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Honorários em indenizações: novo CPC e Súmula STJ nº 326

Prof. Alexandre Henry – Juiz Federal

Em 2006, o Superior Tribunal de Justiça publicou a Súmula 326 para tratar da condenação
em honorários nas indenizações por dano moral, tendo em vista a divergência que surgia nos
casos em que o autor pedia um valor de indenização e o juiz, ao sentenciar, condenava a parte
adversa a pagar uma quantia menor. Estabeleceu o STJ:

Súmula STJ nº 326 - Na ação de indenização por dano moral, a condenação em


montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.

Em consequência, a regra passou a ser: para o estabelecimento dos honorários de


sucumbência, não importa se a condenação em indenização por danos morais foi menor do que o
pedido, bastando que tenha havido condenação.
Esse entendimento, é se de ressaltar, aplica-se apenas aos casos de dano moral. Se a
hipótese for de dano de outra natureza (ex.: dano material), a condenação em montante menor
do que o pedido implica em sucumbência recíproca (REsp 1471823).
Porém, o novo Código de Processo Civil trouxe a seguinte disposição:

Art. 292. O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:


V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;

Com isso, tendo em vista que o novo CPC tratou expressamente dos danos morais,
começa-se a discutir se a Súmula nº 326 do STJ ainda deve ser aplicada.
Particularmente, entendo que não. Primeiro, para evitar aventuras jurídicas tão comuns
nessa seara, em que às vezes valores absurdos são pedidos a título de indenização por danos
morais, apenas para coagir a parte contrária a firmar um acordo por uma quantia bem menor.
Segundo, porque a parte há de saber o quanto entende ser suficiente para indenizá-la nesse
campo, não podendo fazer referência a um valor genérico. Terceiro, porque não haveria razão do

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CPC de 2015 expressamente se referir ao dano moral se não desejasse que seu montante pedido
fosse o guia para o julgamento, inclusive no tocante aos honorários de sucumbência.
Porém, ainda temos um longo caminho até essa questão ser pacificada. Será preciso que
o STJ analise, em seus colegiados mais importantes, se a Súmula nº 326 ainda permanece válida
após o novo CPC ou não.
Em uma rápida pesquisa, verifica-se que há julgados posteriores ao novo CPC, por parte
do STJ, mantendo a aplicação da referida súmula (nesse sentido: AgRg no AREsp 113.612/SP,
QUARTA TURMA, julgado em 01/06/2017). Porém, é possível que sejam casos de condenações
em instâncias inferiores antes da vigência do novo CPC.
Para as provas de concursos próximas, minha recomendação é a aplicação da Súmula STJ
nº 326. Porém, caso o candidato queira inovar, é necessário então que a condenação em
honorários de sucumbência, no caso de sucumbência recíproca relativa à indenização por danos
morais, seja seguida de uma argumentação sobre a mudança provocada pelo novo Código de
Processo Civil, explicando-se que a exigência do art. 292, V, do novo CPC, deixou claro que o
legislador não entende mais ser o pedido do autor, nessa seara, mero indicativo e, sim, um
pedido certo.

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