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Resenha: ARGAN, Giulio C. Art Nouveau. in A Arte Moderna 1770-1990. São Paulo: Companhia Das Letras, 1992, pp.199-207.
Resenha: ARGAN, Giulio C. Art Nouveau. in A Arte Moderna 1770-1990. São Paulo: Companhia Das Letras, 1992, pp.199-207.
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Giulio Carlo Argan (1909-1992), nascido em Roma, na Itália, foi um dos mais
produtivos historiadores e ensaístas de arte de sua geração, sendo também professor
da Universidade de Roma e da Universidade de Palermo. Foi aluno de importantes
críticos de arte como Adolfo e Lionello Venturi, que preconizava a procura do sentido
da arte na História. Nesse sentido, Argan foi representante de uma tradição crítica que
corresponde historicamente a movimentos modernos da arte. E ainda, durante sua
vida, foi prefeito de Roma e Senador pelo Partido Comunista Italiano.
O texto analisado faz parte do livro escrito por Argan intitulado A Arte Moderna
(1970) e tem como pano de fundo o cenário da transição para o moderno, isto é, a
passagem do século XIX para o XX. Esse contexto foi marcado pelo desenvolvimento
urbano e industrial e pelo consequente fortalecimento da produção mecânica e
automatizada em contraste com o trabalho manual de artífices e artesãos. Nesse
sentido, Argan busca estabelecer relações entre a arte moderna e os processos
históricos que a formaram, procurando encontrar suas origens nas heranças artísticas
do iluminismo.
Diante desse panorama, o autor traz o conceito de Art Nouveau e apresenta ao leitor
diversas imagens de produções artísticas desse movimento, tais como mobiliários,
espaços arquitetônicos, quadros, esculturas, etc. Ademais, ao longo do texto, tece uma
crítica sociológica acerca desse fenômeno tão proeminente na transição do século XIX
para o XX.
Argan durante o texto traz conceitos da teoria marxista, tais como “mais-valia” e
“fetichismo da mercadoria” de forma a caracterizar o contexto no qual a produção da
art nouveau estava inserida. Faz referência também a ideia de Indústria Cultural,
desenvolvida pelos sociólogos alemães Theodor Adorno e Max Horkheimer, à medida
que as obras de estilo “moderno”, produzidas majoritariamente pela indústria e
voltada para o consumo das massas, era uma forma de uniformizar e massificar todo
um regime cultural. Tanto é que a art nouveau chegou ao Brasil: a elite brasileira, na
tentativa de ser cosmopolita e se tornar mais próximas da modernidade europeia
passaram a consumir esse tipo de estilo. Exemplo disso é a própria FAU Maranhão
(Vila Penteado), um edifício art nouveau com mobiliários e adornos tipicamente desse
estilo, apresentando temática naturalista com ornamentos que remetem ao café e à
flora brasileira.
Ainda, faz menção ao poeta e teórico francês Baudelaire, o qual é considerado um dos
precursores do simbolismo e reconhecido internacionalmente como o fundador da
tradição moderna em poesia. Ademais, traz uma afirmação de um crítico de arte
britânico, John Ruskin, para refutá-la segundo a sua própria linha de pensamento. Por
fim, ele menciona William Morris, um designer têxtil, poeta, romancista, tradutor e
ativista socialista inglês, sendo um expoente do movimento Arts and Crafts,
contribuindo para reviver os métodos tradicionais de produção. Trazendo para o
cenário brasileiro, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo teve seu estabelecimento
como escola fortemente influenciado por esse movimento e posteriormente se tornou
o principal divulgador e realizador de obras no estilo Art Nouveau em São Paulo e no
país. Exemplo disso é o mobiliário da Vila Penteado já mencionado anteriormente.