You are on page 1of 3

Mestrado Profissional em Ensino de Geografia em Rede Nacional

Metrópole, região e novas regionalizações 2023.1

Discente: Alexandre Perez Menezes de Castro

Aula 1

A Geografia é uma ciência que se dedica a estudar o espaço geográfico e


suas múltiplas relações e conexões. A partir disso, surge uma importante distinção
que se faz entre a Geografia Geral e a Geografia Regional e que, de acordo com
Richard Hartshorne, são complementares e têm como objetivo compreender as
complexidades e particularidades de uma determinada área

A partir da afirmação da existência de duas Geografias, o autor seguirá


apresentando cada uma das abordagens, suas implicações, desafios, vantagens e
desvantagens. Apesar de, à primeira vista, as Geografias Geral e Regional
parecerem antagônicas, o autor trará sempre à tona a necessidade de uma visão
integradora da Geografia que passa por uma complementariedade de ambas.

A Geografia Geral busca identificar e compreender as leis gerais que


governam a organização do espaço geográfico, ou seja, as regras que se aplicam a
todos os lugares do mundo. A busca por uma universalidade dos conceitos se dá
muito em função de uma adequação que a Geografia vivenciou no século XX ao
mundo científico em uma comparação com as ciências exatas e naturais, que
trabalham com conceitos universais. A Geografia, em um esforço para se
estabelecer enquanto ciência, buscou se consolidar a partir de um discurso mais
generalista ou então universal.

Já a Geografia Regional se dedica a analisar as características específicas de


uma determinada região, suas particularidades e singularidades. Acaba sendo mais
descritiva e empírica e busca as características únicas e específicas de uma
determinada região. O que, a priori, iria na contramão da abordagem da Geografia
Geral, pois atuaria justamente naquilo que diferencia certa região das demais.

Para realizar essa análise particular (ou regional), é necessário contar com
uma série de ciências sistemáticas, que são disciplinas específicas que contribuem
para a compreensão de determinados aspectos do espaço geográfico. Por exemplo,
a climatologia ajuda a entender as características climáticas de uma determinada
região, enquanto a geologia permite compreender a formação das rochas e do
relevo.

A lógica da análise regional se baseia na ideia de que uma região é um


sistema complexo composto por diversos elementos interconectados. Por isso, é
importante analisar esses elementos de forma integrada, considerando as múltiplas
relações entre eles.

Para isso, o método regional é fundamental. Ele consiste em uma abordagem


que busca compreender as particularidades de uma determinada região a partir da
análise de seus diversos elementos, como clima, relevo, vegetação, entre outros.
Esses elementos são analisados de forma integrada, permitindo uma compreensão
mais profunda das interações entre eles.

Vale destacar que o método regional não é excludente em relação ao método


tópico, que busca compreender aspectos específicos de um território. Na verdade,
ambos os métodos são complementares e se influenciam mutuamente, contribuindo
para uma compreensão mais profunda do espaço geográfico.

É importante destacar que, para Hartshorne, as leis gerais e as descrições


particulares não são excludentes, mas sim complementares. Enquanto as leis gerais
são importantes para compreender as relações de causa e efeito que regem o
espaço geográfico, as descrições particulares são fundamentais para entender as
particularidades de um território e as interações entre seus diversos elementos.
Então as duas Geografias não poderiam ser abordadas de maneira contraditória e
nem excludente. Apesar de haver uma tentativa de adequação da Geografia ao
mundo científico em uma busca pelo universal, é justamente a relação entre o
universal e o particular na abordagem espacial que vai tornar a Geografia uma
ciência única e com sua própria metodologia.

Por fim, Hartshorne conclui que a dicotomia entre a geografia regional e a


geografia geral não é uma oposição real, mas sim uma complementariedade
necessária para a compreensão do espaço geográfico em sua totalidade. A partir da
análise de aspectos gerais e particulares, é possível entender a complexidade e a
diversidade do espaço geográfico, contribuindo para um conhecimento mais
completo e profundo desse campo de estudo.
O contraste expresso pelos termos “Geografia Sistemática” ou “Geografia Geral”, em oposição
a “Geografia Regional”, não consiste na divisão da Geografia em duas metades. Igualmente
não se trata de uma oposição entre dois métodos distintos de investigação, a serem
empregados separadamente, cada um deles em determinadas pesquisas. Qualquer que seja a
extensão da área estudada, interessa-nos analisar uma integração de fenômenos
extremamente complexa, que varia conforme as áreas, de maneira também altamente
complexa. Para decompor essa dupla complexidade de maneira mais viável, é necessário, em
qualquer pesquisa geográfica, empregar dois diferentes métodos de análise em grau variável e
alternadamente: análises de segmentos de integração e análise de seções de áreas.
(HARTSHORNE, 1978, p. 152)

Ou seja, a Geografia enquanto ciência buscaria a descrição das integrações


complexas de fenômenos que varia através das áreas utilizando-se de elementos
tanto da Geografia Geral quanto da Regional.

Referência bibliográfica:

HARTSHORNE, Richard. Divide-se a Geografia em “sistemática” e “regional”? In:


_____. Propósitos e natureza da Geografia. São Paulo: Hucitec. 1978. p.115-154

You might also like