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TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL I – PROFA. DRA. ROXANA C. B.

BORGES
Jurista em formação:Eliel Nunes, Fernando Bueno, Larissa Veiga Motta Souza e Maria Flávia

Cerqueira

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 PESSOA JURÍDICA 

1 Quanto à desconsideração da pessoa jurídica, assinale a alternativa correta:


a) a desconsideração da pessoa jurídica implica a suspensão de
suas atividades
b) a desconsideração da pessoa jurídica implica a extinção de suas
atividades
c) a desconsideração da pessoa jurídica ocorre em caso de insolvência da pessoa
jurídica
d) a desconsideração da pessoa jurídica ocorre em caso de abuso da sua
personalidade jurídica

3 Quanto às pessoas jurídicas, pode-se dizer que:


a) se os administradores ou sócios da pessoa jurídica praticarem qualquer ato
ilícito pode haver desconsideração da pessoa jurídica
b) não cabe a desconsideração da pessoa jurídica em hipótese de desvio de
finalidade de sua personalidade
c) na desconsideração da pessoa jurídica, o juiz pode decidir que os efeitos de certas
relações sejam estendidos aos bens particulares dos sócios
d) os administradores não são alcançados pelos efeitos da desconsideração da pessoa
jurídica, apenas os sócios
e) nenhuma das anteriores

4 São consideradas pessoas jurídicas de direito privado:


(A) as empresas públicas e as sociedades de economia mista.
(B) as autarquias e os partidos políticos.
(C) as sociedades irregulares e as sociedades de fato.
(D) as associações de utilidade pública autorizadas pelo governo, ainda que sem
registro de seus estatutos ou atos constitutivos.
(E) as autarquias municipais que funcionam com autorização e sob fiscalização do

governo federal. (Concurso público para a Magistratura do Estado do Rio Grande do Sul

– 2000)

5 Assinale a alternativa correta:


Quanto às associações, na regulamentação do Código Civil, pode-se afirmar que:
a) os lucros da associação devem ser distribuídos entre os associados, na forma
prevista em seu estatuto
b) os associados não podem sair da associação
c) as associações podem desenvolver atividade econômica, mas não podem ter
fim econômico
d) todos os associados devem ser tratados igualmente, sem distinção de
categorias

6 Sobre a desconsideração da pessoa jurídica:


I – é uma teoria baseada no direito americano, mas sem amparo legal
II – leva à suspensão temporária das atividades da empresa
III – visa à conservação da pessoa jurídica
IV – mantém a separação jurídica entre a pessoa jurídica e os sócios, prevista no
ato constitutivo V – leva ao afastamento dos diretores e administradores da direção
da pessoa jurídica VI – supera a regra da autonomia patrimonial

Marque a alternativa correta:


a) I e II são corretas
b) III é correta, mas VI é falsa
c) III e VI são corretas
d) IV, V e VI são corretas
e) II é falsa, mas V é correta

7 Quanto às pessoas jurídicas, é incorreto afirmar que:


1
a) as pessoas jurídicas são de direito público, interno e externo, e direito privado b)
são pessoas jurídicas de direito privado as associações, as sociedades e as
fundações de direito privado
c) começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do
ato constitutivo no respectivo registro
d) obrigam a pessoa jurídica os atos dos administradores, exercidos nos limites de seus
poderes definidos no ato constitutivo
e) nenhuma das anteriores

8 Quanto às pessoas jurídicas de direito privado, pode-se dizer que:


a) a qualidade de associado é intransmissível, se o estatuto não
dispuser o contrário
c) a exclusão do associado não é possível, mesmo havendo justa causa
d) a alteração do estatuto da fundação, assim como a aprovação de contas, pode ser
feia por maioria simples, em assembléia ordinária
e) nenhuma das anteriores

9 Assinale a alternativa correta:


No que tange à disciplina jurídica das fundações privadas, pode-se afirmar
que:
(a) o Ministério Público deve fiscalizar as fundações que tenham
finalidades econômicas
(b) uma fundação pode ter fins religiosos, morais, culturais e políticos
(c) uma fundação privada pode ser criada por escritura pública ou por testamento
(d) se a alteração do estatuto da fundação contrariar ou desvirtuar o fim desta, deve ser
aprovada por 2/3 dos dirigentes

10 Quanto às pessoas jurídicas, assinale a alternativa correta:


a) as sociedades simples são um tipo de pessoa jurídica de direito privado
b) as fundações podem ter finalidade econômica, podendo distribuir os resultados
entre os diretores ou administradores
c) as associações, para existirem legalmente, devem ter seu estatuto registrado na
Junta Comercial do local onde vier a funcionar
d) a desconsideração da pessoa jurídica retira temporariamente sua capacidade de fato

11 São pessoas jurídicas de direito público interno:


a) as autarquias.
b) as associações de utilidade pública.
c) os partidos políticos.
d) as sociedades religiosas.

(Concurso - Delegado de Polícia - São Paulo Dp-1/98)

12 Quanto às pessoas jurídicas, assinale a alternativa correta:


a) as associações podem ter finalidade econômica
b) as sociedades simples não têm finalidade econômica
c) as sociedades empresárias devem ser registradas no Cartório de Registro
Civil de Pessoas Naturais
d) as fundações podem desenvolver atividade econômica, mas não podem
ter finalidades econômicas

13 Como se justifica a existência da pessoa jurídica? Por que o direito


concebe essa abstração?

Para existir uma pessoa jurídica deve haver uma vontade criadora, a pessoa
jurídica existe no mundo técnico. As pessoas jurídicas são entes criadas por lei,
sendo atribuída a capacidade de serem entes de direitos e deveres, atuando na
sociedade com personalidade jurídica diferente das pessoas naturais, porém como
são imateriais necessitam de representantes, ou seja, de um indivíduo humano.

14 O que permite a consideração da pessoa jurídica como um sujeito de


direito?

O início de uma pessoa jurídica, se dá por um ato jurídico. As pessoas jurídicas de Direito
Público se iniciam em razão da criação constitucional, de lei especial e de tratados
internacionais, pois a personalidade é conferida pela norma jurídica. Para a pessoa jurídica
de Direito Privado é necessário três aspectos formais para sua existência: vontade humana
criadora, obediência aos requisitos e licitude de finalidade. Começa a existência legal das
pessoas jurídicas de Direito Privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo órgão.

15 Quanto à nacionalidade, quais são os tipos de pessoa jurídica?

As pessoas jurídicas de direito público externo são os Estados estrangeiros e as pessoas


que forem regidas pelo Direito Internacional Público. As pessoas jurídicas de direito privado,
são elas: as associações, as sociedades, as fundações, as organizações religiosas e os
partidos políticos.

16 De que forma se constitui uma pessoa jurídica de direito privado? Que atos são
necessários? O que deve conter tais atos?
São três aspectos formais necessários para constituir a pessoa jurídica de Direito
Privado: deve haver uma vontade criadora, obedecer aos requisitos previstos em lei e
licitude de finalidade. Sua existência terá início após a inscrição do ato constitutivo no
respectivo órgão. Como dispões o código civil no artigo 46º, o registro declarará: I - a
denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver; II - o
nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores; II - o modo
por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo; V - se
os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais; VI - as
condições de extinção da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse caso.

17 Explique como ocorre a desconsideração da pessoa jurídica: em que casos e


quais as consequências.
Existem duas teorias que tratam dessa questão. A teoria maior possui como regra a
desconsideração nas hipóteses de fraude, abuso de direito e confusão patrimonial. Pela
teoria menor da desconsideração da personalidade jurídica pode ocorrer ainda que não
estejam demonstrados os pressupostos exigidos pela teoria maior, que permite, por
exemplo, que o inadimplemento da sociedade, pela incapacidade de solver seus créditos
com seu patrimônio, seja motivo do afastamento da autonomia patrimonial e que os atos
praticados pelos integrantes da sociedade que a levem a insolvência por má administração
também justifiquem a desconsideração. A principal consequência é atingir o patrimônio dos
sócios, ainda que a dívida seja da empresa, eles serão responsáveis por satisfazê-la com
seus recursos particulares.
18 Do ponto de vista estrutural, qual é a distinção básica entre, de um lado, as
associações e as sociedades e, de outro, as fundações?
Associações, sociedades e fundações são pessoas jurídicas de direito privado, nessa
perspectiva as associações não possuem finalidade econômica e são regidas pelo seu
estatuto social, que dita as diretrizes de funcionamento desta para fins morais, sociais,
culturais ou desportivos, sendo assim estas apesar de não terem finalidades econômicas
podem realizar atividades para arrecadar fundos. Enquanto as sociedades têm finalidade
lucrativa, utilizando atividades econômicas para tais fins e distribuindo as cotas da
sociedade entre os sócios. Além disso, as fundações possuem objetivos sociais ou
filantrópicos, que através do seu patrimônio buscam servir a finalidades religiosas, morais,
culturais ou de assistência.
19 Quais são as pessoas jurídicas de direito público interno?
As pessoas jurídicas de direito interno são a União, os estados, o Distrito Federal e os
territórios, os municípios, as autarquias e as outras entidades de caráter público criadas por
lei.
20 Quais são as pessoas jurídicas de direito privado apontadas pelo Código Civil? Há
outras, além dessas?
As pessoas jurídicas de direito privado segundo o ART. 44 do Código Civil de 2002 são as
associações, as sociedades, as fundações religiosas, os partidos políticos e as empresas
individuais de responsabilidade limitada. Além dessas pessoas jurídicas de direito privado
previstas no código civil também existem as Eirelis .
21 Como se dá a formação das sociedades e associações?
As sociedades são pessoas jurídicas de direito privado, proveniente da união de duas ou
mais pessoas, com uma finalidade comum de realizar determinada atividade. Em regra as
sociedades simples possuem finalidade econômica, sendo que o lucro obtido, nesse caso,
deve ser dividido entre os sócios. Podem ser constituídas por profissionais de uma mesma
área ou prestadores de serviços técnicos. As sociedades empresárias, embora também
visam o lucro, distinguem-se das simples, pois praticam atividade própria de empresários.
Já a associação é pessoa jurídica de natureza civil, regulada pelo Código Civil. É a forma
jurídica mais utilizada e menos burocrática para a criação de pessoas jurídicas sem
finalidades lucrativas. A lei não indica o número mínimo de pessoas que podem se unir para
criar uma associação. Como o artigo 53, CC, fala em pessoas, no plural, entendemos que
são necessárias no mínimo duas. Portanto, tendo duas pessoas físicas ou jurídicas com a
mesma intenção e objetivo, elas podem criar uma pessoa jurídica sob a forma de
associação.
22 Como se dá a criação de uma fundação?
O art. 62 do Novo Código Civil dispõe que: “Art. 62. Para criar uma fundação, o seu
instituidor fará, por escritura pública ou testamento, dotação especial de bens livres,
especificando o fim a que se destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la”.
Para a criação de uma fundação, há uma série ordenada de etapas que devem ser
observadas, a saber: a) Afetação de bens livres por meio do ato de dotação patrimonial; b)
Instituição por escritura pública ou testamento; c) Elaboração dos estatutos; d) Aprovação
dos estatutos .

23 Como nasce uma pessoa jurídica de direito público?


Nos termos do artigo 45 do CC/2002, “começa a existência legal das pessoas jurídicas de
direito privado com a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando
necessário, de autorização ou aprovação do poder executivo, averbando-se no registro
todas as alterações por que passar o ato constitutivo.”
24 Qual é a diferença entre pessoa jurídica e sociedade de fato e
sociedade irregular?

Quanto a sociedade irregular é classificada como aquela que possui o ato constitutivo
mas não o têm registrado, a sociedade de fato não possui nem o ato constitutivo.
Além disso, como estas não possuem registro, elas não possuem personalidade
jurídica, contudo, ainda que tal existência jurídica não seja reconhecida a existência
fática pode ser facilmente demonstrada por terceiros.

25 Como se extingue uma associação?


Para extinguir uma associação é necessário observar o que dispõe o Estatuto acerca dos
motivos e condições para a dissolução da entidade. Uma associação pode ser dissolvida
pelo término do prazo de duração, quando seja constituída por prazo determinado; de pleno
direito, quando não houver mais interesse dos associados em permanecer associado, em
decisão tomada por assembleia geral; pela existência de apenas um associado, verificado
por meio de assembleia geral, se o mínimo de dois não for reconstituído até a assembleia a
ser realizada no próximo exercício; por outros motivos que sejam de interesse dos
associados, desde que dispostos no estatuto.
A extinção da associação também deve ser registrada no Registro Civil de Pessoas
Jurídicas, assim como seu cadastro perante o CNPJ e demais órgãos públicos, para que
deixe de gerar encargos e obrigações, especialmente de natureza fiscal.

26 Como se extingue uma sociedade simples?


Quanto à dissolução de uma sociedade simples, ela pode ocorrer em virtude das seguintes
circunstâncias:
I – término do prazo de duração, salvo se, vencido este e sem oposição de sócio, não entrar
a sociedade em liquidação, caso em que se prorrogará por tempo indeterminado;
II – o consenso unânime dos sócios;
III – a deliberação dos sócios, por maioria absoluta, na sociedade de prazo indeterminado;
IV – a falta de pluralidade de sócios, não reconstituída no prazo de cento e oitenta dias;
V – a extinção, na forma da lei, de autorização para funcionar (artigo 1.033).
Não basta a manifestação ou práticas que levem ao encerramento das atividades da
empresa. Portanto, ocorrida a dissolução, cumpre aos administradores providenciar
imediatamente a investidura do liquidante, e restringir a gestão própria aos negócios
inadiáveis, vedadas novas operações, pelas quais responderão solidária e ilimitadamente.
Desta forma, dissolvida de pleno direito a sociedade, pode o sócio requerer, desde logo, a
liquidação judicial. Estas são as regras estabelecidas pelo artigo 1.036.

27 Como se extingue uma fundação?


As fundações não podem ser extintas por exclusiva vontade dos integrantes de seus
órgãos, notadamente porque são órgãos servientes das fundações privadas; servem aos
fins indicados pelo instituidor, executam sua vontade.
Dessa forma, para que uma fundação seja extinta é preciso que ocorra uma das hipóteses
previstas na lei, devendo, porém, o estatuto apresentar as condições desta extinção e
também o destino que será dado ao seu patrimônio.
Os artigos 69 do Código Civil e 1.204 do Código de Processo Civil enumeram as hipóteses:
a) quando a finalidade da fundação se tornar ilícita, impossível ou inútil;
b) quando vencer o prazo de sua existência;
c)quando for impossível sua manutenção.
Ocorrendo uma destas hipóteses, portanto, o Ministério Público ou qualquer interessado
promoverá a extinção da fundação.
Da interpretação destes dispositivos legais podemos concluir que qualquer interessado e
também o Ministério Público podem requerer a extinção da fundação, que pode se dar pela
via judicial ou administrativa.
O Estatuto também deve prever a destinação dos bens quando da extinção da fundação,
consignando o nome da instituição, com fins iguais ou semelhantes, na qual serão
incorporados. Não havendo previsão estatutária, se a extinção ocorrer pela via judiciária,
ficará a cargo do juiz decidir; se ocorrer pela via administrativa, caberá a escolha ao
Ministério Público.
É importante que conste do Estatuto a responsabilidade por realizar o registro da extinção
da fundação no Registro Civil das Pessoas Jurídicas, para que produza seus efeitos perante
terceiros.

28 Qual é o destino do patrimônio das associações e das fundações após terem sido
extintas?
Ocorrendo a extinção de uma fundação, o patrimônio da mesma é incorporado em outra
fundação, designada pelo juiz, de fim igual ou semelhante, salvo disposição em contrário
no ato constitutivo ou no estatuto.
Art. 69 . Tornando-se ilícita, impossível ou inútil a finalidade a que visa a fundação, ou
vencido o prazo de sua existência, o órgão do Ministério Público, ou qualquer interessado,
lhe promoverá a extinção, incorporando-se o seu patrimônio, salvo disposição em
contrário no ato constitutivo, ou no estatuto, em outra fundação, designada pelo juiz, que
se proponha a fim igual ou semelhante.
Diferentemente da fundação, ocorrendo a extinção de uma associação , o patrimônio
desta terá a destinação da seguinte forma:
Art. 61 . Dissolvida a associação, o remanescente do seu patrimônio líquido, depois de
deduzidas, se for o caso, as quotas ou frações ideais referidas no parágrafo único do art.
56, será destinado à entidade de fins não econômicos designada no estatuto, ou, omisso
este, por deliberação dos associados, à instituição municipal, estadual ou federal, de fins
idênticos ou semelhantes.
29 A empresa de materiais didáticos XYZ Ltda., foi aberta por dois sócios, Cícero e
Expedito, e teve seu estatuto devidamente registrado em cartório. Através dessa
empresa, Cícero e Expedito deram vários golpes na praça, fazendo dívidas e não
pagando aos credores. Quando o golpe se tornou público, eles fecharam a
sociedade, extinguindo a pessoa jurídica. Pouco tempo depois, ambos criaram uma
nova sociedade, a Super Sucesso Assessoria Profissional, através da qual deram
continuidade aos golpes. As pessoas que foram vítimas do golpe, ao terem
ajuizado ação contra a empresa XYZ Ltda, perceberam que esta não possuía bens
suficientes para o pagamento das dívidas.
Com base nesta situação hipotética, explique:
a) O que o(a) advogado(a) das vítimas deve alegar nesta ação contra a XYZ Ltda,
para se obter êxito no processo e a satisfação dos interesses de seus clientes? Por
quê?
O advogado das vítimas deve alegar a desconsideração da personalidade jurídica por
conta das fraudes com os credores. Afinal a desconsideração da pessoa jurídica surge
para combater o abuso do princípio da autonomia patrimonial.
b) Com base no que o juiz deve decidir e qual deve ser sua
decisão? Por quê?

O juiz com base nas fraudes cometidas por Cícero e Expedito deve
decidir pela desconsideração do princípio da autonomia patrimonial
e responsabilizar os sócios pelas ações da empresa.

30 O que significa o princípio da autonomia (autonomia


patrimonial)?
O Princípio da Autonomia Patrimonial da Sociedade implica em uma técnica de segregação
de riscos, isto é, os bens, direitos e obrigações da sociedade empresária, enquanto pessoa
jurídica, não se confundem com os dos seus sócios. A principal implicação deste princípio é
a impossibilidade de se cobrar, em regra, dos sócios, uma obrigação que não é deles, mas
de outra pessoa, a sociedade.

31 O que significa o princípio da responsabilidade nas sociedades não


personificadas?

Esse princípio encontra base no artigo 990 do Código Civil, “todos os sócios respondem
solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais, excluído do benefício de ordem, previsto
no artigo 1024, aquele que contratou pela sociedade”. Ou seja, só serão executados os
bens dos sócios (“benefício de ordem”) após serem executados todos os bens da
sociedade, salvo em casos de abuso da personalidade jurídica, este princípio reforça a ideia
de segurança que as pessoas têm para a constituição da sociedade. Além disso, o art.
1.052 do Código Civil traz uma exceção à regra da responsabilidade limitada, dispondo que
"os bens particulares dos sócios não podem ser executados por dívidas da sociedade,
senão depois de executados os bens sociais"

32 Existem entes que atuam como se pessoas jurídicas fossem, mas sem o serem.
Quais são? Como se justifica isso?
Os entes que atuam como se fossem pessoas jurídicas são conhecidas como entes
despersonalizados, dessa forma estes são o síndico, o administrador judicial e o
condomínio. Por esse prisma, embora esses entes despersonalizados não possuam
personalidade jurídica, eles podem ser sujeitos de direitos e possuem capacidade de exigir
certos direitos.
33 Pessoas jurídicas sem finalidade econômica podem desenvolver atividade
econômica? Explique.
É possível que pessoas jurídicas sem finalidade econômica como por exemplo as
associações, que apesar de não poderem ter finalidades econômicas, possam
desenvolver atividades econômicas para reunir patrimônio e investir na causa
prevista no seu estatuto.
34 Nas associações há distinção entre qualidade de associado e titular de
quota do patrimônio da associação?
O Código Civil, admitiu que possa haver quotas ou frações ideais do patrimônio da
associação, com valores ou participações diferentes. De qualquer forma, a
titularidade em quotas patrimoniais não implica diferença no valor do voto nas
deliberações coletivas, pois todos os associados são iguais. A quota diz respeito,
exclusivamente, ao patrimônio da associação, não interferindo na igualdade do
exercício dos direitos dos associados relativos aos fins daquela.
35 Nas associações pode haver distinção entre categorias de associados?
No art. 55, estabelece que todos os associados devem ter iguais direitos, contudo no
estatuto admite-se que possa haver categorias variadas de associados, segundo o ato
constitutivo, tais como fundadores, efetivos, beneméritos. Se o ato constitutivo for omisso,
entende-se que não haja tais distinções entre os associados. Essas distinções ocorrem,
frequentemente, para contemplarem certas pessoas que foram decisivas para a viabilização
da associação, como as que firmaram o ato constitutivo (fundadoras), ou que destinaram
recursos financeiros ou patrimoniais, que se fizeram necessários à consecução das
finalidades associativas.
36 Nas associações há procedimento para a exclusão de associado? Explique.
As motivações para o procedimento administrativo de exclusão de associado ou membro
devem estar efetivamente previstas no Estatuto Associativo ou Estatuto Organizacional e
em consonância com o Direito Próprio. De acordo com o artigo 57 do Código Civil brasileiro,
a exclusão de associado só será admissível se houver justa causa, assim reconhecida em
procedimento administrativo que assegure o amplo direito de defesa e o contraditório, nos
termos previstos no Estatuto.
37 Há relação entre o Ministério Público e as fundações? Explique.
Fundação é uma pessoa jurídica composta por um patrimônio juridicamente indissolúvel e
personalizado, destacado pelo seu instituidor ou instituidores públicos ou privados, para
uma ou mais finalidades específicas sendo fiscalizada pelo Ministério Público. Portanto, a
fundação está juridicamente subordinada ao Ministério Público
De acordo com o art.67 do CC/2002 para que se possa alterar o estatuto da fundação é
mister que a reforma:
● Seja deliberada por dois terços dos componentes para gerir e representar a
fundação;
● Não contrarie ou desvirtue o fim desta;
● Seja aprovada pelo órgão do Ministério Público e caso este a denegue, poderá o
juiz supri-la, a requerimento do interessado.
O seu estatuto é feito pela pessoa por ele designada ou pelo Ministério Público, a quem
compete velar pela fundação.
A fiscalização das fundações tanto de Direito privado como Público é tarefa do Ministério
Público, justificando-se pela necessidade do órgão público de manter as entidades dentro
dos objetivos para o qual foi instituída.

38 Há distinção entre sociedade simples e empresária? Explique.


A sociedade simples é uma sociedade entre duas ou mais pessoas, que tem como
objetivo a prestação de serviços por meio de seus sócios. Neste tipo de parceria, os
sócios exercem a suas profissões ou prestam serviços de natureza pessoal. Já na
sociedade empresária, o objetivo é a atividade econômica organizada para a produção
e/ou circulação de bens ou de serviços. Ou seja, a atividade empresarial está
diretamente relacionada aos meios de produção de produtos ou serviços.

39 Qual a natureza jurídica da cooperativa? E da sociedade de advogados? Por


quê?

As cooperativas têm natureza civil, associativa, fomentaria e social. Associativa, porque


objetiva a reunião entre pessoas para promover o fortalecimento da classe ou
agrupamento social diante do mercado e dos comerciantes/empresários. Fomentaria,
dado seu aspecto incentivador da atividade principal do cooperado, que deve ser no
mínimo correlata. Além disso, o fomento cooperativo pode ser dirigido a aspectos
financeiros, educacionais, tecnológicos, concorrenciais e subsídios. E finalmente social,
dado que é vedada a formação de cooperativas com fins exclusivamente econômicos e
fundamentam-se no interesse geral da comunidade em promover a pessoa humana e a
integração social dos cidadãos. A sociedade de advogados é considerada sociedade
civil, visto que, esta adquire personalidade jurídica com o registro aprovado dos seus
atos constitutivos no Conselho Seccional da OAB, em cuja base territorial tiver sede,
seja esta uma sociedade simples ou uma sociedade unipessoal de advocacia, sendo
proibido o registro nos cartórios de registro civil de pessoas jurídicas e nas juntas
comerciais.

40 O que é OSCIP? Como se forma uma OSCIP?

Organização da Sociedade Civil de Interesse Público ou OSCIP é uma qualificação


fornecida pelo Ministério da Justiça às pessoas jurídicas de direito privado, sem fins
lucrativos, que cumprem os requisitos estabelecidos em Lei. Sua finalidade é
meramente social, com o objetivo de ajudar, de forma complementar, o Estado a
realizar as suas atividades, facilitando o acesso a parcerias e convênios com as
esferas de governo (federal, estadual e municipal) e órgãos públicos, além de permitir
que doações realizadas por empresas a essas entidades sociais possam ser
descontadas no imposto de renda.

41 Que vedações existem quanto à qualificação de OSCIP?

Não são passíveis de qualificação como Organizações da Sociedade Civil de Interesse


Público, ainda que se dediquem de qualquer forma às atividades características das OSCIP:

I - as sociedades comerciais;

II - os sindicatos, as associações de classe ou de representação de categoria profissional;

III - as instituições religiosas ou voltadas para a disseminação de credos, cultos, práticas e


visões devocionais e confessionais;

IV - as organizações partidárias e assemelhadas, inclusive suas fundações;

V - as entidades de benefício mútuo destinadas a proporcionar bens ou serviços a um


círculo restrito de associados ou sócios;

VI - as entidades e empresas que comercializam planos de saúde e assemelhados;

VII - as instituições hospitalares privadas não gratuitas e suas mantenedoras;

VIII - as escolas privadas dedicadas ao ensino formal não gratuito e suas mantenedoras;
IX - as organizações sociais;

X - as cooperativas;

XI - as fundações públicas;

XII - as fundações, sociedades civis ou associações de direito privado criadas por órgão
público ou por fundações públicas;

XIII - as organizações creditícias que tenham quaisquer tipo de vinculação com o sistema
financeiro nacional a que se refere o art. 192 da Constituição Federal.

42 Que exigências existem quanto ao estatuto de uma OSCIP?

Atendido o disposto no art. 3o, exige-se ainda, para qualificarem-se como Organizações da
Sociedade Civil de Interesse Público, que as pessoas jurídicas interessadas sejam regidas
por estatutos cujas normas expressamente disponham sobre:

I - a observância dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,


economicidade e da eficiência;

II - a adoção de práticas de gestão administrativa, necessárias e suficientes a coibir a


obtenção, de forma individual ou coletiva, de benefícios ou vantagens pessoais, em
decorrência da participação no respectivo processo decisório;

III - a constituição de conselho fiscal ou órgão equivalente, dotado de competência para


opinar sobre os relatórios de desempenho financeiro e contábil, e sobre as operações
patrimoniais realizadas, emitindo pareceres para os organismos superiores da entidade;

IV - a previsão de que, em caso de dissolução da entidade, o respectivo patrimônio líquido


será transferido a outra pessoa jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente
que tenha o mesmo objeto social da extinta;

V - a previsão de que, na hipótese de a pessoa jurídica perder a qualificação instituída por


esta Lei, o respectivo acervo patrimonial disponível, adquirido com recursos públicos
durante o período em que perdurou aquela qualificação, será transferido a outra pessoa
jurídica qualificada nos termos desta Lei, preferencialmente que tenha o mesmo objeto
social;

VI - a possibilidade de se instituir remuneração para os dirigentes da entidade que atuem


efetivamente na gestão executiva e para aqueles que a ela prestam serviços específicos,
respeitados, em ambos os casos, os valores praticados pelo mercado, na região
correspondente a sua área de atuação;

VII - as normas de prestação de contas a serem observadas pela entidade, com


observância dos princípios fundamentais de contabilidade e das Normas Brasileiras de
Contabilidade, publicidade do relatório de atividades e das demonstrações financeiras da
entidade, realização de auditoria e a prestação de contas de todos os recursos e bens de
origem pública recebidos.

43 A pessoa jurídica é titular de direitos de personalidade? Explique.

Os direitos da personalidade, embora sejam próprios do ser humano, estende-se à pessoa


jurídica por força de determinação legal, sendo eles, fundamentais para a coexistência
harmoniosa em sociedade.
O Código Civil vigente tutela tais direitos de forma no artigo 52. “Aplica-se às pessoas
jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos da personalidade.”
Desta forma, a pessoa jurídica pode ser titular de direitos da personalidade, na medida em
que esses se compatibilizam com as suas características, como ocorre em relação ao
nome, identidade, imagem, intimidade.

44 Sociedade de fato e sociedade irregular são sinônimos? Têm personalidade


jurídica? Explique.

Antes do registro, não há falar em pessoa jurídica enquanto sujeito de direito. A lei é
extremamente clara ao referir que a sua existência legal começa a partir do registro, de
maneira que a preterição dessa solenidade implica o reconhecimento somente da
chamada sociedade irregular ou de fato, desprovida de personalidade, mas com
capacidade para se obrigar perante terceiros.

Nas palavras de CAIO MÁRIO, a “compreensão do tratamento que a lei dispensa à


sociedade irregular somente pode decorrer daquele princípio, segundo o qual a aquisição
de direitos é consequência da observância da norma, enquanto que a imposição de
deveres (princípio da responsabilidade) existe sempre”

É indiscutível o fato de que a sociedade irregular ou de fato não pode pleitear direito
próprio, por lhe faltar capacidade jurídica para tanto. Nenhum juiz admitirá a postulação de
um ente social, em juízo, sem que se faça prova de sua constituição social, inclusive para
se poder aferir a capacidade processual de seu representante. Da mesma forma, não se
imagina uma sociedade irregular participando da fase de habilitação em uma licitação
pública. A irregularidade de sua constituição organizacional prejudica o reconhecimento de
direitos e prerrogativas.

45 Há distinção entre desconsideração da pessoa jurídica e responsabilidade direta


dos sócios? Explique.
A teoria da desconsideração visa um afastamento temporário e eventual da personalidade
jurídica, voltando à sociedade a funcionar após o ressarcimento dos prejuízos causados. A
responsabilidade patrimonial direta há um reconhecimento de uma situação fática
ensejadora, declarando-se a ocorrência do fato e as suas conseqüências jurídicas

46 Por que a expressão “despersonalização da pessoa jurídica” é inadequada?


A expressão “despersonalização da pessoa jurídica” é inadequada, pois ela diferente de
desconsideração sugere a anulação da personalidade, não devendo significar uma
exclusão dessa personalidade, mas sim uma responsabilização pelos atos praticados
pelas pessoas jurídicas.

47 O que é desconsideração inversa?


A fraude que a desconsideração inversa visa reprimir é o desvio de bens pessoais para a
pessoa jurídica com a finalidade de fraudar interesses de credores e terceiros. Dessa forma,
o sócio “protege” seus bens particulares da execução de obrigações pessoais, tornando- se
insolvente. Todavia, a doutrina não é uníssona quanto à aplicabilidade da teoria inversa da
desconsideração, em razão da não previsão em lei.
A transferência de patrimônio pessoal do sócio para a pessoa jurídica não constitui ato
ilícito. A irregularidade do ato revela-se no resultado alcançado, qual seja: a fraude contra
credores. A autora anota que “ao transferir-lhe seus bens pessoais, o sócio frustra a
garantia geral de seus credores mediante o desfalque de seu acervo patrimonial passível de
ser executado.” (CEOLIN, 2002, p. 128).

Gabarito

1–D
3–E
4–A
5–C
6–C
7–E
8–A
9–C
10 – A
11 – A 

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