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Rescição Do Contrato de Trabalho
Rescição Do Contrato de Trabalho
DA FOLHA DE
PAGAMENTO
Aspectos teóricos
da rescisão de
contrato de trabalho
Rafaela Souza Pereira
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Neste capítulo, você vai aprender sobre os aspectos gerais abordados na Lei
n°. 12.506, de 11 de outubro de 2011 (BRASIL, 2011), que instituiu uma nova
forma de contagem do aviso prévio modificando a estrutura do art. 487 da
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) (BRASIL, 2017). Ademais, iremos
compreender as causas obstativas da rescisão contratual, identificar os tipos
de desligamentos de vínculo empregatício formal e as respectivas verbas
rescisórias, além de apontar indenizações adicionais e multas, tudo isso
correlacionado com a doutrina da reforma trabalhista que trouxe grandes
atualizações no ano de 2017.
Para compor nossa base de conhecimento iremos contextualizar os aspec-
tos primordiais do procedimento rescisório por meio de exemplos práticos
e da legislação aplicável, demonstrando como o fluxo de trabalho ocorre
em qualquer organização. A formação desse conteúdo lhe proporcionará o
2 Aspectos teóricos da rescisão de contrato de trabalho
demissões por justa causa amparadas pelo art. 482 da CLT (BRASIL, 2017).
A estabilidade provisória vem com a intenção de tranquilizar o empregado
para que ele possa continuar executando suas atribuições diárias sem a
preocupação de perder o emprego enquanto está em um momento de vul-
nerabilidade, mas isso não quer dizer que o trabalhador poderá deixar de
cumprir suas obrigações pactuadas em contrato de trabalho, já que existe a
possibilidade do desligamento por justa causa.
As causas obstativas no processo rescisório podem ser divididas em
duas fases que serão averiguadas no ato da homologação da rescisão do
contrato de trabalho.
Art. 10 – Até que seja promulgada a lei complementar a que se refere o artigo 7º,
II, da Constituição:
[...].
II – Fica vedada a dispensa arbitrária ou sem justa causa:
[...].
b) da empregada gestante, desde a confirmação da gravidez até cinco meses após
o parto (BRASIL, [2016], documento on-line).
título de multa do FGTS. O art. 484 – A da CLT, trazido pela reforma trabalhista,
chegou com o intuito de acabar com esse tipo de acordo, definindo que o
contrato de trabalho poderá ser extinto por:
Art. 484-A. O contrato de trabalho poderá ser extinto por acordo entre empregado
e empregador, caso em que serão devidas as seguintes verbas trabalhistas:
I - por metade:
a) o aviso prévio, se indenizado; e
b) a indenização sobre o saldo do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço, prevista
no § 1º do art. 18 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990;
II - na integralidade, as demais verbas trabalhistas.
§ 1º A extinção do contrato prevista no caput deste artigo permite a movimentação
da conta vinculada do trabalhador no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço na
forma do inciso I-A do art. 20 da Lei nº 8.036, de 11 de maio de 1990, limitada até
80% (oitenta por cento) do valor dos depósitos.
§ 2º A extinção do contrato por acordo prevista no caput deste artigo não autoriza
o ingresso no Programa de Seguro-Desemprego (BRASIL, 2017, documento on-line).
o demitido terá direito ao recebimento das férias que não gozou, incluindo
as vencidas ou em andamento, acompanhadas de 1/3 do valor dessa verba
(BRASIL, 2017). Vale ressaltar que se o integrante trabalhou uma quantidade
igual a 15 dias ou superior, contado pelo seu período aquisitivo, tem direito
a mais 1/12 avos dessa verba.
Para fundamentar o pagamento do 13º salário temos o art. 1° da Lei n°.
4.090, de 13 de julho de 1962 (BRASIL, 1962), segundo o qual o 13º salário
proporcional corresponderá a 1/12 da remuneração devida em dezembro,
por mês de serviço do ano correspondente. No caso de uma demissão sem
justa causa, o empregador pagará o valor proporcional aos meses traba-
lhados no ano corrente. Além desses direitos o empregado tem a liberação
das guias de seguro-desemprego e FGTS, prevista no art. 477, § 10º, da CLT
(BRASIL, 2017).
Ainda sobre o FGTS, o empregador pagará a multa de FGTS no valor de
40% do saldo para fins rescisórios contidos no extrato analítico da Caixa
Econômica Federal, acrescendo esse valor ao saldo já existente e recolhido
mensalmente no percentual de 8% da sua base de FGTS.
Todas essas verbas e a liberação da documentação (direito de fazer)
devem ser plenamente quitadas em até 10 dias a partir do final do contrato,
conforme disposto no art. 477, § 6º, da CLT:
Mas não é apenas o empregado que pode sofrer uma demissão por
justa causa; o empregador também está exposto caso cometa assédio
moral, sobrecarga na jornada e risco de vida. Se ocorrer a demissão por
justa causa do empregador, o empregado receberá o aviso prévio nos
mesmos moldes da demissão sem justa causa, férias vencidas e propor-
cionais com acréscimo do 1/3 constitucional, multa do FGTS e liberação
do seguro-desemprego.
Demissão consensual
Essa modalidade rescisória não existia, ela foi introduzida no ordenamento
jurídico juntamente com a reforma trabalhista em 2017 justamente para aca-
bar com o acordo entre as partes, mencionado no item anterior. A demissão
consensual está prevista no art. 484-A da reforma, na tentativa de legalizar
o acordo entre o empregador e empregado (BRASIL, 2017).
Nessa modalidade o desligamento é acordado entre o empregado e empre-
gador. Para esse tipo de rescisão contratual temos algumas particularidades
no que tange o direito do trabalhador, vejamos:
dobra de férias;
indenização adicional;
estabilidade provisória convertida em indenização;
demissão ou pedido antecipado do término do contrato de trabalho.
Dobra de férias
Essa indenização ocorre comumente nas empresas, pois apresenta um grau
de exposição maior, ou seja, uma empresa que não tem uma boa gestão sobre
os dados profissionais do seu integrante fica exposta ao pagamento do art.
137 da CLT, correspondente às “férias dobradas” (BRASIL, 2017), o que nada
mais é do que a não utilização do gozo das férias nos próximos 24 meses após
a aquisição do seu período de descanso. Quando isso ocorre, o empregado
tem como indenização o dobro da respectiva remuneração como forma de
reparo do dano causado, neste caso, o descanso adquirido através do seu
período aquisitivo. Vejamos o artigo:
Art. 137 - Sempre que as férias forem concedidas após o prazo de que trata o art.
134, o empregador pagará em dobro a respectiva remuneração. (Redação dada
pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)
§ 1º - Vencido o mencionado prazo sem que o empregador tenha concedido as
férias, o empregado poderá ajuizar reclamação pedindo a fixação, por sentença,
da época de gozo das mesmas. (Incluído pelo Decreto-lei nº 1.535, de 13.4.1977)
12 Aspectos teóricos da rescisão de contrato de trabalho
Indenização adicional
Nas demissões sem justa causa dentro do período de 30 dias que antecedem
a data base da categoria sindical, receberá em rescisão mais um salário
base a título de indenização adicional, amparado pelas Leis nº. 6.708, de 30
de outubro de 1979 (BRASIL, 1979), e nº. 7.238, 29 de outubro de 1984 (BRASIL,
1984, documento on-line), em seu art. 9º, que apresenta o seguinte texto:
“Art. 9 O empregado dispensado, sem justa causa, no período de 30 (trinta)
dias que antecede a data de sua correção salarial, terá direito à indenização
adicional equivalente a um salário mensal, seja ele optante ou não pelo Fundo
de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS”.
Os 30 dias que antecedem a data base da categoria sindical correspondem
ao período em que ocorrem as negociações das novas condições de trabalho,
como por exemplo, ajuste salarial, ajustes e inclusões de benefícios como
plano de saúde, vale refeição e alimentação. Vale destacar que nesse perí-
odo de negociação não será possível reduzir ou retirar as condições mais
favoráveis do trabalhador.
Destaque-se, ainda, que cada categoria sindical tem sua própria data
base e período de negociação. E que os que forem demitidos após o início da
vigência da data base receberão os benefícios da negociação em rescisão.
Vale salientar que a partir da Lei nº. 12.506/11, sancionada em 2011 (BRASIL,
2011), o aviso prévio deixou de ser de 30 dias fixados, podendo chegar até a
90 dias, conforme texto abaixo:
Art. 1º O aviso prévio, de que trata o Capítulo VI do Título IV da Consolidação das Leis
do Trabalho - CLT, aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452, de 1º de maio de 1943, será
concedido na proporção de 30 (trinta) dias aos empregados que contem até 1 (um)
ano de serviço na mesma empresa.
Parágrafo único. Ao aviso prévio previsto neste artigo serão acrescidos 3 (três) dias
por ano de serviço prestado na mesma empresa, até o máximo de 60 (sessenta)
dias, perfazendo um total de até 90 (noventa) dias (BRASIL, 2011, documento on-line).
Art. 479 - Nos contratos que tenham termo estipulado, o empregador que, sem justa
causa, despedir o empregado será obrigado a pagar-lhe, a título de indenização,
e por metade, a remuneração a que teria direito até o termo do contrato. (Vide
Lei nº 9.601, de 1998).
Parágrafo único - Para a execução do que dispõe o presente artigo, o cálculo
da parte variável ou incerta dos salários será feito de acordo com o prescrito
para o cálculo da indenização referente à rescisão dos contratos por prazo
indeterminado.
Art. 480 - Havendo termo estipulado, o empregado não se poderá desligar do
contrato, sem justa causa, sob pena de ser obrigado a indenizar o empregador dos
prejuízos que desse fato lhe resultarem. (Vide Lei nº 9.601, de 1998).
§ 1º - A indenização, porém, não poderá exceder àquela que teria direito o empre-
gado em idênticas condições. (Renumerado do parágrafo único pelo Decreto-lei
nº 6.353, de 20.3.1944).
se por algum motivo não forem pagas no prazo legal as verbas rescisórias ou
forem pagas no prazo mas de forma incompleta, o trabalhador terá direito
à percepção da multa do referido artigo.
Referências
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.
Brasília: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 13 dez. 2020.
BRASIL. Decreto-Lei n. 5.452, de 1 de maio de 1943. Aprova a Consolidação das Leis do
Trabalho. Brasília: Presidência da República, 1943. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del5452.htm#art2. Acesso em: 13 dez. 2020.
BRASIL. Lei n. 4.090, de 13 de julho de 1962. Institui a Gratificação de Natal para os
Trabalhadores. Brasília: Presidência da República, 1962. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l4090.htm. Acesso em: 13 dez. 2020.
BRASIL. Lei n. 6.708, de 30 de outubro de 1979. Dispõe sobre a correção automática dos
salários, modifica a política salarial e dá outras providências. Brasília: Presidência da
República, 1979. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/1970-1979/
L6708.htm. Acesso em: 13 dez. 2020.
BRASIL. Lei n. 7.238, de 29 de outubro de 1984. Dispõe sobre a manutenção da correção
automática semestral dos salários, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao
Consumidor - INPC, e revoga dispositivos do Decreto-lei n. 2.065, de 26 de outubro de
1983. Brasília: Presidência da República, 1984. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/leis/1980-1988/L7238.htm. Acesso em: 13 dez. 2020.
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