PANORAMA DA INDÚSTRIA DE MODA
Introdução
O Brasil é o país que possui a maior cadeia
têxtil completa do Ocidente, segundo a
Associação Brasileira da Indústria Têxtil e
Confecção (Abit). O processo têxtil inicia-se
com a produção das fibras, como em
plantações de algodão, passa pelas fiações,
tecelagens, beneficiadoras, confecções e o
varejo. Disputando com mercados altamente
competitivos, como o chinês, a indústria
precisa estar sempre preparada para o
futuro, um exemplo, é apostar em tecnologia
de ponta. Não apenas em maquinário
moderno, mas também em softwares
capazes de otimizar processos internos,
gerando maior produtividade e iniciativas para que o trabalho de gestão
consequentemente lucros.
O setor enfrentou um período difícil durante
a pandemia do Coronavírus, em especial,
nos anos de 2020 e 2021, que gerou a queda
da produção, por exemplo. Uma mostra
disso foi em 2020, em que foram produzidos
7,93 bilhões de peças contra 9,05 bilhões de
peças em 2019, segundo os dados de 2021 e
IEMI.
Mantendo o otimismo, o setor continua
firme, já apresentando dados de
crescimento. Muitas empresas que se
mantiveram de pé no período de pandemia,
possuíam um modelo de gestão eficaz, com
organização e otimização de sistemas e
processos. É uma forma de manter esse
crescimento, é apostar em sistemas que
ajudam no atendimento e concentram
processos internos. Vários setores da cadeia
produtiva têm apostado na tecnologia de
softwares para proporcionar um melhor
atendimento e entrega de resultados
positivos. Isto pode ser visto em empresas
que vendem desde o maquinário até na
produção de roupas.
Um exemplo é a empresa Galileu Tecnologia,
localizada em Blumenau (SC), que
comercializa máquinas de corte,
enfestadeiras e softwares para a cadeia
têxtil. Com o objetivo de atender a demanda
do mercado têxtil e dá outras áreas a
empresa decidiu adotar um software de
EXPRESSÃO VISUAL |
gestão de atendimento, a Plataforma Ellevo,
que além de centralizar todas as
informações em um único sistema, permite a
automatização de processos integrada com
diversos outros sistemas, centralizando
informações e dados com comunicação
omnichannel que permite acesso de
qualquer lugar do mundo, apenas com
internet e mobile.
A cadeia têxtil e de moda, que abrange
setores que vão desde a química até a
comercialização de um produto, é grande e
complexa. Vários setores afetam as
indústrias e a gestão de todos os processos
é fundamental. Atualmente, vemos diversas
dentro de empresas desses setores seja mais
ágil e assertivo.
O que é moda?
“Moda, roupa e indumentária são meios
pelos quais as pessoas comunicam, não só
coisas, tais como sentimentos e humores,
mas também valores, esperanças e crenças
dos grupos sociais a que pertencem.”
(BARNARD apud. FIORANI, 2021, p. 13)
“Moda é um reflexo das forças sociais,
políticas, econômicas e artísticas de um
determinado período.” (FRINGS, 2012, P.04)
“De maneira geral, podemos distinguir duas
categorias principais em nossa
compreensão do que é moda: podemos
afirmar que ela se refere ao vestuário ou que
é um mecanismo, uma logística ou uma
ideologia geral que, entre outras coisas, se
aplica à área do vestuário.” (SVENDSEN, 2010,
p. 12)
A moda vem mudando cada vez mais
depressa, e isso faz com que a sociedade
tenha parado para analisar esse fenômeno.
Para Frings (2012), a moda sempre muda, pois
reflete as mudanças no estilo de vida das
pessoas e os eventos atuais, as
necessidades das pessoas mudam e as
pessoas se cansam do que têm.
A moda é um fenômeno coletivo e reflete o
comportamento de uma sociedade, tendo
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grande relação com o tempo e espaço.
Resumindo, a moda é uma mudança de
estilo que acontece de tempos em tempos,
estando historicamente ligada aos
principais gostos e atitudes dentro de uma
sociedade.
Indústria Têxtil e Moda
Um Pouco de História
É possível notar que a forma como a
indústria de moda atua é recente. Antes, as
roupas eram produzidas manualmente e,
GESTÃO DE MODA |
com a máquina de costura, as roupas
podiam ser feitas cada vez mais rápido.
Atualmente, existem empresas que
trabalham com a metodologia de
fast-fashion, ou seja, desenvolvem e
produzem peças em tempo recorde.
A Cadeia Têxtil e a Moda
Já imaginou quantas áreas estão envolvidas
na confecção de um produto de moda? A
cadeia têxtil é considerada grande, pois
abrange questões que vão desde a colheita
do algodão até a peça pronta na prateleira.
Portanto, são vários os desafios para gerir
uma marca de moda.
Cada elo dentro da cadeia possui
características muito específicas. A moda é
composta por empresas têxteis, escritórios
criativos, confecções e varejistas. Além disso,
ela é influenciada pelo comportamento do
consumidor, pelas tendências de moda e
mercado, além de marketing e publicidade.
Sua estrutura é extremamente complexa,
exatamente por abranger áreas tão
diferentes.
O infográfico mostra todas as áreas que
envolvem o desenvolvimento, produção,
comunicação e distribuição de um produto
de moda.
É preciso analisar que a concepção de uma
peça de roupa tem início na obtenção da
matéria-prima. As fibras têxteis são obtidas
de diversas formas, sendo elas naturais,
artificiais ou sintéticas. Logo após, há a
formação do fio do tecido, que pode ser
tecido plano ou malharia. Cada empresa tem
um método de planejamento e controle de
produção, podendo ser sob demanda ou
não. A produção acontece na confecção, em
que costureiras e o setor de acabamento
irão finalizar a peça.
Em relação ao desenvolvimento de produto,
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ele tem início com vários tipos de pesquisas,
orientadas para público-alvo, mercado, uso
de tendências, novas tecnologias e
materiais. Uma coleção, normalmente, é
construída com base nisso. É feita a
pilotagem, isto é, modelagem, costura e
prova de roupa. E depois das aprovações
são feitas as fichas técnicas de cada
produto.
Ao desenvolver um produto de moda, é
preciso que todas essas áreas sejam
analisadas como um todo. Tai (2018) coloca
que, dentro de um projeto de design, existem
quatro fatores que são suporte.
“Existem quatro fatores que podem ser
considerados fundamentais e que servem
como suportes ao design. Passamos a
chamá-los de “os quatro pilares do design”.
Eles são: a estética, a estrutura, a ergonomia
e a tecnologia.”
Para além dos elementos de design e de
produção, o marketing e a distribuição de
produtos também são elos importantes
dessa cadeia. Cada empresa acaba tendo
uma estratégia em relação à logística,
porém, em geral é preciso acompanhar de
perto os cronogramas para que o produto
seja entregue na data e no local correto, seja
um varejo ou diretamente ao cliente.
Comportamento e Tendências de Moda
A indústria da moda faz parte do setor de
bens de consumo, mas a moda tem grande
ligação com as relações sociais implicadas
no processo de sua criação. Para criar um
produto de moda hoje em dia, não basta
conhecer aspectos técnicos e industriais, é
preciso pesquisar e compreender
movimentos dentro da sociedade.
Por conta disso, pesquisar tendências se
torna essencial dentro da cadeia têxtil e de
moda. Os resultados dessas pesquisas se
tornarão guias para que o criador possa
fazer seu trabalho de maneira assertiva.
Para Fiorani (2021), no Brasil atual, os que
mais têm influência nas tomadas de
decisões dos consumidores são os
chamados ‘digital influencers’. Segundo o
autor, são eles que vão ditar o ao produto
(indústria) o que se espera do produto e
GESTÃO DE MODA |
quem se destina. Nesse caso, nota-se que o
comportamento de determinado grupo,
sendo ele seu público-alvo, deve ser o guia
para quem desenvolve novos produtos na
área de moda.
Dentro da indústria existem os analistas de
tendências, que ajudam quem está
desenvolvendo um produto a saber quais os
novos comportamentos. Um exemplo de
empresa que realiza esse tipo de trabalho é
a WGSN. A WGSN se intitula como
‘autoridade global em previsão de
tendências de consumo’. Eles fazem diversos
tipos de análises e curadoria de dados para
que empresas compreendam o
comportamento do seu público para criar
produtos com mais segurança.
A pesquisa de tendências gira em torno das
aspirações e prospecções relacionadas à
moda. Udale (2015) deixa claro que os
analistas não vão ditar estilos, eles apenas
saberão dizer se o seu público está pronto
para determinada mudança na moda. Não
há uma receita pronta, porém, a pesquisa
ajuda em um projeto em que o futuro deve
ser 'desvendado'.
A relação Custo X Preço X Valor em
produtos de moda
Depois de conhecermos toda a cadeia têxtil
e de moda, iremos abordar a relação entre
custo, preço e valor de produtos de moda. O
custo de peças de vestuário é formado pela
matéria-prima empregada por tudo que
envolve os processos de confecção, e
também pelo tempo de profissionais
trabalhando.
Mas custo e preço não é a mesma coisa?
Não. O custo é o quanto você investiu para
que o produto ficasse pronto e estivesse nas
prateleiras, pronto para ser vendido. Já no
preço de venda do produto está incluído o
lucro da empresa. Esse lucro pode variar de
empresa para empresa e não há exatamente
uma 'fórmula', principalmente na indústria
de moda.
MARCAS DE MODA VENDEM ALÉM…
do produto, vendem uma mensagem, por
isso criar um produto é tão desafiador.
Pinheiro (2017) coloca que o sucesso no
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desenvolvimento de novos produtos de
moda depende de fatores como:

★ Necessidade dos consumidores

★ Aceitação dos distribuidores
★ Facilidade de fabricação
★ Durabilidade
★ Confiabilidade do produto

Um ponto importante é observar que, ao

desenvolver um produto, o objetivo é
vendê-lo para alguém. Nesse caso, existem .
vários fatores que envolvem a venda de um
produto, e um deles é a marca. A imagem e o Quando um produto de moda é projetado, é
posicionamento dela perante o mercado é necessário que se faça diversas pesquisas,
que irá ditar o valor que esse produto terá. como: tendências, público-alvo,
concorrência, mercado, novos materiais e
Nesse sentido, Liger (2017) coloca que, para tecnologias etc.
compor o preço de um produto, devemos
levar em consideração elementos mais
óbvios, tais como: impostos, transportes,
embalagens e comissões, e também
qualidade tecnológica, materiais e valor da
marca.

Peças piloto são protótipos que são

construídos para que se tenha certeza que o
desenvolvimento de produto deu certo. É
nessa etapa que as roupas são feitas,
provadas em um corpo real e aprovadas
para dar sequência à produção.
Moda é quando determinado
comportamento se repete dentro da
sociedade, então, um produto pode ser
considerado da moda quando é vendido
para diversas pessoas

As tendências de moda são apontamentos

para o futuro, ou seja, possíveis
comportamentos que irão acontecer.
Pesquisando, é possível ter spoilers, porém,

GESTÃO DE MODA | | 4
tendências são apostas que as empresas de futuros. Vimos que a indústria da moda é
moda fazem! totalmente ligada a essas previsões.

Os conceitos de preço e valor são diferentes,

apesar de usarmos o termo como sinônimos
muitas vezes. Quando falamos em preço,
estamos falando em dinheiro. Já o conceito
de valor tem a ver com a percepção do
consumidor sobre um produto.

Durante a unidade 'Panorama geral da

indústria de moda', buscamos apresentar as
principais etapas na concepção de um
produto de moda. Iniciamos refletindo sobre
o significado do termo 'moda' e aprendemos
que ela é reflexo do comportamento da
sociedade, durante um tempo e em um
determinado espaço.

Logo após, conhecemos um pouco mais

sobre como funciona a indústria da moda.
Desenvolvimento de produto, produção,
comunicação e distribuição foram as quatro
áreas que abordamos. Foi possível notar
que a cadeia é complexa e envolve
profissionais das mais diversas áreas.

Com relação ao comportamento e

tendências de moda, estudamos a
importância da pesquisa para se conhecer o
público-alvo e suas aspirações. Prever o
futuro não é fácil, mas vimos que atualmente
algumas empresas se esforçam para
compreender os indivíduos e seus gostos
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★ Livro: Moda e Cultura Contemporânea
RELAÇÃO HISTÓRICA DA MODA COM O
COMPORTAMENTO SOCIAL, CULTURAL E
POLÍTICO
A presente leitura trará uma abordagem
específica sobre a relação e a importância
que a moda teve ao longo dos séculos na
influência do comportamento humano na
sociedade e na aplicação de conceitos
relacionados à moda e a cultura.
Neste momento que presenciamos e
fazemos parte de sua evolução social,
cultural e política, devemos lembrar que
desde que o homem começou a interagir
com outros homens, no início de nossa
civilização, a vestimenta teve um papel
diferenciador e contestador.
Façamos uma viagem no tempo e no espaço
para que consigamos adentrar no universo
fantástico do período inicial da evolução
humana. Deixemos de lado toda a
tecnologia atual e imaginemos ao lado de
nossos ancestrais nos primeiros instantes
em que caminhavam pela Terra, apenas com
seus próprios pêlos corporais a se
protegerem das intempéries do clima e das
condições do local onde estavam inseridos.
Para isso, é preciso entender a evolução
humana e as mudanças comportamentais e
estruturais às quais os seres humanos foram
adquirindo ao longo do tempo, mudanças
essas que os diferenciavam de outras
espécies. Podemos destacar, como uma
característica própria da humanidade, o uso
e aplicabilidade do polegar opositor. Este foi
essencial para seu desenvolvimento, uma
vez que conseguiam segurar com mais
firmeza e destreza utensílios e ferramentas
que colaboraram para o seu progresso.
Com o tempo, a humanidade prosperou e se
colocou como uma liderança para as demais
espécies. Com o desenvolvimento da raça
humana, deixando de ser nômade para
aprender a cultivar campos e o domínio do
uso do fogo, os primeiros homens puderam
se relacionar com outros de sua própria
espécie por meio de códigos visuais de
GESTÃO DE MODA |
informações, uma vez que a fala como
conversação ainda estava em seus
primórdios. Muitos historiadores acreditam
que a fala, como meio de comunicação, teve
seu início há mais de meio milhão de anos.
Assim sendo, a primeira forma que
encontraram para interagir foi por meio de
desenhos que representavam o cotidiano. As
pinturas rupestres foram os primeiros
registros da civilização, nelas foram
deixados desenhos de como se deve caçar
determinado animal, a descrição desses
animais e assim por diante. Era o WhatsApp
da época.
Naquele momento, essa foi a forma de
comunicação encontrada pelo homem
primitivo que passou de geração em geração,
assim como o uso de utensílios serviu para
diferenciar os gêneros e sua posição social. As
mulheres se enfeitavam com flores, conchas e
outros adornos. Os homens mostravam sua
capacidade guerreira e conquistadora se
acobertando, por exemplo, com o couro
retirado de um animal feroz, demonstrando
ser tão ou mais feroz que o referido animal. A
sociedade também começou a se diferenciar
se cobrindo com apetrechos que
diferenciavam uma tribo de outra.
Não adentrarmos nos aspectos evolucionistas
do homem, nem muito menos nos apegar a
fatores socioculturais dos primórdios do
tempo. Registrarmos os aspectos que levaram
a humanidade a cobrir seus corpos. Três foram
os motivos pelos quais se adotou um vestuário,
mesmo que naquele instante não tinha tal
denominação: proteção, pudor e adorno.
Proteção no sentido de se abrigarem contra as
agressões da natureza, do frio e das superfícies
ásperas, utilizando das peles dos animais para
conter o frio glacial, protegendo seus pés com
pedaços de couro, uma vez que o corpo do
homem não era provido de pelos em
abundância, nem mesmo um couro na sola
dos pés era capaz de resistir às diversidades
das superfícies que encontrava pelo caminho.
O uso de ornamentos serviu, como exposto
acima, para diferenciar as espécies e as
sociedades da época. Quanto ao pudor, há de
se destacar que o ser humano, com o passar
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do tempo, em algumas culturas sentiu-se
constrangido ao andar nu entre seus
semelhantes. Valores religiosos, de todas as
vertentes possíveis, também intensificaram o
hábito de cobrir os corpos, tornando-se parte
de uma educação e de uma moral de vários
grupos sociais. Na Bíblia, por exemplo,
encontramos a primeira roupa que surge por
meio de sentimentos de culpa e vergonha, de
Adão e Eva, ao descumprirem uma ordem
Divina e serem expulsos do Paraíso. Somente
quando saíram do Éden, segundo o autor do
texto sagrado, deram-se conta que estavam
nus e se cobriram com folhas. Dessa forma,
torna-se um mito que a função primária da
roupa seria evitar o contato com o sexo oposto
e a exposição a ele.
A relação histórica da vestimenta que a
humanidade começou a utilizar obteve um
cunho simbólico, sendo portadora de atributos
que serviam para diferenciar os grupos da
época, apesar de formas de vestimenta e de
ornamento sempre existirem na sociedade
humana, tal como se significou. O termo moda
surge bem mais tarde e seu significado, como
atributo de distinção, tal como a conhecemos
atualmente, era bem delicado. Essa palavra
invariavelmente acaba por nos remeter a
roupa, a uma vestimenta, mesmo que não
fique restrita a tecidos que desnudam o
homem, associando-se a calçados, adereços e
acessórios também. Para Barthes (2009, p.10),
mda é entendida como um signo de
comunicação: “a descrição da moda não tem
só por função propor um modelo à cópia real,
mas também e, sobretudo difundir
largamente a moda como sentido”. Portanto, a
moda carrega consigo inúmeras implicações
sociais.
A palavra moda tem sua origem no termo, em
Latim, modus, que significa modo, o que
reafirma, então, que é muito mais do que uma
roupa. É um sistema político, social, cultural e
psicológico, que integra o simples uso das
roupas no cotidiano para um conjunto bem
maior de signos e significados. Segundo
Lipovetsky (2009), a moda, como a
conhecemos, aparece bem mais tarde na
história.
GESTÃO DE MODA |
Na Idade Média, pouco ou quase nada
podemos relacionar a moda com os aspectos
propostos, nem mesmo como um signo a ser
destacado. Com o surgimento dos burgos e
uma coletividade mais esclarecida, e querendo
ascender a uma sociedade elitizada, a
burguesia que predominava na época e
crescia financeiramente começa a copiar as
vestimentas da nobreza, que, por sua vez, ao
se sentir ameaçada por uma parcela da
população que nasceu sem berço e sem
nome, passa a desenvolver peças cada vez
mais diferenciadas, utilizando materiais mais
difíceis de serem encontrados pela classe
burguesa. Quando Carlota Joaquina aporta em
terras brasileiras, ao fugir da corte portuguesa
da Grande Armada de Napoleão, trajava um
turbante na cabeça, para encobrir sua calvície
ocasionada por uma infestação de piolho que
pegou no trajeto, as damas da corte, ao
recebê-la e vendo-a com o turbante, acharam
que se trata de uma nova moda e, no dia
seguinte, todas estavam com um turbante
sobre suas cabeças.
No final da Idade Média, por volta do século
XIV, podemos, finalmente, reconhecer a moda
como sistema, com sua temporalidade
efêmera, ressaltando a aparência, a uma
preferência pelo exterior, por meio de suas
extravagâncias.
Renovação das formas se torna um valor
mundano, a fantasia exibe seus artifícios e
seus exageros na alta sociedade a
inconstância em matéria de formas e
ornamentos já não é exceção, mas regra
permanente; a moda nasceu. (LIPOVETSKY,
2009, p. 23)
Esse nascedouro propõe uma nova maneira de
se apresentar perante uma sociedade. Uma
transformação de valores estéticos de uma
coletividade que apela para uma
extravagância absurda, jamais vista, onde
quem ostentava mais era quem demonstrava
ter maior poder econômico.
Logo, entendemos que a ideia de moda, assim
como sua importância para o desenvolvimento
sócio, político e cultural de um povo, pode ser
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dividida em dois períodos. Em um primeiro
instante, da metade do século XIV até o século
XIX, em que encontramos, nesse movimento, a
alta sociedade que se apresentava por meio de
frivolidades, vivendo em um reino de fantasias,
um jeito único de se representar e se
diferenciar, sem, contudo, deixar de apresentar
traços estéticos, que se restringe apenas às
elites dominante.
Ornamentos, tais como peruca, sapatos,
lenços, bengalas, o uso indiscriminado de
maquilagem, também bem extravagante e
carregada, faziam a festa dos nobres da corte.
Nesse período, também nascem as
diferenciações de sexos, muito embora os
homens daquela sociedade faziam uso de
utensílios de características femininas, tais
como salto alto e peruca, além de maquiagem.
Contudo, sem deixar de exaltar a
masculinidade, enquanto a moda para as
mulheres se propõe a exibir as formas
arredondadas femininas, acentuando-o a
exuberância do colo e das coxas, referenciando
para um convite ao erotismo e à sensualidade.
Criava-se uma grande diferença social e
cultural entre as pessoas mais abastadas e as
menos providas.
Assim, no século XVIII, tivemos um movimento
político de suma importância mundial, a
Revolução Francesa (1789), que teve uma peça
do vestuário relacionado ao movimento dos
revolucionários, os sans-culottes, que eram
assim chamados pelo fato de utilizarem calças
compridas e largas, contrariamente aos ricos,
que usavam calças curtas e apertadas até a
altura do joelho, chamadas de culotes. Eram
trabalhadores, agricultores, artesãos e até
mesmo desempregados, ou seja, faziam parte
do terceiro estado: o povo.
Em um segundo momento, já a partir do
século XX, em plena modernidade, o conceito
de moda rompe com padrões estéticos
acadêmicos e arcaicos, trazendo uma
descontinuidade daquilo que se reflete na
moda, onde podemos estar e ao mesmo
tempo não estar mais na moda. Vivendo o
presente sem se preocupar em estar inserido
em um contexto cultural, onde ao
GESTÃO DE MODA |
percebermos esse conceito já se tornou
passado, já foi, não é mais. Isso transforma essa
efemeridade em uma tendência a que todos
replicaram. Ao aguçar os sentidos, ao refinar os
gostos diante de uma sociedade em constante
mutação, o homem busca aprimorar-se nos
pequenos detalhes, observando novas formas
impostas por outros fatores sociais, políticos e
culturais, adequando suas frivolidades e
despertando no indivíduo uma sensação de
desprendimento de normas e padrões, ao
focar na individualidade, onde tudo pode.
O homem busca, na moda, o contexto de se
proteger e enfeitar, mesmo sem perceber. Se,
em um primeiro momento, a decoração
corpórea valia-se de procedimentos efetuados
diretamente sobre a pele (tatuagens,
escoriações, implantes); o tecido, enquanto
segunda pele reveste e recobre esta primeira e
ampliará ainda mais as possibilidades do corpo
se reestruturar, espacial e cromaticamente.
Essa nova pele têxtil caracteriza-se por
transformações definidas pelo ritmo das
mudanças da moda, em constante aceleração,
respaldadas pelos ritmos auto impostos da
sociedade contemporânea.
É justamente por meio da segunda pele, trajes
e roupas, cuja natureza se mostra
predominantemente têxtil, que, até os dias
atuais, é possível observar amplamente o jogo
da oscilação e mutação da decoração
corpórea. O tecido cumpre a função do
elemento facilitador frente ao mutante jogo de
aparência, ampliando, desse modo, as
manifestações do ser.
A roupa é vista como uma segunda pele a
demarcar o papel do ser humano na
sociedade. Serve tanto para enquadrar o
indivíduo em um grupo, como para
diferenciá-lo dos demais membros da
sociedade. A roupa passa a ser um invólucro,
carregado de simbolismos. Barnard (2003, [n.
p.]), compartilha dessa ideia e afirma que “(...)
moda, roupa e indumentária são meios pelos
quais as pessoas comunicam, não só coisas,
tais como sentimentos e humores” e
acrescenta “mas também valores, esperanças
e crenças dos grupos sociais a que
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pertencem”. Por meio do vestuário, os
indivíduos sentem-se capazes de transformar
o exterior. Os produtos consumidos são
recursos que podem assumir ampla gama de
significações, inclusive pontuar diferenças e
semelhanças entre os indivíduos dentro de
determinada sociedade.
Vestir-se à moda significa uma pessoa
destacar-se e, ao mesmo tempo, fundir-se na
multidão, reivindicar o egoísmo, embora siga o
rebanho. Considerados numa perspectiva
histórica, os estilos apresentam uma nova
realidade. O dinamismo da colisão, a sede de
mudança e as sensações extremas que
caracterizam as sociedades urbanas, em
especial as do sistema capitalista industrial,
contribuem para essa modernidade e são
muito bem anunciados, com certa histeria e
com exageros.
A moda vive das imagens do passado, com o
objetivo de adivinhar o futuro, buscando
respostas a exemplo de: qual será o look
determinante da temporada?, como se
perguntam os fashionistas. Apesar da
multiplicidade de opções que surgem nos
desfiles, algumas se firmam como mais
influentes.
A moda, consequentemente, é essencial para
o mundo da modernidade, o mundo do
espetáculo e da comunicação de massas.
Constitui uma espécie de tecido de ligação do
nosso organismo cultural. E apesar de muita
gente sentir a moda como uma escravidão,
como uma forma castigadora, compulsiva, de
expressar incorretamente uma
individualidade que, pela sua própria ação –
ao imitar os outros – se nega a si própria, a
última gota de água nessa contradição que é
a moda, é que ela expressa muitas vezes com
sucesso o individual (WILSON, 1989, p. 25).
Atualmente, não só dentro do mundo da
moda, mas na sociedade como um todo, esse
momento de diversidade e igualdade das
questões de gênero, uma de suas principais
qualidades é a sexualidade das roupas. As
crianças aprendem, logo cedo, que as roupas
dão identidade, introjetando ideias sobre o
GESTÃO DE MODA |
próprio corpo, a partir de ideias sobre a
sexualidade. No processo contínuo dessa
significação, o vestuário usado em público
pelos adultos torna-se, afinal, um gesto sexual
mútuo, em um mundo cada vez mais diverso.
Podemos ponderar que a estratégia da
distinção rege o comportamento dos
indivíduos, afinal acreditamos que em uma
sociedade capitalista o ser humano é alienado
e obcecado por marcas e pelos objetos,
bastando aos profissionais da moda
vislumbraram essa sociedade consumidora de
signos e reproduzir em uma escala maior, o
meio que conhecem.
Eles constituem, com alguns críticos do
capitalismo, os indivíduos mais obcecados
pelo domínio das marcas.
Enfim, o mundo fashion destaca-se por
possibilitar as distinções e, simultaneamente,
as misturas de fronteiras entre as classes
sociais. Os profissionais de moda podem ser
percebidos como intermediadores culturais,
na medida em que atestam um vazio cultural
ao transmitir informações e conhecimentos
que não foram herdados da família (herança
cultural), nem adquiridos na escola (capital
escolar). Situar-se nesse horizonte individual,
que diz respeito a maneira como a moda pode
traduzir o comportamento psicológico do
homem, sendo, dessa maneira, o espelho de
seus hábitos e gostos, é reduzir a importância
de seu papel.
É preciso olhar o fenômeno da moda de forma
mais abrangente. Podemos até arriscar a
afirmação de que a indumentária pode ser
pensada enquanto indicativo de uma forma
de estar no mundo e, mais ainda, sendo um
meio de expressão de grupos, ou mesmo de
uma sociedade ou de uma época. Por muito
tempo, esse fenômeno foi atrelado ao mote da
distinção social.
Esse parece ter sido, até então, o papel
hegemônico do vestuário assumido por
aqueles que o utilizavam como indumentária
ou mesmo como pretexto de pesquisa. De
certo, a roupa assume essa função distintiva:
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marca naquilo que há de mais aparente a
diferença entre camadas da sociedade.
Descoberta a magia do vestuário como
emblema distintivo, classes sociais usam e
abusam desse mecanismo para se sobrepor.
Como feito no passado pelas elites
dominantes de contraponto à burguesia da
época para garantir a distância social às
classes superiores, elas se veem obrigadas à
inovação. A busca pelo novo passa a ser a
válvula reguladora de um movimento circular
interminável, simbólico da própria dinâmica
do fenômeno. “As classes inferiores correm
para imitar os outros que lhes são superiores, e
estes, por sua vez, partem em busca de algo
novo que os diferencie”, segundo Lipovetsky
(2009, p. 34).
Partindo da ideia de uma tentativa diferente, a
moda articula com especialidades de
tendências, a exemplo das sazonais. Isso pode
ser ratificado quando essas peculiaridades são
assumidas pelas denominadas tribos; seus
componentes tornam-se idênticos,
precisamente por meio do movimento à
aderência coletiva, realizada por meio dos
inúmeros meios de comunicação, que cada
vez mais se profissionalizam na divulgação
daquilo que acreditam ser moda. Dessa
maneira, constata-se que a mídia propaga sua
existência, que, por sua vez, padroniza grupos
inteiros, deixando de ser ressaltada a diferença
inicialmente proposta.
Na medida em que o mundo fashion obtém
na escala de valores um percentual
significativo e, às vezes, primordial,
desenvolvem-se verdadeiros impérios em
todos os setores, de toda cadeia têxtil até a
divulgação do produto no ponto de venda, dos
modos e comportamentos humanos até sua
forma corporal, pois estar na moda não se
resume apenas à boa cultura de indumentária,
mas estar atento, mediante padrões
preestabelecidos pela força poderosa da mídia,
sem a qual não manteria acesa a chama de
seu glamour nos mais importantes segmentos
da nossa época.
Para criar uma coleção, não é suficiente traçar
um novo desenho. Para o desenho se tornar
GESTÃO DE MODA |
moda, deverá ser usado pelas pessoas e não
somente em um desfile de modelos. É natural,
portanto, que quem os usa deva ter alguma
prática do lançamento de novas modas.
No Brasil, atualmente, uma influência
predominante parece ser exercida por um
grupo relativamente pequeno de indivíduos,
apesar de ser um grupo maior, porém, menos
homogêneo do que no caso dos produtores.
Trata-se dos que enaltecem os desejos, que
buscam satisfazer as necessidades de seu
público-alvo. Levam em conta a importância
do aspecto e do impacto que a coleção
causará neste público. São os digital
influencers, aqueles que ditarão ao produtor o
que se espera do produto e a quem se destina.
Com a ascensão das redes sociais, os digital
influencers vêm ganhando cada vez mais
destaque na mídia. Segundo um
levantamento realizado pela Sprout Social, em
2018, cerca de 74% dos consumidores se
orientam nas redes sociais para realizar uma
compra.
Cada vez mais, o marketing é um dos mais
fortes operadores de controle social, por meio
de um Olimpo que se torna, a passos largos,
alcançável pelos simples mortais, afinal, estes
são bombardeados cotidianamente por
informações e oportunidades de experiências
vividas no instante imediato e midiático. Ao
fazer o uso das redes sociais para penetrar nas
residências e na vida dos indivíduos de uma
sociedade cada vez mais consumidora de
tecnologia, sendo hoje a vedete que domina a
cultura de massa, mas se comunica pela
cultura de massa, com a humanidade
corrente. É nesse ponto que a moda se renova
aristocraticamente, enquanto se difunde
democraticamente. Ao mesmo tempo em que
resiste, se adapta à corrente, na medida em
que encontra aí o seu lucro.
Em uma nova abordagem sobre a
comunicação de massa, deve-se levar em
conta as mudanças dinâmicas em indústrias e
mercados. Essa é uma abordagem que
enfatiza a aproximação dos clientes com os
produtos, por meio de novas experiências e
formatações de envolvimento com eles, a
| 10
comunicação de conceitos e não a difusão de
informações; a criação de novos mercados e
não o compartimento dos antigos. Essas
táticas produzem almas para as marcas.
Esse é apenas um dos aspectos da moda.
Aceitar, portanto, que o esquema da distinção
social seja a chave soberana da inteligibilidade
desse meio é de uma ingenuidade teórica
assustadora. Já é tempo de desmontar o credo
comum de que o realce da moda se encontra
no dispêndio demonstrativo como meio para
significar uma posição, para despertar
admiração e expor um certo estatuto de status
social. A busca pelo novo passa a ser a matriz
reguladora de um movimento circular
interminável, característico da própria
dinâmica do fenômeno.
As representações dos novos estilos,
produzidas e propagadas pelos meios de
comunicação social, transformam-se
rapidamente e, ao mesmo tempo em que a
sociedade as idolatra, também as renega. Estar
dentro ou fora de moda, transforma-se em um
jogo perverso que está sempre em
transformação nos diferentes grupos sociais e
subculturas diversas. Quanto mais
informações visuais contiverem as coleções,
mais atraentes serão. O que se assiste, em
última instância, é a própria inversão do valor
do estatuto mercadoria. O objeto passa a valer
muito menos por si só, pela sua funcionalidade
ou qualidade, e mais pela imagem que sugere.
De um lado, meios modernos de produção em
massa e métodos aperfeiçoados de
transportes e distribuição tornaram possível
fornecer cópia de todos os modelos novos e
exclusivos rapidamente, em grande número e
a preços relativamente baixos, de modo que as
pessoas de posses moderadas, nas pequenas
cidades, podem usar roupas de desenhos
praticamente iguais aos introduzidos, semanas
antes, pelas líderes da moda, nas grandes
cidades. Há pouca dúvida de que a causa
última e essencial reside na competição, de
ordem social e sexual, na qual os elementos
sociais são mais óbvios e manifestos; e os
sexuais, mais indiretos, ocultos e não
confessos, escondendo-se, como devem, atrás
GESTÃO DE MODA |
desses.
Alguns temas podem ser prontamente
explicados pela alusão consciente da moda a
alguma imagem específica, tal como o jeito de
certos atores ou cantores, ou propagandistas,
ou até mesmo alguns jeitos/ modos de atletas
ou governantes, ou ainda pessoas que
representam um país ou uma causa
ambiental/ social/ cultural, utilizando os canais
dos meios de comunicação. O que dizer a
respeito de uma febre louca por certo tipo de
gola, a colocação dos bolsos, o modo de
amarrar os sapatos ou o estilo dos bonés? O
que poderiam essas coisas estarem
relacionadas com as propensões psicológicas
atuais? Quem as inicia e por que outros
realmente as amam? Por que apenas alguns
as adoram? O que faz as pessoas seguirem
determinadas regras de comportamento e de
moda?
A moda consegue, em última instância, ater
determinados espaços socioculturais que
acabam por constituir o que se reconhece hoje
como tribos. Essas instâncias são territórios de
referência em que as pessoas ou os grupos são
acolhidos. Neles, adquirem, nesse sentido, um
estatuto de segurança, um certo quê de
familiaridade, de partilha afetiva que torna a
vida, de algum modo, mais tolerável. A
exterioridade torna-se, então, elemento
socializante.
O jovem utiliza a estética como um meio de
experimentar, de se sentir em comum com o
outro, sendo também um meio de se
reconhecer. Esse aspecto pode ser assistido de
forma mais radical nos mais diversos
movimentos de estilo, por isso sempre existem
indivíduos que se expressam e se afirmam
pelo estilo, simples pose de traje ou talvez, por
um modo de vida global em ruptura com as
normas, aceitas à época, da elegância, do bom
gosto, e da respeitabilidade. Homens e
mulheres utilizam-se da aparência como
atitude de protesto a um estado de coisas, de
valores, de gostos, de hábitos, de
comportamentos. Até mesmo uma certa visão
de mundo ou de protesto, tais como são
refletidos pelo traje dominante, pelo estilo
| 11
obrigatório ou pela referência estética comum
da sociedade vigente, são contestados e
criticados por movimentos anti-modais.
Assim, pode-se constatar a importância da
relação entre história da moda e o
comportamento social, cultural e político,
utilizando-se de estratégias que a define como
uma importante ferramenta de integração e
aplicação de conceitos culturais estabelecidos
na contemporaneidade dentro de um
processo de transformação. Imerso em um
mundo regido por constantes alterações de
comportamento, de necessidades, de desejos,
o universo fashion mostra uma evolução
incansável na busca de produtos que
justifiquem sua existência, ou seja,
reestrutura-se o tempo todo nos segmentos
da indústria. Esse processo é fruto de inúmeras
alterações de valores e rotinas do homem
atual, e apresenta-se até mesmo sob outros
padrões estéticos do vestuário, obrigando a
indústria a reformular antigos conceitos e a
própria dinâmica do processo criativo e
produtivo.
★ Livro: Design: Conceitos e Métodos
OS QUATRO PILARES DO DESIGN: A
ESTÉTICA, A ESTRUTURA, A ERGONOMIA E
A TECNOLOGIA
➔ Os fatores fundamentais do design
Ao fazermos o projeto, temos que ter em
mente muita coisa – público-alvo, mercado,
critérios, métodos, técnicas, informações e
outros fatores. Aplicando a metodologia e o
processo de design, tentamos chegar a um
resultado satisfatório. Porém, devemos saber
quais são os fatores fundamentais que tornam
os resultados finais realmente muito bons.
Muitos fatores são fundamentais para
influenciar no desenvolvimento tanto do
projeto como do próprio objeto criado, seja
uma peça gráfica, seja um utensílio, seja
mesmo um ambiente. No entanto, existem
quatro fatores que podem ser considerados
fundamentais e que servem como suporte ao
design. Passamos a chamá-los de “os quatro
pilares do design”. Eles são: a estética, a
GESTÃO DE MODA |
estrutura, a ergonomia e a tecnologia. Fazendo
analogia com uma mesa convencional que
tem quatro pernas, dizemos que, se faltar uma
perna, a mesa se desequilibra. O design é
como uma mesa que tem quatro pernas. É
difícil de dizer qual é a perna mais importante,
pois todas elas desempenham o seu papel de
sustentação.
➔ Público-alvo e os fatores fundamentais
Esses quatro pilares do design são os fatores
fundamentais destinados a atender ao
objetivo de oferecer produtos de boa
qualidade que possam satisfazer seus
usuários, consumidores, ou melhor, o
público-alvo. No extenso mercado em que
uma enorme variedade de produtos está à
disposição de consumidores formados por um
público diversificado, cada tipo e estilo de
produto se destina a um determinado público,
do mesmo perfil. Esse, para o projeto de um
produto ou um ambiente, é o público-alvo: o
coletivo de indivíduos que apresentam
necessidades e exigências similares e também
o destinatário de todas as informações que um
produto passa ao comprador, a fim de
convencê-lo de que aquele possui boas
qualidades em vários aspectos, como
atratividade, estabilidade, consistência,
resistência, funcionalidade, praticidade,
conforto e segurança. Assim, a identificação e
a caracterização do público-alvo é uma tarefa
básica no início do projeto.
➔ As características do público-alvo
O briefing do processo projetual exige uma
análise prévia das características do
público-alvo: faixa etária; gênero; condições e
expectativas financeiras, culturais, estéticas e
psicológicas; características físicas e mentais;
desejos, preferências, necessidades e
exigências. Enfim, o projeto procura conceber
e produzir um produto para atender ao seu
público-alvo. Os quatro pilares do design têm
exatamente a função de fazer o designer ter
em mente esses fatores básicos que, ao serem
destrinchados, cobrem as considerações
necessárias para tal fim.
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➔ A boa integração entre os quatro pilares
Devemos tentar buscar o equilíbrio entre os
quatro pilares ou a boa integração deles,
embora trabalhemos com flexibilidade e sem
que nos prendemos no conceito tradicional e
de senso comum de que as quatro pernas ou
os quatro pilares sejam obrigatoriamente do
mesmo peso para que o trabalho e o seu
resultado fiquem perfeitos. Mas é importante
que tenhamos a consciência de que nenhum
deles pode ser ignorado e de que não há uma
sequência hierárquica entre eles.
Ao falar de design, referimo-nos muito às
questões da forma e da função. Onde elas
estão inseridas? Elas estão nos quatro pila-res
do design. Comecemos pela estética. Antes de
aprofundar sobre cada item, em poucas
palavras, vamos ver a que conteúdo cada um
se refere.
➔ A estética, na busca do bom visual
A estética, um termo tomado da filosofia,
refere-se à qualidade visual do objeto, que,
consequentemente, trata da expressividade,
comunicabilidade, agradabilidade,
atratividade, afetividade e valor contemplativo
que o objeto apresenta ao usuário. Por ser
mais perceptível o aspecto visual de um
produto, a estética torna-se, frequentemente, a
primeira preocupação dos designers. Porém,
ela não deveria ser pensada de maneira
exagerada, em sacrifício de outras exigências
também tão fundamentais. A demasiada
atenção à estética do produto provoca, muitas
vezes, a negligência de requisitos mais
importantes. Por isso, os outros fatores básicos
devem ser levados em consideração
paralelamente e de forma adequadamente
integrada, conforme objetivos estabelecidos. É
evidente que há designers que visam a
expressar intencionalmente valores estilísticos,
principalmente dos setores ligados à moda,
onde o foco está na estética. Ainda assim, a
estética está diretamente associada ao uso de
materiais e ao processo de produção.
➔ A estrutura para sustentação
De certa maneira, a estrutura equivale ao
GESTÃO DE MODA |
esqueleto do
objeto (produto), proporcionando-lhe
estabilidade, sustentação e resistência e
possibilitando-lhe a capacidade de resistir às
pressões das forças vindas externamente,
como peso, força, movimento e impacto de
choque. Tomamos um exemplo simples:
quando escolhemos uma estante em uma loja
de móveis, somos atraídos primeiramente pelo
visual agradável do móvel. Mas, em seguida,
quase automaticamente tentamos colocar a
estante em teste, verificando a sua resistência
e a estabilidade, apertando-a e balançando-a,
porque sabemos que a estante terá que
suportar muito peso. Nesse caso, estamos
testando, na prática, a eficiência da sua
estrutura.
A ergonomia está diretamente relacionada à
questão da usabilidade, buscando no design
do objeto as adequações estática, dinâmica,
espacial, relacional e interativa a fim de
garantir a saúde, a segurança e a
produtividade ao seu usuário.
A tecnologia proporciona ao design do objeto,
a escolha do material, processo de produção
(fabricação), métodos, técnicas e recursos para
a fabricação do objeto. A variedade de
materiais é enorme e os processos de
produção são cada vez mais diversificados e
eficientes, exigindo do designer o
acompanhamento e a atualização das
informações.
➔ Simplicidade verdadeira – o essencial
Enquanto discutimos as questões da estética,
da estrutura, da ergonomia e da tecnologia,
não podemos deixar de falar de uma das
qualidades fundamentais do design
contemporâneo: a simplicidade. Essa
qualidade está relacionada simultaneamente à
estética, à estrutura, à ergonomia e à
tecnologia. Os melhores exemplos disso são as
criações da Apple, empresa outrora chefiada
por Steve Jobs.
Steve Jobs e seu amigo, o designer Jonathan
Ive, tinham uma coisa em comum – a busca da
simplicidade verdadeira em vez da
| 13
simplicidade superficial. Sobre a filosofia da
simplicidade, Jobs escreveu: “Simplicidade não
é apenas um estilo visual. Não é apenas
minimalismo ou ausência de confusão. Implica
explorar as profundezas da complexidade. Para
ser verdadeiramente simples, é preciso ir
realmente a fundo”. E eles queriam se livrar de
“qualquer coisa que não fosse absolutamente
essencial”. Ive ainda proclamava: “A
simplicidade é a máxima sofisticação” e
pensava que a simplicidade resultasse da
conquista das complexidades, e não do fato de
ignorá-las. E disse que isso “dá muito trabalho...
fazer uma coisa simples, compreender de fato
os desafios subjacentes e chegar a soluções
elegantes”.
➔ A estética: a qualidade do aspecto visual,
da aparência
Atribuem-se aos objetos criados, valores como
o valor funcional, o valor estético e o valor
simbólico. Todo objeto criado pelo homem
passa naturalmente por um processo de
acabamento com a preocupação de dar a esse
objeto um aspecto visual agradável e atrativo.
Quem cria ou faz um objeto sempre quer que
ele fique bonito. O objeto passa a ter um valor
agregado. A aparência agradável ou atrativa é
realmente uma das preocupações básicas
quando ele é concebido e quando ele é
adquirido. Assim, todo objeto criado pelo
homem apresenta, em algum grau, a sua
qualidade estética. Todos devem concordar
com isso – o visual ou a qualidade estética é
fundamental para que um produto possa
estimular o desejo do usuário ou consumidor.
Porém, não é uma tarefa fácil criar a qualidade
estética por meio de formas, cores e outros
elementos, justamente porque nem todas as
pessoas têm o mesmo gosto, a mesma
preferência, a mesma resposta diante de
determinados estímulos visuais. Diversos
fatores influenciam as pessoas a reagir aos
diferentes estímulos, de diferentes maneiras.
Os fatores mais comuns são: a cultura, a
educação, a convivência, a sociedade, a família,
a idade e também o nível social. O designer é o
criador da beleza para o produto e para isso
recorre à sua habilidade técnica e à sua
sensibilidade estética e artística. A criação
GESTÃO DE MODA |
envolve as questões ligadas à arte e à
comunicação, relacionadas aos diversos
fatores que concorrem para influenciar as
pessoas quanto à sua percepção e ao seu juízo
perceptivo. Todavia, o designer ainda precisa
conciliar a sua atenção à criação das
qualidades estéticas com as considerações
sobre as qualidades prático-funcionais e
ergonômicas. O aspecto visual do produto é
primeiramente dado pela forma funcional – a
forma física que é gerada em função do uso – e
também pela estrutura, necessária para obter
a estabilidade e resistência do produto. Assim,
a forma e a estrutura constituem uma
aparência-base sobre a qual a aparência final
será desenvolvida. As cadeiras, por exemplo,
têm uma forma-estrutura básica que é
constituída necessariamente por um encosto e
um assento. Portanto, a estética do produto
está diretamente relacionada à função
utilitária.
➔ A estrutura: estabilidade e resistência
A estrutura é responsável pela estabilidade,
resistência, durabilidade e até pela forma
visual do objeto. Um objeto precisa da
estrutura não só para ficar em pé, mas
também para suportar forças ou pesos que
recebe externamente. Uma cadeira precisa
sustentar o peso de um indivíduo com eficácia,
e a sua estrutura necessariamente tem de
oferecer essa condição sem depender
exclusivamente do material utilizado. Um
automóvel, além de permitir a auto
sustentação, tem que sustentar grandes pesos
e ainda precisa ter condições para vencer
vibrações provocadas por movimentos e
possíveis colisões. Assim, a estrutura da cadeira
ou do automóvel é fundamental e
imprescindível. E o design de uma peça gráfica
ou uma interface visual precisa também da
estrutura. Não há dúvida de que a estrutura de
que falamos refere-se agora a algo visual,
construído, organizado, ordenado e
estruturado e que garante ao resultado a
consistência – uma força que sustenta
visualmente uma mensagem, uma ideia ou
um conteúdo. A estrutura se constrói no
design gráfico por meio do uso da malha
(grid), de layout e diagramação. Na estrutura
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básica, os elementos se organizam de maneira biônica, somos capazes de encontrar soluções
ordenada, atendendo a alguns critérios da nos aspectos estético, estrutural e funcional.
comunicação e da estética. A própria forma Há inúmeros exemplos excelentes de
gerada e a composição criada visualmente estruturas, resultados evolutivos de milhões de
apresentam uma estrutura. anos, altamente eficazes nos mundos animal e
vegetal, com formas espetaculares: ninhos de
➔ A forma e a estrutura integradas – uma pássaros, cupinzeiros, colmeias de abelhas,
simbiose estruturas ósseas de animais, esqueletos de
peixes, asas de insetos e aves, conchas, frutos,
A estrutura e a forma podem ser uma só coisa
microestruturas de plantas e assim por diante.
ou intimamente relacionadas, embora a forma
Para entender como funcionam as estruturas,
seja entendida frequentemente como uma
devemos primeiramente conhecer alguns
figura, uma configuração visual, com função
princípios estruturais que nos ajudam a
estético-visual. Daí o uso do termo estrutura
compreender como ela se estabiliza e cria
formal ou forma estrutural. Em produtos, isso é
uma resistência capaz de suportar grandes
fácil de ser observado. Um objeto tem uma
forças externas ou grandes pesos. Várias
determinada forma por ser uma estrutura. A
maneiras de criar estruturas são muito simples
partir de uma estrutura básica, pode surgir
na prática. Em uma estrutura triangulada, por
uma variedade de formas diferentes. Assim,
exemplo, três varetas amarradas nas
em muitos produtos verifica-se uma simbiose
extremidades, formando um triângulo, geram
da forma e da estrutura, na qual elas são
já uma estrutura estável e resistente. Uma
unificadas. Muitos carros têm praticamente a
folha de papel adquire uma estrutura quando
mesma estrutura, mas suas formas são
é dobrada. Experimentações com a criação de
variadas. Por consequência, suas aparências e
estruturas podem ser muito úteis,
seus estilos são diferentes. A estrutura
interessantes e até divertidas.
influencia na geração da forma e até na
criação de uma linguagem. Sua importância é ➔ A ergonomia – a praticidade e a
tamanha, que influi também na função do usabilidade
próprio objeto. As influências são recíprocas.
Pelo senso comum, um produto bom é aquele
➔ Formas naturais estéticas, estruturais e considerado bonito, funcional, prático,
funcionais resistente, durável e barato. A qualidade
funcional e a prática podem sofrer influências
A natureza está repleta de exemplos: animais,
da configuração tanto física como visual, em
vegetais, fungos e minerais. Animais e
forma e em estrutura, mas dependem da
vegetais, principalmente, pela sobrevivência
solução principalmente ergonômica. As
possuem estruturas e formas para se
questões de ordem ergonômica são tão ou
adaptarem às condições, muitas vezes muito
mais importantes do que as de estética, se
severas, nos meios ambientes em que estão.
colocarmos o valor de uso como prioridade.
Da mesma maneira, ao criarmos um objeto
Em outras palavras, o que importa é a utilidade
devemos pensar como esse objeto deveria ser
e não tanto a sua aparência. Porém, a verdade
para poder se adaptar às condições existentes.
é que a maioria das pessoas escolhe seus
Assim, devemos criar uma estrutura
objetos primeiramente pela aparência, o que
condizente com essas condições. A biônica nos
muitas vezes é o elemento enganador de uma
permite aprofundar na pesquisa e nas
escolha errada. Apesar disso, certas marcas
experiências dos estudos analógicos,
preferidas pelos consumidores já se
buscando respostas e inspirações em
constituem como garantia das qualidades de
elementos ou seres biológicos para criar novos
seus produtos, em diversos aspectos.
produtos.
➔ A usabilidade, a soma de várias
No trabalho feito pelo processo de análise
qualidades
GESTÃO DE MODA | | 15
Fala-se muito da usabilidade no design. Muitos
entendem a usabilidade simplesmente como
a qualidade daquilo que é fácil de usar.
Embora o sentido da palavra seja esse, tal
qualidade deve ser somada com diversas
outras: a estética e a estrutural, e também o
conforto e a segurança, para que a usabilidade
adquira um sentido pleno, embora a
“facilidade de uso” (uso amigável) continue
sendo a mensagem básica. E a ergonomia faz
abordagem disso tudo, em todas as áreas do
design. No design de comunicação, a
usabilidade é o resultado da soma de
qualidades como a legibilidade, e visibilidade,
a inteligibilidade, a agilidade e a interatividade,
entre outras. A ergonomia informacional é o
estudo específico para o design de
comunicação que visa a garantir a efetividade
interativa. A ergonomia, em resumo, trata-se
do estudo que envolve a praticidade, o
conforto, a segurança e a efetividade (ou a
produtividade). Enfim, a usabilidade é o
resultado adquirido com a ergonomia.
➔ A usabilidade e a ergonomia
Para que o produto ou o ambiente tenham um
alto grau de usabilidade, é necessário criar
melhores condições relacionais entre eles e
seus usuários. Eles precisam ser trabalhados a
favor de seus usuários e devem ser adequados
a eles da melhor maneira possível, em
medidas, formato, estrutura, material, peso,
cor, textura e simplicidade. O designer recorre
então aos conhecimentos, métodos e técnicas
da ergonomia para criar soluções que
garantam melhores condições de interação
entre o usuário e o seu objeto ou o ambiente.
➔ As dimensões como condições favoráveis
O que determina as condições favoráveis são
as dimensões do objeto (ou do ambiente), dos
seus componentes e partes. Para que as
dimensões sejam adequadamente definidas a
favor do usuário, é primordial que o designer
entenda as medidas e os movimentos do
corpo humano. Portanto, o aspecto
antropométrico (sobre as medidas do corpo
humano) torna-se um dos tópicos mais
básicos da ergonomia, entre o biomecânico
GESTÃO DE MODA |
(sobre os movimentos do corpo humano) e o
fisiológico (sobre os efeitos no corpo humano).
No projeto de um produto, devemos evitar
possíveis erros e buscar uma adequação
dimensional entre o produto e o usuário. No
assento de uma cadeira, por exemplo, um erro
de dimensionamento pode prejudicar a
eficácia da própria cadeira, a sensação de
conforto, a saúde do usuário e o desempenho
da atividade. Itiro Iida, autor de Ergonomia –
projeto e produção (3a edição, Blucher, 2016), o
mais clássico e importante livro sobre a
ergonomia no Brasil, evidencia quatro erros no
dimensionamento de assentos de cadeiras, já
mostrados anteriormente no livro de Panero e
Zelnik (2002): assentos muito alto, muito baixo,
muito curto e muito longo provocam
diferentes problemas de pressão nas pernas
ou de instabilidade do corpo.
➔ As dimensões para a usabilidade
Se algumas medidas são menores do que as
adequadas em um produto, isso pode
simplesmente implicar a redução do grau de
usabilidade (diminuindo o conforto e a
eficácia) e o aumento de risco de acidentes
durante o uso. Da mesma forma, em uma peça
gráfica – um cartaz, por exemplo –, o tamanho
das letras, das imagens e dos espaços também
é decisivo para sua funcionalidade
comunicativa. Se as letras forem
demasiadamente pequenas, cairá o grau de
visibilidade, reduzindo ou anulando a sua
função de comunicação. No aspecto
antropométrico, nesse caso, no design de
comunicação, a questão está na distância
entre o leitor e o cartaz e na relação entre o
ângulo de visão e a altura da peça.
Hoje, usamos com muita frequência a mídia
digital e interativa e passamos a fazer leitura
de textos em vários tipos de displays e
monitores, de TV, computadores, tablets e
smartphones. Com isso aparecem alguns
problemas, dos quais o cansaço visual –
Síndrome de Visão de Computador – é
causado pelo excessivo uso desses aparelhos.
Iluminações e brilhos são os principais
responsáveis desse problema em relação à
| 16
vista. A tecnologia avança muito para reduzir o
cansaço visual, com a melhora da resolução
visual. Os monitores de LCD (Liquid Crystal
Display) são exemplos de grande contribuição,
inclusive para a sustentabilidade e o conforto
ergonômico de usuários. A distância entre os
olhos do leitor e o monitor, tomando o
computador como exemplo, deve ficar entre
50 e 70 cm, conforme especialistas; porém, os
tamanhos de letras devem ser adequados ou
ajustados de acordo com a vista do leitor para
uma leitura confortável. De modo geral, os
tamanhos das letras entre 10 e 12, usados em
editores gráficos e de textos, oferecem bom
conforto visual.
Estudamos a ergonomia informacional,
especificamente voltada para o design de
comunicação em geral, incluindo o design de
interface digital, que é caracterizado como
uma espécie de multimídia, envolvendo, ainda,
recursos sonoros e de animação.
➔ Tecnologia: materiais e processos de
aplicação e produção
As ciências e as engenharias avançam
rapidamente, fazendo com que o design
caminhe para uma direção na qual muitos
conhecimentos multidisciplinares e
interdisciplinares cruzam-se e ➔ A
complementam-se para dar conta de criação
inovadora e do aumento do valor agregado de
produtos cada vez mais variados. O designer,
dentro do âmbito da sua atuação, precisa
conhecer os materiais e as tecnologias,
enriquecendo seus conhecimentos,
atualizando-se e acompanhando o surgimento
dos novos materiais e o desenvolvimento da
tecnologia. A informática e a automação
revolucionaram o design, implicando no modo
de pensar e de agir do designer, no tocante
tanto aos conceitos como ao processo. O
rápido avanço da ciência e tecnologia faz com
que a complexidade de máquinas aumente
cada vez mais, ao passo que a aplicação e a
utilização delas passam a ser mais fáceis e
simples. A tecnologia também cria cada dia
mais uma variedade de materiais para
diversidade de aplicações, facilitando nossos
trabalhos. No design, várias áreas de estudo
GESTÃO DE MODA |
tecnológico merecem a nossa atenção: a
elétrica, e eletrônica, a hidráulica, e
pneumática, a aerodinâmica, e hidrodinâmica,
a nanotecnologia, a engenharia dos materiais,
a robótica, entre outras. Como nosso trabalho é
interdisciplinar, é importante que tenhamos
informações básicas e noções sobre os
princípios aplicáveis no nosso trabalho.
➔ A noção de mecanismo no design de
produto
No design de produto, além dos materiais, é
imprescindível uma noção sobre mecanismo.
É importante conhecer, portanto, as
“máquinas simples”, que nos proporcionam
conhecimentos sobre a função física e utilitária
de cada uma delas em sistemas mecânicos
complexos. Uma enorme variedade de
produtos com mecanismo serve como
exemplo. Do mecanismo mais simples, como
uma dobradiça, até o mecanismo complexo do
automóvel, podemos ver a combinação de
várias “máquinas simples”.
No próximo capítulo, veremos as
características das seis "máquinas simples” e
os princípios físicos que oferecem para
aplicações em produtos.
evolução tecnológica e novas
possibilidades
No design de comunicação e no design de
ambientes, também precisamos acompanhar
a evolução da tecnologia, sempre atualizando
nossos conhecimentos quanto a materiais,
novas possibilidades, técnicas de aplicação e
de produção. Novos meios de comunicação,
novas técnicas de impressão e produção,
novos recursos, materiais e equipamentos para
ambientes aparecem com o avanço da ciência
e tecnologia.
A informática e novos materiais e máquinas
permitem que o processo de impressão seja
cada vez mais ágil e com qualidade também
cada vez melhor. Hoje, a impressão pode ser
feita em quase todos os tipos de suportes.
Além disso, outdoors convencionais estão
sendo substituídos por grandes painéis
digitais, com imagens dinâmicas e de
| 17
animação. No design de ambientes, há uma
enorme variedade de materiais que possibilita
a criação de efeitos estéticos e funcionais
muito ricos. Existe à nossa disposição uma
grande variedade de materiais para
revestimento, painéis ou chapas em diversos
materiais, flexíveis ou rígidos, inclusive
metálicos, que podem receber gravações ou
ser recortados e vazados com pequenos
detalhes. A tecnologia de impressão 3D
(prototipagem rápida).
Nos permite, hoje, reproduzir formas de uma
peça minúscula até um produto de grandes
dimensões e complexidade. A variedade de
materiais usados nessa tecnologia também
está sendo ampliada e usada em diversos
setores. Essa é uma tecnologia que ainda vai
proporcionar inúmeras possibilidades em
design.
➔ Materiais definem resultados
Os materiais e as respectivas tecnologias para
a sua aplicação e a manufatura do produto são
decisivos para encontrar soluções completas,
inclusive para ajudar a obter melhores
resultados nos aspectos estético, estrutural e
ergonômico do produto. A escolha do material
e da técnica de produção define a aparência, a
estrutura, a praticidade, o custo, a obsolescência.
versatilidade, a resistência, a durabilidade,
enfim, as qualidades do produto.
Tanto os materiais como as técnicas são hoje
tão diversificados que nos são apresentados
como inúmeras possibilidades criativas,
também oferecendo grandes facilidades para
tornar viáveis e concretas as ideias outrora
impossíveis. Novas ideias impulsionam o
surgimento de novos materiais e tecnologias, e
esses estimulam novas criações.
Há vários grupos básicos de materiais usados
no design do produto que devemos saber: as
madeiras, os metais, os plásticos e outros. O
grupo dos “outros” abrange uma grande
variedade de materiais, tanto naturais como
compostos, para usos muito diversificados.
➔ O desempenho do material
GESTÃO DE MODA |
A escolha do material deve ser criteriosa para
atender a necessidades predefinidas. Assim, é
fundamental conhecer as propriedades, as
características e a capacidade de desempenho
do material, verificando as suas
correspondências ou adequações com as
necessidades anteriormente detectadas. Há
materiais que resistem à água; outros não
resistem nem à umidade.
Há materiais rígidos e resistentes, mas que não
oferecem a flexibilidade necessária. Há
materiais resistentes à água, mas não ao calor.
Há aqueles que são isolantes térmicos,
acústicos e elétricos. Assim por diante. A
variedade é enorme. As propriedades e
características são também variadas; por isso,
devemos ficar atentos para a escolha criteriosa,
para cada produto e cada propósito do design.
A sustentabilidade hoje se tornou ainda mais
importante, em virtude de contribuir para
salvar o nosso meio ambiente. A escolha do
material adequado, com critérios claros, a favor
da ecologia, já é uma questão ética da nossa
responsabilidade e compromisso. É
recomendável, na medida do possível, não
usar materiais que possam acarretar no
estrago da natureza, em todo o ciclo de vida
do produto, desde a extração do material até a
➔ Madeiras, metais, plásticos e outros
materiais
Do grupo das madeiras, prefere-se aqui fazer
comentários apenas sobre placas ou painéis
amplamente usados em confecção ou
fabricação de produtos que vão dos pequenos
utensílios até os móveis. Esses materiais são
aglomerados, MDF (Medium Density
Fiberboard, prancha de fibras de média
densidade), OSB (Oriented Strand Board) e
compensados. As madeiras maciças só são
recomendáveis quando elas são de origem
ecologicamente correta, com certificados de
madeiras de reflorestamento.
A correta escolha de um material depende de
critérios previamente estabelecidos. Digamos
que a escolha criteriosa signifique levar em
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consideração todos os fatores primordiais: a
estética, a estrutura, a durabilidade, a
factibilidade, o custo de produção, a questão
da sustentabilidade e outros. O que significa
então a necessidade de conhecer as
propriedades, as características e a capacidade
de desempenho dos diversos materiais.
Todo material apresenta determinada força
intrínseca de resistência contra forças
extrínsecas – aquelas vindas de fora, como o
peso, o movimento, as intempéries, os ataques
químicos, os ataques de insetos, calor, frio e a
umidade. Há materiais que resistem à
compressão; outros, à tensão, à torção e à
flexão. Todo material apresenta também um
determinável grau de condutibilidade ou de
isolamento térmico, elétrico e acústico. O grau
de dureza e de rigidez se deve ao tipo de
composição e ao grau de densidade do
material. Há materiais duráveis e outros não.
Há aqueles biodegradáveis e outros não.
Portanto, é decisivo o conhecimento dos
materiais e da tecnologia para que dê certo o
resultado do projeto. A seguir, fizemos uma
breve apresentação sobre os materiais básicos
dos grupos dos metais, dos plásticos e chapas
de madeiras.
➔ Os metais e suas aplicações
Dos metais, temos dois grupos: os ferrosos e os
não ferrosos. Ferro e aço fazem parte dos
ferrosos – aqueles que adquirem ferrugem –,
no entanto, os materiais tratados por
processos especiais podem evitar a ferrugem.
Chapas, tubos e perfis de ferro galvanizados,
por exemplo, não enferrujam; por isso, são
usados contra a ação da água e da umidade.
Os três metais ferrosos de maior interesse
pelos designers são: aço carbono, aço
inoxidável e aços-ferramenta. O aço carbono é
conhecido como aço comum. O aço inoxidável
é usado para a fabricação de corrimãos de
escadas, talheres e outros produtos que
necessitem de ostentar o brilho do metal
permanentemente. Aços-ferramenta são de
alta liga e usados para ferramentas, moldes e
peças de resistência ao desgaste e altas
temperaturas.
GESTÃO DE MODA |
Dos metais não ferrosos, os mais comuns são o
alumínio, o cobre, o magnésio e o zinco. Um
dos mais valiosos e de alto desempenho é o
titânio. Os mais comuns têm baixo ponto de
fusão, enquanto os mais valiosos e especiais
apresentam alto ponto de fusão, sendo,
portanto, altamente resistentes à corrosão, à
alta temperatura e a impactos. Temos como
metais de alto ponto de fusão, alta
performance e altos custos, além do titânio, o
berílio, o cromo, o níquel e metais refratários
(tungstênio, por exemplo). O alumínio é o
metal não ferroso mais usado, leve e resistente,
anticorrosivo e de fácil conformação, liga e
usinagem. O cobre é um metal que, além de
apresentar fácil conformação e formar ligas,
tem excelente condutividade elétrica e
térmica e resistência à corrosão. O magnésio é
muito importante para o design de produtos
por ter a leveza estrutural, com boa
capacidade de amortecimento, boa resistência
à fadiga e à corrosão, é usado como o principal
elemento de liga com o alumínio e aceita
acabamento com pintura ou chapeamento. O
zinco é um metal resistente à corrosão, mas
tem resistência e ductilidade moderadas. O
aço galvanizado é justamente o aço revestido
do zinco para ganhar a função anticorrosiva.
➔ O plástico - polímeros, variados e
versáteis
Polímeros (ou resinas), o nome técnico dos
materiais, de grande versatilidade, que são
popularmente chamados de plásticos,
apresentam-se em uma enorme variedade de
tipos e derivados. Eles são feitos de elementos
como hidrogênio, carbono, nitrogênio,
oxigênio, flúor, silicone e cloro, em sua maioria
derivados de petróleo. São materiais versáteis
para adquirir formas e detalhes extremamente
variados para a produção de uma enorme
gama de produtos. Há também dois grandes
grupos: os termoplásticos e os termofixos.
Ao primeiro grupo pertencem aqueles que
podem ser amolecidos, fundidos e
conformados com calor. São os plásticos
moles, flexíveis e resistentes, usados para
brinquedos, baldes e mangueiras, entre outros.
O grupo dos termoplásticos inclui polietileno,
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polipropileno, poliestireno, PVC (cloreto de
polivinila), acrílicos, náilon (poliamida),
policarbonato e polietileno tereftalato (PET).
Esses materiais podem ser fundidos diversas
vezes, permitindo a sua reciclagem possível, ao
contrário dos termofixos.
Os do grupo dos termofixos são aqueles que
só podem ser fundidos com o catalisador e
conformados por meio de moldes. Esses
termofixos abrangem resina fenólica, silicone,
aminas, poliéster, fenólicos, alquinos,
poliuretano e epóxi e apresentam resistência
química e térmica superior que os
termoplásticos. As pessoas que conheciam os
telefones antigos, normalmente pretos, rígidos
e pesados chamavam o seu material de
baquelite, o mesmo usado para uma série de
produtos como soquete, alça de chaleira, cabo
de panelas, puxador de porta e outros.
Assim, cada tipo de polímero, com suas
propriedades e características próprias, é
indicado para determinado tipo de produto,
com determinada função e propósito do
design.
Embora a elasticidade – propriedade existente
em materiais como a borracha, que é de látex
extraído de seringueiras – seja uma
propriedade normalmente ausente nos
polímeros, os chamados elastômeros
permitem ser esticados como as borrachas,
sendo muito usados na fabricação de calçados
de esporte.
➔ Polietilenos
Há uma variedade de polietilenos para atender
às necessidades de uma grande diversidade
de produtos de diferentes características e
exigências. O de baixa ou alta densidade, o de
alto ou altíssimo peso molecular. Os produtos
feitos com esses plásticos são: recipientes,
brinquedos, embalagens, baldes, utensílios de
cozinhas, tubos, fios isolantes, tanques de
combustível, contêineres para lixo, coberturas
para carrocerias, sacos de lixo e sacolas, entre
outros.
➔ Polipropileno
GESTÃO DE MODA |
O polipropileno é um polímero de baixa
densidade e amolece à temperatura de 150ºC.
Com sua resistência moderada e flexibilidade,
ele serve para produção de garrafas, talheres
descartáveis, cadeiras e demais produtos.
➔ Poliestirenos
Os poliestirenos (usos gerais, expandido e de
alto impacto) são termoplásticos de resistência
moderada, mas cada um com suas
propriedades e características. Eles são usados
para fabricar desde copos descartáveis até
painéis de instrumentos de carros.
➔ PVC (cloreto de polivinila)
PVC é um material de alta resistência a
impactos e ruptura, largamente usado para
fabricação de tubos de pressão, mangueiras,
garrafas, forros, esquadrias, cadeiras de jardim
e outros produtos, por ter propriedades de
isolamento térmico e elétrico, além de ser
atóxico. Porém, deve-se considerar que PVC
não tolera uma temperatura acima de 60ºC
em uso contínuo.
➔ Acrílicos, de alta transparência
Embora o acrílico seja frágil ao impacto, é um
termoplástico que oferece excelente claridade,
com 92% de transmitância, sendo
super-resistente a intempéries. Portanto, serve
como material usado para produção de uma
grande variedade de produtos, como letreiros,
banheiras, eletrodomésticos, instrumentos
médicos e lentes, entre outros.
➔ Náilons, de alta resistência à fadiga
O náilon, a poliamida, é um plástico de
excelente resistência à fadiga, usado para
fabricação de uma grande variedade de
produtos que exigem grande resistência e
durabilidade, como cordas, engrenagens,
escovas, pentes, plugues, redes, cames e
roldanas, entre outros.
➔ Policarbonatos, de excepcional
resistência
O policarbonato é – com suas características
de transparência, leveza, ótima estabilidade
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dimensional e excepcional resistência contra
impacto, chamas e radiação ultravioleta – um
material muito recomendado para a ➔ As madeiras – MDF, OSB, compensados e
fabricação de equipamentos de comunicação,
computadores, equipamentos médicos,
componentes para iluminação, painéis
interiores e assentos em aviões, equipamentos
de processamento de produtos químicos,
toldos e CDs, entre outros.
➔ Poliéster, de baixo custo
Do grupo dos termofixos, os mais básicos são
aqueles muito conhecidos, como o poliéster,
ou poliuretano, o silicone e espumas flexíveis
ou rígidas, entre os quais o poliéster e o
poliuretano podem ser encontrados como
termoplásticos. O poliéster tem custo mais
baixo e é usado para uma variedade de
produtos, como pequenos componentes de
moldagem por prensagem a frio.
➔ Poliuretano, de alta resistência à abrasão
O poliuretano é um termofixo de alta
resistência, notavelmente a abrasão, tração e
ruptura, e de bom amortecimento de
vibrações. Por isso, é altamente indicado para a
fabricação de partes mecânicas, peças
exteriores, óculos, bolas de golfe e outros
produtos. Outros termofixos, como melamina,
ureia, fenólicos, alquidos, epóxi, vinil-éster e
alílicos, têm usos específicos para produtos
específicos cuja produção depende do
processo por meio de moldes.
➔ Fibra de carbono, de alta resistência e
leveza
Fibra de carbono, material de custo elevado, é
uma fibra sintética composta de finíssimos
filamentos compostos de fibras de carbono (a
espessura de uma fibra é dezenas de vezes
mais fina do que um fio de cabelo) e possui
propriedades de resistência maior do que as
do aço e de leveza como as de madeira ou do
plástico. Ela é aplicada em compósitos com
polímeros termofixos, poliéster ou vinil-éster –
plásticos reforçados por fibra de carbono –
usados para fabricação de peças de máquinas,
veículos, aparelhos esportivos, instrumentos
musicais, entre uma variedade de produtos
GESTÃO DE MODA |
que exigem grande resistência e leveza.
aglomerados
Deixamos de tratar do assunto sobre as
madeiras maciças, devido à ocorrência de
inúmeras espécies, com variadas propriedades,
características e aplicações que merecem
estudos específicos e extensos. Só deixamos
aqui o alerta de que devemos utilizar apenas
madeiras maciças de floresta plantada ou que
apresentem o selo verde, uma certificação de
garantia de sua origem ambientalmente
correta. Aqui, falaremos somente de alguns
tipos de painéis de madeiras que são
largamente usados para fabricação de
produtos e aplicação em design de interiores.
As vantagens do uso desses materiais estão
não apenas na sua versatilidade por serem
usáveis, mas também por contribuírem para a
preservação florestal.
Os painéis MDF (Medium Density Fiberboard,
prancha de fibras de média densidade) são os
mais usados, principalmente para fabricação
do mobiliário. Para móveis de grande porte,
embora o material seja de boa qualidade e de
grande versatilidade, ele apresenta três
desvantagens: é pesado, absorve água e,
quando aplicado na posição horizontal,
verifica-se facilmente com o seu próprio peso.
Os painéis de OSB (Oriented Strand Board),
feitos de fragmentos de madeira prensados e
endurecidos com resina, podem ser usados no
lugar de MDF e são resistentes, mas suas
qualidades são inferiores.
Painéis compensados são excelentes, pois são
resultados de prensagem de lâminas
sobrepostas e fibras em sentidos cruzados que
aumenta consideravelmente a resistência
contra a flexão (empenamento). Porém, como
outros tipos de painéis, os compensados
também apresentam diferentes qualidades. O
melhor deles é chamado de compensado
naval, de excelente qualidade.
Na fabricação de produtos ou aplicação em
ambientes, esses materiais – MDF, OSB ou
compensados – devem receber em suas
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superfícies um tratamento de proteção, com
selador, verniz, tinta ou por meio de
revestimentos melamínicos. A escolha do tipo
de painel de madeira para uso depende da
adequação de suas propriedades,
características e desempenho às exigências
previstas do design.
➔ Materiais e sustentabilidade
Em consideração à sustentabilidade, a questão
imprescindível hoje em quase todas as áreas é
a escolha adequada do material para
fabricação do produto. A preocupação
ecológica não é apenas quanto ao impacto
causado pela extração da matéria-prima, mas
também quanto ao processo de fabricação do
material e pela liberação das substâncias
tóxicas prejudiciais à saúde dos seres vivos.
possibilidades de aplicação real em setores
científicos, médicos, industriais e ambientais. É
possível que, em um futuro próximo,
encontremos materiais com superpoderes. Os
cientistas já chegaram a criar um metal mais
leve que o isopor. Materiais como esses,
quando forem produzidos em escala
industrial, melhoraram muito a qualidade e o
desempenho dos veículos principalmente.
Uma espécie de tecido desenvolvido pela
nanotecnologia é de uma resistência tão
eficiente que é à prova de bala. Há notícias
sobre a nanotecnologia que a relaciona a
produtos e aplicações como tecidos
resistentes a manchas, capeamentos de vidros,
metais com elasticidade, aplicações
anticorrosivas em metais, microprocessadores
e equipamentos eletrônicos em geral.

O designer pode, no seu projeto, contribuir

para a sustentabilidade da produção, optando
por materiais favoráveis à preservação do meio
ambiente. A utilização de matéria-prima e
materiais, o processo de fabricação, a
reciclagem e o reaproveitamento devem ser
seriamente pensados pelo designer. Os
materiais biodegradáveis, recicláveis,
reciclados e reaproveitados, os mais acessíveis
e econômicos e os mais fáceis de serem
processados e trabalhados são os mais
indicados para o uso pela sustentabilidade. A
atualização do designer em informações sobre
materiais e tecnologias é fundamental para
essa questão.

➔ Nanotecnologia e materiais

A nanotecnologia é o estudo de manipulação

da matéria em uma escala atômica e
molecular, entre 1 a 100 nanômetros (um
nanômetro é igual a 0,000000001 m), e de
desenvolvimento de materiais ou elementos
para diversas áreas, como a eletrônica, ciências
da computação, medicina e engenharias.
Vários resultados surpreendentes já foram
produzidos, por exemplo, com
semicondutores, nanocompósitos,
biomateriais, chips, entre outros.

A nanotecnologia parece poder transformar

ficção científica em realidade, abrindo
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