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Micro e macro influenciadores que levaram A collab com a Approve Yourself, marca do
a Renner ao topo de seguidores influenciador Leo Picon, foi a estratégia que
mais gerou engajamento nas redes para a
Ao longo do mês de maio, conforme aponta Riachuelo. O lançamento da linha contou
o estudo, a Renner conquistou mais de 72,5 com a presença de outros influenciadores
EXPRESSÃO VISUAL | |1
digitais, o que deixou uma boa marca nas mesma: primeiro estabelecer o objetivo,
redes de vários perfis importantes — a depois conhecer o público e, então, ir atrás
presença da irmã, Jade Picon, ex-BBB trouxe do influenciador mais adequado.
à marca mais interações.
PRINCÍPIOS DE MARKETING E
Assim, nota-se que a estratégia da marca COMUNICAÇÃO APLICADOS À MODA
foi apostar em eventos com mega
influenciadores, todos com uma quantidade Quando falamos em marketing, comumente,
de seguidores acima dos 2 milhões, o que vêm à mente grandes campanhas,
trouxe uma evidente mudança nos números outdoors, televisão, revistas… Contudo, na
da Riachuelo. atualidade, as coisas mudaram. Se tratando
da moda, um segmento cada vez mais
E quando pequenos empreendedores são diversificado e com público também cada
os influenciadores? vez mais exigente, o marketing se tornou
uma ferramenta essencial para estabelecer
Diferente das demais concorrentes, a C & A relacionamento com o cliente e, dessa
traçou uma estratégia diferente em suas forma, fortalecer a imagem de uma marca.
redes sociais. Ao invés de influenciadores
tradicionais, investiu em artistas A moda trabalha com o desejo e renova
independentes e outras marcas menores seus valores estéticos a cada coleção,
como meio de influência — uma maneira de, cativando, incansavelmente, o consumidor
assim, também mostrar que apoia a cultura, com novidades. No entanto, em razão da
arte e os pequenos empreendedores. grande oferta de produtos no mercado,
assim como da oferta de muitas marcas, ser
Por meio da coleção #CeATees, a marca visto como mais um na multidão é algo
usou de ilustradores e quadrinistas para muito comum nesse segmento do mercado.
divulgar o lançamento, vindos de várias Por isso, criar uma identidade de marca e
regiões do Brasil, com foco no Norte e se destacar nunca foi tão difícil.
Nordeste. Durante os meses estudados pela
Buzzmonitor, a C & A focou em falar sobre Chagas (2015) enfatiza que o segmento de
diversidade, com posts sobre diferentes moda está saturado, e que algumas marcas
looks em corpos diversos. vendem, além de artigos, status, glamour,
dentre tantos outros valores, como
A maior parte do conteúdo veio em formato exclusividade. Essas marcas se diferenciam
de fotos e as publicações marcavam os em razão da ousadia e da forma como
artistas e empreendedores envolvidos no utilizam o marketing. Elas não vendem
processo de criação da linha de roupas. roupas; vendem algo mais.
O que aprender com tudo isso? O marketing é fundamental, pois é por meio
dele que as empresas comunicam o que
Nas redes sociais, não existe receita de
estão vendendo, despertam o desejo do
bolo: a ideia é sempre entender melhor o
consumidor e criam uma imagem. Contudo,
que funciona para cada público. Apesar de
esse processo somente é possível ao ter
serem do mesmo setor — inclusive
uma imagem clara do que a marca
concorrentes —, as marcas têm, por
representa. Consequentemente, o marketing
natureza, uma série de diferenças. Entender
só será efetivo na moda se soubermos o
bem o público das redes possibilita também
que queremos vender para nosso público
criar ações de marketing mais assertivas.
(COBRA, 2017).
Já sobre a estratégia de influenciadores, há
O marketing é uma ferramenta poderosa e
uma série de pessoas disponíveis no
pode ser utilizada para se aproximar do
mercado para ações específicas. Nem
cliente. Marcas de moda precisam conhecer
sempre o mega influenciador com 9 milhões
as características de seu público, e isso vai
de seguidores vai ter tanto engajamento
além das tendências de moda e
quanto um micro influenciador, com seus 50
comportamento. Muitos consumidores não
mil seguidores engajados. A regra é a
se interessam apenas pelo produto, mas
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por todo o processo de experiência de
aquisição e uso da marca.
➔ Marketing Estratégico
➔ Marketing Tático
➔ Ação e Controle
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confecções até o ano de 2008. Além disso, cabe enfatizar a importância da
inclusão do profissional designer de moda
No entanto, os dados do MDIC (2006) no conjunto decisório das empresas. De
mostram também que os principais acordo com Ritto & Silva (2001), o gestor de
indicadores do segmento de vestuário design de moda, ao explorar as
apontam pequenas oscilações nos últimos possibilidades de integração entre
anos, com pequena tendência de declínio designers e administração, ocupa um lugar
da produção e queda na participação vazio em organizações carentes de
relativa das exportações. Indicam, ainda, profissionais com essa habilidade e
que apesar da capacidade potencial de competência, além de ampliar seu espaço
geração de valor agregado, o segmento de de trabalho.
vestuário depara com problemas como a
elevada informalidade e baixa qualificação O CAMPO DO CONHECIMENTO DA
técnica e gerencial, o que impacta ADMINISTRAÇÃO E AS MPES
negativamente na competitividade de seus
produtos. Um estudo no campo do conhecimento da
administração possibilitou ter uma visão do
Para o Centro de design do Paraná (2006), as
processo administrativo por intermédio da
indústrias do vestuário são centrais para o
análise dos aspectos históricos e
segmento de moda. O setor tem uma
conceituais da gestão empresarial, a fim de
cultura de gestão específica e não se utiliza
relacioná-los aos elementos da cultura,
das ferramentas de gestão de design. As
mudança, estrutura organizacional e aos
empresas têm dificuldade em identificar as
níveis de tomada de decisões. Inicialmente,
tendências do mercado e as mudanças no
foi necessário entender o significado do
comportamento do cliente, desenvolver o
termo gestão, para possibilitar o seu
conceito direcionado para segmentos
emprego correto no conjunto do trabalho.
específicos de clientes e desenvolver
Conforme o Dicionário Aurélio (2006), o
estratégias de marketing e formas de
termo gestão deriva do latim gestione, que
comercialização.
significa gerir, gerência, administração.
Nesse contexto, salienta-se a carência de
Segundo Chiavenato (2000), administração
informações, especialmente para micro e
ou gestão é o processo de planejar,
pequenos empresários, sobre a aplicação
organizar, dirigir e controlar o uso de
do design como fator diferencial para sua
recursos, a fim de alcançar os objetivos, ou
competitividade, bem como seu
seja, é a condução racional das atividades
gerenciamento. Assim, justificou-se a
de uma organização, sendo imprescindível
relevância de um estudo direcionado a esse
para sua existência, sobrevivência e
segmento devido à sua marcante presença
sucesso. Na figura 1, é demonstrado o ciclo
no cenário sociopolítico e econômico do
do processo de administração proposto por
País, bem como pelo fato de o setor do
Montana & Charnow (2000). Cabe mencionar
vestuário de moda ser considerado um dos
que o significado e o conteúdo da
setores em que aqueles mais se destacam.
administração sofreram grande ampliação
e aprofundamento por meio de diferentes
Outra justificativa significante é que, de
teorias administrativas surgidas como uma
acordo com Wolf (1998), existem muitas
resposta aos problemas empresariais mais
empresas de pequena dimensão que não
relevantes de sua época. Conforme observa
aproveitam vantagens da gestão de design
Wood Júnior, “o campo de estudos de
por verem o design como uma despesa
gestão vem institucionalizando-se ao longo
adicional que não querem despender.
dos anos, no Brasil” (2002, p.173).
Buscou-se, portanto, apresentar o design
como uma forma de investimento que
A história mostra que os conceitos sobre
possibilitasse às MPEs do vestuário de
administração de empresas se
moda adotar estratégias de inovação e
sobressaíram a partir da Segunda Guerra
qualidade, mantendo-as competitivas no
Mundial e que a evolução das abordagens
mercado.
teóricas foi ajustada a cada espaço
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temporal. Tais conhecimentos tornam-se Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia
cada vez mais importantes por estarem e Estatística (IBGE) (2005), os pequenos
alicerçados na pluralidade de alternativas e negócios, no Brasil, correspondem a
conhecimentos que devem atuar como aproximadamente 20% do Produto Interno
norteadores estratégicos para o sucesso Bruto (PIB). Durante o primeiro semestre do
empresarial. ano de 2005, o faturamento acumulado das
MPEs foi de R $113,6 bilhões, R $3,4 bilhões
superior ao verificado no primeiro semestre
de 2004.
O ESTUDO DE CASO
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Ambas foram criadas e administradas pela
figura dos seus proprietários-dirigentes,
que, frequentemente, acumulam funções
técnicas e administrativas, entre outras.
Iniciaram suas atividades
fundamentando-se em estratégias intuitivas
de uma gestão centralizada, pautada na
visão operacional de curto prazo.
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voltado para a diferenciação. concorrentes pela categoria de produto
trabalhado. Isso é coerente com o que é
Já a empresa B apresenta um processo apresentado de forma consensual na
realizado de forma intuitiva, predominando literatura da administração da estratégia,
a cultura da cópia. Cabe apontar que essa principalmente pelos autores Mintzberg
empresa age contrariamente às (2001) e Porter (1998), no sentido de que uma
recomendações de Caldas (2004), para organização se distingue em mercado
quem as empresas precisam buscar os competitivo ao diferenciar suas ofertas de
elementos fundadores de sua identidade, alguma forma.
que deve ser entendida como estratégia de
posicionamento no mercado. O autor No entanto, conforme constatado na
adverte: “em face desses inúmeros empresa A, além do tamanho do produto
elementos, a falta de pesquisa de verdade, ser um diferenciador, soma-se a inovação
no caminho fácil da cópia travestida de pautada nos elementos do design,
referência, já se anuncia como o erro fatal conforme recomendado por Roda &
de empresas e marcas no século XXI”. Kruchen (2004), e a importância dada aos
atributos intangíveis, apontada por Treptow
Salienta-se, portanto, que as possíveis (2003).
ocorrências de insucesso de produtos
inovadores, apontadas pela empresa B, Um dos pontos fortes observados em
devem-se ao fato de ela não se antecipar ambas as empresas é a possibilidade de
em relação às mudanças ou pressões do relacionamento com clientes, possível,
seu ambiente de atuação, não possuir uma especialmente, pelo tipo de
cultura favorável à inovação e, comercialização. Essa é uma característica
principalmente, não fazer uso do design da maioria das MPEs que podem utilizar
que, de acordo com Magalhães (1997) e essa relação como ferramenta para
Costa & Silva (2002), pode contribuir com valorizar as ideias de clientes, utilizando-as
dois tipos de inovação: a tecnológica e a na proposição de novos modelos.
organizacional.
SOBRE AS ESTRATÉGIAS COMPETITIVAS
O empresário da empresa B justifica a
ausência de investimento em design. As empresas investigadas consideram
Entende que se trata de um custo muito todas as estratégias apontadas como
alto para a realidade de sua empresa e que alternativas para alcançar vantagens
tal investimento resultaria no aumento do competitivas. No entanto, segundo
preço do produto, que é relativamente Mintzberg & Quinn (2001), uma organização
baixo, e este não seria absorvido pelos seus pode diferenciar suas ofertas de seis
consumidores. Isso se contrapõe às maneiras básicas: estratégia de
informações apresentadas por Costa & diferenciação de preço, estratégia de
Silva (2002) de que a atividade de design diferenciação de imagem, estratégia de
absorve em média 15% dos custos, mas diferenciação de suporte, estratégia de
compromete cerca de 85% dos diferenciação de qualidade, estratégia de
investimentos no desenvolvimento de um diferenciação de design e estratégia da não
novo produto. diferenciação. A discussão desses itens
estará pautada em tais recomendações e
Também se contrapõe aos resultados será apresentada abaixo.
apresentados na empresa A e a Wolf (1998),
segundo quem o design management pode a. Estratégia de diferenciação de preço:
ajudar as pequenas empresas a criar seus chama a atenção a elevada preocupação
objetivos baseados em seus conhecimentos, da empresa B com relação ao preço, que é
capacidade e meios de produção, apontado como bem inferior aos
otimização do processo e redução de praticados pela concorrência. No entanto,
custos. ela ressalta que apesar do preço baixo
aplicado pela empresa, o produto
Ambas as empresas investigadas afirmam apresenta um acabamento de qualidade
que seu produto se diferencia dos
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para o público em questão. Já a empresa A principais, isto é, produção, marketing e
entende ter um preço adequado aos desenvolvimento de produtos, suportadas
atributos que o produto oferece, afirma pelas funções de apoio. Essa reflexão é
considerar os parâmetros de fabricação corroborada por Werkema (1995), que
que permitam racionalizar o processo apresenta os componentes ou dimensões
produtivo, cumprir com os requisitos do para a qualidade que geraram o conceito
usuário, aumentar a qualidade e os valores de qualidade total: qualidade, custo,
formais do produto. O design, nesse caso, é entrega, moral e segurança. Assim, é
apontado como um instrumento eficaz, possível compreender que a qualidade não
utilizado para alcançar a redução dos está limitada à ausência de defeitos ou à
custos de fabricação e a diferenciação dos existência de “bons acabamentos”.
produtos, pois entendem que além de ter
preço adequado, o produto deve ser e. Estratégia de diferenciação de design:
atrativo nos aspectos tangíveis e essa somente pode ser utilizada pela
intangíveis. empresa A, que conhece e faz uso do
design. A inserção da estratégia de
b. Estratégia de diferenciação de imagem: a diferenciação de design pela referida
empresa A usufrui dos benefícios oriundos empresa implicou a melhoria de seus
dessa estratégia, uma vez que conta com o produtos e processos. Salienta-se que a
desempenho de profissionais designers integração do design com as outras áreas
gráficos que trabalham o material de da empresa vem ocorrendo por etapas e
divulgação: banners, catálogos e revistas, com apoio da direção geral, conforme
entre outros. Além disso, a estratégia de recomendado por Bernsen (1987) e Peters
diferenciação da imagem da empresa é (1998). O design contribui também como
trabalhada também por intermédio do seu norteador do gerenciamento do processo
produto, que contém conteúdo de design, de mudança instalado pela empresa.
qualidade e exclusividade nas estampas.
f. Estratégia da não diferenciação: essa
c. Estratégia de diferenciação de suporte: a estratégia não é adotada por nenhuma das
empresa B entende que utiliza essa empresas investigadas.
estratégia por realizar um atendimento
gratuito de ajustes nas peças adquiridas SOBRE O PAPEL DA ATIVIDADE DE DESIGN
pelas suas consumidoras, e a empresa A, NO DESEMPENHO DA QUALIDADE NAS
pela prática de um atendimento MPES
diferenciado, com informações
complementares sobre os produtos e/ou Pode-se observar que as empresas
sobre como compô-los, junto aos lojistas investigadas afirmam zelar pela qualidade
que adquirem seus produtos para revenda. de seus produtos. No entanto, afirmam não
terem tido acesso a nenhum tipo de
d. Estratégia de diferenciação de qualidade: programa de qualidade, praticando-a de
A empresa B afirma que a qualidade é um forma intuitiva.
dos seus diferenciais, e esta é entendida
como a ausência de defeitos e “um bom Na empresa B, conforme já descrito na
acabamento”, obtido no produto final. No questão anterior, a qualidade é entendida
entanto, esse resultado contraria as como um bom desempenho da função
afirmações de Mintzberg & Quinn, segundo produção, que consequentemente resulta
os quais a diferenciação pela qualidade em um bom acabamento final do produto.
tem a ver com as características do produto Em contrapartida, na empresa A existe um
que o tornam melhor. O produto deve ter monitoramento contínuo em torno da
desempenho inicial mais confiável, qualidade. Cabe destacar que isso se deve
durabilidade maior e/ou desempenho ao fato de a empresa fazer uso do design,
superior. Também para Slack et al. (2002) e pois, conforme ressaltado por Santos (2000),
Garvin (2002), qualidade não exige apenas o papel da atividade de design de produtos
um bom desempenho da função produção nos processos de qualidades atuais deve
na empresa, e sim de todas as funções ter um papel estratégico. Baseia-se no
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atendimento total ao cliente, em inovações A trajetória realizada neste capítulo
a ritmo rápido e na transformação dos mostrou a dimensão do conceito de gestão
sistemas de produção, aspectos que de design e sua relevância diante de
envolvem diretamente a integração dos mudanças no ambiente competitivo das
processos de concepção e de produção MPEs do vestuário de moda. Evidenciou-se
para gerar novas soluções. Concluindo, é que, apesar de o mercado apresentar-se
importante enfatizar a importância da altamente interligado com forças que
política da qualidade, que, de acordo com o pedem componentes de mudança nas
que foi abordado por Paladini (1995), organizações, no que tange às MPEs, a
representa as decisões da empresa em nível exemplo da empresa B investigada, tal
macro, ou seja, em termos de diretrizes gestão ainda não está presente nem no
globais. discurso nem nas suas intenções,
arrastando-se penosamente.
SOBRE A IMPORTÂNCIA DO DESIGN PARA
A EMPRESA, DE ACORDO COM AS Além disso, verificou-se que uma das
SEGUINTES ETAPAS: CONCEPÇÃO DO principais dificuldades ainda enfrentadas
PROJETO, MODELAGEM, PRODUÇÃO, pelas MPEs do vestuário de moda é
substituir o pensamento mecanicista por
DISTRIBUIÇÃO E COMERCIALIZAÇÃO
novas abordagens, devido à forte dose de
embasamento político-familiar herdada por
O resultado desta unidade de análise
aquele que decide pela empresa. Mesmo
mostra que somente a empresa A
quando reconhecem a necessidade de
reconhece a importância do uso do design
mudança e decidem por ela, a exemplo da
em cada uma das variáveis apontadas, pois
empresa A investigada, ainda é difícil
foi a partir da sua utilização que a empresa
desligar-se do passado.
se reposicionou no mercado. Uma
discussão sobre a empresa B no que se Outro ponto que chamou a atenção está
refere a esse item é apresentada no relacionado à evolução tecnológica, que
próximo item. não tem sido acompanhada pelos micro e
pequenos empresários, aumentando as
SOBRE O NÍVEL DE INFORMAÇÃO DO dificuldades em adaptar-se às exigências
DESIGN NAS MPES INVESTIGADAS do mercado atual. Soma-se a isso o fato de
o design ser um conceito ainda pouco
Analisando os resultados obtidos na compreendido pelos empresários desse
empresa B, é possível ver a plena segmento. Diante disso, foi possível verificar,
incompreensão por parte da empresa sobre por intermédio dos resultados
o valor do design e seu papel no contexto apresentados, o quanto as empresas
de estratégias das empresas. A falta de perdem por falta de conhecimento sobre as
conhecimento apresenta-se como o grande possibilidades de uso do design e por
impedimento de sua utilização. Esse usarem modelos de gestão arcaicos, que
resultado confirma as afirmações de Wolf não privilegiam a criatividade, a qualidade
(1998) de que existem muitas empresas e a inovação. Infere-se que essas são
pequenas que não aproveitam as algumas das causas relativas à mortalidade
vantagens da gestão de design, porque a precoce das MPEs.
maioria das empresas vê o design como
uma despesa adicional que não querem Nesse sentido, enfatiza-se a necessidade de
despender. Não sabem que podem ganhar capacitação para a gestão e para as
com o uso do design. Nota-se que também atividades de projeto de produto nas MPEs
a empresa A só passou a empregar o desse segmento. Acredita-se que a MPE do
design após conhecer seus reais benefícios, vestuário de moda pode inovar
abandonando o empirismo até então especializando-se, e que com a formação
praticado. de profissionais, somada à atitude de
mudança cultural, é possível reduzir o
CONCLUSÃO quadro de mortalidade de empresas que
ainda se mantêm no mercado por meio da
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reprodução de produtos existentes. um diferencial estratégico e competitivo
para as empresas. No entanto, acredita-se
Assim, acredita-se que a presente pesquisa que, assim como o empresário da empresa
alcançou os objetivos previamente B, grande parte dos micro e pequenos
propostos, pois o resultado do estudo não empresários do setor vestuário de moda
somente respondeu à questão principal ainda não conhece as vantagens do uso do
proposta no início do capítulo (como o design.
design interage com as outras áreas
atuantes na política de desenvolvimento de Considerando que as indústrias do
produto nas MPEs do vestuário de moda, e vestuário de moda do Estado do Paraná
quais ações de design adotadas nas são compostas predominantemente por
estratégias competitivas dessas empresas), MPEs, é pertinente acreditar que resultados
como também confirmou o pressuposto tão distintos, obtidos em um estudo
inicial da pesquisa de que a utilização da realizado entre duas empresas com as
gestão de design como elemento de mesmas características, servirão de
articulação estratégica e operacional pelas parâmetro para demonstrar o quanto a
micro e pequenas empresas do vestuário de gestão de design pode contribuir como
moda substitui o empirismo e a uma ferramenta estratégica para a
improvisação, até então dominantes. competitividade das MPEs desse segmento.
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implantadas. produtos que atendam a todo o tipo de
faixa etária. Assim, às vezes, nem todas as
É importante que a introdução de uma variáveis do macroambiente afetam
visão geral sobre o plano, de modo que determinado negócio/produto.
quem leia saiba exatamente o que motivou
a elaboração dele, quais os objetivos a 3. Análise do microambiente: mercado,
serem alcançados (ou problemas a serem concorrência e público-alvo
resolvidos), principais análises e resultados
e estratégias propostas. Fica claro, Nesta etapa do plano de marketing,
portanto, que várias informações que analisamos o microambiente e os impactos
devem ser apresentadas na introdução que ele pode trazer para a nossa
dependem de itens que serão resolvidos ao empresa/produto.
longo do plano de marketing e, portanto,
deverão ser preenchidos posteriormente, 3.1 Mercado
quando tiverem sido desenvolvidos no
plano. Mercado refere-se ao mercado de atuação
da empresa/produto: mercado alimentício,
2. Análise do macroambiente mercado de higiene pessoal em São Paulo,
mercado de chocolates etc. O objetivo aqui
Esta etapa do plano de marketing visa é fazer uma análise quantitativa das
analisar todas as variáveis do tendências do mercado, baseada em dados
macroambiente e os possíveis impactos que reais.
possam exercer sobre a empresa/produto.
Essa análise é fundamental para fornecer
As variáveis do macroambiente, tratadas no informações sobre oportunidades e
Capítulo 1 e que devem ser analisadas uma ameaças provenientes do mercado. Assim,
a uma, são: todos os dados de mercado relacionados
com o produto/empresa devem ser
● Políticas. levantados.
● Econômicas.
● Sociais e culturais. Sugerimos que sejam levantados:
● Demográficas.
● Tecnológicas. ● Vendas totais do mercado: esses dados
● Naturais (provenientes da natureza). informam sobre a atratividade desse
mercado em termos de volume.
É importante relembrar que os
acontecimentos nas variáveis do ● Vendas do mercado por região: esses
macroambiente inicialmente são neutros – dados apresentam as regiões onde o
não são nem bons nem ruins. O mesmo fato mercado pode ser explorado.
– crise econômica, por exemplo – pode
afetar negativamente alguns negócios, mas ● Vendas do mercado por segmento: essas
positivamente outros. Assim, o intuito nessa informações mostram os segmentos de
etapa do plano de marketing é levantar mercado com maiores e menores volumes
todos os fatores que possam representar de vendas.
oportunidades e ameaças para a
empresa/produto, de modo a utilizá-los na ● Principais concorrentes no mercado e
análise SWOT. suas participações (share of market):
sabendo quem são os principais players
Outro fato interessante a destacar é que, (empresas que atuam) nesse mercado,
durante a análise do impacto das variáveis podemos analisar o tipo de concorrência
do macroambiente sobre determinado (acirrada ou pouca concorrência) que
produto/negócio, esporadicamente pode apresentar ameaças ou
podemos encontrar variáveis que não oportunidades.
afetem o negócio. Eventualmente, a
demografia pode não fazer diferença, não
● Sazonalidade de vendas: quando
trazendo nenhum tipo de impacto em
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existem, normalmente representam oportunidades e ameaças em relação ao
ameaças e podem indicar ações posicionamento e ao branding do nosso
compensatórias no plano de marketing. produto.
Veja quais são os dados que devem ser ● Quem é: determinar quem é o
levantados e analisados sobre a público-alvo é o primeiro passo
concorrência: estratégico do plano de marketing. Em
outras palavras, quais são os possíveis
● Quais são os principais concorrentes: no alvos para o seu plano?
mínimo três concorrentes devem ser
identificados, independentemente de ● O que quer: levantamento das
serem diretos ou indiretos. necessidades do público-alvo
relacionadas ao seu produto/empresa.
● Evolução da participação de mercado de
cada concorrente por área/segmento: a ● Onde compra: os dados sobre os locais
evolução de participação de mercado de compra do seu produto e seus
mostra tendências que podem ser dados concorrentes fornecem informações
indicativos de ameaças ou importantes para as estratégias de
oportunidades para nosso praça.
produto/empresa.
● Como comprar: os hábitos de compra
● Estratégia de cada concorrente por (parcelado, à vista, com cartão, em
área/segmento: a análise da estratégia dinheiro, cheque, compra de mês, compra
dos concorrentes traz informações gradativa etc.) podem fornecer
estratégicas valiosas sobre suas informações importantes para serem
possíveis forças e fraquezas. usadas tanto no desenvolvimento do
produto quanto no preço e na praça.
● Imagem de cada concorrente em meio
ao público-alvo: essa informação é ● Como usar: informações sobre os hábitos
especialmente interessante para explorar de uso do produto podem indicar
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oportunidades, estratégias ou ameaças objetivos de marketing propostos no
em relação a ele. Por exemplo, muitas plano.
vezes se detecta que o consumidor
descobre novos usos para determinado ● Imagem do produto/marca percebida
produto, que podem ser incorporados a pelo público-alvo: essa informação pode
ele. Em outros casos, o uso mostra mostrar forças ou fraquezas do produto
problemas com o produto, que podem em relação ao seu posicionamento,
ser evitados com ajustes estratégicos. Um inclusive a eventual necessidade de
exemplo do primeiro caso foi a criação ajustes entre o posicionamento
da versão de refrigerantes do tipo alcançado e o pretendido.
“caçulinha” para facilitar o uso por
crianças. No segundo caso, podemos ● Levantamento financeiro: consiste em
citar a introdução de dispositivos de informações como lucratividade,
segurança em tampas de máquinas de composição de custos e identificação de
lavar e micro-ondas, evitando que, maneiras de aumentar a lucratividade.
durante o uso, as pessoas se Esses dados podem dar indicações
machuquem ou se queimem. estratégicas para modificar
produto/preço/praça tanto para resolver
4. Análise do ambiente interno/produto problemas de baixa lucratividade quanto
para melhorar a lucratividade ou o
A análise do ambiente interno da empresa
possível aumento de participação de
(marca, departamentos, funcionários,
mercado (no caso de repassar o aumento
instalações, estacionamento, sortimento,
da lucratividade para o consumidor final).
qualidade de atendimento, preço, produto,
praça, promoção etc.) permite detectar as
5. Matriz SWOT – Avaliação de
forças e as fraquezas do nosso produto,
competências e análise de cenários
possibilitando uma posterior avaliação de
competências na matriz SWOT. Nessa etapa, reunimos todas as
informações levantadas nas etapas
Os levantamentos de dados desenvolvidos
anteriores e fazemos a análise SWOT. Assim,
nesse estágio do plano de marketing devem
organizamos a matriz da seguinte maneira:
apresentar uma “fotografia” da situação
atual da empresa/produto. Esses dados
● Forças do nosso produto/empresa:
mostrarão, após a análise SWOT, o que
levantadas a partir da etapa de análise
deverá ser modificado e/ou implementado
do ambiente interno/produto.
nas estratégias dos 4 Ps.
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6. Objetivos e metas de marketing Assim, o plano deve apresentar
detalhadamente os 4 Ps propostos como
Um plano de marketing é desenvolvido estratégia. Aqui se deve relatar apenas as
quando existe um problema a ser resolvido mudanças e os ajustes nos 4 Ps que foram
ou um objetivo a ser alcançado no descritos no item 4 do plano. Desse modo,
mercado. Um objetivo de marketing pode alguns exemplos de ações estratégicas nos
envolver quaisquer aspectos do marketing, 4 Ps são criação de novos produtos,
como lançamento de produto, alterações no mix de produto e na praça
fortalecimento ou recuperação de imagem, (criação de mais pontos de vendas,
aumento de vendas e market share etc. expansão para outras cidades e
localidades), o que vai ser feito na
Com a análise SWOT e o público-alvo em comunicação (P de promoção) etc.
mente, determina-se nessa etapa os
objetivos de marketing, incluindo metas Itens que não devem sofrer modificações
quantificáveis no tempo. Assim, em função não precisam ser relatados e, caso não seja
da avaliação de competências e análise de necessário absolutamente nada em algum
cenários da SWOT, determinam-se os P, isso deve ser declarado como “Nenhuma
objetivos que devem ser alcançados pelas alteração deve ser feita neste item – manter
estratégias a serem desenvolvidas na estratégia corrente”.
próxima etapa do plano de marketing.
Os 4 Ps devem ser analisados
Exemplos de objetivos/metas são: separadamente, um a um, como se segue: