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Dinamicas Socioeconomicas Iberografias Estrategias de Desenvolvimento
Dinamicas Socioeconomicas Iberografias Estrategias de Desenvolvimento
DINÂ MICAS
13. Abandono do Espaço Agrícola na “Beira Transmontana”
A ideia partiu do ensaísta Eduardo Lourenço
14. Educação – Reconfiguração e Limites das Suas Fronteiras
15. Escola – Problemas e Desafios na sessão solene comemorativa do Oitavo
16. As Novas Geografias dos Países de Língua Portuguesa – Centenário do Foral da Guarda, em 1999,
Paisagens, Territórios, Políticas no Brasil e em Portugal
SOCIO ECONÓMICAS
17. Interioridade / Insularidade – Despovoamento / Desertificação tendo em vista a criação de um Centro de
18. Efeito Barreira e Cooperação Transfronteiriça na Raia Ibérica Estudos que contribuísse para um renovado
19. Patrimónios, Territórios e Turismo Cultural
20. A Cidade e os Novos Desafios Urbanos conhecimento das diversas culturas da
21. Vida Partilhada – Eduardo Lourenço, o CEI e a Cooperação Península e para o estudo da Civilização
Cultural
22. Falar Sempre de Outra Coisa – Ensaios Sobre Eduardo Lourenço EM DIFERENTES CONTEXTOS TERRITORIAIS Ibérica como um todo.
23. Metafísica da Revolução – Poética e Política no Ensaísmo de
Eduardo Lourenço
24. Paisagens, Patrimónios e Turismo Cultural Criado formalmente em Maio de 2001, o
25. Condições de Vida, Coesão Social e Cooperação Territorial CEI tem vindo a afirmar-se como pólo privi-
26. Paisagens e Dinâmicas Territoriais em Portugal e no Brasil –
As Novas Geografias dos Países de Língua Portuguesa COORDENAÇÃO DE legiado de encontro, reflexão, estudo e
27. Espaços de Fronteira, Territórios de Esperança – Das RUI JACINTO divulgação de temas comuns e afins a
Vulnerabilidades às Dinâmicas de Desenvolvimento
28. Paisagens, Patrimónios, Turismos Portugal e Espanha, com especial incidência
29. Educação e Cultura Mediática – Análise de Implicações na região transfronteiriça.
Deseducativas
30. Espaços de Fronteira, Territórios de Esperança – Paisagens e
Patrimónios, Permanências e Mobilidades
31. Diálogos (Trans)fronteiriços – Patrimónios, Territórios, Culturas
32. Outras Fronteiras, Novas Geografias - Intercâmbios e Diálogos
Territoriais
33. Lugares e Territórios – Património, Turismo Sustentável, Coesão
Territorial
34. Andanças e Reflexões Transfronteiriças – Roteiro Miguel de
Unamuno – Eduardo Lourenço
35. Novas Fronteiras, Outros Diálogos – Paisagens, Patrimónios, Cultura
36. Novas Fronteiras, Outros diálogos: Cooperação e
Desenvolvimento Territorial
37. Pontes entre Agricultura Familiar e Agricultura Biológica
38. As Novas Geografias dos Países de Língua Portuguesa:
Cooperação e Desenvolvimento
39. Geografias e Poéticas da Fronteira - Leituras do Território
Coordenação:
Rui Jacinto
40
IBEROGRAFIAS
Coleção Iberografias
Volume 40
Âncora Editora
Avenida Infante Santo, 52 – 3.º Esq.
1350-179 Lisboa
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Apoios:
Patrimónios e paisagens
Defesa e Religião no período colonial em Cabo Frio: memória, patrimônio histórico 455
e história local
André Luiz Garrido Barbosa
Políticas públicas e a gestão de cidades climaticamente sustentáveis no contexto 473
das mudanças ambientais globais: considerações sobre as cidades brasileiras
Aline Pascoalino
Cidade, arte e literatura: fragmentos sobre Fortaleza 495
José Borzacchiello da Silva
Introdução
O presente artigo evidencia a dinâmica no campo maranhense por meio das estratégias
de desenvolvimento a partir da década de 1970. Neste período, o processo de formação
territorial do Maranhão é resultado da implantação de grandes projetos. Desde 1990, a
soja passa a ser o principal produto da agricultura exportadora, ganhando cada vez mais
destaque no campo maranhense com a difusão da noção de agronegócio, na perspectiva de
reestabelecer a agricultura comercial exportadora após a crise da década de 1980. Diante
dessa contextualização, centramos o principal objetivo do artigo em analisar a dinâmica
rural maranhense, levando em consideração as estratégias do Estado para o avanço da soji-
1
Discente do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Socioespacial e Regional da Universidade
Estadual do Maranhão e integrante do Grupo de Estudos de Dinâmicas Territoriais (GEDITE).
2
Professor do curso de Geografia no Núcleo de Tecnologias para Educação (UEMAnet) da Universidade Estadual
do Maranhão e do Centro de Referência em Formação e Educação a Distância no curso de Especialização em
Geoprocessamento Aplicado no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG- Diamantina). Mestre
em Desenvolvimento Socioespacial e Regional e Graduado em Geografia, ambos pela Universidade Estadual
do Maranhão, e integrante do Grupo de Estudos de Dinâmicas Territoriais (GEDITE).
3
Professor do Departamento de Geociências da Universidade Federal do Maranhão e Doutorando do
Programa de Pós-Graduação em Geografia pela Universidade Federal do Pará (UFPA).
4
Professor dos Programas de Pós-Graduação em Geografia (PPGEO) e em Desenvolvimento Socioespacial e
Regional (PPDSR), ambos da Universidade Estadual do Maranhão, e coordenador do Grupo de Estudos de
Dinâmicas Territoriais (GEDITE).
ra do estado nos anos de 1990 foi direcionada para o cultivo de soja, ganhando de forma
crescente mais destaque na economia maranhense. Diante dessas prospecções de contex-
tualização estadual e nacional, centramos o principal objetivo do artigo em analisar a
dinâmica maranhense por intermédio das implicações das estratégias de desenvolvimento.
Para confecção do artigo, partimos inicialmente do método Materialismo Histórico
e Dialético para analisar as dinâmicas do espaço maranhense, permeadas de contradições
advinda do capitalismo e que incidem diretamente na estrutura agrícola dedicada pelo
Estado. Assim, foi realizado o levantamento bibliográfico para embasamento teórico da
pesquisa, evidenciando autores que discutem a realidade do Maranhão, como: Mesquita
(2017), Andrade (1984), Almeida (2017), Ferreira (2017), além de políticas de desenvol-
vimento no Brasil e no Maranhão.
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É neste contexto que emerge a Questão Regional na forma da disparidade nas várias
regiões, sobretudo, nas duas principais regiões do país, no qual começam a aparecer
conflitos entre estas, tendo em vista uma estar em processo de crescimento e outra
em estagnação. A partir disso, são adotadas políticas de planejamento na perspecti-
va de uma da atividade econômica, baseada na indústria. Em seguida, são criadas as
Superintendências de Desenvolvimento (Nordeste e Norte) com políticas que ampa-
raram a migração de capital produtivo do Sudeste para as periferias regionais, como o
Norte e o Nordeste do país.
Assim, Gonçalves Neto (1997) destacou que é nesse contexto, no início dos anos de
1960 que o Estado se apresenta como um dos maiores “sócios” da economia brasileira,
tendo em vista a necessidade de investimentos em infraestrutura, financiamento às empre-
sas, produção de matérias-primas e insumos, além da coordenação dos conjuntos de inves-
timentos. Como resultado, tem-se a construção dos complexos industriais no Nordeste, a
exemplo do Maranhão a construção do polo siderúrgico a partir do Projeto Grande Carajás.
Nessa discussão em torno do desenvolvimento do Brasil, considerando o viés da con-
tinuidade do processo de industrialização, em razão do esgotamento do modelo de expor-
tação, colocava-se a necessidade de alterações no meio rural. Delgado (2005) compreende
que o pensamento econômico dos economistas da época estava calcado nas chamadas
Dessa forma, os projetos de colonização5 foram criados, tanto na esfera federal quanto
na regional e na estadual, com ações complementares de controle no deslocamento das
5
A Companhia Maranhense de Colonização (COMARCO), foi criada em dezembro de 1971, com o obje-
tivo de orientar a implantação dos projetos agropecuários, mas também de assentar 10.000 famílias cam-
ponesas na região Centro-Oeste do estado. Já a Companhia de Colonização do Nordeste (COLONE), sob
a coordenação da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE), foi criada em maio de
1972 (ALMEIDA, 2017).
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O agronegócio é uma expressão do capitalismo neoliberal no campo, iniciada nos governos Collor/Itamar
por meio da forte atuação de agências de regulação financeiras internacionais no país. (CALVANTE;
FERNANDES, 2008).
Desde o processo de colonização no estado do Maranhão, São Luís possui papel fun-
damental na dinâmica socioeconômica e socioespacial do estado. Segundo Sousa (2020), a
capital concentrou grande parte das relações comerciais, de serviços e de transportes, além
de ser poderio de decisões políticas e econômicas para o restante do estado. Dessa forma,
Ferreira (2017) destaca que em 1821, a província do Maranhão possuía uma população
estimada em 152.283 habitantes e que, em relação à estrutura espacial, concentravam-se
na única cidade: São Luís.
Até a década de 1950, este quadro de concentração espacial vigorou, tendo em vista as
poucas ações realizadas pelo Estado, uma vez que as políticas territoriais oscilavam entre a
economia do mercado externo, o que implicava o avanço do povoamento. Somente com
as políticas de colonização, construção da Estrada de Ferro de Carajás, além da construção
da ferrovia São Luís-Teresina e com a implantação de rodovias que cortam o Maranhão,
alguns municípios se fortaleceram economicamente e transformaram seus núcleos urbanos
em centros regionais e estaduais de relevância política e econômica; enfraquecendo assim
o papel de São Luís. Embora, de acordo com Ferreira (2017), São Luís ainda permaneça
como definidora da organização espacial haja vista sua condição industrial e portuária7,
função política e concentração da prestação de bens e serviços.
Segundo o IPEA (2001), São Luís destaca-se pela alta taxa média de crescimento anual
entre 1991 e 1996 (13,9%), comparada com a média regional do Nordeste (3,0%) e das
regiões metropolitanas (1,58%), cujos fatores não estão associados à função comercial re-
gional, mas à dinâmica decorrente da extração e do processamento do minério de Carajás.
Com isto, ao longo da ferrovia que liga Carajás ao porto de Itaqui em São Luís, a região
sofreu grandes transformações, diversas unidades de transformação do minério foram sur-
gindo, dando origem a um processo de urbanização acelerada e de qualidade questionável,
Dinâmicas socioeconómicas em diferentes contextos territoriais
Em relação aos serviços da indústria, destacam-se: o Porto do Itaqui com movimentação de carga em 1988,
7
Companhia Vale do Rio Doce (atual Vale), Consórcio Alumínio do Maranhão (ALUMAR) (FERREIRA, 2017).
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A partir dessa configuração espacial, Santos (2014) explica que no Brasil revela-se uma
nova tendência de aglomeração da urbanização em outro nível, ou seja, seria a desmetro-
polização, fenômeno paralelo à metropolização. Além disso, o autor aponta que a urbani-
zação também aumenta devido ao crescimento do quantitativo de agricultores residentes
na cidade. Isto posto, Santos e Silveira (2014) argumentam que:
A cidade torna-se o locus da regulação do que se faz no campo. É ela que as-
segura a nova cooperação imposta pela nova divisão do trabalho agrícola, porque
Gráfico 2
Dinâmicas socioeconómicas em diferentes contextos territoriais
Diante disso, no primeiro mandato do governo Lula, foram implantadas ações priori-
tárias de combate à fome, apoiadas por uma estrutura de um sistema nacional de segurança
Cartograma 1
Haja vista que o Maranhão apresentar 217 municípios, nota-se que a execução das
propostas não abrange metade dos municípios, o que demonstra um descompasso de po-
líticas agrícolas voltadas para o pequeno produtor, em detrimento de políticas neoliberais
em favor da grande produção de commodities, desfavorável à agricultura familiar e desarti-
culando a pequena produção familiar.
Em contrapartida, verifica-se o crescimento de estabelecimentos agropecuários acima
de dez hectares no Maranhão, priorizados com as políticas governamentais desde o pro-
cesso de colonização a partir do modelo primário-exportador vigente até os dias atuais, já
em relação a agricultura familiar, este setor só foi incluído nas políticas do Estado somente
meados da década de 1990, como demonstrado no Gráfico 3:
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Diante da expansão imposta pelo capital, Delgado (2012) realça o papel do Estado
Considerações Finais
Bibliografia
São Luís-MA de 2014 a 2018. São Luís, 2020. 174 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de
Desenvolvimento Socioespacial e Regional, Universidade Estadual do Maranhão.
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