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Adolescência

RELATO DE EXPERIÊNCIA
e tecnologias digitais

Os impactos sociais, cognitivos e


afetivos sobre a geração de adolescentes
conectados às tecnologias digitais
Thayse de Oliveira Silva; Lebiam Tamar Gomes Silva

RESUMO – Introdução: De acordo com dados do Comitê Gestor da In­


ternet, no Brasil (2014), cerca de 81% dos adolescentes usam internet to­­
dos os dias, o que evidencia a abrangência do uso das tecnologias digitais
e mostra a importância da investigação científica sobre temas correlatos.
Objetivo: Este trabalho visou discutir, mediante o olhar psicopedagógico,
as consequências do uso indiscriminado de tecnologias digitais pelos
adolescentes. Para tanto, formulou-se a seguinte questão norteadora: De
que forma o uso das tecnologias digitais afeta os adolescentes em âmbito
social, afetivo e educacional? Assim, verificou-se um conjunto expressivo
de pesquisas sobre o tema. Método: Trata-se de um estudo bibliográfico,
de caráter exploratório, cujas informações foram coletadas e sistematizadas
em seções que tratam das implicações afetivas, principalmente na relação
com a família, sociais, abordando questões que afetam as relações sociais
reais e virtuais; e cognitivas, destacando as funções cerebrais modificadas
e os efeitos para a aprendizagem. Resultados e Conclusão: Como prin­
cipais resultados, destacam-se: os conflitos familiares, decorrentes do
distanciamento e da falta de diálogo; a predominância de relações su­
perficiais e de falsa intimidade e a ilusão de que tudo é possível; e di­fi­
culdades de aprendizagem decorrentes da dependência da internet, de
transtornos de ansiedade e de déficit de atenção.

UNITERMOS: Adolescente. Cognição. Família. Psicopedagogia. Tec­


no­logia da informação.

Thayse de Oliveira Silva - Graduada em Psicopedagogia Correspondência:


pela Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, Thayse de Oliveira Silva
PB, Brasil. R. Maurício de Oliveira, 314 –13 de maio – João Pessoa,
Lebiam Tamar Gomes Silva - Doutora em Educação, PB, Brasil – CEP: 58025-030
Professora da Universidade Federal da Paraíba/Cen­tro E-mail: Thaysinha-silva@hotmail.com
de Educação/Departamento de Habilitações Pe­da­
gógicas, João Pessoa, PB, Brasil.

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Introdução relações dentro e fora do ambiente virtual; e o


Atualmente, discute-se sobre os impactos que se perde e o que se ganha na cognição, em
do uso excessivo das tecnologias digitais pelos que se apresentam algumas considerações sobre
adolescentes, levantando-se questionamentos os problemas causados pelo uso excessivo das
sobre os seus benefícios ou malefícios para o tecnologias digitais.
desenvolvimento social, cognitivo e afetivo.
Os adolescentes lideram o ranking de uso de Métodos
celulares e internet. Segundo dados do Instituto O presente estudo caracteriza-se como uma
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa bibliográfica, que faz um levantamento
seu último censo realizado em 2010, e do Comi­tê do conhecimento atual veiculado na literatura
Gestor da Internet no Brasil (CGI.Br), de 2014, especializada acerca dos impactos sociais, cog­
notou-se que, em um conjunto de 34,1 milhões nitivos e afetivos sobre a geração de adolescentes
de pessoas, entre 10 e 19 anos de idade, exis­ conectados às tecnologias digitais.
tentes no país, cerca de 81% acessam a internet “A pesquisa bibliográfica é feita a partir
todos os dias. Isso evidencia o quanto a internet do levantamento de referências teóricas
está inserida nos lares brasileiros e o seu poder já analisadas, e publicadas por meios
de persuasão. escritos e eletrônicos, como livros, ar-
É imprescindível observar que a tecnologia é tigos científicos, páginas de web sites.
apontada como um meio facilitador na questão Qualquer trabalho científico inicia-se
do ensino, porque os professores podem utilizá­ com uma pesquisa bibliográfica, que
-la para pesquisas, fontes ilustrativas, vídeos permite ao pesquisador conhecer o que
educativos etc. Além disso, o mercado de traba­ já se estudou sobre o assunto”1.
lho e as relações sociais estão a cada dia mais Considerando o que propõe Salvador2, esta
articulados por processos mediados por tecno­ pesquisa foi desenvolvida a partir da execução
logias digitais. Entretanto, vários pesquisadores de duas etapas: busca e seleção de fontes nas
estão abordando o modo como o uso excessivo bases de dados digitais do Google Acadêmico,
dessas tecnologias afeta os adolescentes de for­ de periódicos científicos da Capes, de biblio­
ma social, afetiva e cognitiva. tecas digitais da CAPES e do IBICT; leitura
Assim, considerando esses aspectos, este exploratória de todo o material selecionado;
estudo tem o objetivo de discutir, mediante o leitura seletiva e registros das informações
olhar psicopedagógico, as consequências do extraídas das fontes em instrumento específi­
uso indiscriminado de tecnologias digitais pelos co, elaborado para atender aos propósitos da
adolescentes. Trata-se de uma pesquisa do tipo pesquisa.
bibliográfico, desenvolvida a partir de outros O estudo conseguiu reunir 33 trabalhos pu­
estudos já produzidos sobre o tema. blicados e compôs um conjunto de 19 livros/
O texto foi dividido em três seções, que capítulos de livros, 11 artigos e três materiais de
contemplam as informações relevantes para revista ou da web. Este texto foi elaborado com
responder ao questionamento levantado e criar base na sistematização das informações em um
uma linha de pensamento que aborda o proble­ esquema de tópicos, que organiza a discussão
ma proposto: a influência da tecnologia sobre os e encaminha uma linha de pensamento para
adolescentes no ambiente familiar, em que se re­ guiar o leitor a entender bem mais o assunto.
tratam questões sobre afetividade e a relação dos O resultado final visa responder ao problema
adolescentes com a família e com as tecnologias proposto sobre os impactos sociais, cognitivos e
digitais; sua vida no espaço real e no virtual, em afetivos a respeito da geração de adolescentes
que se mostra como a tecnologia interfere nas conectados às tecnologias digitais.

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Família, adolescência e tecnolo- vida familiar, e é considerada como uma crise


gias digitais importante no contexto da família5,6. É uma
O ser humano, ao longo de toda a vida, é fase marcada por mudanças evolutivas rápidas
influenciado e influencia o seu meio, cria laços e intensas nos sistemas biológico, psicológico
familiares, profissionais e amistáveis, encontra e social7.
sua identidade e busca distinguir o que é certo “[...] esse ciclo corresponde a um período
ou errado. Porém, suas escolhas são feitas, prin­ de descobertas dos próprios limites, de
cipalmente, sobre o embasamento familiar. É na questionamentos dos valores, das nor-
adolescência que passa a fazer suas escolhas e mas familiares e de intensa adesão aos
busca seu espaço no mundo. valores e normas do grupo de amigos.
O atual conceito de família está ligado à Nessa medida, é um tempo de rupturas
afetividade como elemento principal. Por meio e aprendizados, uma etapa caracterizada
das relações de afeto, desenvolvemos as melho­ pela necessidade de integração social,
res capacidades, reativamos habilidades natas, pela busca da autoafirmação e da inde-
transformamos nossa personalidade e retifica­ pendência individual e pela definição da
mos nossos traços de caráter que precisam ser identidade sexual”8.
realinhados. Os pais têm o dever de educar e
A adolescência é, portanto, uma fase em
criar os filhos sem lhes negar a atenção neces­
que os sujeitos tentam encontrar sua identi­
sária para formar sua personalidade3.
dade e sentem muitas dúvidas, que os levam
Os filhos, muitas vezes, utilizam os exem­
a agir e a pensar com intuito de traçar planos
plos familiares como espelho. O ambiente fa­­
e tomar decisões, a fim de encontrar seu lugar
miliar influencia sobremaneira formação da
na sociedade. Entretanto, muitas vezes, devido
identidade de cada ser. Portanto, os valores e os
a essas necessidades, eles apresentam reações
ensinamentos são adquiridos no meio em que
impactantes em relação às autoridades em geral,
a criança está inserida. Segundo Lev Vygotsky
principalmente dos pais ou responsáveis, já que
apud Oliveira4, na ausência do outro, o homem
essa é uma etapa em que as regras costumam
não se constrói homem, pois, para ele, apenas
ser questionadas ou negadas. De acordo com
as funções biológicas e psicológicas elementares
Drummond & Drummond Filho,9
não são suficientes para promover um ambiente
de aprendizado completo, logo, ele precisa do “nessa etapa do desenvolvimento, o
meio. Assim, a cognição superior do homem só in­­divíduo passa por momentos de dese­
se concretiza ou é potencializada com a interpo­ quilíbrios e instabilidades extremas,
sição de um elemento intermediário, mediador, sentindo-se, muitas vezes, inseguro,
entre estímulos e respostas que são captadas e con­fuso, angustiado, injustiçado, incom­
produzidas por uma pessoa4. preendido por pais e professores, o que
Nesse contexto, a família é um fator que de­ pode acarretar problemas para os re­
termina o desenvolvimento do indivíduo e exerce lacionamentos do adolescente com as
sobre ele uma forte influência, desde a infância pessoas mais próximas do seu convívio
até a vida adulta, e é responsável pelos primeiros social. Entretanto, essa crise desencadea­
contatos afetuosos. É na família que se encontra da pela vivência da adolescência é de
todo o referencial de costumes, crenças e valores fundamental importância para o desen-
e em que a criança inicia sua jornada de vida volvimento psicológico dos indivíduos”.
e evolui de um estado de intensa dependência Essa é uma fase em que o adolescente passa
para uma condição de autonomia pessoal. por grandes transformações, principalmente
A adolescência – pode-se dizer - é um evento no que se refere à comunicação no contexto
previsível, que apresenta grande impacto na familiar. Por isso, é sobremaneira importante a

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comunicação entre os pais e os filhos. A criação participação na vida dos adolescentes são muito
de um ambiente onde as emoções e as opiniões importantes. Segundo Dumazedier12 a conver­
possam ser partilhadas de forma livre, segura e sação não morreu, mas mudou e incluindo um
respeitosa é fundamental. Para um adolescente, terceiro grupo, o dos atores, apresentadores e
é importante que seu ponto de vista seja valori­ estrelas da televisão, novos convidados da noite.
zado, já que ele está passando por um conflito O rádio e, posteriormente, a televisão foram
interno e por uma transição da fase infantil para os primeiros meios de comunicação a invadir o
a adulta. cotidiano e os hábitos familiares e modificá-los.
A busca do adolescente por refúgio pode ser No Século XXI, inovações tecnológicas como
um indicativo de problemas vindos tanto do meio smartphones, tablets, aparelhos de MP3, ipods,
extrafamiliar quanto do intrafamiliar. A família netbooks, TV digital aberta e TV por assinatura
se enquadra em um papel que auxilia a geração surgiram e se popularizaram. Nos lares, cada
dos adolescentes nas diversas questões em que integrante tem, em seu aposento, várias dessas
estão inseridos, como, por exemplo, a experiên­ tecnologias digitais com acesso fácil à internet.
cia vivida no mundo virtual, a partir do uso de Eles passam mais tempo dentro do quarto, “co­
tecnologias digitais. A família deve ficar atenta nectados” com o mundo virtual, principalmente
aos novos meios de comunicação, que alteram os adolescentes, que são os mais propícios ao
a forma como a comunicação intrafamiliar vem uso das tecnologias digitais.
sendo tratada. De acordo com uma entrevista concedida
Alves10 entende que pelo jornal norte-americano New York Times,
Steven Paul Jobs, criador da Apple, entre outrosI,
“[...] é importante que pais e mães aten-
declarou que não permitia que os filhos usem
tem-se ao mundo frequentado por seus
aparelhos tecnológicos, mesmo que essas má­
filhos – seja ele real ou virtual. Acom-
quinas tenham sido inventadas por ele. Isso sur­
panhar e encontrar, desde os primeiros
preendeu o entrevistador Nick Bilton (jornalista
passos digitais dos filhos, oportunidades
britânico, especialista na área de tecnologia).
de tornar a tecnologia uma aliada no
Bilton13 relata que, em várias entrevistas
estreitamento das relações familiares é
feitas com renomados líderes de potências
mandatório para pais e mães que não
mun­diais, na área da tecnologia digital, eles
desejam viver em mundos totalmente
apre­sentaram opiniões semelhantes à de Jobs.
diferentes dos seus filhos no futuro”. Chris AndersonII, Alex ConstantinopleIII e Evan
A literatura ressalta, ainda, que o aumento Wil­liamsIV mencionaram nas entrevistas os limi­
dos conflitos familiares geralmente vem acom­ tes de tempo, o controle de todos os aparelhos
panhado de menos proximidade do convívio, digitais, além das restrições impostas e compar­
principalmente em relação ao tempo que ado­ tilham da mesma ideia, sob a alegação dos riscos
lescentes e pais passam juntos11. Quando as das tecnologias digitais, dentre os quais, incluem
tecnologias digitais usadas de forma inadequada exposição a conteúdo prejudicial, como porno­
e excessiva, entram como catalisação para alte­ grafia, bullying, vício nos aparelhos, problemas
rar a forma como o convívio familiar é tratado. sociais, cognitivos e afetivos.
Elas abrem uma lacuna nas relações familiares Assim, podemos enfatizar a importância de
e deixam pais e filhos em mundos totalmente negociar regras e limites com os adolescentes.
diferentes.
I
Também criador da Pixar Macintosh, além de vários outros
A forma de como essas tecnologias digitais gadgets, como o ipod, iphone e ipad.
foram inseridas no contexto familiar vem alte­ II
Ex-editor da Revista Wired, atualmente executivo chefe da
3D Robotics, fabricante de drones.
rando a forma como a família se reúne, e isso III
Executiva-chefe da OutCast Agency.
deixa claro evidenciando que o diálogo e a IV
Fundador do Blooger, Twitter e Medium.

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Porém, é fácil nos depararmos com o fato de que dependentes na internet que passam horas em
a maioria dos responsáveis faz exatamente o frente ao computador, participando de salas de
contrário e permite que eles ultrapassem o tempo bate-papo, de jogos on-line ou, até mesmo, sur-
limite de uso das tecnologias digitais. fando interminavelmente de página em página”.
Hanaver14 afirma que as pessoas estão dei­ Esse autor também afirma que, no presente,
xando de sair de casa para se divertir com amigos os adolescentes estão trocando as conversas
e ficar em frente ao computador teclando com pessoais socializadoras por um mundo virtual,
outras pessoas. Portanto, atualmente, mais uma em que se comunicam através de chats, mensa­
vez, a tecnologia está modificando o convívio gens instantâneas, blogs, jogos on-line e redes
familiar e social e sendo incluída como um fator sociais, partilhando de uma nova cultura, em que
indispensável, participando de qualquer situa­ a interação só acontece por meios eletrônicos.
ção ou contexto em que as pessoas estejam. O Fonte17 explica que, por meio da internet, o
mundo virtual vai progredindo e confundindo adolescente consegue fazer contatos pessoais
seus limites com o mundo real. As tecnologias que, fora desse meio, não consegue. Entretan­
digitais vão transformando os comportamentos to, esses contatos são “superficiais” e de “falsa
e hábitos sociais de todos os que as usam, so­ intimidade” e facilitam o afastamento social.
bretudo, os adolescentes. Na visão de Piaget18,
“o homem é um ser essencialmente so-
O adolescente e a vida nos espa- cial, impossível, portanto de ser pensado
ços real e virtual fora do contexto da sociedade em que
Com a crescente entrada da tecnologia digital nasce e vive. Em outra palavra, o ho-
no cotidiano do ser humano, novos problemas mem não social, o homem considerado
sociais e comportamentais surgem. Diante desse como molécula isolada do resto dos seus
cenário, o acesso fácil e irracional às tecnolo­ semelhantes, o homem visto como inde-
gias pode acarretar uma dependência digital. pendente das influências dos diversos
Segundo Schwartz apud Nardon15, a internet grupos que frequenta, o homem visto
está cada vez mais presente no cotidiano das como imune aos legados da história e
pessoas, principalmente na vivência dos jovens. da tradição esse homem simplesmente
Os adolescentes, como um segmento social que não existe”.
é mais susceptível às transformações das tecno­ Esse autor entende que o “ser social” é aquele
logias digitais, herdam a facilidade de adquirir que consegue se relacionar com seus seme­
um vício. Dessa forma, a tecnologia torna-se lhantes de forma equilibrada. Isso quer dizer
um fator de isolamento social, que compromete que o ser humano necessita de convívio social.
a capacidade de socialização dos adolescentes, Nardon15 expõe que os adolescentes que têm
que não conseguem mais distinguir a realidade um bom relacionamento social têm mais possi­
do mundo virtual. bilidades de construir um bom desenvolvimento
Sob o ponto de vista de Nardon15, é na ado­ psicossocial. O uso contínuo da internet faz com
lescência que o convívio social se amplia, com que não se desenvolvam com plenitude, o que
a participação nos diferentes grupos, aos quais fará com que tenha dificuldades na vida adulta.
os adolescentes pertencem, como: escola, espor­ Tomando como base os pensamentos do autor
tes, cursinhos, lazer, entre outros. Porém, nem citado acima, o uso desmoderado da internet
sempre é assim, o que deveria ser uma relação pode acarretar uma confusão do real com o
de afetividade e encontro com grupos do mes­ virtual. As tecnologias digitais vêm alterando
mo interesse, em alguns casos, fica à mercê da a forma como as pessoas interagem, inibindo a
comunicação digital. Lévy16 “reconhece que há interação física e gerando um comodismo. Isso

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pode causar problemas sociais, como separação De acordo com Rosen20, mais pessoas estão
do convívio social, solidão e depressão. Quanto se tornando narcisistas, por estarem lidando
aos adolescentes, para preencher o vazio deixa­ com ferramentas que oferecem mecanismos
do pelo isolamento social, apegam-se às redes permanentes de exposição, e se apresentando
sociais, porque lhes dão a impressão de que para o mundo como se só se importassem con­
nunca estão sós e infelizes, via amigos virtuais sigo mesmas. Também estão ficando obcecadas
e compartilhamentos de informações. e compelidas a checar constantemente o telefo­
No entanto, quando se desconectam, a reali­ ne. O estudo evidenciou que a população está
dade se torna distorcida, como se as pessoas ao ficando deprimida quando não tem coisas ma­
seu redor não fizessem parte do seu cotidiano, ravilhosas para mostrar aos outros no Facebook.
devido à falsa impressão de felicidade proporcio­ São adolescentes que sofrem crises de ansiedade
nada pelas interações no mundo virtual. Assim, por estarem sem sinal de internet, estudantes
como estão permanentemente interligados às re­ que perdem a capacidade de se concentrar e
des digitais, acabam se distanciando realmente até programador que começou a desenvolver
das outras pessoas, seja afetiva ou socialmente. esquizofrenia por viver isolado, interagindo só
Esse afastamento social se agrava na evolução via web.
da dinâmica entre os seres humanos, razão Assim, os adolescentes em constante relação
por que tem sido o foco de estudo de muitos com as tecnologias digitais correm o risco de
pesquisadores. ficar dependentes da conexão permanente. Essa
Segundo Burgos19, dependência pode provocar vários distúrbios,
“o tempo gasto na vida on-line vem cau- perturbações e vícios relacionados à overdose
sando, desde meados de 2008, algumas virtual.
discussões e correntes contra a chamada
hiperconexão ininterrupta, que vão da O que se perde e o que se ganha
hipótese sobre a diferença do funciona- cognitivamente?
mento do cérebro das pessoas que passam A tecnologia sempre afetou o homem, desde
tempo em demasia na internet, descrita a introdução dos rádios e dos televisores nos
no livro Geração Superficial de Nicholas lares, o que contribuiu para diversas mudanças
Carr (2010), passando pela “iDisorder”, de hábito. Nos últimos anos, essas alterações
de Larry Rosen (2012), que defende que vêm se tornando mais visíveis, principalmente
a obsessão por gadgets causa transtornos quando se observam os adolescentes. Eles têm
psiquiátricos na população mundial”. mais contato com o mundo digital, e isso gera
Um estudo sobre o uso excessivo da tecno­ diversos problemas, devido a estarem sempre
logia por adolescentes apontou que eles podem dividindo sua atenção entre o mundo real e o
desenvolver características narcisistas, ter com­ virtual.
portamento antissocial, tendências agressivas, Dados do Comitê Gestor da Internet no
manias, distúrbios do sono, ansiedade, depres­ Bra­sil – CGI.Br21 – apontam que o nível de fre­
são, problemas na linguagem escrita e transtor­ quência de uso da internet por adolescentes
nos de atenção e aprendizagem, sendo essas, para determinadas atividades, como a troca
umas das disfunções mais comuns entre esses de mensagens instantâneas, por exemplo, é
usuários. Os problemas, segundo a pesquisa do bem superior ao uso para pesquisas escolares
Dr. Larry RosenV, foram observados nos mais de e que o uso diário da tecnologia, sobretudo da
mil adolescentes entrevistados para o trabalho. internet, é muito mais frequente para a troca de
mensagens instantâneas (75%) e a interação em
V
Professor e Dr. da área da Psicologia da Universidade da
redes sociais (56%), via aplicativos de celulares
Califórnia. e computadores, e o uso para pesquisas escolares

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fica na quinta posição (21%). Esses números evi­ ao fato de as estimulações audiovisuais e emocio­
denciam que o uso excessivo dessas tecnologias nais estarem em sua atividade máxima. O grande
é um fator preocupante para o desenvolvimento volume de dados recebidos pelo cérebro, em
cognitivo dos adolescentes, porque poderá trazer forma de texto, imagens e vídeos, pode fazer com
consequências, como isolamento social, falta de que a memória de trabalho fique saturada e haja
interesse pelos estudos e ansiedade22, e exercer uma sobrecarga cognitiva. Segundo Cánovas25,
influência em seu desenvolvimento educacional, em nenhum momento, é permitido ao cérebro
alterando a sua cognição. ativar sua memória de longo prazo. O resultado
A cognição envolve os mecanismos cognitivos disso é que a informação não gera conhecimentos.
individuais e distribuídos, inerentes às ativida­ “O acesso à informação não é garantia
des em colaboração, que envolvem percepção, que disso resulte conhecimento e, muito
atenção, memória, linguagem e raciocínio, menos aprendizagem. Para que tal ocorra,
atividades cujas origens são culturais23. Em ou­ é necessário que, frente às informações
tras palavras, cognição é o ato ou processo de apresentadas, as pessoas possam reela-
adquirir conhecimentos e um procedimento por borar o seu conhecimento, visando uma
meio do qual o ser humano interage com seus nova construção. Essa construção deverá
semelhantes e com o meio em que vive, sem estar alicerçada em parâmetros cognitivos
perder sua identidade. que envolvam a autorregulação, aspec-
Hoogeveen24 refere que essa potencialidade tos motivacionais, reflexão e criticidade
da tecnologia digital está diretamente ligada à frente a um fluxo de informações que se
sua capacidade de excitar o indivíduo e de esti­ atualizam permanentemente”26.
mular os sistemas auditivo, visual e emocional, A simples aquisição de dados não é aprendi­
o que altera sua capacidade cognitiva, tanto zagem. Os adolescentes não estão adquirindo a
benéfica quanto maleficamente, a depender da compreensão necessária, e a informação não está
forma e da intensidade com que é usada. sendo processada nem associada a outras para
“Vários estudos mostram que os usuários gerar um entendimento mais profundo.
regulares da Internet têm aumentado a A utilização da tecnologia de forma indiscrimi­
atividade nas regiões pré-frontais do cére- nada pelos adolescentes provoca o desequilíbrio
bro envolvido na tomada de decisões e re- cognitivo do ser. Com isso, ela potencializa os
solução de problemas. Se essa atividade transtornos de atenção, transtornos obsessivos,
se prolonga, o que é de costume, o usuá­ de ansiedade e problemas com a linguagem e a
rio passa o tempo avaliando as ligações comunicação, o que afeta diretamente a apren­
e fazendo escolhas, ao mesmo tempo em dizagem27.
que processa o impacto e a importância “Em pleno Século XXI onde a tecnologia
de cada nova imagem, vídeo ou banner está cada dia mais avançada, as pessoas
que aparece na tela. Em consequência, a adquirem doenças e problemas psicológi-
atividade cerebral é mantida a um nível cos frequentes. A tecnologia com os pro-
tão superficial que impede a retenção de cessos de automação leva as pessoas a
informação. Ao manter constantemente assumirem uma vida sedentária, já que,
ativas as funções executivas do córtex a comodidade, rapidez e flexibilidade
cerebral a sobrecarga cognitiva aparece: na aquisição de informação diminuem
a informação passa na frente dos nossos o esforço das pessoas em buscar fontes
olhos, mas não é mantida”25. alternativas de lazer, trabalho e estudo”.28
O poder que as tecnologias digitais exercem Carr29 ressalta que a divisão da atenção exi­
sobre os adolescentes afeta sua cognição, devido gida pela tecnologia digital estressa ainda mais

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nossas capacidades cognitivas, diminui nossa dependência de jogos e de internet no apêndi­


capacidade de aprender e enfraquece nossa ce do DSM-VVII, o que aumenta a legitimidade
compreensão. Isso significa que, quando se clínica do transtorno e favorecer o entendimento
trata de suprir a mente com a matéria-prima do científico da natureza dessa dependência.
pensamento, mais pode ser menos. De acordo com Moraes et al.32, o primeiro
Com a crescente utilização das tecnologias a usar o termo dependência de internet foi
digitais pelos adolescentes, é apresentada uma Goldberg, em 1995, que a definiu como uma
variedade de informações simultaneamente, categoria diagnóstica compulsiva e patológica.
inúmeras abas são abertas no navegador assim Com base no DSM-V33, foram desenvolvidos
como alertas de e-mails, e celulares vibram oito critérios para diagnosticar a dependência
constantemente. São muitas atrações simultâ­ de internet, a saber: preocupação excessiva com
neas, que dificultam manter a concentração em a internet, necessidade de aumentar o tempo
determinada atividade e é complicado selecio­ conectado (online), presença de irritabilidade
nar suas necessidades principais ou inibir suas e/ou depressão, exibir esforços repetidos para
distrações. Como resultado, tem-se uma geração diminuir o tempo de uso de internet, quando o
mais distraída e imediatista. uso de internet é reduzido apresenta labilidade
De acordo com Rossi30, ao mesmo tempo em emocional, permanecer mais conectado do que o
que a tecnologia facilita nossa vida, gera uma programado, trabalho e relações sociais em risco
pressão extrema, em termos de imediatismo, com pelo uso excessivo e mentir aos outros a respeito
a rapidez da informação, e pressiona as pessoas. de quantidade de horas on-line22.
Dessa forma, ela provoca problemas de estresse e A crescente detecção desses transtornos
ansiedade. Para Vieira Júnior apud PerucciVI, “a mostra como é preocupante a forma com que as
própria ansiedade, na verdade, numa certa ver- tecnologias digitais estão afetando os adoles­
tente, tem a ver com a impossibilidade de acessar centes. Por essa razão, é necessário cuidar para
o que se quer”31. A pessoa não se mostra ansiosa que a utilização excessiva não interfira nos pro­
quando está mexendo no celular, mas quando cessos relacionados à aprendizagem. Para isso,
está no trânsito ou no cinema. Como qualquer devem-se estabelecer, com clareza, seus limites,
dependência, a ansiedade não se configura porque, se forem utilizadas excessivamente, po­
quando o caminho do uso está desimpedido, dem causar muitos problemas para os usuários,
ou seja, a pessoa não fica ansiosa quando está que acabarão perdendo habilidades funcionais
usando as tecnologias digitais, mas, quando está importantes para a construção do conhecimento.
impedida de usá-las.
Não estamos sabendo lidar com a variedade Conclusão
de tecnologias que nos envolve. Seja no cinema, Durante as etapas desta pesquisa, pôde-se
no teatro, no consultório ou no trânsito, em qual­ observar que, no cenário atual, as pessoas man­
quer momento, estamos utilizando notebook, têm contato, constante e intensamente, com as
tablet, smartphone etc. Esse uso excessivo pode tecnologias digitais em seu cotidiano, em espe­
ocasionar transtorno de ansiedade e gerar de­ cial, o grupo com idades entre 11 e 17 anos. A
pendência. Segundo Young & Abreu22, o proble­ rede de informações é um recurso extremamente
ma do uso excessivo de internet é relativamente potente e transformou as comunicações interpes­
novo, mas vem chamando a atenção devido às soais, a começar pelas famílias, desde a inserção
implicações que provoca nos adolescentes. A
Associação Psicológica Americana incluiu a VII
O Manual de Diagnóstico e Estatístico dos Transtornos
Mentais, 5ª edição, ou DSM-5, foi feito pela Associação
VI
Coordenador do Programa de Orientação e Atendimento Americana de Psiquiatria para definir como é feito o
a Dependentes da Universidade Federal de São Paulo diagnóstico de transtornos mentais e tem sido uma das bases
(Unifesp); de diagnósticos de saúde mental mais usado no mundo.

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do rádio e da TV e, posteriormente, a invenção do no campo da Psicopedagogia. Nessa lacuna,


do computador e da internet, principalmente a cabe a inserção do psicopedagogo, como pes­
partir do surgimento das redes sociais virtuais. quisador ou profissional, em busca de compre­
A relação de aproximação entre os entes fa­ ender os processos psicognitivos relacionados a
miliares foi modificada. No entanto, é a base para essas problemáticas. A produção científica pode
um bom desenvolvimento cognitivo, social e afeti­ contribuir para a ação desse profissional, numa
vo dos adolescentes e para gerar um ambiente em perspectiva de atuação preventiva e prognóstica,
que os problemas e os conflitos da adolescência de modo a orientar condutas adequadas para
sejam tratados de forma aberta e saudável. os problemas decorrentes do uso excessivo de
Mesmo com todos os anunciados benefícios tecnologias digitais que afetam o processo de
gerados pelas tecnologias digitais, é evidente a aprendizagem de adolescentes.
preocupação com os problemas sociais e com­ Assim, considerando o que foi estudado,
portamentais, principalmente, os que afetam os conclui-se que cabe ao psicopedagogo tentar
adolescentes. Esse grupo é bastante suscetível, elaborar estratégias para orientar adolescentes,
devido a estar em mais contato com essas tecno­ pais ou responsáveis e profissionais da Educação
logias e encontrar-se em uma idade de intensas para tomarem decisões que irão contribuir para
transformações biológicas e psicológicas. o desenvolvimento social, cognitivo e emocional
Assim, o estudo mostrou que o uso excessivo dos adolescentes, dando importância à constru­
das tecnologias digitais acarreta diversos proble­ ção de um ambiente mais propício ao diálogo,
mas, entre eles, isolamento social, narcisismo, tanto no espaço familiar quanto no escolar. Tam­
depressão, ansiedade, dependência etc. No bém deve mostrar que o caminho a seguir não
campo cognitivo, esse uso desregulado pode é proibi-los de usar essas tecnologias, mas de
provocar diversas patologias relacionadas ao fazê-lo com consciência. Isso se justifica porque,
excesso de informações não processadas, que para se ter um desenvolvimento cognitivo, social
terminam por gerar uma sobrecarga cognitiva e afetivo saudável, é preciso equilibrar a relação
ao invés de conhecimento. entre a interação virtual e a social, realizada por
Os resultados da pesquisa apresentam um meio de atividades lúdicas e esportivas e dos
conjunto de problemas que pode ser investiga­ laços afetivos.

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Silva TO & Silva LTG

SUMMARY
The social, cognitive and affective impacts at the generation
of teenagers connected to the digital technologies

Introduction: According with the data of the Manager Committee of internet


in Brazil (2014), around 81% of the teenagers uses internet every day, showing
the comprehensiveness of the use of digital technologies and showing the
importance of the scientific investigation about related themes. Objective: The
following paper has the objective of discuss, by the psychopedagogic insight, the
consequences of the indiscriminate use of digital technologies by the teenagers.
Method: It is a bibliographic study, with an exploratory bias, about the theme.
Therefore, it was formulated the following guiding question: In which way the use
of digital technologies affects the teenagers in a social, affective an educational
scope? Results and Conclusion: The text presents the information’s collected
and systemized in sections, that feature the affective implications, mainly in
family relation; social, approaching questions that affect the real and virtual
social relations; and cognitive, highlighting the changed cerebral functions and
the effects in learning. As the main results stand out: the family conflict, caused
by detachment and lack of dialogue; the prominence of superficial relations and
false intimacy and the illusion that everything is possible; obstacles in learning
because of the internet dependency, anxiety disorders and attention deficit.

KEY WORDS: Teenagers. Cognition. Family. Psychopedagogy. Infor­mation


Technology.

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Trabalho realizado na Universidade Federal da Artigo recebido: 18/3/2017


Paraíba, João Pessoa, PB, Brasil. Aprovado: 28/3/2017

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