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Lei de Responsabilidade Fiscal

e normas correlatas

Edição atualizada até setembro de 2021


SENADO FEDERAL
Mesa
Biênio 2021 – 2022

Senador Rodrigo Pacheco


PRESIDENTE

Senador Veneziano Vital do Rêgo


PRIMEIRO-VICE-PRESIDENTE

Senador Romário
SEGUNDO-VICE-PRESIDENTE

Senador Irajá
PRIMEIRO-SECRETÁRIO

Senador Elmano Férrer


SEGUNDO-SECRETÁRIO

Senador Rogério Carvalho


TERCEIRO-SECRETÁRIO

Senador Weverton
QUARTO-SECRETÁRIO

SUPLENTES DE SECRETÁRIO
Senador Jorginho Mello
Senador Luiz do Carmo
Senadora Eliziane Gama
Senador Zequinha Marinho
Secretaria de Editoração e Publicações
Coordenação de Edições Técnicas

Lei de Responsabilidade Fiscal


e normas correlatas

Brasília – 2021
Edição do Senado Federal
Diretora-Geral: Ilana Trombka
Secretário-Geral da Mesa: Gustavo A. Sabóia Vieira

Impressa na Secretaria de Editoração e Publicações


Diretor: Rafael André Chervenski da Silva

Produzida na Coordenação de Edições Técnicas


Coordenador: Aloysio de Brito Vieira

Organização, atualização e revisão técnica: Serviço de Pesquisa


Projeto gráfico e editoração: Serviço de Publicações Técnico-Legislativas

Atualizada até setembro de 2021.

As normas aqui apresentadas não substituem as publicações do Diário Oficial da União.

Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas. – Brasília, DF : Senado Federal,


Coordenação de Edições Técnicas, 2021.
135 p.

Conteúdo: Dispositivos constitucionais pertinentes – Lei de Responsabilidade Fiscal –


Normas correlatas.

ISBN: 978-65-5676-139-8 (Impresso)


ISBN: 978-65-5676-140-4 (PDF)
ISBN: 978-65-5676-141-1 (ePub)

1. Responsabilidade fiscal, legislação, Brasil. 2. Administração fiscal, legislação, Brasil.


3. Finanças públicas, legislação, Brasil.

CDDir 341.387

Coordenação de Edições Técnicas


Senado Federal, Bloco 08, Mezanino, Setor 011
CEP: 70165-900 – Brasília, DF
Telefone: (61) 3303-3579
E-mail: livraria@senado.leg.br
Sumário

7 Apresentação

Dispositivos constitucionais pertinentes

10 Constituição da República Federativa do Brasil

Lei de Responsabilidade Fiscal

22 Índice sistemático da Lei Complementar no 101/2000

23 Lei Complementar no 101/2000


Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade
na gestão fiscal e dá outras providências.

Normas correlatas

48 Lei no 12.846/2013
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra
a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.

54 Lei no 10.180/2001
Organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração
Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e […]

62 Lei no 10.028/2000
Altera o Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, a Lei no 1.079, de 10 de abril
de 1950, e o Decreto-lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967.
63 Lei no 8.429/1992
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício
de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e […]

70 Lei no 7.106/1983
Define os crimes de responsabilidade do Governador do Distrito Federal, dos Governadores dos
Territórios Federais e de seus respectivos Secretários, e dá outras providências.

71 Lei no 4.320/1964
Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços da
União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

85 Lei no 1.079/1950
Define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento.

96 Decreto-lei no 201/1967
Dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências.

100 Decreto-lei no 2.848/1940


Código Penal.

102 Decreto no 8.420/2015


Regulamenta a Lei no 12.846, de 1o de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização
administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional […]

113 Decreto no 93.872/1986


Dispõe sobre a unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação
pertinente e dá outras providências.

O conteúdo aqui apresentado está atualizado até a data de fechamento da edição. Eventuais
notas de rodapé trazem informações complementares acerca dos dispositivos que compõem
as normas compiladas.
Apresentação

As obras de legislação do Senado Federal visam a permitir o acesso do cidadão


à legislação em vigor relativa a temas específicos de interesse público.

Tais coletâneas incluem dispositivos constitucionais, códigos ou leis principais


sobre o tema, além de normas correlatas e acordos internacionais relevantes, a
depender do assunto. Por meio de compilação atualizada e fidedigna, apresenta-
se ao leitor um painel consistente para estudo e consulta.

O índice temático, quando apresentado, oferece verbetes com tópicos de relevo,


tornando fácil e rápida a consulta a dispositivos de interesse mais pontual.

Na Livraria Virtual do Senado (livraria.senado.leg.br), além das obras impressas


disponíveis para compra direta, o leitor encontra e-books para download
imediato e gratuito.

Sugestões e críticas podem ser registradas na página da Livraria e certamente


contribuirão para o aprimoramento de nossos livros e periódicos.

Apresentação

7
Dispositivos constitucionais
pertinentes
Constituição
da República Federativa do Brasil

������������������������������������������������������������������������������� gresso Nacional, mediante controle externo, e


pelo sistema de controle interno de cada Poder.
TÍTULO III – Da Organização do Estado Parágrafo único.  Prestará contas qualquer
������������������������������������������������������������������������������� pessoa física ou jurídica, pública ou privada, que
utilize, arrecade, guarde, gerencie ou administre
CAPÍTULO II – Da União dinheiros, bens e valores públicos ou pelos quais
������������������������������������������������������������������������������� a União responda, ou que, em nome desta, as-
suma obrigações de natureza pecuniária.
Art. 24.  Compete à União, aos Estados e ao
Distrito Federal legislar concorrentemente so- Art. 71.  O controle externo, a cargo do Con-
bre: gresso Nacional, será exercido com o auxílio do
������������������������������������������������������������������������������� Tribunal de Contas da União, ao qual compete:
II – orçamento; I – apreciar as contas prestadas anualmente
������������������������������������������������������������������������������� pelo Presidente da República, mediante parecer
prévio que deverá ser elaborado em sessenta
TÍTULO IV – Da Organização dos Poderes dias a contar de seu recebimento;
CAPÍTULO I – Do Poder Legislativo II – julgar as contas dos administradores e
������������������������������������������������������������������������������� demais responsáveis por dinheiros, bens e valo-
res públicos da administração direta e indireta,
SEÇÃO II – Das Atribuições do Congresso incluídas as fundações e sociedades instituídas e
Nacional mantidas pelo Poder Público federal, e as contas
daqueles que derem causa a perda, extravio ou
Art. 48.  Cabe ao Congresso Nacional, com a outra irregularidade de que resulte prejuízo ao
sanção do Presidente da República, não exigida erário público;
esta para o especificado nos arts. 49, 51 e 52, III – apreciar, para fins de registro, a legalida-
dispor sobre todas as matérias de competência de dos atos de admissão de pessoal, a qualquer
da União, especialmente sobre: título, na administração direta e indireta, in-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

������������������������������������������������������������������������������� cluídas as fundações instituídas e mantidas pelo


II – plano plurianual, diretrizes orçamen- Poder Público, excetuadas as nomeações para
tárias, orçamento anual, operações de crédito, cargo de provimento em comissão, bem como
dívida pública e emissões de curso forçado; a das concessões de aposentadorias, reformas
������������������������������������������������������������������������������� e pensões, ressalvadas as melhorias posterio-
res que não alterem o fundamento legal do ato
SEÇÃO IX – Da Fiscalização Contábil, concessório;
Financeira e Orçamentária IV – realizar, por iniciativa própria, da Câ-
mara dos Deputados, do Senado Federal, de
Art. 70.  A fiscalização contábil, financeira, Comissão técnica ou de inquérito, inspeções
orçamentária, operacional e patrimonial da e auditorias de natureza contábil, financeira,
União e das entidades da administração direta orçamentária, operacional e patrimonial, nas
e indireta, quanto à legalidade, legitimidade, unidades administrativas dos Poderes Legisla-
economicidade, aplicação das subvenções e tivo, Executivo e Judiciário, e demais entidades
10 renúncia de receitas, será exercida pelo Con- referidas no inciso II;
V – fiscalizar as contas nacionais das em- prazo de cinco dias, preste os esclarecimentos
presas supranacionais de cujo capital social a necessários.
União participe, de forma direta ou indireta, § 1o  Não prestados os esclarecimentos, ou
nos termos do tratado constitutivo; considerados estes insuficientes, a Comissão
VI – fiscalizar a aplicação de quaisquer re- solicitará ao Tribunal pronunciamento con-
cursos repassados pela União mediante con- clusivo sobre a matéria, no prazo de trinta dias.
vênio, acordo, ajuste ou outros instrumentos § 2o  Entendendo o Tribunal irregular a des-
congêneres, a Estado, ao Distrito Federal ou pesa, a Comissão, se julgar que o gasto possa
a Município; causar dano irreparável ou grave lesão à eco-
VII – prestar as informações solicitadas pelo nomia pública, proporá ao Congresso Nacional
Congresso Nacional, por qualquer de suas Casas, sua sustação.
ou por qualquer das respectivas Comissões,
sobre a fiscalização contábil, financeira, orça- Art. 73.  O Tribunal de Contas da União, inte-
mentária, operacional e patrimonial e sobre grado por nove Ministros, tem sede no Distrito
resultados de auditorias e inspeções realizadas; Federal, quadro próprio de pessoal e jurisdição
VIII – aplicar aos responsáveis, em caso de em todo o território nacional, exercendo, no
ilegalidade de despesa ou irregularidade de con- que couber, as atribuições previstas no art. 96.
tas, as sanções previstas em lei, que estabelecerá, § 1o  Os Ministros do Tribunal de Contas da
entre outras cominações, multa proporcional ao União serão nomeados dentre brasileiros que
dano causado ao erário; satisfaçam os seguintes requisitos:
IX – assinar prazo para que o órgão ou enti- I – mais de trinta e cinco e menos de sessenta
dade adote as providências necessárias ao exato e cinco anos de idade;
cumprimento da lei, se verificada ilegalidade; II – idoneidade moral e reputação ilibada;
X – sustar, se não atendido, a execução do ato III – notórios conhecimentos jurídicos, con-
impugnado, comunicando a decisão à Câmara tábeis, econômicos e financeiros ou de admi-
dos Deputados e ao Senado Federal; nistração pública;
XI – representar ao Poder competente sobre IV – mais de dez anos de exercício de função
irregularidades ou abusos apurados. ou de efetiva atividade profissional que exija os
§ 1o  No caso de contrato, o ato de sustação conhecimentos mencionados no inciso anterior.
será adotado diretamente pelo Congresso Na- § 2o  Os Ministros do Tribunal de Contas da
cional, que solicitará, de imediato, ao Poder União serão escolhidos:
Executivo as medidas cabíveis. I – um terço pelo Presidente da República,
§ 2o  Se o Congresso Nacional ou o Poder com aprovação do Senado Federal, sendo dois
Executivo, no prazo de noventa dias, não efetivar alternadamente dentre auditores e membros do
as medidas previstas no parágrafo anterior, o Ministério Público junto ao Tribunal, indicados
Tribunal decidirá a respeito. em lista tríplice pelo Tribunal, segundo os cri-
§ 3o  As decisões do Tribunal de que resulte térios de antiguidade e merecimento;
imputação de débito ou multa terão eficácia de II – dois terços pelo Congresso Nacional.
Dispositivos constitucionais pertinentes

título executivo. § 3o  Os Ministros do Tribunal de Contas


§ 4o  O Tribunal encaminhará ao Congresso da União terão as mesmas garantias, prerroga-
Nacional, trimestral e anualmente, relatório de tivas, impedimentos, vencimentos e vantagens
suas atividades. dos Ministros do Superior Tribunal de Justiça,
aplicando-se-lhes, quanto à aposentadoria e
Art. 72.  A Comissão mista permanente a pensão, as normas constantes do art. 40.
que se refere o art. 166, § 1o, diante de indícios § 4o  O auditor, quando em substituição a
de despesas não autorizadas, ainda que sob a Ministro, terá as mesmas garantias e impedi-
forma de investimentos não programados ou mentos do titular e, quando no exercício das
de subsídios não aprovados, poderá solicitar à demais atribuições da judicatura, as de juiz de
autoridade governamental responsável que, no Tribunal Regional Federal.
11
Art. 74.  Os Poderes Legislativo, Executivo e orçamentárias e as propostas de orçamento pre-
Judiciário manterão, de forma integrada, sistema vistos nesta Constituição;
de controle interno com a finalidade de: �������������������������������������������������������������������������������
I – avaliar o cumprimento das metas previstas
no plano plurianual, a execução dos programas TÍTULO VI – Da Tributação e do
de governo e dos orçamentos da União; Orçamento
II – comprovar a legalidade e avaliar os re- �������������������������������������������������������������������������������
sultados, quanto à eficácia e eficiência, da ges-
tão orçamentária, financeira e patrimonial nos CAPÍTULO II – Das Finanças Públicas
órgãos e entidades da administração federal, �������������������������������������������������������������������������������
bem como da aplicação de recursos públicos
por entidades de direito privado; SEÇÃO II – Dos Orçamentos
III – exercer o controle das operações de
crédito, avais e garantias, bem como dos direitos Art. 165.  Leis de iniciativa do Poder Executivo
e haveres da União; estabelecerão:
IV – apoiar o controle externo no exercício I – o plano plurianual;
de sua missão institucional. II – as diretrizes orçamentárias;
§ 1o  Os responsáveis pelo controle interno, III – os orçamentos anuais.
ao tomarem conhecimento de qualquer irre- § 1o  A lei que instituir o plano plurianual
gularidade ou ilegalidade, dela darão ciência estabelecerá, de forma regionalizada, as diretri-
ao Tribunal de Contas da União, sob pena de zes, objetivos e metas da administração pública
responsabilidade solidária. federal para as despesas de capital e outras delas
§ 2o  Qualquer cidadão, partido político, decorrentes e para as relativas aos programas
associação ou sindicato é parte legítima para, de duração continuada.
na forma da lei, denunciar irregularidades ou § 2o  A lei de diretrizes orçamentárias com-
ilegalidades perante o Tribunal de Contas da preenderá as metas e prioridades da adminis-
União. tração pública federal, estabelecerá as diretrizes
de política fiscal e respectivas metas, em conso-
Art. 75.  As normas estabelecidas nesta seção nância com trajetória sustentável da dívida pú-
aplicam-se, no que couber, à organização, com- blica, orientará a elaboração da lei orçamentária
posição e fiscalização dos Tribunais de Contas anual, disporá sobre as alterações na legislação
dos Estados e do Distrito Federal, bem como tributária e estabelecerá a política de aplicação
dos Tribunais e Conselhos de Contas dos Mu- das agências financeiras oficiais de fomento.
nicípios. § 3o  O Poder Executivo publicará, até trinta
Parágrafo único.  As Constituições estaduais dias após o encerramento de cada bimestre,
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

disporão sobre os Tribunais de Contas respecti- relatório resumido da execução orçamentária.


vos, que serão integrados por sete Conselheiros. § 4o  Os planos e programas nacionais, re-
gionais e setoriais previstos nesta Constitui-
ção serão elaborados em consonância com o
CAPÍTULO II – Do Poder Executivo plano plurianual e apreciados pelo Congresso
������������������������������������������������������������������������������� Nacional.
§ 5o  A lei orçamentária anual compreenderá:
SEÇÃO II – Das Atribuições do Presidente I – o orçamento fiscal referente aos Poderes
da República da União, seus fundos, órgãos e entidades da
administração direta e indireta, inclusive funda-
Art. 84.  Compete privativamente ao Presidente ções instituídas e mantidas pelo Poder Público;
da República: II – o orçamento de investimento das em-
������������������������������������������������������������������������������� presas em que a União, direta ou indiretamente,
XXIII – enviar ao Congresso Nacional o detenha a maioria do capital social com direito
12 plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes a voto;
III – o orçamento da seguridade social, pede o cancelamento necessário à abertura de
abrangendo todas as entidades e órgãos a ela créditos adicionais;
vinculados, da administração direta ou indireta, II – não se aplica nos casos de impedimentos
bem como os fundos e fundações instituídos e de ordem técnica devidamente justificados;
mantidos pelo Poder Público. III – aplica-se exclusivamente às despesas
§ 6o  O projeto de lei orçamentária será acom- primárias discricionárias.
panhado de demonstrativo regionalizado do § 12.  Integrará a lei de diretrizes orçamen-
efeito, sobre as receitas e despesas, decorren- tárias, para o exercício a que se refere e, pelo
te de isenções, anistias, remissões, subsídios menos, para os 2 (dois) exercícios subsequentes,
e benefícios de natureza financeira, tributária anexo com previsão de agregados fiscais e a
e creditícia. proporção dos recursos para investimentos que
§ 7o  Os orçamentos previstos no § 5o, I e serão alocados na lei orçamentária anual para a
II, deste artigo, compatibilizados com o plano continuidade daqueles em andamento.
plurianual, terão entre suas funções a de reduzir § 13.  O disposto no inciso III do § 9o e nos
desigualdades inter-regionais, segundo critério §§ 10, 11 e 12 deste artigo aplica-se exclusiva-
populacional. mente aos orçamentos fiscal e da seguridade
§ 8o  A lei orçamentária anual não conterá social da União.
dispositivo estranho à previsão da receita e à § 14.  A lei orçamentária anual poderá conter
fixação da despesa, não se incluindo na proi- previsões de despesas para exercícios seguintes,
bição a autorização para abertura de créditos com a especificação dos investimentos pluria-
suplementares e contratação de operações de nuais e daqueles em andamento.
crédito, ainda que por antecipação de receita, § 15.  A União organizará e manterá regis-
nos termos da lei. tro centralizado de projetos de investimento
§ 9o  Cabe à lei complementar: contendo, por Estado ou Distrito Federal, pelo
I – dispor sobre o exercício financeiro, a vi- menos, análises de viabilidade, estimativas de
gência, os prazos, a elaboração e a organização custos e informações sobre a execução física e
do plano plurianual, da lei de diretrizes orça- financeira.
mentárias e da lei orçamentária anual; § 16.  As leis de que trata este artigo devem
II – estabelecer normas de gestão financeira observar, no que couber, os resultados do moni-
e patrimonial da administração direta e indi- toramento e da avaliação das políticas públicas
reta, bem como condições para a instituição e previstos no § 16 do art. 37 desta Constituição.
funcionamento de fundos;
III – dispor sobre critérios para a execução Art. 166.  Os projetos de lei relativos ao plano
equitativa, além de procedimentos que serão plurianual, às diretrizes orçamentárias, ao or-
adotados quando houver impedimentos legais çamento anual e aos créditos adicionais serão
e técnicos, cumprimento de restos a pagar e apreciados pelas duas Casas do Congresso Na-
limitação das programações de caráter obriga- cional, na forma do regimento comum.
tório, para a realização do disposto nos §§ 11 § 1o  Caberá a uma Comissão mista perma-
Dispositivos constitucionais pertinentes

e 12 do art. 166. nente de Senadores e Deputados:


§ 10.  A administração tem o dever de execu- I – examinar e emitir parecer sobre os pro-
tar as programações orçamentárias, adotando os jetos referidos neste artigo e sobre as contas
meios e as medidas necessários, com o propósito apresentadas anualmente pelo Presidente da
de garantir a efetiva entrega de bens e serviços República;
à sociedade. II – examinar e emitir parecer sobre os pla-
§ 11.  O disposto no § 10 deste artigo, nos nos e programas nacionais, regionais e setoriais
termos da lei de diretrizes orçamentárias: previstos nesta Constituição e exercer o acom-
I – subordina-se ao cumprimento de dispo- panhamento e a fiscalização orçamentária, sem
sitivos constitucionais e legais que estabeleçam prejuízo da atuação das demais comissões do
metas fiscais ou limites de despesas e não im- Congresso Nacional e de suas Casas, criadas de
acordo com o art. 58. 13
§ 2o  As emendas serão apresentadas na Co- a metade deste percentual será destinada a ações
missão mista, que sobre elas emitirá parecer, e e serviços públicos de saúde.
apreciadas, na forma regimental, pelo Plenário § 10.  A execução do montante destinado a
das duas Casas do Congresso Nacional. ações e serviços públicos de saúde previsto no
§ 3o  As emendas ao projeto de lei do orça- § 9o, inclusive custeio, será computada para fins
mento anual ou aos projetos que o modifiquem do cumprimento do inciso I do § 2o do art. 198,
somente podem ser aprovadas caso: vedada a destinação para pagamento de pessoal
I – sejam compatíveis com o plano plurianual ou encargos sociais.
e com a lei de diretrizes orçamentárias; § 11.  É obrigatória a execução orçamentária
II – indiquem os recursos necessários, ad- e financeira das programações a que se refere o
mitidos apenas os provenientes de anulação de § 9o deste artigo, em montante correspondente
despesa, excluídas as que incidam sobre: a 1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) da
a)  dotações para pessoal e seus encargos; receita corrente líquida realizada no exercício
b)  serviço da dívida; anterior, conforme os critérios para a execu-
c)  transferências tributárias constitucionais ção equitativa da programação definidos na
para Estados, Municípios e Distrito Federal; ou lei complementar prevista no § 9o do art. 165.
III – sejam relacionadas: § 12.  A garantia de execução de que trata o
a)  com a correção de erros ou omissões; ou § 11 deste artigo aplica-se também às programa-
b)  com os dispositivos do texto do projeto ções incluídas por todas as emendas de iniciativa
de lei. de bancada de parlamentares de Estado ou do
§ 4o  As emendas ao projeto de lei de diretri- Distrito Federal, no montante de até 1% (um
zes orçamentárias não poderão ser aprovadas por cento) da receita corrente líquida realizada
quando incompatíveis com o plano plurianual. no exercício anterior.
§ 5o  O Presidente da República poderá en- § 13.  As programações orçamentárias pre-
viar mensagem ao Congresso Nacional para vistas nos §§ 11 e 12 deste artigo não serão de
propor modificação nos projetos a que se refere execução obrigatória nos casos dos impedimen-
este artigo enquanto não iniciada a votação, tos de ordem técnica.
na Comissão mista, da parte cuja alteração é § 14.  Para fins de cumprimento do disposto
proposta. nos §§ 11 e 12 deste artigo, os órgãos de execu-
§ 6o  Os projetos de lei do plano plurianual, ção deverão observar, nos termos da lei de dire-
das diretrizes orçamentárias e do orçamento trizes orçamentárias, cronograma para análise
anual serão enviados pelo Presidente da Repú- e verificação de eventuais impedimentos das
blica ao Congresso Nacional, nos termos da lei programações e demais procedimentos neces-
complementar a que se refere o art. 165, § 9o. sários à viabilização da execução dos respectivos
§ 7o  Aplicam-se aos projetos mencionados montantes.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

neste artigo, no que não contrariar o disposto I – (Revogado);


nesta seção, as demais normas relativas ao pro- II – (Revogado);
cesso legislativo. III – (Revogado);
§ 8o  Os recursos que, em decorrência de veto, IV – (Revogado).
emenda ou rejeição do projeto de lei orçamen- § 15.  (Revogado)
tária anual, ficarem sem despesas correspon- § 16.  Quando a transferência obrigatória da
dentes poderão ser utilizados, conforme o caso, União para a execução da programação pre-
mediante créditos especiais ou suplementares, vista nos §§ 11 e 12 deste artigo for destinada
com prévia e específica autorização legislativa. a Estados, ao Distrito Federal e a Municípios,
§ 9o  As emendas individuais ao projeto de independerá da adimplência do ente federativo
lei orçamentária serão aprovadas no limite de destinatário e não integrará a base de cálculo da
1,2% (um inteiro e dois décimos por cento) receita corrente líquida para fins de aplicação
da receita corrente líquida prevista no projeto dos limites de despesa de pessoal de que trata
encaminhado pelo Poder Executivo, sendo que o caput do art. 169.
14
§ 17.  Os restos a pagar provenientes das pro- § 2o  Na transferência especial a que se refere
gramações orçamentárias previstas nos §§ 11 e o inciso I do caput deste artigo, os recursos:
12 poderão ser considerados para fins de cum- I – serão repassados diretamente ao ente
primento da execução financeira até o limite de federado beneficiado, independentemente de
0,6% (seis décimos por cento) da receita corrente celebração de convênio ou de instrumento
líquida realizada no exercício anterior, para as congênere;
programações das emendas individuais, e até II – pertencerão ao ente federado no ato da
o limite de 0,5% (cinco décimos por cento), efetiva transferência financeira; e
para as programações das emendas de iniciativa III – serão aplicadas em programações fi-
de bancada de parlamentares de Estado ou do nalísticas das áreas de competência do Poder
Distrito Federal. Executivo do ente federado beneficiado, obser-
§ 18.  Se for verificado que a reestimativa vado o disposto no § 5o deste artigo.
da receita e da despesa poderá resultar no não § 3o  O ente federado beneficiado da trans-
cumprimento da meta de resultado fiscal esta- ferência especial a que se refere o inciso I do
belecida na lei de diretrizes orçamentárias, os caput deste artigo poderá firmar contratos de
montantes previstos nos §§ 11 e 12 deste artigo cooperação técnica para fins de subsidiar o
poderão ser reduzidos em até a mesma propor- acompanhamento da execução orçamentária
ção da limitação incidente sobre o conjunto das na aplicação dos recursos.
demais despesas discricionárias. § 4o  Na transferência com finalidade defi-
§ 19.  Considera-se equitativa a execução das nida a que se refere o inciso II do caput deste
programações de caráter obrigatório que obser- artigo, os recursos serão:
ve critérios objetivos e imparciais e que atenda I – vinculados à programação estabelecida
de forma igualitária e impessoal às emendas na emenda parlamentar; e
apresentadas, independentemente da autoria. II – aplicados nas áreas de competência cons-
§ 20.  As programações de que trata o § 12 titucional da União.
deste artigo, quando versarem sobre o início de § 5o  Pelo menos 70% (setenta por cento) das
investimentos com duração de mais de 1 (um) transferências especiais de que trata o inciso I
exercício financeiro ou cuja execução já tenha do caput deste artigo deverão ser aplicadas em
sido iniciada, deverão ser objeto de emenda pela despesas de capital, observada a restrição a que
mesma bancada estadual, a cada exercício, até se refere o inciso II do § 1o deste artigo.
a conclusão da obra ou do empreendimento.
Art. 167.  São vedados:
Art. 166-A.  As emendas individuais impositi- I – o início de programas ou projetos não
vas apresentadas ao projeto de lei orçamentária incluídos na lei orçamentária anual;
anual poderão alocar recursos a Estados, ao II – a realização de despesas ou a assunção
Distrito Federal e a Municípios por meio de: de obrigações diretas que excedam os créditos
I – transferência especial; ou orçamentários ou adicionais;
II – transferência com finalidade definida. III – a realização de operações de créditos
Dispositivos constitucionais pertinentes

§ 1o  Os recursos transferidos na forma do que excedam o montante das despesas de capi-
caput deste artigo não integrarão a receita do tal, ressalvadas as autorizadas mediante crédi-
Estado, do Distrito Federal e dos Municípios tos suplementares ou especiais com finalidade
para fins de repartição e para o cálculo dos limi- precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por
tes da despesa com pessoal ativo e inativo, nos maioria absoluta;
termos do § 16 do art. 166, e de endividamento IV – a vinculação de receita de impostos a
do ente federado, vedada, em qualquer caso, a órgão, fundo ou despesa, ressalvadas a reparti-
aplicação dos recursos a que se refere o caput ção do produto da arrecadação dos impostos a
deste artigo no pagamento de: que se referem os arts. 158 e 159, a destinação
I – despesas com pessoal e encargos sociais de recursos para as ações e serviços públicos
relativas a ativos e inativos, e com pensionistas; e de saúde, para manutenção e desenvolvimento
II – encargos referentes ao serviço da dívida. do ensino e para realização de atividades da 15
administração tributária, como determinado, regras gerais de organização e de funcionamento
respectivamente, pelos arts. 198, § 2o, 212 e 37, de regime próprio de previdência social;
XXII, e a prestação de garantias às operações XIV – a criação de fundo público, quando
de crédito por antecipação de receita, previstas seus objetivos puderem ser alcançados mediante
no art. 165, § 8o, bem como o disposto no § 4o a vinculação de receitas orçamentárias específi-
deste artigo; cas ou mediante a execução direta por progra-
V – a abertura de crédito suplementar ou mação orçamentária e financeira de órgão ou
especial sem prévia autorização legislativa e entidade da administração pública.
sem indicação dos recursos correspondentes; § 1o  Nenhum investimento cuja execução
VI – a transposição, o remanejamento ou a ultrapasse um exercício financeiro poderá ser
transferência de recursos de uma categoria de iniciado sem prévia inclusão no plano pluria-
programação para outra ou de um órgão para nual, ou sem lei que autorize a inclusão, sob
outro, sem prévia autorização legislativa; pena de crime de responsabilidade.
VII – a concessão ou utilização de créditos § 2o  Os créditos especiais e extraordinários
ilimitados; terão vigência no exercício financeiro em que
VIII – a utilização, sem autorização legislativa forem autorizados, salvo se o ato de autoriza-
específica, de recursos dos orçamentos fiscal e ção for promulgado nos últimos quatro meses
da seguridade social para suprir necessidade ou daquele exercício, caso em que, reabertos nos
cobrir déficit de empresas, fundações e fundos, limites de seus saldos, serão incorporados ao
inclusive dos mencionados no art. 165, § 5o; orçamento do exercício financeiro subsequente.
IX – a instituição de fundos de qualquer § 3o  A abertura de crédito extraordinário
natureza, sem prévia autorização legislativa; somente será admitida para atender a despesas
X – a transferência voluntária de recursos imprevisíveis e urgentes, como as decorrentes de
e a concessão de empréstimos, inclusive por guerra, comoção interna ou calamidade pública,
antecipação de receita, pelos Governos Fede- observado o disposto no art. 62.
ral e Estaduais e suas instituições financeiras, § 4o  É permitida a vinculação das receitas
para pagamento de despesas com pessoal ativo, a que se referem os arts. 155, 156, 157, 158 e
inativo e pensionista, dos Estados, do Distrito as alíneas “a”, “b”, “d” e “e” do inciso I e o inciso
Federal e dos Municípios; II do caput do art. 159 desta Constituição para
XI – a utilização dos recursos provenientes pagamento de débitos com a União e para pres-
das contribuições sociais de que trata o art. 195, tar-lhe garantia ou contragarantia.
I, “a”, e II, para a realização de despesas distintas § 5o  A transposição, o remanejamento ou a
do pagamento de benefícios do regime geral de transferência de recursos de uma categoria de
previdência social de que trata o art. 201; programação para outra poderão ser admitidos,
XII – na forma estabelecida na lei comple- no âmbito das atividades de ciência, tecnologia
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

mentar de que trata o § 22 do art. 40, a utilização e inovação, com o objetivo de viabilizar os re-
de recursos de regime próprio de previdência sultados de projetos restritos a essas funções,
social, incluídos os valores integrantes dos fun- mediante ato do Poder Executivo, sem necessi-
dos previstos no art. 249, para a realização de dade da prévia autorização legislativa prevista
despesas distintas do pagamento dos benefícios no inciso VI deste artigo.
previdenciários do respectivo fundo vinculado § 6o  Para fins da apuração ao término do
àquele regime e das despesas necessárias à sua exercício financeiro do cumprimento do limite
organização e ao seu funcionamento; de que trata o inciso III do caput deste artigo, as
XIII – a transferência voluntária de recursos, receitas das operações de crédito efetuadas no
a concessão de avais, as garantias e as subven- contexto da gestão da dívida pública mobiliária
ções pela União e a concessão de empréstimos federal somente serão consideradas no exercício
e de financiamentos por instituições financeiras financeiro em que for realizada a respectiva
federais aos Estados, ao Distrito Federal e aos despesa.
Municípios na hipótese de descumprimento das
16
Art. 167-A.  Apurado que, no período de 12 VIII – adoção de medida que implique rea-
(doze) meses, a relação entre despesas corren- juste de despesa obrigatória acima da variação
tes e receitas correntes supera 95% (noventa e da inflação, observada a preservação do poder
cinco por cento), no âmbito dos Estados, do aquisitivo referida no inciso IV do caput do
Distrito Federal e dos Municípios, é facultado art. 7o desta Constituição;
aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, IX – criação ou expansão de programas e
ao Ministério Público, ao Tribunal de Contas e linhas de financiamento, bem como remissão,
à Defensoria Pública do ente, enquanto perma- renegociação ou refinanciamento de dívidas
necer a situação, aplicar o mecanismo de ajuste que impliquem ampliação das despesas com
fiscal de vedação da: subsídios e subvenções;
I – concessão, a qualquer título, de vantagem, X – concessão ou ampliação de incentivo ou
aumento, reajuste ou adequação de remuneração benefício de natureza tributária.
de membros de Poder ou de órgão, de servidores § 1o  Apurado que a despesa corrente supera
e empregados públicos e de militares, exceto 85% (oitenta e cinco por cento) da receita cor-
dos derivados de sentença judicial transitada rente, sem exceder o percentual mencionado
em julgado ou de determinação legal anterior no caput deste artigo, as medidas nele indicadas
ao início da aplicação das medidas de que trata podem ser, no todo ou em parte, implementa-
este artigo; das por atos do Chefe do Poder Executivo com
II – criação de cargo, emprego ou função que vigência imediata, facultado aos demais Poderes
implique aumento de despesa; e órgãos autônomos implementá-las em seus
III – alteração de estrutura de carreira que respectivos âmbitos.
implique aumento de despesa; § 2o  O ato de que trata o § 1o deste artigo
IV – admissão ou contratação de pessoal, a deve ser submetido, em regime de urgência, à
qualquer título, ressalvadas: apreciação do Poder Legislativo.
a)  as reposições de cargos de chefia e de § 3o  O ato perde a eficácia, reconhecida a
direção que não acarretem aumento de despesa; validade dos atos praticados na sua vigência,
b)  as reposições decorrentes de vacâncias quando:
de cargos efetivos ou vitalícios; I – rejeitado pelo Poder Legislativo;
c)  as contratações temporárias de que trata II – transcorrido o prazo de 180 (cento e
o inciso IX do caput do art. 37 desta Consti- oitenta) dias sem que se ultime a sua aprecia-
tuição; e ção; ou
d)  as reposições de temporários para pres- III – apurado que não mais se verifica a hipó-
tação de serviço militar e de alunos de órgãos tese prevista no § 1o deste artigo, mesmo após a
de formação de militares; sua aprovação pelo Poder Legislativo.
V – realização de concurso público, exceto § 4o  A apuração referida neste artigo deve
para as reposições de vacâncias previstas no ser realizada bimestralmente.
inciso IV deste caput; § 5o  As disposições de que trata este artigo:
VI – criação ou majoração de auxílios, vanta- I – não constituem obrigação de pagamento
Dispositivos constitucionais pertinentes

gens, bônus, abonos, verbas de representação ou futuro pelo ente da Federação ou direitos de
benefícios de qualquer natureza, inclusive os de outrem sobre o erário;
cunho indenizatório, em favor de membros de II – não revogam, dispensam ou suspendem
Poder, do Ministério Público ou da Defensoria o cumprimento de dispositivos constitucionais
Pública e de servidores e empregados públicos e legais que disponham sobre metas fiscais ou
e de militares, ou ainda de seus dependentes, limites máximos de despesas.
exceto quando derivados de sentença judicial § 6o  Ocorrendo a hipótese de que trata o
transitada em julgado ou de determinação legal caput deste artigo, até que todas as medidas
anterior ao início da aplicação das medidas de nele previstas tenham sido adotadas por to-
que trata este artigo; dos os Poderes e órgãos nele mencionados, de
VII – criação de despesa obrigatória; acordo com declaração do respectivo Tribunal
de Contas, é vedada: 17
I – a concessão, por qualquer outro ente da ampliação de incentivo ou benefício de natureza
Federação, de garantias ao ente envolvido; tributária da qual decorra renúncia de receita.
II – a tomada de operação de crédito por Parágrafo único.  Durante a vigência da ca-
parte do ente envolvido com outro ente da lamidade pública de âmbito nacional de que
Federação, diretamente ou por intermédio de trata o art. 167‑B, não se aplica o disposto no
seus fundos, autarquias, fundações ou empresas § 3o do art. 195 desta Constituição.
estatais dependentes, ainda que sob a forma de
novação, refinanciamento ou postergação de Art. 167-E.  Fica dispensada, durante a inte-
dívida contraída anteriormente, ressalvados os gralidade do exercício financeiro em que vigo-
financiamentos destinados a projetos específicos re a calamidade pública de âmbito nacional, a
celebrados na forma de operações típicas das observância do inciso III do caput do art. 167
agências financeiras oficiais de fomento. desta Constituição.

Art. 167-B.  Durante a vigência de estado de ca- Art. 167-F.  Durante a vigência da calamida-


lamidade pública de âmbito nacional, decretado de pública de âmbito nacional de que trata o
pelo Congresso Nacional por iniciativa priva- art. 167‑B desta Constituição:
tiva do Presidente da República, a União deve I – são dispensados, durante a integralidade
adotar regime extraordinário fiscal, financeiro do exercício financeiro em que vigore a calami-
e de contratações para atender às necessidades dade pública, os limites, as condições e demais
dele decorrentes, somente naquilo em que a restrições aplicáveis à União para a contrata-
urgência for incompatível com o regime regular, ção de operações de crédito, bem como sua
nos termos definidos nos arts. 167‑C, 167‑D, verificação;
167‑E, 167‑F e 167‑G desta Constituição. II – o superavit financeiro apurado em 31 de
dezembro do ano imediatamente anterior ao
Art. 167-C.  Com o propósito exclusivo de en- reconhecimento pode ser destinado à cobertura
frentamento da calamidade pública e de seus de despesas oriundas das medidas de combate
efeitos sociais e econômicos, no seu período à calamidade pública de âmbito nacional e ao
de duração, o Poder Executivo federal pode pagamento da dívida pública.
adotar processos simplificados de contratação § 1o  Lei complementar pode definir outras
de pessoal, em caráter temporário e emergencial, suspensões, dispensas e afastamentos aplicáveis
e de obras, serviços e compras que assegurem, durante a vigência do estado de calamidade
quando possível, competição e igualdade de pública de âmbito nacional.
condições a todos os concorrentes, dispensada § 2o  O disposto no inciso II do caput deste
a observância do § 1o do art. 169 na contratação artigo não se aplica às fontes de recursos:
de que trata o inciso IX do caput do art. 37 desta I – decorrentes de repartição de receitas a
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Constituição, limitada a dispensa às situações Estados, ao Distrito Federal e a Municípios;


de que trata o referido inciso, sem prejuízo do II – decorrentes das vinculações estabelecidas
controle dos órgãos competentes. pelos arts. 195, 198, 201, 212, 212‑A e 239 desta
Constituição;
Art. 167-D.  As proposições legislativas e os III – destinadas ao registro de receitas oriun-
atos do Poder Executivo com propósito exclu- das da arrecadação de doações ou de emprésti-
sivo de enfrentar a calamidade e suas conse- mos compulsórios, de transferências recebidas
quências sociais e econômicas, com vigência e para o atendimento de finalidades determinadas
efeitos restritos à sua duração, desde que não ou das receitas de capital produto de operações
impliquem despesa obrigatória de caráter con- de financiamento celebradas com finalidades
tinuado, ficam dispensados da observância das contratualmente determinadas.
limitações legais quanto à criação, à expansão ou
ao aperfeiçoamento de ação governamental que Art. 167-G.  Na hipótese de que trata o
acarrete aumento de despesa e à concessão ou à art. 167‑B, aplicam-se à União, até o término
18
da calamidade pública, as vedações previstas entidades da administração direta ou indireta,
no art. 167‑A desta Constituição. inclusive fundações instituídas e mantidas pelo
§ 1o  Na hipótese de medidas de combate à poder público, só poderão ser feitas:
calamidade pública cuja vigência e efeitos não I – se houver prévia dotação orçamentária
ultrapassem a sua duração, não se aplicam as suficiente para atender às projeções de despesa
vedações referidas nos incisos II, IV, VII, IX e de pessoal e aos acréscimos dela decorrentes;
X do caput do art. 167‑A desta Constituição. II – se houver autorização específica na lei de
§ 2o  Na hipótese de que trata o art. 167‑B, diretrizes orçamentárias, ressalvadas as empre-
não se aplica a alínea “c” do inciso I do caput sas públicas e as sociedades de economia mista.
do art. 159 desta Constituição, devendo a trans- § 2o  Decorrido o prazo estabelecido na
ferência a que se refere aquele dispositivo ser lei complementar referida neste artigo para a
efetuada nos mesmos montantes transferidos no adaptação aos parâmetros ali previstos, serão
exercício anterior à decretação da calamidade. imediatamente suspensos todos os repasses
§ 3o  É facultada aos Estados, ao Distrito Fe- de verbas federais ou estaduais aos Estados,
deral e aos Municípios a aplicação das vedações ao Distrito Federal e aos Municípios que não
referidas no caput, nos termos deste artigo, e, até observarem os referidos limites.
que as tenham adotado na integralidade, estarão § 3o  Para o cumprimento dos limites es-
submetidos às restrições do § 6o do art. 167‑A tabelecidos com base neste artigo, durante o
desta Constituição, enquanto perdurarem seus prazo fixado na lei complementar referida no
efeitos para a União. caput, a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios adotarão as seguintes providências:
Art. 168.  Os recursos correspondentes às I – redução em pelo menos vinte por cento
dotações orçamentárias, compreendidos os das despesas com cargos em comissão e funções
créditos suplementares e especiais, destinados de confiança;
aos órgãos dos Poderes Legislativo e Judiciário, II – exoneração dos servidores não estáveis.
do Ministério Público e da Defensoria Pública, § 4o  Se as medidas adotadas com base no
ser-lhes-ão entregues até o dia 20 de cada mês, parágrafo anterior não forem suficientes para
em duodécimos, na forma da lei complementar assegurar o cumprimento da determinação da lei
a que se refere o art. 165, § 9o. complementar referida neste artigo, o servidor
§ 1o  É vedada a transferência a fundos de estável poderá perder o cargo, desde que ato
recursos financeiros oriundos de repasses duo- normativo motivado de cada um dos Poderes
decimais. especifique a atividade funcional, o órgão ou
§ 2o  O saldo financeiro decorrente dos re- unidade administrativa objeto da redução de
cursos entregues na forma do caput deste artigo pessoal.
deve ser restituído ao caixa único do Tesouro § 5o  O servidor que perder o cargo na forma
do ente federativo, ou terá seu valor deduzido do parágrafo anterior fará jus a indenização
das primeiras parcelas duodecimais do exercício correspondente a um mês de remuneração por
seguinte. ano de serviço.
Dispositivos constitucionais pertinentes

§ 6o  O cargo objeto da redução prevista nos


Art. 169.  A despesa com pessoal ativo e inativo parágrafos anteriores será considerado extinto,
e pensionistas da União, dos Estados, do Distrito vedada a criação de cargo, emprego ou função
Federal e dos Municípios não pode exceder com atribuições iguais ou assemelhadas pelo
os limites estabelecidos em lei complementar. prazo de quatro anos.
§ 1o  A concessão de qualquer vantagem ou § 7o  Lei federal disporá sobre as normas
aumento de remuneração, a criação de cargos, gerais a serem obedecidas na efetivação do
empregos e funções ou alteração de estrutura de disposto no § 4o.
carreiras, bem como a admissão ou contratação �������������������������������������������������������������������������������
de pessoal, a qualquer título, pelos órgãos e

19
Lei de Responsabilidade Fiscal
Índice sistemático da
Lei Complementar no 101/2000

23 Capítulo I – Disposições Preliminares


24 Capítulo II – Do Planejamento
24 Seção I – Do Plano Plurianual
24 Seção II – Da Lei de Diretrizes Orçamentárias
24 Seção III – Da Lei Orçamentária Anual
25 Seção IV – Da Execução Orçamentária e do Cumprimento das Metas
26 Capítulo III – Da Receita Pública
26 Seção I – Da Previsão e da Arrecadação
26 Seção II – Da Renúncia de Receita
27 Capítulo IV – Da Despesa Pública
27 Seção I – Da Geração da Despesa
27 Subseção I – Da Despesa Obrigatória de Caráter Continuado
28 Seção II – Das Despesas com Pessoal
28 Subseção I – Definições e Limites
30 Subseção II – Do Controle da Despesa Total com Pessoal
31 Seção III – Das Despesas com a Seguridade Social
31 Capítulo V – Das Transferências Voluntárias
32 Capítulo VI – Da Destinação de Recursos Públicos para o Setor Privado
32 Capítulo VII – Da Dívida e do Endividamento
32 Seção I – Definições Básicas
33 Seção II – Dos Limites da Dívida Pública e das Operações de Crédito
33 Seção III – Da Recondução da Dívida aos Limites
34 Seção IV – Das Operações de Crédito
34 Subseção I – Da Contratação
35 Subseção II – Das Vedações
35 Subseção III – Das Operações de Crédito por Antecipação de Receita Orçamentária
36 Subseção IV – Das Operações com o Banco Central do Brasil
36 Seção V – Da Garantia e da Contragarantia
37 Seção VI – Dos Restos a Pagar
37 Capítulo VIII – Da Gestão Patrimonial
37 Seção I – Das Disponibilidades de Caixa
37 Seção II – Da Preservação do Patrimônio Público
38 Seção III – Das Empresas Controladas pelo Setor Público
38 Capítulo IX – Da Transparência, Controle e Fiscalização
38 Seção I – Da Transparência da Gestão Fiscal
39 Seção II – Da Escrituração e Consolidação das Contas
40 Seção III – Do Relatório Resumido da Execução Orçamentária
40 Seção IV – Do Relatório de Gestão Fiscal
41 Seção V – Das Prestações de Contas
42 Seção VI – Da Fiscalização da Gestão Fiscal
42 Capítulo X – Disposições Finais e Transitórias
Lei Complementar no 101/2000
Estabelece normas de finanças públicas voltadas para a responsabilidade na gestão fiscal e dá outras
providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Contas dos Municípios e Tribunal de Contas


do Município.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei Complementar: Art. 2o  Para os efeitos desta Lei Complementar,
entende-se como:
I – ente da Federação: a União, cada Estado,
CAPÍTULO I – Disposições Preliminares o Distrito Federal e cada Município;
II – empresa controlada: sociedade cuja
Art. 1o  Esta Lei Complementar estabelece maioria do capital social com direito a voto
normas de finanças públicas voltadas para a pertença, direta ou indiretamente, a ente da
responsabilidade na gestão fiscal, com amparo Federação;
no Capítulo II do Título VI da Constituição. III – empresa estatal dependente: empresa
§ 1o  A responsabilidade na gestão fiscal pres- controlada que receba do ente controlador re-
supõe a ação planejada e transparente, em que cursos financeiros para pagamento de despesas
se previnem riscos e corrigem desvios capazes com pessoal ou de custeio em geral ou de capital,
de afetar o equilíbrio das contas públicas, me- excluídos, no último caso, aqueles provenientes
diante o cumprimento de metas de resultados de aumento de participação acionária;
entre receitas e despesas e a obediência a limites IV – receita corrente líquida: somatório das
e condições no que tange a renúncia de receita, receitas tributárias, de contribuições, patrimo-
geração de despesas com pessoal, da seguridade niais, industriais, agropecuárias, de serviços,
social e outras, dívidas consolidada e mobiliária, transferências correntes e outras receitas tam-
operações de crédito, inclusive por antecipação bém correntes, deduzidos:
de receita, concessão de garantia e inscrição em a)  na União, os valores transferidos aos Es-
Restos a Pagar. tados e Municípios por determinação constitu-
§ 2o  As disposições desta Lei Complementar cional ou legal, e as contribuições mencionadas
obrigam a União, os Estados, o Distrito Federal na alínea “a” do inciso I e no inciso II do art. 195,
e os Municípios. e no art. 239 da Constituição;
§ 3o  Nas referências: b)  nos Estados, as parcelas entregues aos
I – à União, aos Estados, ao Distrito Federal Municípios por determinação constitucional;
e aos Municípios, estão compreendidos: c)  na União, nos Estados e nos Municípios,
a)  o Poder Executivo, o Poder Legislativo, a contribuição dos servidores para o custeio do
neste abrangidos os Tribunais de Contas, o Po- seu sistema de previdência e assistência social e
Lei de Responsabilidade Fiscal

der Judiciário e o Ministério Público; as receitas provenientes da compensação finan-


b)  as respectivas administrações diretas, fun- ceira citada no § 9o do art. 201 da Constituição.
dos, autarquias, fundações e empresas estatais § 1o  Serão computados no cálculo da receita
dependentes; corrente líquida os valores pagos e recebidos em
II – a Estados entende-se considerado o Dis- decorrência da Lei Complementar no 87, de 13
trito Federal; de setembro de 1996, e do fundo previsto pelo
III – a Tribunais de Contas estão incluídos: art. 60 do Ato das Disposições Constitucionais
Tribunal de Contas da União, Tribunal de Con- Transitórias.
tas do Estado e, quando houver, Tribunal de § 2o  Não serão considerados na receita cor-
rente líquida do Distrito Federal e dos Estados 23
do Amapá e de Roraima os recursos recebidos parando-as com as fixadas nos três exercícios
da União para atendimento das despesas de que anteriores, e evidenciando a consistência delas
trata o inciso V do § 1o do art. 19. com as premissas e os objetivos da política eco-
§ 3o  A receita corrente líquida será apurada nômica nacional;
somando-se as receitas arrecadadas no mês em III – evolução do patrimônio líquido, tam-
referência e nos onze anteriores, excluídas as bém nos últimos três exercícios, destacando a
duplicidades. origem e a aplicação dos recursos obtidos com
a alienação de ativos;
IV – avaliação da situação financeira e atua-
CAPÍTULO II – Do Planejamento rial:
SEÇÃO I – Do Plano Plurianual a)  dos regimes geral de previdência social
e próprio dos servidores públicos e do Fundo
Art. 3o (Vetado) de Amparo ao Trabalhador;
b)  dos demais fundos públicos e programas
estatais de natureza atuarial;
SEÇÃO II – Da Lei de Diretrizes V – demonstrativo da estimativa e compen-
Orçamentárias sação da renúncia de receita e da margem de
expansão das despesas obrigatórias de caráter
Art. 4o  A lei de diretrizes orçamentárias aten- continuado.
derá o disposto no § 2o do art. 165 da Consti- § 3o  A lei de diretrizes orçamentárias conterá
tuição e: Anexo de Riscos Fiscais, onde serão avaliados os
I – disporá também sobre: passivos contingentes e outros riscos capazes de
a)  equilíbrio entre receitas e despesas; afetar as contas públicas, informando as provi-
b)  critérios e forma de limitação de empe- dências a serem tomadas, caso se concretizem.
nho, a ser efetivada nas hipóteses previstas na § 4o  A mensagem que encaminhar o projeto
alínea “b” do inciso II deste artigo, no art. 9o e da União apresentará, em anexo específico, os
no inciso II do § 1o do art. 31; objetivos das políticas monetária, creditícia e
c) (Vetada); cambial, bem como os parâmetros e as proje-
d) (Vetada); ções para seus principais agregados e variáveis,
e)  normas relativas ao controle de custos e à e ainda as metas de inflação, para o exercício
avaliação dos resultados dos programas finan- subsequente.
ciados com recursos dos orçamentos;
f)  demais condições e exigências para trans-
ferências de recursos a entidades públicas e SEÇÃO III – Da Lei Orçamentária Anual
privadas;
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

II – (Vetado); Art. 5o  O projeto de lei orçamentária anual,


III – (Vetado). elaborado de forma compatível com o plano
§ 1o  Integrará o projeto de lei de diretrizes plurianual, com a lei de diretrizes orçamentá-
orçamentárias Anexo de Metas Fiscais, em que rias e com as normas desta Lei Complementar:
serão estabelecidas metas anuais, em valores cor- I – conterá, em anexo, demonstrativo da com-
rentes e constantes, relativas a receitas, despesas, patibilidade da programação dos orçamentos
resultados nominal e primário e montante da com os objetivos e metas constantes do docu-
dívida pública, para o exercício a que se referi- mento de que trata o § 1o do art. 4o;
rem e para os dois seguintes. II – será acompanhado do documento a que
§ 2o  O Anexo conterá, ainda: se refere o § 6o do art. 165 da Constituição, bem
I – avaliação do cumprimento das metas como das medidas de compensação a renúncias
relativas ao ano anterior; de receita e ao aumento de despesas obrigatórias
II – demonstrativo das metas anuais, instruí- de caráter continuado;
do com memória e metodologia de cálculo que III – conterá reserva de contingência, cuja
24 justifiquem os resultados pretendidos, com- forma de utilização e montante, definido com
base na receita corrente líquida, serão esta- que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias
belecidos na lei de diretrizes orçamentárias, da União.
destinada ao: § 3o  Os balanços trimestrais do Banco Cen-
a) (Vetada); tral do Brasil conterão notas explicativas sobre
b)  atendimento de passivos contingentes os custos da remuneração das disponibilidades
e outros riscos e eventos fiscais imprevistos. do Tesouro Nacional e da manutenção das re-
§ 1o  Todas as despesas relativas à dívida servas cambiais e a rentabilidade de sua carteira
pública, mobiliária ou contratual, e as receitas de títulos, destacando os de emissão da União.
que as atenderão, constarão da lei orçamentária
anual.
§ 2o  O refinanciamento da dívida pública SEÇÃO IV – Da Execução Orçamentária e
constará separadamente na lei orçamentária e do Cumprimento das Metas
nas de crédito adicional.
§ 3o  A atualização monetária do principal Art. 8o  Até trinta dias após a publicação dos
da dívida mobiliária refinanciada não poderá orçamentos, nos termos em que dispuser a
superar a variação do índice de preços previsto lei de diretrizes orçamentárias e observado o
na lei de diretrizes orçamentárias, ou em legis- disposto na alínea “c” do inciso I do art. 4o, o
lação específica. Poder Executivo estabelecerá a programação
§ 4o  É vedado consignar na lei orçamentá- financeira e o cronograma de execução mensal
ria crédito com finalidade imprecisa ou com de desembolso.
dotação ilimitada. Parágrafo único.  Os recursos legalmente
§ 5o  A lei orçamentária não consignará dota- vinculados a finalidade específica serão utili-
ção para investimento com duração superior a zados exclusivamente para atender ao objeto de
um exercício financeiro que não esteja previsto sua vinculação, ainda que em exercício diverso
no plano plurianual ou em lei que autorize a sua daquele em que ocorrer o ingresso.
inclusão, conforme disposto no § 1o do art. 167
da Constituição. Art. 9o  Se verificado, ao final de um bimestre,
§ 6o  Integrarão as despesas da União, e se- que a realização da receita poderá não com-
rão incluídas na lei orçamentária, as do Banco portar o cumprimento das metas de resultado
Central do Brasil relativas a pessoal e encargos primário ou nominal estabelecidas no Anexo de
sociais, custeio administrativo, inclusive os des- Metas Fiscais, os Poderes e o Ministério Público
tinados a benefícios e assistência aos servidores, promoverão, por ato próprio e nos montantes
e a investimentos. necessários, nos trinta dias subsequentes, limi-
§ 7o (Vetado) tação de empenho e movimentação financeira,
segundo os critérios fixados pela lei de diretrizes
Art. 6o (Vetado) orçamentárias.
§ 1o  No caso de restabelecimento da recei-
Art. 7o  O resultado do Banco Central do Bra- ta prevista, ainda que parcial, a recomposição
sil, apurado após a constituição ou reversão de das dotações cujos empenhos foram limitados
reservas, constitui receita do Tesouro Nacional, dar-se-á de forma proporcional às reduções
Lei de Responsabilidade Fiscal

e será transferido até o décimo dia útil subse- efetivadas.


quente à aprovação dos balanços semestrais. § 2o  Não serão objeto de limitação as despe-
§ 1o  O resultado negativo constituirá obri- sas que constituam obrigações constitucionais
gação do Tesouro para com o Banco Central do e legais do ente, inclusive aquelas destinadas
Brasil e será consignado em dotação específica ao pagamento do serviço da dívida, as relativas
no orçamento. à inovação e ao desenvolvimento científico e
§ 2o  O impacto e o custo fiscal das operações tecnológico custeadas por fundo criado para tal
realizadas pelo Banco Central do Brasil serão finalidade e as ressalvadas pela lei de diretrizes
demonstrados trimestralmente, nos termos em orçamentárias.
25
§ 3o  No caso de os Poderes Legislativo e Ju- ou de qualquer outro fator relevante e serão
diciário e o Ministério Público não promoverem acompanhadas de demonstrativo de sua evo-
a limitação no prazo estabelecido no caput, é o lução nos últimos três anos, da projeção para
Poder Executivo autorizado a limitar os valores os dois seguintes àquele a que se referirem, e da
financeiros segundo os critérios fixados pela lei metodologia de cálculo e premissas utilizadas.
de diretrizes orçamentárias.1 § 1o  Reestimativa de receita por parte do
§ 4o  Até o final dos meses de maio, setembro Poder Legislativo só será admitida se compro-
e fevereiro, o Poder Executivo demonstrará e vado erro ou omissão de ordem técnica ou legal.
avaliará o cumprimento das metas fiscais de § 2o  O montante previsto para as receitas de
cada quadrimestre, em audiência pública na operações de crédito não poderá ser superior
comissão referida no § 1o do art. 166 da Cons- ao das despesas de capital constantes do projeto
tituição ou equivalente nas Casas Legislativas de lei orçamentária.2
estaduais e municipais. § 3o  O Poder Executivo de cada ente colocará
§ 5o  No prazo de noventa dias após o en- à disposição dos demais Poderes e do Ministério
cerramento de cada semestre, o Banco Central Público, no mínimo trinta dias antes do prazo
do Brasil apresentará, em reunião conjunta das final para encaminhamento de suas propostas
comissões temáticas pertinentes do Congresso orçamentárias, os estudos e as estimativas das
Nacional, avaliação do cumprimento dos objeti- receitas para o exercício subsequente, inclusive
vos e metas das políticas monetária, creditícia e da corrente líquida, e as respectivas memórias
cambial, evidenciando o impacto e o custo fiscal de cálculo.
de suas operações e os resultados demonstrados
nos balanços. Art. 13.  No prazo previsto no art. 8o, as receitas
previstas serão desdobradas, pelo Poder Execu-
Art. 10.  A execução orçamentária e financei- tivo, em metas bimestrais de arrecadação, com
ra identificará os beneficiários de pagamento a especificação, em separado, quando cabível,
de sentenças judiciais, por meio de sistema de das medidas de combate à evasão e à sonegação,
contabilidade e administração financeira, para da quantidade e valores de ações ajuizadas para
fins de observância da ordem cronológica de- cobrança da dívida ativa, bem como da evolução
terminada no art. 100 da Constituição. do montante dos créditos tributários passíveis
de cobrança administrativa.

CAPÍTULO III – Da Receita Pública


SEÇÃO I – Da Previsão e da Arrecadação SEÇÃO II – Da Renúncia de Receita

Art. 11.  Constituem requisitos essenciais da Art. 14.  A concessão ou ampliação de in-


Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

responsabilidade na gestão fiscal a instituição, centivo ou benefício de natureza tributária da


previsão e efetiva arrecadação de todos os tri- qual decorra renúncia de receita deverá estar
butos da competência constitucional do ente acompanhada de estimativa do impacto orça-
da Federação. mentário-financeiro no exercício em que deva
Parágrafo único.  É vedada a realização de iniciar sua vigência e nos dois seguintes, atender
transferências voluntárias para o ente que não ao disposto na lei de diretrizes orçamentárias
observe o disposto no caput, no que se refere e a pelo menos uma das seguintes condições:
aos impostos. I – demonstração pelo proponente de que a
renúncia foi considerada na estimativa de receita
Art. 12.  As previsões de receita observarão da lei orçamentária, na forma do art. 12, e de
as normas técnicas e legais, considerarão os que não afetará as metas de resultados fiscais
efeitos das alterações na legislação, da variação previstas no anexo próprio da lei de diretrizes
do índice de preços, do crescimento econômico orçamentárias;

26   Nota do Editor (NE): ver ADI no 2.238.


1
  NE: ver ADI no 2.238.
2
II – estar acompanhada de medidas de com- patibilidade com o plano plurianual e com a lei
pensação, no período mencionado no caput, de diretrizes orçamentárias.
por meio do aumento de receita, proveniente § 1o  Para os fins desta Lei Complementar,
da elevação de alíquotas, ampliação da base de considera-se:
cálculo, majoração ou criação de tributo ou I – adequada com a lei orçamentária anual, a
contribuição; despesa objeto de dotação específica e suficiente,
III – (Vetado). ou que esteja abrangida por crédito genérico, de
§ 1o  A renúncia compreende anistia, remis- forma que somadas todas as despesas da mes-
são, subsídio, crédito presumido, concessão ma espécie, realizadas e a realizar, previstas no
de isenção em caráter não geral, alteração de programa de trabalho, não sejam ultrapassados
alíquota ou modificação de base de cálculo que os limites estabelecidos para o exercício;
implique redução discriminada de tributos ou II – compatível com o plano plurianual e a
contribuições, e outros benefícios que corres- lei de diretrizes orçamentárias, a despesa que
pondam a tratamento diferenciado. se conforme com as diretrizes, objetivos, prio-
§ 2o  Se o ato de concessão ou ampliação do ridades e metas previstos nesses instrumentos
incentivo ou benefício de que trata o caput deste e não infrinja qualquer de suas disposições.
artigo decorrer da condição contida no inci- § 2o  A estimativa de que trata o inciso I do
so II, o benefício só entrará em vigor quando caput será acompanhada das premissas e me-
implementadas as medidas referidas no men- todologia de cálculo utilizadas.
cionado inciso. § 3o  Ressalva-se do disposto neste artigo a
§ 3o  O disposto neste artigo não se aplica: despesa considerada irrelevante, nos termos em
I – às alterações das alíquotas dos impostos que dispuser a lei de diretrizes orçamentárias.
previstos nos incisos I, II, IV e V do art. 153 da § 4o  As normas do caput constituem con-
Constituição, na forma do seu § 1o; dição prévia para:
II – ao cancelamento de débito cujo mon- I – empenho e licitação de serviços, forneci-
tante seja inferior ao dos respectivos custos de mento de bens ou execução de obras;
cobrança; II – desapropriação de imóveis urbanos a
III – (Vetado); que se refere o § 3o do art. 182 da Constituição.
IV – (Vetado);
V – (Vetado).
SUBSEÇÃO I – Da Despesa Obrigatória de
Caráter Continuado
CAPÍTULO IV – Da Despesa Pública
SEÇÃO I – Da Geração da Despesa Art. 17.  Considera-se obrigatória de caráter
continuado a despesa corrente derivada de lei,
Art. 15.  Serão consideradas não autorizadas, medida provisória ou ato administrativo nor-
irregulares e lesivas ao patrimônio público a mativo que fixem para o ente a obrigação legal
geração de despesa ou assunção de obrigação de sua execução por um período superior a
que não atendam o disposto nos arts. 16 e 17. dois exercícios.
§ 1o  Os atos que criarem ou aumentarem
Lei de Responsabilidade Fiscal

Art. 16.  A criação, expansão ou aperfeiçoa- despesa de que trata o caput deverão ser ins-
mento de ação governamental que acarrete truídos com a estimativa prevista no inciso I
aumento da despesa será acompanhado de: do art. 16 e demonstrar a origem dos recursos
I – estimativa do impacto orçamentário-fi- para seu custeio.
nanceiro no exercício em que deva entrar em § 2o  Para efeito do atendimento do § 1o, o
vigor e nos dois subsequentes; ato será acompanhado de comprovação de que
II – declaração do ordenador da despesa de a despesa criada ou aumentada não afetará as
que o aumento tem adequação orçamentária e metas de resultados fiscais previstas no anexo
financeira com a lei orçamentária anual e com- referido no § 1o do art. 4o, devendo seus efeitos
financeiros, nos períodos seguintes, ser com- 27
pensados pelo aumento permanente de receita adotando-se o regime de competência, inde-
ou pela redução permanente de despesa. pendentemente de empenho.
§ 3o  Para efeito do § 2o, considera-se au- § 3o  Para a apuração da despesa total com
mento permanente de receita o proveniente pessoal, será observada a remuneração bruta
da elevação de alíquotas, ampliação da base do servidor, sem qualquer dedução ou reten-
de cálculo, majoração ou criação de tributo ou ção, ressalvada a redução para atendimento ao
contribuição. disposto no art. 37, inciso XI, da Constituição
§ 4o  A comprovação referida no § 2o, apre- Federal.
sentada pelo proponente, conterá as premissas e
metodologia de cálculo utilizadas, sem prejuízo Art. 19.  Para os fins do disposto no caput do
do exame de compatibilidade da despesa com art. 169 da Constituição, a despesa total com
as demais normas do plano plurianual e da lei pessoal, em cada período de apuração e em
de diretrizes orçamentárias. cada ente da Federação, não poderá exceder os
§ 5o  A despesa de que trata este artigo não percentuais da receita corrente líquida, a seguir
será executada antes da implementação das discriminados:
medidas referidas no § 2o, as quais integrarão I – União: 50% (cinquenta por cento);
o instrumento que a criar ou aumentar. II – Estados: 60% (sessenta por cento);
§ 6o  O disposto no § 1o não se aplica às des- III – Municípios: 60% (sessenta por cento).
pesas destinadas ao serviço da dívida nem ao § 1o  Na verificação do atendimento dos limi-
reajustamento de remuneração de pessoal de tes definidos neste artigo, não serão computadas
que trata o inciso X do art. 37 da Constituição. as despesas:
§ 7o  Considera-se aumento de despesa a I – de indenização por demissão de servido-
prorrogação daquela criada por prazo deter- res ou empregados;
minado. II – relativas a incentivos à demissão vo-
luntária;
III – derivadas da aplicação do disposto no
SEÇÃO II – Das Despesas com Pessoal inciso II do § 6o do art. 57 da Constituição;
SUBSEÇÃO I – Definições e Limites IV – decorrentes de decisão judicial e da
competência de período anterior ao da apuração
Art. 18.  Para os efeitos desta Lei Complemen- a que se refere o § 2o do art. 18;
tar, entende-se como despesa total com pessoal: V – com pessoal, do Distrito Federal e dos
o somatório dos gastos do ente da Federação Estados do Amapá e Roraima, custeadas com
com os ativos, os inativos e os pensionistas, recursos transferidos pela União na forma dos
relativos a mandatos eletivos, cargos, funções incisos XIII e XIV do art. 21 da Constituição
ou empregos, civis, militares e de membros de e do art. 31 da Emenda Constitucional no 19;
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Poder, com quaisquer espécies remuneratórias, VI – com inativos e pensionistas, ainda que
tais como vencimentos e vantagens, fixas e va- pagas por intermédio de unidade gestora única
riáveis, subsídios, proventos da aposentadoria, ou fundo previsto no art. 249 da Constituição
reformas e pensões, inclusive adicionais, grati- Federal, quanto à parcela custeada por recursos
ficações, horas extras e vantagens pessoais de provenientes:
qualquer natureza, bem como encargos sociais e a)  da arrecadação de contribuições dos se-
contribuições recolhidas pelo ente às entidades gurados;
de previdência. b)  da compensação financeira de que trata
§ 1o  Os valores dos contratos de terceirização o § 9o do art. 201 da Constituição;
de mão de obra que se referem à substituição de c)  de transferências destinadas a promover
servidores e empregados públicos serão conta- o equilíbrio atuarial do regime de previdência,
bilizados como “Outras Despesas de Pessoal”. na forma definida pelo órgão do Poder Execu-
§ 2o  A despesa total com pessoal será apura- tivo federal responsável pela orientação, pela
da somando-se a realizada no mês em referência supervisão e pelo acompanhamento dos regimes
28 com as dos 11 (onze) imediatamente anteriores,
próprios de previdência social dos servidores § 1o  Nos Poderes Legislativo e Judiciário de
públicos. cada esfera, os limites serão repartidos entre
§ 2o  Observado o disposto no inciso IV do seus órgãos de forma proporcional à média das
§ 1o, as despesas com pessoal decorrentes de despesas com pessoal, em percentual da receita
sentenças judiciais serão incluídas no limite do corrente líquida, verificadas nos três exercícios
respectivo Poder ou órgão referido no art. 20. financeiros imediatamente anteriores ao da pu-
§ 3o  Na verificação do atendimento dos limi- blicação desta Lei Complementar.4
tes definidos neste artigo, é vedada a dedução da § 2o  Para efeito deste artigo entende-se como
parcela custeada com recursos aportados para órgão:
a cobertura do déficit financeiro dos regimes I – o Ministério Público;
de previdência. II – no Poder Legislativo:
a)  Federal, as respectivas Casas e o Tribunal
Art. 20.  A repartição dos limites globais do de Contas da União;
art. 19 não poderá exceder os seguintes per- b)  Estadual, a Assembleia Legislativa e os
centuais: Tribunais de Contas;
I – na esfera federal: c)  do Distrito Federal, a Câmara Legislativa
a)  2,5% (dois inteiros e cinco décimos por e o Tribunal de Contas do Distrito Federal;
cento) para o Legislativo, incluído o Tribunal d)  Municipal, a Câmara de Vereadores e
de Contas da União; o Tribunal de Contas do Município, quando
b)  6% (seis por cento) para o Judiciário; houver;
c)  40,9% (quarenta inteiros e nove décimos III – no Poder Judiciário:
por cento) para o Executivo, destacando-se 3% a)  Federal, os tribunais referidos no art. 92
(três por cento) para as despesas com pessoal da Constituição;
decorrentes do que dispõem os incisos XIII e b)  Estadual, o Tribunal de Justiça e outros,
XIV do art. 21 da Constituição e o art. 31 da quando houver.
Emenda Constitucional no 19, repartidos de for- § 3o  Os limites para as despesas com pessoal
ma proporcional à média das despesas relativas do Poder Judiciário, a cargo da União por força
a cada um destes dispositivos, em percentual do inciso XIII do art. 21 da Constituição, serão
da receita corrente líquida, verificadas nos três estabelecidos mediante aplicação da regra do
exercícios financeiros imediatamente anteriores § 1o.
ao da publicação desta Lei Complementar; § 4o  Nos Estados em que houver Tribunal de
d)  0,6% (seis décimos por cento) para o Mi- Contas dos Municípios, os percentuais definidos
nistério Público da União; nas alíneas “a” e “c” do inciso II do caput serão,
II – na esfera estadual: respectivamente, acrescidos e reduzidos em
a)  3% (três por cento) para o Legislativo, 0,4% (quatro décimos por cento).
incluído o Tribunal de Contas do Estado;3 § 5o  Para os fins previstos no art. 168 da
b)  6% (seis por cento) para o Judiciário; Constituição, a entrega dos recursos financeiros
c)  49% (quarenta e nove por cento) para o correspondentes à despesa total com pessoal por
Executivo; Poder e órgão será a resultante da aplicação dos
d)  2% (dois por cento) para o Ministério percentuais definidos neste artigo, ou aqueles
Lei de Responsabilidade Fiscal

Público dos Estados; fixados na lei de diretrizes orçamentárias.


III – na esfera municipal: § 6o (Vetado)
a)  6% (seis por cento) para o Legislativo, § 7o  Os Poderes e órgãos referidos neste ar-
incluído o Tribunal de Contas do Município, tigo deverão apurar, de forma segregada para
quando houver; aplicação dos limites de que trata este artigo,
b)  54% (cinquenta e quatro por cento) para a integralidade das despesas com pessoal dos
o Executivo. respectivos servidores inativos e pensionistas,

3
  NE: ver ADI no 6.533. 4
  NE: ver ADI no 6.533. 29
mesmo que o custeio dessas despesas esteja a II – aplicam-se somente aos titulares ocu-
cargo de outro Poder ou órgão. pantes de cargo eletivo dos Poderes referidos
no art. 20.
§ 2o  Para fins do disposto neste artigo, serão
SUBSEÇÃO II – Do Controle da Despesa considerados atos de nomeação ou de provi-
Total com Pessoal mento de cargo público aqueles referidos no § 1o
do art. 169 da Constituição Federal ou aqueles
Art. 21.  É nulo de pleno direito: que, de qualquer modo, acarretem a criação ou
I – o ato que provoque aumento da despesa o aumento de despesa obrigatória.
com pessoal e não atenda:
a)  às exigências dos arts. 16 e 17 desta Lei Art. 22.  A verificação do cumprimento dos
Complementar e o disposto no inciso XIII do limites estabelecidos nos arts. 19 e 20 será rea-
caput do art. 37 e no § 1o do art. 169 da Cons- lizada ao final de cada quadrimestre.
tituição Federal; e Parágrafo único.  Se a despesa total com pes-
b)  ao limite legal de comprometimento apli- soal exceder a 95% (noventa e cinco por cento)
cado às despesas com pessoal inativo; do limite, são vedados ao Poder ou órgão referi-
II – o ato de que resulte aumento da despesa do no art. 20 que houver incorrido no excesso:
com pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias ante- I – concessão de vantagem, aumento, rea-
riores ao final do mandato do titular de Poder juste ou adequação de remuneração a qualquer
ou órgão referido no art. 20; título, salvo os derivados de sentença judicial
III – o ato de que resulte aumento da despesa ou de determinação legal ou contratual, ressal-
com pessoal que preveja parcelas a serem imple- vada a revisão prevista no inciso X do art. 37
mentadas em períodos posteriores ao final do da Constituição;
mandato do titular de Poder ou órgão referido II – criação de cargo, emprego ou função;
no art. 20; III – alteração de estrutura de carreira que
IV – a aprovação, a edição ou a sanção, por implique aumento de despesa;
Chefe do Poder Executivo, por Presidente e IV – provimento de cargo público, admissão
demais membros da Mesa ou órgão decisório ou contratação de pessoal a qualquer título,
equivalente do Poder Legislativo, por Presidente ressalvada a reposição decorrente de aposen-
de Tribunal do Poder Judiciário e pelo Chefe tadoria ou falecimento de servidores das áreas
do Ministério Público, da União e dos Estados, de educação, saúde e segurança;
de norma legal contendo plano de alteração, V – contratação de hora extra, salvo no caso
reajuste e reestruturação de carreiras do setor do disposto no inciso II do § 6o do art. 57 da
público, ou a edição de ato, por esses agentes, Constituição e as situações previstas na lei de
para nomeação de aprovados em concurso pú- diretrizes orçamentárias.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

blico, quando:
a)  resultar em aumento da despesa com Art. 23.  Se a despesa total com pessoal, do
pessoal nos 180 (cento e oitenta) dias anterio- Poder ou órgão referido no art. 20, ultrapassar os
res ao final do mandato do titular do Poder limites definidos no mesmo artigo, sem prejuízo
Executivo; ou das medidas previstas no art. 22, o percentual
b)  resultar em aumento da despesa com pes- excedente terá de ser eliminado nos dois qua-
soal que preveja parcelas a serem implementadas drimestres seguintes, sendo pelo menos um
em períodos posteriores ao final do mandato terço no primeiro, adotando-se, entre outras, as
do titular do Poder Executivo. providências previstas nos §§ 3o e 4o do art. 169
§ 1o  As restrições de que tratam os incisos da Constituição.
II, III e IV: § 1o  No caso do inciso I do § 3o do art. 169
I – devem ser aplicadas inclusive durante da Constituição, o objetivo poderá ser alcançado
o período de recondução ou reeleição para o
cargo de titular do Poder ou órgão autônomo; e
30
tanto pela extinção de cargos e funções quanto ou estendido sem a indicação da fonte de custeio
pela redução dos valores a eles atribuídos.5 total, nos termos do § 5o do art. 195 da Consti-
§ 2o  É facultada a redução temporária da tuição, atendidas ainda as exigências do art. 17.
jornada de trabalho com adequação dos ven- § 1o  É dispensada da compensação referida
cimentos à nova carga horária.6 no art. 17 o aumento de despesa decorrente de:
§ 3o  Não alcançada a redução no prazo es- I – concessão de benefício a quem satisfaça as
tabelecido e enquanto perdurar o excesso, o condições de habilitação prevista na legislação
Poder ou órgão referido no art. 20 não poderá: pertinente;
I – receber transferências voluntárias; II – expansão quantitativa do atendimento
II – obter garantia, direta ou indireta, de e dos serviços prestados;
outro ente; III – reajustamento de valor do benefício
III – contratar operações de crédito, ressal- ou serviço, a fim de preservar o seu valor real.
vadas as destinadas ao pagamento da dívida § 2o  O disposto neste artigo aplica-se a
mobiliária e as que visem à redução das despesas benefício ou serviço de saúde, previdência e
com pessoal. assistência social, inclusive os destinados aos
§ 4o  As restrições do § 3o aplicam-se imedia- servidores públicos e militares, ativos e inativos,
tamente se a despesa total com pessoal exceder e aos pensionistas.
o limite no primeiro quadrimestre do último
ano do mandato dos titulares de Poder ou órgão
referidos no art. 20. CAPÍTULO V – Das Transferências
§ 5o  As restrições previstas no § 3o deste Voluntárias
artigo não se aplicam ao Município em caso
de queda de receita real superior a 10% (dez Art. 25.  Para efeito desta Lei Complemen-
por cento), em comparação ao correspondente tar, entende-se por transferência voluntária a
quadrimestre do exercício financeiro anterior, entrega de recursos correntes ou de capital a
devido a: outro ente da Federação, a título de coopera-
I – diminuição das transferências recebidas ção, auxílio ou assistência financeira, que não
do Fundo de Participação dos Municípios de- decorra de determinação constitucional, legal
corrente de concessão de isenções tributárias ou os destinados ao Sistema Único de Saúde.
pela União; e § 1o  São exigências para a realização de
II – diminuição das receitas recebidas de transferência voluntária, além das estabelecidas
royalties e participações especiais. na lei de diretrizes orçamentárias:
§ 6o  O disposto no § 5o deste artigo só se I – existência de dotação específica;
aplica caso a despesa total com pessoal do qua- II – (Vetado);
drimestre vigente não ultrapasse o limite percen- III – observância do disposto no inciso X do
tual previsto no art. 19 desta Lei Complementar, art. 167 da Constituição;
considerada, para este cálculo, a receita corrente IV – comprovação, por parte do beneficiá-
líquida do quadrimestre correspondente do ano rio, de:
anterior atualizada monetariamente. a)  que se acha em dia quanto ao pagamento
de tributos, empréstimos e financiamentos de-
Lei de Responsabilidade Fiscal

vidos ao ente transferidor, bem como quanto à


SEÇÃO III – Das Despesas com a prestação de contas de recursos anteriormente
Seguridade Social dele recebidos;
b)  cumprimento dos limites constitucionais
Art. 24.  Nenhum benefício ou serviço relativo relativos à educação e à saúde;
à seguridade social poderá ser criado, majorado c)  observância dos limites das dívidas con-
solidada e mobiliária, de operações de crédito,
inclusive por antecipação de receita, de inscri-
5
  NE: ver ADI no 2.238. ção em Restos a Pagar e de despesa total com
6
  NE: ver ADI no 2.238. pessoal; 31
d)  previsão orçamentária de contrapartida. que mediante a concessão de empréstimos de
§ 2o  É vedada a utilização de recursos trans- recuperação ou financiamentos para mudança
feridos em finalidade diversa da pactuada. de controle acionário.
§ 3o  Para fins da aplicação das sanções de § 1o  A prevenção de insolvência e outros
suspensão de transferências voluntárias cons- riscos ficará a cargo de fundos, e outros me-
tantes desta Lei Complementar, excetuam-se canismos, constituídos pelas instituições do
aquelas relativas a ações de educação, saúde e Sistema Financeiro Nacional, na forma da lei.
assistência social. § 2o  O disposto no caput não proíbe o Ban-
co Central do Brasil de conceder às institui-
ções financeiras operações de redesconto e de
CAPÍTULO VI – Da Destinação de Recursos empréstimos de prazo inferior a trezentos e
Públicos para o Setor Privado sessenta dias.

Art. 26.  A destinação de recursos para, di-


reta ou indiretamente, cobrir necessidades de CAPÍTULO VII – Da Dívida e do
pessoas físicas ou déficits de pessoas jurídicas Endividamento
deverá ser autorizada por lei específica, atender SEÇÃO I – Definições Básicas
às condições estabelecidas na lei de diretrizes
orçamentárias e estar prevista no orçamento ou Art. 29.  Para os efeitos desta Lei Complemen-
em seus créditos adicionais. tar, são adotadas as seguintes definições:
§ 1o  O disposto no caput aplica-se a toda I – dívida pública consolidada ou fundada:
a administração indireta, inclusive fundações montante total, apurado sem duplicidade, das
públicas e empresas estatais, exceto, no exercício obrigações financeiras do ente da Federação,
de suas atribuições precípuas, as instituições assumidas em virtude de leis, contratos, con-
financeiras e o Banco Central do Brasil. vênios ou tratados e da realização de operações
§ 2o  Compreende-se incluída a concessão de crédito, para amortização em prazo superior
de empréstimos, financiamentos e refinancia- a doze meses;
mentos, inclusive as respectivas prorrogações II – dívida pública mobiliária: dívida pública
e a composição de dívidas, a concessão de sub- representada por títulos emitidos pela União,
venções e a participação em constituição ou inclusive os do Banco Central do Brasil, Estados
aumento de capital. e Municípios;
III – operação de crédito: compromisso fi-
Art. 27.  Na concessão de crédito por ente da nanceiro assumido em razão de mútuo, abertura
Federação a pessoa física, ou jurídica que não de crédito, emissão e aceite de título, aquisição
esteja sob seu controle direto ou indireto, os financiada de bens, recebimento antecipado de
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

encargos financeiros, comissões e despesas con- valores provenientes da venda a termo de bens
gêneres não serão inferiores aos definidos em e serviços, arrendamento mercantil e outras
lei ou ao custo de captação. operações assemelhadas, inclusive com o uso
Parágrafo único.  Dependem de autorização de derivativos financeiros;
em lei específica as prorrogações e composições IV – concessão de garantia: compromisso de
de dívidas decorrentes de operações de crédi- adimplência de obrigação financeira ou contra-
to, bem como a concessão de empréstimos ou tual assumida por ente da Federação ou entidade
financiamentos em desacordo com o caput, a ele vinculada;
sendo o subsídio correspondente consignado V – refinanciamento da dívida mobiliária:
na lei orçamentária. emissão de títulos para pagamento do principal
acrescido da atualização monetária.
Art. 28.  Salvo mediante lei específica, não po- § 1o  Equipara-se a operação de crédito a
derão ser utilizados recursos públicos, inclusive assunção, o reconhecimento ou a confissão de
de operações de crédito, para socorrer insti- dívidas pelo ente da Federação, sem prejuízo do
32 tuições do Sistema Financeiro Nacional, ainda cumprimento das exigências dos arts. 15 e 16.
§ 2o  Será incluída na dívida pública conso- em termos de dívida líquida, evidenciando a
lidada da União a relativa à emissão de títulos forma e a metodologia de sua apuração.
de responsabilidade do Banco Central do Brasil. § 3o  Os limites de que tratam os incisos I e II
§ 3o  Também integram a dívida pública do caput serão fixados em percentual da receita
consolidada as operações de crédito de prazo corrente líquida para cada esfera de governo e
inferior a doze meses cujas receitas tenham aplicados igualmente a todos os entes da Fede-
constado do orçamento. ração que a integrem, constituindo, para cada
§ 4o  O refinanciamento do principal da dí- um deles, limites máximos.
vida mobiliária não excederá, ao término de § 4o  Para fins de verificação do atendimento
cada exercício financeiro, o montante do final do limite, a apuração do montante da dívida
do exercício anterior, somado ao das operações consolidada será efetuada ao final de cada qua-
de crédito autorizadas no orçamento para este drimestre.
efeito e efetivamente realizadas, acrescido de § 5o  No prazo previsto no art. 5o, o Presidente
atualização monetária. da República enviará ao Senado Federal ou ao
Congresso Nacional, conforme o caso, propos-
ta de manutenção ou alteração dos limites e
SEÇÃO II – Dos Limites da Dívida Pública e condições previstos nos incisos I e II do caput.
das Operações de Crédito § 6o  Sempre que alterados os fundamentos
das propostas de que trata este artigo, em razão
Art. 30.  No prazo de noventa dias após a pu- de instabilidade econômica ou alterações nas
blicação desta Lei Complementar, o Presidente políticas monetária ou cambial, o Presidente
da República submeterá ao: da República poderá encaminhar ao Senado
I – Senado Federal: proposta de limites glo- Federal ou ao Congresso Nacional solicitação
bais para o montante da dívida consolidada da de revisão dos limites.
União, Estados e Municípios, cumprindo o que § 7o  Os precatórios judiciais não pagos du-
estabelece o inciso VI do art. 52 da Constituição, rante a execução do orçamento em que houve-
bem como de limites e condições relativos aos rem sido incluídos integram a dívida consolida-
incisos VII, VIII e IX do mesmo artigo; da, para fins de aplicação dos limites.
II – Congresso Nacional: projeto de lei que
estabeleça limites para o montante da dívida
mobiliária federal a que se refere o inciso XIV SEÇÃO III – Da Recondução da Dívida aos
do art. 48 da Constituição, acompanhado da de- Limites
monstração de sua adequação aos limites fixados
para a dívida consolidada da União, atendido o Art. 31.  Se a dívida consolidada de um ente
disposto no inciso I do § 1o deste artigo. da Federação ultrapassar o respectivo limite
§ 1o  As propostas referidas nos incisos I e II ao final de um quadrimestre, deverá ser a ele
do caput e suas alterações conterão: reconduzida até o término dos três subsequen-
I – demonstração de que os limites e con- tes, reduzindo o excedente em pelo menos 25%
dições guardam coerência com as normas es- (vinte e cinco por cento) no primeiro.
tabelecidas nesta Lei Complementar e com os § 1o  Enquanto perdurar o excesso, o ente
Lei de Responsabilidade Fiscal

objetivos da política fiscal; que nele houver incorrido:


II – estimativas do impacto da aplicação dos I – estará proibido de realizar operação de
limites a cada uma das três esferas de governo; crédito interna ou externa, inclusive por anteci-
III – razões de eventual proposição de limites pação de receita, ressalvadas as para pagamento
diferenciados por esfera de governo; de dívidas mobiliárias;
IV – metodologia de apuração dos resultados II – obterá resultado primário necessário à
primário e nominal. recondução da dívida ao limite, promovendo,
§ 2o  As propostas mencionadas nos incisos I entre outras medidas, limitação de empenho,
e II do caput também poderão ser apresentadas na forma do art. 9o.
33
§ 2o  Vencido o prazo para retorno da dívida mentária ou de créditos adicionais, serão objeto
ao limite, e enquanto perdurar o excesso, o ente de processo simplificado que atenda às suas
ficará também impedido de receber transferên- especificidades.
cias voluntárias da União ou do Estado. § 3o  Para fins do disposto no inciso V do § 1o,
§ 3o  As restrições do § 1o aplicam-se ime- considerar-se-á, em cada exercício financeiro,
diatamente se o montante da dívida exceder o total dos recursos de operações de crédito
o limite no primeiro quadrimestre do último nele ingressados e o das despesas de capital
ano do mandato do Chefe do Poder Executivo. executadas, observado o seguinte:
§ 4o  O Ministério da Fazenda divulgará, I – não serão computadas nas despesas de
mensalmente, a relação dos entes que tenham capital as realizadas sob a forma de empréstimo
ultrapassado os limites das dívidas consolidada ou financiamento a contribuinte, com o intuito
e mobiliária. de promover incentivo fiscal, tendo por base
§ 5o  As normas deste artigo serão observadas tributo de competência do ente da Federação,
nos casos de descumprimento dos limites da se resultar a diminuição, direta ou indireta, do
dívida mobiliária e das operações de crédito ônus deste;
internas e externas. II – se o empréstimo ou financiamento a que
se refere o inciso I for concedido por instituição
financeira controlada pelo ente da Federação, o
SEÇÃO IV – Das Operações de Crédito valor da operação será deduzido das despesas
SUBSEÇÃO I – Da Contratação de capital;
III – (Vetado).
Art. 32.  O Ministério da Fazenda verificará o § 4o  Sem prejuízo das atribuições próprias
cumprimento dos limites e condições relativos à do Senado Federal e do Banco Central do Bra-
realização de operações de crédito de cada ente sil, o Ministério da Fazenda efetuará o registro
da Federação, inclusive das empresas por eles eletrônico centralizado e atualizado das dívidas
controladas, direta ou indiretamente. públicas interna e externa, garantido o acesso
§ 1o  O ente interessado formalizará seu pleito público às informações, que incluirão:
fundamentando-o em parecer de seus órgãos I – encargos e condições de contratação;
técnicos e jurídicos, demonstrando a relação II – saldos atualizados e limites relativos às
custo-benefício, o interesse econômico e so- dívidas consolidada e mobiliária, operações de
cial da operação e o atendimento das seguintes crédito e concessão de garantias.
condições: § 5o  Os contratos de operação de crédito
I – existência de prévia e expressa autorização externo não conterão cláusula que importe na
para a contratação, no texto da lei orçamentária, compensação automática de débitos e créditos.
em créditos adicionais ou lei específica; § 6o  O prazo de validade da verificação dos
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

II – inclusão no orçamento ou em créditos limites e das condições de que trata este artigo e
adicionais dos recursos provenientes da opera- da análise realizada para a concessão de garantia
ção, exceto no caso de operações por antecipação pela União será de, no mínimo, 90 (noventa)
de receita; dias e, no máximo, 270 (duzentos e setenta) dias,
III – observância dos limites e condições a critério do Ministério da Fazenda.
fixados pelo Senado Federal; § 7o  Poderá haver alteração da finalidade
IV – autorização específica do Senado Fe- de operação de crédito de Estados, do Distrito
deral, quando se tratar de operação de crédito Federal e de Municípios sem a necessidade de
externo; nova verificação pelo Ministério da Economia,
V – atendimento do disposto no inciso III desde que haja prévia e expressa autorização
do art. 167 da Constituição; para tanto, no texto da lei orçamentária, em
VI – observância das demais restrições esta- créditos adicionais ou em lei específica, que
belecidas nesta Lei Complementar. se demonstre a relação custo-benefício e o in-
§ 2o  As operações relativas à dívida mobi- teresse econômico e social da operação e que
34 liária federal autorizadas, no texto da lei orça-
não configure infração a dispositivo desta Lei I – financiar, direta ou indiretamente, des-
Complementar. pesas correntes;
II – refinanciar dívidas não contraídas junto
Art. 33.  A instituição financeira que contratar à própria instituição concedente.
operação de crédito com ente da Federação, § 2o  O disposto no caput não impede Estados
exceto quando relativa à dívida mobiliária ou e Municípios de comprar títulos da dívida da
à externa, deverá exigir comprovação de que União como aplicação de suas disponibilidades.
a operação atende às condições e limites es-
tabelecidos. Art. 36.  É proibida a operação de crédito en-
§ 1o  A operação realizada com infração do tre uma instituição financeira estatal e o ente
disposto nesta Lei Complementar será conside- da Federação que a controle, na qualidade de
rada nula, procedendo-se ao seu cancelamento, beneficiário do empréstimo.
mediante a devolução do principal, vedados o Parágrafo único.  O disposto no caput não
pagamento de juros e demais encargos finan- proíbe instituição financeira controlada de ad-
ceiros. quirir, no mercado, títulos da dívida pública para
§ 2o  Se a devolução não for efetuada no exer- atender investimento de seus clientes, ou títulos
cício de ingresso dos recursos, será consignada da dívida de emissão da União para aplicação
reserva específica na lei orçamentária para o de recursos próprios.
exercício seguinte.
§ 3o  Enquanto não for efetuado o cancela- Art. 37.  Equiparam-se a operações de crédito
mento ou a amortização ou constituída a re- e estão vedados:
serva de que trata o § 2o, aplicam-se ao ente as I – captação de recursos a título de ante-
restrições previstas no § 3o do art. 23. cipação de receita de tributo ou contribuição
§ 4o  Também se constituirá reserva, no mon- cujo fato gerador ainda não tenha ocorrido,
tante equivalente ao excesso, se não atendido sem prejuízo do disposto no § 7o do art. 150
o disposto no inciso III do art. 167 da Cons- da Constituição;
tituição, consideradas as disposições do § 3o II – recebimento antecipado de valores de
do art. 32. empresa em que o Poder Público detenha, direta
ou indiretamente, a maioria do capital social
com direito a voto, salvo lucros e dividendos,
SUBSEÇÃO II – Das Vedações na forma da legislação;
III – assunção direta de compromisso, con-
Art. 34.  O Banco Central do Brasil não emitirá fissão de dívida ou operação assemelhada, com
títulos da dívida pública a partir de dois anos fornecedor de bens, mercadorias ou serviços,
após a publicação desta Lei Complementar. mediante emissão, aceite ou aval de título de
crédito, não se aplicando esta vedação a em-
Art. 35.  É vedada a realização de operação presas estatais dependentes;
de crédito entre um ente da Federação, direta- IV – assunção de obrigação, sem autorização
mente ou por intermédio de fundo, autarquia, orçamentária, com fornecedores para pagamen-
fundação ou empresa estatal dependente, e ou- to a posteriori de bens e serviços.
Lei de Responsabilidade Fiscal

tro, inclusive suas entidades da administração


indireta, ainda que sob a forma de novação,
refinanciamento ou postergação de dívida con- SUBSEÇÃO III – Das Operações de Crédito
traída anteriormente. por Antecipação de Receita Orçamentária
§ 1o  Excetuam-se da vedação a que se refere
o caput as operações entre instituição financeira Art. 38.  A operação de crédito por antecipação
estatal e outro ente da Federação, inclusive suas de receita destina-se a atender insuficiência de
entidades da administração indireta, que não caixa durante o exercício financeiro e cumprirá
se destinem a: as exigências mencionadas no art. 32 e mais as
seguintes: 35
I – realizar-se-á somente a partir do décimo § 1o  O disposto no inciso II, in fine, não se
dia do início do exercício; aplica ao estoque de Letras do Banco Central
II – deverá ser liquidada, com juros e outros do Brasil, Série Especial, existente na carteira
encargos incidentes, até o dia dez de dezembro das instituições financeiras, que pode ser refi-
de cada ano; nanciado mediante novas operações de venda
III – não será autorizada se forem cobra- a termo.
dos outros encargos que não a taxa de juros § 2o  O Banco Central do Brasil só poderá
da operação, obrigatoriamente prefixada ou comprar diretamente títulos emitidos pela União
indexada à taxa básica financeira, ou à que vier para refinanciar a dívida mobiliária federal que
a esta substituir; estiver vencendo na sua carteira.
IV – estará proibida: § 3o  A operação mencionada no § 2o deverá
a)  enquanto existir operação anterior da ser realizada à taxa média e condições alcança-
mesma natureza não integralmente resgatada; das no dia, em leilão público.
b)  no último ano de mandato do Presidente, § 4o  É vedado ao Tesouro Nacional adquirir
Governador ou Prefeito Municipal. títulos da dívida pública federal existentes na
§ 1o  As operações de que trata este artigo carteira do Banco Central do Brasil, ainda que
não serão computadas para efeito do que dispõe com cláusula de reversão, salvo para reduzir a
o inciso III do art. 167 da Constituição, desde dívida mobiliária.
que liquidadas no prazo definido no inciso II
do caput.
§ 2o  As operações de crédito por antecipação SEÇÃO V – Da Garantia e da Contragarantia
de receita realizadas por Estados ou Municípios
serão efetuadas mediante abertura de crédito Art. 40.  Os entes poderão conceder garantia
junto à instituição financeira vencedora em em operações de crédito internas ou externas,
processo competitivo eletrônico promovido observados o disposto neste artigo, as normas
pelo Banco Central do Brasil. do art. 32 e, no caso da União, também os li-
§ 3o  O Banco Central do Brasil manterá sis- mites e as condições estabelecidos pelo Senado
tema de acompanhamento e controle do saldo Federal e as normas emitidas pelo Ministério da
do crédito aberto e, no caso de inobservância Economia acerca da classificação de capacidade
dos limites, aplicará as sanções cabíveis à ins- de pagamento dos mutuários.
tituição credora. § 1o  A garantia estará condicionada ao ofe-
recimento de contragarantia, em valor igual
ou superior ao da garantia a ser concedida, e à
SUBSEÇÃO IV – Das Operações com o adimplência da entidade que a pleitear relati-
Banco Central do Brasil vamente a suas obrigações junto ao garantidor
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

e às entidades por este controladas, observado


Art. 39.  Nas suas relações com ente da Federa- o seguinte:
ção, o Banco Central do Brasil está sujeito às ve- I – não será exigida contragarantia de órgãos
dações constantes do art. 35 e mais às seguintes: e entidades do próprio ente;
I – compra de título da dívida, na data de sua II – a contragarantia exigida pela União a
colocação no mercado, ressalvado o disposto Estado ou Município, ou pelos Estados aos
no § 2o deste artigo; Municípios, poderá consistir na vinculação de
II – permuta, ainda que temporária, por in- receitas tributárias diretamente arrecadadas e
termédio de instituição financeira ou não, de provenientes de transferências constitucionais,
título da dívida de ente da Federação por título com outorga de poderes ao garantidor para retê-
da dívida pública federal, bem como a operação -las e empregar o respectivo valor na liquidação
de compra e venda, a termo, daquele título, cujo da dívida vencida.
efeito final seja semelhante à permuta; § 2o  No caso de operação de crédito jun-
III – concessão de garantia. to a organismo financeiro internacional, ou a
36 instituição federal de crédito e fomento para o
repasse de recursos externos, a União só prestará Art. 42.  É vedado ao titular de Poder ou órgão
garantia a ente que atenda, além do disposto no referido no art. 20, nos últimos dois quadrimes-
§ 1o, as exigências legais para o recebimento de tres do seu mandato, contrair obrigação de des-
transferências voluntárias. pesa que não possa ser cumprida integralmente
§ 3o (Vetado) dentro dele, ou que tenha parcelas a serem pagas
§ 4o (Vetado) no exercício seguinte sem que haja suficiente
§ 5o  É nula a garantia concedida acima dos disponibilidade de caixa para este efeito.
limites fixados pelo Senado Federal. Parágrafo único.  Na determinação da dis-
§ 6o  É vedado às entidades da administração ponibilidade de caixa serão considerados os
indireta, inclusive suas empresas controladas e encargos e despesas compromissadas a pagar
subsidiárias, conceder garantia, ainda que com até o final do exercício.
recursos de fundos.
§ 7o  O disposto no § 6o não se aplica à con-
cessão de garantia por: CAPÍTULO VIII – Da Gestão Patrimonial
I – empresa controlada a subsidiária ou con- SEÇÃO I – Das Disponibilidades de Caixa
trolada sua, nem à prestação de contragarantia
nas mesmas condições; Art. 43.  As disponibilidades de caixa dos en-
II – instituição financeira a empresa nacional, tes da Federação serão depositadas conforme
nos termos da lei. estabelece o § 3o do art. 164 da Constituição.
§ 8o  Excetua-se do disposto neste artigo a § 1o  As disponibilidades de caixa dos regi-
garantia prestada: mes de previdência social, geral e próprio dos
I – por instituições financeiras estatais, que se servidores públicos, ainda que vinculadas a
submeterão às normas aplicáveis às instituições fundos específicos a que se referem os arts. 249
financeiras privadas, de acordo com a legislação e 250 da Constituição, ficarão depositadas em
pertinente; conta separada das demais disponibilidades de
II – pela União, na forma de lei federal, a em- cada ente e aplicadas nas condições de mercado,
presas de natureza financeira por ela controla- com observância dos limites e condições de
das, direta e indiretamente, quanto às operações proteção e prudência financeira.
de seguro de crédito à exportação. § 2o  É vedada a aplicação das disponibilida-
§ 9o  Quando honrarem dívida de outro ente, des de que trata o § 1o em:
em razão de garantia prestada, a União e os I – títulos da dívida pública estadual e mu-
Estados poderão condicionar as transferên- nicipal, bem como em ações e outros papéis
cias constitucionais ao ressarcimento daquele relativos às empresas controladas pelo respectivo
pagamento. ente da Federação;
§ 10.  O ente da Federação cuja dívida tiver II – empréstimos, de qualquer natureza, aos
sido honrada pela União ou por Estado, em segurados e ao Poder Público, inclusive a suas
decorrência de garantia prestada em operação empresas controladas.
de crédito, terá suspenso o acesso a novos cré-
ditos ou financiamentos até a total liquidação
da mencionada dívida. SEÇÃO II – Da Preservação do Patrimônio
Lei de Responsabilidade Fiscal

§ 11.  A alteração da metodologia utilizada Público


para fins de classificação da capacidade de pa-
gamento de Estados e Municípios deverá ser Art. 44.  É vedada a aplicação da receita de
precedida de consulta pública, assegurada a capital derivada da alienação de bens e direi-
manifestação dos entes. tos que integram o patrimônio público para o
financiamento de despesa corrente, salvo se
destinada por lei aos regimes de previdência
SEÇÃO VI – Dos Restos a Pagar social, geral e próprio dos servidores públicos.

Art. 41. (Vetado) 37
Art. 45.  Observado o disposto no § 5o do art. 5o, CAPÍTULO IX – Da Transparência,
a lei orçamentária e as de créditos adicionais só Controle e Fiscalização
incluirão novos projetos após adequadamente SEÇÃO I – Da Transparência da Gestão
atendidos os em andamento e contempladas as Fiscal
despesas de conservação do patrimônio público,
nos termos em que dispuser a lei de diretrizes Art. 48.  São instrumentos de transparência
orçamentárias. da gestão fiscal, aos quais será dada ampla di-
Parágrafo único.  O Poder Executivo de cada vulgação, inclusive em meios eletrônicos de
ente encaminhará ao Legislativo, até a data do acesso público: os planos, orçamentos e leis
envio do projeto de lei de diretrizes orçamen- de diretrizes orçamentárias; as prestações de
tárias, relatório com as informações necessárias contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório
ao cumprimento do disposto neste artigo, ao Resumido da Execução Orçamentária e o Rela-
qual será dada ampla divulgação. tório de Gestão Fiscal; e as versões simplificadas
desses documentos.
Art. 46.  É nulo de pleno direito ato de desa- § 1o  A transparência será assegurada tam-
propriação de imóvel urbano expedido sem o bém mediante:
atendimento do disposto no § 3o do art. 182 da I – incentivo à participação popular e realiza-
Constituição, ou prévio depósito judicial do ção de audiências públicas, durante os processos
valor da indenização. de elaboração e discussão dos planos, lei de
diretrizes orçamentárias e orçamentos;
II – liberação ao pleno conhecimento e acom-
SEÇÃO III – Das Empresas Controladas pelo panhamento da sociedade, em tempo real, de
Setor Público informações pormenorizadas sobre a execução
orçamentária e financeira, em meios eletrônicos
Art. 47.  A empresa controlada que firmar con- de acesso público; e
trato de gestão em que se estabeleçam objetivos III – adoção de sistema integrado de adminis-
e metas de desempenho, na forma da lei, disporá tração financeira e controle, que atenda a padrão
de autonomia gerencial, orçamentária e finan- mínimo de qualidade estabelecido pelo Poder
ceira, sem prejuízo do disposto no inciso II do Executivo da União e ao disposto no art. 48-A.
§ 5o do art. 165 da Constituição. § 2o  A União, os Estados, o Distrito Federal
Parágrafo único.  A empresa controlada in- e os Municípios disponibilizarão suas informa-
cluirá em seus balanços trimestrais nota expli- ções e dados contábeis, orçamentários e fiscais
cativa em que informará: conforme periodicidade, formato e sistema es-
I – fornecimento de bens e serviços ao con- tabelecidos pelo órgão central de contabilidade
trolador, com respectivos preços e condições, da União, os quais deverão ser divulgados em
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

comparando-os com os praticados no mercado; meio eletrônico de amplo acesso público.


II – recursos recebidos do controlador, a § 3o  Os Estados, o Distrito Federal e os
qualquer título, especificando valor, fonte e Municípios encaminharão ao Ministério da
destinação; Fazenda, nos termos e na periodicidade a serem
III – venda de bens, prestação de serviços definidos em instrução específica deste órgão,
ou concessão de empréstimos e financiamentos as informações necessárias para a constituição
com preços, taxas, prazos ou condições diferen- do registro eletrônico centralizado e atualizado
tes dos vigentes no mercado. das dívidas públicas interna e externa, de que
trata o § 4o do art. 32.
§ 4o  A inobservância do disposto nos §§ 2o
e 3o ensejará as penalidades previstas no § 2o
do art. 51.
§ 5o  Nos casos de envio conforme dispos-
to no § 2o, para todos os efeitos, a União, os
38 Estados, o Distrito Federal e os Municípios
cumprem o dever de ampla divulgação a que I – a disponibilidade de caixa constará de
se refere o caput. registro próprio, de modo que os recursos vin-
§ 6o  Todos os Poderes e órgãos referidos no culados a órgão, fundo ou despesa obrigatória
art. 20, incluídos autarquias, fundações públicas, fiquem identificados e escriturados de forma
empresas estatais dependentes e fundos, do ente individualizada;
da Federação devem utilizar sistemas únicos de II – a despesa e a assunção de compromisso
execução orçamentária e financeira, mantidos e serão registradas segundo o regime de compe-
gerenciados pelo Poder Executivo, resguardada tência, apurando-se, em caráter complementar,
a autonomia. o resultado dos fluxos financeiros pelo regime
de caixa;
Art. 48-A.  Para os fins a que se refere o inciso III – as demonstrações contábeis compreen-
II do parágrafo único do art. 48, os entes da Fe- derão, isolada e conjuntamente, as transações e
deração disponibilizarão a qualquer pessoa física operações de cada órgão, fundo ou entidade da
ou jurídica o acesso a informações referentes a: administração direta, autárquica e fundacional,
I – quanto à despesa: todos os atos praticados inclusive empresa estatal dependente;
pelas unidades gestoras no decorrer da execução IV – as receitas e despesas previdenciárias
da despesa, no momento de sua realização, com serão apresentadas em demonstrativos finan-
a disponibilização mínima dos dados referentes ceiros e orçamentários específicos;
ao número do correspondente processo, ao bem V – as operações de crédito, as inscrições em
fornecido ou ao serviço prestado, à pessoa física Restos a Pagar e as demais formas de financia-
ou jurídica beneficiária do pagamento e, quando mento ou assunção de compromissos junto a
for o caso, ao procedimento licitatório realizado; terceiros, deverão ser escrituradas de modo a
II – quanto à receita: o lançamento e o rece- evidenciar o montante e a variação da dívida
bimento de toda a receita das unidades gestoras, pública no período, detalhando, pelo menos, a
inclusive referente a recursos extraordinários. natureza e o tipo de credor;
VI – a demonstração das variações patrimo-
Art. 49.  As contas apresentadas pelo Chefe do niais dará destaque à origem e ao destino dos
Poder Executivo ficarão disponíveis, durante recursos provenientes da alienação de ativos.
todo o exercício, no respectivo Poder Legis- § 1o  No caso das demonstrações conjuntas,
lativo e no órgão técnico responsável pela sua excluir-se-ão as operações intragovernamentais.
elaboração, para consulta e apreciação pelos § 2o  A edição de normas gerais para con-
cidadãos e instituições da sociedade. solidação das contas públicas caberá ao órgão
Parágrafo único.  A prestação de contas da central de contabilidade da União, enquanto não
União conterá demonstrativos do Tesouro implantado o conselho de que trata o art. 67.
Nacional e das agências financeiras oficiais de § 3o  A Administração Pública manterá
fomento, incluído o Banco Nacional de Desen- sistema de custos que permita a avaliação e
volvimento Econômico e Social, especificando o acompanhamento da gestão orçamentária,
os empréstimos e financiamentos concedidos financeira e patrimonial.
com recursos oriundos dos orçamentos fiscal e
da seguridade social e, no caso das agências fi- Art. 51.  O Poder Executivo da União promo-
Lei de Responsabilidade Fiscal

nanceiras, avaliação circunstanciada do impacto verá, até o dia trinta de junho, a consolidação,
fiscal de suas atividades no exercício. nacional e por esfera de governo, das contas
dos entes da Federação relativas ao exercício
anterior, e a sua divulgação, inclusive por meio
SEÇÃO II – Da Escrituração e Consolidação eletrônico de acesso público.
das Contas § 1o  Os Estados e os Municípios encaminha-
rão suas contas ao Poder Executivo da União
Art. 50.  Além de obedecer às demais normas nos seguintes prazos:
de contabilidade pública, a escrituração das I – Municípios, com cópia para o Poder Exe-
contas públicas observará as seguintes: cutivo do respectivo Estado, até trinta de abril; 39
II – Estados, até trinta e um de maio. ção, assim como a previsão de seu desempenho
§ 2o  O descumprimento dos prazos previstos até o final do exercício;
neste artigo impedirá, até que a situação seja II – receitas e despesas previdenciárias a que
regularizada, que o ente da Federação receba se refere o inciso IV do art. 50;
transferências voluntárias e contrate operações III – resultados nominal e primário;
de crédito, exceto as destinadas ao refinancia- IV – despesas com juros, na forma do inciso
mento do principal atualizado da dívida mo- II do art. 4o;
biliária. V – Restos a Pagar, detalhando, por Poder e
órgão referido no art. 20, os valores inscritos,
os pagamentos realizados e o montante a pagar.
SEÇÃO III – Do Relatório Resumido da § 1o  O relatório referente ao último bimestre
Execução Orçamentária do exercício será acompanhado também de
demonstrativos:
Art. 52.  O relatório a que se refere o § 3o do I – do atendimento do disposto no inciso III
art. 165 da Constituição abrangerá todos os do art. 167 da Constituição, conforme o § 3o
Poderes e o Ministério Público, será publicado do art. 32;
até trinta dias após o encerramento de cada II – das projeções atuariais dos regimes de
bimestre e composto de: previdência social, geral e próprio dos servi-
I – balanço orçamentário, que especificará, dores públicos;
por categoria econômica, as: III – da variação patrimonial, evidenciando
a)  receitas por fonte, informando as realiza- a alienação de ativos e a aplicação dos recursos
das e a realizar, bem como a previsão atualizada; dela decorrentes.
b)  despesas por grupo de natureza, discri- § 2o  Quando for o caso, serão apresentadas
minando a dotação para o exercício, a despesa justificativas:
liquidada e o saldo; I – da limitação de empenho;
II – demonstrativos da execução das: II – da frustração de receitas, especificando
a)  receitas, por categoria econômica e fon- as medidas de combate à sonegação e à evasão
te, especificando a previsão inicial, a previsão fiscal, adotadas e a adotar, e as ações de fisca-
atualizada para o exercício, a receita realizada lização e cobrança.
no bimestre, a realizada no exercício e a pre-
visão a realizar;
b)  despesas, por categoria econômica e SEÇÃO IV – Do Relatório de Gestão Fiscal
grupo de natureza da despesa, discriminando
dotação inicial, dotação para o exercício, des- Art. 54.  Ao final de cada quadrimestre será
pesas empenhada e liquidada, no bimestre e emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

no exercício; referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal,


c)  despesas, por função e subfunção. assinado pelo:
§ 1o  Os valores referentes ao refinanciamen- I – Chefe do Poder Executivo;
to da dívida mobiliária constarão destacada- II – Presidente e demais membros da Mesa
mente nas receitas de operações de crédito e nas Diretora ou órgão decisório equivalente, con-
despesas com amortização da dívida. forme regimentos internos dos órgãos do Poder
§ 2o  O descumprimento do prazo previsto Legislativo;
neste artigo sujeita o ente às sanções previstas III – Presidente de Tribunal e demais mem-
no § 2o do art. 51. bros de Conselho de Administração ou órgão
decisório equivalente, conforme regimentos
Art. 53.  Acompanharão o Relatório Resumido internos dos órgãos do Poder Judiciário;
demonstrativos relativos a: IV – Chefe do Ministério Público, da União
I – apuração da receita corrente líquida, na e dos Estados.
forma definida no inciso IV do art. 2o, sua evolu- Parágrafo único.  O relatório também será
40 assinado pelas autoridades responsáveis pela
administração financeira e pelo controle interno, SEÇÃO V – Das Prestações de Contas
bem como por outras definidas por ato próprio
de cada Poder ou órgão referido no art. 20. Art. 56.  As contas prestadas pelos Chefes do
Poder Executivo incluirão, além das suas pró-
Art. 55.  O relatório conterá: prias, as dos Presidentes dos órgãos dos Poderes
I – comparativo com os limites de que trata Legislativo e Judiciário e do Chefe do Ministério
esta Lei Complementar, dos seguintes mon- Público, referidos no art. 20, as quais receberão
tantes: parecer prévio, separadamente, do respectivo
a)  despesa total com pessoal, distinguindo Tribunal de Contas.7
a com inativos e pensionistas; § 1o  As contas do Poder Judiciário serão
b)  dívidas consolidada e mobiliária; apresentadas no âmbito:
c)  concessão de garantias; I – da União, pelos Presidentes do Supremo
d)  operações de crédito, inclusive por ante- Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores,
cipação de receita; consolidando as dos respectivos tribunais;
e)  despesas de que trata o inciso II do art. 4o; II – dos Estados, pelos Presidentes dos Tri-
II – indicação das medidas corretivas ado- bunais de Justiça, consolidando as dos demais
tadas ou a adotar, se ultrapassado qualquer dos tribunais.
limites; § 2o  O parecer sobre as contas dos Tribunais
III – demonstrativos, no último quadrimes- de Contas será proferido no prazo previsto no
tre: art. 57 pela comissão mista permanente referida
a)  do montante das disponibilidades de caixa no § 1o do art. 166 da Constituição ou equivalen-
em trinta e um de dezembro; te das Casas Legislativas estaduais e municipais.
b)  da inscrição em Restos a Pagar, das des- § 3o  Será dada ampla divulgação dos re-
pesas: sultados da apreciação das contas, julgadas ou
1) liquidadas; tomadas.
2)  empenhadas e não liquidadas, inscritas
por atenderem a uma das condições do inciso Art. 57.  Os Tribunais de Contas emitirão pare-
II do art. 41; cer prévio conclusivo sobre as contas no prazo
3)  empenhadas e não liquidadas, inscritas de sessenta dias do recebimento, se outro não
até o limite do saldo da disponibilidade de caixa; estiver estabelecido nas constituições estaduais
4)  não inscritas por falta de disponibilidade ou nas leis orgânicas municipais.8
de caixa e cujos empenhos foram cancelados; § 1o  No caso de Municípios que não sejam
c)  do cumprimento do disposto no inciso II capitais e que tenham menos de duzentos mil
e na alínea “b” do inciso IV do art. 38. habitantes o prazo será de cento e oitenta dias.
§ 1o  O relatório dos titulares dos órgãos § 2o  Os Tribunais de Contas não entrarão
mencionados nos incisos II, III e IV do art. 54 em recesso enquanto existirem contas de Po-
conterá apenas as informações relativas à alínea der, ou órgão referido no art. 20, pendentes de
“a” do inciso I, e os documentos referidos nos parecer prévio.
incisos II e III.
§ 2o  O relatório será publicado até trinta Art. 58.  A prestação de contas evidenciará o
Lei de Responsabilidade Fiscal

dias após o encerramento do período a que desempenho da arrecadação em relação à pre-


corresponder, com amplo acesso ao público, visão, destacando as providências adotadas no
inclusive por meio eletrônico. âmbito da fiscalização das receitas e combate à
§ 3o  O descumprimento do prazo a que se sonegação, as ações de recuperação de créditos
refere o § 2o sujeita o ente à sanção prevista no nas instâncias administrativa e judicial, bem
§ 2o do art. 51.
§ 4o  Os relatórios referidos nos arts. 52 e 54
deverão ser elaborados de forma padronizada,
segundo modelos que poderão ser atualizados
7
  NE: ver ADIs nos 2.324 e 2.238.
pelo conselho de que trata o art. 67. 8
  NE: ver ADI no 2.238. 41
como as demais medidas para incremento das § 2o  Compete ainda aos Tribunais de Contas
receitas tributárias e de contribuições. verificar os cálculos dos limites da despesa total
com pessoal de cada Poder e órgão referido
no art. 20.
SEÇÃO VI – Da Fiscalização da Gestão § 3o  O Tribunal de Contas da União acom-
Fiscal panhará o cumprimento do disposto nos §§ 2o,
3o e 4o do art. 39.
Art. 59.  O Poder Legislativo, diretamente ou
com o auxílio dos Tribunais de Contas, e o sis-
tema de controle interno de cada Poder e do CAPÍTULO X – Disposições Finais e
Ministério Público fiscalizarão o cumprimento Transitórias
desta Lei Complementar, consideradas as nor-
mas de padronização metodológica editadas Art. 60.  Lei estadual ou municipal poderá fixar
pelo conselho de que trata o art. 67, com ênfase limites inferiores àqueles previstos nesta Lei
no que se refere a: Complementar para as dívidas consolidada e
I – atingimento das metas estabelecidas na mobiliária, operações de crédito e concessão
lei de diretrizes orçamentárias; de garantias.
II – limites e condições para realização de
operações de crédito e inscrição em Restos a Art. 61.  Os títulos da dívida pública, desde
Pagar; que devidamente escriturados em sistema cen-
III – medidas adotadas para o retorno da tralizado de liquidação e custódia, poderão ser
despesa total com pessoal ao respectivo limite, oferecidos em caução para garantia de emprés-
nos termos dos arts. 22 e 23; timos, ou em outras transações previstas em lei,
IV – providências tomadas, conforme o dis- pelo seu valor econômico, conforme definido
posto no art. 31, para recondução dos montan- pelo Ministério da Fazenda.
tes das dívidas consolidada e mobiliária aos
respectivos limites; Art. 62.  Os Municípios só contribuirão para o
V – destinação de recursos obtidos com a custeio de despesas de competência de outros
alienação de ativos, tendo em vista as restrições entes da Federação se houver:
constitucionais e as desta Lei Complementar; I – autorização na lei de diretrizes orçamen-
VI – cumprimento do limite de gastos totais tárias e na lei orçamentária anual;
dos legislativos municipais, quando houver. II – convênio, acordo, ajuste ou congênere,
§ 1o  Os Tribunais de Contas alertarão os conforme sua legislação.
Poderes ou órgãos referidos no art. 20 quando
constatarem: Art. 63.  É facultado aos Municípios com po-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

I – a possibilidade de ocorrência das situações pulação inferior a cinquenta mil habitantes


previstas no inciso II do art. 4o e no art. 9o; optar por:
II – que o montante da despesa total com I – aplicar o disposto no art. 22 e no § 4o do
pessoal ultrapassou 90% (noventa por cento) art. 30 ao final do semestre;
do limite; II – divulgar semestralmente:
III – que os montantes das dívidas consoli- a) (Vetada);
dada e mobiliária, das operações de crédito e da b)  o Relatório de Gestão Fiscal;
concessão de garantia se encontram acima de c)  os demonstrativos de que trata o art. 53;
90% (noventa por cento) dos respectivos limites; III – elaborar o Anexo de Política Fiscal do
IV – que os gastos com inativos e pensionistas plano plurianual, o Anexo de Metas Fiscais e
se encontram acima do limite definido em lei; o Anexo de Riscos Fiscais da lei de diretrizes
V – fatos que comprometam os custos ou os orçamentárias e o anexo de que trata o inciso I
resultados dos programas ou indícios de irre- do art. 5o a partir do quinto exercício seguinte
gularidades na gestão orçamentária. ao da publicação desta Lei Complementar.
42
§ 1o  A divulgação dos relatórios e demons- b)  concessão de garantias;
trativos deverá ser realizada em até trinta dias c)  contratação entre entes da Federação; e
após o encerramento do semestre. d)  recebimento de transferências voluntárias;
§ 2o  Se ultrapassados os limites relativos II – serão dispensados os limites e afastadas
à despesa total com pessoal ou à dívida con- as vedações e sanções previstas e decorrentes
solidada, enquanto perdurar esta situação, o dos arts. 35, 37 e 42, bem como será dispensado
Município ficará sujeito aos mesmos prazos o cumprimento do disposto no parágrafo único
de verificação e de retorno ao limite definidos do art. 8o desta Lei Complementar, desde que
para os demais entes. os recursos arrecadados sejam destinados ao
combate à calamidade pública;
Art. 64.  A União prestará assistência técnica III – serão afastadas as condições e as ve-
e cooperação financeira aos Municípios para a dações previstas nos arts. 14, 16 e 17 desta Lei
modernização das respectivas administrações Complementar, desde que o incentivo ou bene-
tributária, financeira, patrimonial e previden- fício e a criação ou o aumento da despesa sejam
ciária, com vistas ao cumprimento das normas destinados ao combate à calamidade pública.
desta Lei Complementar. § 2o  O disposto no § 1o deste artigo, obser-
§ 1o  A assistência técnica consistirá no vados os termos estabelecidos no decreto legis-
treinamento e desenvolvimento de recursos lativo que reconhecer o estado de calamidade
humanos e na transferência de tecnologia, bem pública:
como no apoio à divulgação dos instrumentos I – aplicar-se-á exclusivamente:
de que trata o art. 48 em meio eletrônico de a)  às unidades da Federação atingidas e lo-
amplo acesso público. calizadas no território em que for reconhecido
§ 2o  A cooperação financeira compreenderá o estado de calamidade pública pelo Congresso
a doação de bens e valores, o financiamento por Nacional e enquanto perdurar o referido estado
intermédio das instituições financeiras federais de calamidade;
e o repasse de recursos oriundos de operações b)  aos atos de gestão orçamentária e finan-
externas. ceira necessários ao atendimento de despesas
relacionadas ao cumprimento do decreto le-
Art. 65.  Na ocorrência de calamidade pública gislativo;
reconhecida pelo Congresso Nacional, no caso II – não afasta as disposições relativas a trans-
da União, ou pelas Assembleias Legislativas, na parência, controle e fiscalização.
hipótese dos Estados e Municípios, enquanto § 3o  No caso de aditamento de operações
perdurar a situação: de crédito garantidas pela União com ampa-
I – serão suspensas a contagem dos prazos e ro no disposto no § 1o deste artigo, a garantia
as disposições estabelecidas nos arts. 23, 31 e 70; será mantida, não sendo necessária a alteração
II – serão dispensados o atingimento dos dos contratos de garantia e de contragarantia
resultados fiscais e a limitação de empenho vigentes.
prevista no art. 9o.
§ 1o  Na ocorrência de calamidade públi- Art. 66.  Os prazos estabelecidos nos arts. 23,
ca reconhecida pelo Congresso Nacional, nos 31 e 70 serão duplicados no caso de crescimento
Lei de Responsabilidade Fiscal

termos de decreto legislativo, em parte ou na real baixo ou negativo do Produto Interno Bruto
integralidade do território nacional e enquanto (PIB) nacional, regional ou estadual por período
perdurar a situação, além do previsto nos incisos igual ou superior a quatro trimestres.
I e II do caput: § 1o  Entende-se por baixo crescimento a taxa
I – serão dispensados os limites, condições e de variação real acumulada do Produto Interno
demais restrições aplicáveis à União, aos Esta- Bruto inferior a 1% (um por cento), no período
dos, ao Distrito Federal e aos Municípios, bem correspondente aos quatro últimos trimestres.
como sua verificação, para: § 2o  A taxa de variação será aquela apurada
a)  contratação e aditamento de operações pela Fundação Instituto Brasileiro de Geografia
de crédito; e Estatística ou outro órgão que vier a subs- 43
tituí-la, adotada a mesma metodologia para I – bens móveis e imóveis, valores e rendas
apuração dos PIB nacional, estadual e regional. do Instituto Nacional do Seguro Social não uti-
§ 3o  Na hipótese do caput, continuarão a lizados na operacionalização deste;
ser adotadas as medidas previstas no art. 22. II – bens e direitos que, a qualquer título,
§ 4o  Na hipótese de se verificarem mudanças lhe sejam adjudicados ou que lhe vierem a ser
drásticas na condução das políticas monetária vinculados por força de lei;
e cambial, reconhecidas pelo Senado Federal, III – receita das contribuições sociais para
o prazo referido no caput do art. 31 poderá ser a seguridade social, previstas na alínea “a” do
ampliado em até quatro quadrimestres. inciso I e no inciso II do art. 195 da Constituição;
IV – produto da liquidação de bens e ativos
Art. 67.  O acompanhamento e a avaliação, de pessoa física ou jurídica em débito com a
de forma permanente, da política e da opera- Previdência Social;
cionalidade da gestão fiscal serão realizados V – resultado da aplicação financeira de seus
por conselho de gestão fiscal, constituído por ativos;
representantes de todos os Poderes e esferas de VI – recursos provenientes do orçamento
Governo, do Ministério Público e de entidades da União.
técnicas representativas da sociedade, visando a: § 2o  O Fundo será gerido pelo Instituto Na-
I – harmonização e coordenação entre os cional do Seguro Social, na forma da lei.
entes da Federação;
II – disseminação de práticas que resultem Art. 69.  O ente da Federação que mantiver ou
em maior eficiência na alocação e execução do vier a instituir regime próprio de previdência
gasto público, na arrecadação de receitas, no social para seus servidores conferir-lhe-á caráter
controle do endividamento e na transparência contributivo e o organizará com base em normas
da gestão fiscal; de contabilidade e atuária que preservem seu
III – adoção de normas de consolidação das equilíbrio financeiro e atuarial.
contas públicas, padronização das prestações
de contas e dos relatórios e demonstrativos de Art. 70.  O Poder ou órgão referido no art. 20
gestão fiscal de que trata esta Lei Complementar, cuja despesa total com pessoal no exercício
normas e padrões mais simples para os peque- anterior ao da publicação desta Lei Comple-
nos Municípios, bem como outros, necessários mentar estiver acima dos limites estabelecidos
ao controle social; nos arts. 19 e 20 deverá enquadrar-se no respec-
IV – divulgação de análises, estudos e diag- tivo limite em até dois exercícios, eliminando o
nósticos. excesso, gradualmente, à razão de, pelo menos,
§ 1o  O conselho a que se refere o caput ins- 50% a.a. (cinquenta por cento ao ano), mediante
tituirá formas de premiação e reconhecimento a adoção, entre outras, das medidas previstas
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

público aos titulares de Poder que alcançarem nos arts. 22 e 23.


resultados meritórios em suas políticas de de- Parágrafo único.  A inobservância do dispos-
senvolvimento social, conjugados com a prática to no caput, no prazo fixado, sujeita o ente às
de uma gestão fiscal pautada pelas normas desta sanções previstas no § 3o do art. 23.
Lei Complementar.
§ 2o  Lei disporá sobre a composição e a for- Art. 71.  Ressalvada a hipótese do inciso X do
ma de funcionamento do conselho. art. 37 da Constituição, até o término do tercei-
ro exercício financeiro seguinte à entrada em
Art. 68.  Na forma do art. 250 da Constituição, é vigor desta Lei Complementar, a despesa total
criado o Fundo do Regime Geral de Previdência com pessoal dos Poderes e órgãos referidos
Social, vinculado ao Ministério da Previdência no art. 20 não ultrapassará, em percentual da
e Assistência Social, com a finalidade de prover receita corrente líquida, a despesa verificada no
recursos para o pagamento dos benefícios do exercício imediatamente anterior, acrescida de
regime geral da previdência social. até 10% (dez por cento), se esta for inferior ao
44 § 1o  O Fundo será constituído de: limite definido na forma do art. 20.
Art. 72.  A despesa com serviços de terceiros II – 2 (dois) anos para os Municípios que
dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 não tenham entre 50.000 (cinquenta mil) e 100.000
poderá exceder, em percentual da receita cor- (cem mil) habitantes;
rente líquida, a do exercício anterior à entrada III – 4 (quatro) anos para os Municípios que
em vigor desta Lei Complementar, até o término tenham até 50.000 (cinquenta mil) habitantes.
do terceiro exercício seguinte. Parágrafo único.  Os prazos estabelecidos
neste artigo serão contados a partir da data de
Art. 73.  As infrações dos dispositivos desta publicação da lei complementar que introduziu
Lei Complementar serão punidas segundo o os dispositivos referidos no caput deste artigo.
Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940
(Código Penal); a Lei no 1.079, de 10 de abril de Art. 73-C.  O não atendimento, até o encer-
1950; o Decreto-lei no 201, de 27 de fevereiro ramento dos prazos previstos no art. 73-B, das
de 1967; a Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992; determinações contidas nos incisos II e III do
e demais normas da legislação pertinente. parágrafo único do art. 48 e no art. 48-A sujeita
o ente à sanção prevista no inciso I do § 3o do
Art. 73-A.  Qualquer cidadão, partido político, art. 23.
associação ou sindicato é parte legítima para
denunciar ao respectivo Tribunal de Contas e Art. 74.  Esta Lei Complementar entra em vigor
ao órgão competente do Ministério Público o na data da sua publicação.
descumprimento das prescrições estabelecidas
nesta Lei Complementar. Art. 75.  Revoga-se a Lei Complementar no 96,
de 31 de maio de 1999.
Art. 73-B.  Ficam estabelecidos os seguintes
prazos para o cumprimento das determinações Brasília, 4 de maio de 2000; 179o da Indepen-
dispostas nos incisos II e III do parágrafo único dência e 112o da República.
do art. 48 e do art. 48-A:
I – 1 (um) ano para a União, os Estados, o FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
Distrito Federal e os Municípios com mais de
100.000 (cem mil) habitantes; Promulgada em 4/5/2000 e publicada no DOU de
5/5/2000.

Lei de Responsabilidade Fiscal

45
Normas correlatas
Lei no 12.846/2013
Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de pessoas jurídicas pela prática de atos contra
a administração pública, nacional ou estrangeira, e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Art. 4o  Subsiste a responsabilidade da pessoa


jurídica na hipótese de alteração contratual,
Faço saber que o Congresso Nacional decreta transformação, incorporação, fusão ou cisão
e eu sanciono a seguinte Lei: societária.
§ 1o  Nas hipóteses de fusão e incorporação,
a responsabilidade da sucessora será restrita à
CAPÍTULO I – Disposições Gerais obrigação de pagamento de multa e reparação
integral do dano causado, até o limite do patri-
Art. 1o  Esta Lei dispõe sobre a responsabili- mônio transferido, não lhe sendo aplicáveis as
zação objetiva administrativa e civil de pessoas demais sanções previstas nesta Lei decorrentes
jurídicas pela prática de atos contra a adminis- de atos e fatos ocorridos antes da data da fusão
tração pública, nacional ou estrangeira. ou incorporação, exceto no caso de simulação
Parágrafo único.  Aplica-se o disposto nesta ou evidente intuito de fraude, devidamente
Lei às sociedades empresárias e às sociedades comprovados.
simples, personificadas ou não, independen- § 2o  As sociedades controladoras, contro-
temente da forma de organização ou modelo ladas, coligadas ou, no âmbito do respectivo
societário adotado, bem como a quaisquer fun- contrato, as consorciadas serão solidariamen-
dações, associações de entidades ou pessoas, te responsáveis pela prática dos atos previstos
ou sociedades estrangeiras, que tenham sede, nesta Lei, restringindo-se tal responsabilidade
filial ou representação no território brasileiro, à obrigação de pagamento de multa e reparação
constituídas de fato ou de direito, ainda que integral do dano causado.
temporariamente.

Art. 2o  As pessoas jurídicas serão responsa- CAPÍTULO II – Dos Atos Lesivos à


bilizadas objetivamente, nos âmbitos adminis- Administração Pública Nacional ou
trativo e civil, pelos atos lesivos previstos nesta Estrangeira
Lei praticados em seu interesse ou benefício,
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

exclusivo ou não. Art. 5o  Constituem atos lesivos à administra-


ção pública, nacional ou estrangeira, para os
Art. 3o  A responsabilização da pessoa jurídica fins desta Lei, todos aqueles praticados pelas
não exclui a responsabilidade individual de seus pessoas jurídicas mencionadas no parágrafo
dirigentes ou administradores ou de qualquer único do art. 1o, que atentem contra o patri-
pessoa natural, autora, coautora ou partícipe mônio público nacional ou estrangeiro, contra
do ato ilícito. princípios da administração pública ou contra
§ 1o  A pessoa jurídica será responsabilizada os compromissos internacionais assumidos pelo
independentemente da responsabilização indi- Brasil, assim definidos:
vidual das pessoas naturais referidas no caput. I – prometer, oferecer ou dar, direta ou indi-
§ 2o  Os dirigentes ou administradores so- retamente, vantagem indevida a agente público,
mente serão responsabilizados por atos ilícitos ou a terceira pessoa a ele relacionada;
na medida da sua culpabilidade. II – comprovadamente, financiar, custear,
patrocinar ou de qualquer modo subvencionar
48 a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei;
III – comprovadamente, utilizar-se de inter- pelo poder público de país estrangeiro ou em
posta pessoa física ou jurídica para ocultar ou organizações públicas internacionais.
dissimular seus reais interesses ou a identidade
dos beneficiários dos atos praticados;
IV – no tocante a licitações e contratos: CAPÍTULO III – Da Responsabilização
a)  frustrar ou fraudar, mediante ajuste, com- Administrativa
binação ou qualquer outro expediente, o caráter
competitivo de procedimento licitatório público; Art. 6o  Na esfera administrativa, serão aplica-
b)  impedir, perturbar ou fraudar a realização das às pessoas jurídicas consideradas respon-
de qualquer ato de procedimento licitatório sáveis pelos atos lesivos previstos nesta Lei as
público; seguintes sanções:
c)  afastar ou procurar afastar licitante, por I – multa, no valor de 0,1% (um décimo por
meio de fraude ou oferecimento de vantagem cento) a 20% (vinte por cento) do faturamento
de qualquer tipo; bruto do último exercício anterior ao da instau-
d)  fraudar licitação pública ou contrato dela ração do processo administrativo, excluídos os
decorrente; tributos, a qual nunca será inferior à vantagem
e)  criar, de modo fraudulento ou irregular, auferida, quando for possível sua estimação; e
pessoa jurídica para participar de licitação pú- II – publicação extraordinária da decisão
blica ou celebrar contrato administrativo; condenatória.
f)  obter vantagem ou benefício indevido, § 1o  As sanções serão aplicadas fundamen-
de modo fraudulento, de modificações ou tadamente, isolada ou cumulativamente, de
prorrogações de contratos celebrados com a acordo com as peculiaridades do caso concreto
administração pública, sem autorização em e com a gravidade e natureza das infrações.
lei, no ato convocatório da licitação pública ou § 2o  A aplicação das sanções previstas neste
nos respectivos instrumentos contratuais; ou artigo será precedida da manifestação jurídica
g)  manipular ou fraudar o equilíbrio econô- elaborada pela Advocacia Pública ou pelo ór-
mico-financeiro dos contratos celebrados com gão de assistência jurídica, ou equivalente, do
a administração pública; ente público.
V – dificultar atividade de investigação ou § 3o  A aplicação das sanções previstas neste
fiscalização de órgãos, entidades ou agentes artigo não exclui, em qualquer hipótese, a obri-
públicos, ou intervir em sua atuação, inclusive gação da reparação integral do dano causado.
no âmbito das agências reguladoras e dos órgãos § 4o  Na hipótese do inciso I do caput, caso
de fiscalização do sistema financeiro nacional. não seja possível utilizar o critério do valor do fa-
§ 1o  Considera-se administração pública turamento bruto da pessoa jurídica, a multa será
estrangeira os órgãos e entidades estatais ou de R$ 6.000,00 (seis mil reais) a R$ 60.000.000,00
representações diplomáticas de país estrangeiro, (sessenta milhões de reais).
de qualquer nível ou esfera de governo, bem § 5o  A publicação extraordinária da decisão
como as pessoas jurídicas controladas, direta condenatória ocorrerá na forma de extrato de
ou indiretamente, pelo poder público de país sentença, a expensas da pessoa jurídica, em
estrangeiro. meios de comunicação de grande circulação
§ 2o  Para os efeitos desta Lei, equiparam-se na área da prática da infração e de atuação da
à administração pública estrangeira as organi- pessoa jurídica ou, na sua falta, em publicação
zações públicas internacionais. de circulação nacional, bem como por meio
§ 3o  Considera-se agente público estrangeiro, de afixação de edital, pelo prazo mínimo de 30
Normas correlatas

para os fins desta Lei, quem, ainda que transi- (trinta) dias, no próprio estabelecimento ou no
toriamente ou sem remuneração, exerça cargo, local de exercício da atividade, de modo visível
emprego ou função pública em órgãos, entidades ao público, e no sítio eletrônico na rede mundial
estatais ou em representações diplomáticas de de computadores.
país estrangeiro, assim como em pessoas ju- § 6o (Vetado)
rídicas controladas, direta ou indiretamente, 49
Art. 7o  Serão levados em consideração na apli- Art. 9o  Competem à Controladoria-Geral da
cação das sanções: União – CGU a apuração, o processo e o jul-
I – a gravidade da infração; gamento dos atos ilícitos previstos nesta Lei,
II – a vantagem auferida ou pretendida pelo praticados contra a administração pública es-
infrator; trangeira, observado o disposto no Artigo 4 da
III – a consumação ou não da infração; Convenção sobre o Combate da Corrupção de
IV – o grau de lesão ou perigo de lesão; Funcionários Públicos Estrangeiros em Tran-
V – o efeito negativo produzido pela infração; sações Comerciais Internacionais, promulgada
VI – a situação econômica do infrator; pelo Decreto no 3.678, de 30 de novembro de
VII – a cooperação da pessoa jurídica para 2000.
a apuração das infrações;
VIII – a existência de mecanismos e pro- Art. 10.  O processo administrativo para apu-
cedimentos internos de integridade, auditoria ração da responsabilidade de pessoa jurídica
e incentivo à denúncia de irregularidades e a será conduzido por comissão designada pela
aplicação efetiva de códigos de ética e de conduta autoridade instauradora e composta por 2 (dois)
no âmbito da pessoa jurídica; ou mais servidores estáveis.
IX – o valor dos contratos mantidos pela § 1o  O ente público, por meio do seu órgão
pessoa jurídica com o órgão ou entidade pú- de representação judicial, ou equivalente, a pe-
blica lesados; e dido da comissão a que se refere o caput, poderá
X – (Vetado). requerer as medidas judiciais necessárias para a
Parágrafo único.  Os parâmetros de avaliação investigação e o processamento das infrações,
de mecanismos e procedimentos previstos no inclusive de busca e apreensão.
inciso VIII do caput serão estabelecidos em § 2o  A comissão poderá, cautelarmente, pro-
regulamento do Poder Executivo federal. por à autoridade instauradora que suspenda os
efeitos do ato ou processo objeto da investigação.
§ 3o  A comissão deverá concluir o processo
CAPÍTULO IV – Do Processo no prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados
Administrativo de Responsabilização da data da publicação do ato que a instituir e,
ao final, apresentar relatórios sobre os fatos
Art. 8o  A instauração e o julgamento de pro- apurados e eventual responsabilidade da pes-
cesso administrativo para apuração da responsa- soa jurídica, sugerindo de forma motivada as
bilidade de pessoa jurídica cabem à autoridade sanções a serem aplicadas.
máxima de cada órgão ou entidade dos Poderes § 4o  O prazo previsto no § 3o poderá ser
Executivo, Legislativo e Judiciário, que agirá de prorrogado, mediante ato fundamentado da
ofício ou mediante provocação, observados o autoridade instauradora.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

contraditório e a ampla defesa.


§ 1o  A competência para a instauração e Art. 11.  No processo administrativo para apu-
o julgamento do processo administrativo de ração de responsabilidade, será concedido à
apuração de responsabilidade da pessoa jurídica pessoa jurídica prazo de 30 (trinta) dias para
poderá ser delegada, vedada a subdelegação. defesa, contados a partir da intimação.
§ 2o  No âmbito do Poder Executivo federal,
a Controladoria-Geral da União – CGU terá Art. 12.  O processo administrativo, com o
competência concorrente para instaurar pro- relatório da comissão, será remetido à autori-
cessos administrativos de responsabilização de dade instauradora, na forma do art. 10, para
pessoas jurídicas ou para avocar os processos julgamento.
instaurados com fundamento nesta Lei, para
exame de sua regularidade ou para corrigir-lhes Art. 13.  A instauração de processo adminis-
o andamento. trativo específico de reparação integral do dano
não prejudica a aplicação imediata das sanções
50 estabelecidas nesta Lei.
Parágrafo único.  Concluído o processo e que solicitada, a todos os atos processuais, até
não havendo pagamento, o crédito apurado seu encerramento.
será inscrito em dívida ativa da fazenda pública. § 2o  A celebração do acordo de leniência
isentará a pessoa jurídica das sanções previstas
Art. 14.  A personalidade jurídica poderá ser no inciso II do art. 6o e no inciso IV do art. 19
desconsiderada sempre que utilizada com abuso e reduzirá em até 2/3 (dois terços) o valor da
do direito para facilitar, encobrir ou dissimular multa aplicável.
a prática dos atos ilícitos previstos nesta Lei ou § 3o  O acordo de leniência não exime a pes-
para provocar confusão patrimonial, sendo es- soa jurídica da obrigação de reparar integral-
tendidos todos os efeitos das sanções aplicadas à mente o dano causado.
pessoa jurídica aos seus administradores e sócios § 4o  O acordo de leniência estipulará as con-
com poderes de administração, observados o dições necessárias para assegurar a efetividade
contraditório e a ampla defesa. da colaboração e o resultado útil do processo.
§ 5o  Os efeitos do acordo de leniência serão
Art. 15.  A comissão designada para apuração estendidos às pessoas jurídicas que integram o
da responsabilidade de pessoa jurídica, após a mesmo grupo econômico, de fato e de direito,
conclusão do procedimento administrativo, desde que firmem o acordo em conjunto, res-
dará conhecimento ao Ministério Público de sua peitadas as condições nele estabelecidas.
existência, para apuração de eventuais delitos. § 6o  A proposta de acordo de leniência so-
mente se tornará pública após a efetivação do
respectivo acordo, salvo no interesse das inves-
CAPÍTULO V – Do Acordo de Leniência tigações e do processo administrativo.
§ 7o  Não importará em reconhecimento da
Art. 16.  A autoridade máxima de cada órgão prática do ato ilícito investigado a proposta de
ou entidade pública poderá celebrar acordo de acordo de leniência rejeitada.
leniência com as pessoas jurídicas responsáveis § 8o  Em caso de descumprimento do acordo
pela prática dos atos previstos nesta Lei que de leniência, a pessoa jurídica ficará impedida de
colaborem efetivamente com as investigações celebrar novo acordo pelo prazo de 3 (três) anos
e o processo administrativo, sendo que dessa contados do conhecimento pela administração
colaboração resulte: pública do referido descumprimento.
I – a identificação dos demais envolvidos na § 9o  A celebração do acordo de leniência
infração, quando couber; e interrompe o prazo prescricional dos atos ilícitos
II – a obtenção célere de informações e docu- previstos nesta Lei.
mentos que comprovem o ilícito sob apuração. § 10.  A Controladoria-Geral da União –
§ 1o  O acordo de que trata o caput somente CGU é o órgão competente para celebrar os
poderá ser celebrado se preenchidos, cumula- acordos de leniência no âmbito do Poder Exe-
tivamente, os seguintes requisitos: cutivo federal, bem como no caso de atos lesi-
I – a pessoa jurídica seja a primeira a se ma- vos praticados contra a administração pública
nifestar sobre seu interesse em cooperar para a estrangeira.
apuração do ato ilícito;
II – a pessoa jurídica cesse completamente Art. 17.  A administração pública poderá tam-
seu envolvimento na infração investigada a par- bém celebrar acordo de leniência com a pes-
tir da data de propositura do acordo; soa jurídica responsável pela prática de ilícitos
III – a pessoa jurídica admita sua participação previstos na Lei no 8.666, de 21 de junho de
Normas correlatas

no ilícito e coopere plena e permanentemente 1993, com vistas à isenção ou atenuação das
com as investigações e o processo administra- sanções administrativas estabelecidas em seus
tivo, comparecendo, sob suas expensas, sempre arts. 86 a 88.

51
CAPÍTULO VI – Da Responsabilização Art. 20.  Nas ações ajuizadas pelo Ministério
Judicial Público, poderão ser aplicadas as sanções pre-
vistas no art. 6o, sem prejuízo daquelas previstas
Art. 18.  Na esfera administrativa, a responsabi- neste Capítulo, desde que constatada a omissão
lidade da pessoa jurídica não afasta a possibili- das autoridades competentes para promover a
dade de sua responsabilização na esfera judicial. responsabilização administrativa.

Art. 19.  Em razão da prática de atos previs- Art. 21.  Nas ações de responsabilização judi-
tos no art. 5o desta Lei, a União, os Estados, cial, será adotado o rito previsto na Lei no 7.347,
o Distrito Federal e os Municípios, por meio de 24 de julho de 1985.
das respectivas Advocacias Públicas ou órgãos Parágrafo único.  A condenação torna certa
de representação judicial, ou equivalentes, e o a obrigação de reparar, integralmente, o dano
Ministério Público, poderão ajuizar ação com causado pelo ilícito, cujo valor será apurado em
vistas à aplicação das seguintes sanções às pes- posterior liquidação, se não constar expressa-
soas jurídicas infratoras: mente da sentença.
I – perdimento dos bens, direitos ou valores
que representem vantagem ou proveito direta ou
indiretamente obtidos da infração, ressalvado CAPÍTULO VII – Disposições Finais
o direito do lesado ou de terceiro de boa-fé;
II – suspensão ou interdição parcial de suas Art. 22.  Fica criado no âmbito do Poder Exe-
atividades; cutivo federal o Cadastro Nacional de Empresas
III – dissolução compulsória da pessoa ju- Punidas – CNEP, que reunirá e dará publicidade
rídica; às sanções aplicadas pelos órgãos ou entidades
IV – proibição de receber incentivos, subsí- dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário
dios, subvenções, doações ou empréstimos de de todas as esferas de governo com base nesta
órgãos ou entidades públicas e de instituições Lei.
financeiras públicas ou controladas pelo poder § 1o  Os órgãos e entidades referidos no
público, pelo prazo mínimo de 1 (um) e máximo caput deverão informar e manter atualizados,
de 5 (cinco) anos. no Cnep, os dados relativos às sanções por eles
§ 1o  A dissolução compulsória da pessoa aplicadas.
jurídica será determinada quando comprovado: § 2o  O Cnep conterá, entre outras, as seguin-
I – ter sido a personalidade jurídica utilizada tes informações acerca das sanções aplicadas:
de forma habitual para facilitar ou promover a I – razão social e número de inscrição da
prática de atos ilícitos; ou pessoa jurídica ou entidade no Cadastro Na-
II – ter sido constituída para ocultar ou dis- cional da Pessoa Jurídica – CNPJ;
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

simular interesses ilícitos ou a identidade dos II – tipo de sanção; e


beneficiários dos atos praticados. III – data de aplicação e data final da vigência
§ 2o (Vetado) do efeito limitador ou impeditivo da sanção,
§ 3o  As sanções poderão ser aplicadas de quando for o caso.
forma isolada ou cumulativa. § 3o  As autoridades competentes, para cele-
§ 4o  O Ministério Público ou a Advocacia brarem acordos de leniência previstos nesta Lei,
Pública ou órgão de representação judicial, ou também deverão prestar e manter atualizadas no
equivalente, do ente público poderá requerer a Cnep, após a efetivação do respectivo acordo,
indisponibilidade de bens, direitos ou valores as informações acerca do acordo de leniência
necessários à garantia do pagamento da multa celebrado, salvo se esse procedimento vier a
ou da reparação integral do dano causado, con- causar prejuízo às investigações e ao processo
forme previsto no art. 7o, ressalvado o direito administrativo.
do terceiro de boa-fé. § 4o  Caso a pessoa jurídica não cumpra os
termos do acordo de leniência, além das infor-
52
mações previstas no § 3o, deverá ser incluída no ministrador de sua filial, agência ou sucursal
Cnep referência ao respectivo descumprimento. aberta ou instalada no Brasil.
§ 5o  Os registros das sanções e acordos de
leniência serão excluídos depois de decorrido o Art. 27.  A autoridade competente que, tendo
prazo previamente estabelecido no ato sancio- conhecimento das infrações previstas nesta
nador ou do cumprimento integral do acordo Lei, não adotar providências para a apuração
de leniência e da reparação do eventual dano dos fatos será responsabilizada penal, civil e
causado, mediante solicitação do órgão ou en- administrativamente nos termos da legislação
tidade sancionadora. específica aplicável.

Art. 23.  Os órgãos ou entidades dos Poderes Art. 28.  Esta Lei aplica-se aos atos lesivos pra-
Executivo, Legislativo e Judiciário de todas as ticados por pessoa jurídica brasileira contra a
esferas de governo deverão informar e manter administração pública estrangeira, ainda que
atualizados, para fins de publicidade, no Cadas- cometidos no exterior.
tro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas
– CEIS, de caráter público, instituído no âmbito Art. 29.  O disposto nesta Lei não exclui as
do Poder Executivo federal, os dados relativos competências do Conselho Administrativo de
às sanções por eles aplicadas, nos termos do Defesa Econômica, do Ministério da Justiça e do
disposto nos arts. 87 e 88 da Lei no 8.666, de Ministério da Fazenda para processar e julgar
21 de junho de 1993. fato que constitua infração à ordem econômica.

Art. 24.  A multa e o perdimento de bens, di- Art. 30.  A aplicação das sanções previstas nesta
reitos ou valores aplicados com fundamento Lei não afeta os processos de responsabilização
nesta Lei serão destinados preferencialmente e aplicação de penalidades decorrentes de:
aos órgãos ou entidades públicas lesadas. I – ato de improbidade administrativa nos
termos da Lei no 8.429, de 2 de junho de 1992; e
Art. 25.  Prescrevem em 5 (cinco) anos as in- II – atos ilícitos alcançados pela Lei no 8.666,
frações previstas nesta Lei, contados da data de 21 de junho de 1993, ou outras normas de
da ciência da infração ou, no caso de infração licitações e contratos da administração pública,
permanente ou continuada, do dia em que tiver inclusive no tocante ao Regime Diferenciado de
cessado. Contratações Públicas – RDC instituído pela
Parágrafo único.  Na esfera administrativa ou Lei no 12.462, de 4 de agosto de 2011.
judicial, a prescrição será interrompida com a
instauração de processo que tenha por objeto Art. 31.  Esta Lei entra em vigor 180 (cento
a apuração da infração. e oitenta) dias após a data de sua publicação.

Art. 26.  A pessoa jurídica será representada Brasília, 1o de agosto de 2013; 192o da Indepen-
no processo administrativo na forma do seu dência e 125o da República.
estatuto ou contrato social.
§ 1o  As sociedades sem personalidade ju- DILMA ROUSSEFF
rídica serão representadas pela pessoa a quem
couber a administração de seus bens. Promulgada em 1o/8/2013 e publicada no DOU de
§ 2o  A pessoa jurídica estrangeira será re- 2/8/2013.
presentada pelo gerente, representante ou ad-
Normas correlatas

53
Lei no 10.180/2001
Organiza e disciplina os Sistemas de Planejamento e de Orçamento Federal, de Administração
Financeira Federal, de Contabilidade Federal e de Controle Interno do Poder Executivo Federal, e
dá outras providências.

Faço saber que o PRESIDENTE DA REPÚBLICA compatibilização de normas e tarefas afins aos
adotou a Medida Provisória no 2.112-88, de diversos Sistemas, nos planos federal, estadual,
2001, que o Congresso Nacional aprovou, e eu, distrital e municipal.
Antonio Carlos Magalhães, Presidente, para
os efeitos do disposto no parágrafo único do
art. 62 da Constituição Federal, promulgo a CAPÍTULO II – Da Organização e das
seguinte Lei:1 Competências

Art. 3o  O Sistema de Planejamento e de Or-


TÍTULO I – Da Organização Sistêmica çamento Federal compreende as atividades de
CAPÍTULO ÚNICO – Das Disposições elaboração, acompanhamento e avaliação de
Preliminares planos, programas e orçamentos, e de realização
de estudos e pesquisas socioeconômicas.
Art. 1o  Serão organizadas sob a forma de sis-
temas as atividades de planejamento e de or- Art. 4o  Integram o Sistema de Planejamento e
çamento federal, de administração financeira de Orçamento Federal:
federal, de contabilidade federal e de controle I – o Ministério do Planejamento, Orçamento
interno do Poder Executivo Federal. e Gestão, como órgão central;
II – órgãos setoriais;
III – órgãos específicos.
TÍTULO II – Do Sistema de Planejamento e § 1o  Os órgãos setoriais são as unidades de
de Orçamento Federal planejamento e orçamento dos Ministérios, da
CAPÍTULO I – Das Finalidades Advocacia-Geral da União, da Vice-Presidência
e da Casa Civil da Presidência da República.
Art. 2o  O Sistema de Planejamento e de Orça- § 2o  Os órgãos específicos são aqueles vin-
mento Federal tem por finalidade: culados ou subordinados ao órgão central do
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

I – formular o planejamento estratégico na- Sistema, cuja missão está voltada para as ativi-
cional; dades de planejamento e orçamento.
II – formular planos nacionais, setoriais e re- § 3o  Os órgãos setoriais e específicos ficam
gionais de desenvolvimento econômico e social; sujeitos à orientação normativa e à supervisão
III – formular o plano plurianual, as diretrizes técnica do órgão central do Sistema, sem prejuí-
orçamentárias e os orçamentos anuais; zo da subordinação ao órgão em cuja estrutura
IV – gerenciar o processo de planejamento administrativa estiverem integrados.
e orçamento federal; § 4o  As unidades de planejamento e orça-
V – promover a articulação com os Estados, mento das entidades vinculadas ou subordi-
o Distrito Federal e os Municípios, visando a nadas aos Ministérios e órgãos setoriais ficam
sujeitas à orientação normativa e à supervisão
1
  Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram técnica do órgão central e também, no que cou-
normas, suprimiram-se as alterações determinadas ber, do respectivo órgão setorial.
uma vez que já foram incorporadas às normas às § 5o  O órgão setorial da Casa Civil da Presi-
54 quais se destinam. dência da República tem como área de atuação
todos os órgãos integrantes da Presidência da V – manter sistema de informações relacio-
República, ressalvados outros determinados em nados a indicadores econômicos e sociais, assim
legislação específica. como mecanismos para desenvolver previsões
e informação estratégica sobre tendências e
Art. 5o  Sem prejuízo das competências consti- mudanças no âmbito nacional e internacional;
tucionais e legais de outros Poderes, as unidades VI – identificar, analisar e avaliar os investi-
responsáveis pelos seus orçamentos ficam su- mentos estratégicos do Governo, suas fontes de
jeitas à orientação normativa do órgão central financiamento e sua articulação com os inves-
do Sistema. timentos privados, bem como prestar o apoio
gerencial e institucional à sua implementação;
Art. 6o  Sem prejuízo das competências cons- VII – realizar estudos e pesquisas socioeco-
titucionais e legais de outros Poderes e órgãos nômicas e análises de políticas públicas;
da Administração Pública Federal, os órgãos VIII – estabelecer políticas e diretrizes gerais
integrantes do Sistema de Planejamento e de Or- para a atuação das empresas estatais.
çamento Federal e as unidades responsáveis pelo Parágrafo único.  Consideram-se empresas
planejamento e orçamento dos demais Poderes estatais, para efeito do disposto no inciso VIII,
realizarão o acompanhamento e a avaliação dos as empresas públicas, as sociedades de economia
planos e programas respectivos. mista, suas subsidiárias e controladas e demais
empresas em que a União, direta ou indireta-
mente, detenha a maioria do capital social com
SEÇÃO I – Do Planejamento Federal direito a voto.

Art. 7o  Compete às unidades responsáveis pelas


atividades de planejamento: SEÇÃO II – Do Orçamento Federal
I – elaborar e supervisionar a execução de
planos e programas nacionais e setoriais de de- Art. 8o  Compete às unidades responsáveis pelas
senvolvimento econômico e social; atividades de orçamento:
II – coordenar a elaboração dos projetos de lei I – coordenar, consolidar e supervisionar
do plano plurianual e o item, metas e prioridades a elaboração dos projetos da lei de diretrizes
da Administração Pública Federal, integrantes orçamentárias e da lei orçamentária da União,
do projeto de lei de diretrizes orçamentárias, compreendendo os orçamentos fiscal, da segu-
bem como de suas alterações, compatibilizan- ridade social e de investimento das empresas
do as propostas de todos os Poderes, órgãos e estatais;
entidades integrantes da Administração Pública II – estabelecer normas e procedimentos
Federal com os objetivos governamentais e os necessários à elaboração e à implementação dos
recursos disponíveis; orçamentos federais, harmonizando-os com o
III – acompanhar física e financeiramente plano plurianual;
os planos e programas referidos nos incisos I III – realizar estudos e pesquisas concernen-
e II deste artigo, bem como avaliá-los, quanto tes ao desenvolvimento e ao aperfeiçoamento
à eficácia e efetividade, com vistas a subsidiar do processo orçamentário federal;
o processo de alocação de recursos públicos, IV – acompanhar e avaliar a execução orça-
a política de gastos e a coordenação das ações mentária e financeira, sem prejuízo da compe-
do governo; tência atribuída a outros órgãos;
IV – assegurar que as unidades administrati- V – estabelecer classificações orçamentárias,
Normas correlatas

vas responsáveis pela execução dos programas, tendo em vista as necessidades de sua harmoni-
projetos e atividades da Administração Pública zação com o planejamento e o controle;
Federal mantenham rotinas de acompanhamen- VI – propor medidas que objetivem a con-
to e avaliação da sua programação; solidação das informações orçamentárias das
diversas esferas de governo.
55
TÍTULO III – Do Sistema de Administração V – controlar a dívida decorrente de ope-
Financeira Federal rações de crédito de responsabilidade, direta e
CAPÍTULO I – Das Finalidades indireta, do Tesouro Nacional;
VI – administrar as operações de crédito
Art. 9o  O Sistema de Administração Finan- sob a responsabilidade do Tesouro Nacional;
ceira Federal visa ao equilíbrio financeiro do VII – manter controle dos compromissos
Governo Federal, dentro dos limites da receita que onerem, direta ou indiretamente, a União
e despesa públicas. junto a entidades ou organismos internacionais;
VIII – editar normas sobre a programação
financeira e a execução orçamentária e finan-
CAPÍTULO II – Da Organização e das ceira, bem como promover o acompanhamento,
Competências a sistematização e a padronização da execução
da despesa pública;
Art. 10.  O Sistema de Administração Financei- IX – promover a integração com os demais
ra Federal compreende as atividades de progra- Poderes e esferas de governo em assuntos de
mação financeira da União, de administração administração e programação financeira.
de direitos e haveres, garantias e obrigações
de responsabilidade do Tesouro Nacional e de Art. 13.  Subordinam-se tecnicamente à Se-
orientação técnico-normativa referente à exe- cretaria do Tesouro Nacional os representantes
cução orçamentária e financeira. do Tesouro Nacional nos conselhos fiscais, ou
órgãos equivalentes das entidades da adminis-
Art. 11.  Integram o Sistema de Administração tração indireta, controladas direta ou indireta-
Financeira Federal: mente pela União.
I – a Secretaria do Tesouro Nacional, como Parágrafo único.  Os representantes do Te-
órgão central; souro Nacional nos conselhos fiscais deverão
II – órgãos setoriais. ser, preferencialmente, servidores integrantes
§ 1o  Os órgãos setoriais são as unidades de da carreira Finanças e Controle que não este-
programação financeira dos Ministérios, da jam em exercício nas áreas de controle interno
Advocacia-Geral da União, da Vice-Presidência no ministério ou órgão equivalente ao qual a
e da Casa Civil da Presidência da República. entidade esteja vinculada.
§ 2o  Os órgãos setoriais ficam sujeitos à
orientação normativa e à supervisão técnica
do órgão central do Sistema, sem prejuízo da TÍTULO IV – Do Sistema de Contabilidade
subordinação ao órgão em cuja estrutura ad- Federal
ministrativa estiverem integrados. CAPÍTULO I – Das Finalidades
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Art. 12.  Compete às unidades responsáveis Art. 14.  O Sistema de Contabilidade Federal


pelas atividades do Sistema de Administração visa a evidenciar a situação orçamentária, fi-
Financeira Federal: nanceira e patrimonial da União.
I – zelar pelo equilíbrio financeiro do Tesouro
Nacional; Art. 15.  O Sistema de Contabilidade Federal
II – administrar os haveres financeiros e tem por finalidade registrar os atos e fatos re-
mobiliários do Tesouro Nacional; lacionados com a administração orçamentária,
III – elaborar a programação financeira do financeira e patrimonial da União e evidenciar:
Tesouro Nacional, gerenciar a Conta Única do I – as operações realizadas pelos órgãos ou
Tesouro Nacional e subsidiar a formulação da entidades governamentais e os seus efeitos sobre
política de financiamento da despesa pública; a estrutura do patrimônio da União;
IV – gerir a dívida pública mobiliária fede- II – os recursos dos orçamentos vigentes, as
ral e a dívida externa de responsabilidade do alterações decorrentes de créditos adicionais, as
56 Tesouro Nacional; receitas prevista e arrecadada, a despesa empe-
nhada, liquidada e paga à conta desses recursos Art. 18.  Compete às unidades responsáveis
e as respectivas disponibilidades; pelas atividades do Sistema de Contabilidade
III – perante a Fazenda Pública, a situação Federal:
de todos quantos, de qualquer modo, arreca- I – manter e aprimorar o Plano de Contas
dem receitas, efetuem despesas, administrem ou Único da União;
guardem bens a ela pertencentes ou confiados; II – estabelecer normas e procedimentos
IV – a situação patrimonial do ente público para o adequado registro contábil dos atos e
e suas variações; dos fatos da gestão orçamentária, financeira
V – os custos dos programas e das unidades e patrimonial nos órgãos e nas entidades da
da Administração Pública Federal; Administração Pública Federal;
VI – a aplicação dos recursos da União, por III – com base em apurações de atos e fatos
unidade da Federação beneficiada; inquinados de ilegais ou irregulares, efetuar os
VII – a renúncia de receitas de órgãos e en- registros pertinentes e adotar as providências
tidades federais. necessárias à responsabilização do agente, co-
Parágrafo único.  As operações de que resul- municando o fato à autoridade a quem o respon-
tem débitos e créditos de natureza financeira não sável esteja subordinado e ao órgão ou unidade
compreendidas na execução orçamentária serão, do Sistema de Controle Interno;
também, objeto de registro, individualização e IV – instituir, manter e aprimorar sistemas
controle contábil. de informação que permitam realizar a conta-
bilização dos atos e fatos de gestão orçamentá-
ria, financeira e patrimonial da União e gerar
CAPÍTULO II – Da Organização e das informações gerenciais necessárias à tomada de
Competências decisão e à supervisão ministerial;
V – realizar tomadas de contas dos orde-
Art. 16.  O Sistema de Contabilidade Federal nadores de despesa e demais responsáveis por
compreende as atividades de registro, de trata- bens e valores públicos e de todo aquele que der
mento e de controle das operações relativas à causa a perda, extravio ou outra irregularidade
administração orçamentária, financeira e pa- que resulte dano ao erário;
trimonial da União, com vistas à elaboração VI – elaborar os Balanços Gerais da União;
de demonstrações contábeis. VII – consolidar os balanços da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
Art. 17.  Integram o Sistema de Contabilidade com vistas à elaboração do Balanço do Setor
Federal: Público Nacional;
I – a Secretaria do Tesouro Nacional, como VIII – promover a integração com os demais
órgão central; Poderes e esferas de governo em assuntos de
II – órgãos setoriais. contabilidade.
§ 1o  Os órgãos setoriais são as unidades de
gestão interna dos Ministérios e da Advocacia-
-Geral da União. TÍTULO V – Do Sistema de Controle
§ 2o  O órgão de controle interno da Casa Interno do Poder Executivo Federal
Civil exercerá também as atividades de órgão CAPÍTULO I – Das Finalidades
setorial contábil de todos os órgãos integrantes
da Presidência da República, da Vice-Presidên- Art. 19.  O Sistema de Controle Interno do
cia da República, além de outros determinados Poder Executivo Federal visa à avaliação da ação
Normas correlatas

em legislação específica. governamental e da gestão dos administradores


§ 3o  Os órgãos setoriais ficam sujeitos à públicos federais, por intermédio da fiscalização
orientação normativa e à supervisão técnica contábil, financeira, orçamentária, operacional
do órgão central do Sistema, sem prejuízo da e patrimonial, e a apoiar o controle externo no
subordinação ao órgão em cuja estrutura ad- exercício de sua missão institucional.
ministrativa estiverem integrados. 57
Art. 20.  O Sistema de Controle Interno do Vice-Presidência da República, além de outros
Poder Executivo Federal tem as seguintes fi- determinados em legislação específica.
nalidades: § 4o  Os órgãos central e setoriais podem
I – avaliar o cumprimento das metas previstas subdividir-se em unidades setoriais e regio-
no plano plurianual, a execução dos programas nais, como segmentos funcionais e espaciais,
de governo e dos orçamentos da União; respectivamente.
II – comprovar a legalidade e avaliar os resul- § 5o  Os órgãos setoriais sujeitam-se à orien-
tados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão tação normativa e à supervisão técnica do órgão
orçamentária, financeira e patrimonial nos ór- central do Sistema, sem prejuízo da subordi-
gãos e nas entidades da Administração Pública nação ao órgão a cuja estrutura administrativa
Federal, bem como da aplicação de recursos estiverem integrados.
públicos por entidades de direito privado;
III – exercer o controle das operações de Art. 23.  Fica instituída a Comissão de Coor-
crédito, avais e garantias, bem como dos direitos denação de Controle Interno, órgão colegiado
e haveres da União; de coordenação do Sistema de Controle Interno
IV – apoiar o controle externo no exercício do Poder Executivo Federal, com o objetivo de
de sua missão institucional. promover a integração e homogeneizar enten-
dimentos dos respectivos órgãos e unidades.

CAPÍTULO II – Da Organização e das Art. 24.  Compete aos órgãos e às unidades do


Competências Sistema de Controle Interno do Poder Executivo
Federal:
Art. 21.  O Sistema de Controle Interno do I – avaliar o cumprimento das metas esta-
Poder Executivo Federal compreende as ativi- belecidas no plano plurianual;
dades de avaliação do cumprimento das metas II – fiscalizar e avaliar a execução dos pro-
previstas no plano plurianual, da execução dos gramas de governo, inclusive ações descentra-
programas de governo e dos orçamentos da lizadas realizadas à conta de recursos oriundos
União e de avaliação da gestão dos adminis- dos Orçamentos da União, quanto ao nível de
tradores públicos federais, utilizando como execução das metas e objetivos estabelecidos e
instrumentos a auditoria e a fiscalização. à qualidade do gerenciamento;
III – avaliar a execução dos orçamentos da
Art. 22.  Integram o Sistema de Controle In- União;
terno do Poder Executivo Federal: IV – exercer o controle das operações de
I – a Secretaria Federal de Controle Interno, crédito, avais, garantias, direitos e haveres da
como órgão central; União;
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

II – órgãos setoriais; V – fornecer informações sobre a situação


III – (Revogado). físico-financeira dos projetos e das atividades
§ 1o  A área de atuação do órgão central do constantes dos orçamentos da União;
Sistema abrange todos os órgãos do Poder Exe- VI – realizar auditoria sobre a gestão dos
cutivo Federal, excetuados aqueles indicados no recursos públicos federais sob a responsabili-
parágrafo seguinte. dade de órgãos e entidades públicos e privados;
§ 2o  Os órgãos setoriais são aqueles de con- VII – apurar os atos ou fatos inquinados de
trole interno que integram a estrutura do Mi- ilegais ou irregulares, praticados por agentes
nistério das Relações Exteriores, do Ministério públicos ou privados, na utilização de recursos
da Defesa, da Advocacia-Geral da União e da públicos federais e, quando for o caso, comu-
Casa Civil. nicar à unidade responsável pela contabilidade
§ 3o  O órgão de controle interno da Casa para as providências cabíveis;
Civil tem como área de atuação todos os órgãos VIII – realizar auditorias nos sistemas con-
integrantes da Presidência da República e da tábil, financeiro, orçamentário, de pessoal e
58 demais sistemas administrativos e operacionais;
IX – avaliar o desempenho da auditoria in- de suas funções, utilizando-os, exclusivamente,
terna das entidades da administração indireta para a elaboração de pareceres e relatórios des-
federal; tinados à autoridade competente, sob pena de
X – elaborar a Prestação de Contas Anual responsabilidade administrativa, civil e penal.
do Presidente da República a ser encaminhada § 4o  Os integrantes da carreira de Finanças
ao Congresso Nacional, nos termos do art. 84, e Controle observarão código de ética profis-
inciso XXIV, da Constituição Federal; sional específico aprovado pelo Presidente da
XI – criar condições para o exercício do República.
controle social sobre os programas contem-
plados com recursos oriundos dos orçamentos Art. 27.  O Poder Executivo estabelecerá, em
da União. regulamento, a forma pela qual qualquer cida-
Parágrafo único. (Revogado) dão poderá ser informado sobre os dados oficiais
do Governo Federal relativos à execução dos
orçamentos da União.
TÍTULO VI – Das Disposições Gerais e
Transitórias Art. 28.  Aos dirigentes dos órgãos e das uni-
dades do Sistema de Controle Interno do Poder
Art. 25.  Observadas as disposições contidas Executivo Federal e dos órgãos do Sistema de
no art. 117 da Lei no 8.112, de 11 de dezembro Contabilidade Federal, no exercício de suas
de 1990, é vedado aos dirigentes dos órgãos e atribuições, é facultado impugnar, mediante
das unidades dos Sistemas referidos no art. 1o representação ao responsável, quaisquer atos
exercerem: de gestão realizados sem a devida fundamen-
I – atividade de direção político-partidária; tação legal.
II – profissão liberal;
III – demais atividades incompatíveis com Art. 29.  É vedada a nomeação para o exercício
os interesses da Administração Pública Federal, de cargo, inclusive em comissão, no âmbito dos
na forma que dispuser o regulamento. Sistemas de que trata esta Lei, de pessoas que
tenham sido, nos últimos cinco anos:
Art. 26.  Nenhum processo, documento ou I – responsáveis por atos julgados irregulares
informação poderá ser sonegado aos servidores por decisão definitiva do Tribunal de Contas
dos Sistemas de Contabilidade Federal e de Con- da União, do tribunal de contas de Estado, do
trole Interno do Poder Executivo Federal, no Distrito Federal ou de Município, ou ainda, por
exercício das atribuições inerentes às atividades conselho de contas de Município;
de registros contábeis, de auditoria, fiscalização II – punidas, em decisão da qual não caiba
e avaliação de gestão. recurso administrativo, em processo disciplinar
§ 1o  O agente público que, por ação ou omis- por ato lesivo ao patrimônio público de qualquer
são, causar embaraço, constrangimento ou obs- esfera de governo;
táculo à atuação dos Sistemas de Contabilidade III – condenadas em processo criminal por
Federal e de Controle Interno, no desempenho prática de crimes contra a Administração Públi-
de suas funções institucionais, ficará sujeito à ca, capitulados nos Títulos II e XI da Parte Espe-
pena de responsabilidade administrativa, civil cial do Código Penal Brasileiro, na Lei no 7.492,
e penal. de 16 de junho de 1986, e na Lei no 8.429, de 2
§ 2o  Quando a documentação ou informa- de junho de 1992.
ção prevista neste artigo envolver assuntos de § 1o  As vedações estabelecidas neste artigo
Normas correlatas

caráter sigiloso, deverá ser dispensado trata- aplicam-se, também, às nomeações para cargos
mento especial de acordo com o estabelecido em comissão que impliquem gestão de dota-
em regulamento próprio. ções orçamentárias, de recursos financeiros
§ 3o  O servidor deverá guardar sigilo sobre ou de patrimônio, na Administração direta e
dados e informações pertinentes aos assuntos indireta dos Poderes da União, bem como para
a que tiver acesso em decorrência do exercício 59
as nomeações como membros de comissões de de economia mista, para terem exercício na
licitações. Secretaria do Tesouro Nacional e nos seus órgãos
§ 2o  Serão exonerados os servidores ocupan- setoriais e na Secretaria Federal de Controle
tes de cargos em comissão que forem alcançados Interno, independentemente da ocupação de
pelas hipóteses previstas nos incisos I, II e III cargo em comissão ou função de confiança.
deste artigo. Parágrafo único.  Os servidores públicos
em exercício, em 31 de dezembro de 1998, na
Art. 30.  Os servidores das carreiras de Plane- Secretaria do Patrimônio da União do Minis-
jamento e Orçamento e Finanças e Controle, tério da Fazenda, transferida para o âmbito
os ocupantes dos cargos efetivos de Técnico de do Ministério do Planejamento, Orçamento
Planejamento P-1501 do Grupo TP-1500, de e Gestão, poderão permanecer em exercício
Técnico de Planejamento e Pesquisa do Instituto naquela Secretaria, com os mesmos direitos e
de Pesquisa Econômica Aplicada – IPEA, nível vantagens até então auferidos.
intermediário do IPEA e demais cargos de nível
superior do IPEA, poderão ser cedidos para ter Art. 34.  Fica acrescido ao art.  15 da Lei
exercício nos órgãos e nas unidades dos Siste- no 8.460, de 17 de setembro de 1992, parágrafo
mas referidos nesta Lei, independentemente único com a seguinte redação:
da ocupação de cargo em comissão ou função �������������������������������������������������������������������������������
de confiança.
Art. 35.  Os órgãos e as entidades da Adminis-
Art. 31.  Os incisos I, II, IV, V e VI do art. 1o tração direta e indireta da União, ao celebra-
e o inciso I do art. 30 da Lei no 9.625, de 7 de rem compromissos em que haja a previsão de
abril de 1998, passam a vigorar com a seguinte transferências de recursos financeiros, de seus
redação: orçamentos, para Estados, Distrito Federal e
������������������������������������������������������������������������������� Municípios, estabelecerão nos instrumentos
pactuais a obrigação dos entes recebedores de
Art. 32.  Os cargos em comissão, no âmbito fazerem incluir tais recursos nos seus respectivos
da Secretaria Federal de Controle Interno da orçamentos.
Corregedoria-Geral da União, assim como os § 1o  Ao fixarem os valores a serem trans-
cargos de Assessor Especial de Ministro de feridos, conforme o disposto neste artigo, os
Estado incumbido de funções de Controle In- entes nele referidos farão análise de custos, de
terno, serão providos, preferencialmente, por maneira que o montante de recursos envolvidos
ocupantes dos cargos efetivos da carreira de na operação seja compatível com o seu objeto,
Finanças e Controle. não permitindo a transferência de valores in-
§ 1o  Na hipótese de provimento dos cargos suficientes para a sua conclusão, nem o excesso
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

de que trata este artigo por não integrantes da que permita uma execução por preços acima
carreira de Finanças e Controle, será exigida a dos vigentes no mercado.
comprovação de experiência de, no mínimo, § 2o  Os órgãos e as unidades do Sistema de
cinco anos em atividades de auditoria, de fi- Controle Interno do Poder Executivo Federal
nanças públicas ou de contabilidade pública. zelarão pelo cumprimento do disposto neste
§ 2o  A indicação para o cargo de Assessor artigo, e, nos seus trabalhos de fiscalização,
Especial de Ministro de Estado incumbido de verificarão se o objeto pactuado foi executado
funções de Controle Interno será submetida obedecendo aos respectivos projeto e plano
previamente à apreciação do órgão central do de trabalho, conforme convencionado, e se a
Sistema. sua utilização obedece à destinação prevista
no termo pactual.
Art. 33.  Fica o Ministério da Fazenda autori- § 3o  Os órgãos e as unidades do Sistema de
zado a requisitar, até 31 de dezembro de 2000, Controle Interno do Poder Executivo Federal,
servidores públicos de suas entidades vincula- ao desempenhar o seu trabalho, constatando
60 das, inclusive empresas públicas e sociedades indícios de irregularidades, comunicarão ao Mi-
nistro supervisor da unidade gestora ou entidade Art. 38.  O Poder Executivo disporá, em re-
e aos respectivos órgãos de controle interno e gulamento e no prazo de sessenta dias, sobre
externo dos entes recebedores para que sejam a competência, a estrutura e o funcionamento
tomadas as providências de suas competências. dos órgãos componentes dos Sistemas de que
§ 4o  Quando ocorrer prejuízo à União, os trata esta Lei, bem como sobre as atribuições
órgãos e as unidades do Sistema de Controle de seus titulares e demais dirigentes.
Interno do Poder Executivo Federal adotarão
as providências de sua competência, previstas Art. 39.  Ficam convalidados os atos praticados
na legislação pertinente, com vistas ao ressar- com base na Medida Provisória no 2.112-87, de
cimento ao erário. 27 de dezembro de 2000.

Art. 36.  Os órgãos e as entidades de outras Art. 40.  Esta Lei entra em vigor na data de
esferas de governo que receberem recursos sua publicação.
financeiros do Governo Federal, para execu-
ção de obras, para a prestação de serviços ou Art. 41.  Revogam-se o Decreto-lei no 2.037, de
a realização de quaisquer projetos, usarão dos 28 de junho de 1983, e o § 2o do art. 19 da Lei
meios adequados para informar à sociedade e no 8.490, de 19 de novembro de 1992.
aos usuários em geral a origem dos recursos
utilizados. Congresso Nacional, em 6 de fevereiro de 2001;
180o da Independência e 113o da República.
Art. 37.  A documentação comprobatória da
execução orçamentária, financeira e patrimonial ANTONIO CARLOS MAGALHÃES
das unidades da Administração Federal direta
permanecerá na respectiva unidade, à dispo- Promulgada em 6/2/2001 e publicada no DOU de
sição dos órgãos e das unidades de controle 7/2/2001.
interno e externo, nas condições e nos prazos
estabelecidos pelo órgão central do Sistema de
Contabilidade Federal.

Normas correlatas

61
Lei no 10.028/2000
Altera o Decreto-lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 – Código Penal, a Lei no 1.079, de 10 de
abril de 1950, e o Decreto-lei no 201, de 27 de fevereiro de 1967.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA II – propor lei de diretrizes orçamentárias


anual que não contenha as metas fiscais na
Faço saber que o Congresso Nacional decreta forma da lei;
e eu sanciono a seguinte Lei:1 III – deixar de expedir ato determinando
limitação de empenho e movimentação finan-
Art. 1o  O art. 339 do Decreto-lei no 2.848, de ceira, nos casos e condições estabelecidos em lei;
7 de dezembro de 1940, passa a vigorar com a IV – deixar de ordenar ou de promover, na
seguinte redação: forma e nos prazos da lei, a execução de medida
������������������������������������������������������������������������������� para a redução do montante da despesa total
com pessoal que houver excedido a repartição
Art. 2o  O Título XI do Decreto-lei no 2.848, por Poder do limite máximo.
de 1940, passa a vigorar acrescido do seguinte § 1o  A infração prevista neste artigo é punida
capítulo e artigos: com multa de trinta por cento dos vencimentos
������������������������������������������������������������������������������� anuais do agente que lhe der causa, sendo o
pagamento da multa de sua responsabilidade
Art. 3o  A Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, pessoal.
passa a vigorar com as seguintes alterações: § 2o  A infração a que se refere este artigo será
������������������������������������������������������������������������������� processada e julgada pelo Tribunal de Contas a
que competir a fiscalização contábil, financeira
Art. 4o  O art. 1o do Decreto-lei no 201, de 27 e orçamentária da pessoa jurídica de direito
de fevereiro de 1967, passa a vigorar com a se- público envolvida.
guinte redação:
������������������������������������������������������������������������������� Art. 6o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
publicação.
Art. 5o  Constitui infração administrativa con-
tra as leis de finanças públicas: Brasília, 19 de outubro de 2000; 179o da Inde-
I – deixar de divulgar ou de enviar ao Poder pendência e 112o da República.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Legislativo e ao Tribunal de Contas o relatório


de gestão fiscal, nos prazos e condições esta- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
belecidos em lei;
Promulgada em 19/10/2000 e publicada no DOU
de 20/10/2000.

1
  Nota do Editor (NE): nos dispositivos que alteram
normas, suprimiram-se as alterações determinadas
uma vez que já foram incorporadas às normas às
62 quais se destinam.
Lei no 8.429/1992
Dispõe sobre as sanções aplicáveis aos agentes públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exercício
de mandato, cargo, emprego ou função na administração pública direta, indireta ou fundacional e
dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Art. 3o  As disposições desta Lei são aplicáveis,


no que couber, àquele que, mesmo não sendo
Faço saber que o Congresso Nacional decreta agente público, induza ou concorra para a prá-
e eu sanciono a seguinte Lei: tica do ato de improbidade ou dele se beneficie
sob qualquer forma direta ou indireta.

CAPÍTULO I – Das Disposições Gerais Art. 4o  Os agentes públicos de qualquer nível


ou hierarquia são obrigados a velar pela estrita
Art. 1o  Os atos de improbidade praticados por observância dos princípios de legalidade, im-
qualquer agente público, servidor ou não, contra pessoalidade, moralidade e publicidade no trato
a administração direta, indireta ou fundacional dos assuntos que lhe são afetos.
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal, dos Municípios, de Terri- Art. 5o  Ocorrendo lesão ao patrimônio pú-
tório, de empresa incorporada ao patrimônio blico por ação ou omissão, dolosa ou culposa,
público ou de entidade para cuja criação ou do agente ou de terceiro, dar-se-á o integral
custeio o erário haja concorrido ou concorra ressarcimento do dano.
com mais de cinquenta por cento do patrimônio
ou da receita anual, serão punidos na forma Art. 6o  No caso de enriquecimento ilícito, per-
desta Lei. derá o agente público ou terceiro beneficiário os
Parágrafo único.  Estão também sujeitos às bens ou valores acrescidos ao seu patrimônio.
penalidades desta Lei os atos de improbidade
praticados contra o patrimônio de entidade Art. 7o  Quando o ato de improbidade causar
que receba subvenção, benefício ou incentivo, lesão ao patrimônio público ou ensejar enri-
fiscal ou creditício, de órgão público bem como quecimento ilícito, caberá a autoridade admi-
daquelas para cuja criação ou custeio o erário nistrativa responsável pelo inquérito representar
haja concorrido ou concorra com menos de ao Ministério Público, para a indisponibilidade
cinquenta por cento do patrimônio ou da re- dos bens do indiciado.
ceita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção Parágrafo único.  A indisponibilidade a que
patrimonial à repercussão do ilícito sobre a se refere o caput deste artigo recairá sobre bens
contribuição dos cofres públicos. que assegurem o integral ressarcimento do dano,
ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do
Art. 2o  Reputa-se agente público, para os efei- enriquecimento ilícito.
tos desta Lei, todo aquele que exerce, ainda
que transitoriamente ou sem remuneração, por Art. 8o  O sucessor daquele que causar lesão
eleição, nomeação, designação, contratação ou ao patrimônio público ou se enriquecer ilici-
Normas correlatas

qualquer outra forma de investidura ou vínculo, tamente está sujeito às cominações desta Lei
mandato, cargo, emprego ou função nas entida- até o limite do valor da herança.
des mencionadas no artigo anterior.

63
CAPÍTULO II – Dos Atos de Improbidade necidos a qualquer das entidades mencionadas
Administrativa no art. 1o desta Lei;
SEÇÃO I – Dos Atos de Improbidade VII – adquirir, para si ou para outrem, no
Administrativa que Importam exercício de mandato, cargo, emprego ou função
Enriquecimento Ilícito pública, bens de qualquer natureza cujo valor
seja desproporcional à evolução do patrimônio
Art. 9o  Constitui ato de improbidade admi- ou à renda do agente público;
nistrativa importando enriquecimento ilícito VIII – aceitar emprego, comissão ou exercer
auferir qualquer tipo de vantagem patrimonial atividade de consultoria ou assessoramento para
indevida em razão do exercício de cargo, manda- pessoa física ou jurídica que tenha interesse
to, função, emprego ou atividade nas entidades suscetível de ser atingido ou amparado por ação
mencionadas no art. 1o desta Lei, e notadamente: ou omissão decorrente das atribuições do agente
I – receber, para si ou para outrem, dinheiro, público, durante a atividade;
bem móvel ou imóvel, ou qualquer outra vanta- IX – perceber vantagem econômica para
gem econômica, direta ou indireta, a título de intermediar a liberação ou aplicação de verba
comissão, percentagem, gratificação ou presente pública de qualquer natureza;
de quem tenha interesse, direto ou indireto, que X – receber vantagem econômica de qualquer
possa ser atingido ou amparado por ação ou natureza, direta ou indiretamente, para omitir
omissão decorrente das atribuições do agente ato de ofício, providência ou declaração a que
público; esteja obrigado;
II – perceber vantagem econômica, direta ou XI – incorporar, por qualquer forma, ao seu
indireta, para facilitar a aquisição, permuta ou patrimônio bens, rendas, verbas ou valores in-
locação de bem móvel ou imóvel, ou a contra- tegrantes do acervo patrimonial das entidades
tação de serviços pelas entidades referidas no mencionadas no art. 1o desta Lei;
art. 1o por preço superior ao valor de mercado; XII – usar, em proveito próprio, bens, rendas,
III – perceber vantagem econômica, direta verbas ou valores integrantes do acervo patri-
ou indireta, para facilitar a alienação, permuta monial das entidades mencionadas no art. 1o
ou locação de bem público ou o fornecimento desta Lei.
de serviço por ente estatal por preço inferior ao
valor de mercado;
IV – utilizar, em obra ou serviço particular, SEÇÃO II – Dos Atos de Improbidade
veículos, máquinas, equipamentos ou material Administrativa que Causam Prejuízo ao
de qualquer natureza, de propriedade ou à dis- Erário
posição de qualquer das entidades mencionadas
no art. 1o desta Lei, bem como o trabalho de Art. 10.  Constitui ato de improbidade admi-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

servidores públicos, empregados ou terceiros nistrativa que causa lesão ao erário qualquer
contratados por essas entidades; ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje
V – receber vantagem econômica de qual- perda patrimonial, desvio, apropriação, malba-
quer natureza, direta ou indireta, para tolerar ratamento ou dilapidação dos bens ou haveres
a exploração ou a prática de jogos de azar, de das entidades referidas no art. 1o desta Lei, e
lenocínio, de narcotráfico, de contrabando, de notadamente:
usura ou de qualquer outra atividade ilícita, ou I – facilitar ou concorrer por qualquer forma
aceitar promessa de tal vantagem; para a incorporação ao patrimônio particular, de
VI – receber vantagem econômica de qual- pessoa física ou jurídica, de bens, rendas, verbas
quer natureza, direta ou indireta, para fazer ou valores integrantes do acervo patrimonial
declaração falsa sobre medição ou avaliação das entidades mencionadas no art. 1o desta Lei;
em obras públicas ou qualquer outro serviço, II – permitir ou concorrer para que pessoa
ou sobre quantidade, peso, medida, qualidade física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
ou característica de mercadorias ou bens for- verbas ou valores integrantes do acervo patri-
64 monial das entidades mencionadas no art. 1o
desta Lei, sem a observância das formalidades orçamentária, ou sem observar as formalidades
legais ou regulamentares aplicáveis à espécie; previstas na lei;
III – doar à pessoa física ou jurídica bem XVI – facilitar ou concorrer, por qualquer
como ao ente despersonalizado, ainda que de forma, para a incorporação, ao patrimônio par-
fins educativos ou assistências, bens, rendas, ticular de pessoa física ou jurídica, de bens,
verbas ou valores do patrimônio de qualquer rendas, verbas ou valores públicos transferidos
das entidades mencionadas no art. 1o desta Lei, pela administração pública a entidades priva-
sem observância das formalidades legais e re- das mediante celebração de parcerias, sem a
gulamentares aplicáveis à espécie; observância das formalidades legais ou regu-
IV – permitir ou facilitar a alienação, permu- lamentares aplicáveis à espécie;
ta ou locação de bem integrante do patrimônio XVII – permitir ou concorrer para que pessoa
de qualquer das entidades referidas no art. 1o física ou jurídica privada utilize bens, rendas,
desta Lei, ou ainda a prestação de serviço por verbas ou valores públicos transferidos pela ad-
parte delas, por preço inferior ao de mercado; ministração pública a entidade privada mediante
V – permitir ou facilitar a aquisição, permuta celebração de parcerias, sem a observância das
ou locação de bem ou serviço por preço superior formalidades legais ou regulamentares aplicáveis
ao de mercado; à espécie;
VI – realizar operação financeira sem ob- XVIII – celebrar parcerias da administração
servância das normas legais e regulamentares pública com entidades privadas sem a observân-
ou aceitar garantia insuficiente ou inidônea; cia das formalidades legais ou regulamentares
VII – conceder benefício administrativo ou aplicáveis à espécie;
fiscal sem a observância das formalidades legais XIX – agir negligentemente na celebração,
ou regulamentares aplicáveis à espécie; fiscalização e análise das prestações de contas de
VIII – frustrar a licitude de processo licita- parcerias firmadas pela administração pública
tório ou de processo seletivo para celebração de com entidades privadas;
parcerias com entidades sem fins lucrativos, ou XX – liberar recursos de parcerias firma-
dispensá-los indevidamente; das pela administração pública com entidades
IX – ordenar ou permitir a realização de des- privadas sem a estrita observância das normas
pesas não autorizadas em lei ou regulamento; pertinentes ou influir de qualquer forma para
X – agir negligentemente na arrecadação de a sua aplicação irregular;
tributo ou renda, bem como no que diz respeito XXI – liberar recursos de parcerias firma-
à conservação do patrimônio público; das pela administração pública com entidades
XI – liberar verba pública sem a estrita ob- privadas sem a estrita observância das normas
servância das normas pertinentes ou influir de pertinentes ou influir de qualquer forma para
qualquer forma para a sua aplicação irregular; a sua aplicação irregular.
XII – permitir, facilitar ou concorrer para
que terceiro se enriqueça ilicitamente;
XIII – permitir que se utilize, em obra ou SEÇÃO II-A – Dos Atos de Improbidade
serviço particular, veículos, máquinas, equi- Administrativa Decorrentes de Concessão ou
pamentos ou material de qualquer natureza, Aplicação Indevida de Benefício Financeiro
de propriedade ou à disposição de qualquer das ou Tributário
entidades mencionadas no art. 1o desta Lei, bem
como o trabalho de servidor público, emprega- Art. 10-A.  Constitui ato de improbidade ad-
dos ou terceiros contratados por essas entidades; ministrativa qualquer ação ou omissão para
Normas correlatas

XIV – celebrar contrato ou outro instrumento conceder, aplicar ou manter benefício financeiro
que tenha por objeto a prestação de serviços ou tributário contrário ao que dispõem o caput e
públicos por meio da gestão associada sem ob- o § 1o do art. 8o-A da Lei Complementar no 116,
servar as formalidades previstas na lei; de 31 de julho de 2003.
XV – celebrar contrato de rateio de con-
sórcio público sem suficiente e prévia dotação 65
SEÇÃO III – Dos Atos de Improbidade I – na hipótese do art. 9o, perda dos bens ou
Administrativa que Atentam Contra os valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio,
Princípios da Administração Pública ressarcimento integral do dano, quando houver,
perda da função pública, suspensão dos direitos
Art. 11.  Constitui ato de improbidade admi- políticos de oito a dez anos, pagamento de multa
nistrativa que atenta contra os princípios da civil de até três vezes o valor do acréscimo pa-
administração pública qualquer ação ou omissão trimonial e proibição de contratar com o Poder
que viole os deveres de honestidade, imparcia- Público ou receber benefícios ou incentivos
lidade, legalidade, e lealdade às instituições, e fiscais ou creditícios, direta ou indiretamente,
notadamente: ainda que por intermédio de pessoa jurídica
I – praticar ato visando fim proibido em lei da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de
ou regulamento ou diverso daquele previsto, na dez anos;
regra de competência; II – na hipótese do art. 10, ressarcimento
II – retardar ou deixar de praticar, indevida- integral do dano, perda dos bens ou valores
mente, ato de ofício; acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se con-
III – revelar fato ou circunstância de que correr esta circunstância, perda da função pú-
tem ciência em razão das atribuições e que deva blica, suspensão dos direitos políticos de cinco a
permanecer em segredo; oito anos, pagamento de multa civil de até duas
IV – negar publicidade aos atos oficiais; vezes o valor do dano e proibição de contratar
V – frustrar a licitude de concurso público; com o Poder Público ou receber benefícios ou
VI – deixar de prestar contas quando esteja incentivos fiscais ou creditícios, direta ou indi-
obrigado a fazê-lo; retamente, ainda que por intermédio de pessoa
VII – revelar ou permitir que chegue ao jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo
conhecimento de terceiro, antes da respectiva prazo de cinco anos;
divulgação oficial, teor de medida política ou III – na hipótese do art. 11, ressarcimento
econômica capaz de afetar o preço de merca- integral do dano, se houver, perda da função
doria, bem ou serviço; pública, suspensão dos direitos políticos de três a
VIII – descumprir as normas relativas à ce- cinco anos, pagamento de multa civil de até cem
lebração, fiscalização e aprovação de contas de vezes o valor da remuneração percebida pelo
parcerias firmadas pela administração pública agente e proibição de contratar com o Poder Pú-
com entidades privadas; blico ou receber benefícios ou incentivos fiscais
IX – deixar de cumprir a exigência de requi- ou creditícios, direta ou indiretamente, ainda
sitos de acessibilidade previstos na legislação; que por intermédio de pessoa jurídica da qual
X – transferir recurso a entidade privada, em seja sócio majoritário, pelo prazo de três anos;
razão da prestação de serviços na área de saúde IV – na hipótese prevista no art. 10-A, per-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

sem a prévia celebração de contrato, convênio da da função pública, suspensão dos direitos
ou instrumento congênere, nos termos do pa- políticos de 5 (cinco) a 8 (oito) anos e multa
rágrafo único do art. 24 da Lei no 8.080, de 19 civil de até 3 (três) vezes o valor do benefício
de setembro de 1990. financeiro ou tributário concedido.
Parágrafo único.  Na fixação das penas pre-
vistas nesta Lei o juiz levará em conta a exten-
CAPÍTULO III – Das Penas são do dano causado, assim como o proveito
patrimonial obtido pelo agente.
Art. 12.  Independentemente das sanções pe-
nais, civis e administrativas previstas na legis-
lação específica, está o responsável pelo ato de CAPÍTULO IV – Da Declaração de Bens
improbidade sujeito às seguintes cominações,
que podem ser aplicadas isolada ou cumulati- Art. 13.  A posse e o exercício de agente pú-
vamente, de acordo com a gravidade do fato: blico ficam condicionados à apresentação de
66 declaração dos bens e valores que compõem o
seu patrimônio privado, a fim de ser arquivada servidores federais, será processada na forma
no serviço de pessoal competente. prevista nos arts. 148 a 182 da Lei no 8.112, de
§ 1o  A declaração compreenderá imóveis, 11 de dezembro de 1990 e, em se tratando de
móveis, semoventes, dinheiro, títulos, ações, e servidor militar, de acordo com os respectivos
qualquer outra espécie de bens e valores patri- regulamentos disciplinares.
moniais, localizado no País ou no exterior, e,
quando for o caso, abrangerá os bens e valores Art. 15.  A comissão processante dará conhe-
patrimoniais do cônjuge ou companheiro, dos cimento ao Ministério Público e ao Tribunal ou
filhos e de outras pessoas que vivam sob a de- Conselho de Contas da existência de procedi-
pendência econômica do declarante, excluídos mento administrativo para apurar a prática de
apenas os objetos e utensílios de uso doméstico. ato de improbidade.
§ 2o  A declaração de bens será anualmente Parágrafo único.  O Ministério Público ou
atualizada e na data em que o agente público Tribunal ou Conselho de Contas poderá, a re-
deixar o exercício do mandato, cargo, emprego querimento, designar representante para acom-
ou função. panhar o procedimento administrativo.
§ 3o  Será punido com a pena de demissão, a
bem do serviço público, sem prejuízo de outras Art. 16.  Havendo fundados indícios de respon-
sanções cabíveis, o agente público que se recusar sabilidade, a comissão representará ao Minis-
a prestar declaração dos bens, dentro do prazo tério Público ou à procuradoria do órgão para
determinado, ou que a prestar falsa. que requeira ao juízo competente a decretação
§ 4o  O declarante, a seu critério, poderá do sequestro dos bens do agente ou terceiro que
entregar cópia da declaração anual de bens tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano
apresentada à Delegacia da Receita Federal na ao patrimônio público.
conformidade da legislação do Imposto sobre a § 1o  O pedido de sequestro será processado
Renda e proventos de qualquer natureza, com as de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825
necessárias atualizações, para suprir a exigência do Código de Processo Civil.
contida no caput e no § 2o deste artigo. § 2o  Quando for o caso, o pedido incluirá
a investigação, o exame e o bloqueio de bens,
contas bancárias e aplicações financeiras man-
CAPÍTULO V – Do Procedimento tidas pelo indiciado no exterior, nos termos da
Administrativo e do Processo Judicial lei e dos tratados internacionais.

Art. 14.  Qualquer pessoa poderá representar à Art. 17.  A ação principal, que terá o rito or-
autoridade administrativa competente para que dinário, será proposta pelo Ministério Público
seja instaurada investigação destinada a apurar ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de
a prática de ato de improbidade. trinta dias da efetivação da medida cautelar.
§ 1o  A representação, que será escrita ou § 1o  As ações de que trata este artigo admi-
reduzida a termo e assinada, conterá a qualifi- tem a celebração de acordo de não persecução
cação do representante, as informações sobre cível, nos termos desta Lei.
o fato e sua autoria e a indicação das provas de § 2o  A Fazenda Pública, quando for o caso,
que tenha conhecimento. promoverá as ações necessárias à complemen-
§ 2o  A autoridade administrativa rejeitará a tação do ressarcimento do patrimônio público.
representação, em despacho fundamentado, se § 3o  No caso de a ação principal ter sido
esta não contiver as formalidades estabelecidas proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no
Normas correlatas

no § 1o deste artigo. A rejeição não impede a que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei
representação ao Ministério Público, nos termos no 4.717, de 29 de junho de 1965.
do art. 22 desta Lei. § 4o  O Ministério Público, se não intervier
§ 3o  Atendidos os requisitos da represen- no processo como parte, atuará obrigatoria-
tação, a autoridade determinará a imediata mente, como fiscal da lei, sob pena de nulidade.
apuração dos fatos que, em se tratando de 67
§ 5o  A propositura da ação prevenirá a ju- pagamento ou a reversão dos bens, conforme
risdição do juízo para todas as ações posterior- o caso, em favor da pessoa jurídica prejudicada
mente intentadas que possuam a mesma causa pelo ilícito.
de pedir ou o mesmo objeto.
§ 6o  A ação será instruída com documentos
ou justificação que contenham indícios sufi- CAPÍTULO VI – Das Disposições Penais
cientes da existência do ato de improbidade ou
com razões fundamentadas da impossibilidade Art. 19.  Constitui crime a representação por
de apresentação de qualquer dessas provas, ob- ato de improbidade contra agente público ou
servada a legislação vigente, inclusive as dispo- terceiro beneficiário, quando o autor da denún-
sições inscritas nos arts. 16 a 18 do Código de cia o sabe inocente.
Processo Civil. Pena: detenção de seis a dez meses e multa.
§ 7o  Estando a inicial em devida forma, o juiz Parágrafo único.  Além da sanção penal, o de-
mandará autuá-la e ordenará a notificação do nunciante está sujeito a indenizar o denunciado
requerido, para oferecer manifestação por es- pelos danos materiais, morais ou à imagem que
crito, que poderá ser instruída com documentos houver provocado.
e justificações, dentro do prazo de quinze dias.
§ 8o  Recebida a manifestação, o juiz, no pra- Art. 20.  A perda da função pública e a suspen-
zo de trinta dias, em decisão fundamentada, são dos direitos políticos só se efetivam com o
rejeitará a ação, se convencido da inexistência trânsito em julgado da sentença condenatória.
do ato de improbidade, da improcedência da Parágrafo único.  A autoridade judicial ou
ação ou da inadequação da via eleita. administrativa competente poderá determinar
§ 9o  Recebida a petição inicial, será o réu o afastamento do agente público do exercício
citado para apresentar contestação. do cargo, emprego ou função, sem prejuízo da
§ 10.  Da decisão que receber a petição ini- remuneração, quando a medida se fizer neces-
cial, caberá agravo de instrumento. sária à instrução processual.
§ 10-A. Havendo a possibilidade de solução
consensual, poderão as partes requerer ao juiz Art. 21.  A aplicação das sanções previstas nesta
a interrupção do prazo para a contestação, por Lei independe:
prazo não superior a 90 (noventa) dias. I – da efetiva ocorrência de dano ao patri-
§ 11.  Em qualquer fase do processo, reco- mônio público, salvo quanto à pena de ressar-
nhecida a inadequação da ação de improbidade, cimento;
o juiz extinguirá o processo sem julgamento II – da aprovação ou rejeição das contas pelo
do mérito. órgão de controle interno ou pelo Tribunal ou
§ 12.  Aplica-se aos depoimentos ou inquiri- Conselho de Contas.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

ções realizadas nos processos regidos por esta


Lei o disposto no art. 221, caput e § 1o, do Código Art. 22.  Para apurar qualquer ilícito previsto
de Processo Penal. nesta Lei, o Ministério Público, de ofício, a re-
§ 13.  Para os efeitos deste artigo, também querimento de autoridade administrativa ou
se considera pessoa jurídica interessada o ente mediante representação formulada de acordo
tributante que figurar no polo ativo da obriga- com o disposto no art. 14, poderá requisitar a
ção tributária de que tratam o § 4o do art. 3o e instauração de inquérito policial ou procedi-
o art. 8o-A da Lei Complementar no 116, de 31 mento administrativo.
de julho de 2003.

Art. 17-A. (Vetado) CAPÍTULO VII – Da Prescrição

Art. 18.  A sentença que julgar procedente ação Art. 23.  As ações destinadas a levar a efeito as
civil de reparação de dano ou decretar a perda sanções previstas nesta Lei podem ser propostas:
68 dos bens havidos ilicitamente determinará o
I – até cinco anos após o término do exer- CAPÍTULO VIII – Das Disposições Finais
cício de mandato, de cargo em comissão ou de
função de confiança; Art. 24.  Esta Lei entra em vigor na data de
II – dentro do prazo prescricional previsto em sua publicação.
lei específica para faltas disciplinares puníveis
com demissão a bem do serviço público, nos Art. 25.  Ficam revogadas as Leis nos 3.164, de
casos de exercício de cargo efetivo ou emprego; 1o de junho de 1957, e 3.502, de 21 de dezembro
III – até cinco anos da data da apresentação de 1958 e demais disposições em contrário.
à administração pública da prestação de con-
tas final pelas entidades referidas no parágrafo Rio de Janeiro, 2 de junho de 1992; 171o da
único do art. 1o desta Lei. Independência e 104o da República.

FERNANDO COLLOR

Promulgada em 2/6/1992 e publicada no DOU de


3/6/1992.

Normas correlatas

69
Lei no 7.106/1983
Define os crimes de responsabilidade do Governador do Distrito Federal, dos Governadores dos
Territórios Federais e de seus respectivos Secretários, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA de qualquer função política, sem prejuízo da


ação da justiça comum.
Faço saber que o Congresso Nacional decreta
e eu sanciono a seguinte Lei: Art. 5o  O Governador do Distrito Federal e
os Secretários do Governo, nos crimes conexos
Art. 1o  São crimes de responsabilidade do Go- com os daquele, responderão, até 2 (dois) anos
vernador do Distrito Federal ou de seus Secre- após haverem deixado o cargo, pelos atos que,
tários, quando por eles praticados, os definidos consumados ou tentados, a lei considere crime
na Lei no 1.079, de 10 de abril de 1950, ou ainda de responsabilidade praticados no exercício da
quando simplesmente tentados. função pública.
§ 1o  Aplica-se o disposto neste artigo aos
Art. 2o  É facultado a qualquer cidadão denun- dirigentes de autarquias, órgãos e entidades do
ciar o Governador ou Secretário do Governo complexo administrativo do Distrito Federal.
do Distrito Federal perante o Senado Federal. § 2o  Na hipótese do parágrafo anterior, a
denúncia, a acusação e o julgamento se farão
Art. 3o  Recebida pelo Presidente do Senado de acordo com a norma do processo adminis-
Federal, a denúncia, devidamente acompanhada trativo, pelo órgão competente.
dos elementos que a comprovem, ou da decla-
ração de impossibilidade de apresentá-los, mas Art. 6o  As disposições da presente Lei apli-
com a indicação do local em que possam ser cam-se aos Governadores e Secretários dos
encontrados, será remetida à Comissão de Cons- Territórios Federais.
tituição e Justiça e às que devam examinar-lhe
o mérito, depois do que o Senado Federal, por Art. 7o  Esta Lei entra em vigor na data de sua
maioria absoluta, poderá decretar a procedên- publicação.
cia da acusação e a consequente suspensão do
Governador de suas funções. Art. 8o  Revogam-se as disposições em con-
trário.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Art. 4o  Declarada a procedência da acusação e


suspensão do Governador, a Comissão Especial, Brasília, em 28 de junho de 1983; 162o da In-
constituída por 5 (cinco) Senadores e 5 (cinco) dependência e 95o da República.
Desembargadores do Tribunal de Justiça, pre-
sidida pelo Presidente do Tribunal de Justiça JOÃO FIGUEIREDO
do Distrito Federal, no prazo improrrogável de
90 (noventa) dias, concluirá pela condenação, Promulgada em 28/6/1983 e publicada no DOU de
ou não, do Governador à perda do cargo, com 29/6/1983.
inabilitação até 5 (cinco) anos para o exercício

70
Lei no 4.320/1964
Estatui Normas Gerais de Direito Financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

Faço saber que o Congresso Nacional decreta Art. 3o  A Lei de Orçamento compreenderá
e eu sanciono a seguinte Lei: todas as receitas, inclusive as de operações de
crédito autorizadas em lei.
Parágrafo único.  Não se consideram para
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR os fins deste artigo as operações de crédito por
antecipação da receita, as emissões de papel-
Art. 1o  Esta Lei estatui normas gerais de di- -moeda e outras entradas compensatórias no
reito financeiro para elaboração e controle dos ativo e passivo financeiros.
orçamentos e balanços da União, dos Estados,
dos Municípios e do Distrito Federal, de acordo Art. 4o  A Lei de Orçamento compreenderá to-
com o disposto no art. 5o, inciso XV, letra “b”, das as despesas próprias dos órgãos do Governo
da Constituição Federal. e da administração centralizada, ou que, por
intermédio deles se devam realizar, observado
o disposto no artigo 2o.
TÍTULO I – Da Lei de Orçamento
CAPÍTULO I – Disposições Gerais Art. 5o  A Lei de Orçamento não consignará
dotações globais destinadas a atender indife-
Art. 2o  A Lei do Orçamento conterá a discrimi- rentemente a despesas de pessoal, material, ser-
nação da receita e despesa de forma a evidenciar viços de terceiros, transferências ou quaisquer
a política econômica financeira e o programa de outras, ressalvado o disposto no artigo 20 e seu
trabalho do Governo, obedecidos os princípios parágrafo único.
de unidade, universalidade e anualidade.
§ 1o  Integrarão a Lei de Orçamento: Art. 6o  Todas as receitas e despesas constarão
I – Sumário geral da receita por fontes e da da Lei de Orçamento pelos seus totais, vedadas
despesa por funções do Governo; quaisquer deduções.
II – Quadro demonstrativo da Receita e Des- § 1o  As cotas de receitas que uma entidade
pesa segundo as Categorias Econômicas, na pública deva transferir a outra incluir-se-ão,
forma do Anexo no 1; como despesa, no orçamento da entidade obri-
III – Quadro discriminativo da receita por gada à transferência e, como receita, no orça-
fontes e respectiva legislação; mento da que as deva receber.
IV – Quadro das dotações por órgãos do § 2o  Para cumprimento do disposto no pa-
Governo e da administração. rágrafo anterior, o cálculo das cotas terá por
§ 2o  Acompanharão a Lei de Orçamento: base os dados apurados no balanço do exercício
I – Quadros demonstrativos da receita e pla- anterior àquele em que se elaborar a proposta
nos de aplicação dos fundos especiais; orçamentária do Governo obrigado à trans-
II – Quadros demonstrativos da despesa, na ferência.
Normas correlatas

forma dos Anexos nos 6 a 9;


III – Quadro demonstrativo do programa Art. 7o  A Lei de Orçamento poderá conter
anual de trabalho do Governo, em termos de autorização ao Executivo para:
realização de obras e de prestação de serviços. I – abrir créditos suplementares até deter-
minada importância obedecidas as disposições
do artigo 43; 71
II – realizar em qualquer mês do exercício § 1o  São Receitas Correntes as receitas tribu-
financeiro, operações de crédito por antecipação tária, de contribuições, patrimonial, agropecuá-
da receita, para atender a insuficiências de caixa. ria, industrial, de serviços e outras e, ainda, as
§ 1o  Em casos de deficit, a Lei de Orçamento provenientes de recursos financeiros recebidos
indicará as fontes de recursos que o Poder Exe- de outras pessoas de direito público ou privado,
cutivo fica autorizado a utilizar para atender à quando destinadas a atender despesas classifi-
sua cobertura. cáveis em Despesas Correntes.
§ 2o  O produto estimado de operações de § 2o  São Receitas de Capital as provenientes
crédito e de alienação de bens imóveis somente da realização de recursos financeiros oriundos
se incluirá na receita quando umas e outras de constituição de dívidas; da conversão, em
forem especificamente autorizadas pelo Poder espécie, de bens e direitos; os recursos recebidos
Legislativo em forma que juridicamente possibi- de outras pessoas de direito público ou privado,
lite ao Poder Executivo realizá-las no exercício. destinados a atender despesas classificáveis em
§ 3o  A autorização legislativa a que se refere Despesas de Capital e, ainda, o superavit do
o parágrafo anterior, no tocante a operações Orçamento Corrente.
de crédito, poderá constar da própria Lei de § 3o O superavit do Orçamento Corrente re-
Orçamento. sultante do balanceamento dos totais das receitas
e despesas correntes, apurado na demonstração
Art. 8o  A discriminação da receita geral e da a que se refere o Anexo no 1, não constituirá
despesa de cada órgão do Governo ou unidade item de receita orçamentária.
administrativa, a que se refere o artigo 2o, § 1o, § 4o  A classificação da receita obedecerá ao
incisos III e IV obedecerá à forma do Anexo no 2. seguinte esquema:
§ 1o  Os itens da discriminação da receita e
da despesa, mencionados nos artigos 11, § 4o, e RECEITAS CORRENTES
13, serão identificados por números de código RECEITA TRIBUTÁRIA
decimal, na forma dos Anexos nos 3 e 4. Impostos
§ 2o  Completarão os números do código de- Taxas
cimal referido no parágrafo anterior os algaris- Contribuições de Melhoria
mos caracterizadores da classificação funcional RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES
da despesa, conforme estabelece o Anexo no 5. RECEITA PATRIMONIAL
§ 3o  O código geral estabelecido nesta Lei RECEITA AGROPECUÁRIA
não prejudicará a adoção de códigos locais. RECEITA INDUSTRIAL
RECEITA DE SERVIÇOS
TRANSFERÊNCIAS CORRENTES
CAPÍTULO II – Da Receita OUTRAS RECEITAS CORRENTES
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Art. 9o  Tributo é a receita derivada instituída RECEITAS DE CAPITAL


pelas entidades de direito público, compreen- Operações de Crédito
dendo os impostos, as taxas e contribuições nos Alienação de Bens
termos da Constituição e das leis vigentes em Amortização de Empréstimos
matéria financeira, destinando-se o seu produto Transferências de Capital
ao custeio de atividades gerais ou específicas Outras Receitas de Capital
exercidas por essas entidades.

Art. 10. (Vetado) CAPÍTULO III – Da Despesa

Art. 11.  A receita classificar-se-á nas seguintes Art. 12.  A despesa será classificada nas seguin-
categorias econômicas: Receitas Correntes e tes categorias econômicas:
Receitas de Capital.
72 DESPESAS CORRENTES
Despesas de Custeio § 6o  São Transferências de Capital as do-
Transferências Correntes tações para investimentos ou inversões finan-
ceiras que outras pessoas de direito público ou
DESPESAS DE CAPITAL privado devam realizar, independentemente
Investimentos de contraprestação direta em bens ou serviços,
Inversões Financeiras constituindo essas transferências auxílios ou
Transferências de Capital contribuições, segundo derivem diretamente
§ 1o  Classificam-se como Despesas de Cus- da Lei de Orçamento ou de lei especial anterior,
teio as dotações para manutenção de serviços bem como as dotações para amortização da
anteriormente criados, inclusive as destinadas dívida pública.
a atender a obras de conservação e adaptação
de bens imóveis. Art. 13.  Observadas as categorias econômicas
§ 2o  Classificam-se como Transferências do art. 12, a discriminação ou especificação
Correntes as dotações para despesas às quais da despesa por elementos, em cada unidade
não corresponda contraprestação direta em bens administrativa ou órgão de governo, obedecerá
ou serviços, inclusive para contribuições e sub- ao seguinte esquema:
venções destinadas a atender à manutenção de
outras entidades de direito público ou privado. DESPESAS CORRENTES
§ 3o  Consideram-se subvenções, para os
efeitos desta Lei, as transferências destinadas Despesas de Custeio
a cobrir despesas de custeio das entidades be- Pessoal Civil
neficiadas, distinguindo-se como: Pessoal Militar
I – subvenções sociais, as que se destinem Material de Consumo
a instituições públicas ou privadas de caráter Serviços de Terceiros
assistencial ou cultural, sem finalidade lucrativa; Encargos Diversos
II – subvenções econômicas, as que se desti-
nem a empresas públicas ou privadas de caráter Transferências Correntes
industrial, comercial, agrícola ou pastoril. Subvenções Sociais
§ 4o  Classificam-se como Investimentos as Subvenções Econômicas
dotações para o planejamento e a execução de Inativos
obras, inclusive as destinadas à aquisição de Pensionistas
imóveis considerados necessários à realização Salário Família e Abono Familiar
destas últimas, bem como para os programas Juros da Dívida Pública
especiais de trabalho, aquisição de instalações, Contribuições de Previdência Social
equipamentos e material permanente e consti- Diversas Transferências Correntes
tuição ou aumento do capital de empresas que
não sejam de caráter comercial ou financeiro. DESPESAS DE CAPITAL
§ 5o  Classificam-se como Inversões Finan-
ceiras as dotações destinadas a: Investimentos
I – aquisição de imóveis, ou de bens de capital Obras Públicas
já em utilização; Serviços em Regime de Programação Es-
II – aquisição de títulos representativos do pecial
capital de empresas ou entidades de qualquer Equipamentos e Instalações
espécie, já constituídas, quando a operação não Material Permanente
Normas correlatas

importe aumento do capital; Participação em Constituição ou Aumento


III – constituição ou aumento do capital de de Capital de Empresas ou Entidades Industriais
entidades ou empresas que visem a objetivos ou Agrícolas
comerciais ou financeiros, inclusive operações
bancárias ou de seguros. Inversões Financeiras
Aquisição de Imóveis 73
Participação em Constituição ou Aumento de Parágrafo único.  O valor das subvenções,
Capital de Empresas ou Entidades Comerciais sempre que possível, será calculado com base
ou Financeiras em unidades de serviços efetivamente presta-
Aquisição de Títulos Representativos de Ca- dos ou postos à disposição dos interessados
pital de Empresa em Funcionamento obedecidos os padrões mínimos de eficiência
Constituição de Fundos Rotativos previamente fixados.
Concessão de Empréstimos
Diversas Inversões Financeiras Art. 17.  Somente à instituição cujas condições
de funcionamento forem julgadas satisfatórias
Transferências de Capital pelos órgãos oficiais de fiscalização serão con-
Amortização da Dívida Pública cedidas subvenções.
Auxílios para Obras Públicas
Auxílios para Equipamentos e Instalações II) Das Subvenções Econômicas
Auxílios para Inversões Financeiras
Outras Contribuições Art. 18.  A cobertura dos deficit de manutenção
das empresas públicas, de natureza autárquica
Art. 14.  Constitui unidade orçamentária o ou não, far-se-á mediante subvenções econô-
agrupamento de serviços subordinados ao mes- micas expressamente incluídas nas despesas
mo órgão ou repartição a que serão consignadas correntes do orçamento da União, do Estado,
dotações próprias. do Município ou do Distrito Federal.
Parágrafo único.  Em casos excepcionais, Parágrafo único.  Consideram-se, igualmente,
serão consignadas dotações a unidades admi- como subvenções econômicas:
nistrativas subordinadas ao mesmo órgão. a)  as dotações destinadas a cobrir a diferen-
ça entre os preços de mercado e os preços de
Art. 15.  Na Lei de Orçamento a discriminação revenda, pelo Governo, de gêneros alimentícios
da despesa far-se-á no mínimo por elementos. ou outros materiais;
§ 1o  Entende-se por elementos o desdo- b)  as dotações destinadas ao pagamento
bramento da despesa com pessoal, material, de bonificações a produtores de determinados
serviços, obras e outros meios de que se serve gêneros ou materiais.
a administração pública para consecução dos
seus fins. Art. 19.  A Lei de Orçamento não consignará
§ 2o  Para efeito de classificação da despesa, ajuda financeira, a qualquer título, a empresa
considera-se material permanente o de duração de fins lucrativos, salvo quando se tratar de
superior a dois anos. subvenções cuja concessão tenha sido expres-
samente autorizada em lei especial.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

SEÇÃO I – Das Despesas Correntes


SUBSEÇÃO ÚNICA – Das Transferências SEÇÃO II – Das Despesas de Capital
Correntes SUBSEÇÃO PRIMEIRA – Dos
Investimentos
I) Das Subvenções Sociais
Art. 20.  Os investimentos serão discriminados
Art. 16.  Fundamentalmente e nos limites das na Lei de Orçamento segundo os projetos de
possibilidades financeiras, a concessão de sub- obras e de outras aplicações.
venções sociais visará a prestação de serviços Parágrafo único.  Os programas especiais
essenciais de assistência social, médica e educa- de trabalho que, por sua natureza, não possam
cional, sempre que a suplementação de recursos cumprir-se subordinadamente às normas gerais
de origem privada aplicados a esses objetivos, de execução da despesa poderão ser custeadas
revelar-se mais econômica. por dotações globais, classificadas entre as Des-
74 pesas de Capital.
SUBSEÇÃO SEGUNDA – Das estimativa do custo das obras a realizar e dos
Transferências de Capital serviços a prestar, acompanhadas de justificação
econômica, financeira, social e administrativa.
Art. 21.  A Lei de Orçamento não consignará Parágrafo único.  Constará da proposta or-
auxílio para investimentos que se devam incor- çamentária, para cada unidade administrativa,
porar ao patrimônio das empresas privadas de descrição sucinta de suas principais finalidades,
fins lucrativos. com indicação da respectiva legislação.
Parágrafo único.  O disposto neste artigo
aplica-se às transferências de capital à conta
de fundos especiais ou dotações sob regime CAPÍTULO II – Da Elaboração da Proposta
excepcional de aplicação. Orçamentária
SEÇÃO PRIMEIRA – Das Previsões
Plurienais
TÍTULO II – Da Proposta Orçamentária
CAPÍTULO I – Conteúdo e Forma da Art. 23.  As receitas e despesas de capital serão
Proposta Orçamentária objeto de um Quadro de Recursos e de Aplica-
ção de Capital, aprovado por decreto do Poder
Art. 22.  A proposta orçamentária, que o Poder Executivo, abrangendo, no mínimo um triênio.
Executivo encaminhará ao Poder Legislativo nos Parágrafo único.  O Quadro de Recursos e de
prazos estabelecidos nas Constituições e nas Aplicação de Capital será anualmente reajustado
Leis Orgânicas dos Municípios, compor-se-á de: acrescentando-se-lhe as previsões de mais um
I – Mensagem, que conterá: exposição cir- ano, de modo a assegurar a projeção contínua
cunstanciada da situação econômico-financeira, dos períodos.
documentada com demonstração da dívida
fundada e flutuante, saldos de créditos especiais, Art. 24.  O Quadro de Recursos e de Aplicação
restos a pagar e outros compromissos financei- de Capital abrangerá:
ros exigíveis; exposição e justificação da política I – as despesas e, como couber, também as
econômico-financeira do Governo; justificação receitas previstas em planos especiais aprova-
da receita e despesa, particularmente no tocante dos em lei e destinados a atender a regiões ou
ao orçamento de capital; a setores da administração ou da economia;
II – Projeto de Lei de Orçamento; II – as despesas à conta de fundos especiais
III – Tabelas explicativas, das quais, além das e, como couber, as receitas que os constituam;
estimativas de receita e despesa, constarão, em III – em anexos, as despesas de capital das
colunas distintas e para fins de comparação: entidades referidas no Título X desta Lei, com
a)  a receita arrecadada nos três últimos exer- indicação das respectivas receitas, para as quais
cícios anteriores àquele em que se elaborou a forem previstas transferências de capital.
proposta;
b)  a receita prevista para o exercício em que Art. 25.  Os programas constantes do Quadro
se elabora a proposta; de Recursos e de Aplicação de Capital sempre
c)  a receita prevista para o exercício a que que possível serão correlacionados a metas ob-
se refere a proposta; jetivas em termos de realização de obras e de
d)  a despesa realizada no exercício imedia- prestação de serviços.
tamente anterior; Parágrafo único.  Consideram-se metas os
e)  a despesa fixada para o exercício em que resultados que se pretendem obter com a rea-
Normas correlatas

se elabora a proposta; e lização de cada programa.


f)  a despesa prevista para o exercício a que
se refere a proposta; Art. 26.  A proposta orçamentária conterá o
IV – especificação dos programas especiais programa anual atualizado dos investimentos,
de trabalho custeados por dotações globais, inversões financeiras e transferências previs-
em termos de metas visadas, decompostas em 75
tos no Quadro de Recursos e de Aplicação de TÍTULO III – Da Elaboração da Lei de
Capital. Orçamento

Art. 32.  Se não receber a proposta orçamen-


SEÇÃO SEGUNDA – Das Previsões Anuais tária no prazo fixado nas Constituições ou nas
Leis Orgânicas dos Municípios, o Poder Le-
Art. 27.  As propostas parciais de orçamento gislativo considerará como proposta a Lei de
guardarão estrita conformidade com a política Orçamento vigente.
econômico-financeira, o programa anual de
trabalho do Governo e, quando fixado, o limite Art. 33.  Não se admitirão emendas ao projeto
global máximo para o orçamento de cada uni- de Lei de Orçamento que visem a:
dade administrativa. a)  alterar a dotação solicitada para despesa
de custeio, salvo quando provada, nesse ponto,
Art. 28.  As propostas parciais das unidades a inexatidão da proposta;
administrativas, organizadas em formulário b)  conceder dotação para o início de obra
próprio, serão acompanhadas de: cujo projeto não esteja aprovado pelos órgãos
I – tabelas explicativas da despesa, sob a for- competentes;
ma estabelecida no artigo 22, inciso III, letras c)  conceder dotação para instalação ou fun-
“d”, “e” e “f ”; cionamento de serviço que não esteja anterior-
II – justificação pormenorizada de cada do- mente criado;
tação solicitada, com a indicação dos atos de d)  conceder dotação superior aos quanti-
aprovação de projetos e orçamentos de obras tativos previamente fixados em resolução do
públicas, para cujo início ou prosseguimento Poder Legislativo para concessão de auxílios
ela se destina. e subvenções.

Art. 29.  Caberá aos órgãos de contabilidade ou


de arrecadação organizar demonstrações men- TÍTULO IV – Do Exercício Financeiro
sais da receita arrecadada, segundo as rubricas,
para servirem de base à estimativa da receita, Art. 34.  O exercício financeiro coincidirá com
na proposta orçamentária. o ano civil.
Parágrafo único.  Quando houver órgão cen-
tral de orçamento, essas demonstrações ser-lhe- Art. 35.  Pertencem ao exercício financeiro:
-ão remetidas mensalmente. I – as receitas nele arrecadadas;
II – as despesas nele legalmente empenhadas.
Art. 30.  A estimativa da receita terá por base as
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

demonstrações a que se refere o artigo anterior, Art. 36.  Consideram-se Restos a Pagar as des-
a arrecadação dos três últimos exercícios, pelo pesas empenhadas mas não pagas até o dia 31
menos, bem como as circunstâncias de ordem de dezembro distinguindo-se as processadas
conjuntural e outras, que possam afetar a pro- das não processadas.
dutividade de cada fonte de receita. Parágrafo único.  Os empenhos que correm
à conta de créditos com vigência plurienal, que
Art. 31.  As propostas orçamentárias parciais não tenham sido liquidados, só serão compu-
serão revistas e coordenadas na proposta geral, tados como Restos a Pagar no último ano de
considerando-se a receita estimada e as novas vigência do crédito.
circunstâncias.
Art. 37.  As despesas de exercícios encerrados,
para as quais o orçamento respectivo consigna-
va crédito próprio, com saldo suficiente para
atendê-las, que não se tenham processado na
76 época própria, bem como os Restos a Pagar com
prescrição interrompida e os compromissos § 4o  A receita da Dívida Ativa abrange os
reconhecidos após o encerramento do exercício créditos mencionados nos parágrafos anteriores,
correspondente poderão ser pagos à conta de bem como os valores correspondentes à res-
dotação específica consignada no orçamento, pectiva atualização monetária, à multa e juros
discriminada por elementos, obedecida, sempre de mora e ao encargo de que tratam o art. 1o
que possível, a ordem cronológica. do Decreto-lei no 1.025, de 21 de outubro de
1969, e o art. 3o do Decreto-lei no 1.645, de 11
Art. 38.  Reverte à dotação a importância de de dezembro de 1978.
despesa anulada no exercício; quando a anulação § 5o  A Dívida Ativa da União será apurada e
ocorrer após o encerramento deste considerar- inscrita na Procuradoria da Fazenda Nacional.
-se-á receita do ano em que se efetivar.

Art. 39.  Os créditos da Fazenda Pública, de TÍTULO V – Dos Créditos Adicionais


natureza tributária ou não tributária, serão es-
criturados como receita do exercício em que Art. 40.  São créditos adicionais as autorizações
forem arrecadados, nas respectivas rubricas de despesas não computadas ou insuficiente-
orçamentárias. mente dotadas na Lei de Orçamento.
§ 1o  Os créditos de que trata este artigo, exi-
gíveis pelo transcurso do prazo para pagamento, Art. 41.  Os créditos adicionais classificam-se
serão inscritos, na forma da legislação própria, em:
como Dívida Ativa, em registro próprio, após I – suplementares, os destinados a reforço
apurada a sua liquidez e certeza, e a respectiva de dotação orçamentária;
receita será escriturada a esse título. II – especiais, os destinados a despesas para as
§ 2o  Dívida Ativa Tributária é o crédito da quais não haja dotação orçamentária específica;
Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de III – extraordinários, os destinados a despe-
obrigação legal relativa a tributos e respectivos sas urgentes e imprevistas, em caso de guerra,
adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributá- comoção intestina ou calamidade pública.
ria são os demais créditos da Fazenda Pública,
tais como os provenientes de empréstimos com- Art. 42.  Os créditos suplementares e especiais
pulsórios, contribuições estabelecidas em lei, serão autorizados por lei e abertos por decreto
multa de qualquer origem ou natureza, exceto executivo.
as tributárias, foros, laudêmios, alugueis ou taxas
de ocupação, custas processuais, preços de ser- Art. 43.  A abertura dos créditos suplementares
viços prestados por estabelecimentos públicos, e especiais depende da existência de recursos
indenizações, reposições, restituições, alcances disponíveis para ocorrer à despesa e será pre-
dos responsáveis definitivamente julgados, bem cedida de exposição justificativa.
assim os créditos decorrentes de obrigações em § 1o  Consideram-se recursos para o fim
moeda estrangeira, de sub-rogação de hipoteca, deste artigo, desde que não comprometidos:
fiança, aval ou outra garantia, de contratos em I – o superavit financeiro apurado em balanço
geral ou de outras obrigações legais. patrimonial do exercício anterior;
§ 3o  O valor do crédito da Fazenda Na- II – os provenientes de excesso de arreca-
cional em moeda estrangeira será convertido dação;
ao correspondente valor na moeda nacional III – os resultantes de anulação parcial ou
à taxa cambial oficial, para compra, na data total de dotações orçamentárias ou de créditos
Normas correlatas

da notificação ou intimação do devedor, pela adicionais, autorizados em lei;


autoridade administrativa, ou, à sua falta, na IV – o produto de operações de crédito auto-
data da inscrição da Dívida Ativa, incidindo, a rizadas, em forma que juridicamente possibilite
partir da conversão, a atualização monetária e ao Poder Executivo realizá-las.
os juros de mora, de acordo com preceitos legais § 2o  Entende-se por superavit financeiro a
pertinentes aos débitos tributários. diferença positiva entre o ativo financeiro e o 77
passivo financeiro, conjugando-se, ainda, os levará em conta os créditos adicionais e as ope-
saldos dos créditos adicionais transferidos e as rações extraorçamentárias.
operações de crédito a eles vinculadas.
§ 3o  Entende-se por excesso de arrecadação, Art. 50.  As cotas trimestrais poderão ser alte-
para os fins deste artigo, o saldo positivo das radas durante o exercício, observados o limite
diferenças acumuladas mês a mês, entre a arre- da dotação e o comportamento da execução
cadação prevista e a realizada, considerando-se, orçamentária.
ainda, a tendência do exercício.
§ 4o  Para o fim de apurar os recursos utili-
záveis, provenientes de excesso de arrecadação, CAPÍTULO II – Da Receita
deduzir-se-á a importância dos créditos extraor-
dinários abertos no exercício. Art. 51.  Nenhum tributo será exigido ou au-
mentado sem que a lei o estabeleça, nenhum será
Art. 44.  Os créditos extraordinários serão cobrado em cada exercício sem prévia autoriza-
abertos por decreto do Poder Executivo, que ção orçamentária, ressalvados a tarifa aduaneira
deles dará imediato conhecimento ao Poder e o imposto lançado por motivo de guerra.
Legislativo.
Art. 52.  São objeto de lançamento os impostos
Art. 45.  Os créditos adicionais terão vigência diretos e quaisquer outras rendas com venci-
adstrita ao exercício financeiro em que forem mento determinado em lei, regulamento ou
abertos, salvo expressa disposição legal em con- contrato.
trário, quanto aos especiais e extraordinários.
Art. 53.  O lançamento da receita é ato da re-
Art. 46.  O ato que abrir crédito adicional in- partição competente, que verifica a procedência
dicará a importância, a espécie do mesmo e a do crédito fiscal e a pessoa que lhe é devedora
classificação da despesa, até onde for possível. e inscreve o débito desta.

Art. 54.  Não será admitida a compensação da


TÍTULO VI – Da Execução do Orçamento obrigação de recolher rendas ou receitas com
CAPÍTULO I – Da Programação da Despesa direito creditório contra a Fazenda Pública.

Art. 47.  Imediatamente após a promulgação Art. 55.  Os agentes da arrecadação devem


da Lei de Orçamento e com base nos limites fornecer recibos das importâncias que arre-
nela fixados, o Poder Executivo aprovará um cadarem.
quadro de cotas trimestrais da despesa que cada § 1o  Os recibos devem conter o nome da pes-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

unidade orçamentária fica autorizada a utilizar. soa que paga a soma arrecadada, proveniência
e classificação, bem como a data e assinatura
Art. 48.  A fixação das cotas a que se refere o do agente arrecadador.
artigo anterior atenderá aos seguintes objetivos: § 2o  Os recibos serão fornecidos em uma
a)  assegurar às unidades orçamentárias, em única via.
tempo útil, a soma de recursos necessários e
suficientes a melhor execução do seu programa Art. 56.  O recolhimento de todas as receitas
anual de trabalho; far-se-á em estrita observância ao princípio de
b)  manter, durante o exercício, na medida do unidade de tesouraria, vedada qualquer frag-
possível, o equilíbrio entre a receita arrecadada mentação para criação de caixas especiais.
e a despesa realizada, de modo a reduzir ao
mínimo eventuais insuficiências de tesouraria. Art. 57.  Ressalvado o disposto no parágrafo
único do artigo 3o desta Lei serão classificadas
Art. 49.  A programação da despesa orçamen- como receita orçamentária, sob as rubricas pró-
78 tária, para efeito do disposto no artigo anterior, prias, todas as receitas arrecadadas, inclusive as
provenientes de operações de crédito, ainda que Art. 62.  O pagamento da despesa só será
não previstas no Orçamento. efetuado quando ordenado após sua regular
liquidação.

CAPÍTULO III – Da Despesa Art. 63.  A liquidação da despesa consiste na


verificação do direito adquirido pelo credor
Art. 58.  O empenho de despesa é o ato ema- tendo por base os títulos e documentos com-
nado de autoridade competente que cria para probatórios do respectivo crédito.
o Estado obrigação de pagamento pendente ou § 1o  Essa verificação tem por fim apurar:
não de implemento de condição. I – a origem e o objeto do que se deve pagar;
II – a importância exata a pagar;
Art. 59.  O empenho da despesa não poderá III – a quem se deve pagar a importância,
exceder o limite dos créditos concedidos. para extinguir a obrigação.
§ 1o  Ressalvado o disposto no art. 67 da § 2o  A liquidação da despesa por forneci-
Constituição Federal, é vedado aos Municí- mentos feitos ou serviços prestados terá por
pios empenhar, no último mês do mandato do base:
Prefeito, mais do que o duodécimo da despesa I – o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
prevista no orçamento vigente. II – a nota de empenho;
§ 2o  Fica, também, vedado aos Municípios, III – os comprovantes da entrega do material
no mesmo período, assumir, por qualquer for- ou da prestação efetiva do serviço.
ma, compromissos financeiros para execução
depois do término do mandato do Prefeito. Art. 64.  A ordem de pagamento é o despacho
§ 3o  As disposições dos parágrafos anterio- exarado por autoridade competente, determi-
res não se aplicam nos casos comprovados de nando que a despesa seja paga.
calamidade pública. Parágrafo único.  A ordem de pagamento só
§ 4o  Reputam-se nulos e de nenhum efeito os poderá ser exarada em documentos processados
empenhos e atos praticados em desacordo com pelos serviços de contabilidade.
o disposto nos parágrafos 1o e 2o deste artigo,
sem prejuízo da responsabilidade do Prefeito Art. 65.  O pagamento da despesa será efetua-
nos termos do art. 1o, inciso V, do Decreto-lei do por tesouraria ou pagadoria regularmente
no 201, de 27 de fevereiro de 1967. instituídas por estabelecimentos bancários cre-
denciados e, em casos excepcionais, por meio
Art. 60.  É vedada a realização de despesa sem de adiantamento.
prévio empenho.
§ 1o  Em casos especiais previstos na legis- Art. 66.  As dotações atribuídas às diversas
lação específica será dispensada a emissão da unidades orçamentárias poderão, quando ex-
nota de empenho. pressamente determinado na Lei de Orçamento,
§ 2o  Será feito por estimativa o empenho da ser movimentadas por órgãos centrais de ad-
despesa cujo montante não se possa determinar. ministração geral.
§ 3o  É permitido o empenho global de despe- Parágrafo único.  É permitida a redistribuição
sas contratuais e outras, sujeitas a parcelamento. de parcelas das dotações de pessoal, de uma para
outra unidade orçamentária, quando conside-
Art. 61.  Para cada empenho será extraído um rada indispensável à movimentação de pessoal
documento denominado “nota de empenho” dentro das tabelas ou quadros comuns às unida-
Normas correlatas

que indicará o nome do credor, a especificação e des interessadas, e que se realize em obediência
a importância da despesa, bem como a dedução à legislação específica.
desta do saldo da dotação própria.
Art. 67.  Os pagamentos devidos pela Fazen-
da Pública, em virtude de sentença judiciária,
far-se-ão na ordem de apresentação dos preca- 79
tórios e à conta dos créditos respectivos, sendo TÍTULO VIII – Do Controle da Execução
proibida a designação de casos ou de pessoas nas Orçamentária
dotações orçamentárias e nos créditos adicionais CAPÍTULO I – Disposições Gerais
abertos para esse fim.
Art. 75.  O controle da execução orçamentária
Art. 68.  O regime de adiantamento é aplicável compreenderá:
aos casos de despesas expressamente definidos I – a legalidade dos atos de que resultem a
em lei e consiste na entrega de numerário a ser- arrecadação da receita ou a realização da des-
vidor, sempre precedida de empenho na dotação pesa, o nascimento ou a extinção de direitos e
própria para o fim de realizar despesas, que não obrigações;
possam subordinar-se ao processo normal de II – a fidelidade funcional dos agentes da
aplicação. administração, responsáveis por bens e valores
públicos;
Art. 69.  Não se fará adiantamento a servidor III – o cumprimento do programa de traba-
em alcance nem a responsável por dois adian- lho expresso em termos monetários e em termos
tamentos. de realização de obras e prestação de serviços.

Art. 70.  A aquisição de material, o forneci-


mento e a adjudicação de obras e serviços se- CAPÍTULO II – Do Controle Interno
rão regulados em lei, respeitado o princípio da
concorrência. Art. 76.  O Poder Executivo exercerá os três
tipos de controle a que se refere o artigo 75, sem
prejuízo das atribuições do Tribunal de Contas
TÍTULO VII – Dos Fundos Especiais ou órgão equivalente.

Art. 71.  Constitui fundo especial o produto de Art. 77.  A verificação da legalidade dos atos
receitas especificadas que, por lei, se vinculam de execução orçamentária será prévia, conco-
à realização de determinados objetivos ou ser- mitante e subsequente.
viços, facultada a adoção de normas peculiares
de aplicação. Art. 78.  Além da prestação ou tomada de
contas anual, quando instituída em lei, ou por
Art. 72.  A aplicação das receitas orçamentárias fim de gestão, poderá haver, a qualquer tempo,
vinculadas a fundos especiais far-se-á através levantamento, prestação ou tomada de contas
de dotação consignada na Lei de Orçamento de todos os responsáveis por bens ou valores
ou em créditos adicionais. públicos.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Art. 73.  Salvo determinação em contrário da Art. 79.  Ao órgão incumbido da elaboração


lei que o instituiu, o saldo positivo do fundo da proposta orçamentária ou a outro indicado
especial apurado em balanço será transferido na legislação, caberá o controle estabelecido no
para o exercício seguinte, a crédito do mesmo inciso III do artigo 75.
fundo. Parágrafo único.  Esse controle far-se-á,
quando for o caso, em termos de unidades de
Art. 74.  A lei que instituir fundo especial po- medida, previamente estabelecidas para cada
derá determinar normas peculiares de controle, atividade.
prestação e tomada de contas, sem, de qualquer
modo, elidir a competência específica do Tri- Art. 80.  Compete aos serviços de contabili-
bunal de Contas ou órgão equivalente. dade ou órgãos equivalentes verificar a exata
observância dos limites das cotas trimestrais
atribuídas a cada unidade orçamentária, dentro
80 do sistema que for instituído para esse fim.
CAPÍTULO III – Do Controle Externo Art. 87.  Haverá controle contábil dos direitos e
obrigações oriundos de ajustes ou contratos em
Art. 81.  O controle da execução orçamentária, que a administração pública for parte.
pelo Poder Legislativo, terá por objetivo verificar
a probidade da administração, a guarda e legal Art. 88.  Os débitos e créditos serão escritura-
emprego dos dinheiros públicos e o cumpri- dos com individuação do devedor ou do credor
mento da Lei de Orçamento. e especificação da natureza, importância e data
do vencimento, quando fixada.
Art. 82.  O Poder Executivo, anualmente,
prestará contas ao Poder Legislativo, no prazo Art. 89.  A contabilidade evidenciará os fatos
estabelecido nas Constituições ou nas Leis Or- ligados à administração orçamentária, finan-
gânicas dos Municípios. ceira patrimonial e industrial.
§ 1o  As contas do Poder Executivo serão
submetidas ao Poder Legislativo, com parecer
prévio do Tribunal de Contas ou órgão equi- CAPÍTULO II – Da Contabilidade
valente. Orçamentária e Financeira
§ 2o  Quando, no Município, não houver Tri-
bunal de Contas ou órgão equivalente, a Câmara Art. 90.  A contabilidade deverá evidenciar,
de Vereadores poderá designar peritos conta- em seus registros, o montante dos créditos or-
dores para verificarem as contas do prefeito e çamentários vigentes, a despesa empenhada e a
sobre elas emitirem parecer. despesa realizada, à conta dos mesmos créditos,
e as dotações disponíveis.

TÍTULO IX – Da Contabilidade Art. 91.  O registro contábil da receita e da


CAPÍTULO I – Disposições Gerais despesa far-se-á de acordo com as especificações
constantes da Lei de Orçamento e dos créditos
Art. 83.  A contabilidade evidenciará perante adicionais.
a Fazenda Pública a situação de todos quantos,
de qualquer modo, arrecadem receitas, efetuem Art. 92.  A dívida flutuante compreende:
despesas, administrem ou guardem bens a ela I – os restos a pagar, excluídos os serviços
pertencentes ou confiados. da dívida;
II – os serviços da dívida a pagar;
Art. 84.  Ressalvada a competência do Tribunal III – os depósitos;
de Contas ou órgão equivalente, a tomada de IV – os débitos de tesouraria.
contas dos agentes responsáveis por bens ou Parágrafo único.  O registro dos restos a pagar
dinheiros públicos será realizada ou superin- far-se-á por exercício e por credor distinguindo-
tendida pelos serviços de contabilidade. -se as despesas processadas das não processadas.

Art. 85.  Os serviços de contabilidade serão Art. 93.  Todas as operações de que resultem


organizados de forma a permitirem o acom- débitos e créditos de natureza financeira, não
panhamento da execução orçamentária, o co- compreendidas na execução orçamentária, se-
nhecimento da composição patrimonial, a de- rão também objeto de registro, individuação e
terminação dos custos dos serviços industriais, controle contábil.
o levantamento dos balanços gerais, a análise
Normas correlatas

e a interpretação dos resultados econômicos e


financeiros. CAPÍTULO III – Da Contabilidade
Patrimonial e Industrial
Art. 86.  A escrituração sintética das operações
financeiras e patrimoniais efetuar-se-á pelo mé- Art. 94.  Haverá registros analíticos de todos
todo das partidas dobradas. os bens de caráter permanente, com indica- 81
ção dos elementos necessários para a perfeita quadros demonstrativos constantes dos Anexos
caracterização de cada um deles e dos agentes números 1, 6, 7, 8, 9, 10, 11, 16 e 17.
responsáveis pela sua guarda e administração.
Art. 102.  O Balanço Orçamentário demonstra-
Art. 95.  A contabilidade manterá registros rá as receitas e despesas previstas em confronto
sintéticos dos bens móveis e imóveis. com as realizadas.

Art. 96.  O levantamento geral dos bens móveis Art. 103.  O Balanço Financeiro demonstrará
e imóveis terá por base o inventário analítico de a receita e a despesa orçamentárias bem como
cada unidade administrativa e os elementos da os recebimentos e os pagamentos de natureza
escrituração sintética na contabilidade. extraorçamentária, conjugados com os saldos
em espécie provenientes do exercício anterior, e
Art. 97.  Para fins orçamentários e determina- os que se transferem para o exercício seguinte.
ção dos devedores, far-se-á o registro contábil Parágrafo único.  Os Restos a Pagar do exercí-
das receitas patrimoniais, fiscalizando-se sua cio serão computados na receita extraorçamen-
efetivação. tária para compensar sua inclusão na despesa
orçamentária.
Art. 98.  A dívida fundada compreende os
compromissos de exigibilidade superior a doze Art. 104.  A Demonstração das Variações Pa-
meses, contraídos para atender a desequilíbrio trimoniais evidenciará as alterações verificadas
orçamentário ou a financeiro de obras e serviços no patrimônio, resultantes ou independentes da
públicos. execução orçamentária, e indicará o resultado
Parágrafo único.  A dívida fundada será es- patrimonial do exercício.
criturada com individuação e especificações
que permitam verificar, a qualquer momento, Art. 105.  O Balanço Patrimonial demonstrará:
a posição dos empréstimos, bem como os res- I – o Ativo Financeiro;
pectivos serviços de amortização e juros. II – o Ativo Permanente;
III – o Passivo Financeiro;
Art. 99.  Os serviços públicos industriais, ainda IV – o Passivo Permanente;
que não organizados como empresa pública ou V – o Saldo Patrimonial;
autárquica, manterão contabilidade especial VI – as Contas de Compensação.
para determinação dos custos, ingressos e resul- § 1o  O Ativo Financeiro compreenderá os
tados, sem prejuízo da escrituração patrimonial créditos e valores realizáveis independentemente
e financeira comum. de autorização orçamentária e os valores nu-
merários.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Art. 100.  As alterações da situação líquida § 2o  O Ativo Permanente compreenderá os


patrimonial, que abrangem os resultados da bens, créditos e valores, cuja mobilização ou
execução orçamentária, bem como as varia- alienação dependa de autorização legislativa.
ções independentes dessa execução e as super- § 3o  O Passivo Financeiro compreenderá as
veniências e insubsistências ativas e passivas, dívidas fundadas e outras pagamento independa
constituirão elementos da conta patrimonial. de autorização orçamentária.
§ 4o  O Passivo Permanente compreenderá
as dívidas fundadas e outras que dependam
CAPÍTULO IV – Dos Balanços de autorização legislativa para amortização ou
resgate.
Art. 101.  Os resultados gerais do exercício § 5o  Nas contas de compensação serão regis-
serão demonstrados no Balanço Orçamentário, trados os bens, valores, obrigações e situações
no Balanço Financeiro, no Balanço Patrimonial, não compreendidas nos parágrafos anteriores
na Demonstração das Variações Patrimoniais, e que, mediata ou indiretamente, possam vir a
82 segundo os Anexos números 12, 13, 14 e 15 e os afetar o patrimônio.
Art. 106.  A avaliação dos elementos patrimo- § 1o  Os investimentos ou inversões finan-
niais obedecerá às normas seguintes: ceiros da União, dos Estados, dos Municípios e
I – os débitos e créditos, bem como os títulos do Distrito Federal, realizados por intermédio
de renda, pelo seu valor nominal, feita a con- das entidades aludidas no artigo anterior, serão
versão, quando em moeda estrangeira, à taxa classificados como receita de capital destas e
de câmbio vigente na data do balanço; despesa de transferência de capital daqueles.
II – os bens móveis e imóveis, pelo valor § 2o  As previsões para depreciação serão
de aquisição ou pelo custo de produção ou de computadas para efeito de apuração do saldo
construção; líquido das mencionadas entidades.
III – os bens de almoxarifado, pelo preço
médio ponderado das compras. Art. 109.  Os orçamentos e balanços das enti-
§ 1o  Os valores em espécie, assim como os dades compreendidas no artigo 107 serão pu-
débitos e créditos, quando em moeda estrangei- blicados como complemento dos orçamentos e
ra, deverão figurar ao lado das correspondentes balanços da União, dos Estados, dos Municípios
importâncias em moeda nacional. e do Distrito Federal a que estejam vinculados.
§ 2o  As variações resultantes da conversão
dos débitos, créditos e valores em espécie serão Art. 110.  Os orçamentos e balanços das en-
levadas à conta patrimonial. tidades já referidas obedecerão aos padrões e
§ 3o  Poderão ser feitas reavaliações dos bens normas instituídas por esta Lei, ajustados às
móveis e imóveis. respectivas peculiaridades.
Parágrafo único.  Dentro do prazo que a le-
gislação fixar, os balanços serão remetidos ao
TÍTULO X – Das Autarquias e Outras órgão central de contabilidade da União, dos
Entidades Estados, dos Municípios e do Distrito Federal,
para fins de incorporação dos resultados, salvo
Art. 107.  As entidades autárquicas ou paraesta- disposição legal em contrário.
tais, inclusive de previdência social ou investidas
de delegação para arrecadação de contribuições
parafiscais da União, dos Estados, dos Municí- TÍTULO XI – Disposições Finais
pios e do Distrito Federal terão seus orçamentos
aprovados por decreto do Poder Executivo, salvo Art. 111.  O Conselho Técnico de Economia
se disposição legal expressa determinar que o e Finanças do Ministério da Fazenda, além
sejam pelo Poder Legislativo. de outras apurações, para fins estatísticos,
Parágrafo único.  Compreendem-se nesta de interesse nacional, organizará e publicará
disposição as empresas com autonomia finan- o balanço consolidado das contas da União,
ceira e administrativa cujo capital pertencer, Estados, Municípios e Distrito Federal, suas
integralmente, ao Poder Público. autarquias e outras entidades, bem como um
quadro estruturalmente idêntico, baseado em
Art. 108.  Os orçamentos das entidades referi- dados orçamentários.
das no artigo anterior vincular-se-ão ao orça- § 1o  Os quadros referidos neste artigo terão
mento da União, dos Estados, dos Municípios a estrutura do Anexo no 1.
e do Distrito Federal, pela inclusão: § 2o  O quadro baseado nos orçamentos será
I – como receita, salvo disposição legal em publicado até o último dia do primeiro semestre
contrário, do saldo positivo previsto entre os do próprio exercício e o baseado nos balanços,
Normas correlatas

totais das receitas e despesas; até o último dia do segundo semestre do exer-
II – como subvenção econômica, na receita cício imediato àquele a que se referirem.
do orçamento da beneficiária, salvo disposição
legal em contrário, do saldo negativo previsto Art. 112.  Para cumprimento do disposto no
entre os totais das receitas e despesas. artigo precedente, a União, os Estados, os Mu-
nicípios e o Distrito Federal remeterão ao men- 83
cionado órgão, até 30 de abril, os orçamentos a participação de representantes das entidades
do exercício, e até 30 de junho, os balanços do abrangidas por estas normas.
exercício anterior.
Parágrafo único.  O pagamento, pela União, Art. 114.  Os efeitos desta Lei são contados a
de auxílio ou contribuição a Estados, Municí- partir de 1o de janeiro de 1964 para o fim da
pios ou Distrito Federal, cuja concessão não elaboração dos orçamentos e a partir de 1o de
decorra de imperativo constitucional, dependerá janeiro de 1965, quanto às demais atividades
de prova do atendimento ao que se determina estatuídas.
neste artigo.
Art. 115.  Revogam-se as disposições em con-
Art. 113.  Para fiel e uniforme aplicação das pre- trário.
sentes normas, o Conselho Técnico de Economia
e Finanças do Ministério da Fazenda atenderá Brasília, 17 de março de 1964; 143o da Indepen-
a consultas, coligirá elementos, promoverá o dência e 76o da República.
intercâmbio de dados informativos, expedirá
recomendações técnicas, quando solicitadas, JOÃO GOULART
e atualizará sempre que julgar conveniente, os
anexos que integram a presente Lei. Promulgada em 17/3/1964, publicada no DOU de
Parágrafo único.  Para os fins previstos neste 23/3/1964 e retificada no DOU de 9/4/1964 e no DOU
artigo, poderão ser promovidas, quando neces- de 3/6/1964. Anexos não incluídos.
sário, conferências ou reuniões técnicas, com
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

84
Lei no 1.079/1950
Define os crimes de responsabilidade e regula o respectivo processo de julgamento.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA VII – a guarda e o legal emprego dos dinhei-


ros públicos;
Faço saber que o Congresso Nacional decreta VIII – o cumprimento das decisões judiciá-
e eu sanciono a seguinte Lei:1 rias (Constituição, artigo 89).

PARTE PRIMEIRA – Do Presidente da TÍTULO I


República e Ministros de Estado CAPÍTULO I – Dos Crimes contra a
Existência da União
Art. 1o  São crimes de responsabilidade os que
esta Lei especifica. Art. 5o  São crimes de responsabilidade contra
a existência política da União:
Art. 2o  Os crimes definidos nesta Lei, ainda 1)  entreter, direta ou indiretamente, inteli-
quando simplesmente tentados, são passíveis gência com governo estrangeiro, provocando-o
da pena de perda do cargo, com inabilitação, a fazer guerra ou cometer hostilidade contra a
até cinco anos, para o exercício de qualquer República, prometer-lhe assistência ou favor,
função pública, imposta pelo Senado Federal ou dar-lhe qualquer auxílio nos preparativos
nos processos contra o Presidente da República ou planos de guerra contra a República;
ou Ministros de Estado, contra os Ministros do 2)  tentar, diretamente e por fatos, submeter
Supremo Tribunal Federal ou contra o Procu- a União ou algum dos Estados ou Territórios a
rador-Geral da República. domínio estrangeiro, ou dela separar qualquer
Estado ou porção do território nacional;
Art. 3o  A imposição da pena referida no artigo 3)  cometer ato de hostilidade contra nação
anterior não exclui o processo e julgamento do estrangeira, expondo a República ao perigo da
acusado por crime comum, na justiça ordinária, guerra, ou comprometendo-lhe a neutralidade;
nos termos das leis de processo penal. 4)  revelar negócios políticos ou militares,
que devam ser mantidos secretos a bem da de-
Art. 4o  São crimes de responsabilidade os atos fesa da segurança externa ou dos interesses da
do Presidente da República que atentarem con- Nação;
tra a Constituição Federal, e, especialmente, 5)  auxiliar, por qualquer modo, nação ini-
contra: miga a fazer a guerra ou a cometer hostilidade
I – a existência da União; contra a República;
II – o livre exercício do Poder Legislativo, do 6)  celebrar tratados, convenções ou ajustes
Poder Judiciário e dos poderes constitucionais que comprometam a dignidade da Nação;
dos Estados; 7)  violar a imunidade dos embaixadores
III – o exercício dos direitos políticos, indi- ou ministros estrangeiros acreditados no país;
viduais e sociais; 8)  declarar a guerra, salvo os casos de inva-
Normas correlatas

IV – a segurança interna do país; são ou agressão estrangeira, ou fazer a paz, sem


V – a probidade na administração; autorização do Congresso Nacional;
VI – a lei orçamentária; 9)  não empregar contra o inimigo os meios
de defesa de que poderia dispor;
10)  permitir o Presidente da República, du-
  Nota do Editor (NE): ver ADPF no 378.
1
rante as sessões legislativas e sem autorização 85
do Congresso Nacional, que forças estrangeiras CAPÍTULO III – Dos Crimes contra o
transitem pelo território do país, ou, por motivo Exercício dos Direitos Políticos, Individuais
de guerra, nele permaneçam temporariamente; e Sociais
11)  violar tratados legitimamente feitos com
nações estrangeiras. Art. 7o  São crimes de responsabilidade contra
o livre exercício dos direitos políticos, indivi-
duais e sociais:
CAPÍTULO II – Dos Crimes contra o Livre 1)  impedir por violência, ameaça ou cor-
Exercício dos Poderes Constitucionais rupção, o livre exercício do voto;
2)  obstar ao livre exercício das funções dos
Art. 6o  São crimes de responsabilidade contra mesários eleitorais;
o livre exercício dos Poderes Legislativo e Judi- 3)  violar o escrutínio de seção eleitoral ou
ciário e dos poderes constitucionais dos Estados: inquinar de nulidade o seu resultado pela sub-
1)  tentar dissolver o Congresso Nacional, tração, desvio ou inutilização do respectivo
impedir a reunião ou tentar impedir por qual- material;
quer modo o funcionamento de qualquer de 4)  utilizar o poder federal para impedir a
suas Câmaras; livre execução da lei eleitoral;
2)  usar de violência ou ameaça contra algum 5)  servir-se das autoridades sob sua subor-
representante da Nação para afastá-lo da Câ- dinação imediata para praticar abuso do poder,
mara a que pertença ou para coagi-lo no modo ou tolerar que essas autoridades o pratiquem
de exercer o seu mandato bem como conseguir sem repressão sua;
ou tentar conseguir o mesmo objetivo mediante 6)  subverter ou tentar subverter por meios
suborno ou outras formas de corrupção; violentos a ordem política e social;
3)  violar as imunidades asseguradas aos 7)  incitar militares à desobediência à lei ou
membros do Congresso Nacional, das Assem- infração à disciplina;
bleias Legislativas dos Estados, da Câmara dos 8)  provocar animosidade entre as classes
Vereadores do Distrito Federal e das Câmaras armadas ou contra elas, ou delas contra as ins-
Municipais; tituições civis;
4)  permitir que força estrangeira transite 9)  violar patentemente qualquer direito ou
pelo território do país ou nele permaneça quan- garantia individual constante do art. 141 e bem
do a isso se oponha o Congresso Nacional; assim os direitos sociais assegurados no artigo
5)  opor-se diretamente e por fatos ao livre 157 da Constituição;
exercício do Poder Judiciário, ou obstar, por 10)  tomar ou autorizar durante o estado
meios violentos, ao efeito dos seus atos, man- de sítio, medidas de repressão que excedam os
dados ou sentenças; limites estabelecidos na Constituição.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

6)  usar de violência ou ameaça, para cons-


tranger juiz, ou jurado, a proferir ou deixar de
proferir despacho, sentença ou voto, ou a fazer CAPÍTULO IV – Dos Crimes contra a
ou deixar de fazer ato do seu ofício; Segurança Interna do País
7)  praticar contra os poderes estaduais ou
municipais ato definido como crime neste ar- Art. 8o  São crimes contra a segurança interna
tigo; do país:
8)  intervir em negócios peculiares aos Es- 1)  tentar mudar por violência a forma de
tados ou aos Municípios com desobediência às governo da República;
normas constitucionais. 2)  tentar mudar por violência a Constitui-
ção Federal ou de algum dos Estados, ou lei da
União, de Estado ou Município;
3)  decretar o estado de sítio, estando reunido
o Congresso Nacional, ou no recesso deste, não
86 havendo comoção interna grave nem fatos que
evidenciem estar a mesma a irromper ou não CAPÍTULO VI – Dos Crimes contra a Lei
ocorrendo guerra externa; Orçamentária
4)  praticar ou concorrer para que se perpetre
qualquer dos crimes contra a segurança interna, Art. 10.  São crimes de responsabilidade contra
definidos na legislação penal; a lei orçamentária:
5)  não dar as providências de sua competên- 1)  não apresentar ao Congresso Nacional a
cia para impedir ou frustrar a execução desses proposta do orçamento da República dentro dos
crimes; primeiros dois meses de cada sessão legislativa;
6)  ausentar-se do país sem autorização do 2)  exceder ou transportar, sem autorização
Congresso Nacional; legal, as verbas do orçamento;
7)  permitir, de forma expressa ou tácita, a 3)  realizar o estorno de verbas;
infração de lei federal de ordem pública; 4)  infringir, patentemente, e de qualquer
8)  deixar de tomar, nos prazos fixados, as modo, dispositivo da lei orçamentária;
providências determinadas por lei ou tratado 5)  deixar de ordenar a redução do montante
federal e necessárias à sua execução e cumpri- da dívida consolidada, nos prazos estabelecidos
mento. em lei, quando o montante ultrapassar o valor
resultante da aplicação do limite máximo fixado
pelo Senado Federal;
CAPÍTULO V – Dos Crimes contra a 6)  ordenar ou autorizar a abertura de crédi-
Probidade na Administração to em desacordo com os limites estabelecidos
pelo Senado Federal, sem fundamento na lei
Art. 9o  São crimes de responsabilidade contra orçamentária ou na de crédito adicional ou com
a probidade na administração: inobservância de prescrição legal;
1)  omitir ou retardar dolosamente a publi- 7)  deixar de promover ou de ordenar na
cação das leis e resoluções do Poder Legislativo forma da lei, o cancelamento, a amortização
ou dos atos do Poder Executivo; ou a constituição de reserva para anular os
2)  não prestar ao Congresso Nacional, den- efeitos de operação de crédito realizada com
tro de sessenta dias após a abertura da sessão le- inobservância de limite, condição ou montante
gislativa, as contas relativas ao exercício anterior; estabelecido em lei;
3)  não tornar efetiva a responsabilidade dos 8)  deixar de promover ou de ordenar a li-
seus subordinados, quando manifesta em delitos quidação integral de operação de crédito por
funcionais ou na prática de atos contrários à antecipação de receita orçamentária, inclusive
Constituição; os respectivos juros e demais encargos, até o
4)  expedir ordens ou fazer requisição de encerramento do exercício financeiro;
forma contrária às disposições expressas da 9)  ordenar ou autorizar, em desacordo com
Constituição; a lei, a realização de operação de crédito com
5)  infringir, no provimento dos cargos pú- qualquer um dos demais entes da Federação,
blicos, as normas legais; inclusive suas entidades da administração in-
6)  usar de violência ou ameaça contra fun- direta, ainda que na forma de novação, refinan-
cionário público para coagi-lo a proceder ile- ciamento ou postergação de dívida contraída
galmente, bem como utilizar-se de suborno ou anteriormente;
de qualquer outra forma de corrupção para o 10)  captar recursos a título de antecipação
mesmo fim; de receita de tributo ou contribuição cujo fato
7)  proceder de modo incompatível com a gerador ainda não tenha ocorrido;
Normas correlatas

dignidade, a honra e o decoro do cargo. 11)  ordenar ou autorizar a destinação de


recursos provenientes da emissão de títulos
para finalidade diversa da prevista na lei que
a autorizou;

87
12)  realizar ou receber transferência volun- 2)  os atos previstos nesta Lei que os Minis-
tária em desacordo com limite ou condição tros assinarem com o Presidente da República
estabelecida em lei. ou por ordem deste praticarem;
3)  a falta de comparecimento sem justifi-
cação, perante a Câmara dos Deputados ou o
CAPÍTULO VII – Dos Crimes contra a Senado Federal, ou qualquer das suas comis-
Guarda e Legal Emprego dos Dinheiros sões, quando uma ou outra casa do Congresso
Públicos os convocar para, pessoalmente, prestarem
informações acerca de assunto previamente
Art. 11.  São crimes de responsabilidade con- determinado;
tra a guarda e o legal emprego dos dinheiros 4)  não prestarem dentro em trinta dias e
públicos: sem motivo justo, a qualquer das Câmaras do
1)  ordenar despesas não autorizadas por Congresso Nacional, as informações que ela
lei ou sem observância das prescrições legais lhes solicitar por escrito, ou prestarem-nas com
relativas às mesmas; falsidade.
2)  abrir crédito sem fundamento em lei ou
sem as formalidades legais;
3)  contrair empréstimo, emitir moeda cor- PARTE SEGUNDA – Processo e Julgamento
rente ou apólices, ou efetuar operação de crédito TÍTULO ÚNICO – Do Presidente da
sem autorização legal; República e Ministros de Estado
4)  alienar imóveis nacionais ou empenhar CAPÍTULO I – Da Denúncia
rendas públicas sem autorização em lei;
5)  negligenciar a arrecadação das rendas, Art. 14.  É permitido a qualquer cidadão de-
impostos e taxas, bem como a conservação do nunciar o Presidente da República ou Ministro
patrimônio nacional. de Estado, por crime de responsabilidade, pe-
rante a Câmara dos Deputados.

CAPÍTULO VIII – Dos Crimes contra o Art. 15.  A denúncia só poderá ser recebida
Cumprimento das Decisões Judiciárias enquanto o denunciado não tiver, por qualquer
motivo, deixado definitivamente o cargo.
Art. 12.  São crimes de responsabilidade contra
as decisões judiciárias: Art. 16.  A denúncia assinada pelo denunciante
1)  impedir, por qualquer meio, o efeito dos e com a firma reconhecida, deve ser acompa-
atos, mandados ou decisões do Poder Judiciário; nhada dos documentos que a comprovem, ou
2)  recusar o cumprimento das decisões do da declaração de impossibilidade de apresen-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Poder Judiciário no que depender do exercício tá-los, com a indicação do local onde possam
das funções do Poder Executivo; ser encontrados. Nos crimes de que haja prova
3)  deixar de atender a requisição de inter- testemunhal, a denúncia deverá conter o rol das
venção federal do Supremo Tribunal Federal testemunhas, em número de cinco, no mínimo.
ou do Tribunal Superior Eleitoral;
4)  impedir ou frustrar pagamento determi- Art. 17.  No processo de crime de responsabi-
nado por sentença judiciária. lidade, servirá de escrivão um funcionário da
Secretaria da Câmara dos Deputados, ou do
Senado, conforme se achar o mesmo em uma
TÍTULO II – Dos Ministros de Estado ou outra casa do Congresso Nacional.

Art. 13.  São crimes de responsabilidade dos Art. 18.  As testemunhas arroladas no processo


Ministros de Estado: deverão comparecer para prestar o seu depoi-
1)  os atos definidos nesta Lei, quando por mento, e a Mesa da Câmara dos Deputados ou
88 eles praticados ou ordenados; do Senado, por ordem de quem serão notifica-
das, tomará as providências legais que se torna- a tomada do depoimento das testemunhas de
rem necessárias para compeli-las a obediência. ambas as partes, podendo ouvir o denunciante e
o denunciado, que poderá assistir pessoalmente,
ou por seu procurador, a todas as audiências e
CAPÍTULO II – Da Acusação diligências realizadas pela comissão, interrogan-
do e contestando as testemunhas e requerendo
Art. 19.  Recebida a denúncia, será lida no ex- a reinquirição ou acareação das mesmas.
pediente da sessão seguinte e despachada a uma § 2o  Findas essas diligências, a comissão
comissão especial eleita, da qual participem, ob- especial proferirá, no prazo de dez dias, pa-
servada a respectiva proporção, representantes recer sobre a procedência ou improcedência
de todos os partidos para opinar sobre a mesma. da denúncia.
§ 3o  Publicado e distribuído esse parecer na
Art. 20.  A comissão a que alude o artigo ante- forma do § 1o do art. 20, será o mesmo incluído
rior se reunirá dentro de 48 horas e, depois de na ordem do dia da sessão imediata para ser
eleger seu presidente e relator, emitirá parecer, submetido a duas discussões, com o interregno
dentro do prazo de dez dias, sobre se a denúncia de 48 horas entre uma e outra.
deve ser ou não julgada objeto de deliberação. § 4o  Nas discussões do parecer sobre a pro-
Dentro desse período poderá a comissão pro- cedência ou improcedência da denúncia, cada
ceder às diligências que julgar necessárias ao representante de partido poderá falar uma só
esclarecimento da denúncia. vez e durante uma hora, ficando as questões
§ 1o  O parecer da comissão especial será lido de ordem subordinadas ao disposto no § 2o
no expediente da sessão da Câmara dos Depu- do art. 20.
tados e publicado integralmente no Diário do
Congresso Nacional e em avulsos, juntamente Art. 23.  Encerrada a discussão do parecer, será
com a denúncia, devendo as publicações ser o mesmo submetido a votação nominal, não
distribuídas a todos os deputados. sendo permitidas, então, questões de ordem,
§ 2o  Quarenta e oito horas após a publicação nem encaminhamento de votação.
oficial do parecer da Comissão especial, será o § 1o  Se da aprovação do parecer resultar a
mesmo incluído, em primeiro lugar, na ordem procedência da denúncia, considerar-se-á de-
do dia da Câmara dos Deputados, para uma cretada a acusação pela Câmara dos Deputados.
discussão única. § 2o  Decretada a acusação, será o denun-
ciado intimado imediatamente pela Mesa da
Art. 21.  Cinco representantes de cada partido Câmara dos Deputados, por intermédio do 1o
poderão falar, durante uma hora, sobre o pare- Secretário.
cer, ressalvado ao relator da comissão especial § 3o  Se o denunciado estiver ausente do Dis-
o direito de responder a cada um. trito Federal, a sua intimação será solicitada pela
Mesa da Câmara dos Deputados, ao Presidente
Art. 22.  Encerrada a discussão do parecer, e do Tribunal de Justiça do Estado em que ele se
submetido o mesmo a votação nominal, será a encontrar.
denúncia, com os documentos que a instruam, § 4o  A Câmara dos Deputados elegerá uma
arquivada, se não for considerada objeto de comissão de três membros para acompanhar o
deliberação. No caso contrário, será remetida julgamento do acusado.
por cópia autêntica ao denunciado, que terá o § 5o  São efeitos imediatos ao decreto da
prazo de vinte dias para contestá-la e indicar os acusação do Presidente da República, ou de
Normas correlatas

meios de prova com que pretenda demonstrar Ministro de Estado, a suspensão do exercício
a verdade do alegado. das funções do acusado e da metade do subsídio
§ 1o  Findo esse prazo e com ou sem a con- ou do vencimento, até sentença final.
testação, a comissão especial determinará as § 6o  Conforme se trate da acusação de crime
diligências requeridas, ou que julgar conve- comum ou de responsabilidade, o processo será
nientes, e realizará as sessões necessárias para 89
enviado ao Supremo Tribunal Federal ou ao Art. 29.  Realizar-se-á a seguir o debate verbal
Senado Federal. entre a comissão acusadora e o acusado ou os
seus advogados pelo prazo que o Presidente
fixar e que não poderá exceder de duas horas.
CAPÍTULO III – Do Julgamento
Art. 30.  Findos os debates orais e retiradas
Art. 24.  Recebido no Senado o decreto de acu- as partes, abrir-se-á discussão sobre o objeto
sação com o processo enviado pela Câmara dos da acusação.
Deputados e apresentado o libelo pela comis-
são acusadora, remeterá o Presidente cópia de Art. 31.  Encerrada a discussão, o Presidente
tudo ao acusado, que, na mesma ocasião e nos do Supremo Tribunal Federal fará relatório re-
termos dos parágrafos 2o e 3o do art. 23, será sumido da denúncia e das provas da acusação
notificado para comparecer em dia prefixado e da defesa e submeterá a votação nominal dos
perante o Senado. senadores o julgamento.
Parágrafo único.  Ao Presidente do Supre-
mo Tribunal Federal enviar-se-á o processo em Art. 32.  Se o julgamento for absolutório pro-
original, com a comunicação do dia designado duzirá, desde logo, todos os efeitos a favor do
para o julgamento. acusado.

Art. 25.  O acusado comparecerá, por si ou Art. 33.  No caso de condenação, o Senado por


pelos seus advogados, podendo, ainda, oferecer iniciativa do Presidente fixará o prazo de inabi-
novos meios de prova. litação do condenado para o exercício de qual-
quer função pública; e no caso de haver crime
Art. 26.  No caso de revelia, marcará o Pre- comum deliberará ainda sobre se o Presidente
sidente novo dia para o julgamento e nomea- o deverá submeter à justiça ordinária, indepen-
rá para a defesa do acusado um advogado, a dentemente da ação de qualquer interessado.
quem se facultará o exame de todas as peças
de acusação. Art. 34.  Proferida a sentença condenatória, o
acusado estará, ipso facto, destituído do cargo.
Art. 27.  No dia aprazado para o julgamen-
to, presentes o acusado, seus advogados, ou o Art. 35.  A resolução do Senado constará de
defensor nomeado a sua revelia, e a comissão sentença que será lavrada, nos autos do processo,
acusadora, o Presidente do Supremo Tribu- pelo Presidente do Supremo Tribunal Federal,
nal Federal, abrindo a sessão, mandará ler o assinada pelos senadores que funcionarem como
processo preparatório, o libelo e os artigos de juízes, transcrita na ata da sessão e, dentro des-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

defesa; em seguida inquirirá as testemunhas, que ta, publicada no Diário Oficial e no Diário do
deverão depor publicamente e fora da presença Congresso Nacional.
umas das outras.
Art. 36.  Não pode interferir, em nenhuma fase
Art. 28.  Qualquer membro da Comissão acu- do processo de responsabilidade do Presidente
sadora ou do Senado, e bem assim o acusado da República ou dos Ministros de Estado, o
ou seus advogados, poderão requerer que se deputado ou senador:
façam às testemunhas perguntas que julgarem a)  que tiver parentesco consanguíneo ou
necessárias. afim, com o acusado, em linha reta; em linha
Parágrafo único.  A Comissão acusadora, ou colateral, os irmãos cunhados, enquanto durar
o acusado ou seus advogados, poderão contestar o cunhadio, e os primos coirmãos;
ou arguir as testemunhas, sem contudo inter- b)  que, como testemunha do processo, tiver
rompê-las e requerer a acareação. deposto de ciência própria.

90
Art. 37.  O Congresso Nacional deverá ser con- CAPÍTULO II – Do Procurador-Geral da
vocado, extraordinariamente, pelo terço de uma República
de suas câmaras, caso a sessão legislativa se
encerre sem que se tenha ultimado o julgamento Art. 40.  São crimes de responsabilidade do
do Presidente da República ou de Ministro de Procurador-Geral da República:
Estado, bem como no caso de ser necessário o 1)  emitir parecer, quando, por lei, seja sus-
início imediato do processo. peito na causa;
2)  recusar-se à prática de ato que lhe in-
Art. 38.  No processo e julgamento do Presi- cumba;
dente da República e dos Ministros de Estado, 3)  ser patentemente desidioso no cumpri-
serão subsidiários desta Lei, naquilo em que lhes mento de suas atribuições;
forem aplicáveis, assim os regimentos internos 4)  proceder de modo incompatível com a
da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, dignidade e o decoro do cargo.
como o Código de Processo Penal.
Art. 40-A.  Constituem, também, crimes de
responsabilidade do Procurador-Geral da Repú-
PARTE TERCEIRA blica, ou de seu substituto quando no exercício
TÍTULO I da chefia do Ministério Público da União, as
CAPÍTULO I – Dos Ministros do Supremo condutas previstas no art. 10 desta Lei, quando
Tribunal Federal por eles ordenadas ou praticadas.
Parágrafo único.  O disposto neste artigo
Art. 39.  São crimes de responsabilidade dos aplica-se:
Ministros do Supremo Tribunal Federal: I – ao Advogado-Geral da União;
1)  alterar, por qualquer forma, exceto por II – aos Procuradores-Gerais do Trabalho,
via de recurso, a decisão ou voto já proferido Eleitoral e Militar, aos Procuradores-Gerais de
em sessão do Tribunal; Justiça dos Estados e do Distrito Federal, aos
2)  proferir julgamento, quando, por lei, seja Procuradores-Gerais dos Estados e do Distrito
suspeito na causa; Federal, e aos membros do Ministério Público
3)  exercer atividade político-partidária; da União e dos Estados, da Advocacia-Geral
4)  ser patentemente desidioso no cumpri- da União, das Procuradorias dos Estados e do
mento dos deveres do cargo; Distrito Federal, quando no exercício de função
5)  proceder de modo incompatível com a de chefia das unidades regionais ou locais das
honra, dignidade e decoro de suas funções. respectivas instituições.

Art. 39-A.  Constituem, também, crimes de


responsabilidade do Presidente do Supremo TÍTULO II – Do Processo e Julgamento
Tribunal Federal ou de seu substituto quando no CAPÍTULO I – Da Denúncia
exercício da Presidência, as condutas previstas
no art. 10 desta Lei, quando por eles ordenadas Art. 41.  É permitido a todo cidadão denunciar,
ou praticadas. perante o Senado Federal, os Ministros do Su-
Parágrafo único.  O disposto neste artigo premo Tribunal Federal e o Procurador-Geral
aplica-se aos Presidentes, e respectivos substi- da República, pelos crimes de responsabilidade
tutos quando no exercício da Presidência, dos que cometerem (artigos 39 e 40).
Tribunais Superiores, dos Tribunais de Contas,
Normas correlatas

dos Tribunais Regionais Federais, do Trabalho e Art. 41-A.  Respeitada a prerrogativa de foro


Eleitorais, dos Tribunais de Justiça e de Alçada que assiste às autoridades a que se referem o
dos Estados e do Distrito Federal, e aos Juízes parágrafo único do art. 39-A e o inciso II do
Diretores de Foro ou função equivalente no parágrafo único do art. 40-A, as ações penais
primeiro grau de jurisdição. contra elas ajuizadas pela prática dos crimes de
responsabilidade previstos no art. 10 desta Lei 91
serão processadas e julgadas de acordo com o Art. 50.  Se o denunciado estiver fora do Distri-
rito instituído pela Lei no 8.038, de 28 de maio to Federal, a cópia lhe será entregue pelo Presi-
de 1990, permitido, a todo cidadão, o ofereci- dente do Tribunal de Justiça do Estado em que
mento da denúncia. se achar. Caso se ache fora do país ou em lugar
incerto e não sabido, o que será verificado pelo
Art. 42.  A denúncia só poderá ser recebida se 1o Secretário do Senado, a intimação far-se-á
o denunciado não tiver, por qualquer motivo, por edital, publicado no Diário do Congresso
deixado definitivamente o cargo. Nacional, com a antecedência de 60 dias, aos
quais se acrescerá, em comparecendo o denun-
Art. 43.  A denúncia, assinada pelo denunciante ciado, o prazo do art. 49.
com a firma reconhecida, deve ser acompanhada
dos documentos que a comprovem ou da decla- Art. 51.  Findo o prazo para a resposta do de-
ração de impossibilidade de apresentá-los, com a nunciado, seja esta recebida, ou não, a comissão
indicação do local onde possam ser encontrados. dará parecer, dentro de dez dias, sobre a proce-
Nos crimes de que haja prova testemunhal, a dência ou improcedência da acusação.
denúncia deverá conter o rol das testemunhas,
em número de cinco, no mínimo. Art. 52.  Perante a comissão, o denunciante
e o denunciado poderão comparecer pessoal-
Art. 44.  Recebida a denúncia pela Mesa do mente ou por procurador, assistir a todos os
Senado, será lida no expediente da sessão se- atos e diligências por ela praticados, inquirir,
guinte e despachada a uma comissão especial, reinquirir, contestar testemunhas e requerer
eleita para opinar sobre a mesma. a sua acareação. Para esse efeito, a comissão
dará aos interessados conhecimento das suas
Art. 45.  A comissão a que alude o artigo ante- reuniões e das diligências a que deva proceder,
rior, reunir-se-á dentro de 48 horas e, depois de com a indicação de lugar, dia e hora.
eleger o seu presidente e relator, emitirá parecer
no prazo de 10 dias sobre se a denúncia deve ser, Art. 53.  Findas as diligências, a comissão emi-
ou não, julgada objeto de deliberação. Dentro tirá sobre elas o seu parecer, que será publicado
desse período poderá a comissão proceder às e distribuído, com todas as peças que o instruí-
diligências que julgar necessárias. rem, e dado para ordem do dia 48 horas, no
mínimo, depois da distribuição.
Art. 46.  O parecer da comissão, com a denún-
cia e os documentos que a instruírem, será lido Art. 54.  Esse parecer terá uma só discussão e
no expediente de sessão do Senado, publicado considerar-se-á aprovado se, em votação nomi-
no Diário do Congresso Nacional e em avulsos, nal, reunir a maioria simples dos votos.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

que deverão ser distribuídos entre os senadores,


e dado para ordem do dia da sessão seguinte. Art. 55.  Se o Senado entender que não pro-
cede a acusação, serão os papéis arquivados.
Art. 47.  O parecer será submetido a uma só Caso decida o contrário, a Mesa dará imediato
discussão e a votação nominal considerando-se conhecimento dessa decisão ao Supremo Tri-
aprovado se reunir a maioria simples de votos. bunal Federal, ao Presidente da República, ao
denunciante e ao denunciado.
Art. 48.  Se o Senado resolver que a denúncia
não deve constituir objeto de deliberação, serão Art. 56.  Se o denunciado não estiver no Dis-
os papéis arquivados. trito Federal, a decisão ser-lhe-á comunicada a
requisição da Mesa, pelo Presidente do Tribunal
Art. 49.  Se a denúncia for considerada objeto de Justiça do Estado onde se achar. Se estiver
de deliberação, a Mesa remeterá cópia de tudo fora do país ou em lugar incerto e não sabido, o
ao denunciado, para responder à acusação no que será verificado pelo 1o Secretário do Senado,
92 prazo de 10 dias. far-se-á a intimação mediante edital pelo Diário
do Congresso Nacional, com a antecedência que poderão comparecer pessoalmente ou pelos
de 60 dias. seus procuradores.

Art. 57.  A decisão produzirá desde a data da Art. 62.  A revelia do acusador não importará
sua intimação os seguintes efeitos contra o de- transferência do julgamento, nem perempção
nunciado: da acusação.
a)  ficar suspenso do exercício das suas fun- § 1o  A revelia do acusado determinará o
ções até sentença final; adiamento de julgamento, para o qual o Presi-
b)  ficar sujeito a acusação criminal; dente designará novo dia, nomeando um ad-
c)  perder, até sentença final, um terço dos vogado para defender o revel.
vencimentos, que lhe será pago no caso de ab- § 2o  Ao defensor nomeado será facultado o
solvição. exame de todas as peças do processo.

Art. 63.  No dia definitivamente aprazado para


CAPÍTULO II – Da Acusação e da Defesa o julgamento, verificado o número legal de sena-
dores será aberta a sessão e facultado o ingresso
Art. 58.  Intimado o denunciante ou o seu às partes ou aos seus procuradores. Serão juízes
procurador da decisão a que aludem os três todos os senadores presentes, com exceção dos
últimos artigos, ser-lhe-á dada vista do processo, impedidos nos termos do art. 36.
na Secretaria do Senado, para, dentro de 48 Parágrafo único.  O impedimento poderá
horas, oferecer o libelo acusatório e o rol das ser oposto pelo acusador ou pelo acusado e
testemunhas. Em seguida abrir-se-á vista ao invocado por qualquer senador.
denunciado ou ao seu defensor, pelo mesmo
prazo para oferecer a contrariedade e o rol das Art. 64.  Constituído o Senado em Tribunal de
testemunhas. julgamento, o Presidente mandará ler o pro-
cesso e, em seguida, inquirirá publicamente as
Art. 59.  Decorridos esses prazos, com o libelo testemunhas, fora da presença uma das outras.
e a contrariedade ou sem eles, serão os autos
remetidos, em original, ao Presidente do Su- Art. 65.  O acusador e o acusado, ou os seus
premo Tribunal Federal, ou ao seu substituto procuradores, poderão reinquirir as testemu-
legal, quando seja ele o denunciado, comuni- nhas, contestá-las sem interrompê-las e reque-
cando-se-lhe o dia designado para o julgamento rer a sua acareação. Qualquer senador poderá
e convidando-o para presidir a sessão. requerer sejam feitas as perguntas que julgar
necessárias.
Art. 60.  O denunciante e o acusado serão no-
tificados pela forma estabelecida no art. 56, Art. 66.  Finda a inquirição, haverá debate oral,
para assistirem ao julgamento, devendo as tes- facultadas a réplica e a tréplica entre o acusa-
temunhas ser, por um magistrado, intimadas a dor e o acusado, pelo prazo que o Presidente
comparecer a requisição da Mesa. determinar.
Parágrafo único.  Entre a notificação e o jul- Parágrafo único.  Ultimado o debate, retirar-
gamento deverá mediar o prazo mínimo de -se-ão as partes do recinto da sessão e abrir-se-á
10 dias. uma discussão única entre os senadores sobre
o objeto da acusação.
Art. 61.  No dia e hora marcados para o julga-
Normas correlatas

mento, o Senado reunir-se-á, sob a presidência Art. 67.  Encerrada a discussão, fará o Presi-
do Presidente do Supremo Tribunal Federal ou dente um relatório resumido dos fundamentos
do seu substituto legal. Verificada a presença de da acusação e da defesa, bem como das respec-
número legal de senadores, será aberta a sessão e tivas provas, submetendo em seguida o caso a
feita a chamada das partes, acusador e acusado, julgamento.
93
CAPÍTULO III – Da Sentença PARTE QUARTA
TÍTULO ÚNICO
Art. 68.  O julgamento será feito, em votação CAPÍTULO I – Dos Governadores e
nominal pelos senadores desimpedidos que Secretários dos Estados
responderão “sim” ou “não” à seguinte pergunta
enunciada pelo Presidente: “Cometeu o acusado Art. 74.  Constituem crimes de responsabilida-
F. o crime que lhe é imputado e deve ser con- de dos governadores dos Estados ou dos seus
denado à perda do seu cargo?”. Secretários, quando por eles praticados, os atos
Parágrafo único.  Se a resposta afirmativa definidos como crimes nesta Lei.
obtiver, pelo menos, dois terços dos votos dos
senadores presentes, o Presidente fará nova con-
sulta ao plenário sobre o tempo não excedente de CAPÍTULO II – Da Denúncia, Acusação e
cinco anos, durante o qual o condenado deverá Julgamento
ficar inabilitado para o exercício de qualquer
função pública. Art. 75.  É permitido a todo cidadão denunciar
o Governador perante a Assembleia Legislativa,
Art. 69.  De acordo com a decisão do Senado, o por crime de responsabilidade.
Presidente lavrará, nos autos, a sentença que será
assinada por ele e pelos senadores, que tiverem Art. 76.  A denúncia, assinada pelo denunciante
tomado parte no julgamento, e transcrita na ata. e com a firma reconhecida, deve ser acompa-
nhada dos documentos que a comprovem, ou da
Art. 70.  No caso de condenação, fica o acu- declaração de impossibilidade de apresentá-los,
sado desde logo destituído do seu cargo. Se a com a indicação do local em que possam ser
sentença for absolutória, produzirá a imediata encontrados. Nos crimes de que houver prova
reabilitação do acusado, que voltará ao exercício testemunhal, conterá o rol das testemunhas, em
do cargo, com direito à parte dos vencimentos número de cinco pelo menos.
de que tenha sido privado. Parágrafo único.  Não será recebida a de-
núncia depois que o Governador, por qualquer
Art. 71.  Da sentença, dar-se-á imediato conhe- motivo, houver deixado definitivamente o cargo.
cimento ao Presidente da República, ao Supremo
Tribunal Federal e ao acusado. Art. 77.  Apresentada a denúncia e julgada ob-
jeto de deliberação, se a Assembleia Legislativa,
Art. 72.  Se no dia do encerramento do Con- por maioria absoluta, decretar a procedência da
gresso Nacional não estiver concluído o processo acusação, será o Governador imediatamente
ou julgamento de Ministro do Supremo Tribunal suspenso de suas funções.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Federal ou do Procurador-Geral da República,


deverá ele ser convocado extraordinariamente Art. 78.  O Governador será julgado, nos cri-
pelo terço do Senado Federal. mes de responsabilidade, pela forma que deter-
minar a Constituição do Estado e não poderá
Art. 73.  No processo e julgamento de Ministro ser condenado, senão à perda do cargo, com
do Supremo Tribunal, ou do Procurador-Ge- inabilitação até cinco anos, para o exercício de
ral da República, serão subsidiários desta Lei, qualquer função pública, sem prejuízo da ação
naquilo em que lhes forem aplicáveis, o Regi- da justiça comum.
mento Interno do Senado Federal e o Código § 1o  Quando o tribunal de julgamento for
de Processo Penal. de jurisdição mista, serão iguais, pelo número,
os representantes dos órgãos que o integrarem,
excluído o Presidente, que será o Presidente do
Tribunal de Justiça.
§ 2o  Em qualquer hipótese, só poderá ser
94 decretada a condenação pelo voto de dois terços
dos membros de que se compuser o tribunal de pronúncia e o Senado Federal, tribunal de
de julgamento. julgamento; nos crimes de responsabilidade
§ 3o  Nos Estados, onde as Constituições dos Ministros do Supremo Tribunal Federal e
não determinarem o processo nos crimes de do Procurador-Geral da República, o Senado
responsabilidade dos Governadores, aplicar- Federal é, simultaneamente, tribunal de pro-
-se-á o disposto nesta Lei, devendo, porém, núncia e julgamento.
o julgamento ser proferido por um tribunal Parágrafo único.  O Senado Federal, na apu-
composto de cinco membros do Legislativo e ração e julgamento dos crimes de responsabili-
de cinco desembargadores, sob a presidência do dade, funciona sob a presidência do Presidente
Presidente do Tribunal de Justiça local, que terá do Supremo Tribunal, e só proferirá sentença
direito de voto no caso de empate. A escolha condenatória pelo voto de dois terços dos seus
desse Tribunal será feita – a dos membros do membros.
Legislativo, mediante eleição pela Assembleia;
a dos desembargadores, mediante sorteio. Art. 81.  A declaração de procedência da acu-
§ 4o  Esses atos deverão ser executados den- sação nos crimes de responsabilidade só poderá
tro em cinco dias contados da data em que a ser decretada pela maioria absoluta da Câmara
Assembleia enviar ao Presidente do Tribunal de que a proferir.
Justiça os autos do processo, depois de decretada
a procedência da acusação. Art. 82.  Não poderá exceder de cento e vinte
dias, contados da data da declaração da pro-
Art. 79.  No processo e julgamento do Gover- cedência da acusação, o prazo para o processo
nador serão subsidiários desta Lei naquilo em e julgamento dos crimes definidos nesta Lei.
que lhe forem aplicáveis, assim o regimento
interno da Assembleia Legislativa e do Tribunal Art. 83.  Esta Lei entrará em vigor na data da
de Justiça, como o Código de Processo Penal. sua publicação, revogadas as disposições em
Parágrafo único.  Os Secretários de Estado, contrário.
nos crimes conexos com os dos governadores,
serão sujeitos ao mesmo processo e julgamento. Rio de Janeiro, 10 de abril de 1950; 129o da In-
dependência e 62o da República.

DISPOSIÇÕES GERAIS EURICO G. DUTRA

Art. 80.  Nos crimes de responsabilidade do Promulgada em 10/4/1950 e publicada no DOU de


Presidente da República e dos Ministros de 12/4/1950.
Estado, a Câmara dos Deputados é tribunal

Normas correlatas

95
Decreto-lei no 201/1967
Dispõe sobre a responsabilidade dos Prefeitos e Vereadores, e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando X – alienar ou onerar bens imóveis, ou rendas


da atribuição que lhe confere o parágrafo 2o, municipais, sem autorização da Câmara, ou em
do artigo 9o, do Ato Institucional no 4, de 7 de desacordo com a lei;
dezembro de 1966, XI – adquirir bens, ou realizar serviços e
obras, sem concorrência ou coleta de preços,
DECRETA: nos casos exigidos em lei;
XII – antecipar ou inverter a ordem de paga-
Art. 1o  São crimes de responsabilidade dos mento a credores do Município, sem vantagem
Prefeitos Municipais, sujeitos ao julgamento para o erário;
do Poder Judiciário, independentemente do XIII – nomear, admitir ou designar servidor,
pronunciamento da Câmara dos Vereadores: contra expressa disposição de lei;
I – apropriar-se de bens ou rendas públicas, XIV – negar execução a lei federal, estadual
ou desviá-los em proveito próprio ou alheio; ou municipal, ou deixar de cumprir ordem judi-
II – utilizar-se, indevidamente, em proveito cial, sem dar o motivo da recusa ou da impossi-
próprio ou alheio, de bens, rendas ou serviços bilidade, por escrito, à autoridade competente;
públicos; XV – deixar de fornecer certidões de atos
III – desviar, ou aplicar indevidamente, ren- ou contratos municipais, dentro do prazo es-
das ou verbas públicas; tabelecido em lei;
IV – empregar subvenções, auxílios, em- XVI – deixar de ordenar a redução do mon-
préstimos ou recursos de qualquer natureza, tante da dívida consolidada, nos prazos estabe-
em desacordo com os planos ou programas a lecidos em lei, quando o montante ultrapassar o
que se destinam; valor resultante da aplicação do limite máximo
V – ordenar ou efetuar despesas não autori- fixado pelo Senado Federal;
zadas por lei, ou realizá-las em desacordo com XVII – ordenar ou autorizar a abertura de
as normas financeiras pertinentes; crédito em desacordo com os limites estabele-
VI – deixar de prestar contas anuais da ad- cidos pelo Senado Federal, sem fundamento na
ministração financeira do Município à Câmara lei orçamentária ou na de crédito adicional ou
de Vereadores, ou ao órgão que a Constituição com inobservância de prescrição legal;
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

do Estado indicar, nos prazos e condições es- XVIII – deixar de promover ou de ordenar,
tabelecidos; na forma da lei, o cancelamento, a amortiza-
VII – deixar de prestar contas, no devido ção ou a constituição de reserva para anular os
tempo, ao órgão competente, da aplicação de efeitos de operação de crédito realizada com
recursos, empréstimos, subvenções ou auxílios inobservância de limite, condição ou montante
internos ou externos, recebidos a qualquer ti- estabelecido em lei;
tulo; XIX – deixar de promover ou de ordenar a
VIII – contrair empréstimo, emitir apólices, liquidação integral de operação de crédito por
ou obrigar o Município por títulos de crédito, antecipação de receita orçamentária, inclusive
sem autorização da Câmara, ou em desacordo os respectivos juros e demais encargos, até o
com a lei; encerramento do exercício financeiro;
IX – conceder empréstimos, auxílios ou sub- XX – ordenar ou autorizar, em desacordo
venções sem autorização da Câmara, ou em com a lei, a realização de operação de crédito
desacordo com a lei; com qualquer um dos demais entes da Federa-
96 ção, inclusive suas entidades da administração
indireta, ainda que na forma de novação, refi- § 1o  Os órgãos federais, estaduais ou munici-
nanciamento ou postergação de dívida contraída pais, interessados na apuração da responsabili-
anteriormente; dade do Prefeito, podem requerer a abertura do
XXI – captar recursos a título de antecipação inquérito policial ou a instauração da ação penal
de receita de tributo ou contribuição cujo fato pelo Ministério Público, bem como intervir,
gerador ainda não tenha ocorrido; em qualquer fase do processo, como assistente
XXII – ordenar ou autorizar a destinação da acusação.
de recursos provenientes da emissão de títulos § 2o  Se as providências para a abertura do
para finalidade diversa da prevista na lei que inquérito policial ou instauração da ação penal
a autorizou; não forem atendidas pela autoridade policial ou
XXIII – realizar ou receber transferência vo- pelo Ministério Público estadual, poderão ser
luntária em desacordo com limite ou condição requeridas ao Procurador-Geral da República.
estabelecida em lei.
§ 1o  Os crimes definidos neste artigo são Art. 3o  O Vice-Prefeito, ou quem vier a subs-
de ação pública, punidos os dos itens I e II, tituir o Prefeito, fica sujeito ao mesmo proces-
com a pena de reclusão, de dois a doze anos, so do substituído, ainda que tenha cessado a
e os demais, com a pena de detenção, de três substituição.
meses a três anos.
§ 2o  A condenação definitiva em qualquer Art. 4o  São infrações político-administrativas
dos crimes definidos neste artigo, acarreta a dos Prefeitos Municipais sujeitas ao julgamento
perda de cargo e a inabilitação, pelo prazo de pela Câmara dos Vereadores e sancionadas com
cinco anos, para o exercício de cargo ou função a cassação do mandato:
pública, eletivo ou de nomeação, sem prejuízo da I – impedir o funcionamento regular da
reparação civil do dano causado ao patrimônio Câmara;
público ou particular. II – impedir o exame de livros, folhas de
pagamento e demais documentos que devam
Art. 2o  O processo dos crimes definidos no constar dos arquivos da Prefeitura, bem como
artigo anterior é o comum do juízo singular, a verificação de obras e serviços municipais,
estabelecido pelo Código de Processo Penal, por comissão de investigação da Câmara ou
com as seguintes modificações: auditoria, regularmente instituída;
I – antes de receber a denúncia, o Juiz or- III – desatender, sem motivo justo, as convo-
denará a notificação do acusado para apresen- cações ou os pedidos de informações da Câmara,
tar defesa prévia, no prazo de cinco dias. Se o quando feitos a tempo e em forma regular;
acusado não for encontrado para a notificação, IV – retardar a publicação ou deixar de pu-
ser-lhe-á nomeado defensor, a quem caberá blicar as leis e atos sujeitos a essa formalidade;
apresentar a defesa, dentro no mesmo prazo; V – deixar de apresentar à Câmara, no de-
II – ao receber a denúncia, o Juiz manifes- vido tempo, e em forma regular, a proposta
tar-se-á, obrigatória e motivadamente, sobre orçamentária;
a prisão preventiva do acusado, nos casos dos VI – descumprir o orçamento aprovado para
itens I e II do artigo anterior, e sobre o seu afasta- o exercício financeiro;
mento do exercício do cargo durante a instrução VII – praticar, contra expressa disposição
criminal, em todos os casos; de lei, ato de sua competência ou omitir-se na
III – do despacho, concessivo ou denegató- sua prática;
rio, de prisão preventiva, ou de afastamento do VIII – omitir-se ou negligenciar na defesa
Normas correlatas

cargo do acusado, caberá recurso, em sentido de bens, rendas, direitos ou interesses do Mu-
estrito, para o Tribunal competente, no prazo nicípio, sujeitos à administração da Prefeitura;
de cinco dias, em autos apartados. O recurso IX – ausentar-se do Município, por tem-
do despacho que decreta a prisão preventiva ou po superior ao permitido em lei, ou afastar-se
o afastamento do cargo terá efeito suspensivo. da Prefeitura, sem autorização da Câmara dos
Vereadores; 97
X – proceder de modo incompatível com a audiências que se fizerem necessários, para o
dignidade e o decoro do cargo. depoimento do denunciado e inquirição das
testemunhas;
Art. 5o  O processo de cassação do mandato do IV – o denunciado deverá ser intimado de
Prefeito pela Câmara, por infrações definidas todos os atos do processo, pessoalmente, ou na
no artigo anterior, obedecerá ao seguinte rito, pessoa de seu procurador, com a antecedência,
se outro não for estabelecido pela legislação do pelo menos, de vinte e quatro horas, sendo-lhe
Estado respectivo: permitido assistir as diligências e audiências,
I – a denúncia escrita da infração poderá ser bem como formular perguntas e reperguntas às
feita por qualquer eleitor, com a exposição dos testemunhas e requerer o que for de interesse
fatos e a indicação das provas. Se o denunciante da defesa;
for Vereador, ficará impedido de votar sobre a V – concluída a instrução, será aberta vista do
denúncia e de integrar a Comissão processan- processo ao denunciado, para razões escritas, no
te, podendo, todavia, praticar todos os atos de prazo de 5 (cinco) dias, e, após, a Comissão pro-
acusação. Se o denunciante for o Presidente da cessante emitirá parecer final, pela procedência
Câmara, passará a Presidência ao substituto ou improcedência da acusação, e solicitará ao
legal, para os atos do processo, e só votará se Presidente da Câmara a convocação de sessão
necessário para completar o quorum de julga- para julgamento. Na sessão de julgamento, se-
mento. Será convocado o suplente do Vereador rão lidas as peças requeridas por qualquer dos
impedido de votar, o qual não poderá integrar Vereadores e pelos denunciados, e, a seguir,
a Comissão processante; os que desejarem poderão manifestar-se ver-
II – de posse da denúncia, o Presidente da balmente, pelo tempo máximo de 15 (quinze)
Câmara, na primeira sessão, determinará sua minutos cada um, e, ao final, o denunciado, ou
leitura e consultará a Câmara sobre o seu re- seu procurador, terá o prazo máximo de 2 (duas)
cebimento. Decidido o recebimento, pelo voto horas para produzir sua defesa oral;
da maioria dos presentes, na mesma sessão será VI – concluída a defesa, proceder-se-á a tan-
constituída a Comissão processante, com três tas votações nominais, quantas forem as infra-
Vereadores sorteados entre os desimpedidos, ções articuladas na denúncia. Considerar-se-á
os quais elegerão, desde logo, o Presidente e afastado, definitivamente, do cargo, o denuncia-
o Relator; do que for declarado pelo voto de dois terços,
III – recebendo o processo, o Presidente pelo menos, dos membros da Câmara, incurso
da Comissão iniciará os trabalhos, dentro em em qualquer das infrações especificadas na de-
cinco dias, notificando o denunciado, com a núncia. Concluído o julgamento, o Presidente da
remessa de cópia da denúncia e documentos Câmara proclamará imediatamente o resultado
que a instruírem, para que, no prazo de dez e fará lavrar ata que consigne a votação nominal
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

dias, apresente defesa prévia, por escrito, indi- sobre cada infração, e, se houver condenação,
que as provas que pretender produzir e arrole expedirá o competente decreto legislativo de
testemunhas, até o máximo de dez. Se estiver cassação do mandato de Prefeito. Se o resultado
ausente do Município, a notificação far-se-á por da votação for absolutório, o Presidente determi-
edital, publicado duas vezes, no órgão oficial, nará o arquivamento do processo. Em qualquer
com intervalo de três dias, pelo menos, contado dos casos, o Presidente da Câmara comunicará
o prazo da primeira publicação. Decorrido o à Justiça Eleitoral o resultado;
prazo de defesa, a Comissão processante emitirá VII – o processo, a que se refere este artigo,
parecer dentro em cinco dias, opinando pelo deverá estar concluído dentro em noventa dias,
prosseguimento ou arquivamento da denúncia, contados da data em que se efetivar a notifi-
o qual, neste caso, será submetido ao Plenário. cação do acusado. Transcorrido o prazo sem
Se a Comissão opinar pelo prosseguimento, o julgamento, o processo será arquivado, sem
o Presidente designará desde logo o início da prejuízo de nova denúncia ainda que sobre os
instrução, e determinará os atos, diligências e mesmos fatos.
98
Art. 6o  Extingue-se o mandato de Prefeito, e, tivo de doença comprovada, licença ou missão
assim, deve ser declarado pelo Presidente da autorizada pela edilidade; ou, ainda, deixar de
Câmara de Vereadores, quando: comparecer a cinco sessões extraordinárias con-
I – ocorrer falecimento, renúncia por escrito, vocadas pelo Prefeito, por escrito e median-
cassação dos direitos políticos ou condenação te recibo de recebimento, para apreciação de
por crime funcional ou eleitoral; matéria urgente, assegurada ampla defesa, em
II – deixar de tomar posse, sem motivo justo ambos os casos;
aceito pela Câmara, dentro do prazo estabele- IV – incidir nos impedimentos para o exer-
cido em lei; cício do mandato, estabelecidos em lei e não
III – incidir nos impedimentos para o exer- se desincompatibilizar até a posse, e, nos casos
cício do cargo, estabelecidos em lei, e não se supervenientes, no prazo fixado em lei ou pela
desincompatibilizar até a posse, e, nos casos Câmara.
supervenientes, no prazo que a lei ou a Câmara § 1o  Ocorrido e comprovado o ato ou fato
fixar. extintivo, o Presidente da Câmara, na primeira
Parágrafo único.  A extinção do mandato sessão, comunicará ao plenário e fará constar
independe de deliberação do plenário e se tor- da ata a declaração da extinção do mandato e
nará efetiva desde a declaração do fato ou ato convocará imediatamente o respectivo suplente.
extintivo pelo Presidente e sua inserção em ata. § 2o  Se o Presidente da Câmara omitir-se nas
providências no parágrafo anterior, o suplente
Art. 7o  A Câmara poderá cassar o mandato de do Vereador ou o Prefeito Municipal poderá
Vereador, quando: requerer a declaração de extinção do mandato,
I – utilizar-se do mandato para a prática de por via judicial, e se procedente, o juiz condena-
atos de corrupção ou de improbidade admi- rá o Presidente omisso nas custas do processo
nistrativa; e honorários de advogado que fixará de plano,
II – fixar residência fora do Município; importando a decisão judicial na destituição
III – proceder de modo incompatível com automática do cargo da Mesa e no impedimento
a dignidade da Câmara ou faltar com o decoro para nova investidura durante toda a legislatura.
na sua conduta pública. § 3o  O disposto no item III não se aplicará às
§ 1o  O processo de cassação de mandato de sessões extraordinárias que forem convocadas
Vereador é, no que couber, o estabelecido no pelo Prefeito, durante os períodos de recesso
art. 5o deste Decreto-lei. das Câmaras Municipais.
§ 2o (Revogado)
Art. 9o  O presente Decreto-lei entrará em vigor
Art. 8   Extingue-se o mandato do Vereador
o
na data de sua publicação, revogadas as Leis
e assim será declarado pelo Presidente da Câ- nos 211, de 7 de janeiro de 1948, e 3.528, de 3
mara, quando: de janeiro de 1959, e demais disposições em
I – ocorrer falecimento, renúncia por escrito, contrário.
cassação dos direitos políticos ou condenação
por crime funcional ou eleitoral; Brasília, 24 de fevereiro de 1967; 146o da Inde-
II – deixar de tomar posse, sem motivo justo pendência e 79o da República.
aceito pela Câmara, dentro do prazo estabele-
cido em lei; H. CASTELLO BRANCO
III – deixar de comparecer, em cada sessão
legislativa anual, à terça parte das sessões or- Decretado em 27/2/1967, publicado no DOU de
Normas correlatas

dinárias da Câmara Municipal, salvo por mo- 27/2/1967 e retificado no DOU de 14/3/1967.

99
Decreto-lei no 2.848/1940
Código Penal.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando da Assunção de obrigação no último ano do


atribuição que lhe confere o art. 180 da Cons- mandato ou legislatura
tituição,
Art. 359-C.  Ordenar ou autorizar a assunção
DECRETA a seguinte Lei: de obrigação, nos dois últimos quadrimestres
������������������������������������������������������������������������������� do último ano do mandato ou legislatura, cuja
despesa não possa ser paga no mesmo exercício
PARTE ESPECIAL financeiro ou, caso reste parcela a ser paga no
������������������������������������������������������������������������������� exercício seguinte, que não tenha contrapartida
suficiente de disponibilidade de caixa:
TÍTULO XI – Dos Crimes contra a Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Administração Pública
������������������������������������������������������������������������������� Ordenação de despesa não autorizada

CAPÍTULO IV – Dos Crimes contra as Art. 359-D.  Ordenar despesa não autorizada


Finanças Públicas por lei:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
Contratação de operação de crédito
Prestação de garantia graciosa
Art. 359-A.  Ordenar, autorizar ou realizar
operação de crédito, interno ou externo, sem Art. 359-E.  Prestar garantia em operação de
prévia autorização legislativa: crédito sem que tenha sido constituída contra-
Pena – reclusão, de 1 (um) a 2 (dois) anos. garantia em valor igual ou superior ao valor da
Parágrafo único.  Incide na mesma pena garantia prestada, na forma da lei:
quem ordena, autoriza ou realiza operação de Pena – detenção, de 3 (três) meses a 1 (um)
crédito, interno ou externo: ano.
I – com inobservância de limite, condição ou
montante estabelecido em lei ou em resolução Não cancelamento de restos a pagar
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

do Senado Federal;
II – quando o montante da dívida consoli- Art. 359-F.  Deixar de ordenar, de autorizar
dada ultrapassa o limite máximo autorizado ou de promover o cancelamento do montante
por lei. de restos a pagar inscrito em valor superior ao
permitido em lei:
Inscrição de despesas não empenhadas em Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois)
restos a pagar anos.

Art. 359-B.  Ordenar ou autorizar a inscrição Aumento de despesa total com pessoal no


em restos a pagar, de despesa que não tenha último ano do mandato ou legislatura
sido previamente empenhada ou que exceda
limite estabelecido em lei: Art. 359-G.  Ordenar, autorizar ou executar
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) ato que acarrete aumento de despesa total com
anos. pessoal, nos cento e oitenta dias anteriores ao
100 final do mandato ou da legislatura:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos.
�������������������������������������������������������������������������������
Oferta pública ou colocação de títulos no
mercado Rio de Janeiro, 7 de dezembro de 1940; 119o da
Independência e 52o da República.
Art. 359-H.  Ordenar, autorizar ou promover
a oferta pública ou a colocação no mercado GETÚLIO VARGAS
financeiro de títulos da dívida pública sem que
tenham sido criados por lei ou sem que estejam Decretado em 7/12/1940, publicado no DOU de
registrados em sistema centralizado de liquida- 31/12/1940 e retificado no DOU de 3/1/1941.
ção e de custódia:

Normas correlatas

101
Decreto no 8.420/2015
Regulamenta a Lei no 12.846, de 1o de agosto de 2013, que dispõe sobre a responsabilização
administrativa de pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional
ou estrangeira e dá outras providências.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, no uso da III – pelo arquivamento da matéria.


atribuição que lhe confere o art. 84, caput, inciso § 1o  A investigação de que trata o inciso I
IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto do caput terá caráter sigiloso e não punitivo e
na Lei no 12.846, de 1o de agosto de 2013, será destinada à apuração de indícios de autoria
e materialidade de atos lesivos à administração
DECRETA: pública federal.
§ 2o  A investigação preliminar será condu-
Art. 1o  Este Decreto regulamenta a respon- zida por comissão composta por dois ou mais
sabilização objetiva administrativa de pessoas servidores efetivos.
jurídicas pela prática de atos contra a adminis- § 3o  Em entidades da administração pública
tração pública, nacional ou estrangeira, de que federal cujos quadros funcionais não sejam for-
trata a Lei no 12.846, de 1o de agosto de 2013. mados por servidores estatutários, a comissão a
que se refere o § 2o será composta por dois ou
mais empregados públicos.
CAPÍTULO I – Da Responsabilização § 4o  O prazo para conclusão da investigação
Administrativa preliminar não excederá sessenta dias e poderá
ser prorrogado por igual período, mediante
Art. 2o  A apuração da responsabilidade admi- solicitação justificada do presidente da comissão
nistrativa de pessoa jurídica que possa resultar à autoridade instauradora.
na aplicação das sanções previstas no art. 6o da § 5o  Ao final da investigação preliminar,
Lei no 12.846, de 2013, será efetuada por meio serão enviadas à autoridade competente as pe-
de Processo Administrativo de Responsabili- ças de informação obtidas, acompanhadas de
zação – PAR. relatório conclusivo acerca da existência de in-
dícios de autoria e materialidade de atos lesivos
Art. 3o  A competência para a instauração e para à administração pública federal, para decisão
o julgamento do PAR é da autoridade máxima sobre a instauração do PAR.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

da entidade em face da qual foi praticado o ato


lesivo, ou, em caso de órgão da administração Art. 5o  No ato de instauração do PAR, a auto-
direta, do seu Ministro de Estado. ridade designará comissão, composta por dois
Parágrafo único.  A competência de que trata ou mais servidores estáveis, que avaliará fatos e
o caput será exercida de ofício ou mediante circunstâncias conhecidos e intimará a pessoa
provocação e poderá ser delegada, sendo vedada jurídica para, no prazo de trinta dias, apresentar
a subdelegação. defesa escrita e especificar eventuais provas que
pretende produzir.
Art. 4o  A autoridade competente para instau- § 1o  Em entidades da administração pública
ração do PAR, ao tomar ciência da possível federal cujos quadros funcionais não sejam for-
ocorrência de ato lesivo à administração pública mados por servidores estatutários, a comissão a
federal, em sede de juízo de admissibilidade e que se refere o caput será composta por dois ou
mediante despacho fundamentado, decidirá: mais empregados públicos, preferencialmente
I – pela abertura de investigação preliminar; com no mínimo três anos de tempo de serviço
102 II – pela instauração de PAR; ou na entidade.
§ 2o  Na hipótese de deferimento de pedido ponsável pela apuração do PAR, contando-se
de produção de novas provas ou de juntada de o prazo para apresentação da defesa a partir da
provas julgadas indispensáveis pela comissão, última data de publicação do edital.
a pessoa jurídica poderá apresentar alegações
finais no prazo de dez dias, contado da data do Art. 8o  A pessoa jurídica poderá acompanhar
deferimento ou da intimação de juntada das o PAR por meio de seus representantes legais
provas pela comissão. ou procuradores, sendo-lhes assegurado amplo
§ 3o  Serão recusadas, mediante decisão acesso aos autos.
fundamentada, provas propostas pela pessoa Parágrafo único.  É vedada a retirada dos
jurídica que sejam ilícitas, impertinentes, des- autos da repartição pública, sendo autorizada
necessárias, protelatórias ou intempestivas. a obtenção de cópias mediante requerimento.
§ 4o  Caso a pessoa jurídica apresente em sua
defesa informações e documentos referentes à Art. 9o  O prazo para a conclusão do PAR não
existência e ao funcionamento de programa excederá cento e oitenta dias, admitida pror-
de integridade, a comissão processante deverá rogação por meio de solicitação do presidente
examiná-lo segundo os parâmetros indicados da comissão à autoridade instauradora, que
no Capítulo IV, para a dosimetria das sanções decidirá de forma fundamentada.
a serem aplicadas. § 1o  O prazo previsto no caput será contado
da data de publicação do ato de instauração
Art. 6o  A comissão a que se refere o art. 5o do PAR.
exercerá suas atividades com independência e § 2o  A comissão, para o devido e regular
imparcialidade, assegurado o sigilo, sempre que exercício de suas funções, poderá:
necessário à elucidação do fato e à preservação I – propor à autoridade instauradora a sus-
da imagem dos envolvidos, ou quando exigido pensão cautelar dos efeitos do ato ou do processo
pelo interesse da administração pública, garan- objeto da investigação;
tido o direito à ampla defesa e ao contraditório. II – solicitar a atuação de especialistas com
notório conhecimento, de órgãos e entidades
Art. 7o  As intimações serão feitas por meio públicos ou de outras organizações, para auxiliar
eletrônico, via postal ou por qualquer outro na análise da matéria sob exame; e
meio que assegure a certeza de ciência da pessoa III – solicitar ao órgão de representação ju-
jurídica acusada, cujo prazo para apresentação dicial ou equivalente dos órgãos ou entidades
de defesa será contado a partir da data da cienti- lesados que requeira as medidas necessárias
ficação oficial, observado o disposto no Capítulo para a investigação e o processamento das in-
XVI da Lei no 9.784, de 29 de janeiro de 1999. frações, inclusive de busca e apreensão, no País
§ 1o  Caso não tenha êxito a intimação de ou no exterior.
que trata o caput, será feita nova intimação por § 3o  Concluídos os trabalhos de apuração e
meio de edital publicado na imprensa oficial, análise, a comissão elaborará relatório a respeito
em jornal de grande circulação no Estado da dos fatos apurados e da eventual responsabi-
federação em que a pessoa jurídica tenha sede, e lidade administrativa da pessoa jurídica, no
no sítio eletrônico do órgão ou entidade pública qual sugerirá, de forma motivada, as sanções
responsável pela apuração do PAR, contando-se a serem aplicadas, a dosimetria da multa ou o
o prazo para apresentação da defesa a partir da arquivamento do processo.
última data de publicação do edital. § 4o  O relatório final do PAR será encami-
§ 2o  Em se tratando de pessoa jurídica que nhado à autoridade competente para julga-
Normas correlatas

não possua sede, filial ou representação no País mento, o qual será precedido de manifestação
e sendo desconhecida sua representação no jurídica, elaborada pelo órgão de assistência
exterior, frustrada a intimação nos termos do jurídica competente.
caput, será feita nova intimação por meio de § 5o  Caso seja verificada a ocorrência de
edital publicado na imprensa oficial e no sítio eventuais ilícitos a serem apurados em outras
eletrônico do órgão ou entidade público res- 103
instâncias, o relatório da comissão será enca- tes para julgamento, o processo será encaminha-
minhado, pela autoridade julgadora: do primeiramente àquela de nível mais elevado,
I – ao Ministério Público; para que julgue no âmbito de sua competência,
II – à Advocacia-Geral da União e seus órgãos tendo precedência o julgamento pelo Ministro
vinculados, no caso de órgãos da administração de Estado competente.
pública direta, autarquias e fundações públicas § 2o  Para fins do disposto no caput, o chefe
federais; ou da unidade responsável no órgão ou entidade
III – ao órgão de representação judicial ou pela gestão de licitações e contratos deve co-
equivalente no caso de órgãos ou entidades municar à autoridade prevista no art. 3o sobre
da administração pública não abrangidos pelo eventuais fatos que configurem atos lesivos
inciso II. previstos no art. 5o da Lei no 12.846, de 2013.
§ 6o  Na hipótese de decisão contrária ao
relatório da comissão, esta deverá ser fundamen- Art. 13.  A Controladoria-Geral da União
tada com base nas provas produzidas no PAR. possui, no âmbito do Poder Executivo federal,
competência:
Art. 10.  A decisão administrativa proferida I – concorrente para instaurar e julgar PAR; e
pela autoridade julgadora ao final do PAR será II – exclusiva para avocar os processos ins-
publicada no Diário Oficial da União e no sítio taurados para exame de sua regularidade ou
eletrônico do órgão ou entidade público respon- para corrigir-lhes o andamento, inclusive pro-
sável pela instauração do PAR. movendo a aplicação da penalidade adminis-
trativa cabível.
Art. 11.  Da decisão administrativa sanciona- § 1o  A Controladoria-Geral da União po-
dora cabe pedido de reconsideração com efeito derá exercer, a qualquer tempo, a competência
suspensivo, no prazo de dez dias, contado da prevista no caput, se presentes quaisquer das
data de publicação da decisão. seguintes circunstâncias:
§ 1o  A pessoa jurídica contra a qual foram I – caracterização de omissão da autoridade
impostas sanções no PAR e que não apresentar originariamente competente;
pedido de reconsideração deverá cumpri-las no II – inexistência de condições objetivas para
prazo de trinta dias, contado do fim do prazo sua realização no órgão ou entidade de origem;
para interposição do pedido de reconsideração. III – complexidade, repercussão e relevância
§ 2o  A autoridade julgadora terá o prazo de da matéria;
trinta dias para decidir sobre a matéria alegada IV – valor dos contratos mantidos pela pessoa
no pedido de reconsideração e publicar nova jurídica com o órgão ou entidade atingida; ou
decisão. V – apuração que envolva atos e fatos rela-
§ 3o  Mantida a decisão administrativa san- cionados a mais de um órgão ou entidade da
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

cionadora, será concedido à pessoa jurídica administração pública federal.


novo prazo de trinta dias para cumprimento § 2o  Ficam os órgãos e entidades da admi-
das sanções que lhe foram impostas, contado nistração pública obrigados a encaminhar à
da data de publicação da nova decisão. Controladoria-Geral da União todos os docu-
mentos e informações que lhes forem solicita-
Art. 12.  Os atos previstos como infrações ad- dos, incluídos os autos originais dos processos
ministrativas à Lei no 8.666, de 21 de junho de que eventualmente estejam em curso.
1993, ou a outras normas de licitações e contra-
tos da administração pública que também sejam Art. 14.  Compete à Controladoria-Geral da
tipificados como atos lesivos na Lei no 12.846, União instaurar, apurar e julgar PAR pela prá-
de 2013, serão apurados e julgados conjunta- tica de atos lesivos à administração pública es-
mente, nos mesmos autos, aplicando-se o rito trangeira, o qual seguirá, no que couber, o rito
procedimental previsto neste Capítulo. procedimental previsto neste Capítulo.
§ 1o  Concluída a apuração de que trata o
104 caput e havendo autoridades distintas competen-
CAPÍTULO II – Das Sanções menos de cinco anos, contados da publicação
Administrativas e dos Encaminhamentos do julgamento da infração anterior; e
Judiciais VI – no caso de os contratos mantidos ou
SEÇÃO I – Disposições Gerais pretendidos com o órgão ou entidade lesado,
serão considerados, na data da prática do ato
Art. 15.  As pessoas jurídicas estão sujeitas às lesivo, os seguintes percentuais:
seguintes sanções administrativas, nos termos a)  um por cento em contratos acima de
do art. 6o da Lei no 12.846, de 2013: R$ 1.500.000,00 (um milhão e quinhentos mil
I – multa; e reais);
II – publicação extraordinária da decisão b)  dois por cento em contratos acima de
administrativa sancionadora. R$ 10.000.000,00 (dez milhões de reais);
c)  três por cento em contratos acima de
Art. 16.  Caso os atos lesivos apurados envol- R$ 50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais);
vam infrações administrativas à Lei no 8.666, de d)  quatro por cento em contratos acima de
1993, ou a outras normas de licitações e contra- R$ 250.000.000,00 (duzentos e cinquenta mi-
tos da administração pública e tenha ocorrido a lhões de reais); e
apuração conjunta prevista no art. 12, a pessoa e)  cinco por cento em contratos acima de
jurídica também estará sujeita a sanções admi- R$ 1.000.000.000,00 (um bilhão de reais).
nistrativas que tenham como efeito restrição ao
direito de participar em licitações ou de celebrar Art. 18.  Do resultado da soma dos fatores do
contratos com a administração pública, a serem art. 17 serão subtraídos os valores correspon-
aplicadas no PAR. dentes aos seguintes percentuais do faturamento
bruto da pessoa jurídica do último exercício
anterior ao da instauração do PAR, excluídos
SEÇÃO II – Da Multa os tributos:
I – um por cento no caso de não consumação
Art. 17.  O cálculo da multa se inicia com a da infração;
soma dos valores correspondentes aos seguintes II – um e meio por cento no caso de com-
percentuais do faturamento bruto da pessoa provação de ressarcimento pela pessoa jurídica
jurídica do último exercício anterior ao da ins- dos danos a que tenha dado causa;
tauração do PAR, excluídos os tributos: III – um por cento a um e meio por cento
I – um por cento a dois e meio por cento ha- para o grau de colaboração da pessoa jurídica
vendo continuidade dos atos lesivos no tempo; com a investigação ou a apuração do ato lesivo,
II – um por cento a dois e meio por cento independentemente do acordo de leniência;
para tolerância ou ciência de pessoas do corpo IV – dois por cento no caso de comunica-
diretivo ou gerencial da pessoa jurídica; ção espontânea pela pessoa jurídica antes da
III – um por cento a quatro por cento no instauração do PAR acerca da ocorrência do
caso de interrupção no fornecimento de serviço ato lesivo; e
público ou na execução de obra contratada; V – um por cento a quatro por cento para
IV – um por cento para a situação econô- comprovação de a pessoa jurídica possuir e
mica do infrator com base na apresentação de aplicar um programa de integridade, conforme
índice de Solvência Geral – SG e de Liquidez os parâmetros estabelecidos no Capítulo IV.
Geral – LG superiores a um e de lucro líquido
no último exercício anterior ao da ocorrência Art. 19.  Na ausência de todos os fatores pre-
Normas correlatas

do ato lesivo; vistos nos art. 17 e art. 18 ou de resultado das


V – cinco por cento no caso de reincidência, operações de soma e subtração ser igual ou
assim definida a ocorrência de nova infração, menor a zero, o valor da multa corresponderá,
idêntica ou não à anterior, tipificada como ato conforme o caso, a:
lesivo pelo art. 5o da Lei no 12.846, de 2013, em
105
I – um décimo por cento do faturamento Art. 22.  Caso não seja possível utilizar o cri-
bruto do último exercício anterior ao da instau- tério do valor do faturamento bruto da pessoa
ração do PAR, excluídos os tributos; ou jurídica no ano anterior ao da instauração ao
II – R$ 6.000,00 (seis mil reais), na hipótese PAR, os percentuais dos fatores indicados nos
do art. 22. art. 17 e art. 18 incidirão:
I – sobre o valor do faturamento bruto da
Art. 20.  A existência e quantificação dos fatores pessoa jurídica, excluídos os tributos, no ano
previstos nos art. 17 e art. 18, deverá ser apura- em que ocorreu o ato lesivo, no caso de a pessoa
da no PAR e evidenciada no relatório final da jurídica não ter tido faturamento no ano anterior
comissão, o qual também conterá a estimativa, ao da instauração ao PAR;
sempre que possível, dos valores da vantagem II – sobre o montante total de recursos re-
auferida e da pretendida. cebidos pela pessoa jurídica sem fins lucrativos
§ 1o  Em qualquer hipótese, o valor final da no ano em que ocorreu o ato lesivo; ou
multa terá como limite: III – nas demais hipóteses, sobre o fatura-
I – mínimo, o maior valor entre o da vanta- mento anual estimável da pessoa jurídica, le-
gem auferida e o previsto no art. 19; e vando em consideração quaisquer informações
II – máximo, o menor valor entre: sobre a sua situação econômica ou o estado
a)  vinte por cento do faturamento bruto do de seus negócios, tais como patrimônio, capi-
último exercício anterior ao da instauração do tal social, número de empregados, contratos,
PAR, excluídos os tributos; ou dentre outras.
b)  três vezes o valor da vantagem pretendida Parágrafo único.  Nas hipóteses previstas
ou auferida. no caput, o valor da multa será limitado entre
§ 2o  O valor da vantagem auferida ou preten- R$ 6.000,00 (seis mil reais) e R$ 60.000.000,00
dida equivale aos ganhos obtidos ou pretendidos (sessenta milhões de reais).
pela pessoa jurídica que não ocorreriam sem a
prática do ato lesivo, somado, quando for o caso, Art. 23.  Com a assinatura do acordo de leniên-
ao valor correspondente a qualquer vantagem cia, a multa aplicável será reduzida conforme a
indevida prometida ou dada a agente público fração nele pactuada, observado o limite previs-
ou a terceiros a ele relacionados. to no § 2o do art. 16 da Lei no 12.846, de 2013.
§ 3o  Para fins do cálculo do valor de que § 1o  O valor da multa previsto no caput po-
trata o § 2o, serão deduzidos custos e despesas derá ser inferior ao limite mínimo previsto no
legítimos comprovadamente executados ou que art. 6o da Lei no 12.846, de 2013.
seriam devidos ou despendidos caso o ato lesivo § 2o  No caso de a autoridade signatária de-
não tivesse ocorrido. clarar o descumprimento do acordo de leniência
por falta imputável à pessoa jurídica colabo-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Art. 21.  Ato do Ministro de Estado Chefe da radora, o valor integral encontrado antes da
Controladoria-Geral da União fixará metodo- redução de que trata o caput será cobrado na
logia para a apuração do faturamento bruto forma da Seção IV, descontando-se as frações
e dos tributos a serem excluídos para fins de da multa eventualmente já pagas.
cálculo da multa a que se refere o art. 6o da Lei
no 12.846, de 2013.
Parágrafo único.  Os valores de que trata o SEÇÃO III – Da Publicação Extraordinária
caput poderão ser apurados, entre outras formas, da Decisão Administrativa Sancionadora
por meio de:
I – compartilhamento de informações tribu- Art. 24.  A pessoa jurídica sancionada admi-
tárias, na forma do inciso II do § 1o do art. 198 nistrativamente pela prática de atos lesivos
da Lei no 5.172, de 25 de outubro de 1966; e contra a administração pública, nos termos
II – registros contábeis produzidos ou pu- da Lei no 12.846, de 2013, publicará a decisão
blicados pela pessoa jurídica acusada, no país administrativa sancionadora na forma de extrato
106 ou no estrangeiro. de sentença, cumulativamente:
I – em meio de comunicação de grande garantia do processo judicial ou preservação do
circulação na área da prática da infração e de acordo de leniência, serão solicitadas ao órgão
atuação da pessoa jurídica ou, na sua falta, em de representação judicial ou equivalente dos
publicação de circulação nacional; órgãos ou entidades lesados.
II – em edital afixado no próprio estabele-
cimento ou no local de exercício da atividade, Art. 27.  No âmbito da administração pública
em localidade que permita a visibilidade pelo federal direta, a atuação judicial será exercida
público, pelo prazo mínimo de trinta dias; e pela Procuradoria-Geral da União, com exceção
III – em seu sítio eletrônico, pelo prazo de da cobrança da multa administrativa aplicada
trinta dias e em destaque na página principal no PAR, que será promovida pela Procurado-
do referido sítio. ria-Geral da Fazenda Nacional.
Parágrafo único.  A publicação a que se refere Parágrafo único.  No âmbito das autarquias e
o caput será feita a expensas da pessoa jurídica fundações públicas federais, a atuação judicial
sancionada. será exercida pela Procuradoria-Geral Federal,
inclusive no que se refere à cobrança da multa
administrativa aplicada no PAR, respeitadas as
SEÇÃO IV – Da Cobrança da Multa competências específicas da Procuradoria-Geral
Aplicada do Banco Central.

Art. 25.  A multa aplicada ao final do PAR será


integralmente recolhida pela pessoa jurídica CAPÍTULO III – Do Acordo de Leniência
sancionada no prazo de trinta dias, observado
o disposto nos §§ 1o e 3o do art. 11. Art. 28.  O acordo de leniência será celebrado
§ 1o  Feito o recolhimento, a pessoa jurídica com as pessoas jurídicas responsáveis pela prá-
sancionada apresentará ao órgão ou entidade tica dos atos lesivos previstos na Lei no 12.846,
que aplicou a sanção documento que ateste o de 2013, e dos ilícitos administrativos previstos
pagamento integral do valor da multa imposta. na Lei no 8.666, de 1993, e em outras normas de
§ 2o  Decorrido o prazo previsto no caput licitações e contratos, com vistas à isenção ou
sem que a multa tenha sido recolhida ou não à atenuação das respectivas sanções, desde que
tendo ocorrido a comprovação de seu pagamen- colaborem efetivamente com as investigações
to integral, o órgão ou entidade que a aplicou e o processo administrativo, devendo resultar
encaminhará o débito para inscrição em Dívida dessa colaboração:
Ativa da União ou das autarquias e fundações I – a identificação dos demais envolvidos
públicas federais. na infração administrativa, quando couber; e
§ 3o  Caso a entidade que aplicou a multa II – a obtenção célere de informações e
não possua Dívida Ativa, o valor será cobrado documentos que comprovem a infração sob
independentemente de prévia inscrição. apuração.

Art. 29.  Compete à Controladoria-Geral da


SEÇÃO V – Dos Encaminhamentos Judiciais União celebrar acordos de leniência no âm-
bito do Poder Executivo federal e nos casos
Art. 26.  As medidas judiciais, no País ou no de atos lesivos contra a administração pública
exterior, como a cobrança da multa adminis- estrangeira.
trativa aplicada no PAR, a promoção da publi-
Normas correlatas

cação extraordinária, a persecução das sanções Art. 30.  A pessoa jurídica que pretenda cele-
referidas nos incisos I a IV do caput do art. 19 brar acordo de leniência deverá:
da Lei no 12.846, de 2013, a reparação integral I – ser a primeira a manifestar interesse em
dos danos e prejuízos, além de eventual atua- cooperar para a apuração de ato lesivo espe-
ção judicial para a finalidade de instrução ou cífico, quando tal circunstância for relevante;
107
II – ter cessado completamente seu envol- em curso em outros órgãos ou entidades da
vimento no ato lesivo a partir da data da pro- administração pública federal relacionados aos
positura do acordo; fatos objeto do acordo.
III – admitir sua participação na infração
administrativa; Art. 32.  A negociação a respeito da proposta
IV – cooperar plena e permanentemente do acordo de leniência deverá ser concluída no
com as investigações e o processo administra- prazo de cento e oitenta dias, contado da data
tivo e comparecer, sob suas expensas e sempre de apresentação da proposta.
que solicitada, aos atos processuais, até o seu Parágrafo único.  A critério da Controla-
encerramento; e doria-Geral da União, poderá ser prorrogado
V – fornecer informações, documentos e o prazo estabelecido no caput, caso presentes
elementos que comprovem a infração admi- circunstâncias que o exijam.
nistrativa.
§ 1o  O acordo de leniência de que trata o Art. 33.  Não importará em reconhecimento
caput será proposto pela pessoa jurídica, por da prática do ato lesivo investigado a proposta
seus representantes, na forma de seu estatuto de acordo de leniência rejeitada, da qual não se
ou contrato social, ou por meio de procurador fará qualquer divulgação, ressalvado o disposto
com poderes específicos para tal ato, observado no § 1o do art. 31.
o disposto no art. 26 da Lei no 12.846, de 2013.
§ 2o  A proposta do acordo de leniência po- Art. 34.  A pessoa jurídica proponente poderá
derá ser feita até a conclusão do relatório a ser desistir da proposta de acordo de leniência a
elaborado no PAR. qualquer momento que anteceda a assinatura
do referido acordo.
Art. 31.  A proposta de celebração de acordo
de leniência poderá ser feita de forma oral ou Art. 35.  Caso o acordo não venha a ser cele-
escrita, oportunidade em que a pessoa jurídica brado, os documentos apresentados durante
proponente declarará expressamente que foi a negociação serão devolvidos, sem retenção
orientada a respeito de seus direitos, garantias de cópias, à pessoa jurídica proponente e será
e deveres legais e de que o não atendimento às vedado seu uso para fins de responsabilização,
determinações e solicitações da Controladoria- exceto quando a administração pública federal
-Geral da União durante a etapa de negociação tiver conhecimento deles independentemente
importará a desistência da proposta. da apresentação da proposta do acordo de le-
§ 1o  A proposta apresentada receberá trata- niência.
mento sigiloso e o acesso ao seu conteúdo será
restrito aos servidores especificamente desig- Art. 36.  O acordo de leniência estipulará as
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

nados pela Controladoria-Geral da União para condições para assegurar a efetividade da cola-
participar da negociação do acordo de leniên- boração e o resultado útil do processo, do qual
cia, ressalvada a possibilidade de a proponente constarão cláusulas e obrigações que, diante das
autorizar a divulgação ou compartilhamento circunstâncias do caso concreto, reputem-se
da existência da proposta ou de seu conteúdo, necessárias.
desde que haja anuência da Controladoria-Geral
da União. Art. 37.  O acordo de leniência conterá, entre
§ 2o  Poderá ser firmado memorando de outras disposições, cláusulas que versem sobre:
entendimentos entre a pessoa jurídica propo- I – o compromisso de cumprimento dos re-
nente e a Controladoria-Geral da União para quisitos previstos nos incisos II a V do caput
formalizar a proposta e definir os parâmetros do art. 30;
do acordo de leniência. II – a perda dos benefícios pactuados, em
§ 3o  Uma vez proposto o acordo de leniên- caso de descumprimento do acordo;
cia, a Controladoria-Geral da União poderá III – a natureza de título executivo extrajudi-
108 requisitar os autos de processos administrativos cial do instrumento do acordo, nos termos do
inciso II do caput do art. 585 da Lei no 5.869, CAPÍTULO IV – Do Programa de
de 11 de janeiro de 1973; e Integridade
IV – a adoção, aplicação ou aperfeiçoamento
de programa de integridade, conforme os parâ- Art. 41.  Para fins do disposto neste Decreto,
metros estabelecidos no Capítulo IV. programa de integridade consiste, no âmbito de
uma pessoa jurídica, no conjunto de mecanis-
Art. 38.  A Controladoria-Geral da União mos e procedimentos internos de integridade,
poderá conduzir e julgar os processos admi- auditoria e incentivo à denúncia de irregulari-
nistrativos que apurem infrações administra- dades e na aplicação efetiva de códigos de ética e
tivas previstas na Lei no 12.846, de 2013, na de conduta, políticas e diretrizes com objetivo de
Lei no 8.666, de 1993, e em outras normas de detectar e sanar desvios, fraudes, irregularidades
licitações e contratos, cujos fatos tenham sido e atos ilícitos praticados contra a administração
noticiados por meio do acordo de leniência. pública, nacional ou estrangeira.
Parágrafo único.  O programa de integridade
Art. 39.  Até a celebração do acordo de leniência deve ser estruturado, aplicado e atualizado de
pelo Ministro de Estado Chefe da Controlado- acordo com as características e riscos atuais das
ria-Geral da União, a identidade da pessoa jurí- atividades de cada pessoa jurídica, a qual por
dica signatária do acordo não será divulgada ao sua vez deve garantir o constante aprimoramen-
público, ressalvado o disposto no § 1o do art. 31. to e adaptação do referido programa, visando
Parágrafo único.  A Controladoria-Geral da garantir sua efetividade.
União manterá restrito o acesso aos documentos
e informações comercialmente sensíveis da pes- Art. 42.  Para fins do disposto no § 4o do art. 5o,
soa jurídica signatária do acordo de leniência. o programa de integridade será avaliado, quanto
a sua existência e aplicação, de acordo com os
Art. 40.  Uma vez cumprido o acordo de leniên- seguintes parâmetros:
cia pela pessoa jurídica colaboradora, serão de- I – comprometimento da alta direção da pes-
clarados em favor da pessoa jurídica signatária, soa jurídica, incluídos os conselhos, evidenciado
nos termos previamente firmados no acordo, pelo apoio visível e inequívoco ao programa;
um ou mais dos seguintes efeitos: II – padrões de conduta, código de ética, polí-
I – isenção da publicação extraordinária da ticas e procedimentos de integridade, aplicáveis
decisão administrativa sancionadora; a todos os empregados e administradores, inde-
II – isenção da proibição de receber incen- pendentemente de cargo ou função exercidos;
tivos, subsídios, subvenções, doações ou em- III – padrões de conduta, código de ética
préstimos de órgãos ou entidades públicos e de e políticas de integridade estendidas, quando
instituições financeiras públicas ou controladas necessário, a terceiros, tais como, fornecedores,
pelo Poder Público; prestadores de serviço, agentes intermediários
III – redução do valor final da multa aplicável, e associados;
observado o disposto no art. 23; ou IV – treinamentos periódicos sobre o pro-
IV – isenção ou atenuação das sanções ad- grama de integridade;
ministrativas previstas nos art. 86 a art. 88 da V – análise periódica de riscos para realizar
Lei no 8.666, de 1993, ou de outras normas de adaptações necessárias ao programa de inte-
licitações e contratos. gridade;
Parágrafo único.  Os efeitos do acordo de VI – registros contábeis que reflitam de for-
leniência serão estendidos às pessoas jurídicas ma completa e precisa as transações da pessoa
Normas correlatas

que integrarem o mesmo grupo econômico, de jurídica;


fato e de direito, desde que tenham firmado o VII – controles internos que assegurem a
acordo em conjunto, respeitadas as condições pronta elaboração e confiabilidade de relatórios
nele estabelecidas. e demonstrações financeiros da pessoa jurídica;
VIII – procedimentos específicos para pre-
venir fraudes e ilícitos no âmbito de processos 109
licitatórios, na execução de contratos adminis- VI – o grau de interação com o setor públi-
trativos ou em qualquer interação com o setor co e a importância de autorizações, licenças e
público, ainda que intermediada por terceiros, permissões governamentais em suas operações;
tal como pagamento de tributos, sujeição a fisca- VII – a quantidade e a localização das pessoas
lizações, ou obtenção de autorizações, licenças, jurídicas que integram o grupo econômico; e
permissões e certidões; VIII – o fato de ser qualificada como mi-
IX – independência, estrutura e autoridade croempresa ou empresa de pequeno porte.
da instância interna responsável pela aplicação § 2o  A efetividade do programa de integrida-
do programa de integridade e fiscalização de de em relação ao ato lesivo objeto de apuração
seu cumprimento; será considerada para fins da avaliação de que
X – canais de denúncia de irregularidades, trata o caput.
abertos e amplamente divulgados a funcioná- § 3o  Na avaliação de microempresas e em-
rios e terceiros, e de mecanismos destinados à presas de pequeno porte, serão reduzidas as
proteção de denunciantes de boa-fé; formalidades dos parâmetros previstos neste
XI – medidas disciplinares em caso de vio- artigo, não se exigindo, especificamente, os
lação do programa de integridade; incisos III, V, IX, X, XIII, XIV e XV do caput.
XII – procedimentos que assegurem a pronta § 4o  Caberá ao Ministro de Estado Chefe da
interrupção de irregularidades ou infrações Controladoria-Geral da União expedir orienta-
detectadas e a tempestiva remediação dos da- ções, normas e procedimentos complementares
nos gerados; referentes à avaliação do programa de integri-
XIII – diligências apropriadas para contrata- dade de que trata este Capítulo.
ção e, conforme o caso, supervisão, de terceiros, § 5o  A redução dos parâmetros de avaliação
tais como, fornecedores, prestadores de serviço, para as microempresas e empresas de pequeno
agentes intermediários e associados; porte de que trata o § 3o poderá ser objeto de
XIV – verificação, durante os processos de regulamentação por ato conjunto do Ministro
fusões, aquisições e reestruturações societárias, de Estado Chefe da Secretaria da Micro e Pe-
do cometimento de irregularidades ou ilícitos quena Empresa e do Ministro de Estado Chefe
ou da existência de vulnerabilidades nas pessoas da Controladoria-Geral da União.
jurídicas envolvidas;
XV – monitoramento contínuo do programa
de integridade visando seu aperfeiçoamento na CAPÍTULO V – Do Cadastro Nacional
prevenção, detecção e combate à ocorrência dos de Empresas Inidôneas e Suspensas e do
atos lesivos previstos no art. 5o da Lei no 12.846, Cadastro Nacional de Empresas Punidas
de 2013; e
XVI – transparência da pessoa jurídica quan- Art. 43.  O Cadastro Nacional de Empresas Ini-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

to a doações para candidatos e partidos políticos. dôneas e Suspensas – CEIS conterá informações
§ 1o  Na avaliação dos parâmetros de que referentes às sanções administrativas impostas
trata este artigo, serão considerados o porte e a pessoas físicas ou jurídicas que impliquem
especificidades da pessoa jurídica, tais como: restrição ao direito de participar de licitações
I – a quantidade de funcionários, empregados ou de celebrar contratos com a administração
e colaboradores; pública de qualquer esfera federativa, entre as
II – a complexidade da hierarquia interna quais:
e a quantidade de departamentos, diretorias I – suspensão temporária de participação
ou setores; em licitação e impedimento de contratar com
III – a utilização de agentes intermediários a administração pública, conforme disposto no
como consultores ou representantes comerciais; inciso III do caput do art. 87 da Lei no 8.666,
IV – o setor do mercado em que atua; de 1993;
V – os países em que atua, direta ou indi- II – declaração de inidoneidade para licitar
retamente; ou contratar com a administração pública, con-
110
forme disposto no inciso IV do caput do art. 87 III – tipo de sanção;
da Lei no 8.666, de 1993; IV – fundamentação legal da sanção;
III – impedimento de licitar e contratar com V – número do processo no qual foi funda-
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, mentada a sanção;
conforme disposto no art. 7o da Lei no 10.520, VI – data de início de vigência do efeito li-
de 17 de julho de 2002; mitador ou impeditivo da sanção ou data de
IV – impedimento de licitar e contratar com a aplicação da sanção;
União, Estados, Distrito Federal ou Municípios, VII – data final do efeito limitador ou impe-
conforme disposto no art. 47 da Lei no 12.462, ditivo da sanção, quando couber;
de 4 de agosto de 2011; VIII – nome do órgão ou entidade sancio-
V – suspensão temporária de participação nador; e
em licitação e impedimento de contratar com IX – valor da multa, quando couber.
a administração pública, conforme disposto no
inciso IV do caput do art. 33 da Lei no 12.527, Art. 47.  A exclusão dos dados e informações
de 18 de novembro de 2011; e constantes do CEIS ou do CNEP se dará:
VI – declaração de inidoneidade para licitar I – com fim do prazo do efeito limitador ou
ou contratar com a administração pública, con- impeditivo da sanção; ou
forme disposto no inciso V do caput do art. 33 II – mediante requerimento da pessoa jurí-
da Lei no 12.527, de 2011. dica interessada, após cumpridos os seguintes
requisitos, quando aplicáveis:
Art. 44.  Poderão ser registradas no CEIS outras a)  publicação da decisão de reabilitação da
sanções que impliquem restrição ao direito de pessoa jurídica sancionada, nas hipóteses dos
participar em licitações ou de celebrar contratos incisos II e VI do caput do art. 43;
com a administração pública, ainda que não b)  cumprimento integral do acordo de le-
sejam de natureza administrativa. niência;
c)  reparação do dano causado; ou
Art. 45.  O Cadastro Nacional de Empresas Pu- d)  quitação da multa aplicada.
nidas – CNEP conterá informações referentes:
I – às sanções impostas com fundamento na Art. 48.  O fornecimento dos dados e infor-
Lei no 12.846, de 2013; e mações de que tratam os art. 43 a art. 46, pelos
II – ao descumprimento de acordo de leniên- órgãos e entidades dos Poderes Executivo, Le-
cia celebrado com fundamento na Lei no 12.846, gislativo e Judiciário de cada uma das esferas
de 2013. de governo, será disciplinado pela Controlado-
Parágrafo único.  As informações sobre os ria-Geral da União.
acordos de leniência celebrados com fundamen-
to na Lei no 12.846, de 2013, serão registradas
no CNEP após a celebração do acordo, exceto se CAPÍTULO VI – Disposições Finais
causar prejuízo às investigações ou ao processo
administrativo. Art. 49.  As informações referentes ao PAR
instaurado no âmbito dos órgãos e entidades
Art. 46.  Constarão do CEIS e do CNEP, sem do Poder Executivo federal serão registradas
prejuízo de outros a serem estabelecidos pela no sistema de gerenciamento eletrônico de pro-
Controladoria-Geral da União, dados e infor- cessos administrativos sancionadores mantido
mações referentes a: pela Controladoria-Geral da União, conforme
Normas correlatas

I – nome ou razão social da pessoa física ou ato do Ministro de Estado Chefe da Controla-
jurídica sancionada; doria-Geral da União.
II – número de inscrição da pessoa jurídica
no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica – CNPJ Art. 50.  Os órgãos e as entidades da adminis-
ou da pessoa física no Cadastro de Pessoas Fí- tração pública, no exercício de suas competên-
sicas – CPF; cias regulatórias, disporão sobre os efeitos da 111
Lei no 12.846, de 2013, no âmbito das atividades orientações e procedimentos complementares
reguladas, inclusive no caso de proposta e cele- para a execução deste Decreto.
bração de acordo de leniência.
Art. 53.  Este Decreto entra em vigor na data
Art. 51.  O processamento do PAR não interfere de sua publicação.
no seguimento regular dos processos adminis-
trativos específicos para apuração da ocorrência Brasília, 18 de março de 2015; 194o da Indepen-
de danos e prejuízos à administração pública dência e 127o da República.
federal resultantes de ato lesivo cometido por
pessoa jurídica, com ou sem a participação de DILMA ROUSSEFF
agente público.
Decretado em 18/3/2015 e publicado no DOU de
Art. 52.  Caberá ao Ministro de Estado Che- 19/3/2015.
fe da Controladoria-Geral da União expedir
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

112
Decreto no 93.872/1986
Dispõe sobre a unificação dos recursos de caixa do Tesouro Nacional, atualiza e consolida a legislação
pertinente e dá outras providências.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, usando das União, deduzidas as parcelas ou cotas-partes


atribuições que lhe confere o artigo 81, itens III dos recursos tributários e de contribuições,
e V, da Constituição, e tendo em vista o disposto destinadas aos Estados, ao Distrito Federal,
no artigo 92, do Decreto-lei no 200, de 25 de aos Territórios e aos Municípios, na forma das
fevereiro de 1967, disposições constitucionais vigentes.
Parágrafo único.  O Banco do Brasil S.A. fará
DECRETA: o crédito em conta dos beneficiários menciona-
dos neste artigo tendo em vista a apuração e a
classificação da receita arrecadada, bem assim os
CAPÍTULO I – Da Unificação dos Recursos percentuais de distribuição ou índices de rateio
de Caixa do Tesouro Nacional definidos pelos órgãos federais competentes,
observados os prazos e condições estabelecidos
Art. 1o  A realização da receita e da despesa na legislação específica (Decreto-lei no 1.805/80,
da União far-se-á por via bancária, em estrita § 1o do art. 2o).
observância ao princípio de unidade de caixa
(Lei no 4.320/64, art. 56 e Decreto-lei no 200/67, Art. 4o  Os recursos de caixa do Tesouro Na-
art. 74). cional serão mantidos no Banco do Brasil S.A.,
somente sendo permitidos saques para o paga-
Art. 2o  A arrecadação de todas as receitas da mento de despesas formalmente processadas e
União far-se-á na forma disciplinada pelo Mi- dentro dos limites estabelecidos na programação
nistério da Fazenda, devendo o seu produto ser financeira.
obrigatoriamente recolhido à conta do Tesouro § 1o  As opções para incentivos fiscais e as
Nacional no Banco do Brasil S.A. (Decreto-lei contribuições destinadas ao Programa de In-
no 1.755/79, art. 1o). tegração Nacional – PIN, e ao Programa de
§ 1o  Para os fins deste Decreto, entende-se Distribuição de Terras e de Estímulo à Agroin-
por receita da União todo e qualquer ingresso dústria do Norte e Nordeste – PROTERRA,
de caráter originário ou derivado, ordinário constarão de saques contra os recursos de caixa
ou extraordinário e de natureza orçamentária do Tesouro Nacional, autorizados pela Secre-
ou extraorçamentária, seja geral ou vinculado, taria do Tesouro Nacional, tendo em vista a
que tenha sido decorrente, produzido ou rea- programação financeira aprovada e o efetivo
lizado direta ou indiretamente pelos órgãos recolhimento das parcelas correspondentes
competentes. (Decreto-lei no 200/67, art. 92).
§ 2o  Caberá ao Ministério da Fazenda a apu- § 2o  Os recursos correspondentes às parcelas
ração e a classificação da receita arrecadada, com de receita do salário-educação, de que trata o ar-
vistas à sua destinação constitucional. tigo 2o, do Decreto-lei no 1.422, de 23 de outubro
§ 3o  A posição líquida dos recursos do Te- de 1975, serão entregues às entidades credoras
Normas correlatas

souro Nacional no Banco do Brasil S.A. será mediante saques previstos na programação fi-
depositada no Banco Central do Brasil, à ordem nanceira (Decreto-lei no 200/67, art. 92).
do Tesouro Nacional. § 3o  Em casos excepcionais e para fins espe-
cíficos, o Ministro da Fazenda poderá autorizar
Art. 3o  Os recursos de caixa do Tesouro Na- o levantamento da restrição estabelecida no
cional compreendem o produto das receitas da caput deste artigo. 113
Art. 5o  O pagamento da despesa, obedecidas § 1o  Na alteração do limite global de saques,
as normas reguladas neste Decreto, será feito observar-se-ão o quantitativo das dotações or-
mediante saques contra a conta do Tesouro çamentárias e o comportamento da execução
Nacional (Decreto-lei no 200/67, parágrafo único orçamentária.
do art. 92). § 2o  Serão considerados, na execução da
programação financeira de que trata este ar-
Art. 6o  As entidades da Administração Federal tigo, os créditos adicionais, as restituições de
Indireta não poderão utilizar recursos prove- receitas e o ressarcimento em espécie a título
nientes de dotações orçamentárias da União, de incentivo ou benefício fiscal e os Restos a
inclusive transferências, nem eventuais saldos Pagar, além das despesas autorizadas na Lei de
da mesma origem apurados no encerramento Orçamento anual.
de cada ano civil, em suas aplicações no merca-
do financeiro (Decreto-lei no 1.290/73, art. 1o). Art. 10.  Os Ministérios, Órgãos da Presidência
Parágrafo único.  O Banco Central do Brasil da República e dos Poderes Legislativo e Judiciá-
prestará à Secretaria do Tesouro Nacional as rio, dentro do limite global de saques fixado e
informações por ela solicitadas objetivando a de acordo com o fluxo dos recursos do Tesouro
verificação do disposto neste artigo. Nacional, aprovarão o limite de saques de cada
unidade orçamentária, tendo em vista o crono-
Art. 7o  As autarquias, empresas públicas, so- grama de execução dos projetos e atividades a
ciedades de economia mista e fundações inte- seu cargo, dando ciência ao Tribunal de Contas
grantes da Administração Federal Indireta, que da União (Decreto-lei no 200/67, art. 72, § 1o).
não recebam transferências da União, poderão Parágrafo único.  A unidade orçamentária
adquirir títulos de responsabilidade do Governo poderá partilhar seu limite financeiro entre
Federal com disponibilidades resultantes de unidades administrativas gestoras, quando con-
receitas próprias, através do Banco Central do veniente e necessário, observadas as normas
Brasil e na forma que este estabelecer (Decre- legais pertinentes.
to-lei no 1.290/73, art. 2o).
Art. 11.  Toda atividade deverá ajustar-se à
Art. 8o  É vedada às entidades referidas ao artigo programação governamental e ao orçamento
anterior a aplicação de disponibilidades finan- anual, e os compromissos financeiros, inclusive
ceiras em títulos de renda fixa, outros que não quando financiados por operações de crédito
títulos de responsabilidade do Governo Federal, internas ou externas, ficam subordinados aos
ou em depósitos bancários a prazo (Decreto-lei limites estabelecidos na programação financeira
no 1.290/73, art. 3o). de desembolso aprovada (Decreto-lei no 200/67,
Parágrafo único.  O Conselho Monetário art. 18 e Decreto-lei no 1.754/79, art. 3o).
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Nacional poderá suspender a proibição deste


artigo e a restrição prescrita no artigo anterior. Art. 12.  As transferências para entidades su-
pervisionadas, inclusive quando decorrentes
de receitas vinculadas ou com destinação es-
CAPÍTULO II – Da Programação Financeira pecificada na legislação vigente, constarão de
limites de saques aprovados para a unidade
Art. 9o  As diretrizes gerais da programação orçamentária à qual os créditos sejam atribuí-
financeira da despesa autorizada na Lei de veis, de acordo com o cronograma aprovado
Orçamento anual serão fixadas em decreto, (Decreto-lei no 200/67, art. 92, parágrafo único).
cabendo à Secretaria do Tesouro Nacional, em Parágrafo único.  Os saques para atender
ato próprio, aprovar o limite global de saques as despesas de que trata este artigo e para as
de cada Ministério ou Órgão, tendo em vista de fundos especiais custeados com o produto
o montante das dotações e a previsão do flu- de receitas próprias, só poderão ser efetuados
xo de caixa do Tesouro Nacional (Decreto-lei após a arrecadação da respectiva receita e de
114 no 200/67, art. 72). seu recolhimento à conta do Tesouro Nacional.
Art. 13.  Os limites financeiros para atender a Parágrafo único.  A restituição de rendas
despesas no exterior constarão de programação extintas será efetuada com os recursos das do-
financeira de desembolso de forma destacada. tações consignadas na Lei de Orçamento ou em
§ 1o  Somente manterão contas correntes crédito adicional, desde que não exista receita a
bancárias no exterior as unidades sediadas fora anular (Lei no 4.862/65, § 5o do art. 18).
do País.
§ 2o  Será considerada como transferência Art. 15.  Os restos a pagar constituirão item
financeira a remessa de moeda estrangeira para específico da programação financeira, devendo
as unidades sediadas no exterior, que será rea- o seu pagamento efetuar-se dentro do limite de
lizada através de fechamento de contrato de saques fixado.
câmbio pelo Ministério ou órgão ao qual se
subordinam essas unidades. Art. 16.  Revertem à dotação a importância da
§ 3o  O registro das despesas realizadas por despesa anulada no exercício, e os correspon-
unidades sediadas no exterior considerará a dentes recursos financeiros à conta do Tesouro
data em que efetivamente ocorreram. Nacional, caso em que a unidade gestora poderá
§ 4o  O contravalor em moeda nacional das pleitear a recomposição de seu limite de saques;
despesas indicadas no parágrafo anterior será quando a anulação ocorrer após o encerramento
calculado utilizando-se a taxa cambial média do exercício, considerar-se-á receita orçamen-
das transferências financeiras efetivamente tária do ano em que se efetivar (Lei no 4.320/64,
realizadas. art. 38).
§ 5o  Para os efeitos do parágrafo anterior,
o saldo em moeda estrangeira disponível no
início do exercício será considerado utilizan- CAPÍTULO III – Da Administração
do-se a taxa cambial vigente no primeiro dia Financeira
do exercício. SEÇÃO I – Discriminação das Dotações
§ 6o  O pagamento de despesas no exterior
de conta de unidades sediadas no País far-se-á Art. 17.  As despesas serão realizadas em con-
através de fechamento, pela própria unidade, de formidade com a discriminação constante de
contrato de câmbio específico para cada despesa. quadro próprio que a Secretaria de Planejamen-
§ 7o  O registro da despesa de que trata o pa- to da Presidência da República publicará antes
rágrafo anterior será feito na data da liquidação do início do exercício financeiro, detalhando os
do respectivo contrato de câmbio, pelo valor em projetos e atividades por elementos de despesa
moeda nacional efetivamente utilizado, inclusive a cargo de cada unidade orçamentária.
eventual diferença de taxa, comissão bancária § 1o  O quadro de detalhamento da despesa
e demais despesas com a remessa. de cada unidade orçamentária poderá ser alte-
rado durante o exercício, mediante solicitação
Art. 14.  A restituição de receitas orçamen- à Secretaria de Planejamento da Presidência da
tárias, descontadas ou recolhidas a maior, e o República até 10 de novembro, observados os
ressarcimento em espécie a título de incentivo limites autorizados na Lei de Orçamento e em
ou benefício fiscal, dedutíveis da arrecadação, créditos adicionais.
qualquer que tenha sido o ano da respectiva § 2o  A abertura ou reabertura de crédito
cobrança, serão efetuados como anulação de adicional importa automática modificação do
receita, mediante expresso reconhecimento do quadro de detalhamento da despesa.
direito creditório contra a Fazenda Nacional,
Normas correlatas

pela autoridade competente, a qual, observado Art. 18.  As dotações globais consignadas no


o limite de saques específicos estabelecido na Orçamento ou em créditos adicionais classifi-
programação financeira de desembolso, auto- cados como 4.1.3.0 – Investimentos em Regime
rizará a entrega da respectiva importância em de Execução Especial estão sujeitas, para sua
documento próprio (Lei no 4.862/65, art. 18 e utilização, a plano de aplicação aprovado pelas
Decreto-lei no 1.755/79, art. 5o). autoridades definidas no art. 71 do Decreto-lei 115
no 200, de 25 de fevereiro de 1967 e elaborado mas que, dentro do prazo estabelecido, o credor
segundo modelo da Secretaria de Planejamento tenha cumprido sua obrigação;
da Presidência da República, sendo obrigató- b)  restos a pagar com prescrição interrom-
ria a publicação do respectivo plano no Diário pida, a despesa cuja inscrição como restos a
Oficial da União. pagar tenha sido cancelada, mas ainda vigente
Parágrafo único.  Somente serão admitidas o direito do credor;
dotações globais quando se tratar de projetos c)  compromissos reconhecidos após o en-
ou atividades novos, sem similares que possibi- cerramento do exercício, a obrigação de paga-
litem experiências quanto ao desdobramento da mento criada em virtude de lei, mas somente
despesa em seus respectivos elementos. reconhecido o direito do reclamante após o
encerramento do exercício correspondente.
Art. 19.  As dotações consignadas na Lei de
Orçamento ou em crédito adicional, destinadas
a atender encargos gerais da União e outras, SEÇÃO II – Empenho da Despesa
não especificamente atribuíveis a determinada
unidade orçamentária, dependem de destaque Art. 23.  Nenhuma despesa poderá ser realizada
de parcela contemplando o Ministério ou Órgão sem a existência de crédito que a comporte ou
em cuja área deva ser feita a aplicação. quando imputada a dotação imprópria, vedada
expressamente qualquer atribuição de forne-
Art. 20.  As dotações atribuídas às unidades cimento ou prestação de serviços, cujo custo
orçamentárias, diretamente ou por meio de exceda aos limites previamente fixados em lei
destaque, poderão ser descentralizadas para (Decreto-lei no 200/87, art. 73).
unidades administrativas, quando capacitadas a Parágrafo único.  Mediante representação do
desempenhar os atos de gestão, e regularmente órgão contábil, serão impugnados quaisquer atos
cadastradas como unidades gestoras. referentes a despesas que incidam na proibição
do presente artigo (Decreto-lei no 200/87, pa-
Art. 21.  Pertencem ao exercício financeiro rágrafo único do art. 73).
as despesas nela legalmente empenhadas (Lei
no 4.320/64, art. 35, II). Art. 24.  É vedada a realização de despesa sem
prévio empenho (Lei no 4.320/64, art. 60).
Art. 22.  As despesas de exercícios encerrados, Parágrafo único.  Em caso de urgência ca-
para as quais o orçamento respectivo consigna- racterizada na legislação em vigor, admitir-se-á
va crédito próprio com saldo suficiente para que o ato do empenho seja contemporâneo à
atendê-las, que não se tenham processado na realização da despesa.
época própria, bem como os Restos a Pagar
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

com prescrição interrompida, e os compro- Art. 25.  O empenho importa deduzir seu valor
missos reconhecidos após o encerramento do de dotação adequada à despesa a realizar, por
exercício correspondente, poderão ser pagos à força do compromisso assumido.
conta de dotação destinada a atender despesas Parágrafo único. (Revogado)
de exercícios anteriores, respeitada a categoria
econômica própria (Lei no 4.320/64, art. 37). Art. 26.  O empenho não poderá exceder o
§ 1o  O reconhecimento da obrigação de saldo disponível de dotação orçamentária, nem
pagamento, de que trata este artigo, cabe à au- o cronograma de pagamento o limite de saques
toridade competente para empenhar a despesa. fixado, evidenciados pela contabilidade, cujos
§ 2o  Para os efeitos deste artigo, considera-se: registros serão acessíveis às respectivas unidades
a)  despesas que não se tenham processado gestoras em tempo oportuno.
na época própria, aquelas cujo empenho tenha Parágrafo único.  Exclusivamente para efeito
sido considerado insubsistente e anulado no de controle da programação financeira, a uni-
encerramento do exercício correspondente, dade gestora deverá estimar o prazo do venci-
116 mento da obrigação de pagamento objeto do
empenho, tendo em vista o prazo fixado para § 2o  Somente poderão ser firmados contratos
o fornecimento de bens, execução da obra ou à conta de crédito do orçamento vigente, para
prestação do serviço, e o normalmente utilizado liquidação em exercício seguinte, se o empenho
para liquidação da despesa. satisfizer às condições estabelecidas para o re-
lacionamento da despesa como Restos a Pagar.
Art. 27.  As despesas relativas a contratos,
convênios, acordos ou ajustes de vigência plu- Art. 31.  É vedada a celebração de contrato, con-
rianual, serão empenhadas em cada exercício vênio, acordo ou ajuste, para investimento cuja
financeiro pela parte nele a ser executada. execução ultrapasse um exercício financeiro,
sem a comprovação, que integrará o respectivo
Art. 28.  A redução ou cancelamento no exercí- termo, de que os recursos para atender as despe-
cio financeiro, de compromisso que caracterizou sas em exercícios seguintes estejam assegurados
o empenho, implicará sua anulação parcial ou por sua inclusão no orçamento plurianual de
total, revertendo a importância correspondente investimentos, ou por prévia lei que o autorize
à respectiva dotação, pela qual ficará automa- e fixe o montante das dotações que anualmente
ticamente desonerado o limite de saques da constarão do orçamento, durante o prazo de
unidade gestora. sua execução.

Art. 29.  Para cada empenho será extraído um Art. 32.  Os contratos, convênios, acordos ou
documento denominado Nota de Empenho que ajustes para a realização de quaisquer serviços
indicará o nome do credor, a especificação e a ou obras a serem custeadas, integral ou par-
importância da despesa, bem como os demais cialmente, com recursos externos, dependem
dados necessários ao controle da execução or- da efetiva contratação da operação de crédito,
çamentária. assegurando a disponibilidade dos recursos
Parágrafo único.  Quando a Nota de Empe- destinados ao pagamento dos compromissos a
nho substituir o termo do contrato, segundo o serem assumidos.
disposto no artigo 52 do Decreto-lei no 2.300, de
21 de novembro de 1986, dela deverão constar as Art. 33.  Os contratos, convênios, acordos ou
condições contratuais, relativamente aos direi- ajustes, cujo valor exceda a Cz$ 2.000.000,00
tos, obrigações e responsabilidades das partes. (dois milhões de cruzados), estão sujeitos às
seguintes formalidades:
Art. 30.  Quando os recursos financeiros indi- I – aprovação pela autoridade superior, ainda
cados em cláusula de contrato, convênio, acordo que essa condição não tenha sido expressamente
ou ajuste, para execução de seu objeto, forem estipulada no edital e no contrato firmado;
de natureza orçamentária, deverá constar, da II – publicação, em extrato, no Diário Ofi-
própria cláusula, a classificação programática cial da União, dentro de 20 (vinte) dias de sua
e econômica da despesa, com a declaração de assinatura.
haver sido esta empenhada à conta do mesmo § 1o  Os contratos, convênios, acordos ou
crédito, mencionando-se o número e data da ajustes firmados pelas autarquias serão aprova-
Nota de Empenho (Lei no 4.320/64, art. 60 e dos pelo respectivo órgão deliberativo.
Decreto-lei no 2.300/86, art. 45, V). § 2o  O extrato a que se refere este artigo,
§ 1o  Nos contratos, convênios, acordos ou para publicação, deverá conter os seguintes
ajustes, cuja duração ultrapasse um exercício elementos:
financeiro, indicar-se-á o crédito e respectivo a) espécie;
Normas correlatas

empenho para atender à despesa no exercício b)  resumo do objeto do contrato, convênio,
em curso, bem assim cada parcela da despesa acordo ou ajuste;
relativa à parte a ser executada em exercício c)  modalidade de licitação ou, se for o caso,
futuro, com a declaração de que, em termos o fundamento legal da dispensa desta ou de sua
aditivos, indicar-se-ão os créditos e empenhos inexigibilidade;
para sua cobertura. d)  crédito pelo qual correrá a despesa; 117
e)  número e data do empenho da despesa; entidade beneficiária, tendo por base os títulos
f)  valor do contrato, convênio, acordo ou e documentos comprobatórios do respectivo
ajuste; crédito ou da habilitação ao benefício (Lei
g)  valor a ser pago no exercício corrente e no 4.320/64, art. 63).
em cada um dos subsequentes, se for o caso; § 1o  A verificação de que trata este artigo
h)  prazo de vigência; tem por fim apurar:
i)  data de assinatura do contrato. a)  a origem e o objeto do que se deve pagar;
§ 3o  A falta de publicação imputável à admi- b)  a importância exata a pagar; e
nistração constitui omissão de dever funcional c)  a quem se deve pagar a importância para
do responsável, sendo punível na forma da lei extinguir a obrigação.
se não tiver havido justa causa, assim como, se § 2o  A liquidação da despesa por forneci-
atribuível ao contratado, faculta a rescisão uni- mentos feitos, obras executadas ou serviços
lateral, inclusive sem direito a indenização, por prestados terá por base:
parte da Administração, que, todavia, poderá a)  o contrato, ajuste ou acordo respectivo;
optar por aplicar-lhe multa de até 10% (dez por b)  a Nota de Empenho;
cento) do valor do contrato, o qual, assim man- c)  o documento fiscal pertinente;
tido, deverá sempre ser publicado (Decreto-lei d)  o termo circunstanciado do recebimento
no 2.300/86, art. 51, § 1o e art. 73, II). definitivo, no caso de obra ou serviço de valor
§ 4o  Será dispensada a publicação quando se superior a Cz$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta
tratar de despesa que deva ser feita em caráter mil cruzados) e equipamento de grande vulto,
sigiloso (Decreto-lei no 199/67, art. 44). ou o recibo, nos demais casos.

Art. 34.  Dentro de 5 (cinco) dias da assina- Art. 37.  A despesa de vencimentos, salários,


tura do contrato, convênio acordo ou ajuste, e gratificações e proventos, constará de folha-pa-
aditivos de qualquer valor, deverá ser remetida drão de retribuição dos servidores civis, ativos
cópia do respectivo instrumento ao órgão de e inativos (Lei no 8.445/77, art. 3o).
contabilidade, para as verificações e providên- Parágrafo único.  A folha-padrão de retri-
cias de sua competência. buição obedecerá a modelo padronizado pelo
órgão próprio do Poder Executivo e sua adoção
Art. 35.  O empenho de despesa não liquidada é obrigatória para todos os órgãos da admi-
será considerado anulado em 31 de dezembro, nistração centralizada, autarquias federais e
para todos os fins, salvo quando: fundações instituídas pela União ou mantidas
I – vigente o prazo para cumprimento da com recursos federais (Lei no 6.445/77, parágrafo
obrigação assumida pelo credor, nele estabe- único do art. 3o).
lecida;
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

II – vencido o prazo de que trata o item Art. 38.  Não será permitido o pagamento ante-
anterior, mas esteja em curso a liquidação da cipado de fornecimento de materiais, execução
despesa, ou seja de interesse da Administração de obra, ou prestação de serviço, inclusive de
exigir o cumprimento da obrigação assumida utilidade pública, admitindo-se, todavia, me-
pelo credor; diante as indispensáveis cautelas ou garantias,
III – se destinar a atender transferências a o pagamento de parcela contratual na vigência
instituições públicas ou privadas; do respectivo contrato, convênio, acordo ou
IV – corresponder a compromissos assumido ajuste, segundo a forma de pagamento nele es-
no exterior. tabelecida, prevista no edital de licitação ou nos
instrumentos formais de adjudicação direta.

SEÇÃO III – Liquidação da Despesa Art. 39.  Responderão pelos prejuízos que


acarretarem à Fazenda Nacional, o ordenador
Art. 36.  A liquidação da despesa consiste na de despesas e o agente responsável pelo rece-
118 verificação do direito adquirido pelo credor ou bimento e verificação, guarda ou aplicação de
dinheiros, valores e outros bens públicos (De- Art. 44.  O pagamento de despesa será feito
creto-lei no 200/67, art. 90). mediante saque contra o agente financeiro, para
Parágrafo único.  O ordenador de despesa, crédito em conta bancária do credor, no banco
salvo conivência, não é responsável por prejuízos por ele indicado, podendo o agente financeiro
causados à Fazenda Nacional, decorrentes de fazer o pagamento em espécie, quando auto-
atos praticados por agente subordinado que rizado.
exorbitar das ordens recebidas.

Art. 40.  A assinatura, firma ou rubrica em SEÇÃO V – Pagamento de Despesas por


documentos e processos deverá ser seguida da meio de Suprimento de Fundos
repetição completa do nome do signatário e
indicação da respectiva função ou cargo, por Art. 45.  Excepcionalmente, a critério do or-
meio de carimbo, do qual constará, precedendo denador de despesa e sob sua inteira responsa-
espaço destinado à data, e sigla da unidade na bilidade, poderá ser concedido suprimento de
qual o servidor esteja exercendo suas funções fundos a servidor, sempre precedido do empe-
ou cargo. nho na dotação própria às despesas a realizar,
e que não possam subordinar-se ao processo
Art. 41.  Quando autorizado pelo Ministro de normal de aplicação, nos seguintes casos (Lei
Estado, poderá ser usada chancela mecânica, no 4.320/64, art. 68 e Decreto-lei no 200/67, § 3o
mediante a reprodução exata, por máquina a do art. 74):
esse fim destinada, da assinatura, firma ou ru- I – para atender despesas eventuais, inclusive
brica de autoridade administrativa competente, em viagens e com serviços especiais, que exijam
na expedição de documentos em série ou de pronto pagamento;
emissão repetitiva. II – quando a despesa deva ser feita em ca-
Parágrafo único.  A autoridade administrativa ráter sigiloso, conforme se classificar em regu-
fixará em ato próprio as condições técnicas de lamento; e
controle e segurança do sistema, e será respon- III – para atender despesas de pequeno vulto,
sável pela legitimidade e valor dos processos, assim entendidas aquelas cujo valor, em cada
documentos e papéis autenticados na forma caso, não ultrapassar limite estabelecido em
deste artigo. Portaria do Ministro da Fazenda.
§ 1o  O suprimento de fundos será conta-
bilizado e incluído nas contas do ordenador
SEÇÃO IV – Pagamento da Despesa como despesa realizada; as restituições, por
falta de aplicação, parcial ou total, ou aplicação
Art. 42.  O pagamento da despesa só poderá indevida, constituirão anulação de despesa, ou
ser efetuado quando ordenado após sua regular receita orçamentária, se recolhidas após o en-
liquidação (Lei no 4.320/64, art. 62). cerramento do exercício.
§ 2o  O servidor que receber suprimento
Art. 43.  A ordem de pagamento será dada em de fundos, na forma deste artigo, é obrigado a
documento próprio, assinado pelo ordenador prestar contas de sua aplicação, procedendo-se,
da despesa e pelo agente responsável pelo setor automaticamente, à tomada de contas se não
financeiro. o fizer no prazo assinalado pelo ordenador da
§ 1o  A competência para autorizar paga- despesa, sem prejuízo das providências adminis-
mento decorre da lei ou de atos regimentais, trativas para a apuração das responsabilidades e
Normas correlatas

podendo ser delegada. imposição das penalidades cabíveis (Decreto-lei


§ 2o  A descentralização de crédito e a fixação no 200/67, parágrafo único do art. 81 e § 3o do
de limite de saques a unidade gestora importa art. 80).
mandato para a ordenação do pagamento, ob- § 3o  Não se concederá suprimento de fundos:
servadas as normas legais pertinentes. a)  a responsável por dois suprimentos;
119
b)  a servidor que tenha a seu cargo e guarda der a peculiaridades dos órgãos essenciais da
ou a utilização do material a adquirir, salvo Presidência da República, da Vice-Presidência
quando não houver na repartição outro ser- da República, do Ministério da Economia, do
vidor; Ministério da Saúde, do Ministério da Agri-
c)  a responsável por suprimento de fundos cultura, Pecuária e Abastecimento, da Polícia
que, esgotado o prazo, não tenha prestado contas Federal do Ministério da Justiça e Segurança
de sua aplicação; e Pública, do Ministério das Relações Exteriores,
d)  a servidor declarado em alcance. da Controladoria-Geral da União, bem assim de
§ 4o  Os valores limites para concessão de militares e de inteligência, obedecerão ao Regi-
suprimento de fundos, bem como o limite má- me Especial de Execução estabelecido em ins-
ximo para despesas de pequeno vulto de que truções aprovadas pelos respectivos Ministros
trata este artigo, serão fixados em portaria do de Estado, vedada a delegação de competência.
Ministro de Estado da Fazenda. Parágrafo único.  A concessão e aplicação
§ 5o  As despesas com suprimento de fundos de suprimento de fundos de que trata o caput
serão efetivadas por meio do Cartão de Paga- restringe-se:
mento do Governo Federal – CPGF. I – com relação ao Ministério da Saúde – a
§ 6o  É vedada a utilização do CPGF na mo- atender às especificidades decorrentes da assis-
dalidade de saque, exceto no tocante às despesas: tência à saúde indígena;
I – de que trata o art. 47; II – com relação ao Ministério da Agricul-
II – decorrentes de situações específicas do tura, Pecuária e Abastecimento – a atender às
órgão ou entidade, nos termos do autorizado especificidades dos adidos agrícolas em missões
em portaria pelo Ministro de Estado competente diplomáticas no exterior;
e nunca superior a trinta por cento do total da III – com relação ao Ministério das Relações
despesa anual do órgão ou entidade efetuada Exteriores – a atender às especificidades das re-
com suprimento de fundos; partições do Ministério das Relações Exteriores
III – decorrentes de situações específicas da no exterior; e
Agência Reguladora, nos termos do autorizado IV – com relação à Controladoria-Geral da
em portaria pelo seu dirigente máximo e nunca União – a atender às especificidades decorrentes
superior a trinta por cento do total da despesa das atividades de acordos de leniência, de in-
anual da Agência efetuada com suprimento teligência, de fiscalização, de investigação e de
de fundos. operações especiais realizadas pela Secretaria de
Combate à Corrupção da Controladoria-Geral
Art. 45-A.  É vedada a abertura de conta ban- da União, que demandem despesas consideradas
cária destinada à movimentação de suprimentos de caráter sigiloso.
de fundos.
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Art. 46.  Cabe aos detentores de suprimentos SEÇÃO VI – Convênios, Acordos ou Ajustes


de fundos fornecer indicação precisa dos saldos
em seu poder em 31 de dezembro, para efeito Arts.  48 a 57. (Revogados)
de contabilização e reinscrição da respectiva
responsabilidade pela sua aplicação em data
posterior, observados os prazos assinalados pelo SEÇÃO VII – Subvenções, Auxílios e
ordenador da despesa (Decreto-lei no 200/67, Contribuições
art. 83).
Parágrafo único.  A importância aplicada Art. 58.  A cooperação financeira da União
até 31 de dezembro será comprovada até 15 de a entidade pública ou privada far-se-á me-
janeiro seguinte. diante subvenção, auxílio ou contribuição (Lei
no 4.320/64, § 3o do art. 12).
Art. 47.  A concessão e a aplicação de supri-
120 mento de fundos, ou adiantamentos, para aten-
Art. 59.  A subvenção se destina a cobrir des- condição estabelecida na alínea “c”, do parágrafo
pesas de custeio de entidades públicas ou pri- anterior, mediante atestado firmado por auto-
vadas, distinguindo-se como subvenção social ridade pública do local onde sejam prestados
e subvenção econômica. os serviços.
§ 5o  As despesas bancárias correrão por
Art. 60.  A subvenção social será concedida conta da instituição beneficiada.
independentemente de legislação especial a
instituições públicas ou privadas de caráter as- Art. 61.  A subvenção econômica será conce-
sistencial ou cultural sem finalidade lucrativa. dida a empresas públicas ou privadas de caráter
§ 1o  A subvenção social, visando à prestação industrial, comercial, agrícola ou pastoril, me-
dos serviços essenciais de assistência social, diante expressa autorização em lei especial (Lei
médica e educacional, será concedida sempre no 4.320/64, art. 12, § 3o, II e art. 19).
que a suplementação de recursos de origem § 1o  A cobertura de déficits de manutenção
privada aplicados a esses objetivos revelar-se das empresas públicas far-se-á mediante sub-
mais econômica (Lei no 4.320/64, art. 16). venção econômica expressamente autorizada
§ 2o  O valor da subvenção, sempre que pos- na Lei de Orçamento ou em crédito adicional
sível, será calculado com base em unidades de (Lei no 4.320/64, art. 18).
serviços efetivamente prestados ou postos à dis- § 2o  Consideram-se, igualmente, como sub-
posição dos interessados, obedecidos os padrões venção econômica (Lei no 4.320/64, parágrafo
mínimos de eficiência previamente fixados (Lei único do art. 18):
no 4.320/64, parágrafo único do art. 16). a)  a diferença entre os preços de mercado e
§ 3o  A concessão de subvenção social só os preços de revenda, pelo Governo, de gêneros
poderá ser feita se a instituição interessada sa- alimentícios ou de outros materiais;
tisfizer às seguintes condições, sem prejuízo b)  o pagamento de bonificações a produtores
de exigências próprias previstas na legislação de determinados gêneros ou materiais.
específica:
a)  ter sido fundada em ano anterior e or- Art. 62.  Somente será concedida subvenção a
ganizada até o ano da elaboração da Lei de entidade privada que comprovar sua capacidade
Orçamento; jurídica e regularidade fiscal.
b)  não constituir patrimônio de indivíduo;
c)  dispor de patrimônio ou renda regular; Art. 63.  Os auxílios e as contribuições se desti-
d)  não dispor de recursos próprios suficien- nam a entidades de direito público ou privado,
tes à manutenção ou ampliação de seus serviços; sem finalidade lucrativa.
e)  ter feito prova de seu regular funciona- § 1o  O auxílio deriva diretamente da Lei de
mento e de regularidade de mandato de sua Orçamento (Lei no 4.320/64, § 6o do art. 12).
diretoria; § 2o  A contribuição será concedida em
f)  ter sido considerada em condições de fun- virtude de lei especial, e se destina a atender
cionamento satisfatório pelo órgão competente ao ônus ou encargo assumido pela União (Lei
de fiscalização; no 4.320/64, § 6o do art. 12).
g)  ter prestado contas da aplicação de sub-
venção ou auxílio anteriormente recebido, e Art. 64. (Revogado)
não ter a prestação de contas apresentado vício
insanável; Art. 65. (Revogado)
h)  não ter sofrido penalidade de suspensão
Normas correlatas

de transferências da União, por determinação Art. 66.  Quem quer que receba recursos da
ministerial, em virtude de irregularidade veri- União ou das entidades a ela vinculadas, direta
ficada em exame de auditoria. ou indiretamente, inclusive mediante acordo,
§ 4o  A subvenção social será paga através ajuste ou convênio, para realizar pesquisas,
da rede bancária oficial, ficando a beneficiária desenvolver projetos, estudos, campanhas e
obrigada a comprovar no ato do recebimento, a obras sociais ou para qualquer outro fim, deverá 121
comprovar o seu bom e regular emprego, bem serão bloqueados pela Secretaria do Tesouro
como os resultados alcançados (Decreto-lei Nacional do Ministério da Fazenda em 30 de
no 200/67, art. 93). junho do segundo ano subsequente ao de sua
§ 1o  A prestação de contas de aplicação de inscrição, e serão mantidos os referidos saldos
subvenção social ou auxílio será apresentada à em conta contábil específica no Sistema Inte-
unidade concedente dentro de 60 dias após a grado de Administração Financeira do Governo
aplicação, não podendo exceder ao último dia Federal – Siafi.
útil do mês de fevereiro do ano subsequente ao § 3o  Não serão objeto de bloqueio os restos
do recebimento, e será constituída de relatório a pagar não processados relativos às despesas:
de atividades e demonstração contábil das ori- I – do Ministério da Saúde;
gens e aplicações de recursos, referentes ao ano II – decorrentes de emendas individuais im-
do recebimento, visados por autoridade pública positivas discriminadas com identificador de
local, observados os modelos aprovados pelo resultado primário 6, cujos empenhos tenham
Órgão Central do Sistema de Controle Interno. sido emitidos a partir do exercício financeiro
§ 2o  A documentação comprobatória da apli- de 2016; ou
cação da subvenção ou auxílio ficará arquivada III – decorrentes de emendas de iniciativa
na entidade beneficiada, à disposição dos órgãos de bancada de parlamentares de Estado ou do
de controle interno e externo, durante o prazo Distrito Federal impositivas discriminadas com
de 5 (cinco) anos da aprovação da prestação identificador de resultado primário 7, cujos
de contas. empenhos tenham sido emitidos a partir do
§ 3o  A atuação da entidade no cumprimento exercício financeiro de 2020.
das obrigações assumidas, inclusive quanto à § 4o  As unidades gestoras responsáveis pelos
prestação de contas, será anotada no respectivo saldos dos restos a pagar bloqueados poderão
registro cadastral mantido pelo órgão setorial efetuar os desbloqueios até 31 de dezembro
de controle interno. do exercício em que ocorreu o bloqueio dos
saldos, desde que:
I – a sua execução tenha sido iniciada até a
SEÇÃO VIII – Restos a Pagar data prevista no § 2o, na hipótese das despesas
executadas diretamente pelos órgãos e pelas
Art. 67.  Consideram-se Restos a Pagar as des- entidades da União; ou
pesas empenhadas e não pagas até 31 de dezem- II – os seus instrumentos estejam vigentes e
bro, distinguindo-se as despesas processadas cumpram os requisitos para a sua eficácia, defi-
das não processadas (Lei no 4.320/64, art. 36). nidos pelas normas que tratam da transferência
§ 1o  Entendem-se por processadas e não de recursos da União por meio de convênios,
processadas, respectivamente, as despesas li- contratos de repasse, termos de colaboração,
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

quidadas e as não liquidadas, na forma prevista termos de fomento ou instrumentos congêne-


neste Decreto. res, na hipótese das transferências de recursos
§ 2o  O registro dos Restos a Pagar far-se-á da União aos Estados, ao Distrito Federal, aos
por exercício e por credor. Municípios, aos consórcios públicos, aos servi-
ços sociais autônomos e às entidades privadas
Art. 68.  A inscrição de despesas como restos a sem fins lucrativos.
pagar no encerramento do exercício financeiro § 5o  Para fins do disposto no inciso I do § 4o,
de emissão da Nota de Empenho depende da considera-se iniciada a execução da despesa:
observância das condições estabelecidas neste I – na hipótese de aquisição de bens, a despe-
Decreto para empenho e liquidação da despesa. sa verificada pela quantidade parcial entregue,
§ 1o  A inscrição prevista no caput como res- atestada e aferida; ou
tos a pagar não processados fica condicionada II – na hipótese de realização de serviços
à indicação pelo ordenador de despesas. e obras, a despesa verificada pela realização
§ 2o  Os restos a pagar inscritos na condição parcial com a medição correspondente atestada
122 de não processados e que não forem liquidados e aferida.
§ 6o  A Secretaria do Tesouro Nacional da § 2o  São Fundos Especiais de natureza finan-
Secretaria Especial de Fazenda do Ministério ceira, os constituídos mediante movimentação
da Economia providenciará, até o encerramento de recursos de caixa do Tesouro Nacional para
do exercício financeiro, o cancelamento, no depósitos em estabelecimentos oficiais de cré-
Siafi, de todos os saldos de restos a pagar que dito, segundo cronograma aprovado, destinados
permanecerem bloqueados. a atender aos saques previstos em programação
§ 7o  Os restos a pagar não processados, des- específica.
bloqueados nos termos do § 4o, e que não forem
liquidados, serão cancelados em 31 de dezembro Art. 72.  A aplicação de receitas vinculadas
do ano subsequente ao do bloqueio. a fundos especiais far-se-á através de dotação
§ 8o  Os Ministros de Estado, os titulares de consignada na Lei de Orçamento ou em crédito
órgãos da Presidência da República, os dirigen- adicional (Lei no 4.320/64, art. 72).
tes de órgãos setoriais dos Sistemas Federais de
Planejamento, de Orçamento e de Administra- Art. 73.  É vedado levar a crédito de qualquer
ção Financeira e os ordenadores de despesas são fundo recursos orçamentários que não lhe forem
responsáveis, no que lhes couber, pelo cumpri- especificamente destinados em orçamento ou
mento do disposto neste artigo. em crédito adicional (Decreto-lei no 1.754/79,
§ 9o  A Secretaria do Tesouro Nacional do art. 5o).
Ministério da Fazenda, no âmbito de suas
competências, poderá expedir normas com- Art. 74.  A aplicação de recursos através de
plementares para o cumprimento do disposto fundos especiais constará de programação e será
neste artigo. especificada em orçamento próprio, aprovado
antes do início do exercício financeiro a que
Art. 68-A.  Os empenhos a serem inscritos e se referir.
reinscritos em restos a pagar a cada exercício
financeiro poderão ter seus limites estabelecidos Art. 75.  Somente poderá ser contemplado na
pelo Ministério da Fazenda. programação financeira setorial o fundo espe-
cial devidamente cadastrado pela Secretaria do
Art. 69.  Após o cancelamento da inscrição da Tesouro Nacional, mediante encaminhamento
despesa como Restos a Pagar, o pagamento que da respectiva Secretaria de Controle Interno, ou
vier a ser reclamado poderá ser atendido à conta órgão de atribuições equivalentes.
de dotação destinada a despesas de exercícios
anteriores. Art. 76.  Salvo expressa disposição de lei em
contrário, aplicam-se à execução orçamentária
Art. 70. (Revogado) de fundo especial as mesmas normas gerais
que regem a execução orçamentária da União.

SEÇÃO IX – Fundos Especiais Art. 77.  Não será permitida a utilização de


recursos vinculados a fundo especial para
Art. 71.  Constitui Fundo Especial de natureza despesas que não se identifiquem diretamente
contábil ou financeira, para fins deste Decreto, a com a realização de seus objetivos ou serviços
modalidade de gestão de parcela de recursos do determinados.
Tesouro Nacional, vinculados por lei à realização
de determinados objetivos de política econômi- Art. 78.  A contabilização dos fundos especiais
Normas correlatas

ca, social ou administrativa do Governo. geridos na área da administração direta será


§ 1o  São Fundos Especiais de natureza con- feita pelo órgão de contabilidade do Sistema
tábil, os constituídos por disponibilidades fi- de Controle Interno, onde ficarão arquivados
nanceiras evidenciadas em registros contábeis, os respectivos documentos para fins de acom-
destinados a atender a saques a serem efetuados panhamento e fiscalização.
diretamente contra a caixa do Tesouro Nacional. 123
Parágrafo único.  Quando a gestão do fundo Art. 84.  Não vencerão juros os depósitos em
for atribuída a estabelecimento oficial de crédito, dinheiro e os juros dos títulos depositados re-
a este caberá sua contabilização e remeter os verterão à Caixa Econômica Federal como re-
respectivos balanços acompanhados de demons- muneração de serviços (Decreto-lei no 1.737/79,
trações financeiras à Secretaria de Controle art. 3o).
Interno, ou órgão de atribuições equivalentes,
para fins da supervisão ministerial. Art. 85.  Mediante ordem da autoridade ad-
ministrativa ou, quando for o caso, do juízo
Art. 79.  O saldo financeiro apurado em balan- competente, o depósito será devolvido ao de-
ço de fundo especial poderá ser utilizado em positante ou recolhido à conta do Tesouro Na-
exercício subsequente, se incorporado ao seu cional, no Banco do Brasil S.A., se em dinheiro,
orçamento (Lei no 4.320/64, art. 73). ou entregue ao órgão designado, se em títulos
(Decreto-lei no 1.737/79, art. 7o).
Art. 80.  Extinguir-se-á o fundo especial inativo
por mais de dois exercícios financeiros. Art. 86.  Consideram-se como depósitos, exclu-
sivamente para fins de contabilização, as ordens
Art. 81.  É vedada a constituição de fundo es- de pagamento expedidas em exercício encerrado
pecial, ou sua manutenção, com recursos ori- e devolvidas pelo agente financeiro após o prazo
ginários de dotações orçamentárias da União, legal de validade, podendo ser revalidadas du-
em empresas públicas, sociedades de economia rante o exercício financeiro subsequente, findo
mista e fundações, salvo quando se tratar de o qual os registros contábeis serão cancelados
estabelecimento oficial de crédito. e as respectivas importâncias convertidas em
receita orçamentária.
Parágrafo único.  Aplicam-se os procedi-
SEÇÃO X – Depósitos e Consignações mentos contábeis de que trata este artigo às
importâncias apuradas como diferenças a favor
Art. 82.  Os depósitos para garantia, quando de terceiros em balanceamento de contas.
exigida, das obrigações decorrentes de partici-
pação em licitação e de execução de contrato Art. 87.  As consignações em folha de paga-
celebrado com órgãos da administração federal mento dos servidores civis e militares, ativos
centralizada e autarquias, serão obrigatoria- e inativos, constituem depósitos especificados
mente efetuados na Caixa Econômica Federal, à para efeito de contabilização, não podendo o
ordem da autoridade administrativa competente seu recolhimento, ou entrega aos consignatários,
(Decreto-lei no 1.737/79, art. 1o, IV). exceder às importâncias descontadas.
Parágrafo único.  A consignação cuja entrega
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Art. 83.  Será também feito na Caixa Econômi- tenha sido feita mediante ordem bancária de
ca Federal, voluntariamente pelo contribuinte, pagamento, individual ou coletiva, não pro-
depósito em dinheiro para se eximir da inci- curada no prazo legal de validade e devolvida
dência de juros e outros acréscimos legais no pelo agente financeiro, ficará à disposição do
processo administrativo fiscal de determinação consignatário pelo prazo de cinco anos, findo
e exigência de créditos tributários. o qual será convertido em receita orçamentária
Parágrafo único.  O depósito de que trata da União.
este artigo, de valor atualizado do litígio, nele
incluídos a multa e os juros de mora devidos
nos termos da legislação específica, será feito SEÇÃO XI – Operações de Crédito –
à ordem da Secretaria da Receita Federal, po- Normas Gerais
dendo ser convertido em garantia de crédito da
Fazenda Nacional, vinculado à propositura de Art. 88.  As operações de crédito dependem
ação anulatória ou declaratória de nulidade do de autorização em lei especial.
124 débito, à ordem do Juízo competente.
Art. 89.  A Lei de Orçamento poderá conter ser recolhidos, obrigatoriamente, à conta do
autorização para operações de crédito por an- Tesouro Nacional no Banco do Brasil S.A.
tecipação de receita, a fim de atender a insufi- Parágrafo único.  A realização de despesas
ciências de caixa (Lei no 4.320/64, art. 7o). custeadas pelos recursos de que trata este artigo,
dependem de autorização na Lei de Orçamento
Art. 90.  As operações de crédito por antecipa- ou em crédito adicional, e os respectivos saques
ção de receita autorizada na Lei de Orçamento só poderão ser feitos com obediência aos limites
não excederão a quarta parte da receita total fixados na programação financeira aprovada.
estimada para o exercício financeiro, e até 30
dias depois do encerramento deste, serão obri- Art. 95.  Não será concedida garantia da União
gatoriamente liquidadas. para operação de crédito, interna ou externa:
I – a entidade em débito para com a Previ-
Art. 91.  A contratação ou garantia, em nome dência Social ou para com o Tesouro Nacional;
da União, de empréstimos para órgãos e enti- II – a concessionária de serviços de eletricida-
dades da administração federal centralizada e de em débito com os recolhimentos às Reservas
descentralizada, inclusive fundações instituídas Globais de Reversão ou de Garantia, de que trata
ou mantidas pelo Poder Público, dependerá de o Decreto-lei no 1.849, de 13 de janeiro de 1981.
pronunciamento da Secretaria de Planejamento Parágrafo único.  A critério do Ministro da
da Presidência da República, quanto à priorida- Fazenda, será admitida a concessão de garan-
de programática, e do Ministério da Fazenda, tia em operações que tenham como objetivo a
sobre a conveniência, oportunidade e legalidade regularização dos débitos aludidos neste artigo.
do endividamento.
Art. 96.  Às autarquias federais, empresas públi-
Art. 92.  Excetuadas as operações da dívida cas, sociedades de economia mista, fundações e
pública, a lei que autorizar operação de crédito, entidades sob controle acionário da União e às
a qual deva ser liquidada em exercício financeiro respectivas subsidiárias, ainda que com respal-
subsequente, fixará desde logo as dotações que do em recursos de fundos especiais, é vedado
hajam de ser incluídas no orçamento anual, para conceder aval, fiança ou garantia de qualquer
os respectivos serviços de juros, amortização e espécie a obrigação contraída por pessoa física
resgate, durante o prazo para a sua liquidação, ou jurídica, excetuadas as instituições financei-
nos termos das disposições constitucionais vi- ras (Decreto-lei no 2.307/86, art. 2o).
gentes. § 1o  A vedação de que trata este artigo não
abrange a concessão de garantia por empresa
Art. 93.  Quando a amortização do emprésti- controlada direta ou indiretamente pela União
mo couber ao Tesouro Nacional, os recursos a suas controladas ou subsidiárias, inclusive
necessários serão previstos no Orçamento Ge- a prestação de garantia por empresa pública
ral da União, cabendo ao Órgão beneficiado ou sociedade de economia mista que explore
promover sua inclusão na respectiva proposta atividade econômica a sociedade de propósito
orçamentária. específico por ela constituída para cumprimento
Parágrafo único.  Nos casos em que a amorti- do seu objeto social, limitada ao percentual de
zação dos empréstimos for de responsabilidade sua participação na referida sociedade.
de empresas sob controle do Governo Federal, § 2o  Considera-se empresa pública ou so-
caberá a essa a obrigação de incluir nos seus ciedade de economia mista exploradora de
orçamentos anuais os recursos necessários atividade econômica, para os fins deste artigo,
Normas correlatas

àquele fim. a entidade que atua em mercado com a presen-


ça de concorrente do setor privado, excluída
Art. 94.  É vedada a utilização direta de recur- aquela que:
sos financeiros provenientes de operações de I – goze de benefícios e incentivos fiscais não
crédito internas ou externas, os quais deverão extensíveis às empresas privadas ou tratamento
tributário diferenciado; 125
II – se sujeite a regime jurídico próprio das da União, o Ministro da Fazenda poderá expedir
pessoas jurídicas de direito público quanto ao carta de intenção nesse sentido.
pagamento e execução de seus débitos;
III – seja considerada empresa estatal depen- Art. 100.  A cobrança da taxa, pela concessão da
dente, nos termos da Lei Complementar no 101, garantia da União a título de comissão, execução
de 4 de maio de 2000; e ou fiscalização, diretamente pelo Ministério da
IV – comercialize ou preste serviços exclu- Fazenda ou por intermédio de instituição finan-
sivamente para a União. ceira oficial, não poderá ser superior aos limites
fixados pelo Conselho Monetário Nacional, nos
Art. 97.  Compete privativamente ao Minis- termos do artigo 4o, IX, da Lei no 4.595, de 31
tro da Fazenda aprovar e firmar pela União de dezembro de 1964 (Decreto-lei no 1.312/74,
quaisquer instrumentos de operações de crédito art. 7o).
internas ou externas, inclusive operações de
arrendamento mercantil, bem assim de con- Art. 101.  A União, contratando diretamente
cessão de avais e outras garantias, autorizadas ou por intermédio de agente financeiro, poderá
em lei, e observadas as condições estipuladas aceitar as cláusulas e condições usuais nas opera-
para as respectivas operações, podendo delegar ções com organismos financeiros internacionais,
a competência para firmar os instrumentos de sendo válido o compromisso geral e antecipado
que se trata, ao Procurador-Geral, a Procurador de dirimir por arbitramento todas as dúvidas e
da Fazenda Nacional ou, no caso de contratações controvérsias derivadas dos respectivos contra-
externas, a representante diplomático do País. tos (Decreto-lei no 1.312/74, art. 11).
§ 1o  A Secretaria do Tesouro Nacional efe-
tuará registros das contratações de que trata este Art. 102.  O pagamento, nos respectivos ven-
artigo, inclusive as realizadas por intermédio de cimentos, dos débitos decorrentes de compro-
agentes financeiros do Tesouro Nacional, man- missos em moeda estrangeira, que contarem
tendo a posição atualizada das responsabilidades ou não com a garantia da União, por fiança ou
assumidas e adotando ou propondo as medidas aval, outorgada diretamente ou concedida por
assecuratórias do respectivo pagamento nas intermédio de instituição financeira oficial, terá
datas de vencimento. prioridade absoluta nos cronogramas financei-
§ 2o  Para os efeitos deste artigo, as operações ros de desembolso dos órgãos da administração
de arrendamento mercantil equiparam-se às federal centralizada, das entidades de adminis-
operações de crédito. tração descentralizada e suas subsidiárias e das
demais entidades sob controle acionário direto
ou indireto da União ou de suas autarquias,
SEÇÃO XII – Operações de Crédito Externas bem como das fundações instituídas ou man-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

tidas pelo Poder Público, que hajam assumido


Art. 98. (Revogado) tais compromissos (Decreto-lei no 1.928/82,
art. 1o com a redação dada pelo Decreto-lei
Art. 99.  Salvo nos casos de órgãos ou entida- no 2.169/84).
des da Administração Federal, ou seus agen- Parágrafo único.  Serão pessoal e solidaria-
tes financeiros, a garantia da União somente mente responsáveis pelo atraso no pagamento,
será outorgada quando autorizada em lei, e se por parte dos órgãos e entidades mencionadas
o mutuário oferecer contragarantias julgadas neste artigo, os respectivos administradores
suficientes para o pagamento de qualquer de- que concorrerem, por ação ou omissão, para
sembolso que o Tesouro Nacional possa vir a o descumprimento da prioridade estabelecida.
fazer, se chamado a honrar a garantia.
Parágrafo único.  Quando, pela sua natureza e Art. 103.  O pagamento, pelo Banco do Brasil
tendo em vista o interesse nacional, a negociação S.A., autorizado pela Secretaria do Tesouro Na-
de um empréstimo no exterior aconselhar ma- cional, de compromissos em moeda estrangeira,
126 nifestação prévia sobre a concessão da garantia não saldados pelos devedores nas datas contra-
tuais de vencimento, importará na indisponibi- § 7o  A partir da data da notificação, e até
lidade dos recursos existentes, ou que venham seu efetivo pagamento, o débito estará sujeito a
a ingressar, nas contas dos órgãos ou entidades reajuste, na forma da legislação em vigor, e ven-
devedoras abertas em quaisquer instituições cerá juros à taxa de 1% (um por cento) ao mês.
financeiras até o quanto baste para compensar o § 8o  O débito inscrito como Dívida Ativa da
valor equivalente, em moeda nacional, à data do União, na forma ora estabelecida, ficará sujeito
efetivo pagamento, do principal, juros e demais ao encargo de que tratam o artigo 1o do De-
despesas financeiras (Decreto-lei no 1.928/82, creto-lei no 1.025, de 21 de outubro de 1969, o
art. 2o com a redação dada pelo Decreto-lei artigo 3o do Decreto-lei no 1.569, de 8 de agosto
no 2.169/84). de 1977, e o artigo 3o do Decreto-lei no 1.645,
§ 1o  Caberá à Secretaria do Tesouro Nacional de 11 de dezembro de 1978.
adotar as medidas tendentes à regularização e
recuperação dos recursos despendidos pelo Art. 104.  Dentro de 90 (noventa) dias do ven-
Tesouro Nacional, inclusive quando o mutuário cimento do prazo a que se refere a alínea “b”, do
for Estado, o Distrito Federal, Município ou suas § 2o, do artigo anterior, o Banco do Brasil S.A.:
entidades de administração indireta, caso em I – enviará à Procuradoria da Fazenda Na-
que se observará o disposto no § 3o do artigo cional, para fins de apuração, inscrição e co-
25 da Constituição. brança da Dívida Ativa da União, de acordo
§ 2o  Caberá ao Banco do Brasil S.A., na data com a legislação pertinente, demonstrativos do
em que efetuar o pagamento: débito, com a indicação da data do pagamento
a)  comunicar o fato ao Banco Central do efetuado à ordem do Tesouro Nacional e da
Brasil; taxa de conversão, em moeda nacional, do valor
b)  notificar o órgão ou entidade devedo- do débito em moeda estrangeira; os nomes e
ra para, no prazo de 30 (trinta) dias, efetuar o respectivas qualificações dos componentes da
ressarcimento. diretoria da entidade devedora, em exercício na
§ 3o  Caberá ao Banco Central do Brasil: data do inadimplemento, e bem assim a cópia
a)  expedir às instituições financeiras as or- do contrato financeiro respectivo;
dens necessárias à execução do disposto neste II – remeterá ao Tribunal de Contas da União,
artigo; e à Secretaria do Tesouro Nacional, cópia do
b) promover incontinenti a transferência dos demonstrativo a que alude o item anterior.
recursos tornados indisponíveis, até o montante
suficiente para a liquidação do débito. Art. 105.  A Secretaria do Tesouro Nacional
§ 4o  Caso o órgão ou entidade devedora não velará para que, da relação de responsáveis por
efetuar a liquidação do débito no prazo fixado dinheiros, valores e outros bens públicos, de que
na notificação a que se refere a alínea “b” do § 2o, trata o artigo 85 do Decreto-lei no 200, de 25 de
será automaticamente debitada pela multa de fevereiro de 1967, a ser anualmente transmitida
10% (dez por cento) sobre o saldo do principal ao Tribunal de Contas da União, constem os
e acessórios. nomes dos que incorrerem na hipótese prevista
§ 5o  Os pagamentos ou créditos para amor- no parágrafo único, do artigo 102.
tização do débito serão imputados na seguinte Parágrafo único.  A inobservância da prio-
ordem: ridade de pagamento de que trata o artigo 102
a)  na multa; poderá, a critério do Tribunal de Contas da
b)  nos juros a despesas financeiras; União, ser considerado ato irregular de gestão
c)  no principal. e acarretar para os infratores inabilitação tem-
Normas correlatas

§ 6o  A conversão, em moeda nacional, dos porária para o exercício de cargo em comissão
valores a que se refere este artigo, será feita com ou função de confiança nos órgãos ou entidades
base na taxa de câmbio, para venda, vigente na da administração federal centralizada ou des-
data da notificação feita pelo Banco do Brasil centralizada e nas fundações sob supervisão
S.A. ministerial (Decreto-lei no 1.928/82, art. 4o,
parágrafo único). 127
Art. 106.  Quando for o caso, a Secretaria do c)  contrária à Constituição e às leis brasilei-
Tesouro Nacional diligenciará, perante os órgãos ras, bem assim aos interesses da política econô-
competentes dos sistemas de controle interno mico-financeira, a juízo do Ministro da Fazenda;
e externo dos Estados e Municípios, para que V – inclua o contrato cláusula estipulando
sejam responsabilizados os infratores às presen- que os litígios dele decorrentes serão resolvi-
tes normas, não jurisdicionados ao Tribunal de dos perante o foro brasileiro ou submetidos a
Contas da União. arbitragem.
Parágrafo único.  Observado o disposto nos
itens IV e V, poderão ser aceitas, nos contratos
SEÇÃO XIII – Operações de Arrendamento respectivos, as cláusulas e condições usuais nas
Mercantil operações de leasing internacional, desde que
compatíveis com as normas ora estabelecidas.
Art. 107.  Mediante autorização em lei, o Po-
der Executivo poderá contratar ou garantir, em Art. 109.  As operações de que se trata serão
nome da União, sob a forma de fiança, o paga- autorizadas, em cada caso, pelo Ministro da
mento das prestações devidas por autarquias, Fazenda, à vista de parecer prévio da Procu-
empresas públicas, sociedades de economia radoria-Geral da Fazenda Nacional quanto à
mista ou outras entidades controladas, direta ou legalidade da operação.
indiretamente, pela União ou Estado Federado,
em decorrência de operações de arrendamento Art. 110.  A efetivação de garantia, em nome
mercantil, com opção de compra, ajustadas com da União, para as operações de arrendamento
entidades ou empresas sediadas no exterior mercantil, fica sujeita a remuneração nos limi-
(Decreto-lei no 1.960/82, art. 1o). tes fixados pelo Conselho Monetário Nacional
(Decreto-lei no 1.960/82, art. 5o).
Art. 108.  As operações a que se refere o artigo
anterior só serão realizadas se satisfizerem aos Art. 111.  Na hipótese de inadimplência do
seguintes requisitos: afiançado observar-se-ão as normas estabe-
I – tenha por objeto bem destinado a assegu- lecidas para o ressarcimento de desembolsos
rar ou contribuir para a execução de projeto ou decorrentes de avais ou fianças em operações
programa de desenvolvimento ou de interesse de crédito externas.
público relevante;
II – haja prévio e expresso pronunciamento
do Ministro-Chefe da Secretaria de Planejamen- SEÇÃO XIV – Papel-Moeda
to da Presidência da República sobre o grau de
prioridade do projeto ou programa, em função Art. 112.  Compete ao Conselho Monetário
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

dos planos nacionais de desenvolvimento, bem Nacional autorizar as emissões de papel-moeda


como sobre a capacidade do arrendatário para as quais ficarão na prévia dependência de au-
pagamento das prestações ajustadas; torização legislativa quando se destinarem ao
III – ofereça o arrendatário contragarantias financiamento direto, pelo Banco Central do
suficientes para ressarcimento de qualquer de- Brasil, das operações com o Tesouro Nacional,
sembolso que o Tesouro Nacional venha a fazer, previstas em lei (Lei no 4.595/64, art. 4o, item I).
se chamado a honrar a fiança, salvo no caso de § 1o  O Conselho Monetário Nacional pode,
autarquias federais ou empresas controladas ainda, autorizar o Banco Central do Brasil a
direta ou indiretamente pela União; emitir, anualmente, até o limite de 10% (dez por
IV – não contenha o contrato qualquer cláu- cento) dos meios de pagamentos existentes em
sula: 31 de dezembro do ano anterior, para atender
a)  de natureza política; as exigências das atividades produtivas e da
b)  atentatória à soberania nacional ou à or- circulação da riqueza do País, devendo, porém,
dem pública; solicitar autorização do Poder Legislativo, me-
128 diante mensagem do Presidente da República,
para as emissões que, justificadamente, se tor- CAPÍTULO IV – Dívida Pública
narem necessárias além daquele limite.
§ 2o  Quando necessidades urgentes e impre- Art. 115.  A dívida pública abrange a dívida
vistas para o financiamento dessas atividades flutuante e a dívida fundada ou consolidada.
o determinarem, pode o Conselho Monetário § 1o  A dívida flutuante compreende os com-
Nacional autorizar as emissões que se fizerem promissos exigíveis, cujo pagamento independe
indispensáveis, solicitando imediatamente, de autorização orçamentária, assim entendidos:
através de mensagem do Presidente da Repú- a)  os restos a pagar, excluídos os serviços
blica, homologação do Poder Legislativo para da dívida;
as emissões assim realizadas. b)  os serviços da dívida;
§ 3o  Para atender despesas imprevisíveis e c)  os depósitos, inclusive consignações em
urgentes, como as decorrentes de guerra, subver- folha;
são interna ou calamidade pública, o Presidente d)  as operações de crédito por antecipação
da República poderá determinar que o Conselho de receita;
Monetário Nacional, através do Banco Central e)  o papel-moeda ou moeda fiduciária.
do Brasil, faça a aquisição de Letras do Tesouro § 2o  A dívida fundada ou consolidada com-
Nacional com a emissão de papel-moeda até o preende os compromissos de exigibilidade su-
montante do crédito extraordinário que tiver perior a 12 (doze) meses contraídos mediante
sido decretado (Lei no 4.595/64, art. 49, § 5o). emissão de títulos ou celebração de contratos
§ 4o  O Presidente da República fará acom- para atender a desequilíbrio orçamentário, ou
panhar a determinação ao Conselho Monetário a financiamento de obras e serviços públicos,
Nacional, mencionada no parágrafo anterior, e que dependam de autorização legislativa para
de cópia da mensagem que deverá dirigir ao amortização ou resgate.
Congresso Nacional, indicando os motivos que
tornaram indispensáveis a emissão e solicitando Art. 116.  A dívida será escriturada com indivi-
a sua homologação. duação e especificações que permitam verificar,
§ 5o  Nas hipóteses dos parágrafos segundo e a qualquer momento, a posição dos compro-
terceiro, deste artigo, se o Congresso Nacional missos, bem como os respectivos serviços de
negar homologação à emissão extraordinária amortização e juros.
efetuada, as autoridades responsáveis serão res- Parágrafo único.  Incluem-se entre os com-
ponsabilizadas nos termos da Lei no 1.079, de promissos de que trata este artigo, os de cará-
10 de abril de 1950. ter contingencial, assim entendidas quaisquer
garantias concedidas diretamente pelo Tesouro
Art. 113.  Considerar-se-ão resgatados, para Nacional, ou por intermédio de seus agentes
os efeitos legais, os saldos das emissões substi- financeiros.
tuídas, cujas cédulas não forem apresentadas à
substituição até o limite máximo do prazo para Art. 117.  Os juros e amortização dos títulos da
isso marcado. dívida pública serão pagos, nas épocas próprias,
Parágrafo único.  Serão, igualmente, consi- por intermédio dos agentes financeiros do Te-
derados resgates os descontos sofridos pelas souro Nacional, não se aplicando aos títulos de
cédulas em substituição. que trata este artigo quaisquer procedimentos
legais quanto à recuperação de títulos ao porta-
Art. 114.  As emissões de moeda metálica serão dor extraviados (Lei no 4.728/65, art. 71 e § 1o).
feitas sempre contra recolhimento de igual mon-
Normas correlatas

tante de cédulas (Lei no 4.595/64, art. 4o, § 3o). Art. 118.  Os títulos da dívida pública são insus-
cetíveis de gravames de qualquer natureza que
importem na obrigatoriedade de as repartições
emitentes ou seus agentes exercerem controles
prévios especiais quanto à sua negociabilidade,
129
ao pagamento de juros ou efetivação do resgate públicas federais detidas por entidades da Admi-
(Decreto-lei no 263/67, art. 9o). nistração indireta, ou por empresas controladas
Parágrafo único.  Nos casos em que, por de- por estas, podendo, para esse fim, utilizar-se:
cisão judicial, forem cabíveis restrições de qual- a)  de recursos orçamentários, inclusive os
quer natureza com relação aos títulos referidos destinados a aumentos de capital de empresas
neste artigo, o Juiz competente determinará estatais;
o depósito dos mesmos em estabelecimento b)  de créditos decorrentes de dividendos ou
bancário sob controle da União, credenciando-o de resultados de exercício, na forma prevista
a representar os titulares respectivos e deter- no artigo 128;
minando o destino a ser dado às importâncias c)  de recursos provenientes de operações de
provenientes do recebimento de juros e resgates crédito internas ou externas.
(Decreto-lei no 263/67, art. 9o, parágrafo único). § 2o  A compra e venda de ações prevista
neste artigo terá suas condições fixadas, em
cada caso, mediante instrumento específico, a
CAPÍTULO V – Valores Mobiliários da ser firmado entre as partes.
União
Art. 123.  A autorização do Ministro da Fazen-
Art. 119.  Os valores da União representados da para que a União adquira, mediante com-
por títulos de qualquer espécie ficarão sob a pra e venda, compromisso de compra e venda
guarda do Banco Central do Brasil. ou permuta, ações representativas do capital
de sociedades de economia mista e empresas
Art. 120.  Compete à Secretaria do Tesouro públicas federais pertencentes a entidades da
Nacional controlar os diversos valores mobiliá- Administração Federal Indireta, ou por estas
rios representativos de participação societária controladas, de que trata o artigo anterior, pre-
da União em empresas públicas, sociedades de vistas no artigo 1o, do Decreto-lei no 2.132, de
economia mista e quaisquer outras entidades, 28 de junho de 1984, será condicionada à prévia
bem como os respectivos rendimentos e os di- manifestação:
reitos inerentes a esses valores. I – da Secretaria do Tesouro Nacional quanto
à conveniência e oportunidade da operação, bem
Art. 121.  Independentemente da existência de assim quanto ao preço e à forma de pagamento;
recursos orçamentários, é vedado às empresas II – da Secretaria de Planejamento da Presi-
públicas ou sociedades de economia mista sob dência da República quanto aos recursos à conta
controle da União o aumento de capital, me- dos quais correrá a despesa com o pagamento
diante subscrição de ações em dinheiro, exceto do preço;
se expressamente autorizado, em decreto, pelo III – da Procuradoria-Geral da Fazenda Na-
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Presidente da República. cional quanto à legalidade da operação.


§ 1o  O preço das ações não será superior,
Art. 122.  Através do sistema de distribuição no caso de sociedade aberta, à cotação média
instituído no artigo 5o, da Lei no 4.728, de 14 de verificada na semana anterior à lavratura do
julho de 1965, e com a participação do Banco instrumento ou, no caso de ações sem cotação
Central do Brasil, na forma do item IV do artigo em Bolsa, ao valor patrimonial acusado no úl-
11, da Lei no 4.595, de 31 de dezembro de 1964, timo balanço ou em balanço especial.
o Ministro da Fazenda poderá autorizar opera- § 2o  O preço será pago de uma só vez ou
ções de compra e venda de ações de sociedades mediante prestações periódicas, facultado, neste
de economia mista e de empresas públicas, na caso, estipular-se o vencimento da 1o (primeira)
forma estabelecida neste Decreto. prestação para exercício posterior ao da lavra-
§ 1o  As operações de compra e venda serão tura do instrumento respectivo.
autorizadas em cada caso pelo Ministro da Fa- § 3o  No caso de compra e venda ou compro-
zenda, especialmente para aquisição de ações misso de compra e venda a prazo, o valor das
130 de sociedades de economia mista e de empresas prestações poderá ser monetariamente atualiza-
do, na forma da legislação em vigor e acrescido Art. 129.  Ressalvado o disposto no artigo ante-
de juros de até 8% (oito por cento) ao ano. rior, o recolhimento à conta do Tesouro Nacio-
nal, no Banco do Brasil S.A., dos dividendos ou
Art. 124.  Os instrumentos específicos, referen- resultados de exercício que couberem à União,
tes às operações mencionadas no artigo anterior, será feito pelas empresas até 30 de novembro de
serão lavrados no livro próprio da Procurado- cada ano, mediante comunicação à Secretaria
ria-Geral da Fazenda Nacional, de acordo com do Tesouro Nacional.
o disposto no artigo 10, itens V, alínea “b”, e VII, Parágrafo único.  É dever do representante do
do Decreto-lei no 147, de 3 de fevereiro de 1967. Tesouro Nacional no Conselho Fiscal ou órgão
Parágrafo único.  Caberá à Procuradoria-Ge- de controle equivalente, das empresas de cujo
ral da Fazenda Nacional promover a publicação, capital a União participe, e de quaisquer órgãos
no Diário Oficial da União, dos instrumentos ou unidades administrativas que tenham a seu
contratuais e a remessa, ao Tribunal de Contas, cargo controlar ou acompanhar a gestão das
das respectivas cópias autenticadas, quando entidades da administração descentralizada ou
solicitadas. indireta, fiscalizar o cumprimento do disposto
neste artigo.
Art. 125.  Mediante ato do Ministro da Fa-
zenda, poderá ser promovida a alienação de
ações de propriedade da União, representativas CAPÍTULO VI – Contabilidade e Auditoria
do capital social de sociedades de economia
mista, mantendo-se 51% (cinquenta e um por Art. 130.  A contabilidade da União será rea-
cento) no mínimo, das ações com direito a voto, lizada através das funções de orientação, con-
das empresas nas quais deva ser assegurado o trole e registro das atividades de administração
controle estatal. financeira e patrimonial, compreendendo todos
os atos e fatos relativos à gestão orçamentário-
Art. 126.  Poderão, também, ser alienadas as -financeira e da guarda ou administração de
ações, quotas ou direitos representativos de ca- bens da União ou a ela confiados.
pital que a União possua, minoritariamente, em
empresas privadas, quando não houver interesse Art. 131.  Todo ato de gestão financeira, ou que
econômico ou social em manter a participação crie, modifique ou extinga direito ou obrigação
societária. de natureza pecuniária da União, será realizado
Parágrafo único.  Quando não se tratar de por meio de documento hábil que o comprove
companhia aberta, a alienação autorizada nes- e registrado na contabilidade mediante classi-
te artigo se fará através de licitação, na forma ficação em conta adequada.
estabelecida pelo Poder Executivo.
Art. 132.  O órgão central de contabilidade da
Art. 127.  Enquanto não efetivada a medida União estabelecerá o plano de contas único e
autorizada no artigo anterior, é facultado ao a padronização dos registros contábeis para os
Poder Executivo, mediante ato do Ministro da órgãos da administração federal centralizada.
Fazenda, por proposta da Secretaria do Tesouro Parágrafo único.  As autarquias, empresas pú-
Nacional, deixar de exercer o direito de prefe- blicas e fundações instituídas ou mantidas pela
rência, assegurado em lei, para a subscrição União manterão plano de contas adequado às
de aumento de capital nas referidas empresas. suas atividades peculiares, obedecida, para efeito
de consolidação, a estrutura básica estabelecida
Normas correlatas

Art. 128.  É o Ministro da Fazenda autorizado para os órgãos da administração centralizada.


a converter em ações, nos aumentos de capital
de sociedades de economia mista ou de em- Art. 133.  O registro sintético das operações
presas públicas, aprovados pelo Presidente da financeiras e patrimoniais efetuar-se-á pelo
República, em decreto, os créditos decorrentes método das partidas dobradas.
de dividendos ou de resultados de exercício. 131
Art. 134.  Haverá controle contábil dos direitos encaminharão, mensalmente, balancetes e de-
e obrigações oriundos de contratos, convênios, monstrações contábeis da respectiva execução
acordos ou ajustes. orçamentária, para orientação e base às decisões
cabíveis.
Art. 135.  Os débitos e os créditos serão re- Parágrafo único.  Cópia dos balancetes e
gistrados com individuação do devedor ou do das demonstrações contábeis, de que trata este
credor e especificação da natureza, importância artigo, será remetida ao Tribunal de Contas
e data do vencimento, quando fixada. da União, ou suas delegações, para a auditoria
financeira e orçamentária de sua competência.
Art. 136.  A contabilidade deverá evidenciar,
em seus registros, o montante dos créditos or- Art. 139.  Os órgãos de contabilidade exami-
çamentários vigentes, a despesa empenhada e a narão a conformidade dos atos de gestão orça-
despesa realizada à conta dos mesmos créditos, mentário-financeira e patrimonial, praticados
as dotações disponíveis e os recursos financeiros pelas unidades administrativas gestoras de sua
programados. jurisdição, com as normas legais que os regem
§ 1o  Os registros previstos neste artigo serão (Decreto-lei no 200/67, art. 73).
acessíveis à respectiva unidade administrativa § 1o  Quando for verificada qualquer irre-
gestora, para orientação e atualização dos mes- gularidade, o ato será impugnado mediante
mos registros, na forma estabelecida. representação, para apuração de ilegalidade e
§ 2o  Quando não for possível o acesso da identificação do responsável.
unidade administrativa gestora aos registros, § 2o  Caracterizada a ilegalidade, o órgão de
as informações indispensáveis à sua orientação contabilidade encaminhará, imediatamente,
lhes serão transmitidas oportunamente. à autoridade a quem o responsável esteja su-
bordinado, os elementos necessários para os
Art. 137.  A contabilidade deverá apurar o custo procedimentos disciplinares cabíveis.
dos projetos e atividades, de forma a evidenciar § 3o  Na mesma data da providência prevista
os resultados da gestão (Decreto-lei no 200/67, no parágrafo anterior, o órgão de contabilidade
art. 69). comunicará a ocorrência ao órgão setorial de
§ 1o  A apuração do custo dos projetos e ati- controle interno da jurisdição do responsável,
vidades terá por base os elementos fornecidos e promoverá anotações da infringência no re-
pelos órgãos de orçamento, constantes dos re- gistro cadastral de agentes da administração
gistros do Cadastro Orçamentário de Projeto/ financeira.
Atividade, a utilização dos recursos financeiros § 4o  Os documentos relativos aos registros
e as informações detalhadas sobre a execução contábeis dos atos da receita e despesa fica-
física que as unidades administrativas gestoras rão arquivados no órgão de contabilidade à
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

deverão encaminhar ao respectivo órgão de disposição das autoridades responsáveis pelo


contabilidade, na periodicidade estabelecida acompanhamento administrativo e fiscalização
pela Secretaria do Tesouro Nacional. financeira e, bem assim, dos agentes incumbidos
§ 2o  A falta de informação da unidade ad- do controle externo, de competência do Tribunal
ministrativa gestora sobre a execução física dos de Contas da União.
projetos e atividades a seu cargo, na forma es- § 5o  Ressalvada a hipótese de microfilma-
tabelecida, acarretará o bloqueio de saques de gem, quando conveniente, os documentos serão
recursos financeiros para os mesmos projetos conservados em arquivo pelo prazo de 5 (cinco)
e atividades, responsabilizando-se a autoridade anos do julgamento das contas dos responsáveis,
administrativa faltosa pelos prejuízos decor- pelo Tribunal de Contas da União, findo o qual
rentes. poderão ser incinerados mediante termo.

Art. 138.  Os órgãos de contabilidade presta- Art. 140.  O órgão central de contabilidade da


rão a assistência técnica que lhe for solicitada União fará a consolidação dos dados oriundos
132 pelas unidades administrativas gestoras, e lhes dos órgãos seccionais, transmitindo, mensal-
mente, os balancetes e as demonstrações con- § 2o  Se a entidade ou organização dispuser
tábeis sobre a execução orçamentária de cada de receita própria, a auditoria se limitará ao em-
Ministério ou Órgão, ao respectivo órgão seto- prego daquelas contribuições ou transferências.
rial de controle interno, para efeito da supervisão § 3o  Nos casos de irregularidades apuradas,
ministerial. se o responsável, devidamente notificado, deixar
de atender às exigências formuladas pelo órgão
Art. 141.  Todo aquele que, a qualquer título, de auditoria, o Ministro de Estado determinará
tenha a seu cargo serviço de contabilidade da a suspensão das transferências destinadas às re-
União é pessoalmente responsável pela exati- feridas entidades ou organizações, ou a retenção
dão das contas e oportuna apresentação dos da receita na fonte arrecadadora.
balancetes, balanços e demonstrações contábeis
dos atos relativos à administração financeira e Art. 144. (Revogado)
patrimonial do setor sob sua jurisdição.

Art. 142.  A auditoria será realizada de maneira CAPÍTULO VII – Prestação de Contas e


objetiva, segundo programação e extensão ra- Tomada de Contas
cionais, com o propósito de certificar a exatidão
e regularidade das contas, verificar a execução Art. 145.  Quem quer que utilize dinheiros
de contratos, convênios, acordos ou ajustes, a públicos terá de justificar seu bom e regular em-
probidade na aplicação dos dinheiros públicos e prego na conformidade das leis, regulamentos e
na guarda ou administração de valores e outros normas emanadas das autoridades administrati-
bens da União ou a ela confiados. vas competentes (Decreto-lei no 200/67, art. 93).
§ 1o  O custo dos projetos e atividades a cargo
dos órgãos e entidades da administração federal Art. 146.  Além da tomada de contas ou presta-
será objeto de exames de auditoria, verifican- ção de contas anual, o órgão setorial de controle
do-se os objetivos alcançados em termos de interno manterá sistema de acompanhamento
realização de obras e de prestação de serviços, contínuo da execução de projetos e atividades
em confronto com o programa de trabalho pelos órgãos e entidades da Administração Fe-
aprovado. deral, direta e indireta, sob sua jurisdição, de
§ 2o  São elementos básicos dos procedimen- forma a lhe permitir, a qualquer tempo, pronun-
tos de auditoria o sistema contábil e a documen- ciar-se sobre a eficiência e a eficácia da gestão,
tação comprobatória das operações realizadas, podendo proceder às verificações, exames ou
a existência física dos bens adquiridos ou pro- levantamentos que se fizerem necessários (Lei
duzidos e os valores em depósito. no 4.320/64, arts. 78 e 83).

Art. 143.  As entidades e organizações em geral, Art. 147.  Terão sua situação perante a Fazen-
dotadas de personalidade jurídica de direito da Nacional evidenciada na tomada de contas
privado, que recebam contribuições parafiscais e anual, o ordenador de despesas, o agente rece-
prestem serviços de interesse público ou social, bedor ou pagador e o responsável pela guarda
estão sujeitas à fiscalização do Poder Público nos ou administração de valores e outros bens da
termos e condições estabelecidos na legislação União, ou pelos quais esta responda.
pertinente a cada uma (Decreto-lei no 200/67, § 1o  A tomada de contas anual será feita
art. 183). de forma a evidenciar os resultados da gestão,
§ 1o  Sem prejuízo do disposto neste artigo, mediante confronto do programa de trabalho a
Normas correlatas

as entidades e organizações mencionadas se- nível de projeto e atividade, ou parte deste afeta
rão submetidas a auditoria do órgão setorial à unidade gestora, com os recursos financeiros
de controle interno do Ministério ou Órgão a programados e utilizados, bem assim com os
que estejam vinculadas (Decreto-lei no 772/69). dados ou informações sobre a execução física.
§ 2o  Integra a tomada de contas relatório
de atividades da unidade gestora, firmado pelo 133
respectivo responsável, e do órgão de contabi- Estado, no caso de irregularidade, determinará
lidade sobre o controle que lhe cabe a, no caso as providências que, a seu critério, se tornarem
de irregularidade, a defesa do indiciado. indispensáveis para resguardar o interesse da co-
§ 3o  O relatório de atividades da unidade letividade e probidade na aplicação dos recursos
gestora versará sobre suas finalidades, a progra- públicos, das quais dará ciência oportunamente
mação e a execução orçamentária dos projetos ao Tribunal.
e atividades a seu cargo, bem assim quanto aos
resultados alcançados em termos de realização Art. 153.  As tomadas de contas e prestação
de obras e de prestação de serviços. de contas serão encaminhadas ao Tribunal de
Contas da União no exercício financeiro ime-
Art. 148.  Está sujeito à tomada de contas es- diatamente seguinte àquele a que se referirem,
pecial todo aquele que deixar de prestar contas observados os seguintes prazos:
da utilização de recursos públicos, no prazo e I – até 30 de junho:
forma estabelecidos, ou que cometer ou der a)  as tomadas de contas dos ordenadores de
causa a desfalque, desvio de bens ou praticar despesas, agentes recebedores ou pagadores e
qualquer irregularidade de que resulte prejuízo encarregados da guarda ou administração de
para a Fazenda Nacional. valores e outros bens públicos;
b)  as prestações de contas das autarquias;
Art. 149.  As autarquias, empresas públicas, so- II – até 31 de julho: as prestações de contas
ciedades de economia mista, fundações criadas das empresas públicas, sociedades de economia
pela União ou mantidas com recursos federais, mista, fundações e serviços sociais autônomos;
sob supervisão ministerial, serviços autôno- III – até 30 de setembro: as prestações de
mos e entidades com personalidade jurídica contas das entidades com personalidade jurídica
de direito privado, de cujo capital a União ou de direito privado, de cujo capital a União ou
qualquer entidade da administração indireta, qualquer entidade da administração descentra-
seja detentora da totalidade ou da maioria das lizada, ou indireta, seja detentora da totalidade
ações ordinárias, prestarão contas de sua gestão, ou da maioria das ações ordinárias.
para julgamento pelo Tribunal de Contas da § 1o  As prestações de contas relativas a fun-
União (Decreto-lei no 199/67, art. 34 e art. 7o da dos especiais de natureza contábil ou financeira,
Lei no 6.223/75, alterado pela Lei no 6.525/78). inclusive as de investimentos, acompanharão a
tomada de contas ou prestação de contas cor-
Art. 150.  As tomadas de contas e prestação de respondente aos recursos gerais da respectiva
contas serão objeto de exames de auditoria do unidade ou entidade gestora.
órgão setorial de controle interno. § 2o  A tomada de contas especial será re-
metida ao Tribunal de Contas da União dentro
Lei de Responsabilidade Fiscal e normas correlatas

Art. 151.  Diante do exame de auditoria, o ór- do prazo de 30 (trinta) dias de sua elaboração.
gão setorial de controle interno emitirá parecer
avaliando a eficiência e a eficácia da gestão, Art. 154.  Os órgãos de Contabilidade inscre-
bem assim quanto à economia na utilização verão como responsáveis todos quantos este-
dos recursos públicos, ou sobre as irregularida- jam sujeitos a tomada de contas ou que devam
des apuradas, quando for o caso, submetendo prestar contas para julgamento pelo Tribunal
a tomada de contas ou prestação de contas à de Contas, cujo rol lhe será transmitido anual-
consideração do Ministro de Estado, que se mente, comunicando-se as alterações.
pronunciará a respeito, remetendo o processo,
em seguida, ao Tribunal de Contas da União,
para os fins constitucionais e legais. CAPÍTULO VIII – Disposições Gerais

Art. 152.  Sem prejuízo do encaminhamento Art. 155.  A Secretaria do Tesouro Nacional,


da tomada de contas ou prestação de contas sem prejuízo das atribuições conferidas à Se-
134 ao Tribunal de Contas da União, o Ministro de cretaria de Planejamento da Presidência da
República, é competente para instituir formu- Art. 158.  Este Decreto entrará em vigor em
lários e modelos de documentos de empenho, 1o de janeiro de 1987, ficando revogadas as
liquidação e pagamento de despesas, e outros disposições em contrário, em especial as cons-
que se tornarem indispensáveis à execução or- tantes dos seguintes Decretos: 61.386, de 19 de
çamentária e financeira da União, bem como setembro de 1967; 62.115, de 12 de janeiro de
a expedir as instruções que se tornarem ne- 1968; 62.700, de 15 de maio de 1968; 62.762, de
cessárias à execução deste Decreto, visando à 23 de maio de 1968; 64.135, de 25 de fevereiro
padronização e uniformidade de procedimentos. de 1969; 64.138, de 25 de fevereiro de 1969;
64.175, de 8 de março de 1969; 64.441, de 30 de
Art. 156.  A integração das diversas unidades abril de 1969; 64.752, de 27 de junho de 1969;
administrativas gestoras e entidades supervi- 64.777, de 3 de julho de 1969; 65.875, de 15 de
sionadas ao sistema de computação eletrônica dezembro de 1969; 67.090, de 20 de agosto de
para o controle da execução orçamentária e 1970; 67.213, de 17 de setembro de 1970; 67.991,
financeira da União, será feita por etapas, de de 30 de dezembro de 1970; 68.441, de 29 de
acordo com o plano de trabalho e a orientação março de 1971; 68.685, de 27 de maio de 1971;
da Secretaria do Tesouro Nacional. 71.159, de 27 de setembro de 1972; 72.579, de
7 de agosto de 1973; 74.439, de 21 de agosto de
Art. 157.  As autarquias e empresas públicas 1974; 78.383, de 8 de setembro de 1976; 80.421,
federais remeterão à Secretaria de Controle In- de 28 de setembro de 1977; 85.421, de 26 de
terno do Ministério a que estejam vinculadas, até novembro de 1980; 88.975, de 9 de novembro
15 de fevereiro de cada ano, impreterivelmente, de 1983; 89.950, de 10 de julho de 1984; 89.955,
os balanços anuais relativos ao exercício ante- de 11 de julho de 1984; 89.979, de 18 de julho de
rior, para fins de incorporação de resultados e 1984; 91.150, de 15 de março de 1985; 91.953,
publicação (Lei no 4.320/64, art. 109 e parágrafo de 19 de novembro de 1985; 91.959, de 19 de
único do art. 110). novembro de 1985.
Parágrafo único.  Na mesma data do seu re-
cebimento, as Secretarias de Controle Interno Brasília, 23 de dezembro de 1986; 165o da In-
remeterão à Secretaria do Tesouro Nacional uma dependência e 98o da República.
das vias dos balanços referidos neste artigo, para
publicação como complemento dos balanços JOSÉ SARNEY
gerais da União.
Decretado em 23/12/1986 e publicado no DOU de
24/12/1986.

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135
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Além da LRF, o volume apresenta os dispositivos constitucionais relacionados ao assunto,


bem como diversas outras normas, entre leis, decretos-leis e decretos. Destacam-se a Lei
no 4.320/1964 (Lei de Normas Gerais de Direito Financeiro), a Lei no 8.429/1992 (Lei de
Improbidade Administrativa) e a Lei no 12.846/2013 (Lei Anticorrupção).

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