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Ap2 Antropologia
Ap2 Antropologia
Caráter local: Os sentidos particulares que ela adquire, dependem de contextos locais,
enlaçados, por sua vez, com processos históricos, particulares que são os que dão forma,
também local a instituições, práticas, memórias e atores. Essa dimensão local do sentido
da violência, nos leva também a afirmar seu caráter diverso. Neste contexto é correto
afirmar que, certos fenômenos dados como violentos para uns, a outros não o é. Os
fenômenos, os limites da violência tolerada, as condutas e as situações, variam de acordo
com cada sociedade ou grupo social, ou seja, com cada contexto local. Exemplo a
eutanásia, considerada violenta em certos grupos e aceita em certas sociedades.
Caráter relacional: como caráter relacional, queremos enfatizar que, quando um
comportamento (situação ou pessoa) é classificado como violento, não é o é, em termos
absolutos, mas sempre em relação a um comparativo de comportamento (situação ou
pessoa), não classificado como tal. Por exemplo: como não violento ou pacifico. Ou seja,
essa classificação é definida em termos contrastivos, sempre em relação a outros. Desse
caráter relacional e contrastivo, deriva também a idéia de a violência, enquanto categoria
nativa, ser uma categoria de acusação, isto é, expressando a idéia de que violentos são
sempre os outros. Dessa forma o próprio comportamento não é visto e definido como
violento, diferentemente, costumamos definir o comportamento ou reação dos outros como
violento, como forma de rejeitar, criticar e enfim, distinguir esse comportamento do nosso.
Em definitivo, violência é utilizada como uma categoria de acusação dos outros, onde o
violento e sempre o outro.
Caráter situacional ou contextual: Ao caráter contextual e situacional da violência, vale
reforçar a fato de os sentidos atribuídos à violência emergirem em contextos e situações
especificas de contato. Tais sentidos não estão relacionados a traços fixos e inerentes a
pessoas ou grupos, como se eles fossem natural, inata ou biologicamente violentas, pelo
contrario, insistimos no fato de a violência ser uma categoria social e culturalmente
definida. Isso, alias, define seu caráter variado, situacional e relativo: ora um ato é
considerado violento, ora não. As variáveis, que podem definir um ato ou pessoa como
violento ou não, dependem dos contextos nos quais se desenvolvem os acontecimentos,
dos atores envolvidos e dos valores morais próprios do grupo. Pensemos, por exemplo, no
caso do uso da força por parte das instituições policiais.