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UNIVERSIDADE POLITECNICA – A POLITECNICA

MERCANTILISMO E UTOPIA NA ÉPOCA DO RENASCIMENTO

Curso de _______

2º Semestre

Nome do autor

Quelimane

2022
Nome do autor

MERCANTILISMO E UTOPIA NA ÉPOCA DO RENASCIMENTO

Trabalho escrito como parte de avaliação da disciplina


de _______________________________________ no
____________________________________________

Docente:

Quelimane

2022
ÍNDICE

1. INTRODUÇÃO.......................................................................................................................................1
2. OBJECTIVOS.........................................................................................................................................2
2.1. Objectivo Geral................................................................................................................................2
2.2. Objectivos Específicos......................................................................................................................2
3. MERCANTILISMO E UTOPIA NA ÉPOCA DO RENASCIMENTO..................................................3
3.1. MERCANTILISMO NA ÉPOCA DO RENASCIMENTO..............................................................3
3.1.1. Características do Mercantilismo...............................................................................................3
3.1.2. Origem do Mercantilismo..........................................................................................................5
3.1.3. Tipos de Mercantilismo.............................................................................................................6
3.2. UTOPIA NA ÉPOCA DO RENASCIMENTO................................................................................7
3.2.1. Utopia Renascentista: Etimologia e Uso do Termo....................................................................7
3.2.2. Utopia Renascentista: Principais Características........................................................................8
3.2.3. Utopia Renascentista: Principais Filósofos e suas Obras Utópicas............................................9
4. CONCLUSÃO.......................................................................................................................................13
5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................................................14
1. INTRODUÇÃO

O mercantilismo foi o conjunto de práticas econômicas utilizadas pelas nações


absolutistas da Europa durante a Idade Moderna, especificamente entre os séculos XV e o século
XVIII. No mercantilismo, o objetivo era garantir o acúmulo de riquezas por meio da obtenção de
metais preciosos e utilizá-los para reforçar o poder do monarca.

Dentre as características do mercantilismo destacam-se a procura por uma balança


comercial favorável, o metalismo, o protecionismo, a intervenção do Estado na economia e o
incentivo ao desenvolvimento manufatureiro. O mercantilismo se baseou fortemente na
exploração colonial e no comércio marítimo.

O Renascimento cultural, artístico e científico trouxe um cenário de mudanças em relação


ao mundo medieval. Os comércios e as cidades cresceram e prosperaram. Entretanto, ao
analisarmos o contexto histórico em que surgiu o movimento renascentista, veremos que o
mundo medieval era repleto de um sentimento de insegurança, provocado pelas infindáveis
guerras e conflitos que ocorriam na Europa.

A fome, as epidemias e as guerras (muitas permanentes durante a Idade Média) levaram o


homem medieval a buscar na religiosidade formas de escapar do mundo. A partir de então
surgiram diversas utopias (na religião, na literatura), que idealizavam a sociedade pretendida pela
população, conduzida por leis diferentes da dura realidade cotidiana. Essas utopias conduziam o
tempo presente a partir de uma reflexão e análise pautada no pessimismo, enquanto o tempo
futuro era repleto de esperanças.

A visão utópica do mundo continuou sendo uma prática dos homens contemporâneos até
os renascentistas modernos. Segundo o historiador francês Fernand Braudel, as sociedades são
permeadas por mentalidades, que são perpassadas pelo tempo da longa duração, em que tudo se
move mais lento. O indivíduo e a sociedade não modificam seus valores morais, éticos e
culturais de um ano para outro, ou de um dia para o outro. Para a sociedade modificar sua
mentalidade são necessários séculos (tempo da longa duração). Portanto, dentro dessa
perspectiva da longa duração de Braudel, podemos compreender por que o homem renascentista
continuou produzindo utopias.

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2. OBJECTIVOS

2.1. Objectivo Geral

 Estudar o Mercantilismo e a Utopia na época do Renascimento.

2.2. Objectivos Específicos

 Contextualizar Mercantilismo e Utopia na época do Renascimento;


 Descrever e Caracterizar o Mercantilismo na época do Renascimento;
 Descrever e Caracterizar A Utopia na época do Renascimento.

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3. MERCANTILISMO E UTOPIA NA ÉPOCA DO RENASCIMENTO

3.1. MERCANTILISMO NA ÉPOCA DO RENASCIMENTO

O mercantilismo ficou conhecido por ter sido um conjunto de práticas econômicas que
existiu durante a Idade Moderna, sobretudo entre os séculos XV e XVIII. Para os historiadores, o
mercantilismo ficou marcado por práticas econômicas de transição entre o modo de produção
feudal e o modo de produção capitalista.

O propósito do mercantilismo era garantir a prosperidade do reino por meio da


acumulação de riquezas, bem como reafirmar o poder do rei, que utilizava posses para fortalecer
sua autoridade. O desenvolvimento do mercantilismo contribuiu para o fortalecimento da
burguesia e se deu junto do processo de formação dos Estados Nacionais Modernos, MICELI
(2020).

3.1.1. Características do Mercantilismo

O mercantilismo era um conjunto de práticas econômicas que tinha como objetivo


garantir o enriquecimento do Estado por meio do acúmulo de riquezas. No contexto da Idade
Moderna, esse acúmulo se daria por meio da arrecadação de metais preciosos, isto é, ouro e
prata. As práticas mercantilistas visavam impedir, ao máximo, a saída dessa riqueza dos cofres
da coroa.

A prosperidade do Estado era também uma forma de garantir o fortalecimento do poder


real, mecanismo que foi utilizado para combater os privilégios da nobreza feudal, classe em
decadência no período. A classe privilegiada nesse cenário foi a burguesia, que viu no
fortalecimento do rei uma forma de prosperar economicamente e de combater a influência da
nobreza.

A obtenção de riqueza no mercantilismo poderia se dar de diversas maneiras. O Estado


poderia cobrar impostos da população, vender cargos públicos e títulos de nobreza, confiscar
bens, ceder privilégios comerciais para um determinado grupo em troca de compensação
financeira (monopólios), exportar mercadorias, saquear em contextos de guerra, cobrar taxas
alfandegárias, realizar ações de pirataria etc.

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Todas essas práticas foram usadas pelas nações europeias para conquistar a tão almejada
balança comercial favorável, isto é, as receitas e as vendas superando os gastos e as compras do
Estado. Um acontecimento extremamente importante para o sucesso dessas práticas econômicas
entre as nações europeias foi o colonialismo.

O colonialismo foi fundamental para os Estados europeus, pois permitiu que eles
explorassem inúmeros recursos de suas colônias e os enviassem para a Europa. Isso também
possibilitou que essas colônias fossem transformadas em consumidores compulsórios de suas
metrópoles, por conta do exclusivismo comercial.

A procura do mercantilismo por garantir uma balança comercial a todo custo acabou
gerando a adoção de políticas protecionistas pelos Estados europeus para as suas economias.
Assim, eles procuravam desincentivar as importações por meio de taxas alfandegárias, isto é,
impostos que eram cobrados sobre as mercadorias trazidas de outros países.

Além disso, estabeleciam-se políticas rigorosas que definiam com quem uma nação
poderia comercializar e com quem não poderia. Outra forma de combater as importações de
mercadorias era incentivar que as mesmas fossem produzidas em seu próprio território. Assim,
os monarcas absolutistas que adotaram o mercantilismo incentivaram o desenvolvimento de
manufaturas em seus reinos.

Podemos perceber, portanto, que uma característica importante do mercantilismo é a


interferência constante do Estado na economia, como forma de garantir a entrada de metais
preciosos e o consequente enriquecimento de seu reino.

Quando as exportações não eram suficientes para garantir a entrada de metais preciosos
em quantidades aceitáveis, os Estados absolutistas recorriam a outras formas de obter dinheiro.
Na França, por exemplo, os principais impostos eram cobrados da população de camponeses, já
bastante fragilizada pelas suas duras condições de vida.

Essas formas de obtenção de riqueza iam além disso, pois incluíam práticas de saque em
conflitos e, no caso inglês, o incentivo ao corso, isto é, a pirataria. A Inglaterra financiou uma
série de corsários ao longo dos séculos XVI e XVII para que eles saqueassem embarcações
espanholas que saíam da América carregadas de ouro e prata. Os estados absolutistas também

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confiscaram bens de parte da população, como aconteceu com os judeus na Espanha no final do
século XV.

Além disso, a imposição de monopólios comerciais era uma forma de os Estados


absolutistas lucrarem. Nesses monopólios, a exploração de uma atividade econômica ficava a
cargo de apenas uma empresa, e uma parte dos lucros deveria ser entregue à coroa. Ademais, os
Estados absolutistas obrigavam suas colônias a recorrerem apenas a esses monopólios para
realizar transações.

Por fim, podemos resumir as características do mercantilismo nos seguintes tópicos:

 Balança comercial favorável: defesa da ideia de que era necessário exportar mais do
que importar.
 Metalismo: acúmulo de metais preciosos nos cofres do reino.
 Protecionismo: utilização de formas de proteção da economia, como as taxas
alfandegárias.
 Intervenção estatal: o Estado intervia na economia com frequência como forma de
garantir os seus interesses comerciais.
 Incentivo às manufaturas: incentivo ao desenvolvimento de manufaturas como forma
de proteger a economia.

3.1.2. Origem do Mercantilismo

Segundo MICELI (2020), a origem do mercantilismo está diretamente associada ao


desenvolvimento do Absolutismo e à formação dos Estados Nacionais Modernos. Esse foi o
período de ascensão da burguesia, classe que prosperava por meio do comércio e que defendia o
fim dos privilégios da nobreza feudal. A burguesia viu no fortalecimento do monarca uma forma
de combate aos privilégios dessa classe, privilégios oriundos do feudalismo.

Assim, gradativamente a ideia de concentração do poder na mão do monarca se


fortaleceu. A nobreza, que desejava manter parte de seu status, foi obrigada a aceitar a nova

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ordem que se estabelecia, devendo abrir mão de alguns de seus privilégios, como o direito de
formar forças armadas privadas.

Essa centralização do poder nas mãos do monarca consolidou o surgimento do


mercantilismo, mas também resultou no surgimento dos Estados Nacionais Modernos, isto é,
nações que possuíam um aparato de burocracia complexo, com poder centralizado. Essa
burocracia auxiliava o monarca no processo de administração pública do reino.

As forças militares passaram para as mãos do monarca e se tornaram profissionais, a lei e


a justiça foram unificadas, foram impostas as padronizações da moeda e, em alguns locais,
linguística.

Os Estados Nacionais Modernos procuraram expandir suas fronteiras territoriais por meio
das navegações marítimas. Destaca-se ainda que o modo de produção feudal perdeu força e deu
espaço à consolidação do comércio e da exploração dos recursos de outros locais por meio do
colonialismo.

3.1.3. Tipos de Mercantilismo

Ao longo do período do mercantilismo, os historiadores identificaram tipos diferentes


dessa prática. Em outras palavras, em determinados períodos, algumas tendências se
estabeleceram como predominantes em algumas nações europeias.

Segundo MICELI (2020), o mercantilismo subdividiu-se em 3 destintos tipos:

 Mercantilismo metalista
O mercantilismo metalista era baseado na acumulação de metais preciosos advinda da
exploração das colônias. A extração de ouro e prata das colônias espanholas na América foi um
caso emblemático.

 Mercantilismo comercial

O mercantilismo comercial era baseado na exploração das colônias, mas seu foco estava em
comercializar mercadorias nas colônias na lógica do exclusivismo comercial. A exploração do
Brasil por Portugal e a realização do comércio na Índia foi o principal exemplo disso.

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 Mercantilismo industrial

O mercantilismo industrial era baseado no incentivo à construção de manufaturas como


forma de proteger a própria economia e impedir a entrada de mercadorias estrangeiras. Para isso,
era necessário garantir colônias para fornecer as matérias-primas mais importantes.

Esse modelo foi proposto por um economista francês chamado Jean-Baptiste Colbert e teve
grande influência no reinado de Luís XIV, fazendo da França o principal exemplo desse tipo de
mercantilismo.

3.2. UTOPIA NA ÉPOCA DO RENASCIMENTO

O gênero utópico se difundiu na Europa com a ampla divulgação da Utopia (1516), de


Thomas Morus, um dos principais nomes do humanismo cristão renascentista e que, juntamente
com Erasmo, ajudou a difundir os ideais cristãos por toda a Europa. A Utopia sintetizava esses
ideais humanistas projetando-os em uma sociedade perfeita e construída sobre as bases da
racionalidade humana.

Após a obra de Morus, que tinha por referência principalmente a República de Platão, o
gênero utópico se popularizou por toda a Europa ao longo dos séculos seguintes. É possível
perceber, nessas utopias, um claro aumento da preocupação dos autores com a filosofia natural e
com o progresso da ciência. Esse processo culmina na Nova Atlândida (1627), de Francis Bacon,
passando pela utopia de Anton Francesco Doni, Mondo Sávio e Pazzo (1552), e pela utopia
milenarista de Tommaso Campanella, A cidade do sol (1602).

3.2.1. Utopia Renascentista: Etimologia e Uso do Termo

Utopia foi um palavra inventada pelo filósofo Thomas More em 1516, dentro do período
conhecido como Filosofia Renascentista.

Ela é composta pela justaposição (combinação sem perda) de duas palavras gregas: οὐ
(não) e τόπος (lugar). Dessa forma, utopia significa “não lugar” ou “lugar que não existe”.

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O termo utopia servia originalmente para descrever um lugar fictício. Porém, com o
passar dos anos, a palavra começou a ser utilizada para descrever uma sociedade fictícia perfeita.

No dia a dia, a palavra utopia muitas vezes é usada para se referir a um ideal
inalcançável.

3.2.2. Utopia Renascentista: Principais Características

A Utopia Renascentista pode ser considerada uma corrente filosófica da área da política,
em que os filósofos descrevem sociedades perfeitas. Em suas teorias utopistas, os filósofos tanto
apontam críticas àquilo que eles consideram errado em suas sociedades atuais quanto apresentam
sugestões de mudanças que, em suas concepções, permitiriam o surgimento de sociedades
melhores, FIRPO (2005).

Como curiosidade, vale destacar que, etimologicamente, o neologismo utopia se


assemelha ao neologismo eutopia (formado pelas palavras εὖ e τόπος) que significa “bom lugar”.
Essa semelhança não foi por acaso pois o própria Thomas More, criador do neologismo,
apresentou essa similitude para reforçar que o seu “não lugar” tinha a intenção de ser um “bom
lugar”.

Em comum, as teorias utopistas colocarão a razão como principal característica


proporcionadora dessa sociedade perfeita. Logo, percebemos que os filósofos utopistas sempre
viam a razão bem empregada como meio para se conquistar uma sociedade ideal, SANTOS
(2003).

Qualquer semelhança com a Política de Platão não é mera coincidência. Muitos


consideram o livro República de Platão como a primeira obra utopista porque esse filósofo
descrevia como poderíamos alcançar uma sociedade ideal ao colocar como líderes dessa
sociedade filósofos que – por conhecerem as ideias de verdade, bem e justiça – saberiam
governar a todos sabiamente, levando aquela sociedade à prosperidade.

A segunda grande característica das utopias renascentistas é que todo o sucesso da


sociedade de deveu apenas aos seres humanos, que souberam se organizar racionalmente e por

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fim a todos os problemas sociais. Essa característica é muito pertinente tendo em vista que o
renascimento se destaca como um período de revalorização do ser humano, através do chamado
Humanismo Renascentista, FIRPO (2005).

Além disso, as sociedades utópicas são extremamente organizadas, com cada um sabendo
a sua função e a executando com maestria. Logo, percebemos que os filósofos utopistas
compreendem a necessidade de todos os cidadãos se engajarem socialmente para que se alcance
a felicidade coletiva.

Outro ponto de destaque é que ninguém se sente sobrecarregado nos seus afazeres,
sobrando tempo suficiente para todos poderem aproveitar seu tempo livre, que geralmente é
gasto com artes e estudos. Logo, o excesso de trabalho pode ser considerado um fator de
instabilidade social.

Obviamente, praticamente não existem crimes nas sociedades utópicas. Isso demonstra
que a maioria das atitudes antiéticas só se manifestam quando indivíduos de uma sociedade se
sentem injustiçados e reagem de modo violento. Como isso, vemos que os filósofos utopistas
consideram a justiça como uma das principais virtudes para se obter a paz interna de uma
sociedade.

3.2.3. Utopia Renascentista: Principais Filósofos e suas Obras Utópicas

3.2.3.1. Thomas More (1478-1535) e o Livro Utopia (1516)

Thomas More (às vezes chamado de Thomas Morus) nasceu em 7 de fevereiro de 1478
na cidade de Londres, Inglaterra. Thomas era de uma família a qual podemos considerar classe
média (em suas palavras, honrada mas não famosa). Seu pai era um advogado que depois se
tornou juiz. Thomas recebeu uma educação humanista, mas foi obrigado pelo pai a deixá-la e se
dedicar ao direito. Em 1504, More entrou na vida política e foi conquistando vários cargos de
confiança devido a sua eficiência. Foi casado duas vezes (por falecimento da primeira esposa) e
teve quatro filhos. Ele era católico e crítico da reforma protestante que ocorria na época. More
caiu em desgraça quando se recusou a fazer um juramento que reconhecia o rei da Inglaterra
como Chefe Supremo da Igreja (pela ocasião do surgimento da Igreja Anglicana). Thomas foi

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acusado de traição e considerado culpado, recebendo a pena de morte. Ele foi decapitado aos 57
anos em 6 de julho de 1535.

O livro Utopia (cujo nome completo é Um pequeno livro verdadeiramente dourado, não
menos benéfico que entretedor, do melhor estado de uma república e da nova ilha Utopia) foi
publicado em 1516. Esse livro não é feito em forma de dissertação, mas em forma de literatura.
Nele, é narrada a história do marinheiro português Rafael Hitlodeu, o qual descobriu a ilha de
Utopia nas terras do novo mundo. O livro se divide em duas partes. Na primeira, em forma de
diálogos, é feita uma crítica à Inglaterra, mostrando que ela é uma terra de injustiças e
desigualdade social, que possui uma realeza belicosa e gananciosa, a qual oprime o povo
miserável através do trabalho incessante para sustentar gastos desnecessários e uma corte ociosa,
e onde ocorre perseguição religiosa. Na segunda parte, temos o relato de Rafael, que seria um
dos marinheiros que ficaram no Brasil, na viagem de Américo Vespúcio. Rafael teria viajado
sozinho um pouco mais e encontrado essa ilha de Utopia. Nessa ilha, o regente é escolhido
através de votação secreta indireta e tem um cargo vitalício, mas podendo ser deposto se agir
como tirano (nisso, já vemos uma diferenciação com a Inglaterra pois em Utopia o povo escolhe
indiretamente o seu rei e ainda pode depô-lo se for necessário); não existe propriedade privada
(os bens comuns ficam em um armazém e os moradores trocam de casas de 10 em 10 anos); a
agricultura é a principal atividade (valorização do trabalho no campo); todos precisam trabalhar
(sem ociosidade e desemprego) e não existe distinção entre homens e mulheres (igualdade de
gênero); a jornada de trabalho é menor, sobrando mais tempo para outros estudos; os sábios
fazem as funções de líderes políticos e espirituais; existem escravos (estrangeiros ou prisioneiros
de Utopia), mas não são maltratados; não existem advogados porque a lei é simples o suficiente
para todos entenderem; existe saúde pública; todos comem a mesma coisa e não existe riqueza
nem ostentação de luxos (como roupas finas e joias); existem diversos cultos religiosos e todos
são tolerados; todos possuem formação militar, mas resistem ao máximo a entrarem em qualquer
conflito (priorização da paz); e, por fim, não existe privacidade (todos precisam se comportar
bem e ter uma vida pública).

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3.2.3.2. Tommaso Campanella (1568-1639) e o Livro A Cidade do Sol (1602)

Tommaso Campanella nasceu em 5 de setembro de 1568 na cidade de Stilo, Itália. Ele


era de família pobre e ficava na janela da escola para ouvir as lições dos professores. Aos
quatorze anos, resolveu entrar na ordem dominicana (mais para fugir da miséria do que por
vocação). Tommaso se dedicou ao estudo e buscou aprender de tudo, indo além do ensino
escolástico da época. Por defender filosofias diferentes das aceitas pela Igreja, ele foi por várias
vezes condenado à prisão. Mesmo após cumprir suas penas, ainda era perseguido. Por isso,
refugiou-se em Paris e lá permaneceu até sua morte aos 70 anos em 21 de maio de 1639.

O livro A Cidade do Sol foi publicado em 1602. Ele é um diálogo entre um cavaleiro e
um marinheiro. Nessa conversa, o marinheiro diz ter encontrado uma cidade com leis e costumes
perfeitos em uma ilha (que hoje é o Sri Lanka). Essa cidade é governada por um príncipe-
sacerdote que precisa ter como atributos a erudição, conhecimento teórico e prático, criatividade
e sabedoria e possuir mais de 35 anos para ter experiência de vida (mostrando a necessidade da
primazia da razão teórica e prática no governante); o governante é auxiliado por três outros
príncipes que são especialistas nas ciências, na guerra/paz e no amor; a cidade é fortificada com
seis muralhas de proteção em formato de círculos e neles estão talhados os conhecimentos da
humanidade, como a matemática, a biologia e as artes (mostrando que a obtenção do
conhecimento fortalece as sociedades); a religião é única e se assemelha ao cristianismo, mas
exalta outras figuras como Osíris, Zeus e Maomé além de aceitar a astrologia (sendo uma defesa
do sincretismo religioso); as crianças começam a sua educação aos três anos e aprendem de
forma lúdica (igualdade educacional); todos devem trabalhar, mas só trabalham por quatro horas
já que o trabalho é dividido igualmente (igualdade laboral); o tempo livre é dedicado a atividades
lúdicas que também proporcionam algum tipo de conhecimento (ócio criativo); cada cidadão é
escolhido para trabalhar com base na sua virtude (trabalho segundo as próprias qualidades); não
existem bens privados, sendo tudo compartilhado entre as pessoas (crítica à propriedade
privada); os que não cumprem a lei são isolados em uma torre (mas não sofrem punições); seus
membros nunca experimentaram a violência e a fome (demonstrando que tinham atingido a
perfeição social).

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3.2.3.3. Francis Bacon (1561-1626) e o Livro Nova Atlântida (1626)

Francis Bacon nasceu em 22 de janeiro de 1561 na cidade de Londres, Inglaterra. Era de


uma família de alta classe política e começou sua educação em casa, indo para a escola aos doze
anos. Aos quinze anos, viajou com o embaixador inglês e passou por vários países, adquirindo
muita cultura enquanto trabalhava em burocracias diplomáticas. Aos vinte anos, tornou-se
parlamentar. Sua habilidade lhe permitiu galgar vários postos dentro da hierarquia política,
chegando a ser procurador-geral e possuindo influência sobre o rei ao ponto de receber um título
de nobreza. Porém, foi acusado de corrupção e teve que se afastar da vida pública. Ele morreu
aos 65 anos de pneumonia (provavelmente porque saiu na neve para fazer um experimento
científico com ela) em 9 de abril de 1626 na cidade de Londres, Inglaterra.

O livro Nova Atlântida é um romance incompleto publicado postumamente em 1626. A


história narra a evolução de uma ilha chamada Bensalém, a qual fica perto do Peru, descoberta
sem querer por navegadores europeus. A principal construção dessa ilha é a Casa de Salomão,
que seria uma espécie de universidade onde se produz ciência e parece ser a responsável pelo
governo da ilha (com isso, vemos a primazia da Ciência para a condução da sociedade à
perfeição); também é dito que o Estado financia e apoia as decisões da Casa de Salomão
(indicando que o Estado deveria se subordinar e apoiar à Ciência); a Casa de Salomão teria a
autoridade divina para investigar a criação de Deus e encontrar seus segredos, podendo definir o
que seria milagre e o que seria algo natural (defesa da tolerância religiosa nos estudos
científicos); a Casa de Salomão tinha um método próprio para investigação da natureza (defesa
do método empírico de Bacon como correto método científico); a religião praticada é semelhante
ao cristianismo; a sociedade é descrita como moral, honesta, piedosa e casta (muitas elogios são
feitos à castidade e críticas a falta da sua prática – provavelmente sendo considerado um
problema social sério para o filósofo).

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4. CONCLUSÃO

O mercantilismo foi o conjunto de práticas econômicas que existiu na Europa entre os


séculos XV e XVIII e é considerado pelos historiadores como um momento de transição entre o
feudalismo e o capitalismo.

O mercantilismo visava garantir o enriquecimento do reino e contribuir para o


fortalecimento do monarca. Tinha características como a busca por uma balança comercial
favorável, o metalismo, o protecionismo, a intervenção do Estado na economia e o incentivo às
manufaturas.

Foi estabelecido junto do Absolutismo e do Estado Nacional Moderno.

"A palavra “Utopia” aparece pela primeira vez na obra homônima de Thomas More.
Significa “não lugar”, ou seja, um lugar que não existe na realidade. Posteriormente, “Utopia”
passou a ser considerado uma espécie de gênero de escrita caracterizado por conter como
principal tema uma organização política e/ou social ideais, geralmente em contraponto a uma
organização política e/ou social atuais.

A ilha-reino criada por Thomas More teve seu nome derivado de Utópos, seu
descobridor. A geografia da ilha foi descrita provavelmente a partir de narrativas sobre a
América.

A “Utopia” é descrita como um semicírculo de quinhentas milhas de arco onde existem


cinquenta e quatro cidades organizadas a partir da estrutura familiar:

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Na obra, em estilo irônico e narrada pelo personagem Rafael Hitlodeu, Thomas More
demonstra como seria aplicável uma sociedade sem propriedade privada e sem intolerância
religiosa, na qual a razão é o critério para estabelecer condutas sociais e não o autoritarismo do
Rei ou da Igreja."

5. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

 BACON, Francis. Nova Atlântida. São Paulo: Nova Cultural Ltda, 1999;
 CAMPANELLA, Tomás. A Cidade do Sol. Lisboa: Guimarães Editores, 1996. Coleção
Filosofia e Ensaios, p. 100;
 FIRPO, Luigi. Para uma definição de utopia. Morus – Renascimento e Utopia, Campinas,
2005 v.2;
 MICELI, Paulo. História Moderna. São Paulo: Contexto, 2020, p. 98. Disponível em:
<https://www.historiadomundo.com.br/idade-moderna/mercantilismo.htm>. Acesso em
21 de Out. 2022;
 MORUS, Tomás. A Utopia. Porto Alegre: L&PM, 2011;
 SANTOS, Wigvan Junior Pereira dos. "Utopia"; Brasil Escola. Disponível em:
https://brasilescola.uol.com.br/filosofia/utopia.htm. Acesso em 21 de outubro de 2022.

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