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Ceará negro, indígena e quilombola - Revista Raízes Número 13

-O dia de Zumbi em Conceição dos Caetanos - Oziélia Costa e Alex Ratts( Páginas 4 e 5)

“Segundo um levantamento inicial dos Grupos de Conscientização Negra da Área de


Crateús, dos Agentes de Pastoral Negros e do GRUCON, em 1992, existem comunidades
negras em mais de 20 municípios do estado. A diversidade destas comunidades é muito
maior que qualquer pretensão de negar ou simplificar a presença negra no Ceará” (pág 04)

“(...) Seguindo o costume local, que já conta dez anos, participamos da festa do dia 20 de
novembro, Dia Nacional da Consciência Negra, que por lá se chama “a festa de Zumbi”, “o
dia do Zumbi”, ou “a noite do Zumbi” (pág 04)

“O sentido da festa do Zumbi é porque nós somos uma comunidade negra e aí quando
soubemos da história do Zumbi, aí, a gente começou a se organizar, fazer reuniões, pra que
a gente pudesse descobrir como começou a história dos nosso antepassados, como o
paizinho Caetano José da Costa, que foi um home muito corajoso, muito forte, tanto no
espírito… como no corpo, E… ele trabalhou corretamente, grato, para que a comunidade
pudesse arrumar um meio pra comprar essa localidade. (...) E então a gente se sentiu
orgulhosa com essa comunidade. Aí começou a comemorar o Zumbi, que foi um negro que
guerreou pela libertação dos escravos (Bibil- 20.11.94)” (Pág 04)

“Aqui tem vindo muita gente, muito reporte, fazer entrevista, mas antes da gente conhecer a
história dos antepassados do nossos avô, todo reporte que vinha a gente fazia entrevista
com eles, conversava, mas depois que a gente pegou a conhecer a realidade, a gente
recuou. Recuou desses reporte. Agora, o pessoal que vem através da Consciência Negra,
que quer saber da história pra ganhar dinheiro, eles não tão recebendo nada aqui mais não.
Porque desde que eles… a última vez que viero fazer entrevista aqui, os reporte trouxeram
uma corrente… O pessoal não sabia de nada. Amarraram os pés do pessoal pra mostrar
como era que tinha sido a escravidão, não. Abastava nós saber que negro era escravizado
pela pele, pelo cabelo, pelo andado, pela fala, pelos beiços” (Bibil- 20.11.94)” (pág 05)

“Quem não convive com a comunidade negra, permanece naquilo que é típico ou exótico”
(pg 5)

300 anos Zumbi dos Palmares ainda vive - Hilário Ferreira (pág 6)

“O quilombo era um local onde os escravizados que se recusavam a viver em uma situação
de negação à sua e existência, refugiavam-se e , juntamente com outros irmãos, faziam
valer a liberdade de serem o que eram. Hoje, nós que vivemos e participamos dos
Quilombos contemporâneos(metáfora das organizações negras) desejamos realizar o
sonho de Zumbi e ver renascer Palmares.” (pág 06)

“Nosso grande desafio é romper com o colonialismo mental(comportamento e pensamento


eurocêntrico) que ainda nos domina e nos faz reforçar o domínio dos brancos sobre os
não-brancos.” (pág 6)
Goiabeiras: os dois lados de uma história - Oziélia Costa e Rosa Maria Barros(pág 7)

““Os políticos abriram esse terreno que era fechado, para fazer suas campanhas, mas só
aparecem no período das eleições”, se queixa D.Dora. “As mães e os pais dão graças a
Deus quando os filhos crescem para trazerem algo para dentro de casa”, continua.”(pág 7)

“Em Goiabeiras existe a união e preservação da Identidade Negra entre os moradores, o


que se dá através dos namoros e casamentos, da troca de amizades e do respeito. D. Dora
diz que isto acontece: “porque se engraçam uns com os outros.” (pág 7)

“ Há uma ida e vinda constante: interior-Fortaleza-interior. Assim, ao mesmo tempo em que


descobrem os valores da cidade, do mundo urbano, preservam os seus valores.” (pág 7)

“Esses dados contradizem a reportagem da TV cultura, exibida no dia 20 de novembro de


1994, onde os moradores são apresentados como nativos e isolados, o que não
corresponde à verdade. Há coisas que são conservadas por opção. Outras eles desejam
modificar, mas não sabem de que forma, como por exemplo a obtenção de água e energia
elétrica, o que não acontece porque não há interesse dos governantes “ (pág 7)

“Mazé, filha de D. Dora diz que não gostou da reportagem porque nela, eles são mostrados
como “bicho-do mato” e não aceitou a sugestão dos moradores de se “arrumarem” para
serem filmados” ( pág 7)

“Mazé não viu finalidade na reportagem e diz que os moradores “não querem ser
associados ao tempo da escravidão, pois esse tempo já passou” “ (pág 7)

“Existem dificuldades em Goiabeiras, mas lá é o lugar onde aquelas pessoas se encontram


e se sentem bem, porque estão entre os seus, porque estão na sua terra.” (pág 7)

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