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Roteiro de Aula Prática 2022

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ – CURSO DE MEDICINA


LABORATÓRIO DE HABILIDADES E SIMULAÇÃO

DRENAGEM DE TÓRAX

Definição
Procedimento cirúrgico no qual se introduz um dreno tubular no espaço
pleural e este é acoplado a um sistema específico com o objetivo de evacuar
conteúdo do espaço pleural, gerar reexpansão pulmonar e restaurar a
mecânica ventilatória.

Possíveis indicações
▪ Pneumotórax;
▪ Hemotórax;
▪ Quilotórax;
▪ Empiema pleural.

Contraindicações relativas:
• Discrasia sanguínea não corrigida (relativo, a depender da urgência
ou emergência), sendo preferencialmente postergado em casos
eletivos se INR > 1,5; PTTa > 2x; plaquetas < 50.000/mm³;
• Paciente não cooperativo.

Material:
✓ Equipamento de proteção individual;
✓ Campo estéril;
✓ Gaze estéril;
✓ Soluções antissépticas;
✓ Seringa de 20 mL;
✓ Agulhas;
✓ Anestésico local (Lidocaína 1 ou 2%);
✓ Tesoura de Metzembaum;
✓ Porta agulha;
✓ Pinça anatômica dente de rato;
✓ Cabo e lâmina de bisturi;
✓ Pinça hemostática curva longa (Kelly, Rochester...);
✓ Fio cirúrgico calibroso 0 ou 2-0 (prolene, nylon, algodão);
✓ Frasco de selo d'água (com coluna líquida mínima de 2-3 cm de
submersão da extremidade distal);
✓ Dreno torácico (28-32F- ATLS);
✓ Material para curativo.

Anatomia:
▪ O feixe vasculonervoso (incluindo a artéria e veia intercostal e nervo
intercostal) possui seu trajeto abaixo da borda inferior dos arcos
costais, desde a coluna vertebral à porção anterior do tórax;
▪ O feixe é melhor recoberto pela costela na porção lateral do tórax em
relação à medial ou posterior.
Avaliação e Preparo do Paciente:
▪ Orientar o paciente a respeito do procedimento;
▪ Idealmente monitorizar o paciente;
▪ Avaliar sedação;
▪ Confirmar o nome do paciente, lateralidade e checar o material
necessário.

Técnica Drenagem torácica:


1. Monitorização do paciente;
2. Posicionamento do paciente em decúbito dorsal com o braço
ipsilateral acima e flexionado no cotovelo (a menos que seja
impedido por lesão), cabeceira elevada;
3. Assepsia e colocação de campos cirúrgicos;
4. Identificar o local de inserção do dreno torácico no 4° ou 5° espaço
intercostal (Frequentemente coincide com a linha do mamilo ou
sulco infra mamário) entre linha axilar anterior e média;

5. Realizar anestesia local para incluir a pele, tecido subcutâneo,


periósteo da costela e pleura;
6. Pré-avaliar a profundidade estimada do dreno torácico, colocando
a ponta na clavícula com uma curva suave do tubo para local da
incisão, avaliar marcação do dreno para garantir que o orifício
sentinela esteja no espaço pleural;
7. Realizar incisão de 2 a 3 cm paralela as costelas no local
predeterminado, e dissecar tecido subcutâneo logo acima da
costela (Borda superior da costela inferior);

8. Perfurar a pleura parietal com a ponta da pinça hemostática,


segurar instrumento perto da ponta para evitar inserção súbita e
profunda do instrumento e lesão das estruturas subjacentes, tome
cuidado para não penetrar demais a pinça na cavidade torácica,
pois, o alargamento da pinça será ineficaz;

9. Confirma a saída de ar ou fluido;


10. Realizar exploração digital (confirmar o acesso à cavidade pleural);
11.Avançar com pinça sobre costela e abrir para alargar a abertura
pleural;
12. Colocar uma pinça hemostática na extremidade distal do dreno e
outra pinça na extremidade proximal ao mesmo usando como guia
e avançar a inserção do dreno no espaço pleural até a profundidade
desejada;
13. Observar e ouvir movimento de ar e a drenagem de sangue, o
‘’embaçamento’’ do dreno de tórax a expiração também pode
indicar que o tubo está no espaço pleural;
14. Retirar a pinça e conectar o dreno a um coletor em selo d'água
(uma fita adesiva pode ser utilizada para assegurar conexão);
15. Fixar dreno a pele com fio de sutura, não absorvível, realizar ponto
em U, seguido pela fixação em ‘‘bailarina’’;
16. Curativo estéril com fita adesiva larga;
17. Radiografia de tórax de controle assim que possível.

Cuidados:
▪ Curativo: Idealmente realizado no orifício do dreno, porém deve
incluir fixação do dreno à parede torácica, evitando trações do ponto
de fixação do dreno na parede torácica e acotovelamento do dreno.
▪ Radiografia de tórax (PA, e Perfil): Conferir o adequado
posicionamento do dreno, ausência de orifício no espaço
subcutâneo, reexpansão pulmonar além de avaliar complicações.
▪ Transporte: Atentar para não ocluir o dreno, trações, principalmente
em pacientes com quadro de pneumotórax. Evitar deixar o frasco
acima do nível do paciente ou mesmo lateralizar o frasco com perda
do selo d'água.
▪ Controle analgésico: Regular podendo ser necessário o uso de
opioides.
▪ Prevenção de edema de reexpansão: Em pacientes com grandes
derrames, é possível limitar a drenagem inicial a 1.5 L, caso o mesmo
apresente algum tipo de desconforto (tosse, dor torácica, piora da
dispneia). Reabrir o sistema após 1-2 horas permitindo a drenagem
adicional.
▪ Ordenha do dreno: Em caso de obstrução por secreção espessa.
▪ Troca do selo d'água: Evitando aumento importante da resistência à
drenagem, anotando-se o débito, aspecto da secreção, sempre antes
de descartá-lo.
▪ Sempre atentar para as conexões e possíveis desconexões.
Certifique-se de que o dreno está conectado ao tubo submerso e que
os respiros estejam abertos ao ambiente.

Complicações:
▪ Sangramentos/hematoma;
▪ Seroma;
▪ Infecção pleural (empiema pleural);
▪ Lesão de artéria intercostal e hemotórax;
▪ Enfisema subcutâneo;
▪ Lesão cardíaca;
▪ Lesão vascular intratorácica;
▪ Laceração pulmonar;
▪ Lesão diafragmática;
▪ Lesão de vísceras intra-abdominais;
▪ Mal posicionamento;
▪ Vazamento peridreno;
▪ Falso trajeto no subcutâneo.

Bibliografia:
1. ATLS – Advanced Trauma Life Support for
Doctors. 10. ed. Chicago: Committee on Trauma
2. SABISTON. Tratado de cirurgia: A base biológica da prática
cirúrgica moderna, 20ª edição

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