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A entrevista inicial com os Pere Quando os pais decidem consultar por um problema ou enfermidade de um fiho, pego-Ihes uma entrevista, advertindo que o filho nao deve estar presente, mas sim ser informado da consulta, Embora seja sugerida a conveniéncia de ver pal e mae, é frequente que com- Pareca s6 a mae, excepcionalmente o pai e poucas vezes os dois. Em alguns casos muito especiais, um familiar, amigo ou institutriz ja ieram representando os pals, Qualquer dessas possiveis situagdes é, em si mesma, reveladora do funcionamente 4o grupo familiar na relacio com o filho, Quando a entrevista é com os dois pais, cuidaremos de néo mostrar prefe- réncias, embora inevitavelmente se produza um melhor .entendimento com urn X deles. Esse entendimento deve servir para uma melhor compreensio do problema € nao para criar um novo conto. Para que formemos um juizo aproximado sobre as relacées do grupo fami- liar © em especial do casal, apoiaremo-nos na impressao deixada pela entrevista ao reconsiderar todos os dados recolhidos. Essa entrevista nao deve parecer um inter rogat6rio, com os pais sentindo-se julgados. Pelo contrério, deve tentar alviar hes 4 angistia e a culpa que a enfermidade ou conflto do filho despertam, Para isso devemos assumir desde © primeiro momento o papel de terapeuta do filho, interes. sando-nos pelo problema ou sintoma, (Os dados que nos colocam a disposicao os pais podem néo ser exatos, defor- rmados ou multos superficiais, pois nfo costumam ter um conhecimento global da Situacio durante a entrevista esquecem parte do que sabiam, devido 4 angiistia ‘ue esse conhecimento provoca. Veem-nos como juzes. Além disso, nao podem, BD) Pscandise da Cranga ‘em tempo to limitado, estabelecer uma relacio com o terapeuta ~ até entio pes- soa desconhecida ~ que Ihes permita aprofundar-se em seus problemas. Nao consideramos conveniente finalizar essa entrevista sem ter conseguido ‘0s seguintes dados bisicos que necessitamos conhecer antes de ver a crianga: a) motivo da consulta; b) historia da crianea; c) como transcorre um dia de sua vida tual, um domingo ou feriado e o dia do aniversario; d) como é a relagio dos pais fentre si, com 05 flhos e com © meio familiar imediato E necessério que essa entrevista seja dirigida e limitada de acordo com um plano previamente estabelecido, porque nao sendo assim, os pais, embora cons- ientemente venham falar do filho, tém a tendéncia de escapar do tema, fazendo confidéncias de suas préprias vidas. A entrevista tem o objetivo de que nos falem sobre a crianca e da relacao com ela; ndo devemas abandonar este critério durante todo o tratamento. Como ja foi dito, precisamos obter os dados de maior interes- se em tempo limitado, que esta entre uma e trés horas ‘A ordem anteriormente citada fol escolhida por mim depois de provar mui tas outras, Tatarei de fundamenta-la. a) MOTIVO DA CONSULTA. Se resolvi interrogar primeiro sobre o motivo da consulta € porque © mais dificl para os pais, no inicio, é falar sobre o que nao esta bem na/e com o filho. Essa resistencia no é consciente, visto que [a fol vencida quando decidiram pela consul- ta, Para ajudé-los, temos que tratar de diminuir a angistia inicial, e & 0 que se con- segue ao enfrentarmos e encarregarmo-nos da enfermidade ou do conflto, pesicio- rnando-nos como analistas do filh. ‘Devem sentir que tudo 0 que recordam sobre o motivo da consulta é impor- tante para nés e, na medida das possibilidades, registraremos minuciosamente oS dados de inicio, desenvolvimento, agravacdo ou melhora do sintoma, para depois ‘confrontarmos com 0s que conseguirmos no transcurso da entrevista, ‘Ao sentirem-se aliviades, recordam mais corretamente os acontecimentos sobre 08 quais os interrogaremos na segunda parte. Mesmo assim, devemos aceitar ‘que ocorram esquecimentos totais ou parciais de fatos importantes, dos quais pode mos tomar conhecimento meses depois, pela crianca, estando ela jé em tratamen- to. Também os pais ~ sempre que a melhora do flho diminua suficientemente a angistia que motivou o esquecimento — poderio lembrar-se das circunstancias desencadeadoras, reprimidas na entrevista “Apesar dessa inevitivel imitaco, © material obtido é valioso, ndo s6 para ‘estudo do caso, como também para a compreensio da etiologia das neuroses infan- tis, capacitando-nos para uma tarefa de profilaxia "A comparacio dos dados obtidos durante a analise da crianga com os apre- sentados pelos pais na entrevista inicial ¢ de suma importancia para avaliar em pro- fundidade as relagoes com 0 filho. b) HISTORIA Interessa-me sal cio da gravider. També desejos de abortar ou Pergunto-Ihes ¢ se sentiram felizes ou § 6 importante para a ev da mie como filho e € 20 sexo como a idéia ‘exemplo, um flho que © selo deste esforco. ¢ mesmo e de sua capaci ‘Aresposta que do filho. Nao espero pais nos dizem, confror utlidade na investigacs lente de fatos import: cimentos, omissées ov vezes este esquecimen cia de fatos similares — que nao se trata de u Refiro-me a casos ond nascimento do pacients Videz, completamente Embora na verd ‘menos no momento da 6 de que foram deseja bbuem a0 outro cénjuge mos sobre a gravidez ra primeira entrevista, pelo contrério, muito § reconstruida, Por exemplo, vinta com os diagnéstic tes aparecia como filhe ‘rs meses ea mie nic "Isto 2 comprovou em too 2Cr. capi 13, 3. apie 14 4 Ch capt 12. Arminda Abecastury 83 nto pes- b) HISTORIA DA CRIANCA 7 Interessa-me saber a resposta emocional~ especialmente da mie ~ 20 anin- ee cio da gravidez. Também se foi desejada ou acidental, se houve rechaco aberto com iia via desejos de abortar ou se a aceitaram com alegria. Sas pas Pergunto-Ihes depois como evoluiram seus sentimentos, se a aceltaram, se se sentiram felizes ou se iludiram, porque tudo 0 que acontece desde a concepio com um ¢ importante para a evolucio posterior. Todos os estudos atuais enfatizam a relacto cra cons- da mae com o flho e & um fato comprovado que o rechaco emocional da mie, seja \ fazendo 0 Sexo como idéia de tél, delxa marcas profundas no psiquismo da crianga, Por nos falem ‘exemplo, um filho que nasce com a missio de unr o casal em vias de separacao leva durante © selo deste esforco, © fracasso determinars nele uma grande desconfanga de si oe interes- mesmo e de sua capacidade para realiza-se na vida. A resposta que nos da mde sobre a gravidez indica qual foi o inicio da vida oe 0 flho. Nao espero que a resposta seja um fel reflexo da verdade, mas 0 que o& Pais nos dizem, confrontado com 0 material oferecido pela crianca, seré de grande utilidade ra investigacio,” Em alguns casos, houve, a principio, ocultamento cons. ciente de fatos importantes. Apesar disso, na maioria das vezes,trata-se de esque reagia a forma sgulmos isamos, ooque melhor lise da rinelpal= seu filo es t2o quanto convérn inha em Amida Aberstury (BT {ntimo contato com ela, ou se deitado no berco, se 0 furo do bico era pequeno ou grande e quanto demorava 0 bebé para alimentar-se, Acrianga, 20 reviver sua lactancia no tratamento, nos mostra em seus jogos detalhes significativos. Um paciente de dois anos se preocupava, quase que exclusi- ‘vamente, em pesar a comida numa balancinha, buscando que os dois pratinhos esti- vvessem na mesma altura. Quando a terapeuta" perguntou a mae - que era muito obsessiva ~ sobre as caracteristicas da lactancia do bebé, esta relatou que pesava a crianca depois de cada mamada e que a tinha exatamente o mesmo tempo em cada Seguindo a historia, perguntaremos como o bebé aceitou a mudanca do peito a mamadeira, do leite a outros alimentos, de liquidos a sélidos, como papinhas e carne. Saberemos assim muito sobre a crianga, sobre a mae e sobre possibilidade dos dois se desprenderem de velhos objetos. A passagem do peito a outras fontes de gratificacao oral exige um trabalho de elaboragao psicoldgica, que Melanie Klein descobriv, comparavel a0 esforco do adulto por elaborar um luto por um ser amado. A forma como a crianca aceita esta perda nos mostrara como, em sua vida futura, enfrentaré as perdas sucessivas que Ihe exigira a adaptacdo A realidade’” Uma mae que solucionou bem este problema na sua prépria Infancia ou 0 elaborou através de um tratamento psicanaltico, solucionara estas primeiras dificul dades da crianga, comecando lentamente, insistindo ou abandonando temporaria- mente a tentativa. Se nos informam que & mudanca de allmentagao o bebé reagiu com rechago, perguntaremos os detalhes de como foi conduzida a situacio, se pacientemente ou com irritacao, podendo assim ir construindo 0 quadro, E importante investigar a data do desmame e as condigdes em que ocorreu, As vezes descobrimos que 0 bico ou a mamadeira foram mantidos até os cinco ou seis anos, embora tenham dito ao principio que © desmame ocorreu 20s nove ‘As relagdes de dependéncia e independéncia entre mae filho refletem-se também nas atitudes e expresses dos dois quando o bebé comesa a sentir neces- sidade de movimentar-se por conta prépria. A mae pode ver ou nio esta necessida- de, frustré-la ou satistazé-la Entre o terceiro e quarto més de vida, a crianca entra num periodo no qual ‘seu psiquismo € submetido a uma série de exigéncias novas e definitivas, que se con- cretizam na segunda metade do primeiro ano, com a aquisicao do caminhar e da lin ‘guagem."" ‘Quando a crianga pronuncia a primeira palavra, tem a experiéncia de que ela faz a conexao com 0 mundo e que é uma maneira de fazer-se compreender. O apa- {8 ElzabethG. de Garma, {9 KLEIN, Melanie. “El psieoandiis denis", capitulo Vl, Neuss ens ies, p11 IOPICHON RIIERE, Arminda Aberastury de “La dent, la marcha ye lengaje en relacion con la posicion depresiva™ Rev de Paicoonds, tomo XY, jnsiro-unio de 1958, 8B. Psicansise da Ciangs recimento do objeto que nomeia, assim como a reacio emocional ao seu progres- fo, justieam suas erencas na capacidade magica da pal, Incialmente, esta é uma felagdo com objetosinternos, como o fo antes o leo e, pea aprendizagem gra- dual e pelas provas de realidade, a linguagem se transforma num sistema de comu ricacio. Estas conclusdes,resuitado de observacio de lactantes e de tratamentos Ianalltcos de criangas que sofriam transtornos da palara, fazem com que esta parte do interrogatério seja de muita Importincia para avaliar 0 grau de adaptacto da crianca 3 realidade e 0 viculo que se estabeleceu entre ela € os pais, O atraso na lnguagem e ainibicio no seu desenvolvimento sio indices de uma seria cificuldade ra adaptagao 20 mundo. E frequente que os pals nfo lembrem a idade na qual © menino pronunciou 2 primeira palavra ou © momento em que se apresentaram os transtornos, Neste periodo da vida, a figura do pai ganha grande importanciae sua auséncia real ou ps Eologica pode frear gravemente o desenvolvimento da criang, anda que a re a compreenca bem e 3 satisfac. TEncontramos, as vezes, criangas de dez e onze meses cujas mies os man- tém num regime de vida que corresponde 20s trés, Por iso, quando perguntamos 21 mie 2 que idade caminhou seu iho, estamos perguntando se, quando ele quis aminhar, ela © permitiu de boa vontade, seo favoreceu, se 0 freiou, se © apurou fuse se lmitou a observirloe responder 2o que ele pedia. Poucas sao as vezes em {ue este desenvolvimento ocorre normalmente. © andador &, por exerpio, um Substitute da mae que é melhor que a imobilidade, mas néo substituira nunca os bons bracos da mie que o ajuda a caminhar e se oferecem como uma continvagée de si mesmo para as experiéncasincais no mundo, levando-o prazerosamente sem pressa. A crianca que pode assim identificar-e com o caminhar da mae incor- pora no seu ego a hablidade para caminhar. Seu desenvolvimento se fara por umn Erescimento gradual de possibiidade, de tal forma que busque comer, dormir falar fe caminhar com seus pais, De acordo com o que erianga, na sua fantasia incons- Ciento, esti recebendo deles, 0 ensinamento se incorpora como éxito do ego ou passard a fazer parte um superego censurador, que 0 freari, ou poderd cair © frachucar-se quando queira caminhar e néo se sinta permitido amplamente a par- tir de seu interior. Quando interrogamos sobre este ponto, as respostas da mie esclarecem muito sobre sua capacidade de desprender-se bem do fiho, Podem dizer-nos, por txemplo, que seguem tendo saudade de quando era bebé, “to lindo e tao limpi- ho" ou comentar que apesar de Ihes ter dado muito trabalho nesse momento, diva gosto vé-lo fazer um progresso a cada da Paraacrianca, o caminhar tem 0 significado entre muitos outros da sepa ragio da mae, iniciada [a no nascimento, Portanto, a mie compreensiva deixa seu fio eaminhar sem apuré-lo, nem travélo de modo que 0 desprendimento seja minds Aberastry de. "La misicay los 200. 1 ALVAREZ DE TOLEDO, Luisa G, de PICHON RIVIER: Instrumentos musicals”. Rer de Pucoondiss, ome I. p agradével e alegre, oferec 08 no mundo, Perguntamos se 0 posteriormente costuma sentimento de culpa e so déncia a golpear-se ou ac a suicidios parcials por m Na segunda meta: cexpulsivas, que se manife 40 sio a forma de alivia emocionais se acumulam, Um dos mais freq ‘outros se incluem nos qt dda denticio,"* que, portar se apargho dn pegs d suas caracteristicas, porgi do sono, perguntamos a que os sintomas despert dorme o bebé, se esta so Go especial para concilia: transitérios do sono, que manele a situacéo. Este problema é ut prova sua maternidade, (©.uso do bico corr favorecem a insénia. Os ¢ bico. Na nossa experiénci GOes frente a este proble dos pais, que postergam problema, (O desmame, que t nifica muito mals que da erda defintiva, e depen podem fazé-lo se eles me IZPICHON RIIERE, Arming Ja dentin’. Rv. de Osonte 13 Sabe-se que um dos metros pertaro interrogado om se ‘geando concia 9 sono. Ar ders defender sum convic 1 progres: sta éuma agem gra de comu- atamentos cesta parte ptacio da " atraso na iificuldade tos. Neste ‘eal ou psi- guntamos lo ele quis > 0 apurou emplo, um ontinuagao ‘samente € ‘mae incor- 4 por um emi, falar ‘ia Incons- io ego ou ard aire inte a par- ssclarecem sf-nos, por to limp momento, = da sepa- 1 deba seu rnento seja misty los Arminda Aberastury 89 agradavel e alegre, oferecendo-the assim uma pauta de conduta que gulard seus pas- 508 no mundo, Perguntamos se o bebé tinha tendéncia a cair a0 comecar a caminhar e se Posteriormente costumava bater-se, porque as respostas nos esclarecem sobre sentimento de culpa e sobre a forma de elaboraczo do complexo de Edipo. A ten- déncia a golpear-se ou aos acidentes & indice de mé relacio com os pais e equivale 8 suicidios parcials por ma canalizacéo dos impulsos destrutivos. 'Na segunda metade do primeiro ano intensificam-se na crianga tendéncias expulsivas, que se manifesta no seu corpo e em sua mente. A projecio e a expul- so sio a forma de aliviar as tens6es © se estes mecanismos se travam, as cargas ‘emocionais se acumulam, produzindo sintomas. Um dos mais frequentes, neste periodo da vida, & a insGnia; este e muitos outros se incluem nos quadros patolégicos habituals da crianca durante o periodo da denticio,” que, portanto, merece nossa especial atenclo. Interessar-nos-a saber 2 a aparigéo das pecas dentérias foi acompanhada de transtornos ou se se produ- Ziu normalmente @ no momento adequado. Interrogamos logo sobre © dormir ¢ suas caracteristicas, porque esto muito relacionadas, No caso de haver transtomnos <0 sono, perguntamos qual é a conduta com a erianga e quais sio os sentimentos ue 0s sintomas despertam nos pais. & importante a descricéo do quarto onde dorme o bebs, se esté s6 ou se necessita da presenca de alguém ou alguma condi- sao especial para conciliar © sono. Durante a denticao podem aparecer transtornos transitrios do sono, que se agravam ou desaparecem conforme o meio ambiente maneje a situacéo, Este problema é um dos mais perturbadores na vida emocional da mae e pe 8 prova sua maternidade.” (© uso do bico como habit destinado a conciliar 0 sono é um dos fatores que favorecem a insénia. Os pals costumam dizer que 0 bebé nao dorme se Ihe tiram 0 bico. Na nossa experiéncia com grupos de orientacdo de mies, analisamos suas rea. es frente a este problema, encontrando que a dificuldade nao era do bebé, mas dos pais, que postergam a decisio ou criam situacées que difcultam a solucso do problema, O desmame, que habitualmente ocorre no final do primeiro ano de vida, sig- nifica muito mais que dar a menino um novo alimento; é a elaboracio de uma perda definitiva, e depende dos pais que se realize com menos dor, mas isto s6 podem fazé-lo se eles mesmos a elaboraram bem, 'ZPICHON RMIERE, Arminda Aberastury de. “Tanstornosemocionaes de los nos vinculados con |a dentin”. Rev. de Odontologia, vol. 39, n°. agosto de 1951 13 Sabe-e que um dos métodos de tortura mas eficazes para conseguir uma confisio & 0 de des portar 0 interrogndo em seguida que dorme, permitindo-he que durma outra vex para acordi io ‘quando concila 0 sono. A repetico continua deste metodo debiitao ego atl porto aes fi Poderd defender sua convigio de permanecer aldo, errr es 90 Psicandlise da Criange Quando sabemos com que dade e de que forma se realizou 0 controle de esfincteres, amplia-se nosso conhecimento sobre a mae. E temos encontrado que se a aprendizagem do controle de esfincteres 6 muito cedo, muito severo, ou est ligado a outros acontecimentos traumaticos, conduz a graves transtornos, em espe- cial A enurese. Por isso 0 terapeuta deve perguntar sobre a idade em que comegou ‘a aprendizagem, a forma como se realizou e a atitude da mae frente a limpeza e & sujeira." Um bebé de poucos meses ndo tem um desenvolvimento motriz que Ihe permita permanecer no urinol ou levantar-se a vontade; este ¢ um dos motivos pelo {qual se aconselha iniciar a aprendizagem quando a crianga dispenha do caminhar. Segundo outro ponto de vista, nfo é convenient um controle prematuro se se con- sidera que a matéria fecal e 2 urina sio substincias que tém para 0 inconsciente 0 significado de produtos que saem do corpo e cumprem 2 fungao de tranquilizar suas angistias de esvazlamento, normals a esta idade. Passado 0 primeiro ano, pelo pro- ccesso de simbolizacio e pela atividade de jogo que ja € capaz de realizar, as cargas positivas e negativas postas nestas substincias se deslocaram a objetos e pessoas do ‘mundo exterior, podendo assim desprender-se delas sem excessiva angustia. ‘A aprendizagem prematura Ihe impde esse desprendimento antes que dispo- nha dos substitutes, que vai adquirindo por crescente elaboracio e pela aquisicao, {@xitos vinculados com o caminhar e a linguagem. Se a aprendizagem, além de ser precoce, ¢ severa, é vivida como um ataque dda mae ao seu interior, como retaliagdo a suas fantasias, que neste periodo esto entradas no casal parental em coito e traré como consequéncia a inibigto de suas fantasias, com transtornos no desenvolvimento das fungdes do ego. ‘As respostas que a mie nos dé sobre este ponto nao s6 nos orientam para avaliar a neurose da crianca, como para compreender o vinculo que tem com 0 filho. So poucas as maes que lembram com exatidao esses dados. Felizmente, © material da andlise de criancas, em especial de criangas pequenas, nos permite reconstruir posteriormente essas experiéncias e as podemos comparar ulterior~ ‘mente com 0 que os pals lembram mais tarde."* [Um dos primeiros casos que me orientou nesta investigacio foi o de uma rmenina enurética. A mae tinha relatado na entrevista inicial que © controle de esfincteres tinha iniciado com muita paciéncia e quando a menina tinha mais de um ano, Sablamos teoricamente que uma crianca com esse transtorno sempre é subme- tida a uma aprendizagem precoce e severa. Descobrimos em seguida, através do material dessa menina, que no seu caso também tinha sido assim. Em entrevista ulterior, depois de meses de tratamento, gracas ao qual melhorou sensivelmente 0 14 Cheapo 13, 15 Cl capitulo 9, caso Patria 16. capitul 13, sintoma, a mie le em dots tempos « Tinha esquecido : insistiu em iniciar mento do marido casal. As circunst! nial subjacente ex Quando in mos na historia n frequente 0 esqui panham estes ace Quero agi como a intensidar Consultar: tinha inibicées de se.a gravidade do smatieas nos prim ‘ma. Durante a an (go faziam pensar do de cies, que 2 Meses dep seu rendimento € de algo important ra entrevista, Quando se sua ferocidade, e: que ser internade de voltar a casa: Ihe assegurou que no se cumprisse vendo-0 novame ‘graves mordidas Em situacé bes, caldas, proc 05 dados que obt ‘As compli so por si mesme Quando ¢ assombrar-se pel ‘este ponto, salvo de averiguar as © ‘oque nos aprese respeito & sexual ou 0 controle de + encontrado que fo severo, ou esté stores, em espe~ fem que comegou te A limpeza e a © motriz que the dos motivos pelo ‘nha do caminhar. smaturo se se con- 10 inconsciente 0 e tranquilzar sas sro ano, pelo pro- realizar, a5 cargas jetos e pessoas do va angistia. © antes que dispo- 2 e pela aquisigio, a como um ataque aste periodo esto | a inibigfo de suas go." ‘nos orientam para lo que tem com o dos. Felizmente, © venas, nos permite ‘comparar ulterior gio fol o de uma que © controle de va tinha mais de um vo sempre & subme- seguida, através do ‘sim, Em entrevista ‘ou sensivelmente © Asminda Aberastury 91 sintoma, a me lembrou assombrada que a filha tinha recebido uma aprendizagem {em dois tempos e que ela na entrevista inicial havia lembrado somente o segundo, Tinha esquecido que, quando a filha tinha quinze dias, a sogra, que vivia com eles, Insistia em iniciar 0 controle de esfincteres contra sua vontade e com 0 consenti- ‘mento do marido. Esta situaco foi uma das tantas que expressou o confito entre 0 Casal. As circunsténcias em que iniciou este primeiro controle e o conflito matrimo- rial subjacente explicam © esquecimento da mae, Quando interrogamos sobre enfermidades, operacdes ou traumas, consigna- mos na histéria nao s6 a gravidade, sendo também a rea¢io emocional dos pais. E frequente o esquecimento das datas e das circunstinclas da vida familiar que acom- panham estes acontecimentos. Quero aqui relatar um caso de esquecimento onde se pode ver muito bem como a intensidade deste se deve & gravidade do conflto. Consultaram-me a respeito de um menino muito timido de sete anos, que ibigdes de aprendizagem. Nos antecedentes ndo figurava nada que justfcas- 82.2 gravidade do sintoma. Quando interroguel a mae de Raul sobre situacées trau- mmaticas nos primeiros anos de vida, a mae respondeu que nao lembrava de nenhu- ‘ma. Durante a andlise da crianca, apareceu um sonho cujas caracteristicas e repeti- sto faziam pensar na existéncia de uma situagio traumatiea:“via-se na cama rodea- Go de cles, que as vezes eram ameacadores cies-lobos"” Meses depois da primeira entrevista e apds acentuada melhora da crianga no s2u rendimento escolar, chamou-me a mae para comunicar-me que havia lembrado de algo importante, algo que néo compreendia como podia ter esquecido na primei- aentrevista. ‘Quando seu filho tinha dois anos, foi destrogado por um cachorro, que, pela sua ferocidade, estava sempre atado, mas que naquele dia se soltara. O menino teve ue ser Internado e ela impés como condicio que se expulsasse 0 cachorro antes e voltar a casa; mas, como seu marido estava muito encarinhado com o animal e he assegurou que nunca mals voltaria a desati-lo, aceitou retornar a casa, ainda que nao se cumprisse sua exigéncla. Dois anos depois, atraida pelos gritos de seu fiho, vendo-o novamente atacado pelo cachorro, quis defendé-lo, sofrendo ela mesma graves mordidas no peito e no pescoco. Em situacdes menos extremas, mas traumiéticas, como enfermidades, opera- es, caidas, produzem-se esquecimentos similares; por esta razio, ¢ frequente que os dados que obtenhamos nesta parte do interrogatério sejam pobres. ‘As complicagées que se apresentam nas enfermidades comuns da infancia S30 por si mesmas indice de neurose e é importante registré-las na histéria, Quando perguntamos aos pals sobre a sexualidade do filho, costumam ssombrar-se pela pergunta, mas geralmente nos informam com facilidade sobre te ponto, salvo quando negam qualquer atividade sexual do filho. Trataremos aqui averiguar as observagdes feitas a respeito, E € este momento do interrogatério ue nos apresenta as maiores surpresas, nao s6 sobre os conceitos do adulto com. ‘pelt a sexualidade da crianca, como também sobre a forma de responder 2s tina 92, Pricanstse tianga suas perguntas. Nos grupos de orientacZo, temos muitos exemplos das graves difi- culdades que encontram os pais para responder a verdade. ‘A atitude consciente e inconsciente dos pais frente a vida sexual de seus filhos tem influéncia decisiva na aceitacao ou rejelc3o que a crianca ter’ de suas rnecessidades instintivas. O que hoje conhecemos sobre a vida instintiva da crianga & sobre suas manifestacdes precoces causa assombro aos adultos. Freud também cau sou assombro e rejeicao quando descobriu que a crianca ao mamar nao s6 se ali- menta, como também goza. Afirmar hoje que uma crianca de um ano se masturba, ou tem eregées e que a menina conhece sua vagina e que ambos sentem desejos de Lniao genital opde-se a tudo o que até hoje se aceltava sobre a vida de um bebé & também desperta rechaco. ‘Quando perguntamos se a crianca realiza suas atividades sexuais abertamen- te e quals sao, costumam responder que descobriram ou que espiaram; menos fre- {uente, as relatam como fatos normais da vida da crianca, HA pais que, por mau conhecimento do que significa aliberdade sexual, favo- recem e levam seus filhos a ditas atividades ou as comentam abertamente como gra- {8 ou provas de precocidade. Hé outros que creem que exibir-se nus ou favorecer atividades como 0 bbanho junto com eles ou com irmaos é favoravel para o desenvolvimento. Este tipo de pais costuma antecipar-se ao esclarecimento sexual e no esperar 0 momento ‘em que a crianca 0 requeira, (© desejo de unio genital do bebé 20 satisfazer-se s6 em forma precéria atra- vvés da masturbacio é 0 motor que impulsiona e pée em movimento a atividade de jogo. M. Klein péde descobrir que atras de toda atividade lic ha fantasias de mas. turbagio.” ‘Quanto a esta atividade, os pals se surpreendem e geralmente nao encon- tram resposta a nossa pergunta sobre quais sio 0s jogos preferidos do filho. Nao ssabemos se lhes assombra mais que damos importincia ao jogo ou se é que tornam consciéncla do pouco que veem no filho, ainda que estejam todo o dia com ele. A descrigio detalhada das atividades que realiza a crianga nos serve para ter uma visio de sua neurose ou de sua normalidade. Freud descobriu que o jogo ¢ a repeticio de situages traumaticas com o fim de elaboré-las* e que 20 fazer ativamente 0 que sofreu passivamente, a crianca consegue adaptar-se & realidade; por isso, avaliamos como indice grave de neurose a inibicdo para jogar. Uma crianga que nao joga nao labora situagées dificels da vida didria e as canaliza patologicamente em forma de sintomas ou inibicBes. ‘As condigées atuais de vida favorecem o costume de que criancas desde muito pequenas sejam enviadas ao jardim-de-infancia. Em muitos casos, quando a ‘casa € extremamente pequena ou a mae trabalha, esta pode ser uma medida favo- 7 KLEIN, Mela. El pricoandiis de is. IB FREUD, Sigmund. “Mis alls del principe del placer", tomo Il, Una teri sexual yottesensoos, 28s, ravel para o 6 permanecer ni ela Quande rmotivos que le 2uma necessc E frequ eum irmio e constitu um ne vive mas peno vana casa Observe cxcolaridade er A perm espaco adequa: volvimento da casa, ra de am crlangas.” © ie como enfrenta similares as que Durante gem escolar e: gue uma erang lara gravidade ram. frequent ga muito neuro pais. Emoutn trata 56 de dif por exemplo, h importante inte faclidade ou cit causa prazer, re prir com seus ¢ QoDy Arecons tas coneretas, q 19-Aém dit, saa 5 de dferenes is ‘ecupadas em avid: + graves dif- cual de seus tera de suas da crianca e Aambém cau lao $6 se ali- se masturba im desejos de eum bebé e s abertamen- menos fre: sexual, favo- Ite como grax des como 0 nto. Este tipo 9 momento precéria atra 2atividade de tasias de mas- do filo. Nao € que tomam ia com ele. A ter uma visio t repeticao de amente o que $80, avaliamos iio joga nao fem forma de riangas desde 05, quando a medida favo- I otros easy, Arminda Aberastury 93 ‘avel para 0 desenvolvimento da crianga, mas ndo quando, podendo e desejando Permanecer na sua casa, sente que a enviam ao jardim-de-infncia para livrar-se dela, ‘Quando perguntamos as maes em que idade os enviaram e quais foram os 'motivos que levaram a fazé-Io, vemos que, na maior parte dos casos, no se devem uma necessidade ou desejo da crianca, sendo a dificuldades da mie. E frequente que a entrada no jardim-de-infancia coincida com 0 nascimento de um irmao e, neste caso, longe de favorecer a elaboracio deste acontecimento, Constitui um novo elemento de perturbacio; de fato, a crianca nestas circunstincias vive mais penosamente o fato de que Ihe tiraram o lugar que habitualmente ocupa- Observei que as criancas que vio desde muito pequenas ao jardim iniciam a escolaridade em piores condigdes que os que vao 20s quatro ou cinco anos. ‘A permanéncia em casa, a participacio na atividade diiria e dispor de um espago adequado para brincarlivremente sao as condicées que favorecem o desen- volvimento da crianga até os quatro ou cinco anos. As atividades nas pracas, na sua ‘casa, na de amigos, satisfazem suficientemente a necessidade de contato com outras relato do dia >turno que os ustra sobre © a da crianga e ‘quem o des- € importante or que. € ail 1 0u indepen- ‘os pais frente ‘alor inegével, ue seu filho € s que, parale- rendo sete ou patolégica, 0 lade. JA pouco dis- e, em troca, fo que ela sig- dadeiras rela. izagio dentro trabalho que bilidade deles ‘a completar a undamental & santes de ini- ‘nento. Ainds Abertay 95 Tenho assinalado que devemos esforcar-nos por conhecer 0 maximo de detalhes sobre o sintoma: desenvolvimento, melhora e agravamento, Mostrarei através de um caso a forma come dirio © interrogatério: Consultaram-me a respeito de uma menina de dois anos ¢ meio: Elena. O motivo da consulta era a evidéncia de um marcante atraso no caminhar, na lingua- gem € no seu aspecto pouco desperto, perturbagio que se acentuou no ltimo ano, Tinha tido uma convulsao aos onze meses e outra aos dezoito, ‘Apesar de na entrevista participarem ambos os pals, falou sobretudo a mae; © pai intervinha somente se a mae ou eu the pediamos algum esclarecimento. Como {4 mae tinha tendéncia a dispersio, quando insist que se explicasse a natureza do atraso, perguntei-he como caminhava a menina na atualidade. Respondeu-me que néo the agradava nada caminhar e que se a levava a passear terminava por tomé-la nos bragos, porque se cansava. Lembrou entio que deu 0s primeiros passos 20 rredor de um ano, mas como nao foi nunca muito ativa, nao manifestou prazer no ‘aminhar; costumava t@-la nos bragos, ainda quando jé podia eaminhar, Tinha ainda a tendéncia de chocar-se contra os objetos que encontrava no caminho, tropecar e ‘air. Quando perguntei se tinha gatinhado, me responderam que nio, em parte por- {que no manifestava vontade e em parte porque nao agradava a mae que se sujas- se, Segui o mesmo critério para interrogar sobre a linguagem e Ihe perguntei como falava na atualidade. Assinalaram que o transtorno era sobretudo na articulacio das. palavras, portanto era diticll compreendé-la, ainda que conhecesse o nome de todos 95 familiares e dos objetos que a rodeavam e também nomeava adequadamente Imuitas ages. Quando perguntei em que idade tinha dito a primeira palavra, a mae duvidou, interrrogou o pai e discutiram sobre o assunto, o que me fez pensar que esse momento do desenvolvimento houve outros confitos mais importantes que a prépria linguagem, Fiz-Ihes algumas perguntas com a intengio de ajudé-los a orientar-se no ‘tempo e no crescimento da menina, como: "Era veri? Era inverno? Jé caminfava” ‘As respostas, confrontadas com a data de nascimento, me orientariam bem, mas ‘este caso nao foram aclaratérias; repetiram que foi uma menina lenta e sempre tranquila demais, que nao dava nenhum trabalho, e quando bebé “era como ni ter filhos”, segundo manifestagao do pal. Com estes dados, ainda que nao soubéssemos ‘quando havia pronunciado sua primeira palavra e qual havia sido, sablamos algo mais sobre suas reacdes emocionais. Como na historia estava consignada a primeira con- vvulsdo aos onze meses — durante um episédio febril - orientel o interrogatério na direcao desse sintoma. © médico que consultaram nao Ihe deu muita importancia, © como the comunicaram que também sofria pavores noturnos, receitou dois Epamin dirios. Lembraram também que nesse periodo costumava ter frequentes “anginas e que foi durante uma delas que se manifestou a convulsio. Perguntei se esse periodo de pavores noturnos e episédios febris nao tinha coincidido com a denticao, e responderam que talvez, mas que néo podiam estar seguros. Nao recor- daram tampouco a data de aparicao do primeiro dente, Perguntei até quando segui- BUR OeUR ewan 96 Psicanslise da Crianca ram com 0 Epamin e se a convulsio se repetiu, e desta pergunta obtivemos um dado interessante. ‘A segunda convulsao se apresentou aos dezoito meses e acompanhou-se da Indicagao do médico no sentido de aumentar a dose de Epamin. Observou a mae ‘que, logo depois da convulsio, a menina costumava estar distraida e apatica duran- te 0 dia, Também lembrou que sofreu de transtornos intestinais e que 0 apetite diminuiu, Com todos estes elementos, podiamos reconstruir em parte © quadro do que tinha sido a vida da menina até entio, Na segunda metade do primeiro ano, nfo foram satisfeitas suas necessidades bsicas de movimento e descarga, 20 que se somou 0 bloqueio provocado pelo aumento da dose de Epamin quando teve a segunda convulsio, freando sua evolu- (glo mais adiante (© bloqueio interno e externo parecia ter sido o motivo das dificuldades da linguagem e do caminhar, assim como dos transtornos do sono. ‘Necessitivamos agora saber se havia algo em especial que explicasse a con- vvulsio dos dezoito meses. (Os pais nos tinham dito que a segunda filha tinha agora trés meses; portan- to, confrontando os dados, compreendemos que a convulsdo coincidiu com a gravi- dez da mae. Perguntamos @ idade em que iniciou 0 transtorno do sono - j que apa- receu antes da convulsio — e nes disseram que o primelro pavor surgiu quando tinha sete ou olto meses, Perguntamos se nesta época dormia sozinha e responderam que ‘compartilhava o dormitério com eles até o nascimento da segunda filha “Tinhamos jd um panorama que nos confirmava 0 que costumamos ver nos transtornes do sono dessa idade: estimulacio inadequada, falta de movimento, sobreestimulacio por dormir no quarto dos pais. Quero assinalar aqui uma vez mais que, embora quando comprovemos orientacdes to equivocas como a do relato, nossa atitude no deve ser nunca de censura e convém sempre lembrar que a fina~ lidade desta entrevista é conseguir o alvio das tens6es dos pals e que somos desde © primeiro momento os terapeutas da crianca e ndo os censores dos pais. Estamos ali para compreender e melhorar a situacdo, no para censuri-la © agrava-la, aumen- tando a culpabilidade. Uma ver terminada esta entrevista, se os pais decidiram fazer somente um diagnéstico, comunica-se o dia e a hora da entrevista com a crianca, assim como a duragio. Se aceltam um tratamento, thes daremos as indicagoes gerais nas quals este se realizaré, condigées que detalharemos mais adiante. O consultério rica de jogo néo exig © chao esteja cober amianto que se adap crianga brinque com nicado com o do erat rio com Agua corren cadeiras. Se este bani rnenhum objeto ou cx crianga. A porta que dentro do banheiro, rio que deem 20 exte rial que impesa que possivel, um clima ¢ poder-se- interromy rio; é conveniente te ‘que inesperadamente Amesa e as ¢ resistir a0 desgast. ‘material que dedicar chave a0 final da sess Serd dtil um p: falar, porque os muit pedem também os gi

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