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Antonio José Teixeira Guerra e Sandra Baptista da Cunha Organizadores Geomorfologia e Meio ambiente Prof? Bianca C. Vieira FLG 1252 -GEOMORFOLOGIA II Texto @ / 3 -copias BERTRAND BRASIL CAPITULO 3 = MOVIMENTOS DE MASSA: UMA ABORDAGEM GEOLOGICO- (GEOMORFOLOGICA Nelson Ferreira Fernandes Claudio Palmeiro do Amaral 1. Introdugdo Dentre as vérias formas e processos de movimen- tos de massa, destacam-se os deslizamentos nas encos- tas em funggo da sua interferéncia grande e persistente com as atividades do homem, da extrema vai sua escala, da complexidade de causas e mecanismos, além da variabilidade de materiais envolvidos. Neste capitulo, dedicado principalmente aos deslizamentos, desenvolve-se uma abordagem que enfatiza as técnicas de investigacéo e previséo, bem como o papel desempe- nhado pelos condicionantes geol6gicos e geomorfoldgi- cos na sua deflagracéo, com base em exemplos vivencia- dos na regio sudeste brasileira. 123 Os deslizamentos sao, assim como os processos de intemperismo e erosio, fendmenos naturais continuos de dinamica externa, que modelam a paisagem da superficie teresire, No entanto, destacam-se pelos gran- des danos a0 homem, causando prejuizos a proprieda- des da ordem de dezenas de bilhdes de dolares por ano. Em 1993, segundo a Defesa Civil da ONU, os desliza- ‘mentos causaram 2517 morles, situando-se abaixo ape- nas dos prejuizos causados por terremotos e inundagdes no elenco dos desastres naturais que afetam a humani- dade. Por este motivo, estes constituem objeto de estudo de grande interesse para pesquisadores e planejadores. ‘Atualmente, existem diversos projetos de pesquisa ‘em todo o mundo abordando as causas e mecanismos dos movimentos de massa nas encostas, a maioria deles ‘egrando diferentes profissionais tais como gedlogos, gedgrafos, engenheiros civis, bidlogos, entre outros Grande parte destes estudos procura encaixar-se na ‘estrutura do “Decénio para Redugao dos Desastres Naturais’, um programa das Nacées Unidas, iniciado em 1990, que procura desqualificar o fatalismo em rela- 0 aos desastres naturais e promover em todos os pai- jses a determinagao politica para se utilizar © conheci- ‘unento existente na mitigacao dos desastres. ~ No campo dos movimentos de massa, existem dois projetos especificos patrocinados pela UNESCO dentro do Programa da ONU: o primeiro ¢ 0 Projeto do Inventério Mundial de Deslizamentos, que procura entender a distribuigo dos deslizamentos em escala mundial (WP/WLI, 1990). Dentro do seu contexto inclui-se, também, a proposta do Grupo Internacional de Pesquisas sobre Deslizamentos (Brabb, 1993) de 12g | t desenvolvimento de um projeto mundial de documen- tagio e mapeamento destes movimentos durante esta década, sob um custo de 300 milhdes de délares, © segundo projeto, de caréterintemacional, procura trans- ferir tecnologia de previsdo de deslizamentos em éreas montanhosas, com base em sistemas informatizados (van Westen etal, 1994), aproveitando recursos do sen- soriamento remoto e dos sistemas de informagies geo- a por suas condigdes climéticas e grandes extensdes de macigos montanhosos, esté sujeito aos desastres associados aos movimentos de massa nas cencostas, Além da freqiiéncia elevada daqueles de ori- gem natural, ocorre no pais, também, um grande niime~ ro de acidentes induzidos pela agao antrépica. As metrOpoles brasileiras convivem com acentuada inci- déncia de deslizamentos induzides por cortes para implantagio de moradias e de estradas, desmatamentos, atividades de pedreiras, disposigio final do lixo e das Aguas servidas, com grandes danos associados. A Figura 3.1 mostra uma estatistica parcial dos danos pro- vvocados por deslizamentos na Cidade do Rio de Janeito 1os tltimas 30 anos, com base nos resultados apresent dos por Amaral et al-(1996). . ‘Apesar de contar com um Comité para o Decénio da ONU e varios grupos dle pesquisa atuando em desli- zamentos em centros de exceléncia académica ¢ érgios 5, € interessante notar 0 pequeno numero de pro- rarmos que as cidades poderiam se beneficiar muito do MovinnrO ne Mass 500 400) 200) 200) N? de Ocorréncias oct otc (tt achat Ce Figura 3.1 — Danos associadas a movimentos de massa no Rio de ra (modifinda de Amaral eal, 1996) da discusso sobre as dficuldades encontradas para sua lantagao. Para que esta ado seja efetivamente enca- minhada, & preciso, primeiro, ampliar 0 conhecimento sobre as causas € os métodos de prevencio de acidentes Neste sentido, o entendimento da fenomenologia destes acidentes é condigéo mister, uma vez que sem conhecimento da forma e extensio, bem como das cau sas dos deslizamentos, nunca se chegaré a uma mé preventiva ow mesmo corretiva que implique na maior seguranga, Nas secdes subseqiientes sao apresentadas algumas etapas envolvidas no estudo dos deslizamen- tos e na definigo das medidas mitigadoras. 2. Classificagiio e Condicionantes Existem na natureza varios tipos de moviment de massa os quais envolvem uma grande variedade de 126 MOvIMENTOS DE MASSA materiais, processos e fatores condicionantes. Dentre os critérios geralmente utilizados para a diferenciacéo des- tes movimentos destacam-se o tipo de material, @ veloci- dade e o mecanismo do movimento, o modo de defor- macéo, a geometria da massa movimentada e 0 contet- do de Agua (Selby, 1993). Com tantos critérios disponi- veis, nfo é surpresa que existam na literatura varias classificagdes em uso e muitos conflitos com relagéo a terminologia, situagao esta hd muito evidenciada por Terzaghi (1950) 21, Classificagao Sharpe (1938) desenvolyeu a primeira classificagao de amplo aceite e esta serviu de base para m Ihos posteriores, Dentre as propostas mais recentes destacam-se os trabalhos de Varnes (1958 e 1978), Hutchinson (1988) ¢ Sassa (1989). © esquema proposto por Varnes (1978), ainda um dos mais utilizados em todo o mundo, é bem simples e baseia-se no tipo de movimento.e no tipo de material transportado. Jé a clas- sificagdo proposta por Hutchinson (1988), certamente uma das mais complexas, baseia-se na morfologia da ‘massa_em movimento ¢ em critérios associados a0 tipo de material, ao mecanismo de ruptura, a velocidade do movimento, as condigdes de poro-pressio ¢ as caracte- risticas do fabriz do solo, Devido a sua complexidade este esquema de classificacdo requer um grande volume de informagées dificultando sua utilizagao no campo. No glossétio multilingte (IVP/WLI, 1994), propos- to pelo Grupo Internacional do Inventério Mundial de Deslizamentos para garantir a homogeneizacdo de con- 17 ceitos utilizados por pesquisadores de todo mundo, sio considerados os seguintes tipos de movimentos: que- das, escorregamentos, corridas, tombamentos e espraia- mentos Ao nivel de Brasil, destacam-se os trabalhos de Freire (1965), Guidicini e Nieble (1984) e IPT (1991), A ‘Tabela 3.1 mostra, de forma resumida, as principais classes de movimentos de massa propostas por estes autores. ‘TABELA 3.1 — COMPARAGAO ENTRE ALGUMAS PROPOSTAS BRASILEIRAS DE CLASSIFICAGAO DOS MOVIMENTOS DE MASSA Freie 1965) Guidicinie Nieble | IPT(a991) (0984) Rastejos Escoamentos: | Escoamentos: Rastejos Rastejose Cortidas Comidas CCortidas de Massa Escorregamentos: | Escorregamentos: | Escorregamentos Rotacionaise Rotacionais, Translacionais | Transacionais, Quedas de Blocos e Queda de Detritos Subsidénciase | Subsidéncias: Quedas! } Desabamentos | Subsidéncas, Tombamentos Recalquese Desabamentos Formas de Transigio Movimentos | Complexos 128 inane Se iada neste mesmo tipo de trabalho de agiv desenvolvido na Califérnia. Os de mentos foram, entdo, divididos em quatro grupos: de zamentos seguidos de cortidas de terra, deslizamentos de detritos, corridas de detritos e quedas ou desliza- nentos de rocha, Mais tarde, Costa Nunes et al. (1979) dividiram os deslizamentos nas encostas cariocas em: movimentos de lascas e blocos rochosos imersos em solo residual; movimentos envolvendo predominante- ‘mente solo residual com plano de ruptura junto a super- ficie da rocha; movimentos envolvendo rocha alterada ¢ complexos coluviais devido a chuvas excepcionais, Nao é nosso objetivo descrever ou mesmo compa- rar 05 diversos sistemas de classiicagdo existentes, mas sim fornecer uma descrigéo simples e dieta de desliza- mentos nas encostas. Neste sentido, torna-se preciso mitar 05 processos que aqui sio tratados e distingui- los de outras formas de movimentos de massa. Os pro- 2380s de erosio laminar, em sulco ou mesmo por voco- rocamento (Guerra, 1995), que integram os processos naturais de transporte de massa da dindmica superficial do das particulas nao sio, em geral, seguidos de moyi- ‘mentas coletivos de massa com arraste de grande volu- \ me de particulas liberadas,. As classes de movimentos de massa consideradas, efetivamente, como deslizamentos, neste capitulo, en- 129 globam, de modo geral, aquelas descritas no esquema simplificado proposto pelo IPT (1991). Sabemos, porém, que qualquer esquema como este possui grandes limita- Ges préticas, uma vez que na natureza os deslizamen- tos tendem a assumir formas bem mais complexas caracterizadas pela transigio de limites rigidos entre as classes ou mesmo pela ocorréncia de vérias classes em um mesmo movimento A seguir, faremos uma répida reviséo das princi- pais classes de movimentos de massa seguindo, de maneiea geral, a terminologia proposta pelo IPT (1991) ¢ por Guidicini e Nieble (1984), Trataremos de forma mais detalhada dos movimentos de massa conhecidos come escorregamentos por representarem a classe mais importante dentre todas as formas de movimentos de massa, Os movimentos gravitacionais, genericamente chamados de rastejos, embora caracterizem uma transi- do ténue para os escortegamentos, nda séo aqui abor- dados, Tal opcio deve-se a0 fato destes movimentos serem lentos, continues (nfo limitéveis no tempo) e de menor importéncia econémica. Além disso, a complexi- dade dos diversos processos de transporte englobados dentro dos rastejos (movimentos individuais de partfcu- las na superficie do terreno, movimentos descendentes das camadas mais superficiais do solo e da rocha, entre ‘outros) requer um tratamento mais espectfico, fora dos objetivos deste capitulo ) Corridas (Flows) As corridas (ou fluxos) s80 movimentos répidos nos quais os materiais se comportam como fluidos alta- mente viscosos. A distingdo entre corridas e escorrega- 130 MOUIMENTOS DE MASSA mentos nem sempre é fécil de ser feita no campo. Mui- tas vezes, a origem de uma corrida 6 representada por um tipico escorregamento indicando que, em muitos ca- 505, as cortidas so movimentos complexos (WP/WLI, 1994). Um exemplo dessa interacao pode ser observado na visio aérea do vale do Soberbo no Alto da Boa Vista (Figura 3.2). © movimento, iniciado sob a forma de um escorregamento na estrada do Soberbo (topo & esquer- da), assumiu a forma de uma corrida quando se encai- xou na linha de drenagem (parte central da foto), cor- tando a estrada de Furnas (centro da foto) e indo termi- nat no rio Cachoeira, o qual drena em direcéo & Baixada de Jacarepagué (esquerda da foto). Amaral et al. (1992) descrever de forma detalhada as condicionantes geold- gicas deste deslizamento As corridas simples esto geralmente associadas & concentragao excessiva dos fluxos d’égua superficiais em algum ponto da encosta e deflagrasio de um proces- 80 de fluxo continuo de material terroso. A Figura 3.3 mostra uma cortida ao longo de um pequeno vale na Serra de Teresspolis (RJ), a montante do posto de gasoli- na Garrafao. Este movimento, originado no verao de 1982 pela concentragdo do fluxo superficial, teve forga para catregar tudo que estava ao longo da linha de fluxo (vegetacio, solo, blocos) e destruir a estrada Rio- Teresépolis situada na base da encosta (parte do asfalto ainda pode ser visto na foto) Varies movimentos de massa sob a forma de corri das foram observados na regio de Jacarepagud em de- corréneia das grandes chuvas (alcangando, em alguns pontos, cerca de 300mm em 34 horas) que atingiram a cidade do Rio de Janeiro em fevereiro de 1996. A Figura 131 MovIMEW0s DE MASSA eae es, Figura 33 — 1982) ao longo de te do post de gasolna Gar 132 133 3.4 mostra os depésitos associados & porcio inferior de uma das muitas corridas que se desenvolveram nas en- costas a montante do Largo do Anil. A combinacéo dos efeitos decorrentes de uma série de atuagoes antrépicas, tais como: construgao de residéncias nas margens dos canais, desvio e bloqueio parcial dos canais naturais, rmentos, existéncia de grandes quantidades de idado na superficie, decorrentes da ati- reiras (hoje abandonadas), contribufram para que o poder de destruigéo dessa corrida atingisse enormes proporcées. ) Escorregamentos Existe na literatura uma enorme confusao decor- rente das diversas definigdes de escorregamentos (s!i- des), Teemos gerais como queda de barreira, desbarran- camento, deslizamento, ou mesmo seu equivalente na gua inglesa landslide, fazem parte do nosso vocabulé- tio didrio. Muitos problemas surgem quando se usam , como os descritos acima, de forma mais a vez que estes referem-se, apenas, a0 répido costa, podendo incluir até mesmo movimentos sob a forma de corridas O termo escorregamento é aqui semelhante aquela proposta por Guidi (1984) e refete-se, de modo geral, aos movimentos cha- mados de slides nas classificag6es de Sharpe (1938), Varnes (1958 e 1978) e WP/ WLI (1994) (tre outros. Estes se caracterizam como movimentos rapidos, de curta duragéo, com plano de ruptura bem definido, per- \¢4a entre o material deslizado e aquele 134 MOVIMENTOS DE Massa MOVIMENTOS DE MASSA nao movimentado, Sao feigdes geralmente longas, podendo apresentar uma relacao comprimento-largura de cerca de 10:1 (Summerfield, 1991). Os escorregamentos sao geralmente divididos com base na forma do plano de ruptura e no tipo de material em movimento. Quanto & forma do plano de ruptura os, escorregamentos subdividem-se em translacionais e rotacionais. O material movimentado pode ser consti- tuido por solo, rocha, por uma complexa mistura de solo e rocha ou até mesmo por lixo doméstico. O depé- sito de lixo, especialmente nos grandes centros urbanos, pode ser hoje considerado como unidade geolégica do Quaternario (Oliveira, 1995), possuindo comportamento geomecanico bem definido e estando normalmente associado ao alto risco de acidentes. Um exemplo da importancia geotécnica dos depésitos de lixo acumula- dos nas encostas pode ser observado na Figura 3.5, que mostra uma visdo aérea do catastréfico movimento de massa ocorrido em janeiro de 1984 na area do Pavao- Pavaozinho (Copacabana, RJ). Este movimento foi origi- nado pela concentracao da drenagem superficial em um depésito de lixo situado no topo da encosta. Neste ponto, como pode ser observado na figura, a rocha encontrava-se bem préxima a superficie, coberta apenas por um manto coluvial pouco espesso. Sob condicoes criticas de umidade, 0 depésito de lixo deslizou sob a forma de uma corrida, arrastando consigo a cobertura coluvial existente e destruindo varias casas situadas a jusante. Um aspecto importante na classificagao de escorre- gamentos diz respeito 4 caracterizagao ¢ terminologia dos materiais envolvidos, buscando atender a distribui- 136 Figura 3.5 — Fotografia obliqua da corrida de coliivio ¢ da em dezembro de 1984, na parte alta da favela Pavi Morro do Cantagalo, Copacabana (RJ). Os destrocos das casas destruidas aparecem na base da cic Maciel). 137 4 WIMENTOSDE MASSA «io e as proptiedades dos solos tropicais, sem desconsi- derat a dificuldade em distingui-los, tais como 0 solo saprolitico do maduro, o depésito de télus do material etc. Com freqiiéncia, mate heterogineos tais como: solos residuais com estrituras integrantes de forma- de encostas cuja diferenciagéo dos solos residuais € complexa quando em perfis de intemperismo em estagio avancado de alte- ragho, depésitos de lixo, apresentam-se misturados a aterros e materiais naturais, is extremamente 2) Escorregamtentos Rotacionais (stumps) Estes movimentos possuem uma superficie de rup- tura curva, eéncava para cima, ao longo da qual se dé um movimento rotacianal da massa de solo. Dentre as condigdes que mais favorecem a geracdo desses movi- mentos destaca-se a existéncia de solos espessos ¢ mogéneos, sendo comuns em encostas compostas por eragdo_originado de rochas argilasas s.¢ folhelhos. do movimento esté muitas vezes associado a cortes na base desses mate- riais, seam eles attifciais, como na implantagéo de uma estrada, ou mesmo naturais, originados, por exemplo, pela erosio fluvial no sopé da encosta. Escorregamentos rotacionais so comuns em div 28 reas do sudeste brasileiro gracas, principalmente, presenca de espessos mantos de alteracéo. No entanto, devido as caracteristicas geoldgicas e geamartoldgieas, eles raramente apresentam todas as feicdes tipicas de escortegamentos f como as escarpas de ado no sopé da encosta, 138 ovine nndas transversais no material mobilizado, entre outras jummerfield, 1991). Tal fato pode ser observado no es- cortegamento rotacional acorrido na encosta do Parque Licurgo, situado no Morro da Serrinha (Madureira, RJ) e mostrado na Figura 36. 4,2) Escorregamentos Translacionais Estes representam a forma mais freqitente entre todos 0s tipos de movimentos de massa. Possuem superficie de ruptura com forma planar a qual acompa- nha, de modo geral, descontinuidades mecdnicas ¢/ou hidrolégicas existentes no interior do material. Tais pla- nos de fraqueza podem ser resultantes da atividade de processos geolégicos (acamamentos, fraturas, entre outros), geomorfolégicos (depdsitos de encostas) ou pedolégicos (contatos entre horizontes, contato solum- geral, compridos e rasos, onde o plano de ruptura encontra-se, na grande maioria das vezes, em profundi- dades que variam entre 0.5m e 5,0m. A tra uma porgio da Serra de Teresép: do Dedo de Deus, antes (Figura 3.7a) e depoi: 3.76) da ocorréncia de varios escorregamentos transla- cionais. Estes movimentos foram rasos, com planos de ruptura situados entre 0,5 e 2,0m de profundidade, e mobilizaram a cobertura de solo residual e coluvial ao longo da rocha (Fernandes ¢ Meis, 1982). Conforme pode ser evidenciado na Figura 3.7, 0s escorregamentos terminaram no encontro com a Estrada translaciona Rio-Ter- “polis. A .siabilidade de encostas su 1g 8 acorréncia de escorregamentos rasos translacionais pode ser aproxi- de Madure (Bf), em 20/02/88. A escarpa p imentoe 0 destrocos das 20 casas destrufdas ocupamt 0: (GEORIO). 140 definido Pa relagéo entre as forgas de resistencia 20 ambas cazacteti- (yzcosB - wigs . F. —_ E 1 : ‘yzsen B cos B 8 onde: c'é a coesao efetiva, 7 é 0 peso especifico do solo, 2 € a espessura do solo, B é 0 angulo da encosta, u é a poro-pressio e 6 € 0 angulo de atrito interno do mate- rial. O desenvolvimento da equagio 3.1 pode também ser acompanhado em Carson ¢ (1993), entre outros. Sabe-se, no de estabilidade acima se presta, movimento, A aplicagao desta anélise a enco Ficas se torna limitada uma vez que tanto a goesdo quan- toas 3s de poro-pressio sio allamente varidveis no espago e no tempo. rregamentos translacionais, na maioria das vezes, ocorrem durante perfodos de i precipitacio. Muitos deles, tal como pode ser observado na Figura 3.8, se originam a0 Jongo da interface solo- a qual representa uma importante descontinu} rocha si, ‘estes movimentos possui um as rupturas tendem a ocor rapidamente, devido a0 tiva durante eventos plu- viométricos de alta intensidade ou duragao. A Figura 3.9 mostra uma série de escorregamentos translacionais ui parte da crea dos Org da ocorténcin de wrisexcoregaments a ‘vendo de 1982. altura de 142 MOVIMENTDS DE MASSA Figura 3.7 — Vista de parte da sera dos Orgs, na altura de ade wdriosescorregamentos na fo de 1982, A estrada Rio— MowienrosiDe massa Figura 38 — Escorr 2a interface solo na estrada Rio— O escorrega- Massa ias de Jacarepagud (RJ), em feve- es escorregamentos acorreram nas € 0s materiais movimentados por eles al ram as corridas observadas neste local sao mostrados na Figura 3.4, ‘Tal comportamento difere daquele associado aos escorregamentos rotacionais, por exemplo, os quais podem resultar de uma percolagéo mais profunda ta. Conseqiientemente, légicas da encosta quanto as propriedades hidréulicas dos mat lo as caracteristicas morfo- is envolvidos assumem papel de destaque como fatores condicionantes da geragio dos escorrega- de baixa intensidade, especi { a 5 : ' va, As condigdes necessérias para a geragio desses flu- xos subsuperficiais em solos sio discutidas em Knapp (1978), Whipkey e Kirkby (1978), Dunne (1990), Fernan- des (1990), Coelho Netto (1995), entre outros. Com base no tipo de material transportado, os escorregamentos translacionais podem ser subdivididos em escorregamentos translacionais de rocha, de solo residual, de télus/colavio e de detritos {incluindo 0 em mente que 1 “idos ocorrendo, em uma mistura de materias em movimento. MENTOS DE MASSA 146 seqiincia de escorregamentos, lacargpagud (R)), corridos 0 antada por estes escorregante: MOVIMENTOS DE MASSA ©) Quedas de Blacos Sio movimentos répidos de blocos e/ou lascas de rocha caindo pela agéo da gravidade sem a presenca de uma superficie de deslizamento, na forma de queda livre (Guidicini e Nieble, 1984). Ocorrem nas encostas ingremes de pareddes rochosos e contribuem decisiva- mente para a formagéo dos depésitos de télus. A ocor- réncia de quedas de blocos é favorecida pela presenca de descontinuidades na rocha, tis como fraturas e ban- damentos composicionais, assim como pelo avanco dos rocessos de intemperismo fisico e quimico. Na cidade do Rio de Janeiro lascas de rochas so formadas, com grande freqiiéncia, pela intersecéo de fraturas de alivio de tensio com fraturas tecténicas ou com 0 bandamento composicional dos diversos gnais- ses. A Figura 3.10 mostra um exemplo do proceso de queda de blocos no Marra So Jogo (RJ). A previséo de movimentos na forma de queda de blocos nao ¢ trivial pois requer um mapeamento geolégico detalhado da rea, com énfase em suas feigdes estruturais. 2.2, Condicionantes Geoldgicos e Geomorfoldgicos “S. Varias feiges podem atuar como fatores condicio- nantes de escorregamentos, determinando a localizacéo espacial e temporal dos movimentos de massa nas con- dicdes de campo, Muitas destas feigdes possuem sua origem associada a processos geolégicos ¢ geomorfolé- gicos que atuaram no passado e que, em muitos casos, ainda atuam naqueles locais. Neste item destacaremos 0 papel desempenhado por alguns desses fatores condi- cionantes exemplificando, sempre que possivel, casos reais através de fotografias. MOVIMEN DS DE MASSA Figura 3.10 — Fotografia da Queda de Blocos covrrida no Morro ‘Sito foo (RI). 148 MovIMEIOS DE Massa 4) Fraturas As fraturas e falhas representam importantes des- continuidades, tanto em termos mecénicos quanto hidréulicos. Algumas tém sua origem relacionada 4 atuacao de processos geol6gicos internos (fraturas tecto- nicas), podendo ter sido mento de um maj turas tecténicas so, na escala de afloramento, constan- {es no espaco ¢ 0s planos tendem a ser paralelos entre si formando um sistema (se!) de fraturas, Quando estas fraturas se apresentam sub-verticals e pouco espacadas entre si, tendem a gerar movimentos de blocos sob a forma de tombamentos (toppling). Outras fraturas ndo tém sua origem associada a eventos tectOnicos sendo, portanto, chamadas de fratu- ras atectonicas. Dentre elas, merece destaque a fratura de alivio de tensio originada, e/ou erosdo das camadas sobrejacentes (Gilbert, 1904; Ollier, 1984; entre outros). Estas fraturas tendem a acompanhar a topografia do terreno e a mostrar uma diminuigéo do espagamento entre os planos quando se aproxima da superficie (Figura 3.11). A geometria e a continuidade das fraturas de alfvio de tensao nos aflora- tmentos so condicionadas, em muito, pelas carz is a Em geral, quanto mais homogé- nea for a rocha mais paralglas 2 superficie e mais conti- ‘nuas sero as fraturas de alivio geradas. Sendo assim, rochas com textura granitica tendem a mostrar fraturas de alivio bem paralelas & superticie e de grande conti- 149 ‘BR-040 (Rio— io, Rin de Janeiro. 150 MOVINENTOSDEMASSA nuidade. J4 nos gnaisses bandados, por exemplo, estas tendem a se apresentar de forma bem mais anémala, condicionada pelos planos de fraqueza existentes na rocha no momento do alivio. Tal relagdo pode ser facil- mente observada ao longo da BR-040, ao norte da cida- de de Petrépolis (Ponce, 1984; Fernandes, 1984). Na altura de Itaipava, por exemplo, onde aflora a Unidade Batlito Serra dos Orgaos (Penha et al., 1980), as fraturas de alivio se encontram bem desenvolvidas enquanto a0 norte de Pedro do Rio, onde afloram os gnaisses banda- dos migmatiticos, das Unidades Santo Aleixo e Sao Fidelis (Pena etal, 198 0 sio irre- gulares, descontinuas e de dificil caracterizagéo. © avango da frente de intemperismo nos macicos rochosos € influenciado diretamente pela presenca de fraturas de alivio de tensdo, Com fregiiéncia, a agua as fraturas de teralmente a0 longo dos plan: de alivio de tens4o condiciona macigos graniticos, 0 aparecimento de zon temperismo as quais reps descontinuidades mecinicas. Logo acima da fratura de ) material se encontra em estégio mais avancado ragdo, enquanto abaixo dela, a rocha se apresenta nente sa (nao alterada). A Figura 3.12 mostra no km 56,5 da BR-040, na altura de Itaipava (RJ), descrita em detalhe por Ponce (1984), Fernandes (1984) e Barroso et al. (1985), onde aflora a g0 escorregamento translacional com plano de ruptura a0 longo de fratura de alivio de tenséo. Na escarpa do MOVIMENTOS DE MASS Figura 3.12 — Escorre 1983, com superficie der de tensdo. A encosta si Fora), na altura de Itaipava (R). A escarpa superior foi formada por uma fenda de tragéo desenvotvida ao longo do fluxo maginatico do Batélito Serra dos Orgdos turasituada ao longo de fratura de aivio 152 MOVIMENTOS DE MASSA topo do escorregamento, formada ao longo de uma anti- ga fenda de tragdo, pode-se observar que o material mais proximo a fratura de alivio se encontra em estagio, tbem mais avangado de alteracéo. by Falhas papel desempenhado pelas falhas no condicio- namento de movimentos de massa tem recebido grande atengao por parte dos pesquisadores (Deere ¢ Patton, 1970; Guidicini e Nieble, 1984; entre outros), nao sendo necessario um maior aprofundamento, De modo geral, as falhas atuam como caminhos preferenciais de altera- fo, permitindo que a frente de intemperismo avance para o interior do macigo de modo muito mais efetivo. A intersecdo destes planos de falha com outras descon nuidades (fraturas de alivio, fraturas tectOnicas, banda- mentos composicionais) resulta na individualizagao de blocos nao alterados no interior de uma massa bem mais intemperizada, gerando um aumento na heteroge- Com freqdéncia, as falhas afetam diretamente a dinamica hidrol6gica dos fluxos subterraneos nas encostas (Deere e Patton, 1970). Em certos casos, asso- ciados geralmente a falhas nao preenchidas, os planos de falha atuam como caminhos preferenciais para 0 /fluxo subterréneo. No entanto, quando a falha encontra | se preenchida por material originado de solucdes perco- senga de diques basicos em macigos rochosos granitico- gndissicos pode influenciar a dindmica hidrolégica de {modo semelhante as falhas, podendo mesmo condicio- 153 OUIMENTER DENASSA nat a ocorréncia de escorregamentos, como mostrado por Amaral e Porto Je (1989), ©) Folingia e Bandamento Composicional A orientacdo da foliagao e/ ou bandamento compo- sicional influenciam diretamente a estabilidade das encostas em 4reas onde afloram rochas metamérficas. De modo geral, a literatura ilustra tal fato chamando atencéo para a situacdo desfavorével onde.a.foliacao e/ou bandamento mergulham para fora da encosta em cortes de estrada (IPT, 1991). Um exemplo dessa situa- ‘gd0 negativa foi observado por Ponce (1984) na Rodovia BR-040, na regido do Cérrego do Cedro, a0 norte de Pedro de Rio (R)), onde aflora a Unidade Santo Aleixo (Pena et al, 1980), constituida por migmatitos hetero- « Naquele local os cortes da estrada slo, em geral, parale- los ao strike des bandas composicionais, as quais mergu- 1am entte 30° e 50°, para fora do talude. Devido & hete- rogeneidade desse material as fraturas de altvio de ten- so sio descontinuas e de diffcil reconhecimento. Os escorregamentos ali descritas por Ponce (1984) foram condicionados diretamente pelo mergulho desfavorével do bandamento composicional, aiado ao intemperismo diferencial ao longo das diferentes bandas as quais, invariavelmente, representavam as superficies de ruptu- ra, Tal situagéo desfavordvel poderia ter sido evitada, pelo menos parcialmente, com um mapeamento geol6- ico detalhado, anterior & definigo dos locais onde os cortes seriam realizados. A situagao contréria & descrita acima, onde a folia- fo ou 0 3andamento composicional mergulham para o MOvIMENTOS DE MASSA interior da encosta, ¢ considerada como a mais favoré- vel estabilidade, No entanto, em certos locais, algumas caracteristicas litol6gicas e estruturais do macigo rocho- so podem fazer com que tal arranjo se torne negativo. Um exemplo disso foi mostrado por Ponce (1984) e Fernandes (1984) na rodovia BR-040, na altura de Itaipava (R)), na 4rea de afloramento do Batélito Serra dos Orgaos, descrito anteriormente. O batélito, consti- tuido de um granito sintectonico, apresenta ofa um fluxo magmitico ora uma foliagio tectonica (especial- mente nas suas bordas), resultante do fato deste ter tido seu encaixamento durante uma fase de tectonismo e deformagio (Penha ef al, 1980). Este fluxo magmético comporta-se como uma foliagéo metamérfica e mergu- Jha neste local, 70°-80°, para o interior dos cortes. O in- teressante aqui é que o desenvolvimento das fendas de tracdo é favorecido pela presenca deste fluxo magméti- co. A fenda de tracdo observada no alto da encosta, mostrada na Figura 3.12, por exemplo, se desenvolveu 20 longo do fluxo magmatico. Muiitos dos escorrega- mentos translacionais ocorridos na rodovia BR-040, na altura de Itaipava (R)), foram condicionados pela inter- segdo das fendas de tracdo com as fraturas de alivio de tensio. Como destacado por Ponce (1984), apés 0 escor- regamento da cunha de rocha individualizada pela intersegao acima, a solicitagio de tragdo se transfere para montante no corte, tornando a processo continuo € remontante, 4) Descontinuidades no Solo Varias descontinuidades podem estar presentes dentro do saprolito € do solo residual. Estas incluem, 155, principalmente, feigdes estruturais reliqueas do embasa- mento rochoso (fraturas, falhas, bandamentos etc.) e horizontes de solo formados pela atuagao de processos pedogenéticos. Essas descontinuidades podem atuar de modo decisivo no condicionamento da distribuigao das poro-pressdes no interior da encosta e, conseqiiente. mente, na sua estabilidade (Rulon e Freeze, 1985; Harp ef al, 1990; Vargas et al, 1990; Lacerda, 1991; Gerscovich , 1992b). A_presenca de fraturas reliqueas, Selby (1993), escorregamentos, ralégicas decorrentes do avanco do intemperismo ao longo da fratura, O tipo de movimento de massa a ser gerado em encostas constituidas por solos saproliticos pode estar diretamente relacionado as caracteristicas das fraturas reliqueas. Escorregamentos rotacionais podem predomi- nar em encostas onde as fraturas no embasamento t0- choso se encontram pouco espacadas, fazendo com que | saprolito se comporte como um material granular. Es- |corregamentos translacionais podem predominar em (se com juntas reliqueas originadas a partir da alteragéo de fraturas de alivio de tensdo ou mesmo a artir da alteragao de bandas composicionais. 156 .s, movimentos de massa podem ter ades intes no interior do solo saprolitico, do fo entre os dois. Tal icas exi solo residual, ou mesmo no con fato pode também ocorrer em encostas onde o solo saprolitico encontra-se recoberto por um manto coluvial pouco espesso. Em geral, como evidenciado por Wolle & Hachich (1989) em encostas do sudeste brasilewro, né um aumento da condutividade hidréulica com a profundi dade, Ou seja, a condutividade hidréulica no saprolito tende a ser maior do que aquela no manto coluyial sobrejacente. Conseqiientemente, podem se desenvolver verdadeiras descontinuidades hidréulicas na passagem, manto coluvial-saprolito, 0 to, o qual atua como um dreno para os horizontes mais superficiais, 2) Morfologia da Encosta ‘A morfologia de uma encosta, em perfil e em plan- ta, pode condicionar tanto de forma direta quanto ind! reta, a geracdo de movimentos de massa. A atuagdo direta; dada pela tendéncia de correlagao entre a de dade da encosta e a freqéncia de movimentos, jé ha iongo tempo foi reconhecida ¢ pode ser compreendida através da equacdo de Coulomb (Guidicini e Nieble, 1984), quando esta descreve que o aumento do angulo da encosta implica em uma diminuigéo do fator de seguranca, Mapeamentos de campo revelam, no entanto, que ‘maior nimero de movimentos de massa néo ocorre, necessariamente, nas encostas mais ingremes. Salter et al, (1981), estudando a distribuicio de deslizamentos na MOVIMRTOS DF MASSA (Nove Zelindia ap6s chuvas intensas observaram que 97% dos deslizamentos ocorreram em encostas com | declividade acima de 20°, No entanto, a maior densida- de de movimentos nao se deu nas encostas mais ingre- mes (>35") mas sim nas encostas com declividades entre 21*-25", Tal comportamento foi atribufdo a variagées no tipo de cobertura vegetal e ao fato de que nas encastas mais fngreme os solos jd teriam sido remaxidos por movimentos anteriores. A atuagéo indireta esté relacionada ao papel que a forma da encosta, principalmente em planta, exerce na geragio de zonas de convergéncia e divergencia dos flu- xos d'dgua superficiais e subsuperficiais. Neste aspecto merece destaque 0 papel desempenhado pelas porgdes cOneavas do relevo (hollows) na concentragéo dos fluxos ua ¢ de sedimentos (Dunne, 1970; Anderson e Burt, 8; Pierson, 1980; Coelho Netto, 1985 e 1995; O'Loughlin, 1986; Wilson e Dietrich, 1987; Fernandes, 1990; Avelar e Coelho Netto, 1992; Gerscovich vt al., 1992a; Fernandes et al, 1994; Onda, 1994), Varios estu- dos mostram que tais condigées de convergéncia tor- nam os hollows segmentos preferenciais da paisagem para a ocorréncia de destizamentos (Dietrich e Dunne, 1978; Tsukamoto et al, 1982; Reneau et al, 1984; Lacerda e Sandroni, 1985; Dietrich ef al, 1986; Crozier et a., 1990; Montgomery et al, 1991; Montgomery e Dietrich, 1995). Reneau e Dietrich (1987), por exemplo, mapeando 61 } deslizamentos na California, mostram que 62% das cica- trizes em ndmero e 77% em volume se loc e finterior dos hollows>> Estudos voltados para a caracterizagio do papel desempenhado pela forma da encosta no condicioi avam no 158 | | t MOVIMENTOS DE MASSA mento da localizagao espacial ¢ temporal de zonas de saturagdo ¢ de deslizamentos na paisagem ganharam um novo impulso recentemente devido ao crescente uso de modelos digitais de terreno e de sistemas geogréficos de informagio. Varios trabalhos modelam a geracao de zonas de saturagio em paisagens naturais a partir da combinacao de alguns parimetros morfclégicos, extrai- dos de modelos digitais de terreno, com equacées mate- méticas do fluxo d’agua nos solos (Beven e Kirkby, 1979; O'Loughlin, 1986; Moore et al,, 1988; Grayson e Moore, 1992; Dietrich ef al, 1993). Alguns autores acoplam andli- ses de estabilidade das encostas aos modelos hidrolégi- cos descritos acima visando a previsdo dos locais na pai- sagem onde deslizamentos ocorrerdo, em resposta a um evento pluviométrico de magnitude definida (Okimura e Ichikawa, 1985, Okimura e Kawatani, 1987; Okimura e Nakagawa, 1988; Dietrich et al., 1993; Montgomery e Dietrich, 1994). Embora a linha de atuacéo descrita acima ainda se encontre em estagio embrionério, esta possui um grande potencial de uso no futuro préximo. fp Depésitos de Encosta Os depésitos de encosta, tanto na forma de télus olit jiretamente associados As zonas de convergéncia na morfologia descrita acima. A combi- nagdo forma-material faz com que os depésitos de en- costa assumam grande importancia como condicionan- tes de movimentos de massa (Reneau et al,, 1984; Meis et al,, 1985; Lacerda e Sandroni, 1985; Dietrich et al., 1986; Crozier et al, 1990; Montgomery ¢t al., 1991; Fernandes ef al, 1994). Em geral, uma das principals caracteristicas desses materiais é a grande heterogeneidade interna, a 159 qual é resultante direta da descontinuidade espacial e temporal dos processos formadores desses depésitos. Os talus sio, geralmente, mal selecionados e se formam em ambientes de alta energia, tal como na base de pare- Ges rochosos. Os coltivios sé, em geral, melhor sele- cionados e recobrem muitas das encostas de ambientes de menor energia, Em ambos os casos, hd a tendéncia de um aumento da espessura do depésito em diregio & base da encosta e ao eixo do vale. Muitos depésitos de encosta repousam diretamen- te sobre a rocha s8, gerando uma descontinuidade macinica e hidrol6gica ao longo desse contato. - ca diminuicéo da condutividade hidréulica nesse translacionais. Muito da recarga de égua para o lencol freético em depésitos de talus se da ao longo do contato tuntre 0 depésito e o paredio rochoso, situado & montan- te. Canaletas de captagéo sio, com freqiiéncia, instala- das a0 longo desse contato visando coletar o escoamen- to superficial gerado pelo paredao rochoso, resultando em uma diminuigéo dos gradientes de poro-pressio a no interior do depésito. escontinuidades sio, também, fregiientes dentro de depésitos coluviais (Meis e Monteiro, 1979; Meis = de 10 metros em certos Jocais. Quando situados no eixo dos vales, sob condigdes de nivel agua proximo a superficie, os depésitos coluviais podem se movimentar rapidamente, como mostrado Por Pedrosa et al. (1988). Nestes locais, sob condigdes de intensa precipitagio pode haver uma migragio de pro- ess0s de rasejo para processos de corrdas} Alguns autores tém-se preocupado em caracterizar © papel desempenhado por essas descontinuidades no condicionamento da hidrologia subsuperficial no Hor desses mantos coluviais (Fernandes, 1990; Avelar e Coelho Netto, 1992; Rocha et al,, 1992; Fernandes et a, 1994; Montgomery e Dietrich, 1995). Estes trabalhos ‘mostram que, sob certas condigdes, essas descontinuida- des podem assumir papel relevante, tanto em termos mecénicos quanto hidrolégicos, para geragio de movi- mentos de massa. Este tema merece, certamente, mais atengdo por parte dos pesquisadores do que aquela que tem sido dada até o momento, 3. Documentagio ¢ Investigagio dos Deslizamentos Documentagao e investigacio de deslizamentos qiiéncias. A documentacdo procura garantir 0 registro dos process0s ocorridos no passado e no presente para, assim, gerar dados de andlise visando a previsio de deslizamentos no futuro, bern como servir de base para a modelagem fisica dos processos,facilitando 0 avango 161 MOVIMENTOS DE MASSA do conhecimento sobre os mecanismos dos movimen- tos, Apesar de caracterizada como uma atividade sim- ples, a documentacio de deslizamentos nao € feita atra- vés de catélogos espectficos em muitos paises. Muitas vvezes, 03 danos associados so mascarados ou confun- didos com acidentes assaciados a outros desastres (Brabb, 1993) Um Cadastro de Deslizamentos tem as seguintes fungGes: — permitir 0 entendimento da distribuicio dos desliza- mentos; —integrar estudos jé realizados, permitindo a andlise da presenga de processos interativos sobre uma determinada érea geogréfica; —permitir a anélise da influéncia dos fatores deflagra- dores, em separado ou em conjunto; — registrar os custos s6cio-econémicos dos acidentes; —avaliar 0 custo-beneficio das medidas administrati- vas adotadas para a reducdo de sua ocorréncia ou conseqiténcia, 0 inventério local de deslizamentos significativos do Rio de Janeiro (Amaral, 1992) um exemplo de ca- dastro técnico de deslizamentos. Desenvolvido a partir do modelo proposto pelo Grupo de Trabalho do Inven- tario Mundial de Deslizamentos (WP/WLI, 1990), a0 qual j4 esté incorporada, este cadastro permite 0 acesso automatizado a 591 deslizamentos hist6ricos reportados 1no Rio de Janetro, ou sefe, todos aqueles acidentes que causaram danos cot jerdveis ou tiveram volumes de massa escorregadas acima de 10m? O inventério est 162 Novinens, Massa dividido em 2 médulos: Boletim de Deslizamentos (Fi- gura 3.13) e Programa de Gerenciamento de Dados, denominado IDRARJ. Além da descrigio dos acidentes, © inventério local exibe fotografias dos deslizamentos, bem como recortes de jornais e as referéncias de traba Thos técnicos nos quais se discutem suas causas e conse- giiéncias, Apés a documentacdo precisa do deslizamento ¢ rio alcancar um conhecimento detalhado de seus condicionantes, ow seja, dos agentes que levaram a sua deflagracdo. Este conhecimento é obtido a partir da investigacio dos deslizamentos que, em geral, envol- vem 0s seguintes métodos e téenicas: a) Imagens de Satélites e Radares: so apropriadas para coleta répida de dados visando a preparacéa de ma- as tematicos de geologia, geomorfologia ete, andli- se das condigdes gertais do arcabouco tecténico da re- sido onde esté localizado 0 deslizamento, importantes em andlises regionais. Séo ainda pouco utilizadas em estudos mais objetivos e detalhados porque a resolu- G0 maxima dos sensores multiespectrais, de 10m, impede a identificagao de feigdes de deslizamentos menores que 100m em largura, @ isto em condigdes de bom contraste entre a drea escorregada e o seu entor- no. Fungao, contudo, do aprimoramento na resolugdo dos sensores e da poténcia atual dos computadores, espera-se um répido desenvolvimento na utilizagio destes instrumentos, particularmente no mapeamento, e inventério de escorregamentos de uma regio geo- gedfica ampla, MOVIMENTOS DE MASSA Niet is Laide Longitude Mapas Date do Ocomtaca: Hor Tipo 6 Ocontcis Inco do Movimento Vide Homans Figura 3.13 — Modelo de boletim de descrigdo de deslicamentos (Amaral, 1992), 164 MOVIMENTOS DE Massa ) Fotografias Aéreas: caracterizam-se como instrumentos fundamentais ira © mapeamento detalhado das fei- S8e8,¢ das condicionantes dos deslizameni Ses ¢. clonantes dos deslizamen como para anélise da 0 numa ampla rea peogréfica. Sua importancia devesse & pos dade de identficar desizamentos com pequenos vo- {umes (acima de 10m2) ao sew baixo custo de produ. a deslizamentos do Rio de Janeiro (Barros ef al, 1992) foi descrito pelo Grupo Internacional de Pesquisa em Deslizamentos (ILGR, 1992) como o primeizo mapa deste tipo produzido na América do Sul. A sua prepara- 40, na escala 1:25000, envolveu a definigdo dos princi- pais fatores que influenciam a distribuicéo dos desliza- .mentos nas encostas cariocas — uso do solo, geologia, 173 MOVIMENTOS DEMASSA distribuigao dos depésitos superficiais e declividade — € a composicio de 700 matrizes indicativas de risco que, lidas por um programa de cruzamento de dados, identi- ficaram graus de susceptibilidade a deslizamentos para unidades de terreno com dimensées de 125m x 125m, variando de muito baixo (0) a alto (3). O_mapa final sofreu ainda 10 reconhecimento de campo, rafias aéreas de épocas diferen- tes e bases topogréficas na escala 1:10000. As 4 classes de-risco que caracterizam 0 mapa final sao apresentadas formacdes mais diretas: — Areas de Muito Baixa Susceptibilidade (branco): sao dreas muito pouco sujeitas a deslizamentos, onde nenhum movimento significativo foi detectado nas tiltimas duas décadas. Em geral, envolvem as éreas com declividade menor que 10%; — Areas de Baixa Susceptibilidade (verde): sto dreas pouco susceptiveis a deslizamentos; um nimero muito reduzido de movimentos anteriores ocorreu nestes locais. Em geral, envolvem as éreas de encosta com cobertura vegetal ainda preservada e caracteri- zadas pela presenca de solo residual desenvolvida sobre granits; — Areas de Moderada Susceptibilidade (amarelo): so Areas susceptfveis a deslizamentos; um nimero razodvel de acidentes anteriores ocorreu nestes lo- cais, Em geral, envolvem reas de declividade acima de 20%, compostas de solo residual desenvolvido sobre gnaisses; — Areas de Alta Susceptibilidade (vermelho): séo 4reas 174 MOVIMENTOS DE MASSA muito susceptiveis a deslizamentos, Correspondem as dreas criticas conhecidas, seja pela freqiiéncia de acidentes, seja pelo elevado naimero de obras de contengio executadas nas encostas, Em geral, envol- vem Areas com favelas, caracterizadas por depésitos de talus, blocos rochosos e lascas instaveis. 4.2. Cartas de Risco de Acidentes Associados a Deslizamentos Apés a identificacdo das éreas onde de ocorréncia de deslizamentos & maior, sfo necessérios estudos detalhados, com a utilizacdo de técnicas especi- ficas apropriadas 4 cartogratia de risco de acidentes, naturais ou induzidos, que podem estar associados a situagdes de perigo, perda ou dano ao homem e suas propriedades O rrisco geolégico de deslizamentos wando instalado em éreas jé ocupadas, ou potencial, wando envolve a susceptibilidade de ocoméncia em. reas ainda desocupadas (IPT, 1991). O risco pode ser descrito matematicamente como o resultado da comt nagio entre a probabilidade de acorréncia do desliza- mento € as consegiténcias sociais e econémicas polen- ciais, de acordo coma R=PxC Eq.32 onde: R é o risco de deslizamento, P a susceptibilidade e MOVIMENTOS DE MASSA (Os instrumentos cartograticos técnico-cientificos \ que demonstram a distribuigio, os tipos, a freqiéncia, 1 Setcaracleriticas,o grau ea hierarquizagao do risco Jassociado 0s deslizamentos, si conhecidos como cas: (tas de risca gealégicn, Estas cartas sio produzidas em diversas escalas, mas o seu uso é mais apropriado para estudos de larga escala ou detalhados (> 1:3000), quan- do atendem, por exemplo, a planejadores de infra-estru- a para uma area habitada ou a concessiondrias res- ponsaveis pela instalagio de redes de agua, esgoto e luz. No Brasil, as experiéncias de elaboragio de cartas de risco associadas a deslizamentos ampliaram-se na a década como resultado da consolidagio de seus s através da publicacio de diversos também, como reflexo da sua ac casos estudados gio por parte de érgaos de planejamento e comunidades envolvidas no assunto. Qs servigos de cartografia de ris- c08 a deslizamentos em encostas jd se incluem como vidades permanentes de érgéos piiblicos municipais em cidades como Rio de Janeiro, Petrépolis, Sao Gongala, Vitéria, S40 Paulo. Na Figura 3.14 é mostrado © exemplo da carta de risco de parte da favela do Morro do Pau Bandeira, em Vila Isabel, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. ‘A metodologia de preparagio das cartas de risco a deslizamentos envolve a Jo e andlise do risco; identificacao envolve a definicéo, a caracterizacao, a acio e a determinagio dos condicionantes. escorregamentos, bem como da sua area de influéncia Aanélise do risco, voltada para a priorizagéo das medi- das para sua eliminagdo, trata da qualificacio e quantifi- \ cacio do risco, estabelecendo diferentes 176 Massie tos de parte da favela do Isabel, zona norte da cidade do Rio de Janeiro (Fonte: mapa da favela do Morro dos Macaces e Paw da Bandeira/GEORIO). W7 MOVINENToS DE MASSA, LEGENDA: pata pontos, trechos ou dreas geogréficas maiores, Estas ma corecternn tio duas etapas so desenvolvidas em trés fases: 1 — Levanta ie Dados: engloba a coleta de dados so- regamentos ante de diversas escalas, | aéreas e de helicéptero, mapas geocie Eerste rios técnicos de concessionérias de obras civis, Pal ep i dagens do subsolo, trabalhos técnico-cientifico | 2—Mapenmento de Campo: a investigagio de campo se | inicia com um levantamento expedito, v. | © reconhecimento dos materiais g tes, para a checagem das informacGes derivadas no Jevantamento de dados, e para contactar moradores das éreas envolvidas, visando a melhor operaciona- lizagao dos trabalhos de campo. Apés a preparagio : do mapa expedito, que apresenta unidades geo- | morfoldgicas homogéneas quanto ao potencial de i ocorréncia de um deslizamento, define-se a escala’ i de trabalho necesséria a represer réfica do | ases cadas- | mosaicos de i (0s aéreas verticais ou obliquas. Na carta sfo des- | critos: — ‘reas afetadas por di com deserigdo dos m: juizos acumulados, e me izamentos no passado, rxtensdo dos pre- as téenicas de esta- s de atividade de deslizamentos, tais como trincas no terreno, degraus de abatimento, pos- 178 179 MOVIMENTOS DE MASSA tes/arvores, igo de aterros e lixdes — elementos cadastrais em risco com base em limi- tes geogrificos claros, tais como o ntimero & identificagéo das pessoas e propriedades amea- sadas, bem como a proximidade de moradias — pontos e trechos sujeitos a ocorréncia de desliza- mentos no presente e no futuro, descrevendo-se 0s tipos de deslizamentos ¢ potencial de des- truigo imposto por eles; —grau de risco de acidentes em cada ponto ou trecho de risco, baseado no conhecimento so- bre a susceptibilidade e vulnerabilidade das habitagoes; —medidas futuras de inv para estabilizacao do desl igagao e/ou solucao amento, 3 — Representagio Cartogrdfica: a finalizacao da carta de tis corganizacao dos dados coleta- dos.nas etapas anteriores, A representagio do risco pode ser feita sob a forma de cadastramento de risco (mapa de pontos de risco e sua descrigio) ou sob a forma de zoneamento de risco, onde domi- nios homogéneos, em relagéo ao grau de risco, so mapeados. No Bra deslizamentos estdo divididas em 4 zonas de tisco: te 0, moderado, baixo e muito baixo, E praxe apre- sentar as cartas com zonas de risco coloridas € |, em geral, as cartas de risco a numeradas, de modo a facilitar 0 entendimento € a utilizagio por parte de usudrios potenciais na redu- Gao das conseqiiéncias dos deslizamentos 130 MOVIMENTOS DE Massa, Tao importante quanto a preparagio das cartas de risco € a apresentagéo das mesmas, Esta fase exige a pro- dugao de relatérios técnicos bem ilustrados, a informati- zagio dos produtos finais em bancos de dados, ea apre- sentagio dos resultados numa sessdo piblica de divulga- gio, de modo a permitir a informagdo dos moradores sobre 0 risco a escorregamentos que estéo expostos, 4,3. Medidas de Reducao dos Acidentes Asociados a Deslizamentos Cerri (1992 e 1993) mostra que para reduzir a possi- bilidade de registros de acidentes e as dimensoes das conseqiiéncias sociais e econdmicas por eles geradas, podem ser realizadas, com base na previsio e cartogra- fin dos riscos geolégicos, tr tipos de ati adosio para situacées de emergéncia; ¢ informagoes piblicas e programas de treinamento. ‘A melhor maneira de garantir que tais ages sejam efetivadas € integré-las em Programas Governamentais de Redugéo de Desastres, tal como propde a ONU no seu programa decenal (Elo, 1995). Em geral, estes planos apbiam-se no conhecimento cientifico sobre o potencial e vulnerabilidade aos desastres, na capacidade de ado- gio de solugies em curto e médio prazos, no estabeleci- mento de sistemas de alarme para situagées crticas, na extrema participaco da sociedade e dos dirigentes, e no fluxo apropriado e permanente de informagées sobre acertos ¢ erros na administragao do plano, via redes de informagoes gerenciais, 181 owinaTas DE Nass a) Adogio de Medidas Preventivas de Acidentes moradores das freas sob risco de acidentes associados a deslizamentos, a prevencio d seguintes objetivos: evitar a instalacdo de novas teas de tisco; eliminar ou reduzir o risco atual e poten- nitude dos deslizamentos; conviver cor ou, eliminando as conseqiiéncias sociais e econémicas depende nao s6 da qual da dispori pata relocagéo da populagio sob risco, como também de uma deciséo politico-administrativa, jade da cartografia de risco, ¢ lade de tempo, recursos financeiros e érea 1. Nao Implantagto de Nouns Areas de Risco: envolve 0 con- trole da expanséo e do adensamento da ocupagéo através do estabelecimento de diretrizes técnicas que permitam adequada utilizagio do meio fisico. Estas diretrizes estdo dispostas em cartas geotéenicas com informagées gerais sobre os limites do meio fisico de interesse ao planejamento do uso do sol . Eliminagio ou Redugio do Risco h recuperagio da érea de risco através da implantagdo de obras de contengdo e drenagem, que destinam-se a evitar a ocorréncia de deslizamentos e/ou reduzir a sua magnitude; a definigao da intervengdo mais ade- queda depende, fundamentalmente, da qualidade das observagées constantes nos mapas de previsdo e nas cartas de risco; 3. Convivéncia sem Intervengdo no Risco: envolve a remo- opulacio instalada na drea de lado: envolve a MOVIAENTOS DE MASSA risco com vistas a reduzir a possibilidade de registro de perdas de vidas; passada a fase emergencial, defi- ne-se 0 retorno da populagao ao local original. Estas atividades sio operadas através de Planos Prevent vos de Defesa Civil. Esses envalvem 2 evolu va do grau de risco bem como a determinagaa do mo- mento adequado para efetivar a retirada da popula- Gao para locais seguros. Cerri (1993) propde que os planos sejam desenvolvidos em quatro fases: elabore- io, implantagao, operacao e avaliacao. No Brasi ses planos estdo a cargo das prefeituras municipais ¢ sua coordenacao de Defesa Ci Na sua elaboragao, retinem-se as cartas de risco, define-se 0 periodo de operagio dos planos, as critérios para passagem de um nivel de emergéncia para outro, 0 método de acompanhamento de parémetros técnicos e definigdo de aches de emergéncia, Na fase de implanta- 40, definem-se os procedimentos operacionais, atribui- bes, responsabilidades, além do sistema de participacdo ¢ treinamento da populacdo. Ni operacdo, acompanha-se tecni tivo de Defesa Civil e a efet G40, id has na fundamentacdo técnica, na estrutura eno sistema operacional, visando carrecdes e ajustes futuros. nizadas. Na fase de a icam-se as even- tuaii b) Planejamento para Situagies de Emergéncia A fre em uma regido ou cidade exige muitas vezes a realizacto de atendimentos de emergéncia com a participacéo de pro- ssionais com formacdo em geociéncias, ndo $6 para 183 MOVIMENTOS DE Massa avaliaras causas da acorréncia, como também para ori- entar medidas destinadas a reduzir o potencial de am- Pliagdo dos acidentes em situagées criticas. Para que os resultados deste atendimento emergencial sejam satisfa- térios é preciso planejar procedimentos que favoregam a realizacao das atividades técnicas e ao mesmo tempo, re- duzam a possibilidade de erros que ampliem as conse- qiténcias até entao registradas ou previstas para breve. Em primeiro lugar é preciso implantar medidas balizadas no conhecimento técnico referenciado nas car- las de risco ou vistorias expeditas de campo, nos quais se considera com atengio relatos de moradores do local € geram-se indicagées sobre a extensio da érea ameaca- da e estimativa dos mimeros de moradias em risco emi- rnente, Numa segunda etapa, é necessério informar cor- rela e adequadamente A populacdo envolvida, especial- mente quanto 3s conseqiiéncias de novos deslizamen- tos, ¢ orienté-la sobre a necessidade de remoséo tempo- réria em situagdes de risco eminente, em conjunto com as associagées de moradores da comunidade afetada, A terceira etapa envolve a estruturacéo das equipes envol- vvidas nos trabalhos de emergéncia, que devem priorizar a participagio de equipes de Defesa Civil, que dada sua lade, atuam de forma mais eficiente nos mo- mentos criticos. Por tltimo, é importante orientar minu- ciosamente as operagées de resgate das vitimas e restau- ragao da drea sinistrada, no sentido de nao colocar em risco as préprias equipes envolvidas nos atendimentos de emergéncia, bem como a populacéo residente no entorno da Area atingida, O trabalho em situagdes de emergencia encerra-se com a identificagao cuidadosa, rigorosa e isenta dos res. t04 MOVIMENTOS DE MASSA ponséveis pelos acidentes, Tal cuidado se justfica pelas responsabilidades civis e criminais que podem estar envolvidas no acidente e que levam a abertura de pro- ess0s junto ao Poder Judiciério, A efetiva redugio dos acidentes naturais ou indu- idos associados & ocorréncia de deslizamentos somente pode ser atingida com a participagao da sociedade ¢ izacio dos dirigentes, através de informacoes~ is € campanhas de treinamento. A disseminagdo de informagées técnicas sobre risco de deslizamentos para administradores puiblicos, equipes de Defesa Civil, Corpo de Bombeitos, técnicos de prefeituras municipais e da populagéo em geral, é uma ciéncia por si mesmo. Em geral, ela é feita a partir de cursos de treinamento, elaboragio e distribuigéo de manuais técnicos e de carti- Ihas de orientacgo, De um modo ideal, as informagoes destinadas a populacéo podem transformar-se em procedimentos a serem praticados e disseminados dentro das comunida- des, titeis em situagies de emergéncia e para evitar a instalagdo de novas moradias em Areas de risco de aci- dentes. 5, Conclusées © conhecimento acumulado a respeito dos meca- nismos e con nantes dos movimentos de massa, embora suficiente para permitir uma melhoria dos re- ‘cursos humanos e das técnicas de previsdo desses de- sastres, ainda 6 muito restrito. A rdpida expanséo dos 185 processos de urbanizagao nas grandes cidades torna urgente um aumento na quantidade e na qualidade dos estudos realizados. Além disso, torna-se imperativo uma continua rea- ores valiago dos resultados jé obtidos em estudos ant uma vez que algumas sideradas menos importantes sio hoje tidas como muito importantes. O conteido sumarizado neste capftulo vem, mais uma vez, destacar a complexidade dos processos envol- vidos na geracao dos destizamentos sob as condigdes de campo. A compreensio dos fatores condicionantes e dos mecanismos deflagradores desses movimentos requer, necessariamente, uma anélise detalhada que combine as contribuigdes oriundas de profissionais com diferentes formagées. Qualquer abordagem segmentada, ou se que enfoque o problema sob apenas um Angulo, dit mente seré capaz de compreender, de forma integrada, bes que eram no passado con- tais movimentos. A andlise dos movimentos sob a forma de corridas, por exemplo, requer estudos néo apenas das rupturas nas partes mais elevadas das, encostas mas também da dinamica hidrolégica (encosta e canal) ao longo de toda a bacia, Ressalta-se aqui, mais, es de sustentacéo da gemorfolo- gia enquanto cigncia: a valorizagéo do conceito de bacia de drenagem como unidade funcional uma vez, um dos pi 6. Bibliografia AMARAL CP. (1992) Inventério de Escoregamentos no Rio de Ja- neiro, 1 Conferéncia Brasileira Sobre Estabilidade de Encostas, Rio de Janeiro, Anais, volume 1, ABMS/ ABGE, $46-561pp. 186 jo, Condicionantes Geolsgicos e Programa Para Re- dugdo dos Acidentes Associados. Tese de Doutoramento, De- PUCRI, 230 ‘Condicionantes Geoldgicas na AMARAL, CP. BARROS, W.T, e PORTO JR, R.(1992) The Struct de Janeiro. In: BELL (ed.), Landslides. Balkema, Roterdam, 1339-1343pp. de Janeiro Landslide Inventory Data. 74 posium on Landslides, Trondhein, Norway une ANDERSON, M.G, e BURT, TP. 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