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EFEMÉRIDES

Araputanga comemora 60º aniversário


Migração japonesa no pós-guerra teve influência decisiva no processo de
ocupação do lugar, inicialmente batizado Ituinópolis, depois Gleba Paixão
HAROLDO ASSUNÇÃO / Instituto Memória do Poder Legislativo

Dentre tantos municípios filhos da Grande Cáceres, Araputanga tem sua


história ligada diretamente ao então governador Fernando Correa da Costa,
quando no ano 1953, século passado, mandou o sobrinho Nelson da Costa
Marques, engenheiro agrimensor, medir as terras devolutas da região
situada entre os rios Jauru e Cabaçal, oeste mato-grossense.
No vale do rio das Pitas, Costa Marques encontrou paisagem de mata
exuberante às margens. Em pagamento pelos serviços prestados ao
Governo de Mato Grosso, requereu grande extensão de terras naquela
região.
Obrigatório já neste ponto abrir parêntesis para contextualização, sob a luz
da geógrafa Vanusa Irene Xavier Santos – que norteou o presente artigo –
na abalizada pesquisa apresentada em 2017 ao programa de pós-graduação
da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), sob o título
“Formação Territorial do Município de Araputanga e suas Mudanças
Socioespaciais” – disponível na página daquela instituição, no link
(http://portal.unemat.br/media/files/ppggeo2015-4-vanusa.pdf).
Embora o processo de ocupação de toda aquela região remonte ainda aos
tempos da Colônia, séculos antes, é na década de 1950, século passado, que
o povoamento começa efetivamente a tomar forma ‘ordenada’ – na esteira
da “Marcha para Oeste”, concebida por |Getúlio Vargas.
Posteriormente, a formação do município ganhou impulso na década
seguinte, sob o governo militar, a pretexto da reforma agrária. Naquele
tempo foram criados o Instituto Brasileiro de Reforma Agrária (Ibra) e o
Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário (Inda). A dissolução destes
deu origem ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
(Incra).
A reforma agrária não chegou no povoado, mas a propaganda atraiu
migrantes de diversas partes do Brasil, em especial dos estados de Goiás e
Minas Gerais. Dentro desse contexto de “reforma agrária”, a povoação foi
emancipada em 1979 por força da Lei Estadual nº 4.153, publicada aos 14
de dezembro daquele ano.
Antes, no final do ano de 1977, o hoje município de Araputanga tornara-se
distrito de Mirassol D’Oeste. Após a emancipação, em 1979, Romeu Furlan
foi nomeado primeiro prefeito pelo então governador de Mato Grosso,
Frederico Carlos Soares Campos.
ITAINÓPOLIS
Fechado o parêntesis, tornemos à evolução histórica.
Nos primeiros anos da década de 1950, século passado, o Brasil foi destino
migratório significativo originado no Japão pós 2ª Guerra Mundial, de
início aqui radicados os japoneses principalmente nos estados de São Paulo
e Paraná. O governo daquele país subsidiava, em parte, a vinda deles.
Também vieram muitos coreanos, em fuga da guerra naquele país.
Nessas levas de migrantes asiáticos, vieram as famílias de Fumio Itai,
Naomassa Uemura e, mais tarde, a de Shigeyochi Sato.
Fumiu Itai nasceu na província de Oitá, Japão, - chegou no Brasil aos
dezoito anos de idade, atraído pelas propagandas transmitidas no “Império
do Sol Nascente” sobre o país – se dizia lá que, cá, “dinheiro dava em
árvores”.
Itai estudou topografia, era de profissão agrimensor.
No ano 1954, século passado, quando Fumiu Itai já trabalhava em Mato
Grosso, fazendo levantamentos topográficos ao longo dos rios Cuiabá,
Paraguai, Cabaçal, dos Bugres e Jauru, aceitou o desafio de fazer o serviço
que encomendara Correa da Costa ao sobrinho Nelson da Costa Marques, o
qual confiou ao japonês a execução da empreitada.
Itui e seu cunhado, Naomassa Uemura, receberam a proposta de abrir essas
terras e construir uma estrada paralela ao ribeirão das Pitas. Por onde
passavam davam nomes aos córregos. As tarefas eram executadas com
machados, foices, enxadões e enxadas. Iniciaram os trabalhos pela
Tabuleta, chegando até o território da futura Araputanga.
Em 1958 Fumiu Itai consegue adquirir 20 alqueires de terra. Com a
concretização parcial das medições, inicia a segunda parte do serviço: atrair
pessoas para o futuro povoado.
Naomassa, que trabalhara antes em cafezais, passou também a afirmar que
o ‘dinheiro dava nas árvores’ - nas do café. Uemura também era japonês,
veio para o Brasil em 1934, instalou-se no estado de São Paulo,
trabalhando nos cafezais paulistas.
Em 1953 resolveu trabalhar como agrimensor, com seu cunhado e já
naqueles anos inicia, junto com Fumiu Itui, o levantamento topográfico das
terras contíguas ao ribeirão das Pitas.
Iniciada a povoação, os pioneiros fundaram Ituinópolis - homenagem a Itui.
Naquela época, a administração japonesa comprava terras no Brasil para
formar as colônias de imigrantes - Uemura ofereceu áreas na região, mas
por tratar-se de terra fronteiriça à vizinha Bolívia, o governo do Japão
recusou.
Uemura então passou a comercializar as terras da região no Paraná -
Umuarama e Londrina - e noroeste paulista. Por meio de anúncios em
jornais, conseguiu vender 250 lotes no entorno do ribeirão das Pitas, todos
com área superior a 200 hectares, principalmente para os asiáticos –
inclusive coreanos – e também, em menor proporção, a agricultores
brasileiros.
Devido às inúmeras dificuldades encontradas de início pelos pioneiros,
principalmente o precário atendimento à saúde, muitas das cerca de
quarenta famílias de asiáticos que haviam chegado à região por aqueles
anos não demoraram a precocemente deixar o lugar. Outros viriam, porém.
No início dos anos 1960, século passado, Shigeyochi Sato – o “João Sato” -
comprou área de aproximadamente dois mil hectares, montou uma serraria
e loteou o restante para formar a cidade.
FAZENDA SANTANA
Em que pese haja quem queira reescrever a História de Mato Grosso e
atribuir apenas ao sobrinho do governador a condição de pioneirismo,
talvez com fim condenável de apagar na memória da cidade a referência às
raízes da colonização asiática original, obrigatório lembrar: não apenas o
primeiro nome que teve a povoação – Ituinópolis, referência a Fumiu Itui –
mas também a data comemorativa, 23 de maio, tem ligação direta com os
migrantes do Extremo Oriente.
Nelson da Costa Marques – que havia requerido extensas áreas ao tio
governador - tinha interesse de povoar a região, porque continuava com a
maior parte das terras e queria que o local se desenvolvesse
economicamente, de forma a valorizar sua propriedade, a Fazenda Santana.
Costa Marques nunca chegou a morar lá, mas para fomentar a povoação
doou 40 alqueires de terras com o fim de iniciar a fundação da cidade. Ele
próprio reconheceria, anos depois, que o governo estadual sob o comando
do tio pouco fizera para desenvolver a região.
As pessoas que possuíam terras no povoado eram responsáveis pela
construção das vias de acesso: iniciavam fazendo picadas no meio da mata,
no lombo de burros e cavalos, também em carro-de-boi; os caminhos
rasgados na mata aos poucos viravam estradas para transporte de toras,
carregadas sobre carrocerias de caminhões.
Apesar de grande latifundiário, Nelson da Costa Marques – o próprio
reconheceria anos depois - não participou de nenhum projeto de
colonização.
GLEBA PAIXÃO
Shigeyochi Sato chegou ao lugar em 1962 para montar pequena
beneficiadora de madeira, a Serraria Pita. Sato foi o maior responsável pela
abertura da avenida 23 de Maio, principal via de acesso na atualidade, obra
executada com o auxílio da população local, em maio de 1963.
Embora tenham utilizando as máquinas da Serraria Pita, a maior parte do
serviço foi feito manualmente - as pessoas derrubavam árvores e
arrancavam tocos com as próprias mãos, com uso machados, foices e outras
ferramentas.
Aberta a primeira via de acesso, era preciso dar continuidade ao
desenvolvimento da povoação. Então, Sato iniciou a comercialização de
terrenos, a fim de alavancar a formação da futura urbe.
Vendeu o primeiro lote urbano no dia 23 de maio de 1963 e deu novo nome
ao lugar: Gleba Paixão, quem conhecia o lugar se apaixonava, dizia.
Foi substituída a denominação original, Ituinópolis – hoje quase esquecida.
Neste 23 de maio de 2023, a urbe já é sessentona – celebra exatas seis
décadas desde o distante ano de 1963, século passado, quando tudo
começou.
MADEIRA
Nos idos da década de 1950, século passado, os primeiros colonos
japoneses, a par de incipiente cultura agrícola, praticaram em pequena
escala o extrativismo da poia – que vicejava ainda abundante na região e
antes, no século 19, muito fomentara a economia mato-grossense.
Entretanto, foi a exploração da madeira, especialmente a partir da década
seguinte, que impulsionou com força o desenvolvimento; a região abrigava
enorme variedade de espécies vegetais, sendo mais explorado o mogno.
Remonta ao ciclo da madeira o nome da cidade: Araputanga é palavra de
origem no dialeto indígena ‘kwazá’ – em idos ancestrais falado por
inúmeras etnias na região fronteiriça, daqui ao hoje Estado de Rondônia -,
que significa mogno, espécie lá abundante nos primórdios.
Inicialmente a madeira era comercializada na cidade de Cáceres, pois não
existia serraria comercial no município, antes da chegada de Shigeyochi
Sato.
Os madeireiros faziam seleção das árvores – após a derrubada; o que não
era de interesse comercial, deixavam para trás, para proveito da população
local no feitio de móveis e construção de habitações.
A Serraria Pita não tinha suporte para atender toda a demanda, razão pela
qual os madeireiros recorriam a outras serrarias da região. A maior parte do
lucro ia para os empresários residentes em outras cidades - ou seja, a
população local não herdou grandes benefícios desse ciclo econômico.
O trabalho utilizado no desmatamento era braçal - dada a ausência de
máquinas -, e mal remunerado. Eram comuns acidentes de trabalho, na
derrubada de árvores assim como na carga e descarga dos caminhões que
transportavam as toras, fatalidades aconteciam com frequência.
Já no ano de 1973, o povoado contava com duas serrarias de disco, onde
serravam a madeira mais fina, utilizando duas pessoas para o trabalho;
havia ainda três serrarias “pica pau”, onde também apenas dois
trabalhadores serravam toras de diâmetro inferior a um metro. Existiam
também duas serrarias de fita, que beneficiavam toras de qualquer
espessura e empregavam, cada uma, pelo menos seis funcionários.
Durante anos o desmatamento não trouxe preocupação aos pioneiros, a
cobertura vegetal foi suprimida de forma irracional, sem nenhuma
preocupação com a preservação da floresta nativa; mesmo após a
urbanização, quando a população da cidade passou a ser superior à rural, a
devastação persistiu, sem controle ou planejamento qualquer.
AGRICULTURA
A exploração sem planejamento – irracional, desenfreada – conduziu a
atividade madeireira a rápido declínio. Devido à diminuição das madeiras
nobres na região, foi introduzido na década de 1970, século passado,
cultivo de vários produtos agrícolas não apenas para subsistência, mas com
objetivo de atender o comércio.
Inicialmente produziam para a própria alimentação: arroz, feijão,
mandioca, banana, amendoim, entre outras culturas. Conforme o
desmatamento aumentava, também elevava as áreas agricultadas. O
processo para a prática econômica era rudimentar, devido à falta de
implementos agrícolas.
A policultura predominava, vendia-se os excedentes dessa produção para
comprar o que não era tirado da terra, compravam produtos da Tabuleta,
Porto Esperidião e Cáceres, nesta última vendiam a produção das roças
locais.
Um dos maiores obstáculos era a falta de infraestrutura.
Grandes eram as dificuldades para transportar a produção, péssimas
estradas.
A pecuária era ainda incipiente naqueles idos; alguns moradores se
arriscavam a criar gado leiteiro para subsistência, em contrapartida a
criação de suínos era praticada em maior escala já naquele período.
Devido às grandes oscilações no valor econômico dos produtos agrícolas e
às dificuldades para comercializar a produção, os agricultores locais
intensificaram a prática da pecuária bovina - leiteira e de corte -, que aos
poucos foi crescendo e substituiu a agricultura em grande parte.
Para efetivar essa atividade econômica, houve a criação da Cooperativa
Agropecuária do Oeste-MT Ltda, que tinha como papel principal
industrializar o leite e comercializar produtos lácteos.
Mas a pecuária bovina não prosperou ainda à época, porque no final da
década de 1980, século passado, foi descoberto ouro na vizinha Rio
Branco.
MINERAÇÃO
Já na década de 1980, século passado, parte da população local sobrevivia
de lavoura agrícola e da pecuária bovina leiteira, mas a maior renda vinha
da Mina Cabaçal e Mineração Manati - apesar dos nomes, era uma só
empresa, responsável pela exploração do ouro na região. Existiam outras
mineradoras como a Seta e a Odorblex, que trabalhavam particularmente na
prospecção de novas lavras.
A pesquisa do solo em busca de minerais aconteceu antes da instalação da
Mina Cabaçal e Mineração Manati. A exploração aurífera em Rio Branco
antes se iniciara com a Empresa Doce Mel, subsidiária da Companhia Vale
do Rio Doce, que em meados da década anterior constatara existência de
minérios.
Já nos idos de 1980, a inglesa British Petroleum instalou-se no Brasil com
objetivo de explorar os minérios existentes, para isso contrataram técnicos
que já tinham pesquisa de mapeamentos geológicos. Para que a empresa
britânica iniciasse a exploração mineral, foi necessária associação ao
capital nacional, por isso uniu-se a dois grupos: Roberto Marinho e
Monteiro Aranha, daí originada a Mineração Santa Martha.
Jazidas foram encontradas na região, foi o ouro mais abundante e
explorado, mas havia também prata e cobre - metais retirados em menor
monta.
Também foram prospectadas reservas de chumbo, zinco e bismuto.
A mineração empregava mais de mil funcionários, mão de obra local e de
municípios vizinhos - Rio Branco, São José dos Quatro Marcos e Mirassol
D’Oeste.
Por aquela época, a região recebeu muitos trabalhadores do Nordeste; já os
encarregados geralmente vinham de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A cidade não tinha infraestrutura para receber novas famílias, então a
Mineração Manati contribuiu construindo casas, escola, asfaltou ruas e
incentivou o lazer, por meio de ampla reforma no Clube Olímpico.
Foram retiradas no período pelo menos dez toneladas de ouro.
Por força de dívida com o governo do Kuwait - decorrente dos ‘royalties’
relativos ao petróleo explorado naquele país do Oriente Médio -, a British
Petroleum vendeu sua parte na Mineradora Santa Martha para a empresa
Rio Tinto Zinco (RTZ).
Contudo, não seria exatamente amigável a relação da nova sócia com os
grupos Roberto Marinho e Monteiro Aranha; além disso, com a queda da
produção na Mina Cabaçal e Mineração Manati, devido à paralisação das
pesquisas, o inevitável aconteceu: a jazida foi fechada.
Antes disso, altos salários pagos aos funcionários da mineração fizeram o
comércio local prosperar; à época eram processadas 40 toneladas de pedra
a cada hora, com a obtenção, em média, de sete a oito gramas de ouro.
O cobre e a prata iam para o Porto de Santos e de lá para a Coréia do Sul.
Os minérios foram retirados intensamente do solo e não custaram
escassear, ao ponto de limitar drasticamente a produção. Por força de altos
custos para exploração e pouco retorno financeiro, a empresa resolveu
encerrar as atividades em 1992, século passado.
Enquanto diminuiu a produção mineral, a Cooperativa Agropecuária do
Oeste-MT Ltda, ampliava suas relações comerciais. Também pelos fins da
década de 1980, século passado, havia sido inaugurada a primeira planta
frigorífica – Frigoara -, que igualmente passou a depender da matéria prima
fornecida pela pecuária bovina. A ampliação dessas duas indústrias
fortaleceu este ciclo econômico, que permanece até os dias atuais.
PECUÁRIA
A região de Cáceres apresenta características bem propícias para esta
atividade econômica, sendo das mais importantes de Mato Grosso,
principalmente pela diversidade da produção: carne, leite e couro.
No povoado que originou Araputanga, a pecuária passou a ser praticada
desde os primórdios – ainda incipiente - fortaleceu-se na década de 1980,
século passado, com a implantação da Cooperativa Agropecuária do Oeste
- MT e do Frigoara, mas no final dessa mesma década deixou de ser
referência econômica devido à descoberta do ouro em Rio Branco.
Com o esgotamento do metal e o fechamento da mineradora, a pecuária
retorna fortalecida, tornando-se em principal atividade econômica.
A planta industrial da Cooperativa Lacbom - idealizado pelo padre Celso
Ermínio Duca -, iniciou o cooperativismo na região. A produção de leite
era entregue na empresa e também comercializada em cidades vizinhas.
O gado de corte, vendido ao Frigorífico Friboi ou para outros, de
municípios limítrofes. Reduzida a produção leiteira, em razão do baixo
valor pago pelo produto e o custo de manter funcionários, aumentou a
criação do gado de corte.
Há nítida divisão quanto a criação deste rebanho no município: os
latifundiários praticam mais a pecuária de corte do que leiteira, ao contrário
dos pequenos da agricultura familiar. O principal motivo é que o sitiante
fornece leite para a Cooperativa Agropecuária do Oeste-MT e tem salário
mensal, sua principal fonte de renda - para o gado de corte o retorno é a
longo prazo.
DESAFIOS
A riqueza proporcionada pela madeira, ouro, plantações e rebanhos ainda
não reflete na medida em que deveria, nas condições de vida da
população.
Por ocasião da celebração do 60º aniversário, neste limiar de primeiro
quarto do século 21, Araputanga, seu povo e governantes ainda têm
grandes desafios pela frente.
Conforme números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE), em 2020 o rendimento médio mensal auferido pelos trabalhadores
formais no município era de 2,1 salários mínimos e a proporção de
pessoas ocupadas em relação à população total, de 19,9%. Na
comparação com os outros municípios do estado, ocupava as posições 98
de 141 e 37 de 141, respectivamente; já na comparação com cidades do
país todo, ficava na posição 1571 de 5570 e 1399 de 5570,
respectivamente.
Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário
mínimo por pessoa, o município tinha 35% da população nessas
condições, o que o colocava na posição 103 de 141 dentre as cidades do
estado e na posição 3571 de 5570 dentre as cidades do Brasil.
Produto Interno Bruto em relação ao número de habitantes (PIB per
capta) registrado em 2020 foi pouco superior a R$ 33 mil, situado o
município nesse quesito no 1455º lugar entre as cidades brasileiras; em
Mato Grosso, ocupa a 83ª posição. Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (IDHM) estimado em 0,725, bem próximo à média nacional
(0,754).
O ensino público apresenta números mais favoráveis, mas precisa
melhorar.
Em 2021 o Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb) nos anos
iniciais do ensino fundamental foi de 5,5 - número que colocou Araputanga
na posição 2714 entre 5570 municípios brasileiros e 54 entre os 141 de
Mato Grosso; e de 4,9 nos últimos anos – classificada a cidade em 2256º
lugar em comparação nacional e 29º entre as cidades mato-grossenses.
Não é muito diferente a saúde pública, que precisa também melhorar.
A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 3,2 para 1.000
nascidos vivos. Comparado com todos os municípios do estado, fica na
posição 99 de 141; comparado a cidades do Brasil todo, ocupa a posição
3899 de 5570.
Melhor é o quadro no que tange à infraestrutura urbana.
Araputanga apresenta 11,5% de domicílios com esgotamento sanitário
adequado, 59,7% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização
e 22,4% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização
adequada - presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio.
Quando comparado com os outros municípios do estado, fica na posição
62 de 141, 67 de 141 e 13 de 141, respectivamente. Já quando comparado
a outras cidades do Brasil, sua posição é 4247 de 5570, 3703 de 5570 e
1672 de 5570, respectivamente.

Inicialmente a madeira era comercializada na cidade de Cáceres, pois não


existia serraria comercial no município. Existia uma serraria particular,
montada pelo Shiguemitu Sato para fins de subsistência. A madeira retirada
naquela época era toda vendida.
Era comum os sitiantes derrubarem as madeiras e deixar secar, depois
colocavam fogo para queimar e fazer áreas de cultivo. Os madeireiros
ainda faziam seleção da madeira, o que não era adequado a eles deixavam
para trás, sendo essa aproveitada pela população para fazer móveis e casas.
A Serraria Pita prestava serviço para a população local, não tinha suporte
para atender toda a demanda do lugar, sendo assim, os madeireiros
recorriam a outras serrarias da região. A maior parte do lucro ia para os
madeireiros que residiam em outras cidades - ou seja, a população local não
herdou grandes benefícios desse ciclo econômico.
O trabalho utilizado no desmatamento era braçal, devido ausência de
máquinas nesse período, sendo pouco remunerado, porém, derrubar as
árvores maiores para muitos era sinônimo de troféu, era preciso registrar
para comprovar.
Eram comuns acidentes de trabalho, na derrubada de árvores assim como
na carga e descarga dos caminhões que transportavam as toras fatalidades
aconteciam com frequência. Já no ano de 1973, o povoado contava com
duas serrarias de disco, onde serravam a madeira mais fina, utilizando duas
pessoas para o trabalho. Havia ainda três serrarias “pica pau”, serrando
madeira de até 1 m³, utilizando apenas duas pessoas e existiam também
duas serrarias de fita, que beneficiavam toras de qualquer espessura e
exigiam cerca de seis funcionários.
Durante anos o desmatamento não trouxe preocupação para o homem,
retirando a cobertura de uma forma irracional, sem nenhuma preocupação
de preservação, mesmo após a urbanização, em que a população da cidade
passou a ser superior à população rural e o desmatamento continuou,
porque havia a necessidade da utilização da matéria prima de origem
animal, vegetal e mineral retirada da zona rural para fabricação de produtos
industrializados.
Remonta ao ciclo da madeira o nome da cidade: Araputanga é nome de
origem tupi, que significa mogno, espécie lá abundante nos primórdios.
AGRICULTURA
A exploração sem planejamento – irracional, desenfreada – conduziu a
atividade madeireira a rápido declínio. Devido a diminuição das madeiras
nobres na região, foi introduzido na década de 1970, século passado,
cultivo de vários produtos agrícolas não só como subsistência, mas com
objetivo de atender o comércio.
A agricultura está presente nesse município desde o início do povoado,
inicialmente praticada como forma de subsistência, produziam produtos
para a própria alimentação arroz, feijão, mandioca, banana, amendoim,
entre outras culturas.
Conforme o desmatamento aumentava, também elevava as áreas agrícolas.
O processo para a prática econômica era rudimentar, devido à falta de
máquinas.
A policultura predominava, vendia-se os excedentes dessa produção para
comprar o que não era produzido, compravam produtos da Tabuleta, Porto
Esperidião e Cáceres. Trabalhavam de empreiteiros e já cultivam arroz,
milho, feijão e café. Vendiam esses produtos em Cáceres.
Um dos maiores obstáculos dessa prática era a falta de infraestrutura,
existiam muitas dificuldades para transportar a produção, devido à
qualidade das estradas
A pecuária era ainda incipiente naqueles idos; alguns moradores se
arriscavam em criar o gado leiteiro para sua subsistência, em contrapartida
a criação do gado suíno era praticada em maior escala já naquele período.
Devido às grandes oscilações no valor econômico dos produtos agrícolas e
às dificuldades em comercializar esses produtos, os agricultores locais
intensificaram a prática da pecuária bovina leiteira e de corte, que aos
poucos foi crescendo e substituindo o ciclo agrícola.
Para efetivar essa economia houve a criação da Cooperativa Agropecuária
do Oeste-MT Ltda, que tinha como papel principal industrializar a matéria
prima (leite) e comercializar seus produtos.
Mesmo com tantos esforços, a pecuária bovina não conseguiu efetivar-se,
porque no final da década de 1980 descobre-se ouro em na vizinha Rio
Branco.
MINERAÇÃO
Já na década de 1980, século passado, parte da população local sobrevivia
de lavoura agrícola e da pecuária bovina leiteira, mas a maior renda vinha
da Mina Cabaçal e Mineração Manati - apesar dos nomes, era uma só
empresa, responsável pela exploração do ouro na região.
Existiam outras mineradoras como a Seta e a Odorblex, que trabalhavam
particularmente na prospecção de novas lavras.
A pesquisa do solo em busca de minerais aconteceu antes da instalação da
Mina Cabaçal e Mineração Manati.
A exploração aurífera em Rio Branco antes se iniciara com a Empresa
Doce Mel, subsidiária da Companhia da Vale do Rio Doce, que em meados
da década anterior constataram existência de minérios.
Já nos idos de 1980, a empresa britânica Blitz Petróleo instalou-se no
Brasil com objetivo de explorar os minérios existentes, para isso
contrataram técnicos que já tinham pesquisa de mapeamentos geológicos
concretos e esses apresentaram o mapeamento daquela região.
Para que a empresa Blitz explorasse o minério teria que se associar às
empresas nacionais, por isso a mesma uniu-se a dois grupos: Roberto
Marinho e Monteiro Aranha, surgindo assim a Mineração Santa Martha, e
através dela surgiram outras mineradoras.
Jazidas foram encontradas em terra firme, portanto, o ouro foi o mais
abundante e explorado, além dele existia a prata e o cobre, também
retirados, só que em menor quantidade, sendo também encontrado o
chumbo, zinco e bismuto, pouquíssimo explorado.
A mineração empregava mais de mil funcionários, mão de obra local de
municípios vizinhos como Rio Branco, São José dos Quatro Marcos e
Mirassol D’Oeste.
Por aquela época, a região recebeu muitos trabalhadores do Nordeste; já os
encarregados geralmente vinham de Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A cidade de Araputanga não tinha infraestrutura para receber novas
famílias, então, a empresa da Mineração Manati contribuiu construindo
casas, escola, asfaltou ruas e incentivou o lazer ao melhorar o espaço físico
do Clube Olímpico.
Todo ouro explorado ficava em território nacional. Foram retiradas mais ou
menos 10 toneladas de ouro e acreditavam que poderiam dobrar a
produção, mas a empresa Blitz Petróleo tinha dívida com o Kuwait e
vendeu sua parte para a empresa Rio Tinto Zinco (RTZ), passando a ser
proprietária da empresa Santa Martha.
Contudo, a relação não era amigável com suas sócias Roberto Marinho e
Monteiro Aranha; além disso, com a queda da produção na Mina Cabaçal e
Mineração Manati, devido à paralisação das pesquisas, o inevitável
aconteceu: a Mina do Cabaçal foi fechada, sua boca foi lacrada com
concreto.
Altos salários pagos aos funcionários da mineração fizeram o comércio da
cidade se desenvolver porque as vendas duplicaram por causa do aumento
populacional e da renda per capita.
Eram processadas 40 toneladas de pedra a cada hora, com a obtenção, em
média, de sete e oito gramas de ouro. O cobre e a prata iam para o Porto de
Santos e de lá para a Coréia do Sul. A meta de ouro era 200 quilos de ouro
por mês, quando houve o fechamento da mina, estava retirando em torno de
70 quilos mensais.
Os minérios da Minas Cabaçal e Mineração Manati foram retirados
intensamente da natureza e aos poucos foram reduzindo-se, ao ponto de
limitar drasticamente a produção. Mediante aos altos custos para
exploração e pouco retorno financeiro, a empresa resolve fechar totalmente
sua atividade, em 1992, século passado.
Enquanto diminua a produção mineral, a Cooperativa Agropecuária do
Oeste-MT Ltda, ampliava suas relações comerciais. No final da década de
1980 fora inaugurado o Frigoara que passa a depender da matéria prima
que também vinha da pecuária bovina.
A ampliação dessas duas indústrias fortaleceu este ciclo econômico, que
permanece até os dias atuais.
PECUÁRIA
A região de Cáceres apresenta características bem propícias para esta
atividade econômica, sendo uma das mais importantes do Estado,
principalmente pela diversidade da produção: carne, leite e couro. Essa
região é responsável por 2,5 milhões de cabeça, correspondendo 9,4% do
rebanho do Estado, sendo favorecida pelas rodovias que facilitam o
escoamento da produção para o abate nos municípios dessa região.
No povoado que originou Araputanga, a pecuária passou a ser praticada
desde os primórdios – ainda incipiente - fortaleceu-se na década de 1980
com a implantação da Cooperativa Agropecuária do Oeste - MT e do
Frigoara, mas no final dessa mesma década deixou de ser referência
econômica devido à descoberta do ouro em Rio Branco.
Com o esgotamento do ouro e o fechamento da mineradora, a pecuária
retorna fortalecida, ocupando a principal atividade econômica.
A Indústria da Cooperativa Lacbom idealizado pelo padre Celso Ermínio
Duca, implantado o cooperativismo na região.
A produção de leite era entregue em cidades vizinhas ou na Cooperativa
Lacbom. O gado de corte é vendido ao Frigorífico Friboi ou para outros de
municípios vizinhos.
Reduzia a produção leiteira, em razão do baixo valor pago pelo produto e o
custo de manter funcionários, aumentou a criação do gado de corte.
Percebe-se que há uma divisão quanto a criação deste rebanho no
município, os latifundiários praticam mais a pecuária de corte do que
leiteira, ao contrário dos minifundiários que criam mais a leiteira que a de
corte.
O principal motivo é que o sitiante fornece leite para a Cooperativa
Agropecuária do Oeste-MT Ltda e tem salário mensal. Esse capital
recebido é a principal fonte de renda e para o gado de corte o rendimento é
a longo prazo longo.
DESAFIOS

A riqueza proporcionada pela madeira, ouro, plantações e rebanhos ainda


não reflete na medida em que deveria, nas condições de vida da população.

Por ocasião da celebração do 60º aniversário, neste limiar de primeiro


quarto do século 21, A, seu povo e governantes ainda têm grandes desafios
pela frente.

Conforme números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística


(IBGE), em 2020 o rendimento médio mensal auferido pelos trabalhadores
formais no município era de 2.1 salários mínimos. A proporção de pessoas
ocupadas em relação à população total era de 19.9%. Na comparação com
os outros municípios do estado, ocupava as posições 98 de 141 e 37 de 141,
respectivamente. Já na comparação com cidades do país todo, ficava na
posição 1571 de 5570 e 1399 de 5570, respectivamente.
Considerando domicílios com rendimentos mensais de até meio salário
mínimo por pessoa, tinha 35% da população nessas condições, o que o
colocava na posição 103 de 141 dentre as cidades do estado e na posição
3571 de 5570 dentre as cidades do Brasil.
Produto Interno Bruto em relação ao número de habitantes (PIB per capta)
registrado em 2020 foi pouco superior a R$ 33 mil, situado o município
nesse quesito no 1455º lugar entre as cidades brasileiras; em Mato Grosso,
ocupa a 83ª posição. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal
(IDHM) estimado em 0,725, bem próximo à média nacional (0,754).

O ensino público apresenta números mais favoráveis, mas precisa


melhorar.
Em 2021 o Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico (Ideb) nos anos
iniciais do ensino fundamental foi de 5,5 - número que colocou Araputanga
na posição 2714 entre 5570 municípios brasileiros e 54 entre os 141 de
Mato Grosso; e de 4,9 nos últimos anos – classificada a cidade em 2256º
lugar em comparação nacional e 29º entre as cidades mato-grossenses.
Não é muito diferente no tocante à saúde pública, que precisa também
melhorar.
A taxa de mortalidade infantil média na cidade é de 3,2 para 1.000 nascidos
vivos. Comparado com todos os municípios do estado, fica na posição 99
de 141; comparado a cidades do Brasil todo, ocupa a posição 3899 de 5570.

Melhor é o quadro no que tange a problemas ambientais e infraestrutura


urbana.

Araputanga apresenta 11.5% de domicílios com esgotamento sanitário


adequado, 59.7% de domicílios urbanos em vias públicas com arborização
e 22.4% de domicílios urbanos em vias públicas com urbanização adequada
(presença de bueiro, calçada, pavimentação e meio-fio). Quando
comparado com os outros municípios do estado, fica na posição 62 de 141,
67 de 141 e 13 de 141, respectivamente. Já quando comparado a outras
cidades do Brasil, sua posição é 4247 de 5570, 3703 de 5570 e 1672 de
5570, respectivamente.

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