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CINEMA NOVO cinemanovistas, é fã do soviético

Serguei Eisenstein (1898-1948), diretor


Movimento de renovação da linguagem de O Encouraçado Potemkin (1925),
cinematográfica brasileira, que ocorre clássico do cinema mudo sobre uma
nos anos 1960 e início dos 1970, revolta de marinheiros.
marcado pelo realismo e pela crítica às
injustiças sociais ao retratar o Cacá Diegues define o clima da época
sofrimento de brasileiros que tentam como um delírio de fazer filmes
sobreviver num país desigual. Seus decisivos, a fim de mudar a história do
filmes se caracterizam pela concepção cinema, a realidade brasileira, o
de cinema autoral e pelo baixo mundo. O planeta fervilha com guerras
orçamento de produção. Os diretores de descolonização na Ásia e na África
que compõem o movimento buscam – como a Guerra da Argélia (1954-
imprimir uma linguagem própria e 1962) – e com o embate ideológico da
marcar diferença em relação ao cinema Guerra Fria – Cuba faz sua revolução
feito até então no Brasil. em 1959. O Brasil vive uma novidade,
um governo de esquerda: João Goulart
O movimento tem seus primórdios no (1961-1964), deposto em 1964 por um
fim dos anos 1950, quando um grupo golpe civil-militar que inaugura uma
de jovens se reúne no Rio de Janeiro ditadura de 20 anos.
para discutir os problemas do cinema
brasileiro e ver os filmes uns dos outros O “delírio” pode ser grandioso, mas se
em cineclubes. Na década seguinte, concretiza com simplicidade, por meio
são lançados os longas que fazem do de filmes anti-industriais, sem estúdios
cinema novo um dos movimentos mais nem grandes orçamentos. É uma
marcantes da cultura brasileira. crítica às produções da Companhia
Cinematográfica Vera Cruz (São Paulo)
Uma espécie de marco inaugural e da Atlântida Cinematográfica (Rio de
é Cinco Vezes Favela (1962), dirigido Janeiro), especialmente às
por um grupo que conta com diretores chanchadas, filmes de caráter
de cinema como Joaquim Pedro de humorístico, popular, muitas vezes
Andrade (1932-1988), Cacá Diegues parodiando o cinema dos Estados
(1940) e Leon Hirszman (1937-1987). Unidos. A meta é lutar contra o que se
Na sequência, são realizados filmes considera uma colonização cultural
como Os Cafajestes (1962), de Ruy sofrida pelo Brasil, fazendo filmes que
Guerra (1931), Vidas Secas (1963), sensibilizem o público para os
de Nelson Pereira dos Santos (1928- problemas do país. Filmes modernos e
2018), e Deus e o Diabo na Terra do contemporâneos aos cinemas novos de
Sol (1964), de Glauber Rocha (1939- outros países.
1981), entre outros.
Diegues afirma que a nouvelle
Parte desses filmes contém a chamada vague francesa e o pós-neorrealismo
Eztetyka da Fome, que Glauber torna italiano dão uma pista do que os
pública em 1965. Um dos mais notórios cinemanovistas buscam: uma política
integrantes do movimento, o diretor de grupo que os fortalece e um modo
defende que o homem latino-americano viável de fazer cinema, com filmagens
precisa comunicar sua miséria e reagir fora dos estúdios, luz natural e outros
a ela de forma violenta, algo que o recursos, de acordo com suas
cinema novo faz por meio de intenções cinematográficas. Como
personagens que comem terra e defende Glauber, o princípio é ter “uma
raízes, que roubam e matam para câmera na mão e uma ideia na
comer. Segundo ele, o homem cabeça”. Ao optar por esse estilo, o
colonizado é um escravo enquanto não cinema novo introduz elementos da
ergue as armas. Glauber, como outros moderna tecnologia audiovisual no
Brasil, como negativos de maior cultura política dos realizadores veem
sensibilidade e câmeras leves. os filmes. Sem acesso ao público, as
possibilidades de combater o
Sobra voluntarismo, mas falta imperialismo cultural e desalienar o
distribuição. Os filmes têm pouca povo ficam limitadas.
exibição nos cinemas brasileiros, mas
começam a ser vistos e premiados no Com a decretação do Ato Institucional
exterior. Isso atrai a atenção da crítica nº 5 (AI-5), em 1968, e o
europeia, interessada no então endurecimento da ditadura, fazer
chamado terceiro mundo e aberta ao cinema revolucionário se torna
cinema de autor. Entre 1960 e 1972, o perigoso, inviável. Glauber parte para o
cinema novo ganha 45 prêmios exílio, o movimento arrefece e acaba
internacionais, inclusive em Cannes. não se beneficiando da criação, em
Num festival na Itália, Gustavo Dahl 1969, da Embrafilme, dedicada a
(1938-2011) declara que sua geração fomentar a produção e distribuição de
não quer saber de cinema, e sim ouvir filmes – embora a existência dessa
a voz do homem. Esse conceito, que empresa pública seja considerada um
Glauber destaca como síntese do legado das batalhas do movimento.
movimento, é também apontado como
uma utopia e um erro, já que os O cinema novo é uma época de
cineastas não têm origem popular e produção intensa de filmes e ideias, em
não vivem em meio ao povo. que a ordem é fazer política por meio
do cinema, à margem do sistema e de
Com o passar do tempo e com o suas engrenagens comerciais,
reconhecimento, o movimento contrariando quase tudo que se faz no
consegue apoio de órgãos públicos de cinema brasileiro e propondo um olhar
fomento, mesmo durante o regime novo e autoral sobre a realidade. Não
militar. Mas não desperta o interesse cativa o grande público, mas marca
do grande público. Acredita-se que a época e se torna o movimento
burguesia e a classe média não gostam cinematográfico brasileiro mais
do Brasil ali retratado, e que só importante e reconhecido no mundo.
estudantes e intelectuais com a mesma

Bauhaus, etc.) do início do século XX.


Difere do happening por ser mais
ARTE DA PERFORMANCE cuidadosamente elaborada e não
envolver necessariamente a
A performance art ou performance
participação dos espectadores. Em
artística é uma modalidade de
geral, segue um "roteiro" previamente
manifestação artística interdisciplinar
definido, podendo ser reproduzida em
que surgiu na Europa e nos EUA na
outros momentos ou locais. É realizada
década de 1960. O termo descreve
para uma platéia quase sempre restrita
uma arte que é viva, mas que opera
ou mesmo ausente e, assim, depende
fora das convenções tradicionais de
de registros - através de fotografias,
teatro ou música. Os primeiros
vídeos e/ou memoriais descritivos -
exemplos representaram um desafio
para se tornar conhecida do público.
para as formas de arte ortodoxas e
Arte performática é o termo geral
para as normas culturais, criando uma
utilizado para descrever uma variedade
experiência de arte efêmera, que não
de atividades, incluindo happenings,
pode ser capturada ou comprada. Suas
arte do corpo, ações, eventos, e não-
origens estão ligadas aos movimentos
matriz do teatro. Dentre as primeiras
de vanguarda (Dadaísmo, Futurismo,
performances podemos mencionar a de
Yves Klein, realizada em 1960 e intitulada Le saut dans le vide e as

apresentações do grupo Fluxus, no Schmela, em Düsseldorf, com o rosto


mesmo período. Numa de coberto de mel e folhas de ouro,
suas performances, Joseph Beuys carregando nos braços uma lebre
passou horas sozinho na Galeria morta, a quem
comentava detalhes sobre as obras apropriação dos espaços naturais. Isso
expostas. Em alguns momentos, as porque, durante esse período, surgiram
performances de outros artistas tiveram muitos movimentos que defendiam a
ligação direta com as obras das artes preservação da natureza, dos
do corpo (body art), especialmente
através dos Ativistas de Viena, no final ecossistemas, e valorizavam a
da década de 1960. conscientização.

Somado a isso, os artistas da época


LAND ART também consideravam a necessidade
de romper com os padrões tradicionais
A Land Art faz parte da arte conceitual, que limitavam as obras de arte aos
um movimento de vanguarda que museus, e de popularizar o acesso à
surgiu nos Estados Unidos e na Europa arte, para garantir novas experiências
no fim dos Anos 60 e meados de 1970. ao espectador.
Uma das principais características da
arte conceitual era de que a ideia ou o Características da Land Art
conceito, propriamente dito, eram mais
A Land Art, ou Earthwork (Arte da
importantes do que a aparência ou
Terra) tem como principal característica
perfeição da obra.
a integração com o meio ambiente. Os
O termo "arte conceitual" foi utilizado artistas que fazem parte desse
pela primeira vez por Henry Flynt, um movimento utilizam os espaços e
filósofo, escritor e artista americano paisagens naturais como “sua própria
ligado a vanguarda de Nova York. Flynt tela”, todos os elementos da natureza
afirmava que os conceitos eram a servem como parte do processo
matéria da arte, a própria ideia ou o criativo ou se integravam a própria obra
significado seria a linguagem. final.

Dentro da arte conceitual, a execução Uma dos fatores para essa escolha era
das obras não tinham tanta relevância a de que os artistas da época
quanto o próprio sentido dela, também buscavam outras alternativas que não
não haviam exigências para que as a comercial. A ideia era romper com o
obras fossem criadas pelos próprios sistema tradicional, em que para se ter
artistas, muitas vezes, a execução do acesso a uma obra de arte as pessoas
trabalho era destinada a outras precisavam ir às galerias ou museus e
pessoas, que tinham mais habilidades. tornar as paisagens, algo tão comum
No final, o que importava era no cotidiano, o próprio espaço da arte.
elaboração do projeto, sua concepção
Eles também tinham a intenção de
e não a materialização.
chamar a atenção para a natureza em
Foi dentro desse contexto que surgiu a si, e mostrá-la como uma potência.
Land Art, um movimento artístico que Quem se dedicava a essa estética
além se aprimorar da base conceitual, utilizava madeiras, folhas, areia, rocha,
também trabalhou a ideia de
galhos, rios, lagos, se aproveitavam reconhecimento. A obra consiste em
das paisagens. uma estrada feita de terra e pedras de
basalto negro, localizada no Great Salt
Como a natureza era o local escolhido Lake, em Utah, nos Estados Unidos.
para realizar esse tipo de arte, as obras
podem surgir em desertos, montanhas, Apesar de ser muito conhecido, esse
mares, lagos, lagoas, praias, canyons, trabalho passou grande parte do tempo
campos, planícies, planaltos, todos submerso embaixo d’água, o que só
esses lugares podiam ser utilizados reforça um dos pontos essenciais da
para esse fazer artístico. Como a Land Land Art, a efemeridade. O desgaste
Art é realizada em espaços exteriores e dos materiais pela chuva, vento, neve,
tem dimensões proporcionais ao erosão, também acrescenta valor às
espaço natural, a menos que as obras.
pessoas visitem o local onde elas
foram construídas, só é possível As criações de Christo Vladimirov e
conhecê-las dentro de um museu Jeanne-Claude Denat também ganham
através de fotografias. esse aspecto efêmero. Christo era um
escutor e designer búlgaro já Jeanne-
Às vezes, a Land Art também pode se Claude era uma escultora marroquina,
apresentar em galerias quando ambos nasceram em 1935 e juntos
incorporadas a algumas matérias- formaram um casal de artistas que
primas naturais do próprio espaço, nas ficaram famosos por obras de land art.
instalações e até mesmo integrada às Eles envolviam e empacotavam vários
esculturas de um museu. objetos, a ponto de moldarem a sua
forma temporariamente. Uma das
Entre as principais características da obras mais famosas da dupla foi a
Land Art, estão: “WrappedReichstag” de 1995, em que
eles embrulharam o edifício do
 Influência do movimento
parlamento alemão em um tecido
minimalista e da arte conceitual;
imenso.
 Integração à natureza e ao meio
ambiente; Richard Long também se destacou na
 Valorização da natureza; Land Art. O escultor e pintor inglês foi
 Utilização de recursos naturais; um dos mais influentes do movimento.
 Crítica à arte comercial Long gostava de trabalhar com formas
tradicional; geométricas, como círculos, espirais e
 Rompimento com os espaços linhas, além disso, ele se tornou muito
tradicionais, como a galeria e o conhecido por suas esculturas de
museu; pedras. Outros nomes como o de
 Obra, natureza e espectador Nancy Holt e Michael Heizer também
deviam estar em interação. surgem com destaque nesse
movimento.
Principais nomes do movimento
Land Art no Brasil
Sem dúvidas, quando se fala em Land
Art um dos nomes que mais despontam A Land Art não teve a mesma
é o de Robert Smithson. Seu trabalho popularização no Brasil como nos
“Spiral Jetty” ou quebra-mar em espiral, Estados Unidos e na Europa, ao
de 1970, alcançou grande menos, não com as mesmas
definições. Mas é possível identificar
alguns desdobramentos um tanto
distantes do sentido original da
earthwork.

As experiências não necessariamente


estavam integradas às paisagens, mas
buscavam evidenciar os ambientes
naturais. Em um trabalho, conhecido
como Projeto Fronteiras, desenvolvido
em 1999, artistas como Angelo
Venosa, Carlos Farjado, Eliane Prolik e
tantos outros fizeram algumas
intervenções em países do Mercosul
que faziam fronteiras com o Brasil.

A iniciativa originou vários outros


projetos que propunham experiências
com o meio ambiente e também novas
intervenções no espaço urbano.
Embora não cumprissem os mesmos
princípios da Land Art, muitas obras
buscaram a valorização dos espaços
naturais e a continuidade da arte
conceitual.

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