You are on page 1of 15
UNIVERSIDADE FEDERAI DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA Dolarizacao artificial no Brasil X dolarizacao espontanea na Argentina: uma analise das experiéncias pré-estabilizacao n° 369 Joao Sicsa Textos para Discussdo UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE ECONOMIA Serie Textos para Discussdo - n° 369 DovarizacAo ArmiFiciaL No Brasit X Dotarizacho EspontANEa NA ARGENTINA: UMA ANALISE DAS EXPERIENCIAS PRE-ESTABILIZACAO) JutHo ve 1996 Joao Sicsu eg ‘"-Este texto apresenta alguns desenvolvimentos da pesquisa iniciada pelo autor em artigo publicado na Revista de Economia Politica 16(2): pp.71- 85 - ver Sicsti (1996). A pesquisa que deu origem a este texto faz parte do Projeto de Estudos da Moeda e Sistemas Financeiros do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O autor agradece 0 apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e Tecnolégico (CNPq). '-Doutorando do Instituto de Economia da UFRJ. N.° Registro:, . Carlos Lessa . René Louis de Carvalho . Carlos A. de Medeiros . José E. Cassiolato . Adilson de Oliveira . David Kupfer ; Glducia Aguiar : Jorge Amaro ang zo+e Ana Lucia Ribeiro = Revisao: Paola Lobo Brollo .! Secretéria: Joseane de 0, Cunha TT Ac Impresséo: Célio de Almeida Mentor Olavio da Silva Inacio Diretor Ger Diretor Adj. de Graduagao: Diretor Adj. de Pés-graduagéo: i de Pesquisa: FicHa CATALOGRAFICA SICSU, Jodo Dolarizag4o artificial no Brasil X Dolarizagdéo esponta- nea na Argentina: uma analise das experiéncias pré-estabili- zacao. -- Rio de Janeiro: UFRJ/IE, 1996. 26 p.; 21cm. -- (Texto para Discussdo, IE/UFRJ; n. 369) 1, Estabilizacdo Econémica - Argentina. 2. Estabilizacao Econémica - Brasil. |. Titulo. Il. Série. © Programa Editorial do IE/UFRJ (sucessor dos Programas Editoriais do IEl ¢ da FEA/UFR4), através das séries “TEXTOS PARA DISCUSSAO”, “TEX- TOS DIDATICOS” ¢ “DOCUMENTOS”, publica artigos, ensaios, material de apoio aos cursos de graduagdo e pés-graduacao e resultados de pesquisas produzidos por seu corpo docente. Essas publicagées, assim como mais informagées, encontram-se dispo- niveis na livraria do Instituto de Economia, Av. Pasteur, 250 sala 4 (1° andar) = Praia Vermelha - CEP: 22290-240 / C.P, 56028. - Telefone: 295-1447, ramal 224; - Fax 541-8148, A/c Sra. Joseane de O. Cunha. SumARIO Resumo 1. Introdugaéo ll. Fundamentos tedricos da URVerizacao e a Funcionalidade da Dolarizacdo Ill. Medida do grau de URVerizacao-Dolarizacéo das economias brasileira e argentina: breves consideragdes sobre 0 método IV. Medida do grau de URVerizagaéo da economia brasileira: resultados obtidos e conclusées V. Medida do grau de Dolarizacéo da . economia argentina: resultados obtidos ¢ conclusdes VI. Sumario e Conclusées Notas Referéncias Bibliograficas Ultimos Textos Publicados 13 19 22 23 24 26 Resumo O Plano Real, entre margo e junho de 1994 - 0 perfodo anterior & estabilizacgdo de 1° de julho do mesmo ano — introduziu na economia um indexador didrio de precos e salarios chamado Unidade Real de Valor (URV). A URV visa- va a sincronizar os reajustes de pregos, ou seja, encontrar um vetor de equilibrio de pregos relativos. Na Argentina, no perfodo anterior ao Plano Cavallo, que foi implementado no dia 1 de abril de 1991, os agentes econémicos precificavam, assinavam contratos e validavam grande parte de suas divi- das em délar: a economia argentina estava dolarizada. A URV teria na economia brasileira a mesma fungéo que oO ddélar desempenha em processos inflacionérios agudos e nas hiperinflagées: alcancar um vetor sustentavel de precos re- lativos. Entretanto, demonstra-se que 0 processo de dolarizagdo desenvolvido artificialmente no Brasil (a URVerizagao) no cumpriu o papel que a dolarizagéo espon- t4nea desempenhou na Argentina. eee In the period before the stabilization — from March to June of 1994 — the Real Plan introduced into Brazilian economy a device called Unidade Real de Valor (URV) to set relative prices. The URV intended to be a diary index-number to balance relative prices and wages. In Argentine, in the period before Cavallo’s Plan, economy was full dollarized: agents made prices in dollars, assigned contracts in dollars and validated their liabilities in dollars-cash. The URV would play the same role dollar plays into sharp inflationary and hiperinflationary regimes: to balance relative prices and remunerations. However, the article shows up the URV did not play into Brazilian economy the same role dollar did in Argentine. e Série Textos para DiscussAo I. IntRopugAo Como parte do Plano Real de combate a inflagdo alta e crénica, foi introduzido na economia brasileira, entre marco e junho de 1994, 0 periodo anterior 4 estabilizagéo, um indexador didrio de precos e saldrios - chamado Unidade Real de Valor (doravante URV). Tal indexador era amarrado na variagdo da taxa de cambio e o seu objetivo era reprodu- zir na pratica as condigées da dolarizagdo sem que a econo- mia estivesse dolarizada: a URV coordenaria o movimento de precificagdo alinhando o vetor de precos relativos. Bresser Pereira argumentava, a época, que com a introdugdo da URV teria-se no Brasil ”,..reajustes didrios de pregos, que estari- am, portanto, sendo aumentados de forma sincrénica” (1994, p.137). Na Argentina, no periodo imediatamente anterior ao Plano Cavallo de estabilizagdo, que foi implementado no dia 1 de abril de 1991, os agentes econé- micos precificavam generalizadamente sem utilizar a unidade de conta oficial, o austral. Pregos e contratos eram firmados espontaneamente em dolar e, até mesmo, grande parte das transagées eram validadas em dédlar cash. O délar americano desempenhou as trés fungées cléssicas da moeda — unidade de conta, meio de troca e reserva de valor — no perfodo pré- estabilizagéo na economia argentina. Neste artigo, assume-se a tese de que o objetivo da URV era induzir a economia brasileira a sincronizar os reajus- tes de precos. A URV desempenharia 0 mesmo papel que o délar cumpre em processos inflacionarios agudos e nas hiperinflagdes: encontrar um vetor sustentdvel de precos relativos. A URVerizagao da economia seria téo funcional quanto é a dolarizagdo que normalmente ocorre em proces- sos inflaciondrios mais intensos. Contudo, mostra-se que o processo de dolarizagao artificial (a URVerizagao) tentado no Brasil ndo cumpriu o papel que a dolarizagéo espontanea desempenhou na Argentina. Em verdade, demonstra-se que, enquanto no Brasil, a URV nao cumpriu o papel de instru- 7 | Instiruto pe Economia . UFRJ mento sinalizador da reorganizacdo do sistema de pregos relativos, o délar eficientemente desempenhou esta funcdo na Argentina. A seguir 0 artigo esta dividido em quatro secées. Pri- meiramente, apresenta-se a teoria que fundamentou a reali- zacéo de uma fase preparatéria anterior a estabilizagdo no Brasil, a fase da URV, e evidencia-se o papel que o doélar cumpre nos processos inflaciondrios agudos e nas hiperinflagdes. Na secdo seguinte, exp6e-se o método utili- zado para aferir se a URV, no Brasil, e o délar, na Argentina, foram instrumentos eficazes de alinhamento de pregos nos respectivos perfodos pré-estabilizagéo. Posteriormente, apre- sentam-se os resultados e as conclusdes do teste realizado para o caso brasileiro. E, por ultimo, adota-se o mesmo procedimento para o caso argentino. Il. Funpamentos TeOrIcos pA URVeRIZAGAO E A Funcionauipave DA Dotarizacao A economia brasileira viveu anos sob a alta inflacado. Este contexto inflaciondrio possui caracterfsticas especificas que o diferem de qualquer ténue e/ou passageiro processo inflaciondrio. Neste regime, a moeda-de-conta oficial (o cru- zeiro, 0 cruzeiro novo, o cruzado ou cruzeiro real) desapare- ceu dos contratos, pois utilizd-la seria uma atitude irracional, significaria aceitar a priori contratos cujo valor futuro seria incerto em fungao da volatilidade da inflacdo e da dispersado de precos relativos causada pelo préprio processo inflaciona- rio. Portanto, cada grupo de agentes adotou uma nova uni- dade de conta para proteger seus compromissos (recebimen- tos e pagamentos) contratuais futuros. Existiram, também, certas operagées que tinham cldusulas especificas de corre- ¢ao/indexagao. Cada unidade de conta ou regra de indexacéo 8 Série Textos paRA DiscussAo estabelecida estava intimamente relacionada com os desejos de apropriacéo do produto de cada grupo social. No Brasil, vivendo anos sob o regime de alta inflacdo, os agentes econémicos perceberam que, apesar da indexagdo, suas remuneragées reais oscilavam. Assim, todos desejavam se manter na conhecida posic&o de pico. Cada grupo de agentes vivenciava episodicamente uma situacdo de pico e avaliava que tal posic&o era, com toda certeza, sustentavel para si e, talvez, para os demais. Além disso, periodicamente experimentavam novamente a situacdo dese- jada. Desta forma, confirmavam que suas aspiragdes eram possiveis. E cada grupo conquistava a posicdo desejada em algum momento do tempo. Mas, logo em seguida, ta! posi- gao dissipava-se pelo simples movimento dos demais. Esta situacgdo indesejada era o estimulo para um novo combate de reconquista da posi¢&o perdida. Este € 0 mecanismo que explica 0 permanente desalinhamento do sistema de precos telativos e as constantes reivindicagdes de recuperagdo de perdas salariais durante o regime de alta inflagdo no Brasil. Se na alta inflacéo os agentes abandonam a moeda-de- conta oficial, nos processos inflaciondrios mais agudos e nas hiperinflagdes, abandonam os indices que refletem a inflacéo passada: os empresdrios adotam as variagdes do délar como referéncia para os seus reajustes, enquanto os trabalhadores exigem a adogdo da mesma regra para os salarios (Merkin, 1988). Com a inflagao se acelerando, uma média que reflete as variagdes de precos do més anterior torna-se inutil para uma economia que tem seus pregos se elevando praticamen- te dia-a-dia. Os agentes deixam de considerar relevantes as variacdes de precos passadas. As economias contaminadas pela inflagéo aguda ou pela hiperinflagdo, tais como a eco- nomia argentina no perfodo anterior ao Plano Cavallo’, ao mesmo tempo que se dolarizam, se diarizam. O acirramento paulatino do conflito distributivo leva & diarizagdo/dolarizagao das economias de inflagdo aguda.” 9 Instituto pe Economia . UFRJ - Um regime de inflagéo aguda caracteriza-se basicamen- te pela conformacgdo de um contexto propicio a eclosdo de crises cambiais que desembocam em processos ou episddios hiperinflacionérios. Dois episddios desta natureza marcaram © perfodo anterior ao Plano Cavallo na Argentina — de feve- reiro a junho de 1989 e de dezembro deste ano a marco de 1990. Durante estes eventos, o grau de monetizacaéo da economia caiu a niveis minimos. Contidas as crises, havia uma certa recuperacao do uso do austral, entretanto, jamais atingia-se os nfveis anteriores. (Situacién LatinoAmericana, 1990, p.11) As politicas econémicas de derrubada das duas hiperinflagées foram eficazes para reduzir as taxas de vari- acao do nivel de precos, contudo, no eram eficazes para derrubar as expectativas de uma nova crise cambial ou, equivalentemente, as expectativas de um novo episddio hi- perinflacionario. Nesse sentido, embora tenha havido uma reducao drdstica das taxas inflaciondrias com o fim das hiperinflagdes, a dolarizagéo da economia permanecia — por- que representava a melhor estratégia defensiva individual diante da esperanca de novas crises. Na fase mais avancada dos processos inflacionérios agudos e das hiperinflagdes, as estratégias defensivas sao t&o aprimoradas que qualquer tentativa de mudanca de po- sic¢do relativa torna-se ineficaz (Cardim de Carvalho, 1990). Somente é possivel permanecer na posicdo que os resulta- dos do conflito determinaram. As remuneragdes permanece- rao em algum ponto entre as antigas posigées de pico e vale. O poder de mercado de cada agente determinard se sua remuneracao ficaré mais préxima de um ponto ou de outro. A hiperinflagaéo e os processos de inflagéo aguda, portanto, congelam um perfil de saldrios e precos relativos. Enquanto na alta inflagdo buscava-se o pico, na hiperinflagdo e nos processos inflaciondarios agudos tenta-se permanecer na po- sicdo onde foi possivel sobreviver. A diarizacéo reorganiza, portanto, as demandas pelo produto social e expressa-as em uma tinica moeda de conta: 10 Série Textos para DiscussAo o délar. Assim, 0 produto existente é coerentemente repar- tido entre seus demandantes, isto 6, a soma das remunera- cées dolarizadas expressa 0 valor real da renda. Nesse sen- tido, a diarizagdo deixa a economia pronta para sofrer uma teforma monetéria estabilizadora. Com a diarizagéo do pro- cesso econémico, o calculo de perdas passadas € suprimido do cotidiano dos agentes. Assim, é eliminada uma das prin- cipais fontes perturbadoras do perfil distributivo alcancado. Um plano de derrubada do regime de alta inflacdo deve, portanto, necessariamente reorganizar o rol das demandas sociais pelo produto, compatibilizando-as e unificando-as em uma (inica unidade monetaria. Nas hiperinflagdes € nos pro- cessos de inflacao aguda, isto ocorre como consequéncia da aceleracéo avassaladora dos precos. Na alta inflacéo, as condigdes propicias a estabilizacao nao surgem espontanea- mente. Nesse sentido, devem ser estimuladas artificialmente com politicas econémicas. No Brasil, a URV foi criada com 0 objetivo de cumprir 0 mesmo papel que o dolar cumpre nos processos inflaciondrios agudos e nas hiperinflagdes. A URV foi criada para diarizar a economia, para organizar a demanda pela renda real. A soma de todas as remuneragoes em URV deveria ser exatamente igual ao valor do produto medido na mesma unidade. O objetivo da fase pré-estabilizagao do Plano Real era introduzir a URV como principal instrumento para auxiliar a reorganizagdo das demandas sociais em novas bases, ou seja, expressar as demandas em uma unica unidade de conta e fixd-las consistentemente com a magnitude do produto. A diarizacdo da economia via URVerizagao, entre outras medi- das, era a principal ferramenta utilizada na busca deste ob- jetivo. Alcangado um perfil aproximadamente estavel do sis- tema de remuneracées e pregos relativos, executaria-se uma reforma monetaria que materializaria a URV em meio de pagamento, o Real.* Esta era também a expectativa do professor Bresser Pereira no periodo anterior a estabilizagdo no Brasil: 1 Instrruro be Economia . UFRJ "A inércia inflaciondria deriva da assincronia nos reajus- tes de precos, que sdo aumentados defasadamente. E preci- samente esse problema que o Plano [de] Fernando Henrique vem resolver ao introduzir (...) a Unidade Real de Valor. Ao adotd-la o objetivo é permitir que os pregos de cada merca- doria aumentem todos os dias, como acontece nas economi- as dolarizadas, em que o indexador é a variagdo da taxa de cambio. Uma vez obtida essa sincronizagéo dos aumentos dos precos, bastard fazer uma reforma monetéria, transfor- mar o indice-moeda URV em moeda..." (Bresser Pereira, 1994, p.138) I]. Meoiva po crau pe URVeRIzAcAo-DotarizacAo Das ECONOMIAS BRASILEIRA E ARGENTINA: BREVES CONSIDERACOES SOBRE O METODO Se os precos de uma economia, durante algum tempo, seguem praticamente a mesma trajetéria, ou seja, variam em uma mesma direcdo e medida, pode-se dizer que existe um perfil estavel do vetor de pregos, isto 6, um alinhamento de precos relativos. Este, por sua vez, 6 reconhecidamente fun- damental para garantir 0 sucesso das reformas monetérias estabilizadoras, pois atenua os conflitos distributivos e elimi- ha, portanto, pressdes inflaciondrias durante a fase inicial da estabilizagdo. Se a variagdo percentual dos precos na moeda nacional foi aproximadamente coincidente com a variagaéo percentual do indexador utilizado, durante a fase pré-estabi- lizagdo, pode-se afirmar que o sistema de precos relativos estava equilibrado. Para testar se este objetivo foi alcangado com o auxilio da URV, no Brasil, e com o délar, na Argen- tina, estimou-se o grau de URVerizagaéo e o grau de dolarizagdo dos precos de diversos itens e setores das eco- nomias brasileira e argentina, respectivamente. 12 Série Textos para DiscussAo Para medir os graus de URVerizacao e de dolarizacao, calculou-se o grau de correlacdo entre a variacao percentual dos precos de diversos itens e (de varios setores) e a vari- acdo percentual do valor da URV, para 0 caso brasileiro, e a variagdo do délar, para o caso argentino. Para medir o grau de URVerizacao, foram utilizados os dados fornecidos pelos boletins mensais do DIEESE (Departamento Intersindical de Estudos Estatisticos e Sécio-Econémicos) relativos a varia- cdo percentual dos precos de inumeros itens da cesta de consumo das familias com renda de um a trés saldrios mi- nimos e, também, os ntmeros da coleta didria de variagado dos precos dos itens da cesta basica (DIEESE/PROCON-SP). Para medir o grau de dolarizac&o na Argentina, utilizaram-se os dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatistica y Censos {INDEC) e pela CEPAL. Nesse sentido, a andlise do grau de URVerizagéo mostraraé o grau de relacionamento entre a varidvel prego e a URV e a andlise do grau de dolarizagéo mostrara o grau de relacionamento entre a vari- avel preco e o délar. O grau de URVerizagéo mede, portanto, o grau de aderéncia da curva de variagdo percentual dos precos no Brasil em relagao a trajetéria da curva de variagao percentual do valor da URV. E 0 grau de dolarizagdo mede, por sua vez, 0 grau de aderéncia da trajetéria da curva de variagdo per- centual dos pregos na Argentina em relagéo a trajetéria da curva de variacdo percentual do valor do dolar. Nesse sen- tido, um setor com um elevado indice de dolarizagao possuiu uma curva de variacdo percentual do seu prego bastante préxima da curva de variacdo percentual do valor do dolar no perfodo imediatamente anterior a estabilizacdo. Idealmente, se os precos relativos estavam mudando tanto no Brasil como na Argentina exclusivamente por causa da inflacdo, todos os precos deveriam ter obtido respectivamente um grau de URVerizacéo e de dolarizagéo préximo de 100%. Desta forma, as reformas monetarias estabilizadoras ocorre- tiam em condigées mais favordveis. Com graus préximos a 13 Instituto pe Economia . UFRJ Série Textos para DiscussAo 100%, as trajetérias das curvas de variac&o percentual dos pregos das economias brasileira e argentina praticamente coincidiriam respectivamente com a curva de variagdo per- | centual do valor da URV e do délar. URVerizacao Grau de fom %) 63.9 22.8 16.3 1 12.9 | IV. Mepipa po Grau bE URVerIzagAo DA ECONOMIA BRASILEIRA: RESULTADOS OBTIDOS E CONCLUSOES | | IV.L. ANALISE DOS ITENS DA CESTA DE CONSUMO Da cesta de consumo utilizada para a produgéo do indice de inflagdo mensal do DIEESE, foram pesquisados oito setores totalizando vinte e oito itens (ver Tabela 1). Dos itens analisados, apenas seis obtiveram grau de URVerizacao entre 60 e 90%. Vinte e um itens obtiveram grau de URVerizacdo abaixo de 60%. Apenas os “Servicos Publicos”, que foram na sua maioria URVerizados pelo Governo no perfodo anterior & estabilizag&o, alcangaram um elevado [n- dice de URVerizac&o, 98.5%. Diferentemente do Governo Federal, os Governos Locais {prefeituras) que controlam e { autorizam os reajustes dos “Transportes Coletivos” nao uti- “~ lizaram a variagéo percentual da URV como balizador dos reajustes que concediam mensalmente para este item. Seu grau de URVerizacdo foi reduzido, apenas 22.5%. Itens dos diversos setores VESTUARIO 1) Roupas para Homens 2) Roupas para Senhoras 3) Roupas para Criancas 4) Calcados SAUDE 1) Asistencia a Saude 2) Medicamentos 3)Outros Produtos Farmacéuticos EQUIP. DOMESTICO 1) Méveis URVerizagao 98.5 48,7 9 Grau de (om %) 1 2.8 83.7 30.4 70.5 8. de Reparacéo HABITACAO 2) Servicos Publicos 1) Locagao @ Taxas 3)Servicos e Mat. Grau DE URVERIZAGAO DE DIVERSOS ITENS DA ECONOMIA BRASILEIRA- MARGO A JUNHO/1994 TABELA 1: Itens dos diversos setores ALIMENTACAO 1) Cereais, Massas e Farinhas 2) Carnes e Derivados 3) Leite e Derivados 4) Artigos de Sobremesa 5) Frutas 4) Manutencéo do Domicilio = ui 14 17.8 2) Utensilios Domésticos 40.2 5) Compra da Casa Prépria 86.4 3) Eletrodomésticos TRANSPORTE EDUCACAO/ CULTURA 22.5 1) Transporte Coletivo 40.8 1) Mensalidades e Taxas Escolares 2) Transporte Individual Instituto ve Economia . UFRJ 89.3 2) Livros RECREACAO/ FUMO 12.5 3) Material Didatico 53.9 1) Recreagao 82.1 4) Jornais e Revistas 54.6 2) Fumo bes elaborado pelo autor com base nos dados dos boletins mensais do DIEESE © com base nas informag concedidas diretamente pelo DIEESE-SP. Fonte: = a Série Textos para DiscussAo Para aqueles itens cujo reajuste de precos era regulado por regras estabelecidas contratualmente, tais como “Loca- cdo e Taxas", “Compra da Casa Prépria” e "Mensalidades e Taxas Escolares”, era esperado que o grau de aderéncia das variagdes de seus pregos em relacao as oscilagdes da URV fosse baixo. Respectivamente, obtiveram os seguintes resul- tados: 6.1%, 17.9% e 1.3%. O reduzido grau de URVerizagdo destes itens pode ser explicado por dois moti- vos. Primeiro, os contratos que jd estavam em vigor no perfodo que antecedeu 4 estabilizacdo continham regras pré- prias de reajuste, fixadas anteriormente a existéncia da URV. E, segundo, os novos contratos, embora tivessem a obriga- cao de fixar regras de reajuste de acordo com a variagao da URV, nao obedeceram a regra de conversio pela média dos pagamentos passados. Exemplos, amplamente conhecidos, da indiferenca em relagéo & URV sao as renovagdes dos contratos de aluguéis realizadas durante o perlodo margo- junho de 1994. IV.IL ANALISE DOS SETORES DA CESTA BASICA A analise da variagéo percentual didria da URV e da variagdo percentual dos precos no mesmo periodo dos seto- res alimentac&o, higiene e limpeza da cesta basica (DIEESE/ PROCON-SP} mostra resultados semelhantes aos obtidos nos itens da cesta de consumo do Indice de inflacéo do DIEESE, isto 6, demostram que 0 conjunto dos precos ndo estavam URVerizados no perfodo imediatamente anterior a estabiliza- Gao. Os graus de URVerizacado obtidos foram os seguintes: setor “Alimentagdo”, 13.6%; “Higiene”, 13.3% e “Limpeza", 11.6%. O Grdfico 1 ilustra que, de fato, a trajetéria da variagdo didria da URV nao foi acompanhada pela trajetéria dos precos destes setores.® 77 ariacdo percentual didria dos pregos dos GRAFICO 1 - Economia Brasilei iene e limpeza e da URV setores alimentagao, hi Instrruto ve Economia . UFRJ ALIM ------~ LIMP Serie Textos Para DiscussAg 4; RIB = Em concluséo, pode-se afirmar que, dado o baixo grau de URVerizagdo observado na economia brasileira, a URV nao funcionou como instrumento sinalizador para facilitar a reorganizacéo do sistema de precos relativos. A URV nao cumpriu durante o regime de alta inflacfo o mesmo papel que o ddlar espontaneamente cumpre nas hiperinflagées e nos processos inflaciondrios mais agudos. O exercicio reali- zado neste artigo comprova que a URV ndo cumpriu o papel destacado pela teoria de sua criagdo. Pode-se concluir, ainda, que os precos relativos nado estavam alinhados ao final da etapa do Plano Real que an- tecedeu a estabilizagéo. Se €é uma caracteristica do regime de alta inflagéo o permanente desequilibrio do sistema de precos e a URV nao cumpriu o seu papel, entdo, tal conclu- sio é factivel. Nesse sentido, a reforma monetaria estabilizadora, ou seja, a substituigéo da velha moeda pelo real, foi implementada em um contexto desfavordvel. Um contexto sujeito a pressGes inflaciondérias advindas dos seto- res que tiveram seus precos-defasados.® Contudo, observou- se que estas potenciais pressées altistas ndo se efetivaram € 0 Plano Real foi bem sucedido nos primeiros meses da fase de estabilizagao.” O exercicio realizado no artigo nao permite, contudo, que se conclua que a URV nao foi util a estabilizacdo no Brasil. Constatou-se, tao somente, que a URV nao desempe- nhou a sua fungao tedrica-idealizada. Entretanto, arrisca-se uma conclus&o mais ousada. Embora este nao seja o espaco adequado para se avangar neste rumo, afirma-se que a URV cumpriu, na pratica, um outro papel. Diferentemente das expectativas dos tedéricos, em geral, e da equipe econémica, em particular, a URV foi uma forma eficaz de converter saldrios pela média sem produzir insatisfacées sindicais. Com a introdugao da regra de reajustes de saldrios em cruzeiros reais com base na variagao da URV, atendeu-se no periado pré-estabilizagéo uma antiga reivindicacdo sindical.® As ren- das contratuais tiveram os seus perfodos de recomposicéo 19 Instituto pe Economia . UFRJ reduzidos, portanto, os salarios passaram a incorporar de forma mais rdépida as perdas geradas pela inflagdo. A URV cumpriu apenas, mas nao irrelevante, papel de conter as pressées inflaciondrias advindas das potenciais reivindicagdes dos sindicatos. \V. Mepipa po Grau DE DoLarizA¢Ao DA ECONOMIA ARGENTINA: RESULTADOS OBTIDOS E CONCLUSOES A anélise da variacdo percentual mensal do délar e da variagdo percentual dos pregos no mesmo periodo dos seto- res “Agricultura”, “Indtistria”, "Servicos Publicos”, “Cons- trugao” e “Alimentos” da economia argentina mostra resul- tados bastante diferentes daqueles obtidos pela economia brasileira, isto €é, demonstra que 0 conjunto dos pregos es- tavam dolarizados nos treze meses anteriores ao Plano Cavallo {margo/90 a marco/91). Os graus de dolarizagao obtidos foram os seguintes: setor “Construgdo”, 81.0%; “Agricultura”, 63.3%; “Industria”, 81.3%; “Alimentos”, 59.9% e “Servigos Ptiblicos”, 57.3% (ver tabela 2}. O mais baixo grau de dolarizacao dos “Servicos Publicos” pode ser explicado por duas posturas governamentais. Primeiro, pelas tentativas de desacelerar & taxa de inflagéo com o uso do instrumento classico de reajustar as tarifas a uma taxa infe- rior A taxa de inflagdo e, segundo, pelas decisdes eventuais do Governo de recuperar perdas no setor reajustando as tarifas a uma taxa superior a taxa de inflagdo. A despeito desta qualificagao, os graficos 2 e 3 ilustram que, de fato, a trajetéria da variagao percentual mensal do délar foi acom- panhada pela trajetoria dos precos dos setores mais impor- tantes da economia argentina. 20 Série Textos para DiscussAo TaBeLa 2: Grau DE DoLarizAcAO DE DIVERSOS SETORES DA ECONOMIA ARGENTINA - MaR/1990 a mar/1991 Setores _ Grau de Dolarizagio CONSTRUCAO , 81.0 AGRICULTURA 63.3 INDUSTRIA 81.3 SERVICOS PUBLICOS 57.3 ALIMENTOS 59.2 Fonte: elaborado pelo autor com base nos dados publicados pelo INDEC e CEPAL. Pode-se concluir, portanto, que os precos relativos estavam praticamente alinhados no perfodo pré-estabilizacao na Argentina. Nesse sentido, a reforma monetaria estabilizadora, ou seja, a substituigdo da velha moeda, o austral, pelo peso, foi implementada em um contexto favo- ravel. Um contexto que nao estava sujeito a pressées infla- cionérias advindas dos setores que, por ventura, tiveram seus precos-defasados durante a fase que antecedeu a esta- bilizacdo. GRAFICO 2- Economia Argentina: va elo percentual mensal dos pregos da indistria, agricultura, servigos pablicos e do délar ~ ‘indo percenmal 70 13 Instituto pe Economia . UFRJ GRAFICO 3 Economia Argentina: variagdo percentual mensal dos pregos dos alimentos, construgio ¢ do détar ‘ariagio peroneal - consru¢ao ~ alimenns: Em conclusio, pode-se afirmar ainda que, dado o alto grau de dolarizagao observado na economia argentina, a taxa de cambio funcionou como instrumento sinalizador para fa- cilitar a reorganizagao do sistema de precos relativos. O délar cumpriu, durante o regime de inflagéo aguda, o papel que era esperado que a URV cumprisse no Brasil. O exercicio realizado neste artigo comprova que o délar cumpriu espon- taneamente o papel que o mecanismo artificial da URV nao desempenhou. Cabe observar que a economia argentina ine gressou em um profundo processo de dolarizagdo devido as caracteristicas do seu regime inflaciondrio - tal como foi explicado na segao Il. Contudo, a disseminacéo do délar neste Pais foi facilitado devido a inexisténcia de indexadores oficiais estabelecidos e calculados por érgéos governamen- tais tal como, durante anos, foi a correcéo monetdria no Brasil. 22 Serie Textos para DiscussAo VI. SumArio & ConcLusdes Neste artigo, assumiu-se a tese de que o objetivo da URV era induzir a economia brasileira a encontrar um vetor de equilibrio de precos relativos. Atribuiu-se 4 URV 0 mesmo papel que o ddélar cumpre em processos inflaciondrios agudos e nas hiperinflagées, tal como o regime de inflacdo argentino do perfodo 1989-91. Entretanto, demonstrou-se que a tenta- tiva de dolarizagao artificial (a URVerizagao) da economia brasileira nao foi bem sucedida. Mostrou-se que, enquanto no Brasil, a URV nao cumpriu o papel de instrumento sinalizador da reorganizac&o do sistema de precos relativos, o délar eficientemente desempenhou esta funcdo na Argen- tina. Cabe destacar que a disseminacéo do délar neste Pais foi facilitado em raz&o da inexisténcia de qualquer indexacao formal-oficial — diferentemente do Brasil. O exercicio desenvolvido no texto nao permitiu, contu- do, que se concluisse que a URV nao foi Util ao plano de estabilizacdo no Brasil. Demonstrou-se, unicamente, que a URV nado desempenhou a sua funcao tedrica-idealizada. Con- tudo, arriscou-se uma conclusdo. Afirmou-se que a URV desempenhou, na prética, uma outra funcao. A URV foi um instrumento eficaz de convers&o dos saldérios pela média sem gerar pressées/insatisfacdées sindicais. Com a introdugdo da regra de reajustes salariais em cruzeiros reais com base na variagéo da URV, atendeu-se no perfodo anterior a estabili- zagéo uma antiga reivindicagao sindical: as remuneragdes dos trabalhadores tiveram os seus perfodos de recomposi¢ao teduzidos. Portanto, a URV cumpriu téo somente, mas nao irrelevante, papel de conter as pressées inflaciondrias advindas das potenciais reivindicagées dos sindicatos. Alguns economistas, entre eles André Lara Rezende (ex-membro da equipe econédmica do Governo brasileito), defenderam a idéia de que a URV teria cumprido a sua fungéo com mais eficdcia se o tempo de durac&o deste 23 Instituto pe Economia . UFRJ instrumento tivesse sido mais longo, talvez um ano - e, nao apenas quatro meses. Motivos polfticos-eleitorais talvez ex- pliquem o curto espago de tempo do experimento da URV. Entretanto, esta é uma possibilidade que, embora possa ser considerada, nao é evidente. Independentemente do motivo que explique a curta duragaéo do experimento, um fato tor- nou-se ébvio: se o periodo da URV tivesse sido mais longo, no minimo, isto enriqueceria a discussdo acerca do tema. Notas 1Uma discusséo sobre as medidas de estabilizagéo do Plano Cavallo, seus pontos fortes e suas fraquezas, pode ser encontrada em Batista Jr. (1993). 2-Para uma descrigao do processo de diarizagdo/dolarizagao da economia alema na década de 1920, ver Bresciani Turroni (1937). 3.Detalhes sobre os motivos politicos e econémicos que fizeram eclodir as duas hiperinflagdes na Argentina e uma descrigéo das medidas de estabilizagdo adotadas podem ser encontradas em Situacion LatinoAmericana, 1990 e 1991. 4.Detalhes sobre os objetivos da fase pré-estabilizagao do Real e sobre a reforma monetéria estabilizadora podem ser encontrados em Cardim de Carvalho (1994). ®.Testes para medir 0 grau de URVerizacdo com regras diferenciadas de reajuste de precos (por exemplo, a cada trés, cinco, sete ou dez dias) foram realizados em Sicsti{1996) ¢ em todos os casos foi encontrado um baixo indice de URVerizacao da economia brasileira no perfodo pré- estabilizagao. 6.Para a identificagdo de outros problemas relativos a reforma monetéria, ver De Paula & Sicsti, 1994. 7.Uma discusséio detalhada sobre as causas do sucesso do Plano Real nos primeiros meses de estabilizago, apesar do desalinhamento dos precos rolativos, pode ser encontrada em Sicst (1996). 24 Série Textos para Discussko ®.0s saldrios foram compulsoriamente URVerizados pela média dos meses de novembro, dezembro, janeiro e fevereiro, no primeiro dia de marco de 1994, Portanto, a partir desta data estavam fixos em URV, mas eram reajustados em cruzeiro real més a més de acordo com a variacio do valor da URV. Esta, por sua vez, variava aproximadamente segundo a Ultima apuracao dos indices IGPM/FGV, IPC/FIPE © IPCA/IBGE. REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS: BATISTA Jr., P.N. “Crisis monetaria, dolarizaci6n y tipo de cam- bio". Revista de ja CEPAL n.50, ago., 1993. BRESSER PEREIRA, L.C. “A economia e a politica do Plano Real”. Revista de Economia Politica 14(4), out-dez., 1994. BRESCIANI-TURRONI, C. The Economics of Inflation. London: George Allan an Anwin, 1937. CARDIM DE CARVALHO, F. “Alta inflagdo e hiperinflagao: uma visio pés-keynesiana”. Revista de Economia Politica 10(4), out-dez, 1990. CARDIM DE CARVALHO, F. “Reforma monetéria, indexacaéo gene- ralizada e o Plano de estabilizagéo”. Revista de Economia Polftica 14(2), abr-jun., 1994. DE PAULA, L.F. & SICSU, J. “Afinal, quais séo as ancoras do Real?”. Folha de Sdo Paulo, 16 de agosto, 1994, MERKIN, G. Para uma teoria da inflagfio alema: algumas observa- Ges preliminares. In Rego, José Marcio (org.), Hiperinflacao: algumas experiéncias. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988. sicsU, J. “A URV e sua fungdo de alinhar pregos relativos”. Revista de Economia Politica, 16(2), 1996. SITUACION LATINOAMERICANA. ano 1, n. 0, noviembre, 1990. SITUACION LATINOAMERICANA. ano 1, n. 2, abril, 1991. 25 Instrruto pe Economia . UFRJ Uptimos Textos Pusticapos 368. 367. 366. 365. 364. 363. 362. 361. 360. 359. SICSU, Jodo. Uma critica & tese da indepenéncia do Banco Central. Rio de Janeiro: UFRJ/E, 1996. (25 pag.) CASSIOLATO, José Eduardo, As novas politicas de competitividade: a experiéncia dos principais palses da OCDE. Rio de Janeiro: UFRU/IE, 1996. (49 pag.) CASSIOLATO, José Eduardo, Innovation and dynamic of brazilian industry: the role of technology imports and local capabilities. Rio de Janeiro: UFRJ/IE, 1996. (77 pag.) CARDOSO, Larry Carris. Teoria dos Jogos. Rio de Ja- neiro: UFRJ/IE, 1996. (41 pag.) GONCALVES, Reinaldo. The theory of international trade: back to basics. Rio de Janeiro: UFRJ/IE, 1996. (23 pag.) SICSU, Jodo. A Tese da independéncia do Banco Cen- tral e a estabilidade de precos: uma aplicagao do mé- todo-Cukierman a histéria do FED. Rio de Janeiro: UFRJ/IE, 1996. (43 pag.) PAULA, Luiz Fernando Rodrigues de. Comportamento dos Bancos em alta inflagéo pés-keynesiana. Rio de Janeiro: UFRJ/IEl, 1996. (46 pag.) FREIRES, Laércio do Prado. Planejamento Estratégico em Organizagdes Complexas: a Experiéncia da Industria Petrolifera. Rio de Janeiro: UFRJ/IEl 1996 (62 pag.) FAGUNDES, Jorge. Reestruturacado da Oferta dos Ser- vigos de Telecomunicagdes no Plano Internacionais. Rio de Janeiro: UFRJ/IEI 1996 (70 pag.) SICSU, Joao. A URV e sua fungao de alinhar precos relativos. Rio de Janeiro: UFRJ/IEl 1996 (36 pag.) 26

You might also like