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Direito Administrativo- 2.

ºano

2014/2015

Trabalho realizado por:


André Coutinho n.º21401492
Índice

 Introdução………………………………………………………………………………..1
 Conceito de camara municipal………………………………………………….2,3
 Criação, extinção e modificação de municípios…………………………3
 Fronteiras, designação, categoria e símbolos dos municípios…….4
 Classificação dos municípios………………………………………………………5-6
 O sistema de governo municipal português………………………………6-7
 Os órgãos do município: a) Assembleia municipal……………………..8-9
 B) Camara municipal…………………………………………………………………9-11
 C) Presidente da camara…………………………………………………………..11-12
 Conclusão…………………………………………………………………………………13
 Bibliografia……………………………………………………………………………..14
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Introdução
Com este trabalho pretendo ficar a conhecer melhor o conceito das camaras
municipais e as suas funções, o modo como se organizam, como gerem os seus
orçamentos e as funções dos presidentes de camara.
Assim como são formadas e extintas as camaras municipais, quais os seus órgãos e
poderes que o estado atribui aos munícipes de todo o país.
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Conceito de Camara Municipal


A câmara municipal é o órgão executivo colegial de cada um dos municípios de
Portugal, o município é uma pessoa coletiva publica.

É a autarquia local que visa a prossecução de interesses próprios da população que


vive na delimitação da concelhia, por órgãos representativos por ela eleitos.

O município é a mais importante de todos os géneros de autarquias locais, esta


importância verifica-se em diversos planos.

A nível internacional, o município é o único tipo de autarquia que tem uma existência
universal, ao contrário das freguesias, distritos e regiões;

Historicamente, o município é a única autarquia que sempre se tem mantido na nossa


organização administrativa como autarquia local;

Politicamente, é no município que se pratica e organiza a democracia local, este tem


autenticas vocações politicas, é também uma escola de formação para a vida política
nacional, para além de ser um entrave às tendências de omnipotência do estado e do
poder central.

Economicamente, a administração municipal, tem a responsabilidade por um número


muito significativo de serviços que presta à comunidade, por investimentos públicos e
por a sua intervenção moderada em certos temas económicos fundamentais, e
particularmente nos sistemas de abastecimento público, a administração municipal
tem uma grande importância socioeconómica nos municípios.

Administrativamente, os municípios têm mais de 50 mil funcionários.

Financeiramente, a administração municipal tende a movimentar uma percentagem


cada vez mais significativa do total das finanças públicas, tendo poderes tributários
alargados, isto devido ao número de atribuições crescente que o estado para sí
transfere.
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Juridicamente, não nos podemos esquecer que o direito administrativo português


começou por ser um direito municipal e que todos os códigos administrativos
portugueses têm sido leis de administração municipal.

Doutrinariamente, é ao nível municipal que se joga e se pode testar a competência do


estado, da democracia e do poder, que se encontra vigente em dado momento numa
sociedade: centralização ou descentralização, supremacia do poder central ou
afirmação de um autêntico poder local.

Criação, extinção e modificações de


municípios
Atualmente em Portugal o número total de municípios é de 308 municípios.

A constituição da república Portuguesa de 1976, determinou que pertence à reserva


absoluta da lei formal o regime da criação, extinção e modificação territorial das
autarquias locais (artigo 167.º, alínea N), e que pertence a lei formal o estatuto das
autarquias locais que inclui o regime das finanças locais (artigo 168.º, nº1, alínea S).

A lei n.º 11/82, de 2 de junho, no seu artigo n.º1 estabeleceu que compete à
assembleia da república legislar sobre a criação ou extinção das autarquias locais e os
seus limites territoriais, está hoje assente que a criação e extinção de autarquias locais
apenas se pode fazer por lei da assembleia da república.

O artigo 10.º do CA diz-nos que os municípios têm património próprio e que as


alterações verificadas nos municípios se manifestam direta e automaticamente nos
respetivos patrimónios, também nos diz que os municípios têm como elemento
essencial o território que os constitui, pelo que todas as alterações que se verifiquem
nesse território têm influência direta e automática na própria constituição intrínseca
do município.
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Fronteiras, designação, categoria e


símbolos dos municípios
Como é que se estabelecem as fronteiras de um município?

Cada município tem os limites territoriais que correspondam aos limites das freguesias
que o integram, é através da limitação do território das freguesias que se fica a saber a
delimitação de cada município. Para se determinar quais são as freguesias que
integram cada município de Portugal, pode-se consultar no mapa das circunscrições
administrativas, que se encontra em anexo ao próprio código da administração.

Se surgirem duvidas acerca da linha de demarcação do território de uma freguesia ou


município, cabe aos tribunais administrativos resolver este tipo de situações desde que
a assembleia da república não decida legislar sobre a matéria.

Nos casos em que se verifique a alteração dos limites do município como por exemplo
a integração de uma nova freguesia em determinado município, estes casos só podem
ser regulados através de lei da assembleia da república, esta também tem a
competência de fixar a sede dos municípios, bem como legislar sobre a designação e a
determinação da respetiva categoria (lei n.º11/82, de 2 de junho, artigo 2.º).

Cada município tem o direito de usar determinados símbolos heráldicos, de forma a o


identificarem e distinguir perante terceiros, são considerados como símbolos
heráldicos, os brasoes de armas, as bandeiras e os selos.

A alínea t) do n.º2 do artigo 53.º da LAL atribui a assembleia municipal competência


para que esta estabeleça a constituição do brasão, selo e bandeira do município, estes
deverão ser colocados no diário da república.
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Classificação dos municípios


Os municípios podem ser classificados em categorias ou classes diferentes, consoante
as suas características.

Existem vários tipos de classificações para os municípios:

- As classificações doutrinais ou científicas, são feitas pela doutrina do direito


administrativo ou da ciência da administração, com base em determinados critérios
apurados. Os municípios por exemplo podem-se classificar em concelhos industriais,
comerciais, agrícolas, florestais, mineiros, marítimos, metropolitanos, suburbanos,
etc… conforme as características sociológicas predominantes do seu território ou da
sua população;

- As classificações estatísticas são aquelas que o instituto nacional de estatística, que


tem o monopólio legal da elaboração e produção de estatísticas nos país, entender em
seu critério dever fazer, com base em dados numéricos referentes aos diversos
municípios;

- As classificações legais são as que são estabelecidas pela lei, agrupando os municípios
em diferentes categorias para determinados efeitos jurídicos.

Segundo o código administrativo, a principal classificação dos municípios em Portugal


é a da classificação em concelhos urbanos e concelhos rurais, como nos mostra o
artigo 2.º do CA:

Os concelhos classificam-se em urbanos e rurais.

São concelhos urbanos:

1) Os concelhos cuja população da sede e dos núcleos urbanos com mais de


10 000 habitantes exceda o total de 25 000 habitantes, ou 20 000 sendo
capital de distrito, quando essa população responda à quarta parte, pelo
menos, da população total do concelho;
2) Os concelhos obrigatoriamente federados com os de Lisboa e Porto.
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São concelhos rurais os concelhos não compreendidos em qualquer dos


números do paragrafo anterior.
O artigo 3.º completa o artigo 2.º da seguinte forma: podemos dizer que as
principais categorias legais de municípios no direito administrativo português
são 8:
1.º Grandes cidades (Lisboa e Porto)
2.ºMunicipios urbanos de 1.ª ordem
3.ºMunicipios urbanos de 2.ªordem
4.ºMunicipios urbanos de 3.ªordem
5.ºMunicipios rurais de 1.ªordem
6.ºMunicipios rurais de 2.ªordem
7.ºMunicipios rurais de 3.ªordem
8.ºMunicipios mistos
O governo é que tem a competência de proceder à classificação concreta dos
municípios dentro de uma ou outra destas categorias legais, aplicando a lei aos
vários casos, conforme estabelece o artigo 6.º do CA, que manda atualizar a
classificação dos municípios de dez em dez anos, de acordo com os resultados
de recenseamento da população, e também pela evolução demográfica e aos
impostos pagos em cada município pelos respetivos munícipes.

O sistema de governo municipal


Português
No que diz respeito a este assunto o artigo 239.º da CRP n.º1 diz-nos que a
organização das autarquias locais compreende uma assembleia eleita dotada
de poderes deliberativos e um órgão executivo colegial perante ela
responsável.
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O sistema português neste ponto não faz muito sentido, pois nem é um sistema
de tipo convencional, nem de tipo parlamentar, nem de tipo presidencialista. É
um sistema sui generis, por isso funciona mal na prática.
Em 1997 deu-se uma revisão constitucional que abriu portas a uma intervenção
legislativa que clarificadora do sistema de governo municipal, admitindo, em
alternativa, ou a manutenção do modelo vigente ou a nomeação do primeiro
candidato da lista mais votada para a assembleia municipal como presidente de
camara.
Dispõe atualmente o artigo 239.º n.º3 da CRP o seguinte:
O órgão executivo colegial é constituído por um número adequado de
membros, sendo designado presidente o primeiro candidato da lista mais
votada para a assembleia ou para o executivo, de acordo com a solução
adotadas na lei, a qual regulara também o processo eleitoral, os requisitos da
sua constituição e o seu funcionamento.
Nos termos dos artigos 166.º, n.º2, e 164.º, alínea I) 1.ªparte, da CRP, a lei que
se refere o artigo 239.º, n.º3, é uma lei orgânica. O que obriga a sua aprovação
por maioria de dois terços dos deputados presentes, desde que superior à
maioria absoluta dos deputados em efetividade de funções (artigo 168.º, n.º6,
da CRP), o que levou a transformação do sistema num sistema parlamentar
puro (eleição direta da assembleia, formação do executivo municipal em
conformidade com os resultados eleitorais, encabeçado pelo candidato da lista
mais votada).
A assembleia municipal pode destituir a camara municipal, mas porquê?
Em primeiro lugar, porque em direito público, quando dizemos que um órgão é
responsável perante outro, significa que o segundo pode demitir o primeiro ou
até mesmo destitui-lo, retirando-lhe toda a confiança.
Em segundo lugar, a assembleia municipal tem na nossa lei o poder de aprovar
ou rejeitar a proposta de orçamento anual que é apresentada pela camara
municipal, com isto a assembleia municipal pode levar a camara municipal a
demitir-se, pois a camara municipal não poderá exercer as suas funções sem o
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orçamento estar aprovado, pois não é possível cobrar receitas, realizar
despesas, pagar salários ao pessoal, e com isto a administração municipal ficara
paralisada, em casos que isto aconteça a camara municipal só terá duas opções
ou se submete à assembleia municipal, fazendo o que esta quer, ou então
demitir-se, isto comprova que a camara municipal depende claramente da
assembleia municipal.

Os órgãos do município:
A) A assembleia municipal
A assembleia municipal funciona como um autêntico parlamento municipal.
Composição- o artigo 251.º da CRP traça a composição da assembleia
municipal, que é uma composição mista, a assembleia municipal não é toda
eleita diretamente, uma parte é constituída por membros eleitos e outra
por membros de inerência que são os presidentes das juntas de freguesia.
Mas o número de membros eleito pela população não pode segundo a
constituição, ser inferior ao dos presidentes das juntas de freguesia. A
assembleia municipal é constituída por um presidente e dois secretários.
Funcionamento- O artigo 49.º da LAL diz que a assembleia municipal terá
anualmente cinco sessões ordinárias, em fevereiro, abril, junho, setembro e
novembro.
Competência- A assembleia municipal não desempenha funções executivas,
nem funções de gestão, mas tem funções próprias deste género de órgãos,
das quais se destacam cinco (LAL, artigo 53.º):
a) Função de orientação geral do município, de que a mais importante é
discutir e aprovar o programa anual de atividades e o orçamento do
município;
b) Função de fiscalização da camara municipal;
c) Função de regulamentação, que consiste em elaborar regulamentos, de
entre os quais uma categoria muito importante de regulamentos
municipais, que são as posturas municipais;
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d) Função tributaria, consiste em estabelecer impostos e taxas, a que os
munícipes ficam sujeitos, exemplo: IMI
e) Função de decisão superior, a qual se traduz na prática de atos sobre as
matérias mais importantes do município, como por exemplo: a
aprovação do plano de urbanização, a autorização de compra de
imoveis, a concessão de exclusivos a empresas existentes na área do
município, etc…

B)A camara municipal


A camara municipal é o corpo administrativo do município, este órgão é
eleito pela população do município em causa.
Composição- diz o artigo 57.º da LAL, que a camara municipal é composta
pelo presidente da camara e pelos vereadores.
O presidente é o primeiro candidato da lista mais votada para a camara
municipal: não são separadas as eleições do presidente e dos outros
membros da camara.
Nem sempre o presidente da camara cumpre o mandato até ao fim dos
quatro anos, pois este pode renunciar ou suspender temporariamente as
suas funções, ou pode falecer durante o seu mandato, caso isto aconteça
este é substituído pelo que lhe é seguido na lista que ele próprio liderava
(artigo 59.º).
No nosso direito atual, não existe o cargo de vice-presidente da camara.
Quanto ao número de vereadores que compõem cada camara municipal, é
variável conforme a dimensão de cada município. Vem regulado no artigo
57.º da LAL que prevê seis hipóteses diferentes (n.º2).
1) Município de lisboa- 16 vereadores;
2) Município do Porto- 12 vereadores;
3) Municípios com mais de 100 mil eleitores- 10 vereadores
4) Municípios com mais de 50 mil eleitores e menos de 100 mil- 8
vereadores
10

5) Municípios com mais de 10 mil eleitores e até 50 mil- 6 vereadores


6) Municípios com 10 mil eleitores ou menos- 4 vereadores

Nos termos do n.º1 do artigo 58.º da LAL, compete ao presidente da


camara decidir sobre a existência de vereadores a tempo inteiro e fixar o
seu número, dentro de certos limites, caso sejam excedidos, devera ser a
camara municipal a tal decisão, sobre a proposta do presidente (artigo 58.º
n.º2 da LAL). É também ao presidente da camara que cabe escolher,
livremente, de entre os vereadores da camara aqueles que hão-de servir
como vereadores permanentes.

É ainda competência do presidente da camara determinar as funções e os


poderes de cada vereador permanente (artigo 58.º n.º4 da LAL).

Funcionamento- saliente-se que ao contrário da assembleia municipal- que


tem um número certo de sessões ordinárias por ano, mais as sessões
extraordinárias que forem expressamente convocadas- a Câmara Municipal
está em sessão permanente. Há uma distinção técnica entre sessão e
reunião: a sessão é o período especial que se efetuam as reuniões; as
reuniões são os encontros que em cada dia se verificam.

Competência- Esclarece o artigo 64.º da LAL que há cinco tipos de funções:

a) Função preparatória e executiva: a Câmara as deliberações da


Assembleia Municipal e, uma vez tomadas, executa-as.
b) Função consultiva: a Câmara emite parecer sobre projetos de obras não
sujeitos a licenciamento e municipal e participa, nos termos da lei, em
órgãos consultivos de entidades da administração central;
c) Função de gestão: a Câmara gere o pessoal, os dinheiros e o património
do município, e dirige os serviços municipais;
d) Função de fomento: a Câmara apoia, exclusiva ou conjuntamente com
outras entidades, o desenvolvimento de atividades de interesse
municipal de natureza social, cultural, desportiva, recreativa ou outra;
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e) Função de decisão: a Câmara toma todas as decisões de autoridade que


a lei lhe confia, nomeadamente através da prática de atos
administrativos (licenças, autorizações, adjudicações, etc.), de contratos
administrativos (empreitadas, concessões, fornecimento, etc.) e da
emissão de posturas no âmbito da sua competência exclusiva.

C) O Presidente da Câmara

A constituição quase que deixa em silêncio a figura do Presidente da


Câmara: parece assim, à primeira vista, que o Presidente da Câmara não
será o órgão do município (artigo 250.º da CRP).
Mas em diversos preceitos da lei vê-se que o Presidente da Câmara é
efetivamente um órgão municipal. Não é pelo facto de a Constituição ou as
leis qualificarem o Presidente da Câmara como órgão, ou não, que ele
efetivamente é ou deixa de ser órgão do município; ele será órgão ou não,
conforme os poderes que lei lhe atribuir no quadro do estatuto jurídico do
município.
Competência- Quais as funções do Presidente da Câmara no sistema de
governo municipal traçado pela nossa lei?
As principais, segundo o artigo 68.º da LAL, são as seguintes:

a) Função presidencial: consiste em convocar e presidir às reuniões da


Câmara, e em representar o município, em juízo e fora dele;
b) Função executiva: cabe-lhe executar as deliberações tomadas pela
própria Câmara;
c) Função decisória: compete-lhe dirigir e coordenar os serviços
municipais- como superior hierárquico dos respetivos funcionários- e
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resolver todos os problemas que a lei lhe confie ou que a Câmara lhe
delegue;
d) Função interlocutória- cumpre ao Presidente da Câmara fornecer
informações aos vereadores e à Assembleia Municipal, bem como
Remeter a esta toda a documentação comprovativa da atividade do
Município, em especial no plano financeiro.
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Conclusão
Com a realização deste trabalho fiquei a perceber como se constituem as camaras
municipais no nosso país, quais as suas funções e quem as desempenha, bem como
são criadas e extintas, qual a classificação dos municípios, e o sistema municipal que se
verifica em Portugal.
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Bibliografia

 Livro: Amaral Freitas, Diogo, curso de direito administrativo, volume I,


3.ªediçao, Almedina

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