You are on page 1of 20
GRAMATICA ASV44 YVWAOd VAVd |S / COM FERNANDA PESSOA VARIEDADE LINGUISTICA EXERCICIOS OGNV9IdID4dS4a “vn SJLN4u¥909 SOLXaL 3 SO4V49 YIN3 SVYAVIVd SV YVNIGWOD 3G VI3NNOD WWAO) NJ1 VWo 4g vLiaosa vd SOULSNYaVd SO 4D41g8VL9 FERNANDA PESSOA FERNANDA PESSOA 1, (ENEM PPL) Prezada senhorita, Tenho a honra de comunicar a V. S. que resolvi, de acordo com o que foi conversado com seu ilustre progenitor, 0 tabeliao juramentado Francisco Guedes, estabelecido & Rua da Praia, nimero 632, dar por encerrados nossos entendimentos de noivado. Como passei a ser o contabilista-chefe dos Armazéns Penalva, conceituada firma desta praga, ndo me restara, em face dos novos e pesados encargos, tempo ‘itil para os deveres conjugais. Outrossim, participo que vou continuar trabalhando no varejo da mancebia, como vinha fazendo desde que me formei em contabilidade em 17 de maio de 1932, em solenidade presidida pelo Exmo. Sr. Presidente do Estado e outras autoridades civis € militares, bem assim como representantes da Associacke dos Varejistas e da Sociedade Cultural e Recreativa José de Alencar. ‘Sem mais, creia-me de V. S. patricio e admirador, Sabugosa de Castro CARVALHO, £ Amor de contabilista In: Porque Ltta Bergatimn nao atravessou 0 Rubicon. Rio de Janeir: José Olympio, 1971. A exploracdo da variacao linguistica é um elemento que pode provocar situac6es cémicas. Nesse texto, 0 tom de humor decorre da incompatibilidade entre a)o objetivo de informar ea escolha do género textual. b) a linguagem empregada ¢ os paptis sociais dos interlocutores. c) 0 emprego de express6es antigas e a tematica desenvolvida no texto. ) as formas de tratamento utilizadas e as exigencias estruturais da carta, €) 0 rigor quanto aos aspectos formais do texto e a profissao do remetente, TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: Norma e padrio Uma das comparacdes que os estudiosos de variacao linguistica mais gostam de utilizar é a da lingua coma vestimenta. Esta, como sabemos, é bastante variada, indo da mais formal (longo e smoking) mais informal (biquini e sunga, ou camisola e pijama). A ideia dos que fazem essa comparagao a seguinte: nao existem, 44 craustica a rigor, formas linguisticas erradas, existem formas linguisticas inadequadas. Como as roupas: assim como ninguém vai a praia de smoking ou de longo, tambem ninguém casa de biquini e de sunga, ou de camisola e de pijama (sem negar que estas sejam vestimentas, ¢ adequadas!), assim ninguém diz “me da esse trogo ai” num banquete piiblico e formal nem “faca-me 0 obséquio de passar-me o sal” numa situacdo de intimidade familiar. ‘0s gramaticos e os sociolinguistas, cada um com seu viés, costumam dizer que o padrao linguistico ¢ usado pelas pessoas representativas de uma sociedade. Os gtamaticos dizem isso, mas acabam nao analisando 0 padvao, “nem recomendando-o de fato. Recomendam ‘uma norma, wma norma ideal. Vou dar uns exemplos: se 0 padirao € o usado pelos figurdes, entso deveriam ser considerados padrdes 0 verbo “ter” no lugar de “aver”; a regéncia de “preferir x do que y", em vez de “preferir x a y"; 0 uso do anacoluto (A inflacao, ela estara dominada quandb...); a posi¢ao enclitica dos pronomes atonos. 0 que nao significa proibir as, mais conservadoras, Algumas dessas formas “novas” aparecem em muitissimo boa literatura, em autores absolutamente consagtados, que poderiam servir de base pata que os graméticos liberassem seu uso ~ para os que necessitam da licenga dos outros. 8Vejam-se esses versos de Murilo Mendes: “Desse lado tem meu corpo / temo sonho / tema minha namorada na janela//temas ruasgritando deluzes e movimentos, / tem meu amor tio lento / tem 0 mundo batendo na minha meméria / tem 0 caminho pro trabalho. Do outro lado tem outras vidas vivendo da minha vida / tem pensamentos sérios me esperando na sala de visitas / tem minha noiva definitiva me esperando com flores na mao / tem a morte, as colunas da ordem, eda desordem.". *Faltou ao poeta acrescentar: tem uns gramaticos do tempo da onca /de antes do tempo em quese comegou, aandar pra frente. Nao vou citar Drummond de Andrade, com seu por demais conhecido “Tinha uma pedra no meio do caminho...”, nem o Chico Buarque de “Tem dias que a gente se sente / como quem partiu ou morreu. Mas acho que vou citar “Pronominais”, do glorioso Oswald de Andrade: Dé-me um cigarro / Diz a gramatica / Do professor e do aluno / E do mulato sabido / Mas o bom negro e © bom branco / Da nagdo brasileira / Dizem todos os dias / Deixa disso camarada / Me dé um cigarro. FERNANDA PESSOA Quero insistir: ‘ao contrario do que se poderia pensar (e varios disseram), nao sou anarquista, defensor do tudo pode, ou do vale tudo. Nem estou dizendo que “Nos vai" 6 igual a “Tem muito filho que obedece os, pais". O que estou fazendo € cobrar coeréneia, um, pouquinho s6: “se o padrao vem da fala dos bacanas, se 08 mais bacanas séo 0s poetas consagrados, por que, antes das dez, numa aula de literatura, podemos, curtir seu estilo e em outra aula, depois das onze, *dizemosaos altnose aos demais interessados: viram © Drummond, 0 Murilo, 0 Machado, 0 Guimaraes Rosa? Que criatividade!!! Mas voces ndo podem fazer como eles. POSSENTI, Siri. A cor da lingua e outras croniguinhas de lingutstiea. Campinas: Mercado de Letras, 2001. p. 112-112. (Adaptade). 2, (VEG) Considere o seguinte trecho: “Os gramaticos e os sociolinguistas, cada um com seu vies, costumam dizer que o padrao linguistico ¢usado pelas pessoas representativas de uma sociedade. Os gramaticos dizem isso, mas acabam nao analisando 0 padrao, nem recomendando-o de fato. Recomendam, uma norma, uma norma ideal”, (ref. 1). Sirio Possenti apresenta nesse trecho uma caracterizacao da atividade dos graméticos. Para isso, oautor a) define a sociolingutstica como uma area da linguistica que visa estudar as formas linguisticas ideais e as formas linguisticas que de fato os falantes, usam. b) faz uma comparacao entre a atividade proposta e a atividade efetivamente realizada, que consiste na recomendacao de uma norma idealizada. ©) apresenta diversos exemplos de usos cotidianos da lingua que demonstram, de forma evidente, 0 fato de que as Iinguas so inerentemente variaveis. €) cita uma autoridade académica da area dos estudos da linguagem a fim de validar as propostas teéricas © analiticas relativas a variacao linguistica. c)insereumquadrodedefinigaodosvocabulostécnicos relacionados a area de estudos sociolinguisticos a fim, de facilitar a compreensao do leitor. 3. (ENEM 2" APLICACAO) Da corvida de submarino a festa de aniversario no trem Leitores fazem sugestoes para 0 Museu das Invencoes Gariocas “Palar‘caracal’ a cada surpresa ou acontecimento que vemos, bons ou ruins, é invengdo do carioca, como também 0 ‘vacilao’.” “Cariocas inventam wm vocabulazio proprio”. “Dizer “merrmao’ e ‘é merrmo’ para um amigo pode até doer um pouco no ouvido, mas ¢ tipicamente carioca.” “Pedir um ‘choro’ ao garcom é invengao carioca.” “Chamar um quase desconhecido de ‘querido’ ¢ um carinho inventado pelo carioca para tratar bem quem, ainda nao se conhece direito. “O ‘ele € um querido’ ¢ uma forma mais feminina de clogiar quem ja € conhecido.” SANTOS, LF Dispontvel em: wwwwogloboglobo.com. Acesso em: 6 ‘mar. 2013 (adaptado} Entre as sugestes apresentadas para 0 Museu das Invencoes Cariocas, destaca-se 0 variado repertorio linguistico empregado pelos falantes cariocas nas diferentes situacdes especificas de uso social. Arespeito desse repertorio, atesta-se o(a) a) desobediéncia a norma-padrao, requerida em ambientes urbanos. 1b) inadequacao linguistica das expresses cariocas as situagoes sociais apresentadas. ) reconhecimento da variacao linguistica, segundo 0 grau de escolaridade dos falantes. ) identificagao de usos linguisticos proprios da tradicao cultural carioca. ©) variabilidade no linguajar carioca em razao da faixa etaria dos falantes. FERNANDA PESSOA 'TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: Responda a(s) questao(6es) com base na tirinha abaixo, Be 4, (G1 - IFPE) No tiltimo balao da tirinha de Mauricio de Sousa, 0 autor escreveu “mais” em vez de “mas” na tentativa de representar, na escrita, a forma como a personagem Chico Bento, supostamente, pronunciaria a conjungdo adversativa. Existem diversas formas e niveis de variacdo linguistica, justamente, porque somos influenciados por diversos fatores, tais como: regio, escolaridade, faixa etéria, contexto comunicativo, papel social ete. ‘Com base nesses pressupostos, assinale a alternativa que representa uma variante linguistica caracteristica do falar popular mineiro. a) “Aquele fi duma égua s6 me deixou aperreado”. b) “Protesto, meritissimo! A testemunha no havia falado da agressao,” ) “Capaz, gurit $6 tava de bobeira contigo, bagual!” d) “Uai? Ce ja chegd, s6? Perai, que eu jé td saino!” ¢) “Aquela mina ¢ firmeza, mano!” 'TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: A(s) questao(Ges) a seguir esté(ao) relacionada(s) ao texto abaixo. A variagdo linguistica € uma realidade que, embora *razoavelmente bem estudada pela sociolinguistica, pela dialetologia e pela linguistica historica, provoca, em geral, reagdes sociais muito negativas. 0 senso comum Ytem ‘escassa percepeio de que a lingua 6 um fendmeno heterogéneo, que ‘alberga grande variagdo e ‘esti em mudanga continua. Por isso, *eostuma *folclorizar a variacao regional; *demoniza a variagdo social e *tende a interpretar as mudangas EQ craustica como sinais de *deterioracdo da lingua, O senso comum nao se "7d bem com a variagao linguistica e *chega, “muitas vezes, a “explos6es de ira e a gestos de grande violencia simbolica diante de fatos de variacao, Boa parte de uma educacao de “qualidade tem a ver “precisamente com o “ensino de lingua = um ensino que garanta 0 "dominio das praticas socioculturais de leitura, escrita e fala nos espacos pitblicos. E esse dominio inclui 0 das variedades linguisticas historicamente *identificadas como as mais proprias a essas priticas - isto é, as *variedades, escritas e faladas que devem ser identificadas como constitutivas da chamada norma culta. Isso pressupde, “inclusive, uma ampla discussao sobre © proprio conceito de norma culta e suas efetivas *scaracteristicas no Brasil contemporaneo. Parece claro hoje que 0 “dominio “dessas variedades caminha junto com 0 dominio das respectivas praticas socioculturais, Parece claro também, por outro lado, que nao se trata apenas de desenvolver uma “pedagogia que garanta 0 dominio das praticas socioculturais e das respectivas variedades linguisticas. Considerando 0 grau de rejeicéo social das variedades ditas “populares, parece que 0 que nos “desafia € a construcdo de “toda uma cultura escolar aberta a critica da *discriminaco pela lingua € preparada para combate-"la, 0 que pressupde uma adequada *“compreensao da “heterogeneidade linguistica do pais, sua hist6ria social e suas caracteristicas atuais. %Essa compreensao deve aleancar, em primeiro lugar, os proprios educadores, ¢,em seguida, os educandos. Como fazer isso? Como garantira disseminacao dessa cultura na escola e pela escola, considerando que a sociedade em que essa escola existe nao reconhece sua cara lingufstica e nao so diserimina impunemente pela lingua, como da sustento explicito a esse tipo de discriminagio? Em suma, como construir uma pedagogia da variacdo linguistica? Adaptado de ZILLES, A. M;FARACO,C.A. Apresentagao. fy ZILLES, A.M: FARACO,C. A, orgs, Pedagogia da variagto lingstica: nga, ddversidade eensina, Sao Paulo: Pardbot, 2015. 5. (UFRGS) Assinale a alternativa que contem uma afirmagao correta, de acordo com o sentido do texto. a) 0 senso comum costuma perceber a lingua como um fenémeno heterogéneo que alberga grande variacdo e est em mudanga continua. FERNANDA PESSOA b) Osgestos de grande violéncia simb6lica constituem- se em fatos de variagio linguistica, ¢) O conceito de norma culta e suas caracteristicas no Brasil contemporaneo sao alvos de explosoes de ira diante de fatos de variagao linguistica, d)Uma pedagogia que regule o dominio das variedades ditas populares deve ser privilegiada. €) A heterogeneidade lingufstica do Brasil deve ser compreendida para que se possa construir uma cultura escolar aberta a critica da discriminacao pela lingua. 6.(ENEM PPL) Contam, numa anedota, que certo dia Rui Barbosa saiu as ruas da cidade e se assustou com, a quantidade de erros existentes nas placas das casas, comerciais e que, diante disso, resolveu instituir um prémio em dinheiro para 0 comerciante que tivesse 0 nome de seu estabelecimento grafado corretamente. Dias depois, Rui Barbosa saiu a procura do vencedor. Satisfeito, encontrou a placa vencedora: “Alfaiataria Aguia de Ouro”. No momento da entrega do prémio, a0 dizer 0 nome da alfaiataria, Rui Barbosa foi interrompido pelo alfaiate premiado, que disse: ~ Sx, Rui, nfo é “aguia de ouro”; ¢ “aguia de ouro”! ‘0 cardter poten do ensino de lingua portuguesc no Brasil Disponivel em: htip//rosabe.sites.uol.corbr: Acesso em: 2 ago. 2012. A variagdo linguistica afeta o processo de produgio dos sentidos no texto, No relato envolvendo Rui Barbosa, o emprego das marcas de variagao objetiva, a) evidenciar a importéncia de marcas linguisticas valorizadoras da linguagem coloquial. b) demonstrar incémodo com a _variedade caracteristica de pessoas pouco escolarizadas. ) estabelecer um jogo de palavras a fim de produzir efeito de humor. ¢) criticar a linguagem de pessoas originarias de fora dos centros urbanos. e) estabelecer uma politica de incentive a escrita correta das palavras. 'TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: TEXTOL ARede Veia Luiz Queiroga e Cel. Ludugero Eu tava com a Felomena Ela quis se refrescar O calor tava malvado ‘Ninguém podia aguentar Ela disse meu Lundru Nos vamos se balangar Arede veia comeu foi fogo Foi com nois dois pra la e praca ‘Comecou a fazer vento com nois dois a palestrar Filomena ficou beba de tanto se balancar Eu vio punho da tede comecar a se quebrat Atede veia comen foi fogo 86 com nois dois pralée praca Arede tava rasgada ¢ eu tive a impressio Que com tanto balangado nois terminava no chao Mas Felomena me disse, meu bem vem mais pra cA Arede veia comeu foi fogo Foi com nois dois pra le prac ‘isporavel em http://www. lzTuagonzaga.masdr/inde. _piap?option=com_contentStask=viewSid=t@sitemide 103. Acessado em: 02 ago 2011. ‘TEXTOU Pescaria Dorival Caymmi O canoeiro, botaa rede, botaa rede no mar 6 canoeiro, bota a rede no mar, Cerca o peixe, bate o remo, FERNANDA PESSOA puxaa corda, colhea rede, 6 canoeiro, puxa a rede do mar. Vai ter presente pra Chiquinha ter presente pra laid, canoeiro, puxa a rede do mar. Cerca o peixe, bate o remo, puxaa corda, colhea rede, 6 canoeiro, puxaa rede do mar, Louvado seja Deus, 6 meu pai. Dispontvel em tp:/pvwrmiltonnascimento.com.br/#/obra. “Acessado em: 02 ago 2011, TEXTO I ARede Lenine e Lula Queiroga ‘Nenhum aquario € maior do que o mar Mas o mar espelhado em seus olhos Maior me causa o efeito De concha no ouvido Barulho de mar Pipoco de onda Ribombo de espuma e sal Nenhuma taca me mata a sede Maso sarrabulho me embriaga Mergulho na onda vaga Eeucaiona rede, Nao tem quem nao caia Eeucaiona rede, Nao tem quem nao caia As vezes eu penso que sai dos teus olhos 0 feixe De raios que controla a onda cerebral do peixe 4 cramstica ‘Nenhuma rede é maior do que o mar ‘Nem quando ultrapassa o tamanho da Terra Nem quando ela acerta, ‘Nem quando ela erra Nem quando ela envolve todo o Planeta Explode e devolve pro seu alhar tanto de tudo que eu t6 pra te dar Sea rede é maior do que o meu amor Nao tem quem me prove Sea rede é maior do que o meu amor Nao tem quem me prove Dispontvel em: http;/ww.fenine.comzbr/faixa/o-rede-1. Acessado em: 02 ago 2011. TEXTOIV Nina Chico Buarque ‘Nina diz. que tem a pele cor de neve E dois olhos negros como 0 breu ‘Nina diz. que, embora nova Por amores ja chorou Que nem vinva Mas acabou, esqueceu Nina adora viajar, mas nfo se atreve Num pais distante como o meu Nina diz. que fez meu mapa Eno céu omeu destino rapta Oseu Nina diz que se quiser eu posso ver na tela Acidade, 0 bairro, a chaminé da casa dela Posso imaginar por dentro a casa Aroupa que cla us Posso até adivinhar a cara que ela faz. Quando me esereve as mechas, a tiara Nina anseia por me conhecer em breve Me levar para a noite de Moscou FERNANDA PESSOA ‘Sempre que esta valsa toca Fecho os olhos, bebo alguma vodea Evou Disporavel em: hitp:/wwvrchicobuarquecom.br/consirucao/mestre. ‘asp2pg=nina_201 htm, Acessadla em: 02 ago 2012. 7. (UFF) Uma lingua varia em fungao de aspectos sociais, localizacao geografica e uso de diferentes registros, ligados as situacGes de comunicacéo. Marque a alternativa que analisa corretamente a ocorréncia de variacao linguistica nos textos. a) O verso “Nos vamos se balancar” (Texto 1, linha 6) apresenta um exemplo da modalidade culta da lingua, revelada no emprego dos pronomes. 1b) No verso “A rede veia comeu foi fogo” (Texto 1, linha 7), a grafia da palavra sublinhada procura reproduzir proniincia comum em algumas regiées do Brasil (veia por velha), que exemplifica uma variacao fonetica. ©) Em: “E eu caio na rede / Nao tem quem nao caia” (Texto M1, linhas 11 - 12), 0 emprego do verbo ter ¢ marca do registro culto da lingua, utilizado preferencialmente na modalidade escrita, ) Em: “Vaiter presente pra Chiquinha’ (Texto Il,inha 12), onome “Chiquinha” exemplifica 0 uso do registro informal, utilizado, sobretudo, em documentos oficiais e sermées religiosos. €) No verso: “Posso até adivinhar a cara que ela faz” (Texto IV, linha 16) a palavra cara exemplifica uma variagdo de registro linguistico predominante em situagées formais. 8. (ENEM) Motivadas ou nao historicamente, normas prestigiadas ou estigmatizadas pela comunidade sobrepdem-se ao longo do tertitorio, seja numa relacao de oposicao, seja de complementaridade, sem, contudo, anular a intersecao de usos configuram wma norma nacional distinta da do portugues europeu. Ao focalizar essa quest3o, que opde nao sé as normas do portugues de Portugal as normas do portugues brasileiro, mas também as chamadas normas cultas locais as populares ou vernaculas, deve-se insistir na ideia de que essas normas se consolidam em diferentes momentos da nossa histéria e que s6 a partir do século XVIII se pode comecar a pensar na bifurcacdo das variantes continentais, ora em consequéncia de mudancas ocorridas no Brasil, ora em Portugal, ora, ainda, em ambos os territorios. CALLOU, D. Gramética, variagao e normas. In: VIEIRA, & BRANDAQ.& (orgs) Ensino de gramética:deserio eso. S00 Paulo: Gontexto, 2007 (adaptado} © portugues do Brasil nfo ¢ uma lingua uniforme, A variacao linguistica @ um fenémeno natural, ao qual todas as linguas estao sujeitas. Ao considerar as variedades linguisticas, 0 texto mostra que as normas podem ser aprovadas ou condenadas socialmente, chamando a atenczio do leitor para a a) desconsideragéo da existéncia das normas populares pelos falantes da norma culta. b) difusao do portugues de Portugal em todas as regides do Brasil s6 a partir do século XVIII. ) existéncia de usos da lingua que caracterizam urna norma nacional do Brasil, distinta da de Portugal. 4) inexisténcia de normas cultas locais e populares ou vernaculas em um determinado pais. e) necessidade de se rejeitar a ideia de que os usos frequentes de uma lingua devem ser aceitos. 9, (ENEM 2° APLICAGAO) Quando vou a Sao Paulo, ando na rua ou vou ao mercado, apuro 0 ouvido; no espero so 0 sotaque geral dos nordestinos, onipresentes, mas para conferir a prontincia de cada ‘um; os paulistas pensam que todo nordestino fala igual; contudo as variagdes sao mais numerosas que ag notas de uma escala musical. Pernambuco, Paraiba, Rio Grande do Norte, Ceara, Piauf tém no falar de seus, nativos muito mais variantes do que se imagina. Ea gente se goza uns dos outros, imita 0 vizinho, e todo mundo ti, porque parece impossivel que um praiano de beira-mar nao chegue sequerperto de um sertanejo de Quixeramobim, 0 pessoal do Cariri, entao, até se orgulha do falar deles. Tem uns tés doces, quase um the; j4 nds, asperos sertanejos, fazemos um duro au. ow eu de todos os terminais em al ow el - carnavau, Raqueu... J4 05 paraibanos trocam o | pelo r. José ‘Ameérico s6 me chamava, afetuosamente, de Raquer. ‘Queiroz, R.0 Estado de Sao Paulo, 09 mato.998 fragmento adapta. Raquel de Queiroz comenta, em seu texto, um tipo de variacao linguistica que se percebe no falar de pessoas oramdticn @D| FERNANDA PESSOA de diferentes regiées. As caracteristicas regionais exploradas no texto manifestam-se a) na fonologia. b) no uso do lexico. ) no grau de formalidade. ica. 4) na organizagao sint: ¢) na estruturacdo morfologica. 10, (ENEM) Serafim da Silva Neto defendia a tese da unidade da lingua portuguesa no Brasil, entrevendo que no Brasil as delimitagées dialetais espaciais nao cram tao mareadas como as isoglossas' da Romania Antiga, Mas Paul Teyssier, na sua Histéria da Lingua Portuguesa, reconhece que na diversidade socioletal essa pretensa unidade se desfaz. Diz Teyssier: “A realidade, porém, é que as divisoes ‘dialetais’ no Brasil so menos geograficas que socioculturais. As diferengas na maneira de falar so maiores, num determinado lugar, entre um homem culto eo vizinho analfabeto que entre dois brasileiros do mesmo nivel cultural origindrios de duas regides distantes uma da outra.” SILVA, . V.M.O portugués brasileira eo portugués europe contempordneo: alguns aspectos de aiferenca. Disponivel em: www. tuniramaiit. Acesso ene 23 jun. 2008, ‘isoglossa - linha imaginaria que, em um mapa, tune os pontos de ocorréncia de tracos e fendmenos linguisticos identicos. FERREIRA, A.B. FL Novo dieiondrio Aurelio da lingua portuguesa, Blo de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. De acordo com as informagées presentes no texto, 08 pontos de vista de Serafim da Silva Neto e de Paul ‘Teyssier convergem em relagéio a) a influéncia dos aspectos socioculturais nas diferencas dos falares entre individuos, pois ambos consideram que pessoas de mesmo nivel sociocultural falam de forma semelhante. b) @ delimitagao dialetal no Brasil assemelhar- se ao que ocorria na Roménia Antiga, pois ambos consideram a variacao linguistica no Brasil como decorrente de aspectos geograficos. EQ craustica ©) a variagéo sociocultural entre brasileiros de diferentes regides, pois ambos consideram 0 fator sociocultural de bastante peso na constitui¢éo das variedades linguisticas no Brasil. @) a diversidade da lingua portuguesa na Roménia Antiga, que até hoje continua a existir, manifestando-se nas variantes linguisticas do pornugues atual no Brasil ©) A existéncia de delimitacdes dialetais geograficas pouco mareadas no Brasil, embora cada tm enfatize aspectos diferentes da questao. ‘TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: Quarto de Despejo - Didrio de uma Favelada Carolina Maria de Jesus 47 DE MAIO Levantei nervosa. Com vontade de morrer. ‘Ja que os pobres esto mal colocados, para que viver? *Serd que os pobres de outro pais sofrem igual aos pobres do Brasil? "Eu estava “discontente que até cheguei a brigar com 0 meu filho José Carlos sem motivo.. SChegou um caminhao aqui na favela. O motorista e seu ajudante jogam umas latas. £ linguica enlatada. Penso: ¢ assim que fazem esses comerciantes insaciaveis. Ficam esperando os precos subir na ganancia de ganhar mais, E quando apodrece jogam para 0s corvos ¢ os infelizes favelados. "Nao houve briga. 7Eu até estou achando *isso aqui monotono, Vejo as criancas abrir as latas de linguica e exclamar satisfeitas: _ Hum! TA gostosal A Dona Alice deu-me uma para experimentar. °Mas a lata esté estufada, J8 est podre. ‘Trecho disponivel em: JESUS, Carolina Maria de. Quarto de despefo - aidrio de uma favelada. 8a0 Paulo: Atica, 2001 11.(G1- IFCE) Considerando a norma culta da lingua portuguesa, observa-se um desvio quanto a flexao verbal em a) “Vejo as criancas abrir as latas e exclamar satisfeitas.” ‘b) “A Dona Alice deu-me uma para experimenta.” )“O motorista eo seu ajudante jogam umas latas.' 4) "Eassim que fazemesses comerciantes insaciaveis.” €) "Mas alata esta estufada.” FERNANDA PESSOA 'TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: Leia 0 texto abaixo para responder a(s) questao(6es) a seguir. FRONTEIRAS ENTRE GAMES, LIVROS E CINEMA ESTAO CADA VEZ MENORES (1) Interatividade, pioneirismo e criagao. Essas so as palavras-chave que designam os meios do videogame, do livro e do cinema, e que levam a seguinte conclusai © entretenimento contemporaneo nunca esteve em tamanha sincronia. Economicamente, sto wes plataformas com distancias pequenas (em determinadas vertentes, até opostas),¢ criativamente,emconsonancia, a trindade do entretenimento visual caminha para um mundo com fronteiras cada vez mais infimas. (2) Recentemente, 0 ministro da Cultura espanhol, José Guirao, apresentou um dado sucinto, mas reverberante: em menos de cinco anos, espera-se que o faturamento do pais europeu em videogames ultrapasse a arrecadagio do mercado literario. Atualmente, 0 setor editorial do pais fatura cerca de 2, bilhdes de euros por ano, jaa indtstria de videogames ficou com pouco mais de 700 milhdes de euros em 2017. Por essa perspectiva, a diferenca pode até parecer inaleangavel, mas tudo muda se considerado que 0s 700 milhdes de euros tinham como marca, no ano anterior, “apenas” 300 milhoes, ou seja, 0 faturamento anual do mercado de videogames mais do que dobrou nas terras do Dom Quixote. (3) Em geral, a alta de arrecadamento da industria do videogame mundo afora nao necessariamente uma novidade. O institute de data base Steam apontou, aindaem maiodoano pasado, que,em midias digitais, os jogos de computadores ja rendiam mais do que o streaming de video, livros e miisica globalmente. Ese, navertente econémica, os ntimeros ditam a narrativa, criativamente, contudo, é mais dificil perceber na pratica essa exclusio de fronteiras. Mas elas existem. E, para falar sobre isso, nada melhor do que ouvir quem trabalha todo dia nesses meios. (4) Felipe Dantas é um desenvolvedor de videogames ¢ explica um fator chave que comunga os tres meios de forma bem profunda: a narrativa. “Existem narrativas muitos fortes que ultrapassam qualquer meio. Séo enredos que funcionam nao sé nos filmes, mas também em livros e videogames. ‘Ter essa boa narrativa ¢ a principal forma de quebrar fronteiras”, afirma ele. (5)Barbara Morais éumaautorabrasiliense que vé essa quebra de fronteiras de uma maneira extremamente positiva: “E super interessante, eu acho que nao existem mais barteiras, na verdade. Lembro que um, dos meus jogos favoritos tinha uma enciclopédia de ersonagens e passos, ¢ eu parava para ficarlendo, em ‘um jogo! Eu amava, Eu acho que esta tudo integrado, a ideias sao contadas de varias formas diferentes e cada meio dé uma roupagem diferente paraa historia, Cada uma dessas obras acaba completando a outra’. (6) Mas existe 0 risco dos livros perderem piblico ara outros meios? De acordo com a autora, nao: “Eu. acho que, querendo ou ngo, sempre vai ter um (meio de entretenimento) mais popular, eu nao acho que um interfere na produtividade do outro, os meios e as formas de contar historia sio independentes podem se manter”. Barbara também deixa claro ‘como reagiria caso uma de suas obras literarias fosse adaptada para outros meios: “En ia amar, mesmo que nio fosse uma adaptacdo boa, ia popularizar meu trabalho; eu toparia, sim”. (7) Segundo o professor do departamento de comunicacéo da Universidade Catélica de Brasilia, Ciro Inicio Marcondes, a ideia de uma consciéneia “transinidia" nao ¢ algo novo, pelo contrario, ja marca um fluxo de conhecimento da humanidade - “como desde o texto oral para os livros” -, mas, atualmente, ganha um panorama monetirio: “Essa questo da intermidializacao tem se proliferado no contexto da comunicagfo, e essas narrativas transmidias passam nao $6 pelos meios que foram criados, mas, também, por redes sociais, marketing, e isso funciona, inclusive, como uma nova economia’ (8) Mas, afinal,o fim das fronteiras no entretenimento, € para o bem ou para o mal? A questo principal dessa discussdo nao tem uma solucdo simples: “Eu, sinceramente, ndoconsigoterumaopinioqualitativa. £ muito complexo “bater o martelo”, £ um fendmeno ‘que ja acontece, o grande desafio € voce marcar cada cultura com uma vertente, e a expectativa é isso ‘aumentat, pois a5 midias ja sd muito manipulaveis, isso no tem como mudar, é um cireuito novo que ja esti ai”, conclui o académico. NUNES, Ronayre. Frontera entre games, lvrose cinema estao ceadda vez menores, Disponive em: htps:/pwwwcorrelobraziliense, combr/app/notiia/diversao-e-arte/201 9/03/24/interna_diversao. arve,739280/relacuo-entre-games-e-fllmes.shir. Acess0 em: 25 out. 2019(adaptado}. oramdtica QDI FERNANDA PESSOA 12, ($1 - IFPE) Um texto € escrito de maneira mais formal ou menos formal para atender aos objetivos de sua producao, os quais costumam estar em consonancia com a sua fun¢do social, bem como com os meios de circulacao, entre outros aspectos. Sobre © tipo de registro utilizado para produzir 0 texto, assinale a alternativa CORRETA. a) Por ter sido veiculado em um jornal, o texto escrito nanormaculta da lingua enao possui coloquialidades, uma vez que esse tipo de registro seria improprio para ‘seu contexto de circulacdo. ) No 6° paragrafo do texto, 0 uso da forma “ia”, por duas vezes, em vez de “iia”, aproxima o texto da oralidade e caracteriza uma linguagem informal. ¢) A utilizacio de palavras como “reverberante” (2” paragrafo) e “transmidia” (7° paragrafo) conferem ao texto uma linguagem rebuscada, propria da variedade na qual foi escrito. d) Expressées como “toparia” (6° paragrafo), “bater © martelo” ¢ “ai” (8° pardgrafo), caracterizam uma linguagem informal, impropria para 0 texto, que ¢ académico. €)0 texto éacadémico e, portanto, escrito na variedade formal da lingua, o que comprovado pela citacaio da fala de um professor universitario no 7° paragrafo. ‘TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: A(s) questo(Ges) abaixo refere(m)-se ao texto a seguir. ‘Um muro para pichar Em frente da minha casa existe um muro enorme, todo branco. No Facebook, uma postagem me chama atencaio: é um muro virtual e a brineadeira € pichs. To com qualquer frase que vier & cabeca. Nao quero pichar 0 mundo virtual, quero um muro de verdade, igual a este de frente para a minha casa. Pelas ruas e avenidas, vou trombando nos muros espalhados pelos quarteirdes, repletos de frases tolas, xingamentos ¢ erros de portugués. Eu bem poderia modificar isso. “O caminho se faz caminhando”, essa frase genial, tao forte e certeira do poeta espanhol Antonio Machado, merece aparecer em diversos muros. Basta pensar um pouco ¢ imaginar; de fato, nao ha caminho, o caminho se faz ao caminhar., De repente, vejo um prédio inteiro marcado por EQ cramstica riscos sem sentido e me calo, Fui tentar entender e nao me faltaram explicagoes: € grafite, ¢ tribal, coisas de dificil compreensao. As explicagSes prosseguem: grafite @ arte, pichar é vandalismo. 0 pequeno vandalo escondido dentro de mim busca frases na memoria e, ento, sinto até o cheiro da lama de Woodstock em letras garrafais: “Nao importam os motivos da guerra, paz é muito mais importante”, Feito uma folha deslizando pelas aguas correntes do rio me surge a imagem de John Lennon; junta dela, outra frase: “O sonho nao acabou", um tanto modificada pela minha mao, tornando-se: 0 sonho nunca acaba, E minha cabeca jé se transforma num muro todo branco, Desde os primérdios dos tempos, usamos a escrita como forma de expressdo, os homens das cavernas deixaram pichados nas rochas diversos sinais. Num ato impulsivo, comprei uma tinta spray, atravessei a mua chacoalhando a lata ¢ assim prossegui até chegar a minha sala, abragado pela ansiedade aumentada a cada passo. Coloquei 0 dedo no gatilho do spray € fiquei respirando fundo, juntando coragem e na mente desenhando a primeira frase para pichar, um, tipo de lema, aquela do 10 Borges: “Os sonhos nao envelhecem” - percebo, num sorrir de canto de boca, ‘© quanto os sonhos maream a minha existéncia, Depois arriscaria uma frase que ctiei e gosto: “A lagarta nunca pensou em voar, mas dai, no espanto da metamorfose, The nasceram asas...". Ou outra, completamente tola, me ocorreu depois de assistir a um documentario, convencido de que 0 panda ¢ um dicho cativante, mas vive distante daqui e sua agonia nao ¢ menor das dos nossos bichos. Assim pensando,, as letras duma nova pichagio se formaram num, estalo: “Esqquecam os pandas, salvem as jaguatiricas!”. No muro do cemitério, escreveria outra frase que gosto: “Em longo prazo estaremos todos mortos”, do John Keynes, que trago comigo desde os tempos da faculdade. Frases de timulos ganhariam os mutos: no de Salvador Allende esta consagrado, de autoria desconhecida: “Alguns anos de sombras ndo nos tomardo cegos.” Sempre apegado aos sonhos, picharia também uma do Charles Chaplin: “Nunca abandone 8 seus sonhos, porque se um dia eles se forem, voce continuara vivendo, mas terd deixado de existin”, Claro, eu poderia escrever essas frases num livro, num caderno ou no papel amassado que embrulha © po da manha, mas o muro me cativa, porque esta ao alcance das vistas de todos e quero gritar para FERNANDA PESSOA © mundo as frases que gosto; so tantas, até temo que me faltem os muros. Poderia passar 0 dia todo pichando frases, as linhas vao se acabando ¢ ainda tenho tanto a pichar... “E preciso muito tempo para se tornar jovem”, de Picasso, “HA um certo prazer na loucura que sé um louco conhece", de Neruda "Se me esqueceres, s6 tuma coisa, esquece-me bem devagarzinho", cravada por Mario Quintana... Encerro com Nietzsche: “Isto é um sonho, bem sei, mas quero continuar a sonhar", que serve para exemplificar © que sinto neste momento, aqui na minha sala, escrevendo no computador o que gostaria de jogar nos muros 14 fora, a custo me mantendo calmo, um olho na tela, outro voltado para 0 lado oposto da rua. La tem aquele muro enorme, branco e virgem, clamando por frases. Nao sei quanto tempo resistirei até puxar o gatilho do spray. Adaptado de: ALVEZ, AL, Um mar para pichar, Correio do Estado, fev 2018. Dispontvel em Acesso em: ago, 2018, 13, (ITA) Por ser uma crdnica, 0 texto apresenta formas coloquiais, que por vezes distanciam o texto da norma-padrao da Iingua portuguesa. Assinale a alternativa em que ocorre desvio da norma culta, a) Fui tentar entender e nao me faltaram explicagdes: é grafite, ¢ tribal, coisas de dificil compreensao. )O pequeno vandalo escondido dentro demim busca frases na meméria e, entao, sinto até o cheiro da lama de Woodstock [...] ¢) Depois arriscaria uma frase que criei e gosto [...] ) Desde os primordios dos tempos, usamos a escrita como forma de expresso ) Poderia passar o dia todo pichando frases, as linhas vao se acabando e ainda tenho tanto a pichai ‘TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: TEXTOI Becos de Goids Beco da minha terra. Amo tua paisagem triste, ausente e suja. ‘Teu ar sombrio, Tua velha umidade andrajosa. Teu lodo negro, esverdeado, escorregadio. Ea réstia de sol que ao meio-dia desce, fusidia, e semeia polmes dourados no teu lixo pobre, calgando de ouro a sandalia velha, jogada no teu monturo. ‘Amo a prantina silenciosa do teu fio de agua, descendo de quintais escusos sem pressa, ese sumindo depressa na brecha de um velho cano. ‘Amo a avenca delicada que renasce na frincha de teus muros empenados, a plantinha desvalida, de caule mole que se defende, vicejae floresce no agasalho de tua sombra tmida e jada, ‘Amo esses burros-de-lenha que passam pelos becos antigos, Burrinhos dos morros, secos, lanzudos, malzelados, cansados, pisados. Arochados na sua carga, sabidos, procurando a sombra, no range-range das cangalhas, Eaquele menino, lenheiro ele, salvo seja. ‘Sem infancia, sem idade, Franzino, maltrapitho, pequeno para ser homem, forte para ser erianca. Ser indefeso, indefinido, que s6 se ve na minha cidade, Amo e canto com ternura todo 0 errado da minha terra. Becos da minha terra, discriminados e humildes Iembrando passadas eras.. Beco do Cisco. Beco do Gotovelo. Beco do Antonio Gomes. Beco das Taquaras. Beco do Seminario, Bequinho da Escola. Beco do Ouro Fino. Beco da Cachoeira Grande. Beco da Calabrote. Beco do Mingu. Beco da Vila Rica., Conto a estoria dos becos, dos becos da minha terra, suspeitos... mal afamados onde familia de conceito nao passava, “Lugar de gentinha” - diziam, virando a cara. De gente do pote d'égua. De gente de pe no chao. Becos de mulher perdida, Becos de mulheres da vida, Renegadas, confinadas na sombra triste do beco. Quarto de porta ¢ janela. Prostituta anemiada, solitéria, hética, engalicada, tossindo, escarrando sangue na umidade suja do beco. Becos mal assombrados. Becos de assombracio... Altas horas, mortas horas. Capitdo-mor - alma penada, terror dos soldados, castigado nas armas. Capitio-mor, alma penada, num cavalo ferrado, chispando fogo, descendo e subindo o beco, comandando 0 quadrado - feixe de varas... Arrastando espada, tinindo esporas... Mulher-dama. Mulheres da vida, perdidas, comecavam em boas casas, depois, baixavam pra 0 beco. Queriam alegria. Faziam bailaricos, - Baile Sifilitico - era ele assim chamado. delegado-chete de Policia - brabeza- davaem cima... @ caamsrica Mandava sem do, na peia. No dia seguinte, coitadas, cabeca raspada a navalha, obrigadas a capinar o Largo do Chafariz, na frente da Cadeia. Becos da minha terra... Becos de assombracao. Romantics, pecaminosos... ‘Tem poesia ¢ tem drama O drama da mulher da vida, antiga, humilhada, malsinada. Meretriz venérea, desprezada, mesenterica, exangue. Cabega raspada a navalha, castigada a palmatoria, capinando o largo, chorando. Golfando sangue. (ULTIMO ATO) ‘Um irmao vicentino comparece. ‘Traz uma entrada gratis do Sao Pedro de Alcantara. Uma passagem de terceira no grande coletivo de Sao Vicente. ‘Uma estacdo permanente de repouso - no aprazivel Sio Miguel. Caio pano. CCORALINA, Cora, Poemas dos Becos de Goi e Est6rias Mais 21° ed, - Sao Paulo: Global Ealitora, 2006. ‘EXTON Oclefante Fabrico um elefante de meus poucos recursos. Um tanto de madeira tirado a velhos moveis talvez Ihe dé apoio. Eoencho de algodso, de paina, de docura. Acola vai fixar suas orelhas pensas. A tromba se enovela, a parte mais feliz de sua arquitetura Mas ha também as presas, dessa matéria pura que no sei figurar, ‘Tao alva essa riqueza aespojar-se nos circos sem perda ou corrupcao. ha por fim os olhos, onde se deposita a parte do elefante mais fluida e permanente, alheia a toda fraude. Eis o meu pobre elefante pronto para sair a procura de amigos num mundo enfastiado que jé ndo cré em bichos eduvida das coisas. Ei-o, massa imponente e fragil, que se abana e move lentamente apele costurada onde ha flores de pano enuvens, alusoes a um mundo mais poético onde 0 amor reagrupa as formas naturais, Vaio meu elefante pela nua povoada, ‘mas no o querem ver nem mesmo para rir da cauda que ameaca deixé-lo ir sozinho, FERNANDA PESSOA Etodo graca, embora as pernas nao ajudem, e seu ventre balofo se arrisque a desabar ao mais leve empurrdo, Mostra com elegancia sua minima vida, endo ha cidade alma que se disponha arecolher em si desse corpo sensivel a fugitiva imagem, © passo desastrado mas faminto e tocante. ‘Mas faminto de seres e situacdes pateticas, de encontros ao nar no mais profundo oceano, sob a raiz das érvores ‘ou no seio das conchas, de luzes que nao cegam e brilham através dos troncos mais espessos. Esse passo que vai sem esmagar as plantas no campo de batalla, Aprocura de sitios, segredos, episédios nao contados em livro, de que apenas 0 vento, as folhas, a formiga reconhecem 0 talhe, mas que os homens ignoram, pois 56 ousam mostrar-se sob a paz das cortinas Apalpebra cerrada. Eja tarde da noite volta meu elefante, mas volta fatigado, as patas vacilantes se desmancham no p6. FERNANDA PESSOA Ele ndo encontrou ode que carecia, (de que carecemos, eu e meu elefante, em que amo disfargar-me. Exausto de pesquisa, caiu-The o vaste engenho como simples papel. Acola se dissolve e todo 0 seu contetdo de perdao, de de pluma, de algodao, jorra sobre o tapete, qual mito desmontado. Amanhd recomeco, ricia, ANDRADE; Carlos Drummond de. 0 BlfanteO. 9° ed. -Sao Paulo: Eaitora Record, 1983, 14. (IME) A respeito do “conceito de erro em lingua”, © gramatico Latiz Antonio Sacconi, em stia obra Nossa Gramética - Teoria e Prética, afirma: “Em rigor, ninguem comete erro em lingua, exceto nos casos de ortografia. O que se comete sao transgressoes da norma culta, De fato, aquele que, num momento intimo do discurso, diz: “Ninguem deixou ele falar”, no comete propriamente erro; na verdade, transgride a norma culta. (..) Vale lembrar, finalmente, que a lingua ¢ um costume. Como tal, qualquer transgressdo, ou chamado erro, deixa de s@-lo no exato instante em que a maioria absoluta 0 comete, passando, assim, a constituir fato linguistico (registro de linguagem definitivamente consagrado pelo uso, ainda que nao tenha amparo gramatical).” SACCONI, Lz Antonia, Nassa Gramtica - Teoria ePratiea - 18° ed Reformada e ata. Sao Paulo: Atal, 1994, pp. 8 ¢ 9 Considerando o conceito de “erro em lingua”, exposto acima, assinale a alternativa em que se apresenta uma transgresso da norma culta considerada “fato linguistico”? a) Eu nao sei aonde o elefante quer chegar. b)Ana Lins Bretas,cujo pseudénimo era Cora Coralina, foi uma grande escritora brasileira. EQ cramstica ¢) “Eha por fim os olhos, / onde se deposita / a parte do elefante” (texto 2, versos 19 a 21). d) “Ele nao encontrou / 0 de que carecia, / 0 de que carecemos,” (texto 2, versos 86 a 88). e) £ uma das poucas opinides do poeta onde existe uma controversia. ‘TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: Domincs Pizza eee Peer CT Fonte: Domino pico 15. (G1 - IFAL) 0s antincios publicitarios, em linhas, gerais, tem como proposite estabelecer, no imaginario social, um desejo “inconsciente” pelo consumo de um produto, Em muitos casos, ha uma nitida falta de preocupacdo entre 0 que esta sendo divulgado e a norma culta da Iingua, j4 que esses exemplares de textos circulam em varias instincias pablicas, a exemplo deste acima, disposto no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, em Brasilia, em set. de 2017. Assim, podemos verificar que a violagdo gramatical, se dew no plano do(a): a) Segmentacao de palavras. b) Sentido estabelecido entre as partes e 0 todo. c) Ambiguidade entre termos. ¢) Polissemia entre palavras homOnimas e pardnimas. €) Desrespeito ao Novo Acordo Ortografico. FERNANDA PESSOA 'TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: Leia a crdnica de Paulo Brabo e responda a(s) questiio(ses). DUZENTAS GRAMAS MeuamigoHélio, queépaido Arthuredizsonoramente tréss e déss (ao inves de, digamos, “tréis” e “deis") fica indignado quando peo na padaria duzentas gramas de presunto - quando a forma correta, insiste ele, é “duzentos” gramas. Sempre que acontece e estamos juntos acabamos discutindo uns dez minutos sobre modos diferentes de falar. Ele de praxe argumenta que as regras de promincia e ortografia, se existem, devem ser obedecidas - e que os mais cultos (como eu, um cara que traduz livros!) devem insistir na forma correta a fim de esclarecer e encaminhar gente menos iluminada, como supée-se seja a moga que me vende na padaria o presunto eo queijo. Eu sempre argumento que quando ele diz que s6 existe uma forma correta de falar est usurpando um termo de outro ramo, é tentando aplicar a ética 4 gramatica: como se falar “corretamente” implicasse em algum grau de correcao moral; como se dizer “duzentas” gramas fosse incorrer muma falha de carater e dizer “duzentos” fosse prova de virtude e integridade.[..] htipsy//tinyurl conyyabtager> Acesso eme 08.11.2017. 16. (G1 - CPS) Segundo o texto, ¢ possivel afirmar que a) 0 autor do texto, apesar de admitir 0 uso de “duzentas gramas", afirma que ha formas incorretas de pronunciar palavras como “trés” e “des” b) a forma correta a que o autor se refere tem como parametro a linguagem coloquial e ndo a norma culta padrao da lingua portuguesa. ) hé formas de se expressar que nao devem existir, principalmente em contextos sociais como o que foi retratado pela cronica. d) a expresso que da nome a cronica faz parte da oralidade do autor e implica, também, questées de prestigio social. ¢) h4 uma incongruéneia na afirmacao da personagem, Helio, pois o que ele afirma nao acontece na vida real. 'TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: Jovem que agrediu professora em SC no foi morte a tiros Blog especializado em inventar notteias falsas para o WhatsApp publicou que adolescente foi execittado com oito tiros ‘assim como a maioria das noticias de grande repercussio, 0 caso da agresséo de um aluno de 15 anos a uma professora dentro de uma escola municipal no interior de Santa Catarina é tema para boatos espalhados no WhatsApp e em redes sociais. Nos tiltimos dois dias, circula a noticia falsa de que 0 ‘adolescente “que agrediu a professora Marcia de Lourdes Friggi teria sido executado com oito tiros, em um possivel “crime de vinganca”. A parte uma virgula mal colocada e outra ausente, esse ¢ um caso raro de “boato propagado na internet em que nao abundam erros de pontuacao e grafia. A informacao, nem por isso, deixa de ser a mais pura ficcao. Outro findicio “de que a noticia é falsa é a auséncia dessa informacao em grandes veiculos de imprensa, que tém coberto o caso da agressio desde o principio. (WoL, 08/09/2017. Disponivel em: hitp://veia.abriteomibn/blog/me ‘engara-que-eu-posto/lovem-que-agredlu-professora-em-se-nao-fa- ‘morto-t-ttros/. Adaptado, Acesso ene 2 Se. 2017) 17. (UPF) No que concerne a aspectos gramaticais do texto acima, ¢ incorreto o que se afirma e 2) Depreende-se das ideias do texto que, em geral, boatos que circulam na internet tém varios erros de estrutura e de linguagem. b) © pronome “esse” (referencia 4) est’ empregado incorretamente, pois se refere ao termo “boato” (referéncia 5), que ainda sera apresentado. Portanto, ‘autor do texto deveria ter usado “este”. oramdtica @D| FERNANDA PESSOA ¢) Ha elementos no texto que permitem deduzir que, com excegao de detalhes, 0 boato foi escrito em conformidade com a norma culta da lingua portuguesa. 4) Em “Assim como a maioria das noticias de grande repercusséo” (referéncia 1), 0 adverbio “Assim” poderia ser retirado do trecho, sem prefuizo para a compreensio ou para o contexto. €) As oracdes “que agrediu a professora Marcia de Lourdes Frigsi” (referencia 3) e “de que a noticia é falsa” (referéncia 7), classificam-se de maneiras diferentes, uma vez que a primeira restringe o sentido do termo “adolescente” (referéncia 2) ¢ a segunda complementa o termo “indicio” (referéncia 6). ‘TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: ‘Texto para a(s) questao(Ges) a seguir. Carta do escritor Graciliano Ramos ao pintor Candido Portinari Rio - 18 - Fevereiro - 1946 ‘Carissimo Portinari: A sua carta chegou muito atrasada, € receio que *esta resposta ja nao *o ache “fixando na tela a no: pobre gente da roca. Nao ha trabalho mais digno, penso eu. SDizem que somos pessimistas ¢ exibimos deformacoes; ‘contudo as deformacdes e miséria existem fora da arte ¢ sao cultivadas pelos que nos censuram. Oque as vezes pergunto“a mim mesmo, comangistia, Portinari, ¢ isto: se elas desaparecessem, poderfamos continuar a trabalhar? Desejamos realmente que elas desaparecam ou seremos também uns exploradores, to perversos como os outros, quando expomos desgracas? Dos quadros que voce mostrou "quando almocei no Cosme Velho pela tiltima vez, 0 que mais me comoveu foi aquela mae com a crianga morta. Sai de sua casa com um pensamento horrivel: numa sociedade sem classes e sem miséria seria possivel fazer-se aquilo? Numa vida tranguila e feliz que espécie de arte surgiria? Chego a pensar que fartamos cromos, anjinhos cor-de-rosa, ¢ isto me horroriza. Felizmente a dor existira sempre, a "nossa velha amiga, nada a suprimiré. E 'seriamos ingratos se “desejassemos a supressdo dela, nao “Ihe parece? Veja como os nossos ticagos em geral séo burros. 4 cramstica Julgo naturalmente que seria bom enforcé-los, mas se isto nos trouxesse tranquilidade e felicidade, eu ficaria bem desgostoso, porque nao nascemos para tal sensaboria. © meu desejo € que, eliminados os rico, de qualquer modo e os sofrimentos causados por eles, venham novos sofrimentos, “pois sem isto no temos arte. Eadeus,"* meu grande Portinari, Muitos abracos para vocé e para Maria. Graciliano sensaboria: contratempo, monotonia 18. (MACKENZIE) Assinale a alternativa correta. a) O sufixo de superlativo em carfssimo (referéncia 1) a expresso meu grande (referencia 15) indiciam 0 grau de afetividade que une emissore destinatario da carta, 0) 0 pronome esta (referencia 2) pode ser substituido por “essa” sem prejuizo para o uso correto da norma culta escrita do portugués brasileiro. ©) A forma do verbo em fixando (referencia 4) denota que a acdo a que se faz referencia ¢ considerada em seu estao concluido e final. 4) 0 uso do pronome nossa (referéncia 10) evidencia que o emissor da carta delimita de maneira irrefutavel sua separaco e distancia em rela¢do ao destinatario. €) Os verbos seriamos (referencia 11) e desejdssemos (referéncia 12) exprimem o sentido de agdes que sao dadas como certas e realizadas. ‘19. (UPE-SSA 1) eee FERNANDA PESSOA Acompreensodotexto,noinformepublicitarioacima, exige que 0 leitor perceba que, nele, apresentam- se duas normas linguisticas, Para diferencié-las, 0 principal recurso utilizado pelo autor foi o de a) representar, nas ilustragbes, duas diferentes classes sociais. Isso justfica, por exemplo, as imagens de pessoas bem-vestidas juntamente com outras, de pessoas malvestidas. b)mesclar, no texto, elementos verbais com elementos nao verbais. Isso possibilitou que o texto fosse escrito na ‘norma culta’, e as imagens representassem a “norma popular’. ©) grafar algumas palavras em desacordo com as convengoes ortograficas, porem de maneira mais aproximada da fala. Isso justifica, por exemplo, as diferentes grafias de "bem esta” / “bem-estar”. 4) distribuir o texto em diferentes planos. Isso permitiu que a norma considerada ‘culta’ ficasse destacada em primeiro plano, ¢ a norma considerada “nao culta’ ficasse em segundo. ¢) trazer, para o texto, diferentes géneros. Isso possibilitou que a ‘norma culta’ fosse expressa na forma de versos, no género poema; ¢ a ‘norma ndo culta’ fosse expressa na forma de prosa, no género antincio publicitario, ‘TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: Leia o texto abaixo para responder a(s) questao(6es) aseguir. EVOCACAO DO RECIFE (a) ‘A vida no me chegava pelos jornais nem pelos livros, Vinha da boca do povo na lingua errada do povo Lingua certa do povo Porque ele € que fala gostoso o portugues do Brasil Ao passo que nés © que fazemos Emacaquear Asintaxe lusiada (.) BANDEIRA, M. Estrela da vida ineira, 20° Edigaa, Rio de Jametro ‘Nova Fronteira, 1999. 448 p. 20, (G1- IFPE) Devido aprimaziaquesetemconcedido lingua padrao, muitos consideram a “lingua do povo” a que se refere 0 poema como incorreta. Este fenomeno de atribuir menor valor a determinadas variedades da lingua denomina-se a) variacao sociocultural. 1b) variacao regional. ) bairrismo, ) preconceito linguistico. ¢) preconceito de classe. ‘TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO UMDOADOR UNIVERSAL ‘Tomo um taxi e mando tocar para o hospital do Ipase. Vou visitar um amigo que foi operado. O motorista volta-se para mim: - Osenhor nao esta doente e agora ndo ¢hora de visita. Por acaso é médico? Ultimamente ando sentindo um negocio esquisito aqui no lobo... - Nao sou médico. Ele deu uma risadinha, - Ou nao quer dar uma consulta de graca, hein, doutor? Eisso mesmo, deixa para la. Para dizer a verdade, no tem cara de médico. Vai doar sangue, - Quem, eu? =O senhor mesmo, quem havia de ser? Nao tem mais, ninguém aqui. ~Tenho cara de quem vai doar sangue? ~ Para doar sangue nao precisa ter cara, basta ter sangue. O senhor veja 0 meu caso, por exemplo. ‘Sempre tive vontade de doar sangue, E doar mesmo de graca, ali no duro, Deus me livre de vender meu proprio sangue: nao paguei nada por ele. Escuta aqui uma coisa, quer saber 0 que mais, vou doar meu sangue ¢ ¢ ja. Deteve o taxi a porta do hospital, saltou ao mesmo tempo que eu, foi entrando: ~E 6 ja, Esse negocio tem de ser assim: a gente sente vontade de fazer uma coisa, pois entao faz e acabou- se, Antes que seja tarde: acabo desperdicando esse sangue meu por ai, em algum desastre. Ou entio morro © ninguém aproveita. J4 imaginou quanto sangue desperdigado por af nos que morrem? oramdtica QDI - Enos que nao morrem? - limitei-me a acrescentar. - Isso mesmo. E nos que nao morrem! Essa eu gostei. Estdse vendo que o senhor € mogo distinto. lhe aqui uma coisa, nao precisa pagar a corrida. Deixei-me ficar, perplexo, na portaria (e ele tinha azo, nao era hora de visitas) enquanto uma senhora reclamava seus servicos: = Meu marido esta saindo do hospital, nao pode andar direito... = Que € que tem seu marido, minha senhora? - Quebrow a perna. - Ento como é que a senhora queria que ele andasse direito? - Eu ndo queria, Isto é, queria... Por isso ¢ que estou dizendo - confundiu- sea mulher, - 0 seu taxi ndo esta livre? - O taxi esté livre, eu éque ndo estou. A senhora vai me desculpar, mas vou doar sangue. Ou hoje ou nunca, E gritou para um enfermeiro que ia passando e que nem 0 ouviu: - Voce af, 0, branquinho, onde ¢ que se doa sangue? Procurei intervir: ~ Atenda a freguesa... 0 marido dela, - J4sei: quebrou a perna e nao pode andar direito. - Teve alta hoje, - acudiu a mulher, pressentindo simpatia, - Nao custa nada - insisti. - Ele precisa de taxi. A esta hora... - Eu queria doar sangue - vacilou ele. - A gente nao pode nem fazer uma caridade, poxal - Deixa de fazer uma e faz outra, da na mesma, Pensou um pouco, acabou concordando: = Esta bem. Mas entio faco o servico completo: vai de graca. Vamos embora. Cadé 0 capenga? Afastou-se com a mulher, ¢ em pouco passava de novo por mim, ajudando-a a amparar 0 marido, que se arrastava, capengando. - Vamos, velhinho: te aguenta af. Cada uma! Ainda acenou para mim, de longe, se despedindo. ‘SABINO, Fernando. Um doador universal. ispantveleme <>. Acesso: 08 mato 2017. @@ cramérica 21, (G1 - IFPE) Em relacdo a linguagem, podemos afirmar que o texto a) embora se apresente escrito, possui uma linguagem mais informal e proxima da oralidade, pouco preocupada com a rigidez da norma culta. b) foi escrito com total respeito a norma culta da lingua portuguesa, nao sendo possivel encontrarmos ‘twechos em desacordo com as variedades de prestigio. ©) embora apresente express6es coloquiais como “capenga”, “de graca", “no duro”, a abordagem do assunto “doagao de sangue” da ao texto um tom sobrio ecientifico ) apresenta uma linguagem técnica, porém, de facil compreenso, uma vez que associa elementos coloquiais a termos formais no decorrer do texto. ©) expde 0 preconceito linguistico praticado pelo motorista ao chamar 0 passageiro de “moco distinto”, discriminando a variedade linguistica falada por cle. ‘TEXTO PARA A PROXIMA QUESTAO: Leia o texto, a seguit, atentando para responder a(s) questao(des). Médico debocha de paciente na internet e ¢ demitido Pacientes ¢ internautas ficaram indignados com a postura do funcionario Um médico plantonista do hospital publico Santa Rosa de Lima, administrado pela Santa Casa de Serra Negra, em Sao Paulo, foi afastado do trabalho apos ter uma foto divulgada em, seu Facebook em que debocha de um paciente que nao falou corretamente as palavras “pneumonia” € “Raio-X" em uma consulta. 0 médico em questao publicou em sua rede social a imagem de um receituario em que se Ié: “Nao existe peleumonia e nem raoxis”. A postagem foi comentada FERNANDA PESSOA pelas funcionarias do hospital, que também foram demitidas. © Conselho Regional de Medicina de Sio Paulo (Cremesp)informou que vaiinstauraruma sindicancia para avaliar a postura do profissional. © caso ganhou repercussao depois que a dentincia foi publicada na coluna “Comentando”, e outros pacientes e internautas ficaram indignados com a postura do clinico geval. A diretoria do Hospital Santa Rosa de Lima publicou uma nota em que repudia 0 comportamento dos ex-funcionarios. ‘Texto adaptada, Disponivel em:

You might also like