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PSICOLOGIA SOCIAL © homem em movimento 2 8? editora brasiliense Parte 3 O individuo e as instituicdes " te O processo grupal* Silvia Ftiona Maurer Lane Erste trabalho & 0 resultado de cursos de pésgraduasto onde lunos e profesor se propuseram rever a mogto de pequenos grupos tm fungdo de uma redefinigo ds Psicologia Socal, onde 0 grupo ‘nto & mais consiéerado come dicotimico em relagto a0 ingividuo (ndividao sort X Indivigeo em grupo), mes sim como condigao necessiria para conocer as determinagdes socials que agem sobre o {ndividuo, bom como a sua ago como suelo histrico, partindo do pressuposto que toda agéo transformadora da sociedade sé pode ‘carrer quando individvor se agrupam. "Assim, o nosso objetivo fot da infelo a uma forma sstematica 4e refit teoricamente sobre processos grupais, alternando obser- vagSes e teorizagies, na tenlativa de definir algumas premissas Dsices para oconhecinento concreto de pequenos grupos socials “Tradicionalmente, os estados sobre pequenos grupos estlo ‘inculados tora de K. Lewin, que os analisa em termes Je espago topolbgice ede sistema de foreas, procurandocaptar a dindsca que ‘corre quando pessoas estabelecem uma interdependncta sea em relagdo a ume tarefa proposta(sGco-grupo), seja em relaglo aos réprios membros em termos de atrago, afelo ete. (psco- rue). (+) ate cantlo& ums rise « ampzto do arian “Une Andie Djlsice io Procosa Supe pors 7M. Lane aa puedo am Dasernos Puc Pacobpa, m1, cue, Conor tats, 181 oINDIVLOE AS NSTTTUICOES » E nesta tradigdo que conceitos como de coesto,lideranga, presso de grupo foram sendo desenvalvides em base de observagbes ‘cexperimentes. Teme assim descrigtes de process grupais que pormitem apenas a reproducto, através da aprendizagem de grupos rodutives para o sistema social mais amplo. Pudemos observar que os ests sbre pequenos grapas nesta shordagem tem impliitos valores que visam reproduzir os de individualismo, de harmonia ede manviengto. A fungto do grupo & Aelinie paps , conseqentemente,sidentidade socal dos indivi- ‘duos: & garantir sma produtividade social. O grupo eoeso, estruturado, & um grupo idea, acsbado, como se os individuos cavelvidos estaionassem ¢ os processs de interago pudessem se (wenar cireulares. Em outras palavras, © grupo & visto como ‘thistorco nume sociedad também a-histrica, A dnice perspective histriea se refere, no maximo, a hstria da aprendizagem de cada individuocom esutros queconstituem ogrupo. 7 De uma outra perspectiva, encontramos alguns autores que rocuram analisar processes grupais na sua inserglo social « Jnstituciona, como é 0 e250 de Horkheimer e Adorno, que vem 0 rmicrogrupo como a mediagto necessiria ene indviduo ea soc dade © cuja estrutura assume formas historicamente varies Loureau prope uma anélie das insttuigtes através das relagBes gropais que nelas ocorrem, earacterizando os grupos em ‘ermos de grupo-objeto, onde a segmentaridade se di de forma a rmanter os individuos justapostos sob uma capa de coeréncia shsoluta — 60 que o autor denomina de grupo tipo bando ou seit ‘Um outro gropo-objeto seria aquee onde os individus se justapem para a realizagio de um trabalho e onde a divisto de trabalho ‘eterna hierarquit de poder E através da anise da transveralidade que se torn possivel © conhecimento da segmenteridade do grupo e da sua eutonomie, bem como de seus limites, condigSo para. um grupo se tornar rupo-sujelto Isto €, aquele que pereebe a mediagdo institucional, sbjetva econscientemente, “Também Lapassade analise grupes quanto soa dindmica & seu nivel de vida ocolto que seria 0 nivel institucional 0 qual Ueterminar a earacteristis do. gropo se processando numa ‘ontradiqio permanente entre seisizacko e totalizaso. Retoma Sartre para caracterizar a seriaidade como sendo a prdpria negaclo Llngrupo, onde apesar dehaver um objetivo comum, a relaca0 entre tw membros 30 passa de uma Somatiria, ou sea, eles formam © SILVIA. M.LANE ‘uma sre tipo primeiro, segundo, tercero, ete. Somente quando os ‘membros se orgarizam & que pedemor falar em grupo qve define, ‘ontrolne corige a prixis comm. Lapassade descreve, ainda, 0 que seria o"grupo-teror”. no qual ha figura de poder que determina asobrigagdes ea manvtengio destatus quo. A este grupo se oporia © grupo-vvo, que se earactriaa por relagSes deigualdade entre seus ‘membros. pela avtogestto, Ainda dentro de uma proposta dialétia, terfamos a toria de Pickon-Rivigre, para quem grupo é""um conjuntorestrte de pessoas ligadas entre si por constates de tempo e expago,articuladas por sia mitua representaglo interna, que se prope de forma explicta ‘ou implicta uma tarefa a qual coastiui sua finalidade interatuando através de complexos mecanismos de atribuglo © assungto de paps". Este autor desenvolve uma téenica operativa pare instru- ‘mentara acto grupal visando a resolugto das dfieuldades internas ‘dos sujeitos, que provém de ansiedades geradas pelo medo da perda ‘do equilbrio aleangado anterirmente ¢ do atague de uma stuay 30 nova (desconhecida), medos estes que criam uma resistencia & rmudancs, difleultando,os procasos de comunicagio e aprend ager. Deste forma, sua ténica visa uma anise sistemétice des contradigSes que emergem no grupo, através da compreensio das ideologies inconscientes que geram « contradigtae/00 esterebtipas fo processo da producto grupal. Para tanio, o grupo parte da anise de situagdes cotidianas para chegar 2 compreensto das [Paulas socaisinternalizadas que organizam as formas conretas de Interact ou das rps soci dosmjosinserds ness relagbes. Por timo, podemos citar o Grupe Operative analisado por J F, Calderin eG. C. C. De Govia, para os uals um “grupo € ume ‘elagdo significatia entre duas ou mais pessoas” que se processa através de agbes encadeadss. Esa inferagdo ocorre em fungao de ecessidades materiaise/ou psicossocals € visa a produgdo de suas satslagdes. A produpio do grupo se reliza em fungi de metas que sto distintas de metas individuaise que implicam, necessariamente, ‘cooperar io entre os membros, Os autores fazem uma tipologia dos grupos em fungdo de «stigios aleangados por eles, considerando que 0s grupos esto em constant transformaga0 na medida om que produzem meios para ‘atstagto de suas necessidades. Neste proceso, o primeicoestigio sera ode grupo agltinado, no qual hd um lider que propée aes OINDIIDUOE AS IMsTITUICOES o conjumtas€ do qual 0s membros esperam solusdes; & um grupo de baixa produtividade. Num segundo momento, temos 0 grupo possesiv, onde lider se torna um coordenader de fangs, © onde 1s tarefasexigem a paricipagdo de todos levando a mair interap30 ‘ conhecimentos mstuos. [Na terceira fase, temos 0 grupo coesivo, onde hé uma sceitagdo métua dos membros, o lider ye mantém como eoorde- nador € aénfase do grupo esté na manutensto da seguranga conse- suida, vista como um prvilégo, E um grupo que tende a se fechar, ‘vitando a entrada de novos elementor. Por fim, temos 0 grupo independente, com 2 lideranga amplamente dstribuida, pois o grupo ji acumulou experiéncias © aprendizagens; os recursos materials umentam e as metas funda- ‘mentais vio sendo alcancadas, surgindo novas metas que visam © desenvolvimento pleno dos membros ¢ das pessoas quo se reiaio- znam como grupo. E um grupo onde as relaptes de dominagdo sto + minimizadas e a coordenagio das atividades tende para a auto- gest, ‘Os autores observam que nfo hi tipor puros de grupos, pois tstes esto sempre se processando dialeticamente, uma etapa cglobando aspectos da etapa anterior. Podemos perecber, por esta revisto de teoras sbre 0 grupo, uma postara tradicional onde sua fungio seria apenas a de detinir paps, conseqUentemente, a idetidade social dos individues, © de farantir « sua produtividade, pela harmonia © manutengto das relagBes apreendidas na convivéncia. Por outro lado, temos toorias ‘que enfatizam o cariter mediatério do grupo entre individuos ¢ a Sociedade enfatizando o processo pelo qual o grupo se produ; S80 sbordagens que consiéeram as determinantes sociis mais amplas, necessariamente presents na relages grupai. Ess revisdo critica permits leantarmos algumas premissas para conbecer 0 grupo, ou sea: 1) 0 significado da existBocia e da clo grupal sb pode ser encontrado dentro de uma perspectiva histériea que considere a sua insergdo ma sociedade, com suas

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