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PÓS-GRADUAÇÃO

SAÚDE MENTAL
NO ADULTO
Perturbação do Espetro do
Autismo no Adulto

Evelina Brígido
Técnica Superior de Educação Especial e Reabilitação /Psicomotricista
Pós-graduada em Perturbações do Neurodesenvolvimento
Doutoranda em Educação, Educação Especial na Faculdade de Motricidade Humana
Técnica Assessora da Rede Diferenças
APPT21/Centro de Desenvolvimento Infantil Diferenças
6 de Maio 2021
DSM 5 (2013)
Perturbação do Espetro do Autismo

Padrões restritos e

Comunicação Social repetitivos de


e comportamentos, interesses
Interação Social
ou
atividades

APA, 2013
Evolução Histórica

Ao longo de décadas tem existido uma evolução histórica da terminologia e definição da perturbação.

A expressão 'autismo' foi utilizada pela primeira vez por

Bleuler, em 1911, para designar o alheamento da

realidade com grande dificuldade ou impossibilidade

de comunicação, tendo observado este comportamento

em doentes esquizofrénicos .

(Ajuriaguerra, 1977)
1943 - Leo Kanner - autismo infantil precoce

Em 1943, Leo Kanner, psiquiatra americano, descreveu o autismo como uma forma de psicose infantil, utilizando a
terminologia “autistic disturbance of effective contact”, que mais tarde denominou como “early infantil autism”.

perturbação da perturbação da
linguagem interação social

Comportamentos, interesses,
atividades e imaginação restritos
e repetitivos

Início precoce (12-24 meses)


• Um ano mais tarde, o pediatra austríaco Hans Asperger, descreve
crianças semelhantes às referidas por Kanner, caracterizando-as com
perturbações da interação social e insistência em padrões de
comportamentos repetitivos, contudo com melhor capacidade
cognitiva e comunicação oral.

• Estas terminologias, mais tarde correspondem a “the autistic


continuum” ou “autism spectrum” (Gillberg 1983, Wing 1993).
perturbação da perturbação da
1944 - Hans Asperger -
psicopatia autística
linguagem interação social

Comportamentos, interesses,
actividades e imaginação
restritos e repetitivos

1981 - Lorna Wing –


Síndrome de
Asperger

SINDROME AUTÍSTICA
Gilberg e Coleman, 2000
Na década de 1970, Lorna Wing, investigou a validade clínica
destes conceitos.

• De acordo com sua investigação, as crianças descritas por


Lorna Wing Kanner e Asperger tinham em comum as perturbações da
interação social, da comunicação e do desenvolvimento da
imaginação bem como um padrão de atividades e interesses
limitado, rígido e repetitivo (Wing, 1981; Frith, 1991).
No primeiro e segundo Manual de Diagnóstico e Estatística das

Perturbações Mentais, DSM I e DSMII, o autismo ou outra

terminologia não são descritas.

Oficialmente e nas classificações internacionais, o termo autismo só

surge em 1975, na Internacional Classification of Diseases (ICD-9),

sendo aí categorizado como uma psicose da infância. Em 1980, são

definidos os primeiros no Manual de Diagnóstico e Estatística das

Perturbações Mentais critérios de diagnóstico (DSM-III).


De acordo com a versão do DSM-IV-TR (APA, 2002), a PEA define-se como sendo uma perturbação global
do desenvolvimento, caracterizada por um défice grave e global em três áreas do desenvolvimento:

Alteração qualitativa Alteração qualitativa da


da comunicação
interação social

Padrões de comportamentos,
interesses e actividades
repetitivos, restritos e
estereotipados
DSM IV
 Perturbação autística

 Síndrome de Asperger

 Perturbação Pervasiva do Desenvolvimento – Sem outra especificação


(PDD-NOS)

 S Rett

 Perturbação Desintegrativa da Infância (S Heller)

DSM IV R
Perturbações do Espectro do Autismo (PEA)
DSM IV – Síndrome de Asperger

Alteração qualitativa da Alteração qualitativa da


comunicação interação social

Padrões de comportamentos,
interesses e actividades repetitivos,
restritos e estereotipados

Sempre sem défice cognitivo


No DSM-IV, bem como no CID-10 (WHO, 2007), o diagnóstico de autismo incluía, genericamente, três

grupos de manifestações: dificuldades na reciprocidade e interação social; dificuldades na comunicação

e comportamentos repetitivos, estereotipados e restritos.

Síndrome de Asperger, apresentava,


como critérios de inclusão, dificuldades na
reciprocidade e interação social associadas a
comportamentos repetitivos, estereotipados e
restritos, devendo apresentar linguagem e
cognição convencionais.
Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto
PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO

DSM 5 vs. DSM IV


 DSM IV tríade

 Eliminam subtipos (Asperger,…)

 Passam a haver especificadores: gravidade, funcionalidade, necessidades de apoios, outras

características, etiologia

 Pode haver comorbilidade (linguagem, cognição,…)

Capítulo Neurodevelopmental Disorders

Autism Spectrum Disorder


Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto
PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO

No DSM-5 (APA, 2013), o diagnóstico de síndrome de Asperger é extinto e a nova entidade proposta neste domínio
nosológico toma a designação de Perturbação do Espetro do Autismo. Esta entidade inclui os critérios classificativos
da síndrome de Asperger.

• Se forem detetados défices na área da linguagem, sem atingimento da cognição não-verbal, deverão
ser formulados os diagnósticos, em co-morbilidade, de Perturbação da Linguagem e de Perturbação
do Espetro do Autismo

• Se forem detetados défices na área da linguagem e na área da cognição, deverão ser formulados os
diagnósticos, em comorbilidade, de Perturbação de Desenvolvimento Intelectual e de Perturbação do
Espetro do Autismo ou ainda, de Perturbação de Desenvolvimento Intelectual, de Perturbação da
Linguagem e de Perturbação do Espetro do Autismo.
DSM 5
Perturbação do Espetro do Autismo

Padrões restritos e

Comunicação Social repetitivos de


e comportamentos, interesses
Interação Social
ou
atividades

APA, 2013
DSM 5 – Critérios de Diagnóstico
A+B+C+D
A - Défices persistentes na comunicação social e interação social transversais a múltiplos contextos,
manifestados pelos seguintes, atualmente ou no passado (os exemplos são ilustrativos, não exaustivos):

1. Défices na reciprocidade socio-emocional, variando, por exemplo, de uma aproximação social anormal e fracasso na

conversação normal, a uma partilha reduzida de interesses, emoções ou afeto, a fracasso em iniciar ou a responder a

interações sociais.

2. Défices nos comportamentos comunicativos não verbais usados para a interação social, variando, por exemplo, de uma

comunicação verbal ou não verbal pobremente integrada, a anomalias no contato ocular e linguagem corporal ou défices

na compreensão e uso de gestos, a uma total falta de expressões faciais e comunicação não verbal.

3. Défices em desenvolver, manter e compreender relacionamentos, variando, por exemplo, de dificuldades em ajustar o

comportamento de forma a adequar-se aos vários contextos sociais; as dificuldades em partilhar jogos imaginativos ou

fazer amigos; a ausência de interesse nos pares.


B- Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses e atividades, manifestados pelo
menos por 2 dos seguintes, atualmente ou no passado (os exemplos são ilustrativos, não exaustivos):

1. Movimentos motores, uso de objetos ou fala estereotipados ou repetitivos (por exemplo: estereotipias motoras simples,

alinhar brinquedos, sacudir objetos, ecolalia, frases idiossincráticas).

2. Insistência na monotonia, aderência inflexível a rotinas ou padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal

(por exemplo: angústia externa com pequenas mudanças, dificuldades em transições, padrões de pensamento rígidos,

rituais de cumprimento, necessidade de fazer o mesmo percurso ou comer a mesma coisa todos os dias).

3. Interesses altamente restritos e fixos, que são anormais na intensidade ou foco (por exemplo: ligação forte ou

preocupação com objetos incomuns, interesses excessivamente circunscritos ou perseverantes)

4. Hiper ou hipo-reatividade a estímulos sensoriais ou interesse incomum por aspetos sensoriais do ambiente (por

exemplo: indiferença aparente à dor/temperatura, respostas adversas a sons e texturas específicas, tocar ou cheirar

objetos excessivamente, fascinação visual com luzes e movimento)


C – Os sintomas têm de estar presentes no início do período de desenvolvimento (mas podem não se tornar totalmente

manifestas até às exigências sociais excederem as capacidades limitadas ou podem ser mascaradas mais tarde por

estratégias aprendidas)

D- Os sintomas causam prejuízo clinicamente significativo no funcionamento social, ocupacional e noutras áreas

importantes do funcionamento atual.

Especificar se tem:
Comorbilidade
Cognitiva (PDI)
Linguagem
Associação com condição genética ou médica conhecida
Associação a outra perturbação neurodesenvolvimental, mental ou de
comportamento
Catatonia
DSM 5 - níveis de gravidade
Níveis Comunicação Social Interesses restritos
Comportamentos repetitivos

Défices graves nas habilidades verbais e não-verbais de Inflexibilidade do comportamento, extrema


Nível 3 comunicação social, causam graves défices no dificuldade em lidar com a mudança ou outros

«Requerendo funcionamento, iniciação de interações sociais muito padrões restritos/repetitivos que interferem
limitada e resposta mínima á abertura social por outros. marcadamente com o funcionamento em todas
suporte muito
Por exemplo, uma pessoa com poucas palavras as esferas.
substancial» inteligíveis que raramente inicia interação e, quando o Grande angústia/dificuldade em mudar o foco
faz, apresenta aproximações incomuns para apenas ou ação.
satisfazer necessidades e apenas responde a
aproximações sociais muitas diretas
DSM 5 - níveis de gravidade

Níveis Comunicação Social Interesses restritos


Comportamentos repetitivos
Défices marcados/moderados nas habilidades Inflexibilidade do comportamento, extrema
verbais e não-verbais de comunicação social, dificuldade em lidar com a mudança ou outros
os défices sociais são aparentes mesmo com padrões restritos/repetitivos que aparecem com
Nível 2
suporte no local; iniciação limitada de suficiente frequência para serem óbvios ao
«Requerendo
interações sociais e respostas reduzidas ou observador causal e interferirem com o
suporte
anormais à aberturas social por outros. funcionamento numa variedade de contextos.
substancial» Por exemplo, uma pessoa que fala frases Angústia e/ou dificuldade em mudar o foco ou ação.
simples, cuja interação é limitada a interesses
restritos especiais e que tem uma
comunicação não-verbal marcadamente
estranha.
DSM 5 - níveis de gravidade

Níveis Comunicação Social Interesses restritos


Comportamentos repetitivos

Sem suportes no local, os défices na comunicação A inflexibilidade de comportamento causa


social causam prejuízos visíveis. Dificuldade em interferência significativa com o funcionamento
iniciar interações sociais e exemplos claros de num ou mais contextos. Dificuldade em mudar
respostas atípicas e mal-sucedidas à abertura social entre atividades. Problemas de organização e
Nível 1 por outros. Por exemplo, uma pessoa que é capaz de planeamento dificultam a independência.
«Requerendo falar com frases completas e se envolver na

suporte» comunicação, mas cuja conversação bilateral com


outros falha e as tentativas de fazer amigos são
estranha e tipicamente mal-sucedidas.
Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto
CARATERÍSTICAS ASSOCIADAS

A perturbação do espetro do autismo está, em alguns casos, associado a:

• défices inteletuais e linguísticos, problemas na coordenação motora, défice de atenção (APA, 2013;

Kantzer, Fernell, Gillberg, & Miniscalco, 2013; Coury et al., 2014; Pasciuto et al., 2015);

• hiperatividade, problemas de comportamento, emocionais, ansiedade (Pasciuto et al., 2015; Olsson,

2016);

• alterações de humor (Olsson, 2016)

• alterações do sono, compulsões, alterações gastrointestinais (Coury et al., 2014; Pasciuto et al.,

2015)

• alterações alimentares (Olsson, 2016).


Ultrapassar Perturbação
Barreiras nosdo
Processos
Espetro do
da Leitura
Autismoe no
da Adulto
Escrita
COMORBILIDADES

Perturbação do Perturbação de
Perturbação da Dificuldades de
Desenvolvimento Hiperatividade com
Linguagem Aprendizagem
Intelectual Défice de Atenção

Alterações
Perturbações
Perturbações
Alterações na comportamentais
Psiquiátricas:
Neurológicas:
Coordenação Motora Depressão; Perturbações
não sindromáticas:
Epilepsia Irritabilidade, agressividade,
do Humor; Ansiedade, POC
desatenção
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Processos
Espetro do
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Autismoe no
da Adulto
Escrita
ANÁLISE FENOMENOLÓGICA

Descrição dos Fatores atenuantes ou Consequências do


comportamentos agravantes comportamento

Cronologia ( duração, Circunstâncias (local, fatores


hora do dia, …) ambientais que ocorrem, Análise
atividade realizada)
desenvolvimental

Localização corporal
Manifestações concomitantes

Diagnóstico Diferencial
Identificação dos
desencadeadores Qualidade e quantidade
(intensidade, frequência, …)
(Palha, 2016)
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Processos
Espetro do
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Autismoe no
da Adulto
Escrita
COMORBILIDADES

Perturbação do Perturbação de
Perturbação da Dificuldades de
Desenvolvimento Hiperatividade com
Linguagem Aprendizagem
Intelectual Défice de Atenção

Alterações
Perturbações
Perturbações
Alterações na comportamentais
Psiquiátricas:
Neurológicas:
Coordenação Motora Depressão; Perturbações
não sindromáticas:
Epilepsia Irritabilidade, agressividade,
do Humor; Ansiedade, POC
desatenção
Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto
PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO

Prevalência

• Dados Mundiais do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças, revelam uma

prevalência de 2.21% em adultos ( considerado acima dos 18 anos), nos EUA, em 2017.

• Estudos estimam cerca de 1 a 2 % da População Mundial.

• Diagnóstico é mais comum no sexo masculino do que feminino: 4:1


Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto

PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO

Etiologia
Existe uma interação determinante entre o potencial genético e as condicionantes
do meio ambiente.

MULTIFACTORIAL

• Papel preponderante da genética

• Modulação fenotípica por factores ambientais

• Risco aumenta com idade paterna e materna

• Exposição a teratogéneos in utero aumenta risco


Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto

PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO

Etiologia
SECUNDÁRIA (<10%)

 Síndrome de X Frágil (3-4%) (ADN X Fra)

 Trissomia 21; cromossomopatias (cariotipo)

 D Neurocutâneas: esclerosa tuberose ; neurofibromatose

 Síndrome fetal alcoólico; rubéola;…

 Síndrome de Angelman (FISH 15q)

 Síndrome de Rett (MECP2)

 S Williams
Principais
Características
no Adulto
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Processos
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Autismoe no
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PEA no Adulto - Direção Geral da Saúde

• A PEA prolonga-se pela vida adulta, afetando de forma determinante e frequentemente grave, a vida
de relação e a autonomia do indivíduo.

• Para assegurar a continuidade dos cuidados de saúde na transição da idade pediátrica para a idade
adulta, particularmente para as pessoas mais gravemente afetadas, a unidade de saúde com a equipa
multidisciplinar deve estabelecer protocolos de articulação com as consultas de
especialidade/subespecialidade hospitalar específicas de pediatria e de adultos.

https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0022019-de-23042019-pdf.aspx
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Autismoe no
da Adulto
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PEA no Adulto - Direção Geral da Saúde

Manifestações principais:

a) Interação social desadequada (ex.: dificuldade em regular a distância na relação

com o outro, dificuldade na leitura do contexto social, contacto demasiado formal

ou tendência ao isolamento)

b) Rigidez, comportamental e cognitiva, a restrição de interesses e comportamentos

repetitivos (em relação aos quais não têm crítica e que lhes são mesmo

confortáveis)
https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0022019-de-23042019-pdf.aspx
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Comportamentos frequentes no Adulto

Comunicação Social e Interação Social

Défices na Reciprocidade social-emocional

• Dificuldades de processamento e resposta a pistas sociais complexas (p. ex. quando e como entrar

em uma conversa, o que não dizer).

• Dificuldades em situações novas ou sem apoio, sofrendo com o esforço e a ansiedade para, de forma

consciente, calcular o que é socialmente intuitivo para a maioria dos indivíduos.


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Autismoe no
da Adulto
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Comportamentos frequentes no Adulto
Comunicação Social e Interação Social

• Comportamentos comunicativos não-verbais usados na Interação

Entre adultos com linguagem fluente, a dificuldade em coordenar a comunicação não verbal com a fala
pode passar a impressão de "linguagem corporal" estranha, rígida ou exagerada durante as interações.

O prejuízo pode ser relativamente subtil em áreas isoladamente (p. ex., alguém pode ter contato visual
relativamente bom ao falar), mas percetível na integração insatisfatória entre contato visual, gestos,
postura corporal, prosódia e expressão facial para a comunicação social.
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Comportamentos frequentes no Adulto

Comunicação Social e Interação Social

• Desenvolver, manter e compreender relacionamentos

• Dificuldade em entender qual o comportamento considerado apropriado numa situação e não em outra
(p. ex., comportamento casual durante uma entrevista de emprego) ou as diversas formas de uso da
linguagem para a comunicação (p. ex., ironia, mentiras inocentes).
• Pode existir aparente preferência por atividades solitárias ou por interações com pessoas muito mais
jovens ou mais velhas.
• Com frequência, há desejo de estabelecer amizades sem uma ideia completa ou realista do que isso
significa (p. ex., amizades unilaterais ou baseadas unicamente em interesses especiais compartilhados).
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Comportamentos frequentes no Adulto
Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades

Comportamentos estereotipados ou repetitivos incluem:


• estereotipias motoras simples (p. ex., abanar as mãos, estalar os dedos),
• uso repetitivo de objetos (p. ex., girar moedas, alinhar objetos)
• fala repetitiva (p. ex., ecolalia, repetição atrasada ou imediata de palavras ouvidas, uso estereotipado de
palavras, frases ou padrões de prosódia).
Adesão excessiva a rotinas e padrões restritos de comportamento podem ser manifestados por:
• resistência a mudanças (p. ex., sofrimento relativo a mudanças aparentemente pequenas; insistência em
aderir a regras; rigidez de pensamento)
• padrões ritualizados de comportamento verbal ou não verbal (p. ex., perguntas repetitivas, fazer sempre o
mesmo percurso).
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Comportamentos frequentes no Adulto
Padrões restritos e repetitivos de comportamentos, interesses ou atividades

Interesses altamente limitados e fixos, tendem a ser anormais em intensidade ou foco (p. ex. adulto que gasta
horas a escrever o tabelas com horário).

Alguns encantamentos e rotinas podem estar relacionados a uma aparente híper ou hiporreatividade a
estímulos sensoriais.

Muitos adultos sem perturbação intelectual ou linguística aprendem a suprimir comportamentos repetitivos em

público.

Interesses especiais podem constituir fonte de prazer e motivação, propiciando vias de educação e emprego.
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Comportamentos frequentes no Adulto

Principais comportamentos no emprego


• Dificuldade em manter contacto ocular ( ex. falar com o chefe mas a olhar para parede, os sapatos… )

• Prosódia peculiar (ex. os colegas dizem que fala como um robot)

• Secretária arrumada sempre da mesma forma (ex.: cada objeto tem um lugar definido,…)

• Dificuldade em diferenciar formas de conversar ( ex.: discurso formal/informal, falar com os colegas ou

mesmo chefe como fala para a família)

• Ruídos e tiques involuntários, mesmo numa reunião importante

• Dificuldade em avaliar o seu desempenho pela cara das pessoas

• Por vezes, têm talentos em competências visuais, música, matemática e arte.


Apresentação
Heterogénea
no Adulto
Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto

PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO


Perfil Neurocognitivo e Perfil Comportamental

A avaliação dos perfis neurocognitivos (e.g.: cognição, linguagem, funções executivas, cognição social/ empatia
e motricidade) permite compreender os perfis comportamentais nas perturbações do neurodesenvolvimento,
bem como estabelecer linhas de base para a intervenção (Slick, 2017).

Muitas têm sido as teorias cognitivas que têm tentado compreender as


características da PEA, considerando que existem características comportamentais
e cognitivas primárias que são específicas da perturbação e outras secundárias,
que são processos neurocognitivos subjacentes que influenciam os
comportamentos mas não são específicos da PEA, como é o caso das funções
executivas e empatia (Leekam, 2016).
Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto

PERTURBAÇÃO DO ESPETRO DO AUTISMO

Perfil Neurocognitivo e Perfil Comportamental


Os problemas comportamentais representam apenas a ponta do
iceberg (Schopler, 1994).

A aprendizagem e a aquisição progressiva das diferentes


capacidades psicomotoras e comportamentais dependem de
processos neuromaturacionais de diferentes áreas
neurocognitivas que decorrem de uma complexa e natural
interação, bidirecional entre fatores biológicos e ambientais.
(Blakely, 2015)

Análise fenomenológica e neurodesenvolvimental do comportamento


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PEA no Adulto

Apresentação Heterogénea
Apresentam alguns traços da
perturbação:
Continuidade de uma PEA em criança com 1. Dificuldades na comunicação e
interação
boa evolução
PEA 2. Amizades restritas
sem 3. Algumas dificuldades nos
comorbilidade
relacionamentos (empatia)
Adulto com diagnóstico tardio 4. Dificuldades de adaptação à
mudança
5. Interesses restritos
6. Alguns comportamentos restritos e
ritualizados
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PEA no Adulto

Apresentação Heterogénea

1. Por vezes, necessitam de algum apoio na gestão emocional e do


comportamento
PEA 2. Muitos têm emprego autónomo (muitas vezes associados aos seus
sem interesses e que não implique muita interação).
comorbilidade
3. Alguns necessitam de alguma ajuda da integração
4. Vida familiar adequada (alguns descobrem após o nascimento do filho
com autismo)
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PEA no Adulto
Apresentação Heterogénea

1. Muito associado a elementos da família de indivíduos com PEA

2. Características de personalidade, de linguagem e a presença de


Broader
comportamentos que refletem a expressão fenotípica de uma
Autism
Phenotype suscetibilidade genética para o desenvolvimento do PEA

3. Apesar de não preencherem os critérios para o diagnóstico clínico da

perturbação, expressam traços de personalidade e sintomas

subclínicos.
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PEA no Adulto

Apresentação Heterogénea
Apresentam sintomas da PEA na
comunicação e interação social, nos
padrões repetitivos bem como sintomas

PEA Muitas vezes, adultos com PEA de outras perturbações.


com comorbilidade
de doença desenvolvem outras perturbações
psiquiátrica
psiquiátricas e vice-versa. A funcionalidade depende do impacto das
perturbações no seu dia a dia.
Por vezes, é diferente dependendo das
fases da doença.
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PEA no Adulto

Apresentação Heterogénea

1. Elevada inflexibilidade

2. Maiores dificuldades na comunicação

e na interação
PEA com PEA associada a estado limite do
comorbilidades 3. Prosódia peculiar
funcionamento inteletual
4. Necessidade de rotinas

5. Maneirismos e estereotipias mais

evidentes
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PEA no Adulto

Apresentação Heterogénea

• Menor comportamento adaptativo

• Por vezes, necessitam de algum apoio na organização das rotinas,


PEA com comunicação, gestão emocional e do comportamento
comorbilidades
• Emprego apoiado e/ou protegido (muitas vezes associado a trabalhos de

rotina)

• Amizades e vida familiar mais limitada

• Residências autónomas
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PEA no Adulto

Apresentação Heterogénea
1. Dificuldades na comunicação mas
também na linguagem (por vezes, não
verbais)
PEA (níveis mais elevados) associados a 2. Alterações cognitivas
PEA com
3. Dificuldades na interação Social
comorbilidades perturbação do desenvolvimento
4. Elevada inflexibilidade
intelectual e perturbação da linguagem
5. Necessidade de rotinas e de muita
estruturação
6. Comportamentos restritos e
repetitivos
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PEA no Adulto

Apresentação Heterogénea

• Dificuldades no comportamento adaptativo

• Dependentes de outros

PEA com • Não acompanharam o currículo escolar nem são elegíveis para Formação
comorbilidades
Profissional

• A maioria está inserido em Centros de Atividades Ocupacionais (CAO)

• Intervenção nas várias áreas do comportamento adaptativo

• Lares residenciais
AVALIAÇÃO
NICE

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AVALIAÇÃO
De acordo com Gillberg (2014), para avaliar as PEA recomenda-se a avaliação:
 Nível de Desenvolvimento / avaliação cognitiva
 Competências de interação social
 Interesses restritos e comportamentos repetitivos
 Comportamento adaptativo

Nenhum instrumento de avaliação isolado pode estabelecer o diagnóstico, a compreensão e julgamento clínico de
profissionais experientes que deve ser considerada a chave de ouro do diagnóstico (Charman & Baird, 2002; Klin,
Lang, Cicchetti & Volkmar,2000; Steiner, Goldmith, Snow& Chawarska, 2012).

É fundamental avaliações multidisciplinares, incluindo entrevistas com os prestadores de cuidados,


observações livres e testes estruturados.
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Processos
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AVALIAÇÃO

As Guidelines de Nice (National Institute for Health and Care Excellence, 2016)

Sinais de alerta para avaliação no adulto:


• dificuldades persistentes na interação social
• dificuldades persistentes na comunicação social
• comportamentos estereotipados (rígidos e repetitivos), resistência a mudanças ou
interesses restritos
• dificuldades em arranjar ou manter o emprego
• dificuldades em iniciar ou manter relações sociais

https://www.nice.org.uk/guidance/cg142
Ultrapassar Perturbação
Barreiras nosdo
Processos
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AVALIAÇÃO
As Guidelines de Nice (National Institute for Health and Care Excellence, 2016)
Avaliação abrangente
• realizada por profissionais experientes e equipa multidisciplinar (psiquiatra e técnicos)
• envolver um membro da família, companheiro, prestador de cuidados
• Incluir observação em contexto social

Deve incluir:
• Sinais e sintomas da PEA (presentes na infância e continuaram na idade adulta)
• História inicial de desenvolvimento
• Problemas comportamentais
• funcionamento em casa, escola ou emprego
• problemas de saúde física, psicológicos ou cognitivos passadas e atuais
• outras condições do desenvolvimento neurológico
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da Adulto
Escrita
AVALIAÇÃO DE DIAGNÓSTICO - Instrumentos de Diagnóstico

ADI-R Autism Diagnostic Interview-Revised


(Lord, Rutter, & Le Couteur, 1994)

• Usada a partir dos 2 anos


• Entrevista aos pais com recolha de informação presente e passada
• Avalia, entre outros, Linguagem/ Comunicação; Interação Social; Comportamentos/
Interesses Restritos, Repetitivos e Estereotipados.

ADOS - Autism Diagnostic Observation Schedule


Lord et al., 1989.

• Dirigido a crianças e adultos


• Uma avaliação padronizada e semiestruturada da comunicação, da interação social e
jogo ou uso criativo de materiais
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Barreiras nosdo
Processos
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da Leitura
Autismoe no
da Adulto
Escrita
AVALIAÇÃO DE DIAGNÓSTICO - Instrumentos de Diagnóstico

ADI-R

• O ADI-R é uma entrevista semiestruturada, dirigida principalmente aos

pais e cuidadores, que permite uma avaliação detalhada de indivíduos

com suspeita de uma Perturbação do Espetro do Autismo (PEA). O seu

objetivo é obter descrições detalhadas dos comportamentos e

manifestações requeridos para um diagnóstico de PEA.


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da Adulto
Escrita
AVALIAÇÃO DE DIAGNÓSTICO - Instrumentos de Diagnóstico

ADI-R

Recolhe informação das áreas:

 da comunicação e linguagem,

 interação social,

 comportamentos e interesses repetitivos e restritivos,

 jogo simbólico e imaginação,

 bem como outros comportamentos atípicos e habilidades especiais.


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Processos
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da Adulto
Escrita
AVALIAÇÃO DE DIAGNÓSTICO - Instrumentos de Diagnóstico

ADI-R
Apesar de ser o instrumento utilizado há muitos anos e fazer
na entrevista questões acerca da linguagem e cognição, no
algoritmo apenas entram questões relacionadas :

 Alterações na Interação Social Recíproca

 Alterações na Comunicação (especificamente e não enfoque na linguagem,


sendo utilizados itens diferentes e realizadas questões diferentes caso sejam não verbais)

 Padrões de Comportamentos restritos, repetitivos e


estereotipados
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AVALIAÇÃO de DIAGNÓSTICO - Instrumentos de Diagnóstico

Autism-Spectrum Quotient
(Baron-Cohen, Wheelwright, Skinner, Martin, & Clubley, 2001).

• Usada a partir dos16 anos


• Versão Adultos (16+ anos), adaptada por São Luís Castro e César F. Lima, disponível online no website do
Autism Research Centre (http://www.autismresearchcentre.com)
• Consiste num questionário de autopreenchimento de 50 afirmações sobre 5 áreas distintas (capacidades
sociais, modulação da atenção, atenção ao pormenor, comunicação e imaginação),

DISCO – Diagnostic Interview for Social and Comunication Disorders


(Wing et al., 2002)

• Usado para crianças e adultos


• Entrevista semiestruturada
• Recolhe informações sobre competências individuais, dificuldades e comportamentos atípicos, não apenas
relacionados com a PEA
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AVALIAÇÃO de DIAGNÓSTICO - Instrumentos de Diagnóstico

https://www.asphttps://www.aspietests.org/raads/etests.
org/aq/questions.php

https://www.clinical-partners.co.uk/for-
adults/autism-and-aspergers/adult-autism-test
Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto
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AVALIAÇÃO DE DIAGNÓSTICO - Instrumentos de Diagnóstico

Repetitive Behaviour Scale -Revised


(RBS-R; Bodfish, Symons, Parker, & Lewis, 2000)

• Usada a partir dos 15 meses


• Avalia interesses sensoriais, movimentos motores repetitivos, rigidez/adesão às
rotinas e preocupações com padrões restritos de interesses.

Social Responsiveness Scale (SRS )


Constantino et. al, 2012

• Para crianças e adultos


• Permite distinguir as dificuldades sociais da PEA de outras perturbações
Perturbação do Espetro do Autismo no Adulto
Ultrapassar Barreiras nos Processos da Leitura e da Escrita

AVALIAÇÃO

Cognitiva

• WAIS - Escalas de Inteligência de Weschler para Adultos

Comportamento Adaptativo

• Vineland Adaptativo Behavior Scales

• Escala do Comportamento Adaptativo


INTERVENÇÃO
NA
PEA NO ADULTO
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da Adulto
Escrita
INTERVENÇÃO NA PEA NO ADULTO

Padrões restritos e
Comunicação Social repetitivos de
e comportamentos,
Interação Social interesses ou
atividades

COMORBILIDADES
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Escrita
INTERVENÇÃO NA PEA NO ADULTO

Individualizada Contextualizada Comorbilidades

Comportamento
Adaptativo
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Escrita
INTERVENÇÃO NA PEA NO ADULTO

Necessidades
Adulto com PEA

Família
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Escrita
INTERVENÇÃO NA PEA NO ADULTO

Necessidades dos Adultos com PEA

Adequação social Adequação dos comportamentos


restritos e repetitivos

Acesso aos
Acesso à Acesso ao Acesso à
cuidados de
Educação Emprego Habitação
Saúde
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Processos
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INTERVENÇÃO NA PEA NO ADULTO

Compreender os
Ajustar estratégias
comportamentos

Necessidades da
Família

Procurar os serviços Promover a independência e


adequados a qualidade de vida
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INTERVENÇÃO NO ADULTO

• Intervenção cognitiva e comportamental

• Intervenção nos sintomas específicos da PEA

• Intervenção em comportamentos específicos (como ansiedade, isolamento social, problemas de

relacionamento ou dificuldades de trabalho).

• Terapia individual ou em grupo

• Intervenção Farmacológica

• Recurso a grupos online

• Intervenção nas comorbilidades ( perturbações psiquiátricas e perturbações cognitivas)

(NICE, 2016)
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INTERVENÇÃO

Para elaborar o plano de intervenção deve ter em conta:


 Problemas e necessidades atuais
 Experiência e resposta a intervenções anteriores
 Fatores pessoais e sociais
 Comorbilidades
 Identificação dos antecedentes que originam comportamentos desajustados
 Incluir o adulto na decisão do tratamento
 Discutir e analisar com o adulto
o Situações que levam ao aumento da ansiedade e da hipersensibilidade
o Possíveis efeitos da medicação
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Processos
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INTERVENÇÃO

Estratégias gerais

Flexibilidade
Informação
Previsibilidade Antecipação Clareza Estrutura Rotina Cognitiva e
Visual
comportamental
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Processos
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Escrita
INTERVENÇÃO

Estratégias gerais:
• uma abordagem mais concreta e estruturada

• uso de informações escritas e visuais

• colocar maior enfase na mudança de comportamento na fase inicial da intervenção

• tornar as regras explícitas e explicar seu contexto

• linguagem simples e evitando o uso excessivo de metáforas, ambiguidades e inferências

• envolver um membro da família, companheiro, prestador de cuidados ou profissional

• usar os interesses para aumentar a atenção e participação


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INTERVENÇÃO NA PEA NO ADULTO

Modelo da Qualidade de Vida

“Um conceito que reflete as condições de vida desejadas pela pessoa, em relação a oito necessidades
fundamentais que representam o centro das dimensões da qualidade de vida do indivíduo.”
(Schalock, 2010)

Dimensões Indicadores
Bem estar emocional Segurança, felicidade, autoconceito, satisfação
Relações Intimidade, família, amizades, interações
Bem estar material Ter controlo pelas suas próprias coisas, emprego, finanças
Desenvolvimento emocional Educação, satisfação, competências, progresso
Bem estar físico Saúde , lazer, atividades diárias
Autodeterminação Autonomia, decisões, escolhas de vida, autocontrolo
Integração Social Aceitação, apoios, ambiente de trabalho, habitação, papel social
Direitos Acessibilidade, privacidade, responsabilidades cívicas
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INTERVENÇÃO

• Intervenção psicossocial
Intervenções
combinadas
• Intervenção farmacológica

• Perturbações psiquiátricas
Intervenções para as
Comorbilidades
• Perturbações do neurodesenvolvimento
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INTERVENÇÃO

Intervenções psicossociais para os principais sintomas do autismo

Deve incluir:

• Programa de desenvolvimento e adequação da comunicação e interação social

• Programa de redução e adequação dos comportamentos restritos e repetitivos

• Programa de desenvolvimento da empatia

• Programa do desenvolvimento das funções executivas ( ex.: controlo emocional, flexibilidade, controlo

do impulso, memória de trabalho, …)


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INTERVENÇÃO

Intervenções psicossociais para os principais sintomas do autismo


• Programa de competências sociais individual

• Programa de competências sociais em grupo, focado em melhorar a interação social

Estratégias

• Modelagem

• Feedback de colegas (para programas baseados em grupo) ou feedback individual

• Discussão dos comportamentos/resultados e tomada de decisão

• Regras explícitas

• Estratégias para lidar com situações socialmente difíceis.


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INTERVENÇÃO NA PEA - Comunicação Social e Interação Social

Comunicação Não Verbal


Contacto ocular
Postura
Tom de Voz

Identificação de diferentes expressões faciais/sentimentos a partir


de imagens e situações do dia a dia

Adequar a sua linguagem corporal, gestos faciais ou


paralinguística (tom de voz) no seu discurso e na expressão
das emoções.
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INTERVENÇÃO NA PEA - Comunicação Social e Interação Social
Compreensão de Linguagem inferencial

Ensino através de APP para posterior adequação


em contexto social
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INTERVENÇÃO NA PEA - Comunicação Social e Interação Social

Padrões básicos de comunicação


Vários Temas:
1. Cumprimentar
Treino em contexto sessão 2. Fazer um pedido
para posterior adequação em 3. Agradecer

contexto social 4. Despedida


5. Ida ao café (ou outro serviço) – sequência de passos
6. Pedir ajuda
7. Pedir emprestado
8. No Restaurante
9. Locais
10. No Centro Comercial
11. Na Rua
12. Na Rua II
13. Na Praia
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INTERVENÇÃO NA PEA - Comunicação Social e Interação Social

Aplicação em contexto social

Viagem de Autocarro
Guião:
Sr. Motorista:_________________________________________________
____________________________________________________________
António:_____________________________________________________
____________________________________________________________
Sr. Motorista:_________________________________________________
____________________________________________________________
António:_____________________________________________________
____________________________________________________________
Sr. Motorista:_________________________________________________
____________________________________________________________
António:_____________________________________________________
____________________________________________________________
Sr. Motorista:_________________________________________________
____________________________________________________________
António:_____________________________________________________
____________________________________________________________
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INTERVENÇÃO NA PEA - Comunicação Social e Interação Social
Compreensão e Interação Social - Empatia
Desenvolver a Teoria da Mente, isto é, na capacidade de inferir ou atribuir estados mentais a terceiros, capacidade
de interagir socialmente.

Strange Stories • Emoções invertidas


• Mentira • Fingimento
• Mentira branca • Piada
• Mal entendido • Figuras de linguagem
• Sarcasmo • Esquecimento
• Convencimento

Funções cognitivas Superiores


(especulação, inferências,
argumentação,…)
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INTERVENÇÃO nos comportamentos repetitivos

Utilização de Inibidores do Comportamento: Comportamentos alternativos

Cruzar os braços

Colocar as mãos nos bolsos

Flapping
Estabelecer códigos de sinais para relembrar o comportamento
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INTERVENÇÃO

Intervenções psicossociais focadas no comportamento adaptativo


Programa estruturado que inclua:

 Atividades de lazer individuais


 Atividades de lazer em grupo

Estratégias

 Foco nos interesses e competências


 Avaliação da intervenção e análise das dificuldades com o técnico
 Técnico facilitador da interação em grupo

 Ter em conta condições ambientais


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INTERVENÇÃO

Intervenções focadas nas dificuldades comportamentais


Programa comportamental para diminuir os comportamentos (ex.: isolamento, frustração, raiva,…)

Estratégias

 Análise funcional de situações de desencadeiam os comportamentos


 Treino de competências para lidar com situações desafio (ex. situações de role-play)
 Ensino de técnicas de relaxamento
 Ensino de técnicas de resolução de problemas
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INTERVENÇÃO

• Intervenção comportamental para os comportamentos desajustados

1. Identificação dos comportamentos

2. Avaliação dos factores que potenciam o risco de


aumento dos comportamentos

3. Antecipação e prevenção
(estratégias comportamentais)
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INTERVENÇÃO

Intervenção para os comportamentos desajustados

1. Identificação dos comportamentos


Tipologia

Frequência

Disfuncionalidade

Impato nas atividades


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INTERVENÇÃO

• Intervenção para os comportamentos desajustados

2. Avaliação dos factores que aumentam o risco de aumento dos comportamentos (Motivos Frequentes)

Mudanças
Problemas de Problemas de Perturbações do
Comunicação desenvolvimentais
saúde física saúde mental neurodesenvolvimento
(adolescência)

Alterações na
Reforço do Ausência de
Ambiente físico Ambiente social rotina ou
comportamento
previsibilidade
pessoais
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INTERVENÇÃO

Intervenções psicossociais nos comportamentos desafio

Baseada nos princípios comportamentais e análise funcional

 Analisar fatores desencadeadores (antecedentes) dos comportamentos desafio

 As consequências do comportamento (i.e., o reforço recebido como resultado do

comportamento)

 Identificar tendências na ocorrência do comportamento, fatores que podem estar a

desencadear o comportamento
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INTERVENÇÃO

Intervenções psicossociais nos comportamentos desafio

A escolha da intervenção depende:

• A natureza e gravidade do comportamento

• Necessidades e capacidades físicas da pessoa

• O ambiente físico e social

• A capacidade da pessoa, da família, companheiros ou prestadores de cuidados

• As preferências da pessoa e, quando apropriado, sua família, companheiro ou prestador de cuidados

• História passada de cuidados e apoio.


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INTERVENÇÃO

A intervenção deve incluir:

•Diminuição dos comportamentos

• Aumento da qualidade de vida

Avaliação e modificação de fatores ambientais que podem contribuir para


iniciar ou manter o comportamento

Estratégias de intervenção claramente definida


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INTERVENÇÃO

A intervenção deve incluir:

•Critérios claros para obter reforço

•Cronograma claro de reforço ( qual o momento que recebe o reforço)

•Avaliação sistemática do(s) comportamento(s) alvo(s) adotado(s) antes e


após a intervenção

•Reformulação de objetivos/ estratégias/ comportamentos


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INTERVENÇÃO

Intervenção no Emprego
Tipos de Emprego

Protegido

Apoiado

Emprego competitivo
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INTERVENÇÃO

Intervenção no Emprego
Programa de emprego individual quando há dificuldades em conseguir ou manter um emprego

Estratégias

 Ajudar na elaboração do currículo e carta de apresentação

 Ajudar na preparação para entrevistas de emprego

 Desenvolver competências específicas para a função de trabalho identificada

 Ensinar comportamentos relacionados ao trabalho/tarefa (ensino sequencial)


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INTERVENÇÃO

Intervenção no Emprego
 Depois de conseguir o emprego:
o Estabelecer contacto com a entidade empregadora e fornecer algumas
estratégias e adaptações locais
o Apoio continuo e, se necessário, acompanhamento no local de trabalho
o Apoio ao empregador

o Apoio ao adulto com PEA:

o Desenvolver competências sociais e comunicativas no local de trabalho

o Ensinar a distinguir relacionamentos formais e informais


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INTERVENÇÃO

Habitação

Modelos Residenciais Modelos Residenciais


Vida independente
Protegidos na Comunidade

Residências apoiadas Casas de grupo Casa própria sozinho

Apoio à vida
Residências ou lares Casa Familiar
independente
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INTERVENÇÃO

Apoio à vida independente (residências autónomas)

Os locais devem ter estabelecidas:

• Áreas especificas para diferentes atividades

• Pistas visuais sobre o comportamento esperado

• Adaptações no ambiente físico para pessoas com híper e/ou hipo sensibilidade

• Espaços internos e externos onde possa ficar sozinha


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INTERVENÇÃO

Apoio à vida independente (Residências Autónomas)

Preferencialmente, em pequenas unidades comunitárias locais que incluam:

• Atividades estruturadas direcionadas à capacidade de viver sozinhos

• cronograma com as rotinas diárias, semanais e sequenciais que promovem a escolha e a autonomia

• Atividades que promovam a integração com a comunidade local e o uso de serviços locais

Comportamento Adaptativo
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INTERVENÇÃO NA PEA COM COMORBILIDADES COGNITIVAS

Instituições
Maior funcionalidade:

• Centro de formação e integração profissional

• Residência Autónoma

Menor funcionalidade:

• Centro de Atividades Ocupacionais

• Lar residencial
Obrigada pela vossa atenção!

Evelina Brígido

evebrigido@gmail.com

2
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Bibliografia Uteis e Recomendadas

• American Psychiatric Association (2014) – DSM-5: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações

Mentais.5ª edição. Lisboa: Climepsi

• Cage, E., Troxell-Whitman, Z. Understanding the Reasons, Contexts and Costs of Camouflaging for Autistic

Adults. J Autism Dev Disord 49, 1899–1911 (2019). https://doi.org/10.1007/s10803-018-03878-x

• Lima, C. (2012). Perturbações do Espectro do Autismo- Manual Prático de Intervenção. Lidel

• Murphy, C. M., Wilson, C. E., Robertson, D. M., Ecker, C., Daly, E. M., Hammond, N., Galanopoulos, A., Dud, I.,

Murphy, D. G., & McAlonan, G. M. (2016). Autism spectrum disorder in adults: diagnosis, management, and

health services development. Neuropsychiatric disease and treatment, 12, 1669–1686.

https://doi.org/10.2147/NDT.S654
Ultrapassar Perturbação
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Escrita
Bibliografia Uteis e Recomendadas

• Murphy, C. M., Wilson, C. E., Robertson, D. M., Ecker, C., Daly, E. M., Hammond, N., Galanopoulos,

A., Dud, I., Murphy, D. G., & McAlonan, G. M. (2016). Autism spectrum disorder in adults: diagnosis,

management, and health services development. Neuropsychiatric disease and treatment, 12, 1669–

1686. https://doi.org/10.2147/NDT.S654

• Schalock R.L., Keith K.D., Verdugo M.Á., Gómez L.E. (2010) Quality of Life Model Development and Use in the

Field of Intellectual Disability. In: Kober R. (eds) Enhancing the Quality of Life of People with Intellectual

Disabilities. Social Indicators Research Series, vol 41. Springer, Dordrecht. https://doi.org/10.1007/978-90-481-

9650-0_2
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Bibliografia Uteis e Recomendadas

• https://www.verywellhealth.com/top-10-facts-about-adult-autism-4140671

• https://www.nice.org.uk/guidance/cg142

• https://www.dgs.pt/directrizes-da-dgs/normas-e-circulares-normativas/norma-n-0022019-de-23042019-pdf.aspx

• https://www.additudemag.com/autism-spectrum-disorder-in-adults/

• https://www.autismspeaks.org/adults-autism

• https://teacch.com/clinical-services/interventions/adult/

• https://teacch.com/cllc/

• http://www.researchautism.net/autism/adults-on-the-autism-spectrum/interventions-for-adults-on-the-autism-spectrum

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