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Capitulo Educagao e pedagogia Rae, Toa ee Neste capitulo enirelacamos concei- tos fundamentais como educagéio € pe- dagogia, procurando compreendé-los & luz daquilo que atualmente se espera do educador e do pedagogo. Aqui, ape- nas esbocamos algumas diretrizes, cujos principais vetores serdo retomados ao longo do livro. 1, O ato de educar A educagaio ni a dos antepassados pi simples transmiss as © processo pelo qual (an hem se torna possivel a gest © a ruptura com o velho, Evid do novo moment, isso ocorre de 1 ariivel, conforme scjam as sociedades estiveis ou di As comunidades pri tivas © as Tistas resister mais & nauctan sociedades url as contempo muito maior mobilica Para o professor José Carlos Libineo, A INdats Staiger dS Wales “educar fem latim, edicme) & conduzir de do século XVI, 0 mesire um estado a outro, & modific 1a, tendo ae chao a vara saves qs castiga: Be id para O ato pedagagico pode, entio, €&, porcebemes quanto jé Lea La ia rena mudamos ne ago educativa, mas também quanto ainda ragio entire seres social foremos de mudar. apessoal_ como no nivel da influencia numa ce cagiio, definido, ‘io © que & suscctivel de idlade sistemsitica de inte- into no nivel do 31 do meio, interagio essa que se confign- pos de sujeitos visando provocar neles mudangas Uo efieazes que os tornem ¢ vos desta propria agio exer Presumesse, ai a interligagio no ato pe- Sgico dle trés componentes: um agente Iguém, um grupo, um meio social cte.), 1 mensagen trunsmitida (contetidos, méto- les ete.) © um educando (aluno, grupos de alunos, uma ge= dos, automatismos, habilid: Diz ainda o protessor Libanco que 0 es- pe ficamente pedagégico esta na in io enitr nnsigem eo educando, propi- Gada pelo agente, Como fuscia mediadora, a agio pedagégiea estabelece a relagio de reciprocidade entre indivielua ¢ sociedade. Concluise que a educacgio fo pode ser co nndida fora de um contexto hist social € © ponto de partida e 0 ponto de Ao ped nidade I como a educagio se process de modo difuso nas soc wiba Veremos 1 nda haje, permanece informal na familia © no convivie social. Mas a edu cagio também pode ser formal, quando so, ccriaclas instituigGes especialmente voltadas a educagao intencional io. exem comum é a escola, Neste capitulo renios sobretudo 0 sentide da edu- cagio formal, imencional Para que a praxis educacional seja in- tencional, & preciso que saiba explicitar de antemao 0s fins a serem atingides no processo. Retomando o curso ca histéria, vemos que a Grécia dos tempos homérices prepa- Gpoea ckissica, Menas dade que privilegiaya a form na Idade Média, os valores terrenos eram, Demacatizae 32 da piles 1 peda riores; no Renascimento, buseava-se eclu= car para formar o geuti-honem, © assim por diame, Seguindo esse raciocinio, sem duivida le 1s fins da educa teriamos muita dificaldas com seguranga quai, no munca contempor wo: que valores se encontram subjacentes ao processo educa Gonal? Se tal elucidagio & rekuivamente simples quando realizadla @ posterior, mos- trasse problemiitiea quando querenios defi- nir os fins aqui e agor Par Dewe prio fi amas deve ser interior ia © pedagogo norte-americano John © processo educative & 0 seu pro Mio & prévio, nem Gltimo, 10). A partir dese sa visio, o professor argentino Gustavo Cie iano teeeu as seguintes consideragdes: ‘No viver dirio, vida, atividade © fim se confundem. Os pais criam os scus filhos part tornlos adultos? Ou a sua criagio & parte da vida deles e dos seus proprios deve estar separaca da vida nem € prepa- ragio para a vida, mas é a vida mesma, Se 0s fins niio sio exteriores & agi, isso ndo quer dizer que a agio se wali a clarii io dos fins, mas sim que estes itucns abjetives colacadas @ partir da valoragio por meio da qual o indivieluo se esforga para superar a sit Sob es uedio. Vivica aspecto, ais necessidaeles humanas prioridlades se es se HOS propu- sermos a educar em uma Favela ow em um bairro de elite. Por nto, 0s fins se baseiam em valores provisorios que se alteram con= forme aleangamos os objetives imediatos propostos ¢ também encanto mucla a reas lidadle vividla, Essas questées nos remetcm ao tema dat politica (que veremos melhor no eapitulo 1). critieo social dos comteidos. Sto Paulo, Lagoa, L985, p. 97 met tem p Fevic clas outt “bo aw pew side Ae pos 2 que pre Ao par iti pre per ob da po ef de derados supe- Iscavaese eclue Josteriori, mos- uueremos defi- terieano John € 0 seu pro- nem Gltimo, A partir des- » Gustavo ¢ onsideragies: lade e fim se 2s seus filhos 1 sua eriagio ‘cus proprios ducagio ni rem é prepa Anglo, isso. + realize sem im que estes vagio vivida Jes humana, umente > nos propus low em um 's se baseiam alteram con= os imediatos muda a rea ao tema da capitulo (1). A educagio no pode ser compreendida i margem da histéria, mas apenas no contex- to em que os individuos estabelecen \gdes de produgio da su esisténcia, Desse modo, niio ago ¢ poder: a edu tum proceso neuro, mis se cha comypro- parar c cdo io ¢ da com a economia e a politic tempo. Por exemplo, veremos no capitulo jit re ferido que a ideologia impae valores de wma classe (portanto sens valores particulares) otra, como se estes fossem valores univer sais. Assim, para o colonizador portugues, 0 “bom inlio” exa o indio submisso, disposto a aba de acorde com 0 padrio euro peu case ornar eristo, abandonando suas crengas, consideradas atrasacas, A educagio nio pode, portant, ser con siderada apenas um simples veiculo tr missor ce saberes ¢ valores, mas também umn instruny o de critica dessa heranga \ educagiio dev possivel a reflexdo critica da culty 2..A reflextio pedagégica Qualquer atividade educacional que se queira intencional e eficaz tem claves os pressupostos tedricos 4 Ao elaborar leis, fi ar ou enfrentar © phingjamemo esee diffewldades espec preciso ter clare: permei observarmos o “espontaneisi 1a respeito da toria que as decisdes, No entanto, & comum, 1 entre (eoria © priti- foi adeqyuach ea, porque © professor mente mado porque nj sabe como integricla a pritiea Vejamos alguns exemplos: uma escola de ensino médio que ofereee, a cada se na, dex aulas de quimes, una cle histinia © Educagao e nenhuma de filosofia; unsa sala dk para ada, ar ccriangas em que as carteiras esto no chiio; um professor que prefere est pesquisa em grupo ¢ outro que privile cexposigio oral; algu m que Iamenta 0 fato dio se ensinar mais latim no colégio; um. professor que exige leituras extraclasse, lum que faz. chamada oral com fr outro que cki pouea Todos esses aspectos resulta de cu tematizadas ou no ccepgaes que colo- lipo de pessoa se quer formar? Para qual so ir da elucidagio da base antropologica, pas glo dos contetidos as umios para a sele~ transmitidos: O que cnsinar? $6 entio se colocam que Wes metodolégicas: Como ensinar? Pode- mos concluir que a escolha dos contetielos ¢ do métado no é casual e— quero professor sal Yio — depende de determinada concepcio de ser humano ¢ de sociedade, concepcio esta que niio & neutra, por estar impregnada da visio politiea que s anin Desse modo, os proceclimentos espe cos usaclos em sala de aula adqttirem se lido a partir do esela 10 dos pres: supostos antropolégicos, epist logics axioligicos bem como da sua coeréneia (ou incoeréneia) com © método € © contetido escolhidos. Dependendo das respostas dadas a essas questies tedrieas, podemos compreender as liversas propostas pedlagdgicas ¢ as eonse- qivéncias delas pa jam da escola tradicional, sejam da esc renovada, da tecnicista, da libertiia, ¢ a sim por dante. Pedagogia: ciéncia da educasdo A paalavra fade dlesigniava, na ravo que conduia a eri esc Essa denion wer dropes gio €or cercta (pedagogo/pedagogia) assumits post 33 riormente conotagbes abstratas par inicar as erias sobw a educayio, Xo longo do tempo 0 conceito de pedagagia sofieu variagives, do mese 1o modo que os prineipios eos fins da educa io nem sempre permaneceram os mest, De modo geral, podemos distinguir pelo mais mareantes (¢ cada uma delas, por sua vez, produziu dis yersas teorias ao longo do tempo): a) as pe- dagogias filosdficas (ou essencialistas), ba seadlas nos modelos ideais do ser humano jiversal”; b) as pedagogias positivistas, ir sua cientiicidade; ¢ fletem cien- que buscam gar as pedagogias din sq lificamente sobre a edlucagiio coma tam bem propdem modos de uma ago eman- cipatoria, Na unidade IN detidamente as diversas correntes que se fanclamentam nessas orientagdes basieas. Embora admitindo a coexisté n da hoje dessas diversas tend neste capitulo analisar as caracteristicas dat terceira, que também 6 conhiecida como fe dagogia critiea-emaneipatiria, comegando com as perguntas cla pedagos educagio Maria Amélia Santoro ¢ psicélog ‘© que pode © deve ser hoje a pedagogia? \ que necessidades sociais ela cleve der? A que especifico objet des agio? De que métodos de investigagao pre isan se utilizar, para tornar pertinente sua 10, no semido de coneretizar sew papel social?” Nas respostas a essas questOes, st autora propae uma coneepgdo de pedagogic reine polities, partinde do pressuposto de que nenhuma prixis educativa é neutra, Por isso mesmo, diante das desigualdades presentes na estrutura da sociedade vigente sobretudo no Brasil —, preeisamos de uma ciéneia pedagdgica que, em seu fazer social, se assuma como instrumento politico, de emancipagio humana. Tega coe ica da oda, Campinas, Papas, Para esclarecer 0 que significa esse foco da tworia, comecemos por determinar a pritica educative como © objeto da pedago- gia. Trattse de um plexidade, sobretudo porque educar & uma pmitica social intencionada, isto &, antecedida phjeto de grande come por um projeto (cérico consciente que visa a niudangas de comportamentos, no educando, mas também no educador ¢ na sociedade, Dai podermos cou ciéncia pedagigica inserida «1 so histérico-social sempre ret © pedagogo, cientista que &, investiga metédica ¢ rig false instauram e se proce priticas educativas e para tanto no reeusa 1 pareeria das citneias ausiliares da educa Gio. Mas nfo s6. O pedagogo também de- ver’ propor modos de transformagio dessas priticas. Ou seja, a cidneia pedagdgica nio visa apenas a pesquisar ¢ conhecer «realidad celucativa, muas a agir sobre ela, fecundan- do-a, transformando-a. Alguém podria se perguntar se, nese se caso, a pedagogia tum educa apticada — e ia propriamente que a pesquisa visa desde 0 primeiro momento 3 aplieacio pritica — emo uma eidncia bisica, na Gientista amplia pela teoria o conhecime fico em determinada plo, enquanto na biologia (eitneia basica’ rus, nat fi ila) base cologia (ciéncia apli carsse-in encontrar ou sintetizar uma droga para tratar pessoas acc virus, Nest quisas seria pragnvdtico, por estas estarem yoltadas para o desenvolvimento de uma etidas por aqueles ‘ihn » e180, 0 objetivo das pes+ tecnologia. No entanto, ancorada em ampla biblio- Amelia Santoro agralia, a professora M: Franco se recusa a restringir a ped 2003, p Le. 34 Filosofia da educacéo esp pedags poder torno do se flexiv: ‘educa saben prix gogia prix 3. Cir o do rig preer tes F giur meto relac espo ° aper der stu loX Tht Sehn ignifica esse foco or determinar a 10 da pedago- de grande com tue eduear & uma to é, antecedida rsciente que visa imentos, niio sé 2 em um proces: renovado e que rigorosa 0 modo proces tanto iliares da educa go também dle= formagio dessas pedagégica nao hecer ae oconhecimento rea, Por exen lecermi in aplic tizar uma dro, idas por aqueles dhjetivo das pe or estas esta 1 ampla biblio- Amélia Santoro sir a pedagogia 20 campo das ciéncias aplic especificidade do pensar-agi pedagégico, a ciéncia pecagégica seria como uma pris pedagigica. B completa: “A pedagogia nio poder ser eiéneia » se onganizar em torno dla rflexao engaiade [grifo meu}, deven- do se constituir como ciéneia eritica © flesiva, mergulhada no universo da pratica educativa, engajada nos anscios do coletivo, ta ela sabendlo, por prineipio, que no bs er uma ciéneia da eritica sobre Isto & pouco ¢ nio é um caminho fecunda- dor de novas percepgaes™. Por isso podemos falar em praxis edueativa prixis pedagigica como dois polos insepan veis, sempre em interco gos pr nicagio: a pear a mesmo tempo que & a teoria dat . deve estar volta para ap 3. Ciéncios auxiliares da pedagogia ° do rigor metodoldgico, seja na filosol lo XVII destacon-se jack busea ia, Sdo conhecidos os esforgas em preendidas nesse sentido por René Dese tes, Francis Bacon ¢ Ga entre muitos outros. Também na pedagogia sur giu_nesse mesmo periodo o interesse pela metodologia © pelo rigor da teoria quando relacionada com a pritica, © educaclor morivio Amos Goménio foi um preeursor mais elaborados que pudessem supe! espontancismo em edueagio, interesse pelos métodos ret aperfeigoamento das ciéncias da naturez nascentes, também voltadas parst a busca de rigor na investigagao de sew objeto de ». Como veremas, no que diz respeito rncias In ais, seu desenvolvimento ocorreu mais tardiamente, no final do séeu- Jo NIX e comego do XX. A psicologia No século XVI, Jea an destacou a impor ques: Rowse ia de se eonhe sequiram Johann Pestalozzi e Friedtich Froebel, convencidos de que a edueai cficaz, com maiores chances de formar um adulto feliz, se © desenvolvimen- to do psiquismo infantil ocorresse cle modo harmonioso © ¢ ‘ontrava em estado ‘éncia, esses esforgos coagies, periodo a psicologia se incipi 10 passavam de s sem muito, tentativas bem-intencion: rigor na sua fandamentagao, Somente no final do século NIX as ciéneias humanas (psicologia, sociologia, economia ete.) co- megaram a se separar da filosofia, delimi- (odo priprios. Tornou-se, lo Chae ipassar das opinides as certezas” Apsicologi wa deduce plo, contribui p: controle ¢ distirbio de aprendizagem, ni- Idade do educando, ritmo de ando objeto e ‘nido, possivel psicologia a su conhecimento superticial ¢, se¢ (0, porexem ca avaliar questes como veis de dif aquisigo de conlweimentos ete No século NIX foram importantes os trabalhos de Johann EH do séeulo XX Alfred Binet esta scala métrica ca inteligeneia que se tornow famosa, Pesquisas foram desenvalvidas, imeros psicdlogos das mais v ias metodologieas contribu den aperfeigoamento da pedagosi Havia os que privilegiavam experitncias mpo do comportamento, como, por iplo, John B. Watson, Burthus E Skin- ‘divard 1. Thorndike. A p de Sigmund Freud, a ps Jean Pia ade ret © a aniilise historica e cultural Telagigia cons cdi de cgi, 0. A pair ca p89, x0 ctavas os segnintes autores: WY liter, WE Selumied-Kowarziky Theodor Lite outro da educacéo, 35 levack 1 efeito por Ley S. Vygotsky deran destaque as relagies interpessoais. Alguns partiran losofia fenomenoligica, como os gestalistas Kurt Kofika © Wolf gang Koller, ow ainda do pr como William James ¢ John Dewey A sociologia © desenvolvimento da sociologia am pliou a compreensio da escoki como grupo social compleso ¢ da educaggi » como pro- cesso de perpetuagio © desenvolvimento da sociedlade, Na passagem do séeulo NIX para o NX, Emile Durkheim analisou pela prin lizando uma abordagem cientifica een trada no fato conereto da educagio © niio 10 seu conccito metalisico, ¢ cigncia no estudo dos fos da educagio, mo sacidlogo, Durkheim aplicon sua “© nat sima origem social, Tornou- sua definigio: “N educagio & a ida pelas geragées adlultas sobre 1s geragdes que mio se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por ob- na crianga, to mimeo de estados lisicas, intelectiais ¢ ‘clamados pela sociedace politica hho scu conjunto © pelo meio expecial a. que 1 erianga, particularmente, se destine Portanto, para Durkheim, a educacio smistiz, antes de tudo, a necessidades so ciais” e *salta aos olhos que toda educagio consiste num eslorgo continuo pa 2 impor Aerianga maneiras de ver, de sentir ¢ de agir as quais a criang, heamente chegado’ cariter social dos fins da edue: abordigem deu destieue 20, tui a pedagogia como disciplina autono- ma, desligada da filosofia, dat moral e da teologia, Além disso, Durkheim conside= Fie 36 lo, Mell a uma “teoria pritien” da educagio que, a@ fandar suas principais capa de guiar ¢ esclarecer a pritiea Os limites da abord durkheimiana ela também parcial, nam dida em que, a0 enfuizar 0 proceso ex- terno, se descuida do processo interno da educagio. Além disso, absolutiza 0 poder da sociedade sobre 0 indivicluo, retirando, dele todo o poder de contestacio, Mesmo, considerando os diversos segmentas: que compiem a sociedade, nia an: flitos que determinam 0 cariter ideoligico da educagio, Trata-se de uma concepeio, de certa forn conservadora, pois ve a educagio como forma de manutengio dat cestrutura social, A novidade da aplicagio da sociologia ha educag aatitude desetitiva ¢ » privilegs se para 0 exame dos elementos reais, ilise dla insergdo dla escoli em determinado campo da realidade, os instrumentos utilizados, © carter das ins lituigdes escolares, a heranga social (tradi des, idéias, wWenieas ete.) a interagio entre quem recebe © quem ransmite a educagiio ce assim por diante, Muitos socidlogos tm tawide conui- Duigdes valiosas pars a pedagogia, Desde as reflexdes de Marx, chegando no séeulo XX com o impacto das analises feitas pelas duplas francesas Bourdicu/Passeron ¢ Bau delot/Establet, que denunciaram a fungio reprodutora ca escola na sociedace de clas ses. Na unidacle LY voltaremas a eles, Outras ciéncias A ccamumia & outra cigneia ausiliay da pox dagogia: partindo da anzilise dos modelos econdmicos, campreendemos as rekagées entre @ economia « os flusos de demanda de escolarizagao. Nesse sentido, sao fecun= lises Feitas a propésito dos niveis de desenvolvimento econémien das paises, © que tem servido, inclusive, para melhor entender as eontradigées que percarany sas wolvidas, regides subdese No Brasil, por exemplo, 0 modelo agri rio de ce nomia, tipico do primeiro perio= ria (que vai do séeulo XVI ada familia real para 0 Bra caracicrizou-se pelt pouca exigene cia no campo educacional, No entanto, 0 desenvolvimento do comércio ¢, posterior mente, no século XX, 0 inicio da industria due lizaglo recrudesceram o interesse pela cago € a necessidade de sua expansio, Outra citneia de especial importincia para a reflesdo sobre a pecayogia & a hist via da educagdo, O interesse pelo passilo nio resulta de simples preocupagio erudiva ou mera curiosidade, mas viabiliza projetos de mudanga que no uos, ou que, 40 Conttirio, nao estejam con inaclos pelo pessimisino ge do por cee 6s historiaclores comegaram at se interessar repetidas, Noentanto, por uma historia sistennitica ¢ exclusiva da da educagio, antes apenas um “apendice histéria geval. No Brasil est preocupag uito mais recente © tornouese amas imeensa a partir da década de 1970 —, em= p uitos campos ainda exijam prem te investigacao para que se desenhe um perfil ais nitido da educacio brasileira, S6 assim que proporcione muclangas efetivas. Sem pretender citar todas as eiéncias ausiliares da pedago destacar a aulropologia, a geografia Iumana © podemos ainda a fingiisica, alGam dla ciberntt jue revolu- Merece destaque especial a hinlagia, que mantém cionou os métados pedagdgicos, cestreita ligagao com a educagiio, devide ao “0 problema da pesquisa en estudo do desenvolvimento fisiolégice, da imteragao corpo — mente, da genéii 4. Aespecificidade da pedagogia Vimos no capitulo anterior que a filosofia 6 muito importante para a pedagy dio se confiade com cla, Agora, 0 1ec0- ihe mento da pedagogia, As tendéneias contemporineas da pe- dagogia visani a descartar anxilises paretais individualista ou socia husea de uma abordagem dialética da educaggio que poss equacionar devidamente os pélos pri acho, teoria geral Prew io da pedagogia como “filha” da ilosolia ict, particular le também 0 risco do psicologismo, do so: ciologismo ou de qualquer outro “ismo”. Isso nao significa desprezar 0 importante papel desempenhado pelt filosolia, que acompanha reflexivamente os problemas educacionais, ¢ a contribuigo dada pelas Giéncias em geral paraa maior objetividade ise dos fatos educacionais, Ao pedlagogo cabe equilibrar as diversas contribuigdes tedricas que entiquecem woria ¢ The dio rigor ¢ objetividade, desde que evite 0 que o professor Laiz B, Lacerda Orlandi denominou “fumagdes da conse - O isco dos ciéncia pe ismos” ilo se a educagio for © ponto de partida e de chegada dessa annilises. Exe plicando: 6 ponto de partida ca pedagogia & sempre um problema apresentado pela reatlicicle eclucacional, Busca-se, em seguie da, a contribuigao das ciéneias auxiliares da educa 10, para s6 ento atingir © ponto de chegada, que é, ce novo, « realidade educa cional. Assim, se deve perder de vista daca © algumas de suas implicates", in Eacae Hew! 2, mats de 1968, 37 a especilicidade da pedagogia como teoria dlistimia daquelas ciencias, nio rejeitando, a0 mesmo tempo, sta contribuigao. Desse modo, a pedagogia delimita 0 prd- prio campocestabelece seu camino, poden- dlo entio ser compreendida como teria geal da eduengio,expazde w 1 uma atividde intencional ¢ efica .\ partir da consciéncia dos problemas educacionais de seu estabelece objetivas reali 0, 0 peday cia, reve as processos utilizados, ¢ assim por te, SO dessa forma a edlueacy i instrumento real de transforn convém lembrar 10 do educacor, Ag aimpor para que a superagio das contradigdes seja possivel com a cionalidade © compreensio dos fins da isa de conelusa ncia da form ior gran de imen- educagio, Nos tempos que vivemos hoje, a umas; ncipal para tarefas urgentes se impdem, A pr elas & que tenhamos forga suficien seletiva, dando condigaes para a educa- 40 verdaclciramente universal, form: que socialize a cultura herdada, ao mes- mo tempo que possibilite a autonomia que permita a critica dessa mesma eultura, Dropes 1 - Emprecndo, pois, o deixarsme levar pela forea de toda vida viva: 0 esqueci- mento, Hii uma idade em que se ensina 6 que se sabe; mas vem em seguich tra, em que se ensina 0 que ni se sabe: isso se chama pesquisar. Vem talvez agora a idade de uma outra experiéncia, a de desiprender, de deixar trabalhar 6 remangjamento im- previsivel que 0 esquecimento impoe & sedimentagao dos saberes, das culturas, das erengas que atravessamos. Essa ex perigneia tem, creio cu, um nome iluste € fora de moda, que ousarei tomar aqui sem complexo, na prépria eneruvilhiada de sua etimologia — Sapientia: nenbramn poder, um pouco de saber, um pouco de sabedoria, ¢ 0 maximo de sabor possi- vel. (Roland Barthes) 2 ~ Pequeno vocabulivio etimol6gico: + Aluno — do latim alan, alm: Dai, pupil, nga nutrida no p do latin appzchendere de, Dai, tomar conhecimento de, p der na memoria, + Educar — do latim edueme: evian, mamentars © educere: Ievar para for fazer sair, dirar de; dar & luz, produzir conduzir de um estado a outro, do latiny insignre: assi- nnalay, distinguir, colocar um sin trar, indicar, Da para aprender, + Infineia — do latin inf, infantis que nio Fala, ineapaz de falar + Instrugiio — do latin instruct, in- iuctions: construgio, edificagio. + Mestre — do lati ager mags: 0 ‘que comand, drige, cond, Dai, mestre + Pedagogo — do grego praidagogss (pais, paidis = evianga © agngds = guia condutor): escravo que acompanhava as criangas & escola; depois, mestre, preceptor + Saber — do latim sapere: ter sabe ar ao paladar: saber, conhec aprender: + Texto — do latim fevtum, text: teci« do, pano; obra formada por varias par tes reunidas. fA pe Po lot distar poter sivio sam | em | A edue duzir dago ede um i psiee cont: res d te, 2 edu dune prati para cativ cap A ped: Ed @ Leitura complementar [As aces educativas e a ciéncia pedagégica] Pode-se hoje observar um grande elistan= acdes educativas ea esfera clo exercivio pedagiigico, A educa {Glo tem-se organizado na sociedade de modo. distante das agdes ped: E temos hoje uma sociedade muito complexa, com forte potencial educacional, Sera preciso ¢ neces sirio que agdes cientificas ¢ pedagogicas pos. sam produzir transformagies desse potencial em_ possibilidades educativas, reintegrando, novamente o educativo ao pedagdgico, A crescente dissociagio entre a atividade educativa ¢ 0 exercicio pedagigico foi pr duzinclo a niio-valorizagio cientifiea da p dagogia, que, abdicando de ser a ciéneia da educagao, foi-se eontentanclo em ser apenias um instrumiento de onganiz gio educativa. Ou sho. da inst tica do pedagigico, foram assum pel que Ihe deveri nclo o pas ser destinado, qual soja 0 de mediadlora interpretativa da prixis, Decorre cntio que as teorias educacio- nis, que antes foram teorias socioligicas, psicologicas, antropoldgicas, mio deram conta de serem instrumentos fomentado- res de prticas educativas. Inevitavelmer dundando na instrumentagio acritiea das pinhos line paralclos entre as dois patos de priticas, produzindo ca cativa e, dessa forma, 0 fosso entre a teoria ca pritica pedagogica foi ficando cada vez maior, subdimensionando-se a_validade tedtica e pritica da pedagogia Assim, ao se pretender reconduzir a pedagogin como ciéneia da pritica edu- cativa, em consonancia com as demandas © as possibilidades do comtesto. histéri 10 & pedagagia preciso considerar que cla deve ter necessariamente um papel politico, uma vez que estarsi sempre refle- Lindo, avaliando, propondo & discussie os fins ¢ os valores da educagio, num deter- minado tempo ¢ espago histéricos ‘Numa sociedade dle classes, nem sempre Bo dk joeritica come se pretenide aim ick humanista, Ini que se perguntar: a serv dle que interesses esti a ped da ci transformagiio dekt? Se estivera serviga da transforma caminham em que dire tais transformagdes? Se estiver a servigo da manutengiio, quais os interesses que: esto send contemplados nessa relagio? Devemos ainda relletir sobre qual dese sero abjetivw neural da aco pede red re 1 epistemoligico. Se considerarmos que suaagio deve estar diretamente vinculad sizaciio da sociedade, cla sera sempre um instrumento politico, portanto & funda ental que social inclusiva e participativa, e que fique la funeione como uma agio clara sua posigio a favor da humanizagio, » de oportunidades, da cons truco da justiga e da paz entre os homens. Ela precis is, estando a peclagogg ervigo da humanizacao clo homem, isso signiliea estar ao lado dle sua emancipacao, de sua liberta- fo, Ha que se lembrar que a emancipagio se far em estreitas, continuas, dialéticas re- lagdes do homem com a eulwura, do ser com © significado, Nao haveria necessidacle de pec para se fazer homem, ser conduzido a cule tura ¢, nesse processo, apreende tar, criar significados para que, do com os significados da cultura, fzer-se homem ¢ con Maria Amelia Santon Fran Campinas, Papirs, 2005, p, 70-71 39

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