entre outros, culminando com a construgao do prédio definitive da Biblioteca Central com uma area construida de 8.500m"(SILVA, 2004). ‘No ano de 1977, o Regulamento do Sistema de Bibliotecas da UFPB passou por uma mudanca para reformulagao e ampliagdo dos servigos prestados ao puiblico. © Regulamento do Sistema de Bibliotecas foi aprovado pelo CONSEPE em 1980. O mesmo pode ser conhecido como Sistemoteca que ‘tem como érgio central a Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraiba e pode ser considerado como: ‘Um conjunto de bibliotecas integradas sob as aspectos funcional e aperacional. Tendo por objetivo a unidade e harmonia das atividades de coleta, tratamento, armazenamento, recuperagdo ¢ disseminaglo da informacio para 0 apoio aos programas de eusino, pesquisa e extensio (SINTONIO, DUTRA apud SILVA, 2004, PS). A Biblioteca Central é considerada como um dos érgios suplementares da UFPB. E formada pela Diretoria, Vice-Diretoria, Secretaria Administrativa, Setor de Contabilidade e por trés Divisdes, que se subdividem em 11 Secbes, a saber: Divisto de Desenvolvimento de Colecdes (DDC), a Divisio de Processos Técnicos (DPT) ¢ a Divisto de Servigos a0 Usuario (DSU) (BRASIL, 2009). Os recursos financeiros para o Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal da Paraiba, que compreende as bibliotecas setoriais e a Biblioteca Central, na forma da legislagdo vigente, podesto ser oriundos de dotagdo orgamentiria ou rendas proprias. A Biblioteca Central sera a tinica unidade da UFPB que dispori de dotacdes orgamentirias para aquisicao de material documental e assinatura de periddicos, cabendo a mesma, a distribuigdo entre as Bibliotecas Setoriais, da dotago orgamentaria recebida, em funeio do plano de necessidades de aquisi¢ao do material documental, apresentado por ‘cada uma das bibliotecas (BRASIL. 2009), 2.1 SECAO BRAILLE DA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFPB Inicialmente, a Seto Braille, localizava-se no térreo do prédio da Biblioteca Central da UFPB, estando subordinado & Seco de Colegdes Especiais. Atualmente, localiza-se no primeiro andar do ‘mesmo prédio e estd subordinada & Divisto de Servigos aos Usudrios (DSU). aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa ‘Sua missio & dar apoio aos alunos com deficiéncia visual disponibilizando um acervo com 3.430 ‘volumes em Braille, periédicos atualizados e um acervo de multimeios com 247 titulos, tudo organizado por ordem alfabética de titulo na sequéncia da CDU (Classificagao Decimal Universal). No quesito acessibilidade a Secdo precisa de alguns ajustes. A primeira grande barreira seria sua localizacdo no primeiro andar do prédio, pois no existe rampas e 0 elevador esti sem uso. A sinalizagao Braille esta desatualizada e depredada, existe apenas em alguns quadtos, nao existe piso tatil para orientar o camino, sendo 0 piso muito liso com risco de quedas. Os méveis, de modo geral, no so adaptados, as mesas possuem pontas onde frequentemente observa-se que usuarios e funcionarios se machucam, Possui estantes de ferro inadequadas para o material, devido 0 avango da ferrugem & poeira, apagam o Braille impresso nos exemplares. A Seco possui pouca iluminagdo e algumas fiactes encontram-se expostas, ‘Sua estrutura funcional, & época da pesquisa, possuia quatro funcionirios efetivos: Josenildo Costa, atual chefe da Seedo, Bibliotecirio desde 1997, especialista em Lingua Portuguesa, funcionério da Seco desde 2008; Marilia Guedes Pereira, Bibliotecéria desde 1975, Mestre em Biblioteca Publica, especialista em Automacao, funciondria da Seco desde 1990; Paulo da Silva Chagas, Bibliotecério desde 1984, especializado em Lingua Portuguesa, fuuncionitio da Segao desde 1985, no cargo de revisor de textos Braille; José Carlos Barbosa da Silva, graduado em Pedagogia € pés-graduado em Psicopedagogia, funcionario da Segao desde 2013, no cargo de Assistente administrative. Atualmente do conta com estagiirios Dentre 0s servigos oferecidos pela Seco esto: empréstimo, renovacdo e devolucao de livros Braille; Empréstimo, renovagdo e devolugto de livros-falados; Empréstimo, renovagao e devolugdio de periddicos; Consulta ao acervo, por meio do catilogo eletrénico e fisico; Orientagdo aos usuarios; Digitalizacdo e impressto de materiais em Braille. 3 ACESSIBILIDADE EM BIBLIOTECAS PARA PESSOAS COM DEFICIENCIA VISUAL ‘AS necessidades peculiares de uma pessoa com deficiéncia visual foram delineadas em conformidade com suas condigdes fisiolégicas e educacionais. Para o fator educacional, podem-se apresentar dois tipos de deficiéneia visual, cegueira e baina visto, que sto determinadas de acordo com as ferramentas que so utilizadas para 0 seu desenvolvimento no processo de ensino-aprendizagem. Para as pessoas consideradas cegas que efetuam o proceso de aprendizagem por meio dos sentidos remanescentes — tato, audigao, olfato e paladar — destaca-se a utilizagao do sistema Braille que € o principal meio de comunicagdo de escrita e leitura. © proceso educacional para as pessoas com baixa visio se desenvolve, principalmente, por meios visuais, ainda que com o auxilio de recursos especificos. ‘Na atualidade as pessoas com baixa visio podem contar com auxilios dpticos como, éculos de diferentes tipos, lupas e telescépios, assim como, usufruir auxilios nfo épticos, como cademo com pautas mais grossas,tiposc6pio, ampliagao de livros, entre outros. aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa Esses so considerados alguns dos principais meios de acesso A informagdo que a pessoa com deficiéneia visual disponibiliza em seu cotidiano para o aprimoramento intelectual, formacional, informacional e profissional. Sao adaptacdes e utilizagdo da tecnologia assistiva que esto facilitando a vida dessas pessoas. A tecnologia assistiva é definida como qualquer item ou sistema de produtos, que podem ser adquiridos comercialmente ou desenvolvides de forma artesanal, produzido em série, modificado ou elaborado sob medida, para que possam ser utilizados para aumentar, manter ou melhorar habilidades de pessoas com limitagdes funcionais (PUPO; BONILHA; CARVALHO, 2004). E uma tecnologia considerada assistiva por ser uilizada para o auxilio do desempenho funcional de atividades, permitindo a redueao de incapacidades para a efetuacdo de atividades do cotidiano, Essa ‘tecnologia é utilizada por profissionais da drea da sade, reabilitacdo e educacaio. ‘Sao instrumentos eficazes que podem, e devem ser utilizados para algumas estratégias e como ferramentas para 0 manuseio em servigos informacionais para permitir o acesso a informacao, A utilizacdo ampla e exclusiva do sistema Braille e da tecnologia assistiva em unidades de informacao, caracteriza um tipo de biblioteca que ¢ denominada como bibliotecas especiais, que t8m por finalidade atender a um tipo especitfico de leitor, levando-se em consideragdo as peculiaridades de sua clientela ow os materiais com que trabalham (OLTVEIRA, 2005). AS chamadas bibliotecas Braille esto inseridas nesse contexto por ser uma biblioteca direcionada para pessoas com deficiéncia visual e por lidar com materiais especificos de utilizacto esses usurios. Essas bibliotecas vém acompanhando a ascensio da economia informacional, que vem ocorrendo desde a década de 1970, 0 que tem focalizado os aspectos da tecnologia assistiva, trazendo para o usudrio com deficiéncia visual, novas possibilidades e expectativas em termos de estudo, trabalho ¢ lazer (PUPO; BONILHA; CARVALHO, 2004), 3.1 0 USUARIO COM DEFICIENCIA VISUAL Ousuario é 0 elemento fundamental para a unidade de informagao e possuem muiltiplos papeis devendo set elaboradas politicas inerentes a cada perfil. Eles sfo responsaveis por embasar existéncia, ‘manutengdo, atribuigdo de recursos e pela politica da unidade de informagao. O usuirio é um agente essencial na concepeto, avaliacao, enriquecimento, adaptacao. cstimulo ¢ funcionamento de qualquer unidade de informagio. Ele € um fator dindmico, mas pode ser também um fator de resilieneia se desconhece 0s mecanismos, da informagdo e se retém informacdo (GUINCHAT; MENOU, 1994, p. 483). Assim a Seco Braille da Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraiba busca mesmo com dificuldades, colocar no centro de suas prioridades o usuario com deficiéncia visual. Ainda de acordo com Guinchat e Menou (1994) podemos dividir os usuarios da Seco em trés ‘grupos principais: estudantes, profissionais e cidadaos. Os estudantes dos mais variados cursos de graduacdo desta universidade, dividem-se entre 0 acervo da Seeto Braille e os servigos do Niicleo de Educagdo Especial (NEDESP), localizado no Centro de Edueagao da mesma Universidade. aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa 05 usudrios profissionais abrangem os funciondrios e professores da instituigdo com deficiéncia ‘visual. E finalmente 0s usuiios cidadaos referem-se aos que a Seeao posstia e hoje sto poucos, os quais © acervo era levado até eles, através de um transporte disponibilizado pela directo da Biblioteca para levar livros e usuarios. Hoje os livros stio emprestados dessa forma a poucos usuarios desta categoria, pois o transporte é realizado pelos préprios funciondrios da Seco de maneira timida, pois os exemplares sto grandes e pesados. 3.2 BARREIRAS INFORMACIONAIS X ACESSO A INFORMACGAO A explosto documental, 2 globalizagio e dos avangos tecnolégicos, proporcionaram 2 diminuigdo da distancia entre as pessoas, barreira que causa custos e desperdicio de tempo. Para Aquino (2002, p. 206) esta diminnicao é devida “[..] as trocas informacionais propiciadas, atualmente, pelas redes digitais [..] fazendo emergir um novo paradigma: a partilha cooperativa do conhecimento”. Nesse ‘contexto a informacdo produzida em tempo real pela sociedade, torna-se cada vez mais um elemento de incluso social trazendo desenvolvimento para as pessoas, Para melhor compreendermos esse processo de acesso e a informago, Le Coadic define o que 6 informacao: £ um conhecimento inserito (registrado) em forma escrita (impressa ou digital), oral ou audiovisual, em um suporte [tendo como] objetivo permanever sendo a apreensto de sentidos ou seres em uma significacio, ou seja, continua sendo o conhecimento; ¢ co meio é a transmissdo do suporte, da estrutura. (LE COADIC, 2004, p.04) Podemos perceber que 0 conceito de informacdo & complexo, pois é necessirio que haja percepedo de sentido ¢ significado, levando em consideracdo o meio que a informagao é vinculada. Em consondncia com este pensamento, Oliveira (2005, p.18) enfatiza: “[...] a informacao € um objeto complexo, flexivel, mutivel, de dificil apreensio, sendo que sua importincia e relevancia esto ligadas 0 sen uso [..] e por tradigao, se relacionam a documentos impressos e a bibliotecas”. Sendo assim, a importincia da informagao esté referindo-se ao uso e consequentemente ao acesso, Portanto, sto nas ‘unidades de informagdes que ela sera disponibilizada adequadamente, uma vez que nessas unidades deve ter profissionais qualificados para auxiliar o usurio na recuperacdo da informacio, Diante deste contexto, percebe-se que as bibliotecas fazem parte do proceso educacional Ferreira (1980) mostra que seu acervo possibilita a0 cidadao a ampliac&o de seus conhecimentos, pois possuem papel essencial para a democratizagao do conhecimento, Os individuos sio motivados a procurar as bibliotecas pela necessidade de informagao e vao a busca dela para preencher 0 vazio da diivida, do desconhecimento, para firmar-se como cidadao atuante perante a sociedade. Enfatiza-se que o proceso informacional nao alcanga as expectativas dos usudtios na sua totalidade, pois nesse percurso segundo Gerhard et al. (2007) hi 0 que ela denomina de muido e a biblioteconomia reconhecem como ruidos os obsticulos ou barreiras informacionais, aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa Destacaremos trés barreiras informacionais que dificultam & recuperacao da informagdo por parte do usuario que segundo Freire (1991) so as barreiras legais, barreiras terminolégicas e barreira de eficiéncia, AS barreiras legais silo representadas pelas limitagdes ao acesso e uso da informagao, especificamente a informagto tecnoligica (aplicdvel A produgio de bens e servigos). Starec (2006) afirma que a tecnologia de informagao e de comunicagao emergiu para facilitar, porém, algumas vezes, © que observamos é que elas terminam dificultando o dia a dia nas instituigdes. A importincia da tecnologia da informagao esta sujeita acima de tudo a informagao e a fungaio representada por ela nas organizagdes, Nosso encantamento pela tecnologia nos faz esquecer o objetivo principal da informacdo - informar. Nao adianta ter tantos computadores, maquindrios e equipamentos se 05 ususrios nfo despertarem o interesse pela informagdo que eles podem produzir ou mediar, além disso, temos que estar atentos para nfo cometermos o erro de acreditar que os sistemas de informagiio estio isento de falhas, a esta realidade podemos atribuir de dependéncia tecnolégica. A segunda, as barreiras terminoldgicas, destacam que no é com assiduidade que os usudrios e agentes de informacdo utilizam 0 mesmo sistema convencional, de simbolos ou de sinais e de regras combinatérias integrado de linguagem no proceso de recuperagao do conhecimento, podendo suceder, especialmente na transferéncia da informagao para o setor produtivo, que os termos técnicos utilizados tomam dificil compreensdo da mensagem pelos usuarios finais. Bezerra (2003) compartilha do mesmo pensamento, pois segundo ela a barreira terminolégica é devido ao exagero de termos ou de uma terminologia instavel no recinto das organizacdes ou de grupos comuns a varias disciplinas podendo causar distoredes, rejeicdes ou interpretacdes erréneas. Outta vertente desta barreira seria também a inexisténcia de termos ou de uma terminologia instivel ara finalizar, as barreiras de eficiéncia, que influenciam de duas formas: primeiro do ponto de vista do agente que transfere a informaco (comunicador), que pode ser reconhecido na relagdo entre esforco para informar e usos/efeitos da informacao; ¢ por fim, do ponto de vista do usuario, na medida dos esforgos pata levar a efeito 0 uso dos servicos de informagao (custos financeiros, tempo, estratégias de busca e outros esforros), ou seja, a barreira de eficiéncia atua tanto do ponto de vista do sujeito que transmite a informacao, denominado de emissor, como do sujeito que emprega tal informagio — 0 receptor, em termo de combinagdo de busca, despesas financeiras e outros servigos (BEZERRA, 2003) Pelo exposto pode ser percebido que as dificuldades no processo de recuperacio da informacao dar-se~4 na comunicagao indireta na qual “...] a mensagem do comunicador nao alcanea imediatamente © receptor, como ocorre na comunicagao pessoal, mas é transformada em outros sinais transportada por outros meios” (FREIRE, 1991, p.52). Ou seja, a informagio do emissor nfo chega no mesmo ‘momento ao receptor, como ocorre na comunicardo pessoal, mas & transformada em outros sinais e ‘ransportada por outros meios. aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa 3.3 INCLUSAO SOCIAL O direito a cidadania, & igualdade e & dignidade sto valores hé muito tempo discutidos na historia da humanidade, © direito de ir e vir, de trabalhar e de estudar é a mola-mestra da inclustio de qualquer cidadao e, para que se concretize em face das pessoas com deficiéncia, hi que se exigir do Estado & construgdo de uma sociedade livre, justa e solidéria art. 3°, Constituigao Federal, (BRASIL, 2009, p. 11). Para 0 Ministétio do Trabalho, no que se refere as pessoas com deficigncia, as politicas piiblicas estdo superando a caracteristica assistencialista e excludente para possibilitar uma inclusto efetiva (BRASIL, 2009). © manifesto contra o Estatuto da Pessoa com Deficiéncia mostra que muito ainda necessita ser aperfeicoado, as pessoas com deficiéncia clamam por participacdo igualitiria em sociedade, com os mesmos direitos e obrigacdes, incluidas nos servigos oferecidos & populacdo cujas especificidades somente serdo necessérias quando as condi¢des de uma determinada deficiéncia assim exigirem. A inclusdo é um movimento baseado em um sistema de valores que faz com que todos se sintam. bem-vindos, celebrando a diversidade — seja esta diversidade de gnero, nacionalidade, raga, linguagem de origem, nivel social, educacional ou deficiéncia, afirma Mitler (2003). “Marques ¢ Marques (2003, p. 247) observam “...] um deslocamento de sentido na direcdo da superacdo desse modelo excludente de sociedade por tm novo modelo fundado no reconhecimento ¢ no respeito a diferenca.” Em particular, no que dizem respeito deficiéncia visual, as Bibliotecas devem se adaptar para acolher seus uswérios, mas isso no ocorre, pois esses espacos na maioria das vezes, nilo apresentam ‘uma arquitetura pensada para esse tipo de uso. Incluir e qualificar, a acessibilidade tem que ser universal, para aproximar as diferencas, para isso abre-se o caminho para o processo de incluso. Por sua vez 0s bibliotecdrios devem estar conscientes de que o problema maior nto & prover informacdes para o deficiente visual e sim criar condigdes acessiveis para que o mesmo se interesse e ‘venha utilizar os servigos e produtos oferecidos pelas bibliotecas. Com principios como estes podemos comprovar que quanto mais ferramentas ofertadas mais incluidos estario. As atividades dos bibliotecérios para com 0s deficientes visuais, nfo devem ser constituidas por agdes isoladas, devem envolver a participagao de outros organismos que lidam com a questio da deficiéncia visual, visando fortalecer o trabalho entre bibliotecas (SOUZA, 2013) 4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS ‘De acordo com Marconi e Lakatos (2011. p.1) a pesquisa € “[...] um procedimento formal, com método de pensamento reflexivo, que requer um tratamento reflexivo e se constitui no caminho para se comhecer a realidade” esse caminho refere-se a metodologia da pesquisa. Essa concepedo mostra que na existéncia de uma pesquisa, torna-se necessirio seguir um roteiro ‘organizacional no seu desenvolvimento onde por sua vez Silva (2004) afirma que para que seus resultados sejam satisfatérios se toma necessirio que o processo de pesquisa esteja baseado em planejamento cuidadoso, reflexdes conceituais sdlidas e alicergados em conhecimentos jé existentes. O aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa método cientifico aproveita a observacdo, a descri¢do, a comparacdo, a andlise e a sintese, além dos processos mentais da dedugio e da induelo, comuns para todos os tipos de investigagao (CERVO; SILVA; BERVIAN, 2007, p. 29). A principio foi realizada uma pesquisa bibliogrifica com temas sobre deficiéncia visual, acessibilidade, inclusio, biblioteca e o usuario com deficiéncia visual. Esta busca foi construida através da consulta a livros disponiveis na prépria Biblioteca Central da UEPB, como também livros e artigos disponiveis na intemet por meio de bases de dados confidveis, a exemplo da SCIELO (Scientific Electronic Library Online) para a construgio do referencial tedrico, ‘Do ponto dos seus objetivos a pesquisa caracterizou-se como sendo exploratéria descritiva. De acordo com Gil 2007) a pesquisa exploratéria visa proporcionar maior familiaridade com 0 problema com vistas a torné-lo explicito ou a construir hipSteses. Na pesquisa em questo, buscou-se idemtficar quais as necessidades informacionais dos usuarios com deficiéncia visual total da Sega Braille da Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraiba. Jé a pesquisa descritiva segundo Gil (2007, p. 43) “[..] tm como objetivo principal a descrieto de determinada populacdo ou fendmeno ou, entao, o estabelecimento de relagdes entre variiveis” Do ponto de vista dos procedimentos técnicos assumiu a configuragao de pesquisa bibliogréfica © pesquisa participante. A pesquisa bibliogréfica segundo Gil (1991) caracteriza-se pela busca de informagdes em fontes bibliogréficas, selegio de documentos que se relacionam com o problema da pesquisa (livros, artigos de revistas, trabalhos de congressos, teses, dissertacdes etc.) & a respectiva leitura, andlise e reflexdo sobre o material selecionado, para que sejam posteriormente utilizados (na identificagao do material referenciado ou na bibliografia final). Ja a pesquisa participante de acordo com Gil (1991) se desenvolve a partir da interacdo entre pesquisadores e membros das situagdes investigadas, Quanto ao tipo de abordagem é quanti-qualitativa. Identificaram-se tracos da pesquisa ‘quantitativa, pois, recorre & linguagem matemitica para descrever as causas de um fendmeno, as relacdes centre variiveis, ete. (GERHARD et al., 2009), Ja nos métodos qualitativos, segundo Gerhard etal (2009, 1p. 32) “Os pesquisadores buscam explicar o porqué das coisas, exprimindo o que convém ser feito”. Na pesquisa em questio, essa interago ocorreu por meio da aplicacdo do formulirio com os respondentes, ‘que em virtude da deficiéncia dos mesmos, foi preenchido pela propria pesquisadora, através do contato direto e presencial. A Seciio Braille da Biblioteca Central da UFPB em parceria com 0 Comité de Acessibilidade da ‘UFPB disponibilizaram os contatos de 20 alunos dos mais variados cursos de graduacdo da UFPB e com todos foi feito contato via e-mail para a aplicacéo do formulirio, contudo apenas 10 participaram da pesquisa, pois alguns dos alunos jé haviam concluido sua graduacio. © formulirio, contendo cito ‘questdes semiabertas, foi aplicado no periodo de 15 a 16 de maio de 2016, com 10 alunos da Universidade Federal da Paraiba, que possuem deficiéncia visual total. aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa 5 APRESENTACAO E DISCUSSAO DOS RESULTADOS Analisaremos cada questio e de acordo com os resultados obtidos serfo tecidos alguns ‘comentirios. Nas repostas abertas, o usuario sera identificado pela letra U seguida de numeragao em ordem crescente, correspondente a obtencdo de respostas para cada formulirio. ‘Na primeira questo perguntamos se o aluno tem conhecimento da existéncia de sinalizagao Braille na Segdo e na Biblioteca Central da UFPB. A referida sinalizagdo é demonstrada na figura 1. ‘Figura 1- Sinalizagao da Sego Braille Fonte: Arquivo Pessoal, 2016. © percentual de 60% dos usuérios informou que ndo tem conhecimento da existéncia de sinalizag4o Braille nem na Biblioteca Central da UFPB nem na Se¢do Braille. Como se observar na imagem acima (FIGURA 1), a etiqueta para o usuétio vidente é escrita manualmente e o Braille de algumas destas sinalizagdes ja esto apagados, Foi observado que apenas na Se¢do Braille existe esse ‘cuidado da sinalizagao visual ¢ Braille, tendo em vista que as demais Segdes e acervos da Biblioteca Central ndo posstiem essa sinalizacdo titi mesmo que com falhas. Os demais 40% responderam que no possuiam conhecimento da sinalizagao. Para 0 U7: “Embora eu possua ciéncia da sinalizacao, considero que a mesma nao é eficaz De inicio, cumpre frisar que, segundo 2 norma 9050 da ABNT, existem trés formas de ‘comunicacdo e sinalizacSo, sendo elas: Visual (Realizada através de textos ou figuras); Tatil (Realizada através de caracteres em relevo, Braille ou figuras em relevo) e; Sonora (Realizada através de recursos auditivos) (ABNT, NBR 9050, 2015). Essas formas de sinalizacto podem ser de quatro tipos: Permanente (Utilizada nas areas espacos cuja flunedo jd esteja definida); Direcional (Utilizada para indicar a direcao de um percurso ou distribuigao espacial dos diferentes elementos de um edificio); De emergéncia (Utilizada para indicar rotas de fuga e saidas de emergéncia ou para alertar quanto a um perigo eminente): Temporéria aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa (Utilizada para indicar informagdes provisérias ou que podem ser alteradas periodicamente) (ABNT, NBR 9050, 2015). No que conceme a bibliotecas e centros de documentagto adaptados para pessoas com deficigneia visual especificamente, algumas das medidas relativas & sinalizagao mais relevantes que devem ser implementadas sfo a instalacio de: Sinalizagao tatil interna — de localizacio em corrimiios e elevadores; de informacao (para a identificago de acervo, das portas ou leitura de informativos dispostos pela biblioteca); Piso tétil ou podo titil (Direcional e Alerta); Balcdo de atendimento sinalizado; Terminal de atendimento preferencial; Mapa tatil da biblioteca. A segunda questdo teve @ intensdo de avaliar a frequéncia com que estes alunos utilizam os servicos da Seco Braille da Biblioteca Central. Cerca de 80% revelaram que munca, e (20%) que raramente frequentam a See4o Braille. Dentre as justificativas apresentadas, 0 U2 afirmou que: ‘A distancia e acesso, além do acervo nao possuir materiais relacionadas 6 minha Grea de estudos. Além disso, considera que 0 acervo esti: muito desatualizado,” A terceira questio relaciona-se ao acervo disponivel na Seco Braille, se o discente considera- se satisfeito, satisfeito em certos aspects, indeciso, pouco satisfeito ow insatisfeito, O nivel de satisfacao centre os usuarios, de um modo geral foi baixo, pelos mesmos fatores citados na questéo de mimero 2 De acordo com 0 US: ‘0 ponto forte da Secdo é 0 vasto acervo infantil.” A quarta questio concerne & acessibilidade da Seco Braille se o aluno considera-se satisfeito, satisfeito em certos aspectos, indeciso, pouco satisfeito ou insatisfeito, sendo possivel justificar sua resposta. De acordo com 0 U3: “Nao me sinto satisfeito, pots considero que 0 acervo ndo supre mais as necessidades informacionats do piiblico estudantil com deficiéncia visual da UFPB, além disso, 0 acervo nao é higienizado.” Do total de respondentes, 80% dos participantes da pesquisa visitaram a Secdo apenas uma vez durante todo seu curso, O acesso se di através de escadas estreitas com degraus pequenos e piso bastante encerado, 0 que pode provocar risco de acidentes por ser escorregadio, conforme mostrado nas figuras 2,3,4e5 aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa Figura 2- Acesso a Secio Braille Figura 3- Piso escorregadio —— 3S Fonte: Arquivo Pessoal, 2016. Fonte: Arquivo Pessoal, 2016. Figura 4 — Mesas com pontas Figura 5 — Acesso a Biblioteca Central Fonte: Arquivo Pessoal, 2016. Fonte: Arquivo Pessoal, 2016. De acordo com a ABNT NBR: 9050/2015, os corrimios de escadas fixas e rampas devem ter sinalizagdo tétil (caracteres em relevo e em Braille), identificando o pavimento. Essa sinalizagio deve ser instalada na geratriz superior do prolongamento horizontal do corrimao, conforme Figura 6. Na parede a sinalizagdo deve ser visual e, opeionalmente, ttil, conforme Figura 6. Alternativamente, estas sinalizagdes podem ser instaladas nas paredes laterais. aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa Figura 6 — Corrimao e Sinalizacdo Tatil em Escadas Dimansdes em mation 2 DinansSes em mini — a ®Snalzaeo de coins — Vite petoe Fonte: ABNT NBR 9050, 2015. A sinalizacdo visual dos degraus de escada deve ser: a) aplicada aos pisos e espelhos em suas bordas laterais e/ou nas projecdes dos corrimos, contrastante com o piso adjacente, preferencialmente fotoluminescente ou retro iluminado, conforme as opedes demonstradas na Figura 7; b) igual ou maior ‘que a projecdo dos corrimfos laterais, com no minimo 7 em de comprimento ¢ 3 cm de largura; c) fotoluminescente ow retro iluminada, quando se tratar de saidas de emergéncia e/ou rota de fuga (ABNT NBR 9050, 2015). ‘NOTA: Recomenda-se estender a sinalizagao no comprimento total dos degraus com elementos que incorporem também caracteristicas antiderrapantes que auxiliaram também as pessoas com deficigneia visual. Figura 7 Sinalizagao visual e titil dos degraus da escada mee am catmatse Dimanaiesamcermati Fonte: ABNT NBR 9050, 2015. A Figura 8 apresenta de acordo com a ABNT NBR: 9050/2015, dimensdes referenciais para deslocamento das pessoas com deficiéncia visual em pé. Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa Figura 8 — Deslocamento das pessoas com deficiéncia visual em pé 10, Bengala longa - Vistas lateral, frontal e superior Cao-guia Fonte: ABNT NBR 9050, 2015, ‘Na quinta questo, foram listados alguns servigos existentes na Secdo Braille, para que 0 aluno evidenciasse o que ele busca com mais frequéncia: o acervo, a impressao de livros em Braille, os éuudio livros, o empréstimo de materiais ou os periédicos em Braille. Como os discentes pesquisados raramente utilizam a Segao, 50% deles niio sabiam de todos os servigos que a Segao dispde, a exemplo dos iudio- livros, A sexta questio relaciona-se ao grau de satisfacdo do usuario com relacdo aos servigos da Seco Braille, se 0 aluno considera-se satisfeito, satisfeito em certos aspectos, indeciso, pouco satisteito ou insatisfeito, sendo possivel justificar sua resposta. De acordo com 0 US: “Me sinto insatisfeito, pois a Segéo poderia ser mais uma opgao de completar as lacunas informacionais dos estudantes que possuem deficiéncia visual na UFPB © percentual de 70% dos pesquisados manifestaram que a melhoria deste servigo poderia inferir diretamente no aprendizado e desempenho deste puiblico estudantil, ‘A sétima questio vislumbra identificar as barreiras informacionais identificadas por esses usttérios. As principais barreiras citadas foram em relacdo a atualizagao e abrangéncia do acervo (90%), sinalizagao (65%) e a dificuldade de acesso a Secao Braille da Biblioteca Central da UFPB (100%). A oitava e tiltima questio, coleta recomendacdes com o objetivo de melhorar a acessibilidade dos uswérios deficientes visuais totais a Biblioteca Central da UFPB. A sugestéo mais apontada pelos usuirios relaciona-se a localizacdo da Seco. De acordo com o UIS: A Secdo Braille deveria ser mais préxima dos Centros onde possitem mais alunos com defteléncia visual, sao eles: 0 Centro de Ciénctas Socials Aplicadas (CCSA), 0 Centro de Educacao (CE) ¢ 0 Centro de Ciéncias Humanas, Letras e Artes (CCHLA) que abrangem os cursos das dreas de Inumanas, cursos que exigem muita leitura e materiais de pesquisa”. aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa Todos os responclentes fazem uso dos servicos do Niicleo de Educagdio Especial (NEDESP) que organiza, planeja, apoia, elabora e executa projetos na drea de Educacdo Especial relativos & pesquisa e extensiio, para docentes e discentes da UFPB, prestando atendimento psicopedagégico as pessoas com disnirbios do desenvolvimento e deficiéncias, localizado no Centro de Educagao (CE). 6 CONSIDERACOES FINAIS Diante da importincia de uma Seco que embasa estudantes com deficiéncia visual da Universidade Federal da Paraiba, esta pesquisa buscou conhecer quais as barreiras informacionais enfrentadas pelos usuérios com deficiéncia visual total da Sera Braille da Biblioteca Central da Universidade Federal da Paraiba. Para responder a questo proposta, foi tragado como objetivo geral e analisar as necessidades informacionais dos usuarios com deficiéncia visual total da Sedo Braille da Universidade Federal da Paraiba, discutido minuciosamente, além de cumprir os objetivos especificos de identificar as necessidades dos usuarios da Seedo Braille da Universidade Federal da Paraiba; descrever as barreiras informacionais que surgem aos ususrios da SecHo Braille da Universidade Federal da Paraiba e; apontar solugdes para que essas barteiras sejam desarticuladas satisfazendo 0 usuario da Segao Braille da Universidade Federal da Paraiba, Quanto & acessibilidade, percebeu-se que a Biblioteca Central ¢ a Segao Braille da UFPB nio possuem atualmente uma proposta estruturada de servigos que atendam a demanda atual da Universidade, Sugere-se, desse modo, a preparacio para as demandas futuras de estudantes com deficiéneia visual © rompimento das barreiras em torno da acessibilidade é primordial para permitir que essas pessoas sejam incluidas na Sociedade da Informacdo, pois nfo se deve pensar apenas nas mudancas fisica da biblioteca. E preciso ir além: desenvolver uma conscientizacdo por parte das pessoas que trabalham nas unidades de informagdes, uma forma de pensar mais inelusiva, deixando isso refletir em suas atitudes. E de suma importancia que se adotem essas medidas de sinalizacdo, prescritas na NBR 9050 da ABNT, visto que garantem a seguranga das pessoas com deficiéncia visual dentro da biblioteca, facilitando a sua locomogao pelo ambiente € dotando-as de maior autonomia, Como sugestio para as proximas pesquisas, fica evidente a importancia do um estudo de Marketing acerca da segdo Braille, Acredita-se que o problema destacado por este trabalho da pouca frequéncia dos usuarios na Seca pode ser resolvido a partir de projetos que melhorem a perspectiva do marketing no espago, REFERENCIAS, AQUINO, Mirian de Albuquerque. © campo da cléncia da informagao: génese, conexdes & especificidade. Joao Pessoa: Editora Universitaria, 2002, ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE NORMAS TECNICAS. NBR 9050: mobilidio, espagos equipamentos urbanos. Rio de Janeiro, 2015 cessibilidade a edificacdes, aa Biblionline, v. 15, n. 2, p. 79-95, 2019 Relatos de Pesquisa BERNHEIM, C. T.; CHAUI, M. Desaflos da universidade na sociedade do conhecimento, Brasilia: ‘Unesco, 2008. BEZERRA, Envy Porto. Digitalizando o Virtual: uma anilise Informacional do Proceso de Implementacdo da Biblioteca Digital Paulo Freire. Joao Pessoa: 2003. Disponivel: , Acesso em: 06 abr. 2019. BRASIL. RESOLUCAO N° 31/2009, 26 de maio de 2009. Aprova o Regimento Intemno do Sistema de Biblioteca da UFPB. Joo Pessoa, 2009. CERVO, Amado Luiz; SILVA, Roberto Da; BERVIAN, Pedro A, Metodologia cientifica. 6.ed. Sio Paulo: Pearson Education, 2007, CHAUI, M. A universidade piblica sob nova perspectiva. In: Conferéneia de abertura da 26* reuniio anual da ANPED, Pocos de Caldas, 5 de outubro de 2003. FERREIRA, Lusimar Silva. Bibliotecas universitirias brasileiras: anilise de estruturas centralizadas © descentralizadas. 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