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Psicologia Social: os fa(di)zeres de políticas esperançadas

E uma das condições necessárias a pensar certo é não estarmos demasiado certos
de nossas certezas. Ninguém nasce feito, é experimentando-nos no mundo que nós
nos fazemos. Palavra não é privilégio de algumas pessoas, mas o direito de todas.

Paulo Freire

Alunas: Ana Clara Soares C. C. Silva e Márcia Cristine G. Matias.


Matrícula: 354872. 354279
Curso: Psicologia – 2º período.
A Psicologia Social é um dos inúmeros campos de atuação, dos psicólogos. Uma
das principais características relevantes dessa área é, em sua essência, integrar
sociedade e psique, objetivando produzir: saúde mental, reflexão de políticas
públicas, que representem melhorias para a União e promoção da cidadania, através
do respeito à diversidade humana. O psicólogo e a psicóloga sociais, lidam em sua
rotina de trabalho, com a análise dos pensamentos, sentimentos e
comportamentos de pessoas, dispostas no campo vivencial social. Na tentativa, de
investigar quais são as necessidades de uma sociedade, bem como, o que (e quem)
a governa, a psicologia social costuma operar no ramo das pesquisas e da docência.
Pensar junto, porque convivemos (viver com), e por isso, somos.
A Psicologia, de uma maneira geral, corresponde a uma profissão de
posicionamento social ininterrupto. Estamos abordando, a capacidade de
constituirmo-nos como instrumento de sensibilidade, para observar e lidar com o que
chega para nós e ir, em busca do(s) que não chegam. Mencionar as palavras
pressentimento, sentimento e sensação, quando falamos de uma ciência que é,
grosso modo, traduzida como o estudo da alma, parece conduzir-nos para uma
análise metafísica. Ter e trabalhar nosso ofício, muito pelo contrário, trata-se de uma
decisão, nesta realidade, pela escolha de olhares e escutas, postos a serviço de si,
do outro e de tudo que acontece nesse entre eu-tu, sintetizado em: nós. A ampliação
de uma observação transgressora, de si e do outro, é que redefine a nossa
compreensão de realidade, conceito que flexionamos para o plural: realidades.
Construir psicologia política é aperfeiçoar realizações sociais, que estejam
compromissadas com a escuta atenta e o direito de fala, de cada humano, que
existe em sociedade. Quem vive por aqui, tem o direito de estar incluso e o dever de
trabalhar pela inclusão, de quem ainda não foi integrado! Quando nos referimos ao
termo “inclusão”, problematizamos as políticas desenvolvidas, a fim de refletirem as
maneiras intencionadas de produzir (ou não) inclusão, bem como os artifícios
utilizados para pensar o destino dado ao “estar com o outro, que existe com”. Não
existe uma receita para ser psicólogo, seja qual for a área de atuação priorizada. A
Psicologia acontece de diversas maneiras, justamente para ser capaz de acolher a
diversidade humana. O que não significa dizer, que critérios para que aconteça,
sejam dispensáveis. Existem compromissos e posturas éticas, no ser e estar
psicólogo, imprescindíveis. No que referencia a psicologia social podemos dizer, que
manter um olhar plural e livre de preconceitos para a realização de sua atuação é
fundamental. Além disso, a abertura para o diálogo, em coletivo, configura a alma,
ou se preferirmos dizer, o feeling, desse campo de imersão.

A interdisciplinaridade, provinda de um interesse comum, pelos: conceitos,


produções e movimentos sociais, que a Psicologia Social possui com as demais
ciências humanas é um verdadeiro instrumento, de atuação e beleza, dessa área.
Integrada à História, à Sociologia, à Antropologia e à Geografia, esse ramo
consegue tecer análises integrativas dos “quem, onde, como e porquês “sociais,
bem como suas variações interseccionais, temporais, geográficas e conceituais. Ser
cientista social é responsabizar-se pela troca que acontece (há todo tempo), entre o
discurso que emite e o discurso que se escuta. Compreendendo o dizer\escutar,
enquanto construções sociais coletivas e sujeitas às transformações, do/no próprio
movimento social, em si.

Nas palavras de Sílvia Lane, intelectual referência nessa área “O homem ao falar,
transforma o outro e, por sua vez, é transformado pelas consequências de sua fala “.
Nas palavras da autora, o comportamento verbal, corporal, mental e espiritual,
sinônimos de comunicação em sociedade, requerem a compreensão de um humano
manifesto de totalidade histórico-social, segundo Lane, produto e produtor de
história.
Uma vez que, o ser humano e o humano do ser, incorporam a vida cotidiana sem
ensaios, isto é, a vida diversa, que acontece no dia a dia: pessoas fazendo o existir
acontecer. Desse modo, refletir produções de diversidade da vida, na vida diversa é
por meio do cultivo de políticas de vida, que trabalhem em favor da comunidade, do
respeito à subjetividade e combate das manifestações violentas e violadoras do
ser(es). A Psicologia social deposita sua crença, na inviabilidade da neutralidade.
Enquanto existimos, estamos constantemente firmando compromissos com as
causas e movimentos sociais, na busca pela produção de saúde e bem estar
emancipadores (de todes).

Pensar psicologias sociais é se comprometer com o movimento de políticas


públicas eficazes em romper com silenciamentos, ecoar vozes, capazes de
redimensionar os indivíduos, para a luta radicalizada pela democracia, diversidade e
liberdades de expressão. Durante a escrita de Pedagogia da autonomia, Paulo
Freire convida-nos a refletir caminhos possíveis, para a ruptura de necropolíticas
(por vezes manifestadas através, do que Foucault chamou de Biopolíticas), com o
movimento Esperançar. De acordo com Freire, esperançar, não se trata de esperar,
pura e simplesmente. O esperançar freiriano diz a possibilidade de nos
mobilizarmos, para fazer com que as políticas, que acreditamos, aconteçam! Só
existe História, onde há tempo problematizado. Desse modo, nos organizarmos
acerca de nossas intenções políticas, é sobre tecermos nossa esperança na
possibilidade, de que outras realidade sejam possíveis, e, por isso, possam ser
tecidas a fim de provocar afetos e serem efetivas.

Buscar a garantia de lugares de fala, significa romper com o silêncio instituído ao


subalternizado e com a hierarquia estrutural, vigente. Reivindicar protagonismos
marginalizados é exigir, que as lacunas sociais estejam preenchidas por pessoas
que possuem vivências e histórias propositalmente apagadas, da História oficial.
Valendo-se disso, concluímos, que o campo Psi é responsável pela busca radical,
do que é extra oficial. Nosso interesse é artesanar espaço, escuta e política com as
vivências e possibilidades de mulheres e homens, intencionalmente esquecidos.
Acreditando, que o que produzem e a forma como se relacionam importa, para
transgressão de novas realidades discursivas , espaciais, temporais e diversas.
Realizamos psicologia juntos e é somente dessa maneira, que podemos pensar
cuidado, acolhimento, respeito aos direitos humanos e produção de saúde e bem-
estar indomesticáveis.
Referências Bibliográficas

RIBEIRO, Djamila. O que é: lugar de fala? Belo Horizonte (MG): Letramento, 2017.

Silva, R. B., & Carvalhaes, F. F. de .. (2016). PSICOLOGIA E POLÍTICAS

PÚBLICAS: IMPASSES E REINVENÇÕES. Psicologia & Sociedade, 28(Psicol.

Soc., 2016 28(2)), 247–256. https://doi.org/10.1590/1807-03102016v28n2p247.

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