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AUTARQUIA EDUCACIONAL DO ARARIPE – AEDA

FACULDADE DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS


DE ARARIPINA – FACISA
CURSO DE BACHARELADO EM DIREITO

LÍVIA LIBERALINA ALENCAR SANTOS

A VIOLÊNCIA SEXUAL VELADA NO TRABALHO: INVISIBILIDADE E


BANALIZAÇÃO?

ARARIPINA
2023
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LÍVIA LIBERALINA ALENCAR SANTOS

A VIOLÊNCIA SEXUAL VELADA NO TRABALHO: INVISIBILIDADE E


BANALIZAÇÃO?

Projeto de pesquisa para o relatório de


bolsista vinculado ao PROUNI-PE,
apresentado à Faculdade de Ciências
Humanas e Sociais de Araripina –
FACISA, no curso de Bacharelado em
Direito.

Orientação: Prof. Talinny Lacerda.

ARARIPINA
2023
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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 3

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA......................................................................
4

3 METODOLOGIA..............................................................................................
5

4 RESULTADOS ESPERADOS.........................................................................
5

5 REFERÊNCIAS................................................................................................. 6
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1 INTRODUÇÃO

A priori, é de suma importância a ênfase nas situações constrangedoras nas


quais mulheres são vítimas - dentro e fora de seu ambiente de trabalho - de chefes
diretos ou colegas de trabalho. Assim, com foco no conhecimento a respeito do
tema, causas e consequências, é possível trazer um maior enfoque da comunidade,
como um todo, em um futuro próximo. Por meio de divulgações de informações a
respeito do tema, análises de artigos e documentários sobre consequências do
assédio estrutural na sociedade, podemos compreender as competências gerenciais
do assunto, permitindo o entendimento a respeito do contexto e os sentidos
atribuídos em seu processo.
Para Simone de Beauvoir, escritora e socióloga francesa, a mulher não pode
ter o seu local na sociedade definido com base no seu gênero ou posição
econômica, pois ao trazer a distinção entre gênero e sexo ela aponta que ser mulher
é algo advindo da sociedade, onde os padrões de comportamento estão enraizados
desde os primórdios.
De acordo com o Tribunal Superior do Trabalho, no Brasil, um a cada cinco
profissionais revela ter sofrido assédio no ambiente de trabalho, e 42% das
brasileiras maiores de 16 anos relataram que foram vítimas dessa violência, uma
realidade muitas vezes silenciada pelo medo de denunciar os abusos. Assim, ao
tipificarmos essa conduta, mulheres podem sofrer constrangimento no trabalho por
chantagem, quando há a exigência de uma conduta sexual em troca de benefícios, e
existe também o assédio por intimidação, quando a vítima é constrangida,
humilhada ou hostilizada pelo agressor.
O assédio está incluído no Código Penal, sendo sempre, no ambiente de
trabalho, por um superior hierárquico, ou seja, tendente a constranger a vítima com
ameaças. Mas temos outros fatos que fogem ao tipo legal, como por exemplo, entre
colegas de trabalho, que não será considerado assédio sexual, mas será
assemelhado com as mesmas consequências. Nesse ínterim, o assédio nem
sempre acontece no ambiente de trabalho, mas é necessário que a relação entre a
vítima e o agressor seja de trabalho, exclusivamente. Hoje com a tecnologia e
vigilância constante, as práticas se tornam cada vez mais invisíveis e de mais difícil
prova, é dado um valor diferente ao testemunho e depoimento da vítima.
Igualmente, é válido salientar a deturpada construção política e histórica,
como fator determinante para esse imbróglio social. Uma vez que, o assédio com
cunho sexual no ambiente profissional, não é um problema recente e não afeta
apenas este país. No mundo todo, milhares de homens e mulheres são vítimas por
esta forma de violência no ambiente laboral. Citando a pesquisa da Pontífica
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), realizada por Margarida Barreto,
médica, 65% das mulheres entrevistadas sofreram assedio, e 29% dos homens
também.
Fazendo uma alusão histórica, durante o Brasil Colônia, os escravos eram
propriedade dos brancos, estes podendo exercer seu poder de formas
inimaginavelmente cruéis, tratando suas propriedades como se fossem animais, e
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trazendo o abuso e subordinação sexual como algo inerente aquela época. Os


portugueses abusavam das nativas para a povoação da terra deserta e
engravidavam as negras nos navios para que chegassem aqui já portando o
patrimônio de seu futuro proprietário. Trazendo para realidade, é perceptível a
influência das nossas raízes na sociedade hodierna.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O hiato social é agente decisório para a sustentação dessa celeuma. Nesse


contexto, Robert Putnam, cientista político, afirma que quanto mais à população
atuar no funcionamento das engrenagens sociais, menores são os problemas desse
meio. Nessa lógica, de acordo com o pensamento do cientista, a formação de
“bolhas sociais” – estado apático de parcela do corpo social diante dos imbróglios
em seu entorno – evidência a omissão perante as mulheres abusadas diariamente,
naturalizando essa prática, o que fomenta em um círculo em torno da problemática.
A Teoria do Capital Social, disseminada por Robert Putnam, acredita que o Capital
Social é o conjunto de crenças que leva a população à participação social. Em seus
estudos, é afirmado que os níveis de atuação social são inversamente proporcionais
ao número de problemas sociais. É de suma importância, o reconhecimento da
nossa capacidade de auxiliar mulheres de forma psicológica e física, com o fito de
abrir espaço para uma maior sensação de segurança e bem estar na nossa
sociedade hodierna.
Com base no supracitado, Michael Foucault, filósofo e teórico, defende que
para embasar e fortalecer decisões, ações ou escolhas que influenciam várias
pessoas, é preciso dominar técnicas e instrumentos que justifiquem essas decisões.
Por meio dessas, podem ser viabilizadas diversas práticas organizacionais como,
por exemplo, os direitos e os deveres de uma sociedade perante as mazelas sociais,
como abuso sexual. No entanto, para ele essas técnicas e instrumentos serviram
também para práticas autoritárias de segregação, monitoramento, controle dos
corpos e até mesmo dos nossos desejos, sendo urgente a utilização dessas práticas
para o bem da comunidade como um todo, priorizando a busca incessante e
constante de alternativas para a proteção das vítimas.
Existe um grau de investimento afetivo estabelecido entre as vítimas, e
quando ocorre uma importunação de cunho sexual emerge o sentimento de luto, que
é diferente do sentimento de uma perda por morte, o luto é relacionado ao interior de
cada uma. A incógnita quanto aos motivos e hábitos diários como alimentação, sono
e cuidados, pode causar na família uma grande comoção e sofrimento. O impacto
pode ser ainda mais avassalador quando a vítima se trata de uma mulher,
considerada frágil e necessitada de cuidados.
Ainda mais, essa diligência é ratificada pela máquina administrativa. Nesse
ínterim, consoante Zygmunt Bauman, pensador polonês, há, na pós-modernidade
instituições que mantém suas formas, contudo, não exercem mais suas funções, isto
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é, são “mortas vivas”. Essa deliberação elucida, a saber, a ação letárgica do


governo, uma vez que as políticas públicas voltadas à propagação correta de
informações a respeito desse tema – como panfletos e palestras que tragam pontos
que indiquem se o superior do indivíduo pode estar praticando abuso -, são
ineficientes, já que muitas pessoas não são capazes de identificar se estão sendo
abusadas sexualmente e moralmente.

3 METODOLOGIA

Para obter os resultados e respostas acerca da problematização apresentada


neste trabalho, foram feitas análises de documentários e reportagens sobre esse
tema em específico, através da pesquisa explicativa, buscando analisar a causa do
fenômeno estudado, além de analisá-lo. Uma vez que foi possível perceber a pouca
produção bibliográfica que tenha como foco as implicações do abuso moral e sexual
no ambiente de trabalho, especialmente no contexto histórico.

O estudo deste trabalho foi fundamentado em ideias e pressupostos teóricos


que apresentam significativa importância na definição e construção dos conceitos
discutidos nesta análise. Foram escolhidos pensadores diversos como Michel
Foucault, Zygmunt Bauman e Robert Putnam, que trabalharam o contexto histórico e
antropológico dos indivíduos de forma coordenada e subjetiva, o que favorece uma
análise também comparativa. Para tal, tais objetos foram estudados em fontes
secundárias como trabalhos acadêmicos, artigos, livros e afins, que foram aqui
selecionados.

Assim sendo, o trabalho transcorreu a partir do método conceitual-analítico,


visto que foram utilizados conceitos e ideias de outros autores, semelhantes com os
meus objetivos, para a construção de uma análise científica sobre o meu objeto de
estudo: importunação moral e sexual.

O método de pesquisa escolhido favorece uma liberdade na análise de se


mover por diversos caminhos do conhecimento, possibilitando assumir várias
posições no decorrer do percurso, não obrigando atribuir uma resposta única e
universal a respeito do objeto.

As referências sobre os documentários assistidos ou pensadores estudados,


sobre algumas características que serão apresentadas neste trabalho, não
apresentam previsões irreversíveis, já que as possibilidades de análise são
inúmeras quando se trata da expressão sociocultural de uma sociedade.

4 RESULTADOS ESPERADOS
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Inicialmente, espera-se uma conscientização e uma compreensão


aprofundada, uma vez que a abordagem desse assunto pode gerar o aumento da
conscientização sobre assédio sexual e violência velada, fornecendo uma análise
detalhada dos conceitos, exemplos, causas e impactos desses fenômenos. Isso
pode ajudar a desenvolver uma compreensão mais ampla da gravidade dessas
questões. Além de revelar padrões e táticas comuns usadas para perpetrar tais atos.
Isso pode incluir comportamentos sutis, linguagem, discriminação ou atitudes que
perpetuam essas formas de violência. Identificar esses padrões pode ajudar na
prevenção e no combate a esses comportamentos.

Outrossim, o impacto dessas impetuosidades, nas organizações e na


sociedade como um todo, incluem consequências emocionais, físicas, profissionais
e sociais que afetam as pessoas que passam por essas situações. Compreender o
impacto é fundamental para desenvolver estratégias eficazes de prevenção e
intervenção. Com base nas descobertas, essa pesquisa pode oferecer uma
contribuição original ao campo de estudo, sejam por meio de novas perspectivas
teóricas, metodologias de pesquisa inovadoras ou análises aprofundadas de casos
específicos.

Por fim, existe um atraso nas políticas públicas hodiernas. Portanto, as três
esferas do poder – executivo, legislativo e judiciário -- devem agir em consonância.
Nesse viés, o Poder Executivo, sobretudo na voz do Ministério do Desenvolvimento
Regional, deve ampliar e fiscalizar o Programa de Prevenção e Enfrentamento ao
Assédio Sexual, à Violência Sexual e aos demais Crimes contra a Dignidade Sexual,
além de uma ampliação concreta da Segurança Pública, por meio de investimentos
financeiros – os quais serão revertidos em especialização do corpo policial.

Ademais, cabe ao Poder Legislativa a alteração na Lei de Diretrizes


Orçamentárias, com o intuito de ampliar os repasses para o auxílio de vítimas de
violência sexual velada no ambiente de trabalho. Por fim, o Poder Judiciário deve
promover campanhas midiáticas, em todas as esferas de comunicação, por meio da
explicação da importância do corpo social, a fim de instigar o senso crítico e ampliar
a pressão popular.
Fica nítido a indefensabilidade das vítimas, pois a fragilidade socioeconômica
é uma forte questão, já que as pessoas são deixadas à mercê do mundo moderno.
Logo, a homeostase da teia coletiva será utópica, enquanto não houver coesão
entre os agentes sociais.

5 REFERÊNCIAS
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1. SELLTIZ, C; JAHODA, M.; DEUTSCH, MB & COOK, S.W. Métodos de


pesquisa nas relações sociais. São Paulo, Herder-EDUSP,1967. p.
59-60.

2. CAMILO, Celin; GODOY, Rosa. 2016. Práticas dos profissionais das


equipes de saúde da família voltadas para as mulheres em
situação de violência sexual. In: Revista da Escola de Enfermagem
da USP . Disponível em:
https://www.scielo.br/j/reeusp/a/8wZkLNvPdt5KVXjwPp8N8SD/abstract
/?lang=pt# Acesso em dez de 2007.

3. ANDRADE, Vera. O sistema de justiça criminal no tratamento da


violência sexual contra a mulher. Disponível em:
https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=4818522

4. CRISTINA, Mykaella; ARAUJO, Normanda. 2021. Práticas


Profissionais relacionadas às Demandas de Violência Sexual:
Revisão da Literatura Nacional. In: Psicologia: Ciência e Profissão.
Disponível em:  
https://www.scielo.br/j/pcp/a/brPC85qbCg83XKkqMgNnWYm/abstract/?
lang=pt

5. LIPOVETSKY, Gillis. A Era do Vazio: ensaios sobre o


individualismo contemporâneo. 1. ed. rev. São Paulo: Editora
Manole, ago 2005. 224 p. v. 1. ISBN 8520423752.

6. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa


do Brasil: promulgada em 5 de outubro de 1988. 4. ed. São Paulo:
Saraiva, 1990.

7. REIS, Bruno Pinheiro W.. Capital social e confiança: questões de


teoria e método. Revista de Sociologia e Política, [S.l.], n. 21, nov.
2003. ISSN 1678-9873. Disponível em:
<https://revistas.ufpr.br/rsp/article/view/3644>. Acesso em: 30 jun.
2022.

8. MENICUCCI, Eleonora; MACHIN, Rosana; ANIBAL, Alexandre; VON


KOSSEL, Karen; MORELLI, Karina; FRANCISCA, Luciane;
STOIANOV, Maristela. Atendimento às mulheres vítimas de
violência sexual: um estudo qualitativo. Recuperado de:
8

https://www.scielo.br/j/rsp/a/7GvxBh3JvbwjSnvxH3DrwTz/?
format=html&lang=pt

9. DE BEAUVOIR, Simone. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Editora


Nova Fronteira, 2008.

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