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Gestão em Radiologia Veterinária
Gestão em Radiologia Veterinária
PROPÓSITO
Identificar as boas práticas de gestão que resultam na maior qualidade do serviço prestado e identificar
as peculiaridades de um serviço de radiodiagnóstico veterinário.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
MÓDULO 2
MÓDULO 1
GESTÃO EM RADIOLOGIA
BRAND, 2008.
Dessa forma, essa especialidade foi sendo muito utilizada e se popularizou, tornando-se imprescindível
na prática médica, à medida que atua como facilitadora de diagnósticos, prognósticos e até mesmo
terapêutica.
Atualmente, a modernização dos equipamentos de raios X resultou numa demanda cada vez maior nos
serviços de radiodiagnóstico; no entanto, essa demanda acentuada não acompanhou a qualidade dos
serviços, muito em função de erros de gestão.
A gestão da qualidade é uma estratégia utilizada pelas organizações para obterem vantagens
competitivas e satisfazerem os seus clientes. Atualmente, as atividades relacionadas à qualidade se
ampliaram e são consideradas essenciais para o sucesso estratégico. Um programa de qualidade exige,
muitas vezes, mudanças no comportamento das pessoas, treinamento e, principalmente,
comprometimento total de todos os que trabalham na empresa e tornou-se um diferencial para as
empresas de serviço. A abordagem predominante é a prevenção de problemas desde o projeto de
desenvolvimento do serviço.
Na área hospitalar, a importância de um modelo de gestão é baseada na premissa de que o paciente é o
centro da assistência, e, por ele, a empresa se propõe a definir suas diretrizes e focar em suas ações. O
propósito do hospital é cuidar do paciente; ele não pode ser considerado uma simples peça na linha de
produção. A maioria dos bens e serviços de saúde tem como peculiaridade o fato de que os serviços
prestados são vinculados diretamente ao indivíduo; o serviço de saúde só se concretiza, tem a sua
razão de ser, a partir do momento em que atende as necessidades de saúde do usuário ou paciente.
Para tanto, os suportes utilizados incluem recursos humanos, materiais hospitalares, equipamentos,
instalações e tecnologia, estrutura esta que obrigatoriamente tem um custo, que é coberto, em última
instância, pela população, seja via pagamento direto ao prestador, seja via prêmio de seguro ou
mensalidade, seja via imposto ou contribuições. Os serviços de radiologia demandam melhor qualidade
com o menor risco possível ao cliente. Contudo, este desejo nem sempre é alcançado, e os erros e
acidentes acontecem.
É preciso entender como se dá a prática gerencial nas organizações da área de radiologia. Geralmente,
o gestor do Setor de Radiologia é o profissional mais experimentado, mas nem sempre isso é garantia
de sucesso. Ser o profissional mais experimentado não é sinônimo de ser o melhor gestor, pois, nem
sempre, esse profissional domina práticas administrativas eficientes nem de gestão de pessoas.
RESPOSTA
Com relação às práticas administrativas, é necessário que o gestor saiba trabalhar com custos, aquisição de
equipamento, qualificação e contratação de pessoal, planejamentos do negócio, dentre outras situações.
“A área de Gestão de Pessoas desempenha uma função estratégica nas organizações à medida que se
destaca como requisito para alinhar os indivíduos à estratégia da organização” (PEREIRA et al., 2015),
priorizando a busca por um profissional envolvido com o sucesso do negócio da empresa na qual atua.
Isso deve ocorrer em qualquer empresa, independentemente de ser da área da Saúde ou não. Com a
melhoria dos sistemas de gestão, há como consequência melhora na qualidade dos serviços prestados.
ATENÇÃO
Vale destacar, que o acesso universal à informação mudou a atitude do paciente, que passou a chamar-se
cliente, e, por sua vez, passou a ser mais exigente nas suas escolhas.
O cliente de hoje quer entender, opinar, interagir e, se possível, escolher o melhor caminho diante das
várias opções disponíveis no mercado. “É necessário associar um atendimento personalizado, num
ambiente agradável, com profissionais qualificados, oferecendo um serviço eficaz e competente” (ROSA,
2018).
Para bom desempenho do serviço de radiologia, deve-se ter bom gerenciamento no setor.
Porém, o que se verifica no Brasil é que as técnicas de gestão ainda são pouco utilizadas na área da
Saúde. Dentre os problemas encontrados no setor, estão:
CONGESTIONAMENTO DE PACIENTES
O profissional que sempre pensa no número de exames realizados sem se preocupar com aspectos
primários de organização e qualidade do trabalho.
ERROS DE DIAGNÓSTICO
Neste vídeo, você conhecerá um pouco sobre a qualidade no atendimento em clínicas veterinárias.
GESTÃO EM RADIOLOGIA VETERINÁRIA
Na medicina veterinária, as práticas de gestão são similares.
Geralmente, o gestor é o médico veterinário mais experimentado, muitas vezes sem especialização para
a prática de radiologia ou gerência. O profissional atua como um “multitarefas”, no que concerne à
administração do negócio e do setor, determinando práticas de gestão ineficientes, resultando em pior
qualidade no serviço.
Além dos fatores descritos anteriormente, na medicina veterinária, ocorrem alguns problemas
específicos inerentes à profissão, que se referem, como veremos a seguir, à necessidade da indicação
clínica e ao custo do exame.
Outro ponto a ser considerado é a questão do custo do exame. Grande parte dos tutores entende que o
valor pago num exame para animais é um luxo desnecessário, o que influencia no retorno financeiro
para a empresa, em função do número de pacientes ser menor do que num serviço humano. Isso
impacta diretamente na gestão, em função da capacidade de investimento, tanto técnico quanto pessoal,
ser menor, resultando na piora da qualidade do serviço.
De maneira contrária, existem tutores extremamente preocupados com a sanidade dos seus animais, de
forma que não economizam recursos para ver seu bem-estar.
SÃO MUITO MAIS EXIGENTES COM RELAÇÃO AO
SERVIÇO, LEVANDO EM CONTA OS SEGUINTES
FATORES:
Qualidade do atendimento recebido – desde a recepção até o médico veterinário, passando pelos
técnicos que realizam a exposição em si e que manipularão o animal.
Distância da clínica para seu domicílio – o ideal é que seja próximo, a fim de que o deslocamento com o
animal seja o mínimo possível.
Aparência da clínica – foi-se o tempo em que as clínicas veterinárias se situavam em casas com
instalações rudimentares e esteticamente não atraentes.
Rapidez e confiabilidade dos laudos – os tutores prezam pela rapidez na emissão dos laudos e exigem
que sejam tecnicamente confiáveis, a fim de se proceder o correto diagnóstico e/ou tratamento do
animal.
Clareza e atenção prestadas pelo médico veterinário radiologista – também fundamental em medicina
veterinária. O médico que emite o laudo deve ser claro nas informações e dar atenção suficiente para
prestar essas informações e responder a questionamentos a respeito do paciente.
Feedback prestado ao médico veterinário solicitante do exame – o médico veterinário radiologista deve
dar o retorno ao colega que o indicou e prestar as informações relacionadas ao caso.
FLUXO DE TRABALHO
Boas práticas de gestão incluem todos os itens já relacionados anteriormente, e podemos definir um
fluxograma para determinar a metodologia de gestão ideal no serviço de radiologia veterinária através
da seguinte figura:
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
O objetivo da radiologia, seja humana, seja veterinária, é obter o máximo de informações do paciente
com menor exposição à radiação. Um fator de suma importância na gestão de um serviço de radiologia
veterinária é a gestão do risco radiológico. A proteção contra as radiações, – na forma dos dispositivos
de monitoramento, equipamentos de proteção individual (EPI) e as precauções de uso adequado –, é
necessária para monitorar e evitar a exposição que pode resultar em mudanças somáticas e genéticas
de indivíduos ou dos seus descendentes.
O número crescente de exames radiográficos em medicina veterinária exige uma atenção adequada na
prevenção e no controle de radiação. “Mesmo sendo baixa a dose de radiação recebida por um
operador durante um exame radiológico veterinário” (FARIA, 2012). Embora as normas e medidas de
radioproteção sejam designadas somente para os seres humanos, os fundamentos e elementos de
proteção radiológica são também aplicáveis às práticas de radiologia na área de medicina veterinária.
PRINCÍPIOS DE RADIOPROTEÇÃO
JUSTIFICAÇÃO
Toda prática radiológica deve ser justificada, trazendo mais benefícios para o indivíduo e para a
sociedade do que possíveis detrimentos. Este princípio deixa claro que, uma vez que se tenha certeza
de dano no procedimento, este não pode ser justificado, logo não é possível ser realizado ou aceito.
OTIMIZAÇÃO
O conceito ALARA (oriundo do inglês As Low As Reasonably Achievable, ou, em português, tão baixo
quanto razoavelmente exequível) reúne as boas práticas em radioproteção. Esse conceito foi
desenvolvido nos EUA após muitas pesquisas relacionarem determinadas doenças, como câncer, por
exemplo, ao excesso de radiação a que o pessoal laboral esteve exposto. Este princípio foi divulgado na
Publicação 26 da Comissão Internacional de Proteção Radiológica (ICRP, de International Commission
on Radiological Protection).
TABELA DE TÉCNICAS
O serviço de raios X deve possuir uma tabela, preferencialmente no comando do equipamento, que
demonstre a intensidade de corrente elétrica (mA) e o tempo de exposição (s) para cada exame.
Lembramos que corrente (mA) vezes tempo (s) resulta no mAs; então, com o mAs padronizado, espera-
se ter uma imagem com a qualidade mínima necessária para um bom diagnóstico e menor dose de
radiação possível. A tensão (kV) aplicada ao tubo de raios X não deve constar na tabela, uma vez que o
kV deve ser obtido através da espessura do animal, pela equação empírica: kV = (2 x E) + k
(BRAND et al., 2008). Onde “E” é a espessura do paciente, e “k” é a constante relacionada ao tipo de
retificação elétrica do equipamento utilizado. Esta constante pode ser 30, 25 ou 20, para equipamentos
monofásicos de onda completa, trifásicos ou equipamentos de retificação de alta frequência,
respectivamente. Cabe salientar que, para melhorar a eficiência na produção dos raios X, a constante é
diminuída. Conclui-se, então, que o equipamento com retificação de alta frequência possui maior
eficiência, o que também acarretará a redução do mAs da tabela do serviço de radiodiagnóstico.
POSICIONAMENTO DO PACIENTE
Os profissionais envolvidos no exame devem ser eficazes no posicionamento, envolvendo inclusive os
donos (clientes) em alguns casos. A participação do dono do paciente deixará o animal mais calmo, e,
como ele não faz parte do serviço, receberá a dose de radiação apenas uma vez. Caso fosse chamado
outro profissional para ajudar no posicionamento, este, como sempre está envolvido nos exames,
receberia uma soma de dose que seria integrada à ocupacionalidade.
VESTIMENTAS DE PROTEÇÃO
Todos os que, porventura, estiverem expostos à radiação, incluindo os proprietários, devem utilizar
roupas plumbíferas (chumbo – Pb – do latim, Plumbum) apropriadas. A blindagem é um dos fatores de
radioproteção, e o chumbo é amplamente utilizado, pois tem alta densidade, ou seja, alto número
atômico para um baixo volume, sendo um metal extremamente maleável, o que permite confeccioná-lo
nas mais diversas formas. Com o chumbo, podem ser produzidos aventais, luvas, protetores de
gônadas, protetores de tireoide e óculos, mas este último em forma mais rígida, em composto de vidro
ultrarresistente. O alto número atômico do chumbo (Z) lhe confere alta energia de ligação dos elétrons, o
que propicia o efeito fotoelétrico a partir da interação de ondas eletromagnéticas. Podemos concluir que
há alto efeito fotoelétrico em detrimento do efeito ou espalhamento Compton, ou seja, menor quantidade
de radiação secundária. O baixo nível de espalhamento aumenta a segurança radiológica do ambiente.
RESTRIÇÃO QUÍMICA
Sempre que possível, deve-se utilizar a contenção química na radiologia veterinária, pois isto garante
maior imobilidade do que na contenção física. Nos exames radiológicos, o paciente deve estar parado,
uma vez que o movimento causaria artefato de borramento na imagem; logo, deveríamos repetir o
exame e, obviamente, aumentaríamos a dose de radiação nos envolvidos com a prática.
ACESSÓRIOS
Quando necessário, devemos utilizar calhas, fitas adesivas, blocos de espuma, dentre outros
equipamentos para o correto posicionamento do animal. A criatividade deve ser utilizada no dia a dia dos
profissionais envolvidos nas práticas de radiologia veterinária. Como exemplo, podemos utilizar um cano
de PVC, para conter uma cobra, ou fita adesiva, para conter as asas de uma ave ou as patas de uma rã.
Assim, reduzimos a probabilidade de erros de posicionamento e, por conseguinte, diminuímos a dose no
ambiente e nos envolvidos. Ressaltamos que a utilização de acessórios por cima ou por baixo da região
estudada exigirá aumento relativo na técnica radiográfica, a fim de compensar a densidade do material
adicionado, garantindo a qualidade da imagem para o diagnóstico.
DISTÂNCIA
Os profissionais envolvidos nas práticas radiológicas veterinárias, além das vestimentas de proteção,
devem utilizar a distância como outro fator de radioproteção. O feixe de raios X, na sua origem (anodo
do tubo), manifesta-se pontualmente, ou seja, a fonte tem forma de ponto (fonte pontual).
Uma das características de uma fonte pontual é que seu feixe de radiação tem comportamento
divergente, como pode ser visto na figura a seguir. Isto quer dizer que, em sua propagação, a radiação é
emitida para todos os lados e não faz curva.
Pode-se verificar que, ao afastar o objeto da fonte, menos fótons de raios X interagem com ele,
reduzindo a dose de radiação que o objeto recebe.
Este não é um exemplo real, mas é exatamente assim que acontece; porém, cabe lembrar que estamos
observando uma imagem de duas dimensões.
Caso estivéssemos olhando de cima ou de baixo, veríamos o mesmo comportamento nos lados do
objeto, pois o feixe se propaga divergentemente.
EXEMPLO
Em casa, faça um experimento: ligue uma lanterna e encoste sua lente na parede, depois vá se afastando
gradualmente e observe a mudança do tamanho do foco de luz. Se contarmos a quantidade de fótons na
Figura 1, percebemos que 7 fótons interagiram com o objeto; na Figura 2, apenas 3 fótons interagiram.
Matematicamente, podemos estabelecer essa relação com a seguinte equação:
𝐼=1/ 𝑑²
Onde “I” é a intensidade do feixe, e “d”, a distância entre a fonte e o ponto de medição. Podemos ainda
literalizar, dizendo que a intensidade de um feixe é inversamente proporcional ao quadrado da distância, ou
ainda que, ao dobrar a distância, reduzimos a intensidade em 4 vezes.
Para a implementação do princípio ALARA, deve-se promover um estudo detalhado com a finalidade de
identificar todas as variáveis ambientais, como, por exemplo:
Fontes geradoras
Rotinas de trabalho
Além disso, deve-se também estabelecer regras de segurança de radiação para cada veterinário,
incluindo quaisquer restrições da técnica de funcionamento necessárias para o funcionamento seguro do
equipamento de raios X. Além disso, é preciso saber se cada veterinário demonstra familiaridade com as
regras de segurança radiológica, se sabem, em termos de precauções e procedimentos, minimizar a sua
exposição e conhecem a finalidade e função dos dispositivos de proteção utilizados. “É recomendável
que todas as instruções sejam dadas oralmente e por escrito” (FARIA, 2012).
ATENÇÃO
O treinamento do pessoal envolvido com a radiação deve ser constante e rigoroso, à medida que um ponto
nevrálgico da gestão da radioproteção é justamente a minimização dos riscos envolvidos com a utilização
dos raios X.
Assim sendo, analisando todos os fatores expostos anteriormente, podemos perceber que a gestão é
primordial para o sucesso do negócio, seja ele qual for, e imprescindível no caso de serviços
relacionados com a saúde, onde se lida com vidas e expectativas.
Neste vídeo, você conhecerá um pouco mais sobre os aspectos práticos de radioproteção em radiologia
veterinária.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As boas práticas de gestão determinam maior qualidade do serviço de radiologia, seja ele humano, seja
veterinário. Deve-se sempre obter as boas práticas de gestão, a fim de que se preste um serviço que
garanta satisfação ao cliente e que seja tecnicamente impecável do ponto de vista de diagnósticos mais
fidedignos, além de proporcionar lucro para a empresa prestadora.
PODCAST
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BRAND, A. F.; TOLFO, S. R.; PEREIRA, M. F.; RIBEIRO DE ALMEIDA, M. I. Atuação estratégica da
área de gestão de pessoas em organizações de saúde: um estudo à luz da percepção dos
profissionais da área. Gestão & Regionalidade – Vol. 24 – Nº 71 – edição especial – XI Semead 2008 –
out/2008: 79—88. Consultado em meio eletrônico em: 30 jul. 2020.
FARIA, Bárbara Maria Gomes de Carvalho Nóbrega. Gestão do risco radiológico em Centros de
Atendimento Veterinário na região de Trás-os-Montes e Alto Douro. Dissertação (Mestrado em
Gestão dos Serviços de Saúde) - Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real, 2012.
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