AO JUIZO DA 5° VARA CÍVEL DA FAZENDA PÚBLICA DE MACAPÁ/AP

PEDIDO DE APRECIAÇÃO DE TUTELA DE EVIDÊNCIA- PEDIDO LIMINAR

Ref. Proc. n° 0015807-96.2023.8.03.0001

AUTOR POPULAR, já devidamente qualificado nos autos do

processo em epígrafe, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, em
causa própria, EMENDAR A INICIAL, pelos argumentos factuais e
jurídicos a seguir delineados, com fundamento no art. 311 do Código de
Processo Civil em vigor, deflagrar a presente:

TUTELA DE EVIDÊNCIA – (Pedido de Liminar)

Consubstancialmente nos seguintes fatos e fundamentos que passa a

expor, ponderar e afinal requerer:

BREVE SÍNTESE FÁTICA

O autor ajuizou a presente ação popular objetivando anular o

excesso de nomeações de cargos comissionados realizados pela Presidente
da ALAP, Dep. Alliny Serrão, sob o argumento de que existe uma
desproporção entre o percentual de cargos efetivos e comissionados,
ofendendo, assim, o art. 37, caput, da Constituição Federal e o princípio do
concurso público.

Vale ressaltar que os dados, bem como os documentos comprobatórios

das nomeações em excesso já estão amplamente discorridos nas iniciais
postadas aos autos nos movimentos #1, #3, #4, #5, #6.

Ocorre, Excelência, que mais uma vez na data de 04/05/2023 a

Assembleia Legislativa do Amapá (ALAP) promoveu dezenas de

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nomeações de cargos comissionados, conforme DOE n° 1538 – ALAP.
Ressalta-se que já foi amplamente discorrido na inicial a desproporcionalidade
entre servidores comissionados que não prestaram qualquer concurso para ter
acesso aos cargos públicos, e servidores efetivos.

A atual mesa diretora presidida pela deputada Alliny Serão, nomeou mais
de 1.400 (mil e quatrocentos) comissionados apenas nos cinco primeiros
meses de gestão.

Na contramão, não nomeou nenhum servidor efetivo, mesmo havendo

vasto cadastro reserva de aprovados no último concurso da casa. Dessa forma,
apesar de existirem atualmente aproximadamente 28 (vinte e oito) cargos a
serem providos no quadro de servidores efetivos.

DO CABIMENTO

A Carta Magna de 1988, em seu instituto, constitucional de direitos e

garantias fundamentais, provisionou nos termos do art. 5°, caput, e
incisos:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem

distinção de qualquer natureza, garantindo-se
aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no
País a inviolabilidade do direito à vida, à
liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes

XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos

públicos informações de seu interesse
particular, ou de interesse coletivo ou geral, que
serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo
sigilo seja imprescindível à segurança da
sociedade e do Estado;  

XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder

Judiciário lesão ou ameaça a direito;

LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para

propor ação popular que vise a anular ato lesivo

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 ao patrimônio público ou de entidade de que o
Estado participe, à moralidade administrativa, ao
meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural,
ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de
custas judiciais e do ônus da sucumbência;

LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e

administrativo, são assegurados a razoável
duração do processo e os meios que garantam a
celeridade de sua tramitação;

Ainda, conforme a Constituição da República no que trata da

Administração Pública em seu art.37, caput, incisos;

Art. 37. A administração pública direta e indireta

de qualquer dos Poderes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência e, também,
ao seguinte;

I - os cargos, empregos e funções públicas são

acessíveis aos brasileiros que preencham os
requisitos estabelecidos em lei, assim como aos
estrangeiros, na forma da lei;

II - a investidura em cargo ou emprego público

depende de aprovação prévia em concurso
público de provas ou de provas e títulos, de
acordo com a natureza e a complexidade do
cargo ou emprego, na forma prevista em lei,
ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e
exoneração;  

IV - durante o prazo improrrogável previsto no

edital de convocação, aquele aprovado em
concurso público de provas ou de provas e
títulos será convocado com prioridade sobre

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 novos concursados para assumir cargo ou
emprego, na carreira;

V - as funções de confiança, exercidas

exclusivamente por servidores ocupantes de
cargo efetivo, e os cargos em comissão, a serem
preenchidos por servidores de carreira nos
casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às
atribuições de direção, chefia e
assessoramento;    

IX - a lei estabelecerá os casos de contratação

por tempo determinado para atender a
necessidade temporária de excepcional
interesse público; 

O caso em tela se amolda perfeitamente nos dispositivos legais e

constitucionais.

DA FUNDAMENTAÇÃO JURÍDICA

A Carta Magna, provisionou em seus dispositivos e artigo elencados

direitos e garantias fundamentais, bem como estabeleceu critérios para o
ingresso no serviço público. Por conseguinte, a provisão nos termos do Código
de Processo Civil, In Verbis:

Art. 5° aquele que de qualquer forma participa do

processo deve comporta-se de acordo com a
boa-fé.

Art.77- Além de outros previstos neste Código,

são deveres das partes, de seus procuradores e
de todos aqueles que de qualquer forma
participem do processo;

Resta cristalino o abuso de direito da referida ALAP, uma vez que, ainda
que seja ato discricionário da administração pública nomear servidores
comissionados, torna-se ilegal tal montante de nomeações deixando de lado o
cadastro reserva do último Concurso da Casa aquém do mínimo exigido para
os provimentos dos cargos efetivo.

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em-ultimo-lugar

DA TUTELA DE EVIDENCIA.

Conforme preconizado na lei adjetiva, CPC sem seu artigo 311, In Verbis:

Art. 311. A tutela da evidência será concedida,

independentemente da demonstração de perigo de
dano ou de risco ao resultado útil do processo,
quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o

manifesto propósito protelatório da parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas

apenas documentalmente e houver tese firmada em
julgamento de casos repetitivos ou em súmula
vinculante;

III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em

prova documental adequada do contrato de depósito,

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 caso em que será decretada a ordem de entrega do
objeto custodiado, sob cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova

documental suficiente dos fatos constitutivos do
direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz
de gerar dúvida razoável;

Dentro do quadro apresentado, a tutela de evidência se mostra

plenamente cabível, vez que preenchidos vários de seus requisitos a saber:

O requerente demonstrou o perigo de dano ao resultado útil do processo,

as alegações de fato e de direito ora apresentada aos autos, podendo ser
comprovadas documentalmente. A requerida nada juntou até o momento ao
processo.

A PROBABILIDADE DO DIREITO, como já frisado na exordial está em

conformidade com os dispositivos constitucionais, caracterizado pelas provas
documentais suficientes dos fatos constitutivos do direito do autor, conforme já
exposto.

DO RISCO AO RESULTADO ÚTIL DO PROCESSO, trata-se, Excelência,

de mera procrastinação do requerido para, assim deixar vencer o referido
concurso e não chamar o mínimo do cadastro reserva, ainda que com vagas
livres nos seus quadros de servidores. Logo, tal circunstância confere grave
risco de perecimento do resultado útil do processo.

Diante de tais circunstâncias, é inegável a existência de fundado receio de

dano irreparável, sendo imprescindível (seja suspensa as nomeações de
cargos comissionado [até o limite de servidores efetivos atualmente
pertencentes ao quadro da ALAP, em aplicação ao estabelecido nos autos
da ADI 5555/22], bem como, em caso de nomeações sejam convocados os
candidatos aptos no cadastro reserva do referido concurso para suprir as vagas
remanescentes, nos termos exordial.

Assim, presentes os requisitos legais e acrescendo que existe a iminência

de dano processual e material pela demora do indevido processamento do
apelo, a concessão da tutela de evidência é medida de rigor.

DOS PEDIDOS

EX POSITIS, requer a Vossa Excelência seja concedida a Tutela de

Evidencia, em caráter liminar, a fim de que seja suspensa as nomeações de
cargos comissionado, até o limite de servidores efetivos atualmente

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pertencentes ao quadro da ALAP, em aplicação a ADI 5555/2022 bem
como, em caso de nomeações sejam convocados os candidatos aptos no
cadastro reserva do referido concurso para suprir as vagas
remanescentes, nos termos exordial.

Concedida a liminar, requer a intimação da requerida, para que querendo,

impugnar a presente tutela no prazo que lhe for concedido e, afinal, seja
julgada definitiva a presente tutela.

Nesses termos,

Pede deferimento,

Macapá/AP, xx de maio de 2023

DIEGO JOSÉ MORPHEU FERREIRA MENDES, OAB/AP 2649.

   

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