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r ! Prof? Bianca C. Vieira | FLG 1252 - GEOMORFOLOGIA || Antonio José Teixeira Guerra e " Texto F-/ BA copias j Sandra Baptista da Cunha Organizadores capfruLo 4 Processos Erosivos Nas ENCOSTAS Geomorfologia: ‘Antonio José Teseira Guerra ' Uma Atualizacio 1. Introducdo : de Bases e Conceitos Este capitulo aborda a erosio dos solos nas encostas causada pela dgua oriunda do escoamento superficial esubsuperficlal, Ape- sar de ser um problema em escala mundial, a erosio dos sclos ‘corre de forma mais séria nos paises em desenvolvimento, com t regime de chuvas tropicais, sendo considerada por Blaikie (1985) uma causa e conseqiiéncia do subdesenvolvimento, Os paises europeus, onde o problema é menos ambém vem se reocupando com a eroséo. Uma pro de artigos publicados em revist 0 grande némero problema relacionado com a agricultura em reas tropicais e semi- I! 4ridas, nos ditimos anos tem ocorrido, também, em areas utilizadas 149 PROCESSOS EROSIVGS NAS ENCOSTAS para transporte e recreagéo, e vem se alastrando em pafses temperados europeus, como Gri-Bretanha, Bélgica ¢ Alemanha. , Boardman (1990) chama atengfo para 0 fato , apesar de o problema néo ser conhecicio completamente, 0s solos agricolas vém erodindo com regularida- de, e, em algumas éreas, jé ocorrem taxas erosivas que preocu- [pam os fazendeiros, cientistas e autoridades politica. Apesar da importancia que os solos tém para asobrevivencia da espécle humana, dos vegetais e dos animais na superficie da Terra, parece que.o homem tem dado pouca atengéo a esse recurso lo menos no que diz respeito a sua utilizacéo e conser- sem se preocupar com o perfodo necessério para sua recuperacio, acreditando que v4 dutat para sempre; quando lo, & para obter maiores colheitas, raramente para fe técnicas que , como 0 uso gagdo, levou a superprodugdo de alimentos, incluindo produtos de origem ‘A preocupagio agora ¢ com préticas menos intensivas. imbém uma consciéncia de melhorar a qualidade dos 5, Sgua potivel e ar Isso tem levado a criticas quanto 20 uso indisetiminado de fertilizantes e pesticidas, A partir das quest6es apontadas, esse capttulo aborda a ero- sito dos solos, tendo em vista a contribuigio que seu estudo siste- mitico pode dar na compreenséo do problema, Dessa forma, uma vvezentendido como. erosso se process, suas causas econseqiién- cias, pode ser possivel ndo s6 diagnosticar sua ocorréncia, mas também selecionar estratégias apropriadas de conservacéo. 2. Fatores Controladores Os fatores controladores so aqueles que determinam as va- riagdes nas taxas de erosio (erosividade da chuva, do solo, cobertura vegetal e caracterstices di 150 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS causa da interacéo desses fatores que certas reas erodem mais, do que outras. A intervengio do homem pode alterar esses fatores ¢, conseqientemente, apressar ou retardar os processos erosivos, (Os fatores podem ser subdivididos em erosividade (causada pela chuva),erodibilidade (proporcionadsa pelas propriedades do solo), caracteristicas das encostas e natureza da cobertura vegetal, que, na maioria das vezes, etarda os process0s erosivos, mas que, ‘em certas circunstancias, pode também funcionar como agente acelerador do processo. Como afirma Morgan (1986), € necessério estudar esses fatores com bastante detalhe para se compreender como, onde e por que a eroséo ocorre, Grande parte dos estudos de erosio de solos € oriunda de trabalhos empiricos, nos quais vasta gama de dados sobre perda de solo e agentes controladores & coletada. A partir desses resul- tados sfo determinadas correlagies as, Em fungéo disso, uma grande quantidade de varié ontada, nas diversas partes do mundo, como sendo significativas para explicar € predizer a erosio, 2.1 Erosividade da Choa Uma definigéo simples é dada por Hudson (1961): chuva € assunto muito complexo, porque depende, em especial, dos pardmetros de erosividade e também das caracteristicas das, {gotas de chuva, que variam no tempo e no espaco (Guerra, 1991 Os parimetros utilizados para investigar a erosividade: © total de chuva, a intensidade, o momento e a energia cinétca jométrico (diério, mensal, sazonal ¢ anual) Stocking, 1973; Stocking e Elwell, 1976; Hodges e Bryan, 1 Kneale 1982; Bonell et al. 1983; Morgan, 1983; Stocking, I Boardman e Robinson, 1985; Nearing e Bradford, 1987 ppardmetro por si s6 é nsuficiente para predizer a erosio dos solos, correlagio entre perda de solo e de chuva é baixa, Apesar de haver o reconhecimento da incia do aumento de erosdo, & medida que os totais de chuva 151 eee ee maa PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS aumentam, especialmente em 4reas agricolas, este parkmetro deveria ser levado em conta, apenas para dar uma idéia do relacionamento entre chuva e eroséo. A intensidade da chuva ¢ pardmetro determinado em véri- as estagbes meteorol6gicas e ¢ muito importante em estudos que se relacionem com a energia da chuva. A intensidade tem sido demonstrada por diversos autores como bom parémetro para predizer a perda de solo, Wischmeier (1959) jé mostrava sua im- Portancia, através do {ndice que criou e onde apontava a intensidade maxima em 30 minutos (30) e seus efeitos na eroséo dos solos. Além disso, idade deve ser considerada, pois, como destacam Stocking e Elwell (1976),a distribuicio do tamanho das gotas de chuva a energia’ siio caracterfsticas de cada intensidade (Fig. 4.1). A intensidade da chuva tem papel importante nas taxas de infltraggo, De acordo com Stocking (1977), a partir do encharca- mento do solo, a infiltragéo dimin das propriedades vegetal e do prop: 90 de chuva, A intensidade da chuva, indicada por Horton (1933), influencia no escoamento supe quando a capacidade de infiltragdo € excedida. A intensi Figura 4.1 — Relagées entre energia cinétcae intensidade ds chuoa (extraldo de Stocking Elwell, 1976). PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS também ¢ enfatizada por Kirkby (1980), quando destaca sua importancia no escoamento superficial, relacionando-a com as, propriedades do solo e a cobertura ve A intensidade da chuva tem sido utiizada por vétios pes- quisadores, que tém tentado buscar um valor crtico, a pai quai comeca a haver erosdo dos solos. No entanto, & dificil estabelecer um valor universal, porque outros fatores também influenciam o processo, Alguns valores sugeridos s mm/h (Morgan, 1977); 6mm/h (Ri ‘Negendank, 1977) e Smm/h (Boardman e Robinson, 1985). Momento é 0 produto entre @ massa e a velocidade da gota de chuva, e tem sido empiricamente relacionado & remogio de particulas do solo, porque & medida da pressio ou forca, por unidade de area, que tem a natureza do esforco mecinico (Kinell, 1973), De acordo com Hudson (1961), existe uma relacao entre ‘momento ¢ erosio do solo, pelo fato de que a erosio é um processo que envolve o dispéndio de energia, e a principal fonte dessa energia ¢ a chu A energiacinética¢ definida por Goudie (1985) como “aener- gia devida ao movimento translacional de um corpo”. Varios au- tores tem demonstrado a importéncia da energia cinética como parantetro que prediz a perda de solo (Wischmeier e Smith, 1958; Hudson, 1961; Young e Wiersma, 1973; Bvans, 1980; Morgan et ul. sham, 1930; Guerra, 19912), ica da chuva esté relacionada com sua inten sidade, pois é a energia do nimero total de gotas de um evento chuvoso (Evans, 1980). Como uma grande percentagem das gotas grandes (> 4,0mm) pertence a intensidades entre 50 e 100mm/h, i nessas intensidades. Levando- se em conta que a energia cinética esté relacionada com a intensi- dad da chuva, ela é fungdo da sua duracio, massa e tamanho da gota e velocidade. O trabalho de Hudson (1963), confirmado por outros pesquisadores (Emmett, 1970; Kinell, 181; Lal, 1981), in- 1987; Mutter € ‘A energi 153 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS ica que o tamanho mediano das gotas de chuva aumenta, com a clevagdo da intensidade da chuva, até 100mm/h. Dessa forma, & poss{vel determinar uma relacéo entre energia cinética e intensi- dade da chuva. Baseados nesse relacionamento, Wischmeier e (1958) chegaram & seguinte equacio: 5h E.C.= 1187 +8,73 log, I onde: E,C. € energia cinética em joules/m*/mm. 16a intensidade da chuva em mm/h Todos os pardmetros abordados tém sido utilizados com, ‘maior ou menor freqdéncia para predizer perda do solo, mas na realidade, devem ser considerados juntamente com outras varié- vveis que também afetam o processo erosivo. A propésito disso, estudos de Reed (1979) demonstram que, dependendo das proptiedades do solo, a erosdo pode ocorrer até mesmo sob chuva com intensidade de apenas Imm/h, desde que o total pluvio- rétrico seja de 10mm, Isso evidencia a complexidade do estudo dda erosio dos solos e, ao mesmo tempo, a necessidade de se levar em consideragéo uma multiplicidade de variéveis para com- preender o process. 2.2. Propriedades do Solo As propriedades do solo sfo de grand importincia nos es- de erosao, porque, juntamente com outros fatores, 1am a maior ou menor susceptibilidade a erosio, Morgan (1986) define erodibilidade como sendo “a resistencia do solo em sor removido e transportado”. Hadley ef importincia das propriedades do solo né ua erodibilidade, ‘enguanto Wischmeier e Mannering (1969) apontam aerodibilidade como 0 principal fator na predicfo da erosdo e no planejamento do uso da terra. into na definigéo como no estudo do € estdtica, mas, sim uma 4 fungdo que depende do tempo. Poesen (1961) demonstrou que 0 estado inical dos sedimentos influencia a magnitude de variagto 154 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS dda erosio, a0 longo de um evento chuvoso, O uso agricola do solo pode também produzir modificag6es na erodibilidade, e isso depende da magnitude nas mudangas do teor de materia orginica, da estabilidade dos agregados, da propria taxa de remogio (detachment) de sedimentos, e das propriedadesfisico-quimicas ¢ l6gicas do subsolo exp: Vérias sio as propriedades que afetam a erosio dos solos. is podemos destacar:textura, densidade aparente, poro- Entre sidade, teor de matéria organic, ancia que essas propriedades lade, € preciso reconhecer que elas néo sio is a0 longo do tempo. Dessa forma, quando analisadas em um estudo, é preciso relacioné-las a um determinado perfodo de insformando certos solos mai 1981; Poesen, 1981; Morgan, 1984; Morgan et Govers e Poesen, 1988; Dickinson etal, 1990, Evans, 1990; Guerra e Almeida, 1998). A partir dessa constatacéo, algumas proprie- dades seréo analisadas, levando em conta sua importancia como fator controlador do proceso erosivo. A textura afeta a erosio, porque algumas fragbes granulomé- tricas sfo removidas mais facilmente do que outras. Farmer (1973) eporta que a remogao de sedimentos ¢ maior na fragio de areia ‘média ¢ diminui nas particulas maiores ou menores. Estudos de Bryan (1974) concordam com os de Farmer (1973), pois indicam a Jmportincia do teor de areia na remocéo (detachment) de sedimen- tos, ao se correlacionar significantemente com a perda de solo. Poesen (1961) também observou que as areias apresentam os mai 1es indices de erodibilidade. O ter de site também afeta a erodi lidade dos solos, iso tem sido demonstrado em varios trabalhos. Wischmeier e Mannering (1969), De Ploey (1985), Evans (1990), Mattere Burnham (1990), Guerra (19912, 1991b) demonstraram que, quanto maior o teor de silt, maior a susceptibilidade dos solos em serem erodidos. As argilas, se por um lado podem, por vezes, dif cultar a infilragdo das dguas, por outro lado so mais dificeis de serem removidas, especiaimente quando se apresentam em agrega- 155 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS dos. Apesar do reconhecimento da importincia da textura na ero- ibilidade dos solos, as percentagens de area, site e argila devem ser levadas em consideracio em conjunto com outras propriedades, porque a agregagio dessas fracoes granulométricas ¢ afetada por ‘outros elementos, como o teor de matéria onganica, © processo de formacio de matéria organica, no solo, depende da flora e da fauna que vive sobre ou dentro do solo. AS atividades humanas, especialmente a agricultura, tendem a provocar mudangas no teor de matéria organica do solo. Essas atividades, sem o suprimento de fertilizantes, geralmente levam & redugfo do teor de matéria orgénica, que, em consequéncia, provoca mudangas em outras propriedades do solo, Uma parte considerdvel da matéria organica do solo & formada por rafzes e microrganismos. Os minerais so também importantes na formagio de hum 0s efeitos quimicos do humus podem reagir com as substincias minerais para formar © complexo chamado humus-argila. Varios trabalhos apontam 0 na erodibilidade dos solos: Wisch Hamblin e Davies (1977), De Ploey Boardman (1983a), Morgan (1984) (1986), Evans (1990), Francis (1990), Roberts e Lambert (1990), Guerra (1990, 19912, 1991b), Guerra e Almeida (1993). O que € comum entre esses diversos trabalhos & que o teor de matéria orgénica afeta de diversas maneiras a erosdo dos solos, dependendo de outras propriedades, como a textura. Por exemplo, Wisd clevada correlagio inversa entre erodibilidade e matéria orginica, em especial para solos com alto teor essa correlagdo decresceu bastante para solos argi entre o teor de matéria orginica eas outras propriedades do solo & talvez, uma das razbes para a dificuldade em se estabelecer tum percentual minimo que afete a erodibilidade. Mesmo assim, Greenland et al. (1975) estabeleceram que solos com menos de 3,5% de matéria orgénica possuem agregados instéveis, enquan- to De Ploey e Poesen (1985) indicam que solos 2,0% de matérla orgdnica possuem baixa est agregados. jcado da matéria orginica ier e Mannering (1969), 1), Voroney et al. (1981), avies (1985), Chaney e Swift 156 PROCHSSOS EEOSIVOS NAS ENCOSTAS 3s processos mecénicos por exemplo, citaocaso dos solos de Albourne, ‘West Sussex, na Inglaterra, que contém menos de 3,5% de matéria organica e que perderam bastante materia orginica do horizonte ‘A,em apenas um ano, Este fato, associado & remogio das cercas entre os diversas campos, provocou o aumento do comp: das encostas, que, asociado aos solos areno-siltosos,resultou Verhaegen (1984) encontrou correlagéo negativa clevad tre estabilidade dos agregados e perda de solo. Uma exy pata isso é que hé um aumento da capacidade di medida que aumenta o teor de matéria orgini aumento do teor de agregados, havendo, conseqiientemente, maior resisténcia desses agregados a dispersio. Todos os exemplos ‘expostos anteriormente enfatizam a importincia ea complexidade do teor de matéria orgénica na erodibilidade dos solos, Varios autores tm reconhecido o papel da matéria organica em agregar particulas (Wischmeler e Mannering, 1969; Greenland et ul, 1975; Hamblin e Davies, 1 Ploey, 1981; Tisdall-e Oades, 1982; Boardman, 1983a e 198%b; Morgan, 1984; Chaney e Swift, 1986; Arden:Clatke e Hodges, 1987; Francis, 1990; Guerra 1 Entretanto, de acordo com Hodges e Arden-Clarke (1 rnd se conhece, com grande profundidade, como a “organica agrega essas particulas. Emmerson (1977) demonstrou ‘como A matéria orgénica liga as superiicies externas das argilas (Fig. 42) e explica que, quando as argilas se dilatam e sio ligadas por matéria orginica, os esforgos si0 transmitiios pelas ligagdes feitas pela matéria orginica, ea ruptura dos agregados ¢ evitada, Embora isso seja reconhecido, ainda néo ¢ total pesquisadores (Epstein e Grant, 1967; Hartmann e De Boo Farres; 1978; Verhaegen, 1984; De Ploey e Poesen, 198 pela matéria orginicae, a0 mesm dos solos. As taxas de erodiblidade vio depender do teor de ‘matéria orginica, da estabilidade dos agregados, que, por sua 157 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS ecto Figura 4.2— Esquema de um agregado do solo estailizado por matéria nen. O diagrama destact os dominios formades por argila mativia artao (segundo Emmerson, 1977) jam a ruptura desses agregados, podendo ser 38 crostas no solo, nndo a infiltragéo e aumentando © escoamento. Estudos dos diversos autores citados a ‘monstrar que a matéria orginica é 0 melhor agente agregador do solo, aumentando a estabilidade dos agregados. Apesar de algumas divergéncias entre os resultados obtidos por esses autores, todos concordam que « matéria organica proporciona mais estabilidade aos agregados do que a argila. De Ploey e Poeson irmam que a estabilidade dos agregados é um dos fatores controladores mais importantes da hidrologia do topo do solo (lopsoil), na erodibilidade e em dificultar a formagio de crostas na 158 FROCESSOS BEOSIVOS NAS ENCOSTAS superficie do solo. & Farres (1978) destaca o papel dos agregados no processo de formagéo de crostas na superficie: “uma vez reduzida. resistincia interna dos agregados, a forga aplicada pelas ‘potas de chuva quebra esses agregados, produzindo uma série de equenas particulas, que cobre a superiicie do solo formando uma crosta, que difculta a infiltragdo”. Isso nos leva a concluir que a alta estabilidade de agregados no solo reduz sua erodibilidade, pois poss existéncia de elevado indice de porosi aumentando as taxas de Infltragdo e reduzindo o runoff. ‘estabilidade dos agregados também proporciona maior resistén- cia ao impacto das gotas de chuva, diminuindo, assim, a erosio por spas ‘A densidade aparente dos solos ¢ outro fator controlador ‘que deve ser levado em conta quando se tenta compreender o3 processos erosivos, pois se refere A maior ou menor compactacéo dos solos. Varios pesquisadores ttm medidoa densidade aparente em seus trabalhos (Hamblin ¢ Davies 1977; De Ploey, 1981; Voroney et al, 1981; Boardman, 1983a; Morgan, 1984). Nesses. trabalhos fica clara a alta correlacio entre densidade aparente e 4reas de cultivo, que quase sempre fazein aumentar a densidade aparente dos solos. Voroney etal. (1981), por exemplo, destacam tum aumento de 16% na densidade aparente em solos agricolas, em um perfodo de 70 anos de cultivo, passando de 1,08g/cm? para 1,19g/cm?, A densidade aparente também parece corre- lacionar-se com o teor de matéria organica, isto é & medida que o teor de matéria orginica diminui, aumenta a ruptura dos agrogados, crostas se formam na superficie do solo, aumentando a sua compactacéo, Hamblin e Davies (1977), por exemplo, ‘mediram valores de 1,55g/em’ para solos de baixa materia or- ginica e1,25g /cm® para solos com alto teor de matéria organica, A densidade aparente pode aumentar sob varias circuns- tancias, mas a agricultura parece ser a que mais afeta esta propriedade do solo, tanto devido a reducdo de matéria organica ‘como pelo uso de méquinas agricolas. Morgan (1984) mensurou a densidade aparente dos solos em Bedfordshire, Inglaterra. Dez ppassagens de um trator com peso de trés toneladas em solo franco- arenoso fez aumentar a densidade aparente de 1,40g/cm’ para 186g ca, com consequente redugéo na capacidade de infiltragéo. 159 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS Jé Tacket e Pearson (1968) demonstraram 0 efeito da chuva no solo, resultando em aumento da densidade aparente. Bles utilizaram um simulador de chuva para mostrar que ha répido aumento da densidade aparente nos primeiros incrementos de gua, mas que o valor dessa propriedade do solo aumenta* lentamente, com a adigéo de 4gua, A porosidade esté relacionada de maneira inversa com @ densidade aparente, ou seja, A medida que a densidade aparente de um solo aumenta, a porosidade diminui e, em conseqiéncia, ocorre a redugéo de infiltragio de agua no solo. Morgan (1984) destaca reducio na infiltragdo (de 420mm/h pata 83mm/h), em solo franco-arenoso, em Bedfordshire, Inglaterra, onde houve ‘aumento da densidade aparente e redugio da porosidade. Mesmo em solos com alto teor de areia, alta permeabilidade a porosidade e supostamente elevada capacidade de ragio, a presenca de sedimentos finos, associada com baixo de matéria orgdnica, pode produzir crostas na superticie do solo, de baixa porosidade, que provocam aumento das texas de runoff. Os solos ricos em argila, que muitas vezes s4o apontados como de baixa porosidade, podem, ao contrétio, fa infltrasio de Sgua no solo. Hodges e Bryan (1982), por ‘que em solos argilosos, onde se formam fendas, a abordam a eroséo dos solos (Wischmeir e Mannering, 1969; Hamblin e Davies, 1977; Boardman, 1983a; Chaney e Swift, 1986; Guerra, 19919; Guerra e Almeida, 1993; Barros e Guerra, 1993). Os valores de pH s4o geralmente encontrados em trabalhos sobre erosio dos solos, em conjunto com outros indices. (1973) destaca que solos dcidos so deficientes em cflcio, um elemento conhecido em contribuir na retengio do carbono, através da formacéo de agregados, que combinam humus ¢ cf Wischmeier e Mannering (1969) sugerem que os solos com alto teor de siltetendem a ter maior erodibilidade a medida que o pH aumenta. Quando se determina o pH de um solo, hé que se considerar a sua hist6ria de utilizagdo, Boardman (1983a), por exemplo, mostra que os altos valores de pH, para alguns solos 160 PROCESSOS BROSIVOS NAS ENCOSTAS ‘arenosos do sul da Inglaterra, se devem a sua histéria de uso agricola. A intervengio humana, aliada a combinagéo do pH com cutras propriedades do solo, pode tomar ainda mais complexa a ‘compreenséo do seu papel na erodibilidade dos solos. Osexemplos te relacionamentos, apontados ness subitem, servem para demons- trar como ¢ difcl fazer generalizacbes sobre as propriedaces dos soles ¢, ag mesmo tempo, apontam o cuidedo que se deve ter ‘com 08 fatores controladores nos estudos de erosio. 2.3. Cobertura Vegetal Os fatores relacionados cobertura vegetal podem influenciar 0s processos erosivos de vérias maneiras: através dos efeitos espaciais da cobertura vegetal, dos efeitos na energia cinética da chuva, edo papel da vegetagio na formacio de humus, que afeta a estabilidade e teor de agregades. ‘A densidade da cobertura vegetal fator importante na re- ogio de sedimentos, no escoamento superficial e na perda de solo, O tipo e percentagem de cobertura vegetal pode reduzir os ‘efeitos dos fates erosivos naturals. Stocking e Elwell (1976) des- cobtiram. que, em Zimbabwe, os contrastes existenies entre os 3s decultivos sdo.um dos responséveis pelas diferentes taxas arosivas no pats. ti ‘A cobertura vegetal pode, também, reduzir a quantidade de cenergia que chega ao solo durante uma chuva e, dessa forma, mi- nimiza o$ impactos das gotas, indo a formagio de crostas no solo, reduzindo a erosfo (Morgan, 1984). Nesse (1984) chama a atengdo para o fato de que a cobertura veg proporeibiia melhor protegio nas areas com chuva de malor fensidads: A propésito disso, Noble e Morgan (1983) constataram {que alguiistipos de cobertura podem aumentara energia cinética dachuva, Bo caso, por exemplo, da lavoura de couve-de-bruxel na Inglaierra. A erosdo por splash foi maior nos solos sob caltivo, do que em solos sem nenhuma cobertura vegetal. Isso corre! porgue as folhas larges da couve-de-bruxelas atuaram ‘como concentradoras eficientes de gua. De acordo com Brandt ‘uma floresta pode atuar de duas fo 0 volume de gua que chega 20 161 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS solo, através da interceptagio, 2, segundo, alterando a distibuigio do tamanho das gotas, afetando, com isso, a energia tinética da chuva, O efeito da vegetagto sobre a erosio dos solos pode dar- se de acordo com a percentagem da cobertura vegetal. Em um rea com alta densidade de cobertura, 0 runoff ea erosto ocor- jalmente se houver uma cobertura >, que intercepta as gotas de chuva los galhos e folhas (Evans, 1980). Em éreas cobertas pela vegetagio, 0 runoff e a perda de Fapidamente, Esse aumento esté rela- ante em areas semi-dridas, agricolas e de super- Stocking (1976) demonstraram quea medida toma mais densa, cobrindo mais de A cobertura vege- papel importante também na infiltragio de 4gua no Francis (1990), por exemplo, demonstrow o efeito da ve- agtio nas taxas de ido, em Murcia, sudeste da anha. As encostas intemperizadas, sem vegetacho, apresenta- ao que variaram entre 60 ¢ 174mm/h, encostas vegetadas, com mesmo tipo de solo as texas 1¢80 oscilaram entre 138 e 8O4mm/h. 76) reportaram 0 significado da altura da cobertura vegetal na intereeptagio das gotas de chava. Eles ‘observaram que pode ocorrer ravinamento, na base das érvores, devido 20 escoamento de égua pelos troncos (stemjlow), e que nem sempre a cobertura vegetal atua no sentido de reduzir a ago erosiva das gotas, pois a coalescéncia de gua, nas folhas largas das 6rvores, pode provocar aumento da eroséo porsplash, ao redor das copas das érvores. Jé Thornes (1980) destaca que a cobertura vegetal controla a erosio dos solos de trés maneiras: primeiro, atuando sobre o runoff segundo, no balango hidrol6gico;e, final- mente, nas varlagdes sazonais da interceptagao. Essa tltima inter- feréncia se dé, ém especial, nas zonas de clima temperado efrio, ‘A cobertura vegetal, além de influenciar na interceptagio das éguas da chuva, atua também, de forma direta, na produgio de materia orgénica, que, por sua vez, atua na agregacio das 162 PROCESSCS EROSIVOS NAS ENCOSTAS intes do solo. Além disso, as raizes podem amificar-e no solo e, assim, ajudar na formagio de agregados, Essas ratzes atuam mecanicamente e, ao se decompor, fornecem humus, aumentando a estabilidade dos agregacios do solo, A propésito disso, Allison (1973) destaca que a matéria orginica, ma de humus e residuos das lavouras, é essenci necessidade de se incorporar matéria organica aos solos agricola, establidade dos agregados seja mantida. Dessa for amento. Morgan (1984) demonstrowque além de reduzir a cobertura vegetal permanente dos solos, podem tornarcertos solos mais sensfvels erosto, pois a diminuigdo do teor de matéria orgiinica reduz a resistencia dos agregados ao impacto das gotas de chuva, Dessa forma, esses agregados sfo quebrados com mais facilidade, for- ‘mando crostas na superficie, o que dificulta a infiltragio da Sgua, aumentando 0 escoamento superficial e a perda de solo, 24, Caracteristicas das Encostas Os fatores relativos as encostas podem afetara erodibilidade dos solos de diferentes maneiras: por meio da declividade, do comprimento e da forma da encosta De acordo com Hadley et al representa uma combinaglo da erosdo por ravinamento, causada pelo runoff, e da erosdo entre as ravinas (interil), causada pelo impacto das gotas de chuva. Esses processos sio influenciados pela declividade das encostas, devido ao efeito na velocidade do to, Morgan (1986) salienta que, em encostas muito Ingremes, a erosio pode i devido a0 decréscimo de material disponivel. A propésito do efeito da d encostas na erosio dos solos, Luk (1978), apés ter solos na regido de Alberta (Canad4), chegou a concluséo de que 08 solos com maior erodil eram aqueles situados em ‘encostas com 30° de decividade, Para Poesen (1964), a declividade 85), a perda total de sold 163 -PROCESHOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS yo nas taxas de infitragio, e ele ‘obtengdo de menores taxas de idades maiores, que aumentam a pporosidade dos solos. A declividade das encostas néo deveria, no ‘entanto, ser levada em conta separadamente, mas sim em conjunto icas da superficie do solo, que, igualmente, solo e a quantidade de runof. Estudos de ontam a confirmagao de que, A medida que a declividade aumenta, diminui a densidade de ravinas. Os referidos autores atribuiram esse feniimeno & maior resistencia & selagem do solo a essas encostas mais ingremes, que variaram de 10? a 11° no estudo desenvolvido por eles. Embora seja aceito que 0 comprimento da encosta afeta a ‘erosdo dos soles esse ¢ um parimetro dificil de ser avaliado, pots ‘outras caracteristicas, como declividade e forma da encosta,¢ pro- priedades do solo também afetam 0 ruof. Alguns pesquisadores demonstraram que, & medida que o comprimento das encostas aumenta, diminui orunoff(Wischmeier, 1965; Wischmeier eSmith, 41968). No entanto, varios outros trabalhos apontam a constatagdo de que o runoff aumenta, em velocidade e quantidade, & medida {que o comprimento das encostas aumenta. Por exemplo, Kramer ‘e Meyer (1969) atribuem maiores velocidades derunaffem encostas ‘mais longas e, consequentemente, maiores perdas de solo, do que em encostas mais curtas. Boardman (1963a) atribuiu, como uma das causas do aumento de erosio, em West Sussex, sul da Inglaterra, a remogéo das cercas entre pequenas propriedades rurais, fazendo gerar um aumento no comprimento das encostas, de 90 para 200 metros. das encostas € outro fator que tem papel importan- ley etal. (1985) chamam a aten- das encostas tem efeito demonstrou isso, por mi formacdo de crostas, nas «0 de que a forma das encostas pode ser até mais importante do quea declividade, na erosio dos solos, Evans (1980¢ 1990) enfatiza que, ni ra, os solos erodidos se situam, quase sempre, em éreas que vio dos interflivios até 0 fundo dos vales, em topografia suavemente ondulada. Além disso, Morgan (1977) destaca ai portdncia das cristas longas, COncavas, como sendo caracteristicas morfol6gicas que propici- ‘am a erosio dos solos, Encostas convexas, em especial, onde o 164 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTHAS topo das elevagbes € plano ea égua pode ser armazenads, podem ‘gerar a formagio de ravinas e vororocas quando a dgua ¢ Iiberada (Hodges e Arden-Clatke, 1986). Essas caracterfstica declividade, comprimento e forma das encostas conjunto entre sie com outros fatores relat chuva, bem como as propriedades do ‘ou menor resistencia a erosio. promovendo maior 3. Processos Erosivos Basicos A erosio dos solos é um processo que ocorre em duas fases ‘uma que constitu a remocio (detachment) de particulas, e outra ‘que € o transporte desse material, efetuado pelos agentes erosivos. ‘Quando néo hé energia suficiente para continuar ocorrendo 0 transporte, uma terceira fase acontece, que ¢ a deposicio desse I transportado. Os processos resultantes da erosdo pluvial imamente relacionados aos varios caminhos tomados pela ‘4gua da chuva, na sua passagem através da cobertura vegetal, ¢ ‘a0 seu movimento na superficie do solo, " ‘0s mecanismos dos processos erosivos bésicos vari tempo e no espago (Thornes, 1980), ea erosto ocorre a ‘momento em que as forgas que removem ¢ transportam materiais ‘excedem aquelas que tendem a resistir & remogfo, A espessura do solo pode estar relacionada ao controle das taxas de producso (intemperismo) e remogao (erosio) de materiais. Nas éreas onde tos desses dois grupos de processos séo iguais, hd uma de a espessura do solo permanecer a mesma ao longo do tempo. Os processos erosivos bésicos s40 de importancia fun- damental para que se compreenda como a erosio ocorre e quais as sus conseqiiéncias, Dessa forma, uma andlise da erosio dos solos, como um problema agricola, depende néo apenas da compreensio das taxas de perda do solo, mas também do quanto ainda esté dispontvel para a agricultura. Isso é uma fungio da cespessura original do solo e do balango entre producéo e remogdo 165 'PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS de sedimentos. Para se compreender esses processos complexoe, im leva em consideragdo as caracterfsticas relativas a 1¢40, armazenamento e geracio de runoff; como se dé 0 scoamento superficial e subsuperficial; bem como os processos de piping, splash e a formagio de crostas na superficie de solo. Ea partir da compreensio de cada um desses processos, isoladamente, da interagéo existente entre 08 mesmos, que podemos entender como se dao 0s processos erosivos basicos, 3.1. Infltragio, Armazenamento e Geragio de Runoff (ciclo hidrol6gico ¢ 0 ponto de partida do processo erosivo, Durante um evento chuvoso, parte da gua ca diretamente no solo, (ou porque nao existe vegetacio, ou porque. agua passa pelos espa- os exstentes na cobertura vegetal, Parie da Agua da chuva 6 inter- ‘eptada pela copa das érvores, sendo que parte dessa égua inter- ceptada volta & atmosfera, por evaporagdo, e outra parte chega a0 solo, ou por gotejamento das folhas, ou escoando pelo tronco. agio da chuva diretamente, ou por meio do gotejamento usa a erosdo por salpicamento (eplash). A égua que pode ser armazenada em pequenas depresses ou se infltra, aumentandéa umidade do solo, ou abastece olengol redtico. ‘Quando o solo ndo consegue mais absorver égua, 0 excess0 comes a se mover em supertice ou em subsuperfcie, podendo provocar «erosio, através do escoamento das éguas, A taxa de infiltragdo, que é o indice que mede a velocidade com que a 4gua da chuva se infltra no solo (Morgan, 1986), exerce importante papel sobre o escoamento superficial, Essa 4gua se infiltra no solo, por forga de gravidade e capilaridade, e cada par- ticula do solo é envolvida por uma fina pelicula de égua, Durante ‘um evento chuvoso, 0s espagos entre as particulas sfo preenchi- dos por égua, eas forcas capilares decrescem. Consequentemente, as taxas de ini so mais répidas no comego da chuva e ii 0 maximo que o solo pode absorver. Essa taxa méxima é a capacidade de infltracio, que corresponde A con- utividade hidréulica saturada do solo. Na prética, no entanto, hhoje em dia, se acredita que é a condutividade hidréulica teal da zona molhada que controla a capacidade de infiltracao, que é 166 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS geralmente um pouco mais baixa do que a condutividade hhidréulica saturada, porque existe sempre um pouco de ai entre as particulas, Por exemplo, solos argilosos, com grandes agregados ea presenca de micro e macroporos, podem transmitir a ‘Tea ae nage (rm zg 167 PROCTSHOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS do que a esperada \¢80 podem também variat bastante, al, em fangio de diferengas de estrutura a longo do renas em graus de compactagio e teor de umidade . Determinagdes de campo, usando um infiltrdmetro odem apresentar taxas de ir capacidade de infltragio, em solos de uma mesma 6tea ha Malésia, fe encontrou valores que variaram de 15 a 420mm/h, com uma média de 147:m/h, De acordo com Horton (194! tensidade da chuva for menor do que a capacidade de 10 do solo, ndo haverd ‘runoff (flaxo hortoniano). Mas, sea intensidade da chuva exceder a capacidade de infiltragio, ocorreré runoff. Como win mecanismo 168 8S eeeEeEEEeEEEEEEaEEEEEEEEEEEEEEEEE————— Ee ‘PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS xerador de runoff, esta comparacio entre intensidade da chuva ¢ gio nem sempre se aplica. Estudos de em solos arenos0s, mostraram que intensidades de chuva raramente ultrapassam 40mm/h. Nesse «aso, ndo ocorreria runoff nesses solos, pois a inte dachuva indo excede a capacidade de infiltragio. Mas, na realidade, 0 ‘volume médio anual de runoff nessa regido inglesa & de 55mm, ea média anual de chuva ¢ de 550mm. O fator controlador da produgio de runoff, nesse caso, ndo € a capacidade de infitragio, mas um teor limitante de umidade dos solos, que resulta do ‘encharcamento dos mesmos. Isso explica por que certos solos arenosos, com baixa capacidade de armazenamento ca produzem runoff muito rapidamente, mesmo que sua capacidade de infiltragio nfo tenha sido excedida pela intensidade da chuva, ‘Uma vez que a 4gua da chuva comece a se acumular na superficie, ela € retida em pequenas depressoes, € 0 runoff se iniciaré quando a capacidade de armazenamento for saturada. O armazenamento em pequenas depressées do solo varia em fungio da estagio do ano e do tipo de solo, Evans (1960) afirma que solos argilosos, por exemplo, possuem, em média, 1,6 a3 vezes maior capacidade de armazenamento do que solos areno-argilosos. As depress6es que armazenam agua no solo, antes de se iniciar 0 escoamento superficial, s40 quase sempre tratadas como possuindo valores constantes de poucos milimetros, mas, na realidade, elas podem variar bastante, a0 longo do ano. Por exemplo, nos solos agricolas que slo arados, as depresses que armazenam gua variam sazonalmente, dependendo do tipo de cullivo e das priticas agricolas adotadas. Essa variagio ocorre, que ) demonstrou que alguns inuem a capacidad com miquinas a das interagées tes entre caracterfsticas da chuva, ppropriedades do solo e encostas, & que se pode compreender os 169 PROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS mecanismos que resultam nas diferentes taxas de infillracio e armazenamento de gua no solo, O escoamento superficial ¢ subsuperficial, que serdo vistos seguir, dependem desses processos aqui abordados. 3.2 Escoamento Superficial Ocescoamento superficial corre durante um evento chuvoso, quando a capacidade de armazenamento de agua no solo é saturada, Ele pode também se dar caso a capacidade de infiltracio sejo excedida.O fluxo que se escoa sobre osolo se apresenta, quase sempre, como uma massa de gua com pequenos cursos anastomosados e, raramente, na forma de um lengol de agua, de profundidade uniforme. Esse fluxo de Sgua tem que transpor ‘varios obsticulos, que podem ser fragmentos rochosos e cobertura ‘vegetal, os quais fazem diminuir sua enengia, A interagio entre 0 fNuxo de dgua eas gotas de chuva que caem sobre esse fluxo pode aumentar ainda mais sua energia, ‘Segundo Morgan (1986), os estudos de transporte de parti. clas do solo em fluxos ni dos e rasos tém indicado que apenas uma parte dos sedimentos é transportada em suspensio, que 08 mais grosseiros e os agregados sio transportados como carga de fundo, A quantidade de perda do s escoamento super /e oescoamento superficial como recobrindo dois tergos ou mais das encostas, em uma bacia de drenagem, dur de um evento chuvoso. Para o referido autor, 0 ributdo da seguinte ‘maneira na encosta: 0 topo de encosta é uma zona sem fluxo, que forma uma drea sem erosio;a uma disténcia critica dotopo, corre um aci lente de égua, onde o fluxo com ‘mais abaixo, na encosta, a profundidade do fluxo aumenta,e ele ado, formando ravinas, observagies que comprova escoamento superficial esté relacionada a regiées s centlo, com vegetacio esparsa,Iss0 coloca peso muito grande na 170 ROCESSOS EROSIVOS NAS ENCOSTAS cobertura vegetal, como fator controlador do escoamento supi ficial'A auséncia da cobertura vegetal facilita o impacto das. de chuva,fazendo.com que os agregados se quebrem, formadas na superficie do solo, o que aumenta os ef usando maiorest siltosos e argilosos. Em reas agricolas, os processos de escoam podem ser mais acentuados, devido ao remanejamento di do subsolo para cima e vice-versa, Isso oc ‘mecanizacio das lavouras, 0 que pode causar di espessura do topo do solo, provocando o empobrecimento das terras agricolas, com a diminuigéo do teor de matéria orginica © “de outros nutrientes. A igdo do teor de matéria orga no solo néo s6 feta sua ide natural, mas também diminui ‘sua resistencia a0 impact das gotas de chuva, resultando, quase sempre, em aumento das taxas de escoamento superficial, 33, Escoamento Subsuperficial Tem sido dada muita énfase nas pesquisas hidrolégicas atuais & questao sobre 0 movimento lateral de 4gua, em subsuperficie, nas camadas superiores do solo, © escoamento subsuperficial, além de controlar o intemperismo, afeta dire- amente a erodibilidade dos solos, através de suas propriedades hhidréulicas, influenciando o transporte de minerais em solugio. © escoamento subsuperficial, quando corre em fluxos concen- trados, em tdineis ou dutos, possui efeitos arosivos, que sdo bem .C.(1977).Soil erosion in the United Kingdom: field rea, 1973-75. Nat. Coll. Agri. Engng. Silsoe MORGAN, R. P. C. (1978). Field studies of rainsplash erosion. Earth Surface Processes, 3, 295-299 MORGAN, R. P, C (1980). Field studies of sediment transport by overland flow. 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