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LITERATURA
LITERATURA
Disciplina: LITERATURA
Série: 1ª série
Segmento: ENSINO MÉDIO
Semestre: 1°/2010
Elaborador(a): Profª ADRIANA TULLIO
Caro Professor,
A intenção do Banco de Questões é de ser uma fonte de ideias para atividades a serem realizadas junto a
seus alunos. Foi montado a partir da concepção de avaliação da Rede Pitágoras que acredita em um processo no
qual o professor obtenha dados que o auxiliem na revisão de suas práticas educacionais e tornem o ensino mais
efetivo.
Os assuntos abordados são pertinentes aos conteúdos do 1° semestre. Apresenta, nas questões
objetivas, cinco (5) afirmativas. Optou-se por essa forma de trabalhar com visando aproximar os alunos dos
diversos exames vestibulares que ainda utilizam em suas provas cinco (5) opções de resposta, assim como do
ENEM. Caso prefira trabalhar apenas com quatro (4), elimine uma das alternativas. As questões estão divididas
em níveis de dificuldade e há, inclusive, questões de vestibulares seriados, cada vez mais comuns no país.
Vale destacar que há vários caminhos para o uso desse material. Espero que se configure como fonte de
pesquisa e que o ajude em seu trabalho.
Um abraço.
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QUADRO DE CONTEÚDOS
CONTEÚDOS/CAPÍTULOS QUESTÕES
Conceito de Arte / Conotação e
1, 2, 10 e 15.
Denotação: cap.5
Intertextualidade: cap.5 5, 28.
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I. QUESTÕES OBJETIVAS
QUESTÃO 01 (Descritor: Refletir sobre a arte e seus sentidos a partir da comparação de duas pinturas e da
análise das afirmativas.)
A arte é uma das formas de expressão humana. Sem um objetivo utilitário, causa prazer, choque,
rupturas. Observe as duas telas abaixo: a primeira, “O Balcão” (1869), do pintor impressionista Édouard Manet
(1832-1883); e a segunda, “Perspectiva II, O Balcão de Manet” (1950), do surrealista René Magritte (1898-1967).
A partir do conceito de arte, compare as duas imagens, analise as alternativas e assinale aquela cuja leitura é
CORRETA.
a) Ao comparar as duas imagens, considerando-se que a primeira seja bela, pode-se afirmar que essa beleza
desaparece perante a morbidez da segunda.
b) Nenhuma das duas imagens são reais. A Arte, por elas representada, é um simulacro do real, uma
representação do que o artista vê da realidade.
c) Os elementos básicos da expressão dos pintores são diferentes, de acordo com o momento histórico em que se
apresentam. Isso anula a relação entre elas.
d) O pintor René Magritte teve intenção de ofender Édouard Manet com a tela “Perspectiva II, o balcão de Manet”,
o que explica a corrupção da imagem inicial.
e) Pode-se considerar que a natureza, primeira atração estética sentida pelo homem, invalida as pinturas
apresentadas por não ser nelas retratada.
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QUESTÃO 02 (Descritor: Reconhecer os usos denotativo e conotativo das palavras nas histórias em quadrinhos.)
Nos textos, de acordo com o interesse do autor, as palavras podem ser empregadas em seus sentidos
denotativo ou conotativo. A denotação caracteriza um sentido dicionarizado, literal; já a conotação traz significados
inusitados, a palavra é empregada em sentidos criativos, figurados.
Maurício de Sousa (1935 -), criador da Turma da Mônica, trouxe ao público adolescente, em 2008, a
Turma da Mônica Jovem, com temas ligados a essa faixa etária e em formato mangá (histórias em quadrinhos
feitas em estilo japonês).
Os quadrinhos abaixo foram retirados da história “O dono do mundo – parte final” ( Turma da Mônica
Jovem, n° 14). Assinale a alternativa cujo quadrinho apresenta todas as palavras sendo empregadas em sentido
denotativo.
a) b) c)
d) e)
De acordo com o livro da Coleção Pitágoras - 1ª série, Ensino Médio, a verossimilhança é o conceito no
qual a “supra-realidade criada pelo autor precisa ser verdadeira” (p. X). Ou seja, é preciso que haja coerência
entre os elementos que compõem o texto.
Pensando nisso, leia o fragmento a seguir, retirado do livro Alice no País das Maravilhas, escrito pelo
inglês Lewis Carroll (1832-1898). Na obra, uma menina (Alice) chega a um país fantástico ao correr atrás de um
coelho, que foge através do oco de uma árvore.
Nesse mundo maravilhoso, Alice toma chá com o Chapeleiro Louco e a Lebre de Março.
“Oba, vou me divertir um pouco agora!” pensou Alice. “Que bom que tenham começado a propor
adivinhações.” E acrescentou em voz alta: ‘Acho que posso matar esta.”
“Está sugerindo que pode achar a resposta?” perguntou a Lebre de Março.
“Exatamente isso”, declarou Alice.
“Então deveria dizer o que pensa”, a Lebre de Março continuou.
“Eu digo”, Alice respondeu apressadamente: “pelo menos... pelo menos eu penso o que digo... é a mesma
coisa, não?”
“Nem de longe a mesma coisa!” disse o Chapeleiro. “Seria como dizer que ‘vejo o que como’ é a mesma
coisa que ‘como o que vejo’!”
“Ou o mesmo que dizer”, acrescentou a Lebre de Março, “que ‘aprecio o que tenho’ é a mesma coisa que
‘tenho o que aprecio’!”
4
(...)
“Dois dias de atraso!” suspirou o Chapeleiro. “Eu lhe disse que manteiga não ia fazer bem para o
maquinismo [do relógio]!” acrescentou, olhando furioso para a Lebre de Março.
(...)
“Já decifrou o enigma?”, indagou o Chapeleiro, voltando-se de novo para Alice.
“Não, desisto”, Alice respondeu. “Qual é a resposta?”
“Não tenho a menor ideia”, disse o Chapeleiro.
“Nem eu”, disse a Lebre de Março.
CARROL, Lewis. Alice – edição comentada.Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2002. p. 68-70.
I. “Dois dias de atraso!” suspirou o Chapeleiro. “Eu lhe disse que manteiga não ia fazer bem para o maquinismo
[do relógio]!” acrescentou, olhando furioso para a Lebre de Março. => O trecho é totalmente inverossímil, porque
ninguém colocaria manteiga em um relógio.
II. No final do texto, a conversa sobre o fato do Chapeleiro Louco e da Lebre de Março proporem à Alice um
enigma cuja resposta eles desconheciam não compromete a verossimilhança do texto.
III. A verossimilhança interna do non sense do texto não compromete a verossimilhança externa, visto tratar-se de
um país fantástico, “das Maravilhas”.
Está(ão) CORRETA(S):
a) apenas I e II.
b) apenas I e III.
c) apenas II e III.
d) apenas I.
e) I, II e III.
QUESTÃO 04 (Descritor: Analisar como os elementos da narrativa se apresentam no texto lido e julgar as
alternativas.)
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Levando o texto “Catalepsia” em consideração, e observando os elementos da narrativa, ANALISE as proposições
abaixo, e ASSINALE a alternativa CORRETA.
a) As personagens do conto são rasas, sem profundidade psicológica, exceto “Seo” Joaquim”, que, ao ver a viúva,
“achegou-se, temeroso, para cumprimentá-la.”.
b) Não se pode considerar que o conto tenha um espaço, visto que não há descrição do cenário onde a ação
acontece (um “vilarejo” é um termo vago).
c) O tempo na narrativa é cronológico: acontece o primeiro velório, o “defunto” volta, os anos se passam, e o
desfecho se dá quando acontece o segundo velório.
d) A intriga do enredo ocorre no início do conto, quando o narrador diz que as “más línguas” difamam “Seo” Oscar,
falando de suas “amigas”.
e) A retaliação da viúva ao “Seo” Joaquim, no final do texto, decorre do fato de que ele era companheiro de
noitadas do finado.
QUESTÃO 05 (Descritor: Reconhecer o tipo de relação dialógica/intertextual que existe entre os textos).
A intertextualidade é uma forma de recontextualização. Considere que um texto carrega marcas de outros
textos, anteriores a ele. Agora, leia “Fita Verde no Cabelo (Nova Velha História)”, conto de Guimarães Rosa,
apresenta uma relação intertextual com um conhecido conto da literatura universal.
O tipo de intertextualidade que existe entre o fragmento lido e o texto anterior (“Chapeuzinho Vermelho”) é
uma
a) citação.
b) paródia.
c) epígrafe.
d) paráfrase.
e) alusão.
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QUESTÃO 06 (Descritor: Classificar os elementos da narrativa presentes no texto lido e julgar as alternativas.)
Analise os elementos da narrativa de “Fita verde no cabelo (nova velha história”), observe as alternativas e
assinale a CORRETA.
a) narrador: personagem.
b) protagonistas: caçadores.
c) tempo: atemporal.
d) espaço: indefinido.
e) enredo: difícil ida da menina à casa da avó.
QUESTÃO 07 (Descritor: Reconhecer a discussão que os textos propõem acerca de sua própria produção.)
TEXTO I
“Se souberas falar também falaras,
também satirizaras, se souberas,
e se foras poeta, poetaras.
(...)
Permiti, minha formosa,
que esta prosa envolta em verso
de um Poeta tão perverso
se consagre a vosso pé,
pois rendido à vossa fé
sou já Poeta converso.”
Fragmento de MATOS, Gregório. In AMADO, James (ed.). Gregório de Matos: obra poética.
3ª ed. Preparação e notas de Emanuel Araújo . Rio de Janeiro: Record, 1992.
TEXTO II
“Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha e teima, e lima , e sofre, e sua!”
Fragmento de BILAC, Olavo. A um poeta. In www.jornaldepoesia.jor.br
TEXTO III
Na folha de caderno
Queria te dizer coisas singelas e verdadeiras
Mas as palavras me embaraçam.
Estou triste, meu amor, mas lembre-se de mim com alegria.
Cacaso, In Poesia Marginal. Col. Para gostar de ler, 39. São Paulo: Ática, 2006. p.29.
Perceba como, nos três textos lidos, os autores fazem uso da linguagem para defini-la, discuti-la,
descrevê-la... Ou seja, a linguagem “fala” da própria linguagem. Essa característica é chamada de
a) Intertextualidade
b) Denotação
c) Metáfora
d) Epígrafe
e) Metalinguagem
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As questões 08 e 09 referem-se ao texto a seguir. Leia-o com atenção.
44 – Acusações, sentinelas,
bacamarte, algema, escolta;
– o olho ardente da perfídia,
a velar, na noite morta;
– a umidade dos presídios,
– a solidão pavorosa;
– duro ferro de perguntas,
com sangue em cada resposta;
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– e a sentença que caminha,
– e a esperança que não volta,
– e o coração que vacila,
– e o castigo que galopa...
(MEIRELES, Cecília. Os melhores poemas de Cecília Meireles /seleção Maria Fernanda. 11. ed. São Paulo:
Global, 1999, p. 143-146).
GLOSSÁRIO:
quedar: ficar, deter-se, conservar-se.
retorta: vaso de vidro ou de louça com o gargal
o recurvo, voltado para baixo e apropriado para
operações químicas.
tênue: delgado, fino.
galhofa: gracejo, risada.
bacamarte: arma de fogo.
perfídia: deslealdade, traição.
aragem: vento brando, brisa.
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QUESTÃO 08 (Descritor: Interpretar o texto e reconhecer a discussão que a palavra propõe acerca de si mesma.)
No poema, há uma relação entre a potência das palavras e um movimento de rebelião política
ocorrido, no Brasil, no final do século XVIII. Essa relação aparece de forma mais evidente no
seguinte verso:
QUESTÃO 11 (Descritor: Identificar os diferentes usos da palavra, em seus sentidos denotativo e conotativo.)
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Nível de dificuldade: fácil.
Assunto: conotação e denotação.
Assinale a alternativa que contém a palavra que, no texto, é empregada pelo autor com dois
significados diferentes.
a) Amor.
b) Ciúme.
c) Literatura.
d) Sentimento.
e) Natureza.
QUESTÃO 12 (Descritor: Interpretar o texto a partir do conhecimento dos elementos da poesia épica.)
TEXTO I TEXTO II
Cessem do sábio Grego e do Troiano Pois bem sabes que o mundo o que mais ama
As navegações grandes que fizeram; É do Parnaso a lisonjeira gala,
Cale-se de Alexandro e de Trajano E que ao mais rude coração inflama
A fama das vitórias que tiveram; A verdade, se em verso meiga fala.
Que eu canto o peito ilustre Lusitano, Tal a criança enferma ao cálix chama
A quem Neptuno e Marte obedeceram: Doce licor, que foi para enganá-la
Cesse tudo o que a Musa antígua canta, Nas bordas posto, e, enquanto o amargo bebe,
Que outro valor mais alto se alevanta. No próprio engano sua vida recebe.”
TEXTO I: CAMÕES, Luiz Vaz de. “Canto I”. In Os Lusíadas. São Paulo: Cultrix, s/d. p. 21.
TEXTO II: TASSO, Torquato. “Canto I”. In Jerusalém Libertada. Rio de Janeiro: Topbooks, 1998. p. 113
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Sobre os fragmentos dos poemas épicos acima destacadas, considerando forma e conteúdo, assinale a
alternativa INCORRETA.
a) onomatopeia.
b) antítese.
c) pleonasmo.
d) sinestesia.
e) ironia.
Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
– não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.
MEIRELES, Cecília. Os melhores poemas de Cecília Meireles. 11. ed. São Paulo: Global, 1999,
p. 11.
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QUESTÃO 14 (Descritor: Aplicar os conceitos referentes ao estudo da linguagem dos elementos poéticos
no texto lido.)
Nível de dificuldade: fácil.
Assunto: figuras de estilo, rimas, e metrificação.
Considerando a terceira estrofe do poema, identifique com V a(s) afirmativa(s) verdadeira(s) e com F,
a(s) falsa(s):
A sequência correta é:
QUESTÃO 16 (Descritor: Reconhecer a figura de linguagem construída a partir da união entre texto e
imagem.)
Nível de dificuldade: difícil.
Assunto: figuras de estilo.
1. 2. 3.
FONTES:
1. http://static.blogstorage.hi-pi.com/photos/bazileu.spaceblog.com.br/images/gd/1258547786/O-
uso-da-presopopeia.jpg - acesso em 9/12/2009.
2. http://trailclubemoc.files.wordpress.com/2007/05/propaganda-quatro-rodas-ho.jpg - acesso em
9/12/2009.
3. http://passecerto.files.wordpress.com/2008/11/propaganda.jpg - acesso em 9/12/2009.
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Um anúncio se compõe de texto e imagem. Os anúncios que você leu trazem figuras de estilo em seus
slogans, cujo significado se complementa pelas imagens. Assinale a alternativa que apresenta a
classificação dessas figuras na sequência CORRETA.
( ) “Ora, disse cá comigo, está ali uma colocação que não terá muitos concorrentes; se eu capiscasse
quatro palavras, ia apresentar-me. Saí do café e andei pelas ruas, sempre imaginar-me professor de
javanês, ganhando dinheiro, andando de bonde e sem encontros desagradáveis com os "cadáveres".
Insensivelmente dirigi-me à Biblioteca Nacional. Não sabia bem que livro iria pedir, mas entrei, entreguei o
chapéu ao porteiro, recebi a senha e subi.” (fragmento de “O homem que sabia javanês”, de Lima Barreto.
a) D, L, N.
b) D, N, L.
c) N, L, D.
d) L, L, N.
e) D, N, N.
Os dois textos a seguir foram compostos por importantes artistas brasileiros. O texto I, por Tom
Jobim (1927-1994) e Vinicius de Morais (1913-1980); o texto II, apenas por Vinicius de Morais. Leia-os com
atenção.
TEXTO I
TEXTO II
Soneto de Fidelidade
Vinicius de Moraies
II. Os versos do soneto são decassílabos, mas não existe essa medida em nenhum dos versos da canção,
visto que são versos livres.
III. Enquanto “Eu sei que vou te amar” tem forma livre, o “Soneto da Fidelidade” apresenta forma fixa, com
dois quartetos e dois tercetos.
Está(ão) correta(s):
a) apenas I e II.
b) apenas I e III.
c) apenas II e III.
d) apenas I.
e) I, II e III.
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QUESTÃO 19 (Descritor: Perceber marcas de lirismo em uma canção contemporânea.)
Nível de dificuldade: médio.
Assunto: lirismo.
Pode-se entender o lirismo como o caráter subjetivo da arte em geral. Ou seja, não é uma
característica exclusiva da poesia: qualquer manifestação artística pode apresentar lirismo.
A canção a seguir, composta por Renato Russo (1960-1996), na época integrante da banda Legião
Urbana, apresenta marcas de lirismo e elementos românticos.
Dezesseis
Renato Russo
João Roberto era o maioral
O nosso Johnny era um cara legal
Ele tinha um Opala metálico azul
Era o rei dos pegas na Asa Sul
E em todo lugar
Quando ele pegava no violão
Conquistava as meninas
E quem mais quisesse ter
Sabia tudo da Janis
Do Led Zeppelin, dos Beatles e dos Rolling Stones
Mas de uns tempos prá cá
Meio que sem querer
Alguma coisa aconteceu
Johnny andava meio quieto demais
Só que quase ninguém percebeu
Johnny estava com um sorriso estranho
Quando marcou um super pega no fim de semana
Não vai ser no CASEB
Nem no Lago Norte, nem na UnB
As máquinas prontas
Um ronco de motor
A cidade inteira se movimentou
E Johnny disse:
"- Eu vou prá curva do Diabo em Sobradinho, e vocês ?"
E os motores saíram ligados a mil
Prá estrada da morte o maior pega que existiu
Só deu para ouvir, foi aquela explosão
E os pedaços do Opala azul de Johnny pelo chão
No dia seguinte, falou o diretor:
"- O aluno João Roberto não está mais entre nós
Ele só tinha dezesseis.
Que isso sirva de aviso prá vocês".
E na saída da aula, foi estranho e bonito
Todo o mundo cantando baixinho:
Strawberry Fields Forever
Strawberry Fields Forever
E até hoje, quem se lembra
Diz que não foi o caminhão
Nem a curva fatal
E nem a explosão
Johnny era fera demais
Prá vacilar assim
E o que dizem é que foi tudo
Por causa de um coração partido
Um coração (5x)
Bye, bye bye Johnny
Johnny, bye, bye
Bye, bye Johnny.
http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/27/ Acesso em 27/12/09
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Leia as alternativas a seguir e assinale a CORRETA.
a) A canção apresenta uma narrativa. Sendo pertencente, pois, a este gênero, exprime objetividade.
b) A voz narrativa do texto apresenta a personagem ora de forma idealizada, ora como um garoto comum.
c) “E o que dizem é que foi tudo / Por causa de um coração partido”. Estes versos explicitam o lirismo na
canção.
d) As palavras do diretor são sentimentais e subjetivas. Portanto, no trecho referente a ele há lirismo.
e) O movimento dos alunos à saída da escola, cantando “Strawberry Fields Forever”, é um comportamento
racional.
Rotina
Carlos levantou-se, escovou os dentes, fez a barba, vestiu seu velho e amarrotado macacão de
todos os dias. O dono do posto em que trabalhava o advertiu pelo atraso como fizera desde que o havia
empregado. Só restou a Carlos sorrir um sorriso amarelo. O chefe nunca ligara para sua vida medíocre. Dia
de pagamento, recebeu o que lhe garantia a sua miséria.
O tempo passou. O olhar de Carlos estava diferente: chegou ao trabalho sem escovar os dentes,
não sorriu, não recebeu salário, pegou um fósforo e explodiu o quarteirão. Desde pequeno gostava de fogos
de artifício, sempre quis ver algo grande.
TRUZZI, Flávio Sales. “Rotina”. In Expresso 600. Edson Rossato (org.) São Paulo: Andross, 2006. p. 85.
A partir da leitura do texto, a análise dos elementos da narrativa está certa, EXCETO em
QUESTÃO 21 (Descritor: Perceber que características de outros momentos artísticos, como o medieval,
estão presentes em composições da atualidade.)
Nível de dificuldade: fácil.
Assunto: cantigas lírico-amorosas – características em canções contemporâneas.
Tanto as cantigas de amor quanto as de amigo são lírico-amorosas. Porém, divergem bastante uma
da outra. Enquanto as de amor apresentam uma voz masculina que sofre muito, clamando por uma mulher
inatingível, as de amigo apresentam outros ambientes, estruturas e intenções. Leia essa cantiga de amigo.
TEXTO I
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Por que mentiu o perjurado?
ai madre, moiro d'amor!
Agora, procure perceber, na leitura da canção “Esse Cara”, de Caetano Veloso, a presença de
algumas características das cantigas de amigo.
TEXTO II
Esse Cara
Caetano Veloso
Ah! Que esse cara tem me consumido
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido
Ele está na minha vida porque quer
Eu estou pra o que der e vier
Ele chega ao anoitecer
Quando vem a madrugada ele some
Ele é quem quer
Ele é o homem
Eu sou apenas uma mulher
http://letras.terra.com.br/caetano-veloso/144566/ - Acesso em 30 de novembro.
Assinale a alternativa cuja relação entre os elementos das cantigas de amigo e da canção
contemporânea “Esse Cara” está correta.
QUESTÃO 22 (Descritor: Interpretar o texto e reconhecer os elementos que compõem o gênero dramático.)
Nível de dificuldade: média.
Assunto: gênero dramático.
O gênero dramático congrega textos escritos para o teatro. Diferente do texto narrativo, que por
vezes precisa de um movimento silencioso, o texto dramático se concretiza na encenação.
José de Alencar (1829-1877), importante autor romântico do século XIX, conhecido principalmente
por seus romances, escreveu vários textos teatrais. Um deles chama-se “As asas de um anjo” (1858), cujo
trecho você lerá a seguir.
CENA II
“Margarida e Antônio
Margarida – Não sei o que tem a nossa filha! Às vezes anda tão distraída...
Antônio – Quantos dias são hoje do mês, Margarida?
Margarida – Pois não sabes? Vinte e seis.
Antônio (contando pelos dedos) – Diabo! Ainda faltam quatro dias para acabar! Precisava receber uns
cobres que tenho na mão do mestre e só no fim da semana... Que maçada!
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Margarida – Não te agonies, homem! O dinheiro que deste ainda não se acabou; e hoje mesmo aquela
moça deve vir buscar os vestidos que mandou fazer por Carolina.
Antônio – Quanto ela tem de dar?
Margarida – Três vestidos a cinco mil-réis... Faz a conta.
Antônio – Quinze mil-réis, não é?
Margarida – Quinze justos. Já vês que não nos faltará dinheiro; podes dormir descansado que amanhã
terás o teu vinho ao almoço.
Antônio – Ora Deus! Quem te fala agora em vinho? Não é para ti, nem para mim, que preciso de dinheiro.
(Margarida acende a vela com fósforos)
Margarida – Para quem é então, homem?
Antônio – Para Carolina.
Margarida – Ah! Queres fazer-lhe um presente?
Antônio – Tens ideias! Não!... Sim!... (Rindo) É um presente que ela há de estimar.
Margarida – Não; sim... Explica-te, se queres que te entenda.
Antônio – Lá vai. Há muitos dias que ando para te falar nisto; mas gosto de negócio dito e feito. Estive a
esperar o fim do mês pela razão que sabes, do dinheiro; e o fim do mês sem chegar. Enfim hoje, já que
tocamos no ponto, vou contar-te tudo.
(Chega-se à porta da esquerda)”
ALENCAR, José de. As Asas de um Anjo. NEAD – NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - Universidade
da Amazônia. www.nead.unama.br, p. 3
a) Marcas de autoria são explícitas no texto pela existência de rubricas (Ex.: Chega-se à porta da
esquerda).
b) As rubricas são marcações críticas do narrador observador (Ex.: “Rindo”).
c) Visto que é um texto feito para ser encenado, fica incompreensível quando lido.
d) Pelo diálogo, percebe-se que a família apresentada não se preocupa com dinheiro.
e) Os cenários e os figurinos utilizados na peça são ricos, garantindo coerência com o texto.
As figuras de estilo são mecanismos utilizados pelo autor para trazer novos efeitos de sentido ao
texto.
Nesta atividade, a primeira coluna apresenta fragmentos de textos. A segunda enumera figuras de
estilo. Observe.
COLUNA I
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COLUNA II
1) assonância
2) antítese
3) prosopopeia
4) onomatopeia
5) hipérbole
6) aliteração
Relacionando as colunas I e II, assinale a alternativa que apresenta figuras presentes nas estrofes
destacadas. ATENÇÃO: os números das figuras são colocados aleatoriamente nas alternativas, não
precisando corresponder à ordem das estrofes.
a) 1, 3, 5, 6.
b) 1, 2, 5, 6.
c) 1, 3, 4, 6.
d) 2, 3, 4, 5.
e) 2, 4, 5, 6.
“Um dia lhe aveo que a ventura o levou para ante uu castelo, u havia uu torneo forte e maravilhoso;
e havia i gram gente da ua parte e da outra, e dos da Mesa Redonda havia i muitos, uus que ajudavam os
de dentro e outros os de fora, e nom se conheciam, polas armas que haviam cambadas. Mais aquela hora
que veio i Galaaz, eram os de dentro tam desbaratados, que nom atendiam se morte nom. E Tristam, que a
ventura adussera aaquel torneo e que ajudava os de dentro, sofrera já e tanto que tinha já mui grandes
chagas, ca todolos de fora estavam sobre ele pólo prenderem, porque viram que era melhor cavaleiro que
nehuu dos outros; e nom havia i tal dos outros que lhe tanto mal fezesse como Galvam e Estor, que eram
da outra parte e nom no conheciam, e pero el se defendiam tam vivamente, que todos os que o viam eram
maravilhados. Galaaz estava já muito preto da porta, e viu ante si uu cavaleiro mal chagado, que saia do
torneo e ia fazendo tam gram doo:
– Por quê? Disse el: pólo milhor cavaleiro do mundo, que vejo morrer por grã maa-ventura, cá todo
mundo é contra el, assi como veedes, e ainda non quer leixar o torneo.
– E qual é? Disse Galaaz.
E el lho mostrou.
– Par Deus, disse Galaaz, verdadeiramente el é mui boõ cavaleiro. Assi Deus nos salve, dizede-me
como há nome.
– Senhor, disse el, há nome dom Tristam.
– No nome de Deus, disse Galaaz, eu os conhosco mui bem. Ora me terram por mal, se o no fosse
ajudar.”
MASSAUD, Moisés. A literatura portuguesa através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1994. p.39.
As novelas de cavalaria são histórias sobre os atos heróicos dos cavaleiros. Sendo textos em prosa,
durante a Idade Média circularam na modalidade oral
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II. QUESTÕES DISCURSIVAS
QUESTÃO 25 (Descritor: recontar o fragmento lido e apontar um elemento importante desse fragmento no
contexto geral do conteúdo.)
Nível de dificuldade: médio.
Assunto: Novelas de cavalaria.
Reconte a cena destacada no texto, e explique que importância ela tem em uma novela de
cavalaria.
QUESTÃO 26 (Descritor: Interpretar o texto vicentino em seu dinamismo e inferir os itens solicitados nas
questões.)
Nível de dificuldade: difícil.
Assunto: teatro de Gil Vicente.
Em O Auto da Barca do Inferno (1517), o dramaturgo Gil Vicente (1465?-1536?) critica, a partir de
personagens alegóricas, comportamentos de homens pertencentes aos mais diversos segmentos sociais.
No momento do juízo final, um anjo e um demônio estão em duas barcas, uma do céu e outra do inferno, e
julgam os atos terrenos dos indivíduos que a eles chegam, encaminhando-os para seus destinos.
Como não eram usados figurinos na época, as personagens carregavam objetos representativos de
sua vida terrena, as insígnias. Leia alguns trechos do auto.
“Vem um Sapateiro com seu avental e carregado de formas, e chega ao batel infernal, e diz:
Sapateiro — Hou da barca!
Diabo — Quem vem i?
Santo sapateiro honrado,
como vens tão carregado?...
Sapateiro — Mandaram-me vir assim...
E para onde é a viagem?
Diabo — Para o lago dos danados.
Sapateiro — Os que morrem confessados
onde têm sua passagem?
Diabo — Nom cures de mais linguagem!
Esta é a tua barca, esta!
Sapateiro — Renegaria eu da festa
e da puta da barcagem!
Como poderá isso ser,
confessado e comungado?!...
Diabo — Tu morreste excomungado:
Nom o quiseste dizer.
Esperavas de viver,
21
calaste dous mil enganos...
Tu roubaste bem trint'anos
o povo com teu mester.
Embarca, era má para ti,
que há já muito que t'espero!”
VICENTE, Gil. Auto da Barca do Inferno. NEAD – NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA - Universidade
da Amazônia. www.nead.unama.br, p. 3-4; 7-8; 11.
Sobre os três personagens destacados, escreva: quem eram, quais as suas insígnias e os motivos
de suas condenações.
QUESTÃO 27 (Descritor: Analisar os elementos do gênero dramático utilizados por Gil Vicente no texto e
discuti-los.)
Nível de dificuldade: difícil.
Assunto: teatro de Gil Vicente.
Gil Vicente privilegiava uma determinada medida de verso em sua obra. Que medida era essa?
Social e culturalmente falando, por que ele a usava?
A “Canção do Exílio”, poema de Gonçalves Dias, é um dos textos mais revisitados da literatura
brasileira.
Canção do Exílio
Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossas flores têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
22
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar - sozinho, à noite -
Mais prazer encontro eu lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
23
QUESTÃO 29 (Descritor: Refletir sobre essa diferente ocorrência da metalinguagem, e comprová-la a partir
de recursos do próprio poema.)
Nível de dificuldade: difícil.
Assunto: metalinguagem.
O NOSSO LIVRO
ESPANCA, Florbela. Poesia de Florbela Espanca. V.2. Porto Alegre: L&PM Pocket, 2002. p.18.
Nesse poema de Florbela Espanca (1894-1930), poeta portuguesa do início do século XX, a
metalinguagem é empregada pelo eu lírico não mais para discutir a produção textual em si, mas para trazer
o leitor para dentro do texto. Utilizando fragmentos do poema, comprove a afirmação sobre esse diferente
uso metalinguístico.
QUESTÃO 30 (Descritor: Refletir, a partir de elementos teóricos acerca dos estilos individuais e de época,
sobre como estes elementos se aplicam ao texto utilizado como exemplo.)
Nível de dificuldade: difícil.
Assunto: estilo individual e estilo de época.
“AO VERME QUE PRIMEIRO ROEU AS FRIAS CARNES DO MEU CADÁVER, DEDICO COM
SAUDOSA LEMBRANÇA ESTAS MEMÓRIAS PÓSTUMAS”
O estilo de época realista apresenta objetividade, contemporaneidade, descrição. O que há, nesse
breve exemplo, que marca o estilo individual de Machado de Assis?
24
QUESTÃO 31 (Descritor: Comparar um texto contemporâneo às cantigas medievais, identificá-lo frente à
tipologia das ditas cantigas e comprovar seu raciocínio com elementos do texto.)
Nível de dificuldade: média.
Assunto: cantigas satíricas.
A canção “Geni e o Zepelim” (1977), de Chico Buarque (1944-), é uma canção contemporânea.
Porém, ainda apresenta elementos de um determinado tipo de cantiga medieval. Leia o texto com atenção.
Geni E O Zepelim
Composição: Chico Buarque
Considerando o enunciado anterior ao texto, identifique de que tipo de cantiga medieval o texto se
aproxima, e justifique sua resposta com elementos da canção.
Fernão Lopes (1380?-1459?) foi o responsável pela crônica histórica em Portugal, no século XV).
Pouco restou de sua obra, mas certamente o texto mais conhecido foi a Crónica de Rei D. Pedro I, na qual o
autor conta o episódio de Inês de Castro, a rainha coroada depois de morta. Leia o fragmento no qual é
relatada a transferência dos ossos de Inês para o mosteiro Dalcobaça.
CRÓNICA DE D. PEDRO I
Como foi trelladada Dona Ines pera o moesteiro Dalcobaça, e da morte delRei Dom Pedro
“Por que semelhante amor, qual elRei Dom Pedro ouve a Dona Enes, raramente he achado em alguuma pessoa,
porem disserom os antiigos quc nenhuum he tam verdadeiramente achado, como aquel cuja morte nom tira da memoria
o gramde espaço do tempo. E se alguum disser que muitos forom ja que tanto e mais que el amarom, assi como Adriana
e Dido, e outras que nom nomeamos, segumdo se lee em suas epistolas, respomdesse que nom fallamos em amores
compostos, os quaaes alguuns autores abastados de eloquemcia, e floreçentes em bem ditar, hordenarom segumdo lhes
prougue, dizemdo em nome de taaes pessoas, razoões que numca nenhuuma dellas cuidou; mas fallamos daquelles
25
amores que se contam e leem nas estorias, que seu fumdamento teem sobre verdade. Este verdadeiro amor ouve elRei
Dom Pedro a Dona Enes como se della namorou, seemdo casado e aimda Iffamte, de guisa que pero dela no começo
perdesse vista e falla, seemdo alomgado, como ouvistes, que he o prinçipal aazo de se perder o amor, numca çessava de
lhe emviar recados, como em seu logar teemdes ouvido. Quanto depois trabalhou polla aver, e o que fez por sua morte,
e quaaes justiças naquelles que em ella forom culpados, himdo contra seu juramento, bem he testimunho do que nos
dizemos. E seemdo nembrado de homrrar seus ossos, pois lhe ja mais fazer nom podia, mandou fazer huum muimento
dalva pedra, todo mui sotillmente obrado, poemdo emlevada sobre a campãa de çima a imagem della com coroa na
cabeça, como se fora Rainha; e este muimento mandou poer no moesteiro Dalcobaça, nom aa emtrada hu jazem os Reis,
mas demtro na egreja ha maão dereita, açerca da capella moor.”
http://alfarrabio.di.uminho.pt/vercial/lopes.htm#pedro - Acesso em 20/12/2009.
A partir de sua leitura do texto, justifique a seguinte afirmação: Fernão Lopes, embora fosse fiel aos
acontecimentos da época, escrevia com estilo. Além disso, dava voz ao povo. Atenção: utilize elementos do
texto que comprovem sua resposta.
Com intenção moralizadora, o uso de alegorias* nos autos faz com que a audiência (no século XV
poucas pessoas eram alfabetizadas) perceba a crítica exposta e se identifique (ou não) com essa crítica. Os
personagens alegóricos são coletivos, simbólicos, cumprindo sua função social. Leia um fragmento do Auto
da Lusitânia, de Gil Vicente.
*Alegoria: simbolismo que abrange o conjunto de uma obra, num processo em que o acordo entre os
elementos do plano concreto e os do plano abstrato se dá traço a traço.
Auto da Lusitânia
Entra Todo o Mundo, rico mercador, e faz que anda buscando alguma cousa que perdeu; e logo
após, um homem, vestido como pobre. Este se chama Ninguém e diz:
26
Todo o Mundo ser louvado,
e Ninguém ser repreendido.
Ninguém: Buscas mais, amigo meu?
Todo o Mundo: Busco a vida a quem ma dê.
Ninguém: A vida não sei que é,
a morte conheço eu.
Belzebu: Escreve lá outra sorte.
Dinato: Que sorte?
Belzebu: Muito garrida:
Todo o Mundo busca a vida
e Ninguém conhece a morte.
Todo o Mundo: E mais queria o paraíso,
sem mo Ninguém estorvar.
Ninguém: E eu ponho-me a pagar
quanto devo para isso.
Belzebu: Escreve com muito aviso.
Dinato: Que escreverei?
Belzebu: Escreve
que Todo o Mundo quer paraíso
e Ninguém paga o que deve.
Todo o Mundo: Folgo muito d'enganar,
e mentir nasceu comigo.
Ninguém: Eu sempre verdade digo
sem nunca me desviar.
Belzebu: Ora escreve lá, compadre,
não sejas tu preguiçoso.
Dinato: Quê?
Belzebu: Que Todo o Mundo é mentiroso,
E Ninguém diz a verdade.
Ninguém: Que mais buscas?
Todo o Mundo: Lisonjear.
Ninguém: Eu sou todo desengano.
Belzebu: Escreve, ande lá, mano.
Dinato: Que me mandas assentar?
Belzebu: Põe aí mui declarado,
não te fique no tinteiro:
Todo o Mundo é lisonjeiro,
e Ninguém desenganado.
QUESTÃO 33 (Descritor: Perceber o símbolo representado pelas personagens do auto e explicar o trabalho
linguístico realizado pelo autor para construí-las.).
Nível de dificuldade: difícil.
Assunto: teatro vicentino.
EXPLIQUE como Gil Vicente constrói sua crítica com as personagens alegóricas Todo o Mundo e
Ninguém.
QUESTÃO 34 (Descritor: Comparar a situação atual com aquela descrita por Gil Vicente, concluir sua
análise e justificá-la a partir de fragmentos do texto.)
Nível de dificuldade: médio.
Assunto: teatro vicentino.
Retome o texto “Auto da Lusitânia” e responda: cerca de 500 anos depois, as críticas de Gil Vicente
permanecem atuais? Justifique sua resposta com fragmentos do texto.
QUESTÃO 35 (Descritor: Reconhecer os elementos que constituem a linguagem de um texto como prosa
poética.)
Nível de dificuldade: médio.
27
Assunto: prosa poética.
Iracema, a lenda do Ceará (1865), obra escrita por José de Alencar (1829-1877), embora seja um
texto em prosa, traz uma linguagem carregada de elementos da poesia. A essa linguagem dá-se o nome de
“prosa-poética”. Leia o início do romance.
1
“Verdes mares bravios de minha terra natal, onde canta a jandaia nas frondes da carnaúba;
Verdes mares que brilhais como líquida esmeralda aos raios do Sol nascente, perlongando as alvas
praias ensombradas de coqueiros.
Serenai verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso
resvale à flor das águas.
Onde vai a afouta jangada, que deixa rápida a costa cearense, aberta ao fresco terral a grande
vela?
Onde vai como branca alcíone buscando o rochedo pátrio nas solidões do oceano?
Três entes respiram sobre o frágil lenho que vai singrando veloce, mar em fora; um jovem guerreiro
cuja tez branca não cora o sangue americano; uma criança e um rafeiro que viram a luz no berço das
florestas, e brincam irmãos, filhos ambos da mesma terra selvagem.”
ALENCAR, José de. Iracema. MINISTÉRIO DA CULTURA – Fundação Biblioteca Nacional, Departamento
Nacional do Livro. (p.4)
EXPLIQUE o que faz o texto de Iracema ser classificado como prosa poética. Justifique sua
resposta com um fragmento do trecho destacado.
QUESTÃO 36 (Descritor: Comparar textos de momentos estéticos diversos, mas próximos, e perceber
semelhanças e diferenças.)
Nível de dificuldade: difícil.
Assunto: Cantiga de amor X Poesia palaciana.
28
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tam tristes os tristes,
tam fora d'esperar bem,
que nunca tam tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.
Por serem produzidas em momentos históricos diferentes, embora próximos, as cantigas de amor
trovadorescas e as poesias palacianas humanistas apresentam tanto elementos em comum quanto
divergentes. Analise os textos e destaque um elemento que seja comum a ambas, outro que as diferencie, e
comprove suas respostas com fragmentos dos poemas.
QUESTÃO 37 (Descritor: Demonstrar a presença do lirismo em outro tipo de texto – no caso, a carta.)
Nível de dificuldade: fácil.
Assunto: lirismo.
Muitas vezes, quando se fala em “lirismo”, poemas cheios de emoção vêm à mente do leitor. Porém,
há lirismo em outros tipos de textos. Leia o fragmento a seguir, de uma carta que o músico Ludwig van
Beethoven (1770-1827) escreveu a sua “amada imortal” (Beethoven, por vezes, se refere a ela dessa
forma).
“6 de julho, de manhã
Meu anjo! Meu tudo! Meu eu!
Só algumas palavras por hoje, e as escrevo a lápis (que é teu). Meus aposentos só amanhã estarão
em ordem. Que maçante perda de tempo! Por que tanta tristeza, quando a necessidade fala? O nosso amor
pode existir sem sacrifícios, sem exigir tudo. Podes mudar o fato de não seres toda minha nem eu todo teu?
Ah, meu Deus! Contempla, meu anjo, as belezas da natureza e conforta teu ânimo com aquilo que nos
cabe. O amor quer tudo, e com todo o direito, assim é comigo em relação a ti e contigo com relação a mim;
só que tu esqueces facilmente que tenho de viver para mim e para ti. Se fôssemos um só, nenhum sentiria
tamanha dor.”
BEETHOVEN, Ludwig van. “6 de julho, de manhã”. In Para sempre – cinquenta cartas de amor de todos os
tempos. São Paulo: Globo, 2009. p. 51.
Demonstre, baseando-se em trechos da carta, por que esta se trata de um texto rico em lirismo.
QUESTÃO 38 (Descritor: Analisar o texto contemporâneo, nele reconhecer elementos da poesia épica e
comprovar os resultados de sua análise com fragmentos do próprio texto.)
Nível de dificuldade: difícil.
Assunto: poesia épica
Faroeste Caboclo
Renato Russo
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo Agora o Santo Cristo era bandido
Era o que todos diziam quando ele se perdeu Destemido e temido no Distrito Federal
Deixou pra trás todo o marasmo da fazenda Não tinha nenhum medo de polícia
Só pra sentir no seu sangue o ódio que Jesus lhe Capitão ou traficante, playboy ou general
deu
Foi quando conheceu uma menina
Quando criança só pensava em ser bandido E de todos os seus pecados ele se arrependeu
Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai Maria Lúcia era uma menina linda
morreu E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu
Era o terror da sertania onde morava
E na escola até o professor com ele aprendeu Ele dizia que queria se casar
E carpinteiro ele voltou a ser
(...) "Maria Lúcia pra sempre vou te amar
E um filho com você eu quero ter"
29
Um homem que atirava pelas costas
(...) E acertou o Santo Cristo, começou a sorrir
http://letras.terra.com.br/legiao-urbana/22492/
Acesso em 30 de novembro de 2009.
O texto épico, em linhas gerais, traz sempre um herói e conta as histórias de um povo (pense em
Vasco da Gama, em Os Lusíadas, e em Ulisses, na Odisséia, e nas aventuras de portugueses e gregos
narradas nas respectivas obras). Nos fragmentos destacados da canção “Faroeste Caboclo”, de Renato
Russo, há elementos da poesia épica. Destaque esses elementos e comprove-os com trechos da canção.
TEXTO I
Hino Nacional
Francisco Manuel da Silva / Joaquim Osório Duque Estrada
http://letras.terra.com.br/hinos/46368/
Acesso em 30 de novembro de 2009.
30
TEXTO II
Pra não dizer que não falei das flores
Geraldo Vandré
“Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção...
TEXTO III
500 anos
Racionais Mc’s
O “Hino Nacional”, de Joaquim Osório Duque Estrada (1870-1927), é de 1831; “Pra não dizer que
não falei das flores”, de Geraldo Vandré (1935 - ), é de 1968; por fim, o rap “500 anos”, do grupo Racionais
Mc’s, é de 2002. O leitor percebe a questão cronológica na diferença da linguagem entre um texto e outro.
Porém, mais importante que isso é a diferença entre os valores sociais e humanos veiculados em cada
canção.
Escreva sobre essa diferença de valores entre as canções. O ponto de partida é pensar no
momento histórico em que cada uma delas foi veiculada.
Todo enunciado (um texto escrito, por exemplo) possui um enunciador. O enunciador é o elemento
que declara o enunciado. Em um texto narrativo, pode-se afirmar que o enunciado seja a própria narrativa,
enquanto o enunciador se configura como o narrador.
Pensando nos conceitos de enunciado e enunciador, leia o texto a seguir.
“(...) O copeiro trouxe o café. Ergui-me, guardei o livro, e fui para a mesa onde ficara a xícara. Já a
casa estava em rumores; era tempo de acabar comigo. A mão tremeu-me ao abrir o papel em que trazia a
31
droga embrulhada. Ainda assim tive ânimo de despejar a substância na xícara, e comecei a mexer o café,
os olhos vagos, a memória em Desdêmona inocente; o espetáculo da véspera vinha intrometer-se na
realidade da manhã. Mas a fotografia de Escobar deu-me o ânimo que me ia faltando; lá estava ele, com
mão nas costas da cadeira, a olhar ao longe...
– Acabemos com isto, pensei.
Quando ia beber, cogitei se não seria melhor esperar que Capitu e o filho saíssem para a missa;
beberia depois; era melhor. Assim disposto, entrei a passear no gabinete. Ouvi a voz de Ezequiel no
corredor, vi-o entrar e correr a mim bradando:
– Papai, papai!
Leitor, houve aqui um gesto que eu não descrevo por havê-lo inteiramente esquecido, mas crê que
foi belo e trágico. Efetivamente, a figura do pequeno fez-me recuar até dar de costas na estante. Ezequiel
abraçou-me os joelhos, esticou-se na ponta dos pés, como querendo subir e dar-me o beijo do costume; e
repetia, puxando-me:
– Papai! Papai!”
(ASSIS, Machado de. “A xícara de café”. In: Dom Casmurro. São Paulo: Ática, 1999, p. 172-3.
32
GABARITO DAS QUESTÕES OBJETIVAS
QUESTÃO 01 B QUESTÃO 13 B
QUESTÃO 02 D QUESTÃO 14 E
QUESTÃO 03 C QUESTÃO 15 B
QUESTÃO 04 C QUESTÃO 16 C
QUESTÃO 05 B QUESTÃO 17 A
QUESTÃO 06 D QUESTÃO 18 B
QUESTÃO 07 E QUESTÃO 19 C
QUESTÃO 08 D QUESTÃO 20 D
QUESTÃO 09 E QUESTÃO 21 A
QUESTÃO 10 B QUESTÃO 22 A
QUESTÃO 11 E QUESTÃO 23 A
QUESTÃO 12 D QUESTÃO 24 B
QUESTÃO 25
Acontecia um torneio do qual dois grupos de cavaleiros participavam, sendo muitos da Távola
Redonda. Chamava a atenção um rapaz que lutava com grande destreza e coragem.
Era grande a movimentação quando chega Galaaz, um cavaleiro muito importante. Chama a
atenção deste em rapaz ferido, com quem conversa e descobre ser Tristão, um famoso cavaleiro a quem
promete ajuda.
A cena destaca a importância da figura do cavaleiro, herói das novelas de cavalaria e dotado das
maiores qualidades: coragem, nobreza, honra, lealdade. É respeitado e admirado.
QUESTÃO 26
O primeiro personagem era o Fidalgo. Suas insígnias eram o manto e uma cadeira (comumente usados
pelos nobres da época, já que não havia assentos em lugares públicos. Fora condenado por ser orgulhoso e
desprezar os mais pobres. Em segundo lugar está o Sapateiro. Este carregava um avental e formas de
fazer sapatos, e fora condenado por roubar os outros com seu trabalho. Por fim, a terceira personagem era
Brísida Vaz, alcoviteira e feiticeira, que carregava um caldeirão e seiscentos hímens postiços.
QUESTÃO 27
Gil Vicente escrevia em versos redondilhos, principalmente maiores (7 sílabas métricas). Ele o fazia porque
a maioria das pessoas, mesmo nobres, era analfabeta, e a melodia de tal metro, junto à rima, faziam com
que elas compreendessem e guardassem os versos mais facilmente (o mesmo valia para os próprios
artistas). Além disso, vale lembrar ainda não se usava o verso decassílabo em Portugal.
QUESTÃO 28
O segundo poema é uma paráfrase do primeiro, sintetizando-o. Por exemplo, enquanto Gonçalves Dias
escreve: “Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá.”, Drummond apresenta a mesma ideia, porém o
faz de forma sintética: “Um sabiá na / palmeira, longe.”. Essa correspondência pode ser observada a cada
par de versos entre os poemas.
(OBS.: As justificativas dos alunos podem ser diferentes.)
QUESTÃO 29
O segundo poema é uma paráfrase do primeiro, sintetizando-o. Por exemplo, enquanto Gonçalves Dias
escreve: “Minha terra tem palmeiras, / Onde canta o Sabiá.”, Drummond apresenta a mesma ideia, porém o
33
faz de forma sintética: “Um sabiá na / palmeira, longe.”. Essa correspondência pode ser observada a cada
par de versos entre os poemas.
(OBS.: As justificativas dos alunos podem ser diferentes.)
QUESTÃO 30
Considerando que o aluno da 1ª série ainda não estudou Machado de Assis de forma sistematizada,
primeiro deve ser acometido pela estranheza de uma dedicatória feita a um verme. A seguir, em relação às
características realistas destacadas, deve perceber a presença de subjetividade (é uma narrativa em 1ª
pessoa) e não de objetividade; a atemporalidade, por tratar-se de um defunto que pode expressar-se em
relação a qualquer tempo, e não necessariamente ao momento contemporâneo; e uma tendência à
reflexão, por dedicar suas memórias a um verme.
(OBS.: Considerar outras possibilidades de interpretação pelos alunos.)
QUESTÃO 31
O texto se aproxima das cantigas satíricas de maldizer, visto que apresenta crítica direta (o nome é
explicitado: Geni) e linguagem agressiva (“Joga pedra na Geni”).
OBS.: Os fragmentos utilizados nas justificativas do alunos podem variar.
QUESTÃO 32
Espera-se que o aluno perceba que, embora o texto fosse apresentativo dos fatos do período, Fernão Lopes
utilizava certa subjetividade ao escrever. Por exemplo: “Por que semelhante amor, qual elRei Dom Pedro ouve a
Dona Enes, raramente he achado em alguuma pessoa (...)”. A voz popular, por sua vez, pode ser considerada em “(...)
porem disserom os antiigos (...)”.
QUESTÃO 33
A crítica é construída através de jogos de linguagem. Todo o Mundo, apresentado como um rico mercador,
é ambicioso, orgulhoso, avarento, ou seja, através dele Gil Vicente critica os nobres que apresentam tais
sentimentos. Ninguém, por sua vez, representado por um pobre homem, busca consciência, virtude,
sabedoria. Aqui o pobre aparece em oposição ao rico, e não obrigatoriamente como um indivíduo que tem a
consciência das coisas que o dramaturgo lhe atribui (basta pensar no momento histórico da época, e como
viviam os indivíduos mais carentes da população). Vale destacar que, ao reproduzir a fala de Todo o Mundo
e Ninguém, os demônios Belzebu e Dinato arrematam a crítica apresentada pelo autor.
QUESTÃO 34
Certamente. Por se tratar de um teatro alegórico, é possível aplicar a crítica vicentina à sociedade atual, na
qual a maioria das pessoas almeja ser louvada e viver bem, sendo capaz de mentir para conseguir o que
quer. A minoria, por sua vez, preocupa-se com a verdade, a virtude e com outros valores destacados pela
personagem Ninguém.
QUESTÃO 35
A prosa poética apresenta, no texto em prosa, a expressão de um estado emocional que se evidencia. As
evidências se fazem, por exemplo, através de figuras de linguagem (comparação: “Verdes mares que
brilhais como líquida esmeralda aos raios do Sol nascente”) ou do próprio vocabulário poético (observe as
palavras: “Serenai verdes mares, e alisai docemente a vaga impetuosa, para que o barco aventureiro manso
resvale à flor das águas.”).
OBS.: O aluno pode sugerir outros elementos.
QUESTÃO 36
Um elemento em comum entre os textos é a presença do eu lírico masculino (Texto I: “A dona que eu am'e
tenho por Senhor”; texto II: “Senhora, partem tam tristes”). A diferenciação ocorre, por sua vez, em
decorrência da maior ou menor elaboração no uso da linguagem (texto I: linguagem simples, com presença
de refrão. Exemplo: “se non dade-me-a morte.”, este verso-refrão aparece quatro vezes em um poema de
doze versos. Texto II: não há refrão, e o texto vem enriquecido por figuras de estilo: a. metonímia –
“Senhora, partem tam tristes / meus olhos”; ou b. hipérbole – “ da morte mais desejosos / cem mil vezes
que da vida.”).
QUESTÃO 37
A subjetividade (“Meu eu!”) e o sentimentalismo do remetente (“Por que tanta tristeza, quando a
necessidade fala? O nosso amor pode existir sem sacrifícios, sem exigir tudo.”) são características fortes
que marcam o lirismo em todo o texto.
OBS.: O aluno pode explorar outros exemplos.
34
QUESTÃO 38
Como Vasco da Gama, em Os Lusíadas, João de Santo Cristo é um herói coletivo, representando a si mesmo e
ao povo brasileiro pobre do interior. Além disso, suas aventuras e desventuras são as mesmas pelas quais o povo
brasileiro passa. Assim, pode-se dizer que Faroeste Caboclo apresenta marcas de textos épicos.
QUESTÃO 39
Espera-se que o aluno perceba que o texto traduz o momento histórico em que está inserido. Assim, o “Hino
Nacional” traz o ufanismo do momento pós-independência; “Pra não dizer que não falei das flores” critica a
dureza do período da Ditadura Militar no Brasil; e o rap “500 anos” desnuda os problemas do Brasil atual.
QUESTÃO 40
O enunciado mostra um narrador prestes a suicidar-se, desejando colocar uma droga na xícara de café
trazida pelo copeiro. Pensa em Desdêmona inocente (assistira ao espetáculo na noite anterior), mas,
quando vê a foto de Escobar, decide-se pela morte. Quando ía beber o líquido, decide esperar Capitu e
Ezequiel irem para a missa, porém o filho entra correndo na biblioteca, querendo beijá-lo. O pai se afasta
dele até colar-se à estante.
OBS.: Certamente a síntese do aluno trará alterações.
35