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Livro Texto - Unidade I.pdf - Bioquimica
Livro Texto - Unidade I.pdf - Bioquimica
Luciana Mantzouranis
Formou-se em Química pela Universidade de São Paulo – USP em 2003. É licenciada em Química pelas Faculdades
Oswaldo Cruz, onde formou-se em 2012. Fez doutorado em Ciências – Bioquímica, pela Universidade de São Paulo
e obteve o título em 2009, ano no qual começou a atuar na docência universitária como professora titular da
Universidade Paulista – UNIP, em São Paulo.
Desde 2014 atua como professora conteudista no curso de ensino a distância da UNIP, sendo responsável pelas
disciplinas de Química e Bioquímica. Leciona nas áreas de química, bioquímica e biologia molecular.
Juliano Guerreiro
É formado em Farmácia-Bioquímica pela Universidade de São Paulo – FCF/USP (2004) e doutor em Bioquímica
pelo Instituto de Química da Universidade de São Paulo – IQ/USP (2009). Realizou pós-doutorado com ênfase em
Bioquímica de Plantas na Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo – ESALQ/USP
(2012). Tem formação de especialista em Mariologia pela Universidade Dehoniana (2017).
Atualmente é coordenador do curso de Farmácia (desde 2008) e professor titular da Universidade Paulista (desde
2009), tendo sido professor auxiliar da mesma universidade de 2005 a 2009. Tem experiência nas áreas de bioquímica,
farmacologia, fisiologia, química, teologia e história; além de gerenciamento de drogarias, atuando principalmente
nos seguintes temas: estrutura de biomoléculas, bioquímica estrutural, metabólica e clínica, bioquímica e fisiologia
de plantas, interação ligante-receptor e venenos animais. É autor e coautor de 17 artigos científicos sobre venenos
animais, fisiologia e bioquímica, além de ser autor de três livros.
CDU 577.4
U504.45 – 20
© Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou
quaisquer meios (eletrônico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem
permissão escrita da Universidade Paulista.
Prof. Dr. João Carlos Di Genio
Reitor
Comissão editorial:
Dra. Angélica L. Carlini (UNIP)
Dra. Divane Alves da Silva (UNIP)
Dr. Ivan Dias da Motta (CESUMAR)
Dra. Kátia Mosorov Alonso (UFMT)
Dra. Valéria de Carvalho (UNIP)
Apoio:
Profa. Cláudia Regina Baptista – EaD
Profa. Betisa Malaman – Comissão de Qualificação e Avaliação de Cursos
Projeto gráfico:
Prof. Alexandre Ponzetto
Revisão:
Giovanna Oliveira
Vitor Andrade
Sumário
Bioquímica
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................................7
INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................7
Unidade I
1 CARBOIDRATOS............................................................................................................................................... 11
1.1 Estrutura e função dos carboidratos............................................................................................ 11
1.2 Classificação dos carboidratos........................................................................................................ 13
1.2.1 Classificação em relação à possibilidade de hidrólise............................................................. 13
1.2.2 Classificação dos monossacarídeos quanto ao grupo funcional........................................ 20
1.2.3 Classificação dos monossacarídeos em relação ao número de carbonos....................... 21
2 DEGRADAÇÃO DOS CARBOIDRATOS....................................................................................................... 21
2.1 Introdução ao metabolismo............................................................................................................ 21
2.2 Degradação dos carboidratos......................................................................................................... 25
2.2.1 Digestão e absorção.............................................................................................................................. 25
2.2.2 Digestão anormal de dissacarídeos................................................................................................. 28
2.2.3 Intolerância à lactose........................................................................................................................... 28
2.2.4 Transporte de glicose para dentro da célula............................................................................... 29
2.2.5 Uso da glicose pelas células............................................................................................................... 30
2.2.6 Via glicolítica ou glicólise.................................................................................................................... 31
2.2.7 Glicólise aeróbica.................................................................................................................................... 31
2.2.8 Metabolismo da sacarose e lactose................................................................................................ 40
2.2.9 Glicólise anaeróbica............................................................................................................................... 42
2.2.10 Outros destinos da molécula piruvato........................................................................................ 43
2.2.11 Via das pentoses fosfato................................................................................................................... 46
2.2.12 Ciclo de Krebs........................................................................................................................................ 48
2.2.13 Cadeia de transporte de elétrons e fosforilação oxidativa................................................. 57
2.2.14 Degradação do glicogênio – glicogenólise................................................................................ 65
3 SÍNTESE DE CARBOIDRATOS....................................................................................................................... 68
3.1 Síntese e glicogênio – glicogênese............................................................................................... 68
3.2 Síntese do amido.................................................................................................................................. 70
4 GLICONEOGÊNESE.......................................................................................................................................... 70
4.1 Os substratos da gliconeogênese.................................................................................................. 71
4.2 Reações da gliconeogênese............................................................................................................. 72
Unidade II
5 LIPÍDIOS.............................................................................................................................................................. 81
5.1 Estrutura e função dos lipídios...................................................................................................... 81
6 METABOLISMO DOS LIPÍDIOS.................................................................................................................... 94
6.1 Digestão, absorção e transporte dos lipídeos........................................................................... 94
6.2 Degradação dos triacilgliceróis...................................................................................................... 96
6.3 Degradação dos ácidos graxos....................................................................................................... 98
6.3.1 Oxidação de ácidos graxos saturados com número par de carbonos.............................100
6.3.2 Oxidação dos ácidos graxos saturados com número ímpar de átomos de carbono.103
6.3.3 Oxidação de ácidos graxos insaturados......................................................................................104
6.3.4 Formação de corpos cetônicos.......................................................................................................104
6.4 Síntese de ácidos graxos e de triacilglicerol...........................................................................107
6.5 Síntese do colesterol.........................................................................................................................108
Unidade III
7 REGULAÇÃO DO METABOLISMO DE CARBOIDRATOS....................................................................113
7.1 Regulação do metabolismo de carboidratos no nível celular e enzimático..............113
7.2 Regulação da glicólise.....................................................................................................................113
7.3 Regulação da gliconeogênese......................................................................................................116
7.4 Regulação do metabolismo de glicogênio..............................................................................119
7.5 Regulação do ciclo de Krebs..........................................................................................................119
8 REGULAÇÃO DO METABOLISMO DE LIPÍDIOS...................................................................................122
8.1 Regulação da lipogenênese...........................................................................................................122
8.1.1 Regulação nutricional da lipogênese.......................................................................................... 122
8.1.2 Regulação hormonal da lipogênese............................................................................................ 123
8.2 Regulação da lipólise........................................................................................................................124
8.2.1 Regulação pelas catecolaminas..................................................................................................... 124
8.2.2 Regulação pela insulina.................................................................................................................... 125
APRESENTAÇÃO
Esta disciplina é de fundamental importância para todos os cursos da área de saúde. Ela é oferecida
nos ciclos básicos, atende a grupos muito heterogêneos de discentes e apresenta uma característica
multidisciplinar. Um indicativo da sua importância é sua aplicação nos mais diversos campos de
atuação profissional. Sabe-se que o estudo da bioquímica é apenas uma das etapas na formação de um
profissional de saúde.
Porém, existem algumas dificuldades no aprendizado da bioquímica. Apesar de ser apresentada nos
programas mais tradicionais através de disciplinas organizadas e coerentes, muitas vezes o conteúdo é
definido pelos alunos como uma coleção de estruturas químicas e reações de difícil assimilação e algo
desintegrado da prática profissional.
Nos cursos das áreas de ciências biológicas e da saúde, a bioquímica tem relevância particular. Por ser
ministrada no ciclo básico, ela serve como base para outros temas importantíssimos da grade curricular,
como farmacologia, fisiologia e patologia. De modo geral, os profissionais da saúde atuam em um
cenário no qual o domínio das potenciais reações orgânicas é imprescindível aos procedimentos diante
das mais variadas situações e patologias. O entendimento dos distúrbios metabólicos ou a interpretação
de exames clínicos demanda o uso do conhecimento discutido na bioquímica..
O livro tem como objetivo geral fornecer conhecimentos a respeito da estrutura química de
carboidratos e lipídios, bem como analisar o metabolismo desses compostos e fazer as correlações clínicas
ou biológicas pertinentes. Ao término desse curso, o aluno deverá ser capaz de reconhecer moléculas de
carboidratos e lipídios, conhecer todas as vias envolvidas com o metabolismo de carboidratos, sendo elas
a via glicolítica aeróbica e anaeróbica, o ciclo de Krebs, a cadeia respiratória, a via das pentoses-fostato,
o ciclo de Cori, a gliconeogênese, a glicogenólise e a glicogênese. Deverá também conhecer todas as
vias envolvidas com o metabolismo de lipídios, tanto da síntese quanto da degradação. Além disso,
espera-se que esteja apto também a reconhecer os processos regulatórios dessas vias, tanto em relação
ao controle alostérico quanto ao hormonal.
INTRODUÇÃO
Em sua definição mais ampla, a bioquímica pode ser vista como um estudo dos componentes e
composição dos seres vivos e como eles se juntam para tornarem-se vida. Nesse sentido, a história da
7
bioquímica pode, portanto, remontar aos antigos gregos. No entanto, a bioquímica como disciplina
científica específica tem seu início em algum momento do século XIX.
Alguns argumentaram que o início da bioquímica seria a descoberta da primeira enzima, diastase
(hoje chamada amilase), em 1833, por Anselme Payen, enquanto outros consideraram como marco
a primeira demonstração de Eduard Buchner de um processo bioquímico complexo de fermentação
alcoólica em células. Já outros autores apontam como início o influente trabalho de Justus von Liebig,
de 1842, intitulado Química animal ou Química orgânica em suas aplicações à fisiologia e patologia, o
qual apresentou uma teoria química do metabolismo.
O termo bioquímica é derivado de uma combinação de biologia e química. Em 1877, Felix Hoppe-Seyler
o usou como sinônimo de química fisiológica no prefácio da primeira edição de Zeitschrift für Physiologische
Chemie (Jornal de Química Fisiológica), no qual ele defendia a criação de institutos dedicados a esse campo
de estudo. O químico alemão Carl Neuberg, no entanto, é frequentemente citado por ter cunhado a palavra
em 1903, embora alguns a creditem a Franz Hofmeister.
Em geral, acreditava-se que a vida e seus materiais tinham alguma propriedade ou substância essencial
(frequentemente chamada de “princípio vital”) distinta de qualquer coisa encontrada na matéria não
viva, e pensava-se que apenas os seres vivos podiam produzir as moléculas de vida. Contudo, em 1828,
Friedrich Wöhler publicou um artigo sobre a síntese de ureia, provando que compostos orgânicos podem
ser criados artificialmente.
Desde então, a bioquímica avançou, especialmente desde meados do século XX, com o desenvolvimento
de novas técnicas, como cromatografia, difração de raios-X, interferometria de dupla polarização,
espectroscopia de ressonância magnética nuclear, marcação radioisotópica, microscopia eletrônica e
simulações de dinâmica molecular. Essas técnicas permitiram a descoberta e a análise detalhada de
muitas moléculas e vias metabólicas da célula, como a glicólise e o ciclo de Krebs (ciclo do ácido cítrico),
e levaram a um entendimento da bioquímica em nível molecular.
Philip Randle é bem conhecido por sua descoberta em pesquisas sobre diabetes e pelo ciclo glicose-ácidos
graxos em 1963. Ele confirmou que os ácidos graxos reduzem a oxidação do açúcar pelos músculos. A alta
oxidação de gordura foi responsável pela resistência à insulina.
Esta disciplina discutirá o metabolismo de carboidratos e lipídios e permitirá que você tenha uma
visão crítica sobre as informações veiculadas, além de possibilitar a aquisição de conhecimentos
importantes para as matérias subsequentes. Você verá que o livro está repleto de reações químicas, pois
a bioquímica estuda como o organismo funciona como um sistema químico; o importante é que você
tenha uma visão ampla de como essas reações estão interligadas.
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BIOQUÍMICA
Unidade I
1 CARBOIDRATOS
Carboidrato é uma biomolécula que consiste em átomos de carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O),
geralmente com uma razão de átomo de hidrogênio-oxigênio de 2:1 (como na água) e, portanto, com a
fórmula empírica Cm(H2O)n, sendo n ≥ 3 (na qual m pode ser diferente de n).
Essa fórmula é verdadeira para monossacarídeos, embora existam algumas exceções; por
exemplo, desoxirribose, um componente de açúcar do DNA, que tem a fórmula empírica C5H10O4.
Os carboidratos são tecnicamente hidratos de carbono; estruturalmente, contudo, é mais preciso
vê-los como aldoses e cetoses.
Assim, a maioria dos carboidratos pode ser representada dessa forma, mas não todos, pois alguns
contêm nitrogênio, fósforo ou enxofre, que não estão incluídos nessa fórmula.
O termo mais comum para carboidrato é sacarídeo, um grupo que inclui açúcares, amido e
celulose. Os sacarídeos são divididos em quatro grupos químicos: monossacarídeos, dissacarídeos,
oligossacarídeos e polissacarídeos. Monossacarídeos e dissacarídeos, os menores carboidratos (menor
peso molecular), são comumente referidos como açúcares. Embora a nomenclatura científica dos
carboidratos seja complexa, os nomes dos monossacarídeos e dissacarídeos terminam muitas vezes
no sufixo -ose, como é o caso dos monossacarídeos frutose (açúcar da fruta) e glicose (açúcar do
amido) e dos dissacarídeos sacarose (açúcar de cana ou beterraba) e lactose (açúcar do leite). Veja a
figura a seguir:
A. O H B. O H
C C
H C OH H C OH
HO C H H C OH
H C OH H C OH
H C OH CH2OH
CH2OH
11
Unidade I
Observação
Observação
CH2OH
Observação
12
BIOQUÍMICA
Exemplo de aplicação
Os quatro carboidratos apresentados anteriormente podem ser representados pela fórmula geral dos
carboidratos: (CH2O)n. Conte a quantidade de átomos de carbono, hidrogênio e oxigênio presente em
cada um e os represente seguindo a fórmula geral.
Os carboidratos são as biomoléculas mais abundantes e constituem cerca de 60% da nossa dieta.
Através de sua oxidação, obtemos a maior parte da energia utilizada pelo nosso organismo. Além de
fonte energética, eles são componentes das membranas celulares, dos ácidos nucleicos – DNA e RNA –,
da parede celular de bactérias, fungos e vegetais e do tecido conjuntivo de animais.
Os monossacarídeos são os carboidratos mais simples: não sofrem hidrólise, são solúveis em água e
insolúveis em compostos orgânicos e apresentam-se em estado sólido em temperatura ambiente.
Observação
Observação
13
Unidade I
Observação
No anômero α, o OH ligado ao carbono anomérico (C1) está abaixo do plano e, no anômero β, acima.
Conhecer essa diferença é importante para entender a distinção existente entre a estrutura da molécula
de glicogênio e a de celulose, por exemplo.
14
BIOQUÍMICA
6 1 6
HOCH 2 O CH2OH HOCH 2 O OH
5 2 5 2
HO OH HO CH2OH
1
4 3 4 3
OH OH
a - frutose b - frutose
As formas estruturais lineares foram propostas por Fischer, posteriormente, Tollens propôs a
ciclização das moléculas e atualmente adotam-se as fórmulas de projeção propostas por Haworth, as
quais permitem a visualização das moléculas no espaço. Veja a figura a seguir:
H
1
C O
2 Tollens
H C OH
3 6 6
HO C H CH2OH CH2OH
4 5 5
H C OH H O H H O OH
H H
4 1 4 1
5 OH OH H
H C OH
HO OH HO H
6 3 2 3 2
CH2OH H OH H OH
Fisher Haworth
Os dissacarídeos são formados pela união de dois monossacarídeos (quadro a seguir) e, portanto, sua
hidrólise gera dois monossacarídeos, os quais podem ser diferentes ou iguais.
15
Unidade I
6 6
CH2OH CH2OH
5 5
C O C O
4C OH 4C OH
C1 C1
HO C3 C2 HO C3 C2
OH OH
OH OH
a - glicose a - glicose
H2O
6 6
CH2OH CH2OH
5 5
C O C O
4C OH 4C OH
C1 + C1
HO C3 C2 O C3 C2
OH
OH OH
Ligação glicosídica a - 1,4
Maltose
Figura 7 – Formação da maltose através da ligação de dois monossacarídeos
α-glicose com formação de uma ligação glicosídica α-1,4 e eliminação de uma molécula de água
Observação
O dissacarídeo sacarose é formado pela união entre uma molécula de glicose e uma de frutose,
conforme representado na figura a seguir:
6
CH2OH CH2OH
H 5 O H H O H
H H
4 1
OH OH H
OH OH OH
3 2
H OH H OH ligação 1,2
a-D-glicosepiranose + H2O
6 O
CH2OH CH2OH
O OH O
5 2
H OH H HO
H CH2OH H CH2OH
4 3 1
OH H OH H
b-D-frutosefuranose sacarose
Figura 8 – Formação da sacarose através da ligação entre α-glicose
(α-D-glicosepiranose) e β-frutose (β-D-glicosefuranose)
16
BIOQUÍMICA
Observação
A definição de oligossacarídeos varia nos livros de bioquímica, alguns consideram que, para serem
assim considerados, têm que ter de 3 a 10 monossacarídeos (FERREIRA; JARROUGE; MARTIN, 2010); outros
afirmam que, para ser um oligossacarídeo, é necessário ter entre 3 e 12 monossacarídeos (RICHARD;
DENISE, 2012). Acima de 10 ou 12 monossacarídeos, o composto é considerado um polissacarídeo.
Existem autores que consideram que os carboidratos são divididos em apenas três classes:
monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos e que, acima de 20 monossacarídeos ligados, o
composto deve ser denominado polissacarídeo. De acordo com essa definição, os dissacarídeos são
considerados oligossacarídeos (NELSON; COX, 2006).
Alguns exemplos de polissacarídeos são o amido e o glicogênio, que são formas de armazenar
energia; e a celulose e a quitina, que são componentes estruturais. Os polissacarídeos são diferentes
nos tipos de monossacarídeos que os constituem, nos tipos de ligações, nas ramificações e no
tamanho da cadeia.
17
Unidade I
A. B.
6 6 CH2OH
CH2OH CH2OH
5
5 5 C O
C O C O
4C OH
4C OH + 4C OH C1
C1 C1
C3 C2
C3 C2 O C3 C2
n OH
OH OH
O Ramificação
a-1,6
6 CH2
5
C O
4C OH C1
C3 C2
OH
A figura anterior representa amilose e amilopectina. A primeira é formada por moléculas de α-glicose
conectadas linearmente por ligações glicosídicas α-1,4. O n representa a quantidade de moléculas de
α-glicose. A segunda também é constituída de moléculas de α-glicose conectadas linearmente por ligações
glicosídicas α-1,4; porém com ramificações nas quais as moléculas de α-glicose conectam-se através de uma
ligação glicosídica α-1,6. Nas ramificações, ou seja, as posições nas quais há ligações glicosídicas α-1,6, são
encontradas de 24 a 30 moléculas de glicose da cadeia principal, as quais são formadas por ligações α-1,4.
O amido é encontrado na batata, no trigo, no arroz, no milho, na mandioca entre outros, conforme
mostra o quadro a seguir:
Observação
Tanto o amido quanto o glicogênio são altamente hidratados devido à interação entre os grupos
hidroxilas e a água. Essa interação é chamada ligação de hidrogênio.
O glicogênio perfaz de 4 a 8% da massa do fígado e também está presente nos músculos esqueléticos,
representando de 0,5 a 1% da massa.
A celulose é uma substância fibrosa encontrada na parede celular dos vegetais, particularmente em
troncos e galhos, perfaz quase toda a massa da madeira e quase 100% da massa do algodão (FRANCISCO
JÚNIOR, 2008). A celulose é um polímero linear constituído por moléculas de glicose, porém essas
moléculas estão na configuração β, formando ligações glicosídicas β-1,4.
Lembrete
19
Unidade I
6
CH2OH NHCONH3
5 3 2
C O O C C
4C OH 4C OH
C1 C1
O C3 C2 5C O O
NHCONH3 6 CH OH n
2
Lembrete
A parede celular das bactérias apresenta peptideoglicanos constituídos por um polímero com
unidades alternadas de N-acetilglicosamina e N-acetilmurâmico. Essas cadeias polissacarídicas são
ligadas por peptídeos.
As funções orgânicas encontradas em carboidratos são aldeído e cetona. Aqueles que apresentam
a função orgânica aldeído são chamados aldoses e os que apresentam cetona são chamados cetoses.
Observação
Denomina-se aldeído todo composto orgânico que tem o grupo carbonila ligado a 1 hidrogênio;
e cetona o que tem o grupo carbonila entre 2 carbonos (figura a seguir). O grupo funcional aldeído
está sempre em uma extremidade da cadeia; já o grupo funcional cetona está sempre em uma porção
interna da cadeia.
A. O
B. O C. O
C H C C C
Figura 12 – Grupos funcionais presentes em carboidratos. A) grupo carbonila;
B) grupo funcional da função orgânica aldeído; C) grupo funcional da função orgânica cetona
20
BIOQUÍMICA
A glicose apresenta o grupo funcional da função orgânica aldeído, sendo considerada uma aldose.
E a frutose apresenta o grupo funcional da função orgânica cetona, sendo considerada uma cetose. Veja
a figura a seguir:
A. O H B. CH2OH
C C O
H C OH HO C H
HO C H H C OH
H C OH H C OH
H C OH CH2OH
CH2OH
Figura 13 – A) glicose com o grupo funcional da função orgânica aldeído destacado em vermelho;
B) frutose com o grupo funcional da função orgânica cetona destacado em vermelho
Observação
Como os carboidratos apresentam vários grupos hidroxilas e podem ser aldeídos ou cetonas, eles são
considerados poliidroxialdeídos ou poliidroxicetonas, respectivamente.
De acordo com o número de átomos de carbonos que o carboidrato tem na sua estrutura, pode ser
classificado como: triose (3), tetrose (4), pentose (5), hexose (6), heptose (7) e nonose (9).
21
Unidade I
Observação
L Via 3 A Via 1
M B G Via 2
N C H
O D I
P E J
F K
22
BIOQUÍMICA
Para que o metabolismo funcione de maneira compatível com as nossas necessidades fisiológicas, as
reações químicas precisam acontecer de maneira rápida, o que só é possível devido à ação de moléculas
catalisadoras, que são as enzimas. Elas catalisam as reações que constroem e destroem as moléculas.
A insuficiência na produção ou na remoção de substâncias pode levar a condições patológicas.
A maior parte das enzimas é de natureza proteica, ou seja, formada por aminoácidos que, no nosso
organismo, estão em constante processo de síntese e degradação. Existem também moléculas de RNA
que exercem a mesma função das enzimas e que são chamadas de ribozimas.
As enzimas são sintetizadas pelo nosso próprio organismo através das informações contidas na
molécula de DNA, portanto o funcionamento adequado do nosso metabolismo está diretamente ligado
ao nosso material genético.
Uma característica importante das enzimas é a sua especificidade, ou seja, elas são específicas para
o seu substrato. De maneira geral, pode-se dizer que, para cada reação química do metabolismo, há uma
enzima. Veja a figura a seguir:
A
enzima 1
B
enzima 2
C
enzima 3
D
enzima 4
E
enzima 5
F
23
Unidade I
A.
+ +
substrato
enzima
B.
substrato
enzima
C.
+ Não ocorre a reação
enzima
Saiba mais
As vias catabólicas, também chamadas de vias de degradação, são as que quebram moléculas
complexas nos seus constituintes, ou seja, em moléculas mais simples. Nelas, ocorre a liberação
de energia. Por exemplo, os carboidratos, os lipídios e as proteínas, que são compostos com
alto conteúdo energético, são quebrados em CO2, H2O e NH3, que são produtos de excreção com baixo
conteúdo energético.
As vias anabólicas, conhecidas também como vias de síntese, são as que formam moléculas
complexas a partir de moléculas simples e, nesse processo, há consumo de energia. Por exemplo,
as proteínas, os polissacarídeos, os lipídios e os ácidos nucleicos; todos são considerados moléculas
complexas formadas por aminoácidos, monossacarídeos, ácidos graxos e bases nitrogenadas,
respectivamente (figura a seguir).
24
BIOQUÍMICA
Macronutrientes Macromoléculas
– carboidratos – proteínas
– lipídios – polissacarídeos
– proteínas – lipídios
– ácidos nucleicos
catabolismo energia anabolismo
• no segundo, que ocorre dentro das células, as moléculas serão quebradas em moléculas ainda
menores e haverá produção de pequena quantidade de energia;
Os polissacarídeos da dieta são o amido e o glicogênio, e os sítios de digestão são a boca e o intestino.
Para que a digestão ocorra em velocidade compatível com as nossas necessidades, são utilizadas as
enzimas, que aceleram a velocidade das reações químicas.
25
Unidade I
Observação
A digestão dos polissacarídeos é iniciada na boca através da enzima α-amilase salivar, também
chamada de ptialina. Essa enzima é uma endoglicosidase que hidrolisa as ligações glicosídicas
α-1,4 (figura a seguir).
O O
1 4
Ligação glicosídica
a - 1,4
glicosidase
H 2O
O O
OH HO
Como o glicogênio apresenta ramificações que têm ligações glicosídicas α-1,6; o resultado da
digestão pela α-amilase salivar são dissacarídeos e oligossacarídeos, ou seja, fragmentos menores que
podem ter ramificações ou não (figura a seguir). Os oligassacarídeos são chamados de dextrinas.
Lembrete
26
BIOQUÍMICA
A α-amilase salivar hidrolisa apenas ligações glicosídicas α-1,4 e, portanto, como resultado dessa
digestão, são gerados dissacarídeos, como a maltose ( ) e a isomaltose ( ) e oligossacarídeos
ramificados ou não.
Glicogênio
Ligação glicosídica
a - 1,4
Ligação glicosídica
a - 1,6
a - amilase salivar
maltose isomaltose
Figura 20 – Digestão do glicogênio, que apresenta tanto ligações glicosídicas α-1,4 quanto ligações α-1,6
A digestão que ocorre na boca é breve, pois o alimento permanece nela apenas durante a mastigação.
Quando o bolo alimentar, juntamente com a enzima α-amilase salivar, chega ao estômago, ela é
inativada devido à acidez nele presente.
A digestão do glicogênio continua no jejuno superior pela ação das enzimas sintetizadas pelas
células da mucosa intestinal, as dissacaridases e as oligossacaridases. As dissacaridases são a isomaltase,
que hidrolisa a isomaltose; e a maltase, que hidrolisa a maltose.
Dois carboidratos que estão bastante presentes na nossa alimentação são a sacarose (açúcar da
cana-de-açúcar ou açúcar comum) e a lactose (açúcar do leite). A digestão desses dois carboidratos
acontece no intestino por meio das enzimas sacarase e lactase, respectivamente.
27
Unidade I
Observação
Como resultado da digestão dos carboidratos da dieta, são formados monossacarídeos – apenas eles
podem ser absorvidos pela mucosa intestinal.
Existem dois processos para a absorção de monossacarídeos. Um deles é dependente de íons sódio e
de uma classe de proteínas cuja sigla é SGLT –transportadora de glicose dependente do íon sódio. Esse
transporte envolve o gasto de ATP, sendo, portanto, um transporte ativo.
O outro processo é um transporte que não envolve gasto de energia, mas uma classe de proteínas
transportadoras de glicose designadas pela sigla GLUT – transportador de glicose. Como não envolve
gasto de energia, e sim uma proteína carreadora, ele é chamado de difusão facilitada.
A glicose é captada do lúmen intestinal para dentro do enterócito por meio do transportador SGLT1.
A ligação de sódio a essa proteína ocasiona uma mudança conformacional na proteína, tornando
possível a ligação de glicose. Para cada molécula de glicose, dois íons sódio são transportados para o
interior do enterócito. A glicose então passa do interior do enterócito para a corrente sanguínea ou por
meio de difusão facilitada pelo GLUT-2 ou por meio de vesículas.
O SGLT1 também transporta a galactose para o interior do enterócito, e essa é transportada para a
corrente sanguínea por meio do GLUT-2.
A frutose é transportada para o interior do enterócito pelo transportador GLUT-5 e para a corrente
sanguínea por meio do GLUT-2.
Como o processo de absorção só ocorre para os monossacarídeos, qualquer defeito nas dissacaridases,
ou seja, nas enzimas que transformam os dissacarídeos em monossacarídeos, causa problemas.
O dissacarídeo não digerido passa para o intestino grosso e, como consequência disso, ocorre a
passagem de água para o órgão, causando diarreia. Além disso, as bactérias presentes no intestino
fazem a fermentação utilizando o dissacarídeo como substrato. Nesse processo de fermentação, são
formados ácido lático, CO2 e H2, causando cólicas abdominais, diarreia e flatulência.
A mais comum das deficiências de enzimas digestivas é a intolerância à lactose, ocasionada pela
ausência da enzima lactase. As causas que podem culminar na ausência da lactase são várias.
28
BIOQUÍMICA
Lembrete
A maioria das crianças apresenta atividade máxima da lactase até os 2 anos. Depois desse
período, podem-se distinguir dois grupos: o dos que digerem a lactose, apresentando a chamada
lactose persistente ou normolactasia; e o dos que apresentam uma má digestão da lactose:
a lactose não persistente ou hipolactasia. O grupo que não digere a lactose corresponde a,
aproximadamente, 75% da população mundial (MATTAR; MAZO; CARRILHO). O mecanismo pelo qual
a enzima é perdida ainda não é claro.
A doença também pode ser congênita, ou seja, afetar a criança desde seu nascimento. Isso, porém,
ocorre com raridade e tem caráter autossômico e recessivo.
A intolerância à lactose também pode estar relacionada a doenças intestinais como a doença de
Crohn ou a drogas que danifiquem a mucosa do intestino delgado.
O diagnóstico da intolerância à lactose pode ser realizado de duas maneiras. A primeira envolve a
realização de uma curva glicêmica em que se coleta uma amostra de sangue do paciente em jejum, que
depois recebe uma dose de lactose. Então, novas amostras de sangue são coletadas após 15, 30, 60 e
90 minutos. Um pequeno aumento na quantidade de glicose sugere má digestão da lactose. A segunda
maneira é medir o gás hidrogênio no hálito, uma vez que a lactose não degradada é metabolizada pela
flora intestinal gerando gás hidrogênio.
Vários produtos foram gerados pela indústria alimentícia visando ao bem-estar das pessoas com
essa deficiência.
Exemplo de aplicação
Quando você for a um supermercado, observe se é fácil encontrar alimentos que atendam às
pessoas com intolerância à lactose e com outras doenças que necessitem restringi-la no organismo.
Observe também quais alimentos têm lactose em sua composição e compare os preços daqueles que a
apresentam com aqueles que não a contêm. Reflita sobre o acesso e a disponibilidade desses produtos.
A glicose entra nas células através dos transportadores de glicose (GLUTs). Quatorze transportadores
de glicose são conhecidos; eles são numerados de 1 a 14. Essa numeração indica a ordem de descoberta.
O GLUT-1 foi o primeiro a ser descoberto, e o GLUT-14 foi o último.
29
Unidade I
Os GLUTs atuam por meio de mudança conformacional. Com a ligação da glicose extracelular, ocorre
uma mudança na conformação do transportador, o que permite a entrada da glicose para o meio
intracelular. Observe a figura a seguir:
Glicose
Meio extracelular
Permease
Meio intracelular
Figura 21 – Representação esquemática do transporte facilitado de glicose através de uma membrana celular
Dentro das células, a glicose pode ter vários destinos, dependendo da condição fisiológica do
organismo e da disponibilidade de oxigênio.
Caso o organismo necessite de energia e tenha oxigênio disponível, a glicose pode ser quebrada
liberando CO2, H2O e energia. Essa quebra envolve cinco etapas: a via glicolítica, também chamada de
glicólise; a conversão de piruvato em acetil-CoA; o ciclo de Krebs; a cadeia de transporte de elétrons e a
fosforilação oxidativa. Todos esses processos são chamados de respiração celular.
Caso o organismo não necessite de energia, a glicose pode ser armazenada na forma de glicogênio,
utilizado nos momentos de necessidade. Ele é armazenado no fígado e nos músculos. Quando necessário,
por exemplo, nos períodos entre as refeições ou no jejum noturno, o glicogênio hepático é degradado
gerando glicose, a qual é utilizada na manutenção da glicemia – concentração de glicose no sangue –,
portanto a glicose proveniente do glicogênio hepático pode ser utilizada como fonte de energia para todas
as células do corpo. Já o glicogênio muscular é utilizado como fonte de energia somente para as células
musculares. O organismo consegue armazenar aproximadamente 350 g de glicogênio, distribuídos em
250 g como glicogênio muscular e 100 g como glicogênio hepático.
30
BIOQUÍMICA
A glicólise pode acontecer tanto na presença de oxigênio (e nessa condição é chamada de glicólise
aeróbica) quanto na ausência de oxigênio (quando é denominada glicólise anaeróbica).
A glicólise aeróbica tem como produto final o piruvato, porém ele é convertido em acetil-CoA, passando
posteriormente pelo ciclo de Krebs, pela cadeia de transporte de elétrons e pela fosforilação oxidativa.
Portanto, na presença de oxigênio, a glicólise é apenas o primeiro passo da degradação da glicose.
A glicólise anaeróbica tem como produto final o lactato, que vai para a corrente sanguínea.
A conversão de glicose em duas moléculas de piruvato (glicólise aeróbica) depende de dez reações
químicas e de duas fases. A glicólise aeróbica ocorre no citosol das células, pois nele encontram-se todas
as enzimas necessárias para esse processo.
Fase de investimento ou
preparatória
5 reações
Gasto de duas moléculas
de ATP
Fase de produção ou
5 reações pagamento
Produção de quatro
moléculas de ATP e duas
2 moléculas de moléculas de NADH
piruvato
31
Unidade I
Na primeira reação da glicólise, ocorre sua fosforilação, ou seja, a adição de um grupo fosfato
adquirido por intermédio de uma molécula de ATP. Essa reação é catalisada por duas enzimas, a
hexoquinase, que atua na maioria dos tecidos, e a glicoquinase, que atua no fígado e nas células β do
pâncreas. O grupo fosfato é adicionado ao carbono de número 6 da glicose e, por isso, após a reação, é
obtida a glicose 6-fosfato (figura a seguir).
Observação
OH C3 C2 HO C3 C2
OH OH
OH OH
ATP ADP
Glicose Glicose 6-fosfato
A reação de fosforilação da glicose utiliza ATP como molécula doadora de grupo fosfato e, como
catalisador, a enzima hexoquinase ou glicoquinase. O P representa PO32-. A seta para cima indica que
o ATP está entrando na reação – ou seja, nessa reação, ocorre o consumo de ATP – e a seta para baixo
indica que o ADP está sendo formado pela reação
Essa reação é irreversível, ou seja, com a utilização dessas enzimas, a glicose só pode formar glicose
6-fosfato. A realização do contrário, glicose 6-fosfato funcionado como reagente e gerando o produto
glicose, necessitaria de outra enzima.
Observação
32
BIOQUÍMICA
A membrana plasmática das células é impermeável à glicose 6-fosfato, pois não há proteínas
carreadoras específicas para esse composto. Assim, depois dessa reação, a glicose 6-fosfato não consegue
sair da célula, o que garante a continuação da glicólise.
A reação de fosforilação da glicose é considerada uma forma de ativá-la. A partir dela, é possível
continuar o processo de degradação da glicose.
A reação de glicose 6-fosfato para frutose 6-fosfato é catalisada pela enzima fosfoglicoisomerase,
também chamada de fosfohexose isomerase (figura a seguir).
Observação
Essa reação é reversível, sendo que tanto a glicose 6-fosfato pode formar frutose 6-fosfato quanto
o inverso pode acontecer. O que dita qual reação ocorrerá é a quantidade de cada substância. Caso
exista grande quantidade da primeira, esta será convertida na segunda e caso haja grande quantidade
da segunda, esta será convertida na primeira.
Há sempre uma maior quantidade de glicose 6-fosfato em relação à frutose 6-fosfato, pois esta é
consumida pela próxima reação da glicólise e, portanto, a reação ocorre no sentido da conversão de
glicose 6-fosfato em frutose 6-fosfato.
33
Unidade I
5 C C 2
Fosfofrutoquinase
5 C C 2
HO HO
HO OH HO OH
4 C C 4 C C
3 ATP ADP 3
OH OH
Frutose 6-fosfato Frutose 1,6-difosfato
O produto formado nessa reação, a frutose 1,6-difosfato, também pode ser chamado de frutose
1,6-bifosfato ou frutose 1,6-bifosfato.
Observação
A próxima reação da glicólise é a quebra da frutose 1,6-difosfato em duas moléculas: gliceraldeído 3-fosfato
e diidroxiacetona fosfato. Essa reação é catalisada pela enzima aldolase e é reversível (figura a seguir).
H C O
6 1 H C OH
P OCH2 O CH2O P
Aldolase CH2OH P
5 C C 2
HO Gliceraldeído 3-fosfato
HO OH +
4 C C P
3 CH2O
OH C O
Frutose 1,6-difosfato
CH2OH
Diidroxiacetona fosfato
34
BIOQUÍMICA
Observação
CH2OH CH2O P
Diidroxiacetona fosfato Gliceraldeído 3-fosfato
Essa reação é de extrema importância para a continuação da via glicolítica, pois apenas o gliceraldeído
3-fosfato é substrato para a próxima enzima.
Juntando as reações 4 e 5, pode-se dizer que a frutose 1,6-difosfato gera 2 moléculas de gliceraldeído
3-fosfato e que, portanto, cada molécula de glicose gera 2 moléculas de gliceraldeído 3-fosfato. Após
essa reação, todos os outros intermediários da glicólise serão duplicados.
35
Unidade I
Glicose
Hexoquinase ou glicoquinase
Gasto de ATP
Glicose 6-fosfato
Fosfoglicoisomerase
Diidroxiacetona Gliceraldeído
fosfato 3-fosfato
Triose fosfato
isomerase
Gliceraldeído
3-fosfato
Figura 28 – Na fase de investimento ou fase preparatória, são formadas duas moléculas de gliceraldeído 3-fosfato.
Nessa fase, há um gasto de duas moléculas de ATP. Apenas duas reações dessa fase são irreversíveis
As próximas reações fazem parte da fase de pagamento ou fase de produção da glicólise, na qual
ocorre a produção de moléculas de ATP e de NADH, que posteriormente serão transformadas em ATP.
O
H C O
Gliceraldeído 3-fosfato C O P
H C OH desidrogenase
H C OH
CH2OH P CH2O P
A reação da figura anterior é catalisada pela enzima gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase e depende
de NAD+ e fosfato inorgânico (Pi). A seta para cima indica as substâncias que estão sendo consumidas,
Pi e NAD+; e a seta para baixo indica a substância que está sendo formada, NADH.
Muitas enzimas precisam associar-se a outras moléculas para poderem exercer a função de
acelerar as reações químicas. Quando se associam a moléculas orgânicas não proteicas, recebem o
36
BIOQUÍMICA
nome de coenzimas. Elas podem atuar de duas maneiras: associando-se no momento da catálise
ou encontrando-se covalentemente ligadas à enzima. As coenzimas que se associam somente no
momento da catálise podem atuar como coenzimas de várias outras enzimas.
NAD+ é um exemplo de coenzima que só se associa à enzima no momento da catálise. Ela é derivada
da vitamina nicotinamida (B5).
Observação
NAD+ representa a forma oxidada, e NADH representa a forma reduzida, portanto, para a coenzima
NAD+ se transformar em NADH, ela precisa ganhar elétrons; para a reação inversa, ou seja, para NADH
se transformar em NAD+, ela precisa perder elétrons.
A figura anterior mostra que NAD+ é transformado em NADH e que, portanto, trata-se de uma
reação de redução. Como uma reação de redução está sempre acoplada a uma de oxidação, pode-se
dizer que a molécula de gliceraldeído 3-fosfato sofre uma reação de oxidação.
A molécula de NADH é extremamente importante, pois ela armazena parte da energia contida na
glicose. Posteriormente essa molécula será transformada em ATP.
O NAD+ está em quantidade limitante na célula, portanto o NADH produzido deve voltar à forma
de NAD+, para que ele possa ser utilizado novamente por intermédio de uma reação de oxidação.
O mecanismo de oxidação do NADH depende da disponibilidade de oxigênio. Na ausência de oxigênio,
o piruvato é reduzido, sendo convertido em lactato, e o NADH é oxidado, sendo convertido em NAD+.
Na presença de oxigênio, o NADH é oxidado por meio da cadeia de transporte de elétrons.
Lembrete
O
Fosfoglicerato COO-
C O P quinase
H C OH H C OH
CH2O P CH2O P
ADP ATP
1,3-difosfoglicerato 3-fosfoglicerato
Observação
CH2O P CH2OH
3-fosfoglicerato 2-fosfoglicerato
COO- COO-
Enolase
H C O P C O P
CH2OH CH2
2-fosfoglicerato Fosfoenolpiruvato
38
BIOQUÍMICA
COO- COO-
Piruvato quinase
C O P C O
CH2 CH3
ADP ATP
Fosfoenolpiruvato Piruvato
As reações de 6 a 10 fazem parte da fase de produção da glicólise e têm como principais produtos
a formação de quatro moléculas de ATP, duas moléculas de NADH e duas moléculas de piruvato
(figura a seguir).
2 (Gliceraldeído 3-fosfato)
Gliceraldeído 3-fosfato
desidrogenase
Produção de 2 NADH
2 (1,3-Difosfoglicerato)
Fosfoglicerato
quinase
Produção de 2 ATP
2 (3-Fosfoglicerato)
Fase de produção
Fosfoglicerato ou pagamento
mutase
Produção de 2 moléculas de ATP
e de 2 moléculas de NADH
2 (2-Fosfoglicerato)
Enolase
2 (Fosfoenolpiruvato)
Piruvato
quinase
Produção de 2 ATP
2 (Piruvato)
39
Unidade I
Existem pessoas que apresentam deficiência na enzima piruvato quinase, que causa a anemia
hemolítica, ou seja, a baixa quantidade de eritrócitos devido à sua destruição. Os eritrócitos maduros
obtêm energia apenas da glicólise, pois as próximas fases da respiração celular acontecem nas
mitocôndrias, e essas células não as possuem. Sem energia, os eritrócitos não conseguem manter sua
forma bicôncava e flexível, o que causa sua destruição. A gravidade dessa doença depende do grau de
deficiência; sua forma mais grave requer transfusões regulares de sangue.
Lembrete
Como a frutose e a galactose são monossacarídeos, são absorvidas e metabolizadas, em sua maior
parte, pelo fígado.
40
BIOQUÍMICA
Glicose
músculo
Frutose 6-fosfato Frutose
Frutose 1,6-fosfato
fígado
Diidroxiacetona Gliceraldeído
3-fosfato
Uma das reações do metabolismo da galactose é catalisada pela enzima galactose 1-fosfato uridil
transferase. A deficiência hereditária dessa enzima provoca uma doença chamada galactosemia, que
se manisfesta após o nascimento e leva a um retardo no desenvolvimento físico e mental. Devido a
essa deficiência, a galactose é transformada em galactitol por meio da ação da enzima aldose redutase.
O acúmulo dessa substância no cristalino leva à catarata. Os efeitos dessa doença podem ser evitados se
ela for diagnosticada precocemente e se a lactose for suprimida da dieta.
Saiba mais
A frutose é convertida em diidroxiacetona fosfato e gliceraldeído 3-fosfato por meio das reações
mostradas a seguir:
41
Unidade I
Existem pessoas que têm deficiência na enzima triose fosfato aldolase, o que resulta em intolerância
à frutose, também chamada de frutosemia. Essa doença é um erro inato do metabolismo e é uma
herança autossômica recessiva. O tratamento consiste em uma dieta isenta de frutose.
Exemplo de aplicação
Será que é fácil seguir uma dieta isenta de frutose? Quais alimentos têm frutose em sua composição
e quais uma pessoa que tem frutosemia não poderá comer? Será que haverá deficiência em algum outro
nutriente devido à dieta isenta de frutose?
Saiba mais
CH3 CH2
NADH NAD+
Piruvato Lactato
42
BIOQUÍMICA
Nessa reação, o NAD+ é regenerado e pode ser utilizado novamente na reação de oxidação do
gliceraldeído 3-fosfato. Veja a figura a seguir:
Glicose
2 (Gliceraldeído
3-fosfato) 2 (NAD+)
2 (NADH) 2 (NAD+)
2 (1,3-Difosfoglicerato)
2 Piruvato 2 Lactato
O lactato é lançado na corrente sanguínea e, em condições normais, pode ser utilizado, por exemplo,
como substrato da gliconeogênese – síntese de nova glicose – que ocorre no fígado ou no músculo.
O lactato pode ser oxidado, formando piruvato. Em condições como um colapso do sistema circulatório,
infarto do miocárdio, embolia pulmonar ou hemorragia não controlada, existe uma falha em levar
quantidades suficientes de oxigênio para todos os tecidos, com isso, aumenta a produção de lactato.
Esse excesso de lactato supera a capacidade que o fígado e o músculo têm de utilizá-lo, causando o
aumento da substância no plasma. Essa condição é denominada acidose láctica.
O piruvato pode ser convertido em oxaloacetato, intermediário do ciclo de Krebs, por meio da reação
catalisada pela enzima piruvato carboxilase (figura a seguir).
COO- COO-
Piruvato
carboxilase C O + 2H+
C O + H2O + CO2
CH2
CH3
ATP ADP COO-
Piruvato Oxaloacetato
Essa reação é de carboxilação, pois envolve a entrada de uma molécula de dióxido de carbono (CO2).
Ela é extremamente importante, pois repõe o oxaloacetato do ciclo de Krebs. As reações que têm essa
função de reposição são chamadas de anapleróticas.
43
Unidade I
Outro destino para o piruvato, que não ocorre em humanos, mas em alguns fungos e em certos
micro-organismos, é a conversão de piruvato em etanol. Esse processo é chamado de fermentação
alcoólica e ocorre em duas etapas: a primeira é a descarboxilação do piruvato formando acetaldeído, e
a segunda é a redução de acetaldeído em etanol (figura a seguir).
A.
COO- H
Piruvato
descarboxilase
C O + H+ C O + CO2
TPP
CH3 CH3
Piruvato Acetaldeído
B.
H Álcool OH
desidrogenase
C O + NADH + H+ H3C C H + NAD+
CH3 H
Acetaldeído Etanol
As conversões do piruvato em lactato e em etanol ocorrem em condições anaeróbicas e, por isso, são
processos chamados de fermentação láctica e fermentação alcoólica, respectivamente.
Saiba mais
Em condições aeróbicas, o piruvato pode ser transformado em acetil-CoA. Essa conversão ocorre no
interior da mitocôndria, na matriz mitocondrial. Existe uma translocase específica que faz o transporte
do piruvato para o interior da mitocôndria.
COO- Coenzima A
Complexo
multienzimático
C O + Coenzima A + NAD+ C O + NADH + CO2
CH3 CH3
Piruvato Acetil-CoA
Esse complexo é composto por três enzimas, a piruvato desidrogenase (E1, também chamada
descarboxilase), a diidrolipoil-transacetilase (E2) e a diidrolipoil-desidrogenase (E3). Cada uma dessas
enzimas atua numa etapa da catálise. Esse complexo multienzimático necessita de cinco coenzimas: a
E1 necessita de tiamina-pirofosfato, a E2 necessita de ácido lipoico e coenzima A e a E3 necessita de FAD
(flavina adenina dinucleotídeo) e NAD+.
Como vimos anteriormente, o piruvato pode ter quatro destinos: formação de lactato (fermentação
láctica), formação de oxaloacetato (reação anaplerótica), formação de etanol (fermentação alcoólica) e
formação de acetil-CoA (substrato do ciclo de Krebs).
Piruvato
Reação Respiração
anaplerótica celular
Oxaloacetato Acetil-CoA
Fermentação Fermentação
láctica alcoólica
Ciclo de Krebs
Fosforilação
oxidativa
45
Unidade I
A via das pentoses é uma via anaeróbica alternativa de oxidação da glicose. Nesse processo, duas moléculas
importantes são formadas: a ribose 5-fosfato, relevante para a biossíntese de nucleotídeos; e a coenzima
reduzida NADPH (nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato), que atua como agente redutor na biossíntese
dos ácidos graxos, dos esteróis (como o colesterol) e da glutationa, nas hemácias. Nessas reações de redução,
a coenzima passa à forma NADP+ e volta à sua forma reduzida, NADPH, na via das pentoses fosfato.
Observação
Na via das pentoses fosfato, a energia é armazenada sob a forma de poder redutor, ou seja, da
coenzima NADPH.
A via das pentoses fosfato é dividida em duas fases: a oxidativa e a não oxidativa. Ela ocorre no
citoplasma, é anaeróbica e é bastante ativa no fígado, nas glândulas mamárias, no tecido adiposo e nas
hemácias. No fígado, cerca de 30% do total de oxidação da glicose ocorrem pela via das pentoses fosfato.
A primeira reação da via das pentoses fosfato é igual à primeira da via glicolítica, em que a glicose é
transformada em glicose 6-fosfato à custa de uma molécula de ATP.
HO C3 C2 HO C3 C2
OH
OH NADP+ NADPH OH
Glicose 6-fosfato 6-fosfogliconolactona
46
BIOQUÍMICA
COOH H2C OH
H C OH 6-fosfoglicônico C O
desidrogenase
H C OH H C OH
H C OH H C OH
H C OH NADP+ NADPH CO2 CH2O P
CH2O P
Ácido 6-fosfoglicônico D-Ribulose 5-fosfato
Observação
Na fase oxidativa da via das pentoses fosfato, a partir de uma molécula de glicose, são formadas:
uma molécula de D-ribulose 5-fosfato, duas moléculas de NADPH e uma molécula de CO2.
47
Unidade I
O NADPH é oxidado em reações de redução, como na síntese de ácidos graxos, formando NADP+, que
pode ser reutilizado na via das pentoses.
A próxima fase é não oxidativa. Sua primeira reação é a transformação de D-ribulose 5-fosfato em
ribose 5-fosfato, pela ação de uma isomerase, ou a transformação em xilulose 5-fosfato, pela ação de
uma epimerase. Tanto a ribose 5-fosfato quanto a xilulose 5-fosfato têm cinco carbonos e, portanto, são
pentoses. Essas pentoses são convertidas em açúcares fosforilados com número de carbono que varia
entre três e sete. Todas as reações dessa fase são reversíveis.
A cada três moléculas de ribose 5-fosfato, são formadas duas moléculas de frutose 6-fosfato e
uma molécula de gliceraldeído 3-fosfato. Essas moléculas são intermediárias da via glicolítica e são
consumidas por ela.
Existe uma patologia relacionada à deficiência da enzima glicose 6-fosfato desidrogenase, a principal
enzima da via das pentoses fosfato. A ausência dessa enzima gera falta de NADPH, o que ocasiona
anemia hemolítica devido à deficiência no processo de redução da glutationa, a qual é importante para
a manutenção da integridade da membrana das hemácias. Na maioria dos casos, existe apenas uma
deficiência da enzima glicose 6-fosfato desidrogenase, e não sua ausência; com essa atividade residual,
as pessoas afetadas conseguem levar uma vida normal.
Essa patologia causa uma vantagem em relação à contração da malária, doença causada pelo
parasita Plasmodium falciparum, o qual tem parte do seu ciclo de vida nas hemácias. Os portadores
dessa deficiência são incapazes de abrigar esses parasitas em suas hemácias e, portanto, interrompem
o ciclo de vida do parasita.
O acetil-CoA proveniente da descarboxilação do piruvato é oxidado até CO2 por meio do ciclo de
Krebs, também chamado de ciclo do Ácido Cítrico ou ciclo dos Ácidos Tricarboxílicos.
O ciclo de Krebs é formado por uma sequência de oito reações, pois o oxaloacetato, um intermediário
do ciclo de Krebs, é uma molécula que faz parte da primeira reação como substrato, mas também da
última, como produto. O ciclo de Krebs ocorre na matriz mitocondrial. As oito reações que o integram
serão detalhadas a seguir:
48
BIOQUÍMICA
COO-
Coenzima A
C O H2C COO-
C O + Citrato sintase
CH2 HO C COO-
CH3
H2C COO-
Acetil-CoA COO- H2O Coenzima A
Oxaloacetato Citrato
Nessa reação, pode-se observar que o acetil-CoA tem dois átomos de carbono, o oxaloacetato tem
quatro e o produto, citrato, tem seis.
Lembrete
Na segunda reação do ciclo de Krebs, ocorre apenas a troca de posição de um grupamento hidroxila
pela ação enzima aconitase. Como o citrato e o isocitrato são isômeros, essa é uma reação de isomerização
(figura a seguir).
OH
Citrato Isocitrato
49
Unidade I
H C COO- C COO-
CO2 NAD+ NADH
OH O
Isocitrato a-cetoglutarato
Figura 47 – Descarboxilação oxidativa do isocitrato por intermédio da ação da enzima isocitrato desidrogenase
O isocitrato tem seis átomos de carbono. Para a formação do α-cetoglutarato, ocorre a perda de um
átomo de carbono na forma de CO2, sendo assim, o α-cetoglutarato ficará com cinco átomos de carbono.
Lembrete
Esse complexo necessita das coenzimas tiamina pirofosfato, ácido lipoico, FAD, NAD+ e coenzima A.
H C COO- C COO-
CO2 NAD+ NADH
OH O
Isocitrato a-cetoglutarato
50
BIOQUÍMICA
C Coenzima A C COO-
Coenzima A GDP GTP
O
Succinato
Succinil-CoA
Essa reação está acoplada à fosforilação e à GDP (guanosina difosfato) com a consequente produção
de GTP (guanosina trifosfato). O GTP e o ATP são energeticamente interconversíveis pela reação da
nucleosídeo difosfato quinase:
O succinato é oxidado a fumarato pela enzima succinato desidrogenase. A coenzima utilizada nessa
reação é a molécula FAD que é reduzida a FADH2 (figura a seguir).
C COO- H C
FAD FADH2 COO-
Succinato Fumarato
A hidratação do fumarato por meio da ação da enzima fumarase, também chamada de fumarato
hidratase, resulta na formação de malato (figura a seguir).
COO- COO-
H C Fumarase H C H
+ H2O
H C H C OH
COO- COO-
Fumarato Malato
51
Unidade I
O malato é oxidado a oxaloacetato por meio da ação da enzima malato desidrogenase. Nessa reação,
a molécula reduzida é NAD+ (figura a seguir).
COO- COO-
Malato
H C desidrogenase C O
H C CH2
COO- COO-
NAD+ NADH
Fumarato Oxaloacetato
Observação
52
BIOQUÍMICA
Acetil-CoA
Oxaloacetato Citrato
Isocitrato
Malato
a-cetoglutarato
Fumarato
Succinil-CoA
Succinato
Na presença de oxigênio, a glicose proveniente da digestão dos polissacarídeos da dieta passa pela
glicólise aeróbica, na qual ocorre a formação de duas moléculas de piruvato, que são transformadas em
duas de acetil-CoA; estas últimas, por sua vez, são oxidadas pelo ciclo de Krebs. Como são obtidas duas
moléculas de acetil-CoA, todos os outros intermediários do ciclo de Krebs são duplicados.
Segue uma visão geral do processo que ocorre na presença de oxigênio (figura a seguir).
53
Unidade I
Glicose
Glicose 6-fosfato
Frutose 6-fosfato
Frutose 1,6-fosfato
Diidroxiacetona + Gliceraldeído
3-fosfato
Gliceraldeído
3-fosfato
2 (Gliceraldeído 3-fosfato)
2 (1,3-Difosfoglicerato)
2 (3-Fosfoglicerato)
2 (Fosfoenolpiruvato)
2 (Piruvato)
2 (Acetil-CoA)
2 oxaloacetato 2 citrato
2 malato
2 isocitrato
2 fumarato
2 a-cetoglutarato
2 succinil-CoA
2 succinato
54
BIOQUÍMICA
Essa via também pode ser representada evidenciando a quantidade de átomos de carbono e a
liberação de dióxido de carbono (figura a seguir).
6C
6C
6C
6C
3C + 3C
3C
3C
3C
3C
3C
3C
Liberação de CO2
2C
4C 6C
4C 6C
Liberação de CO2
5C
4C
Liberação de CO2
4C
4C
55
Unidade I
Glicose
Gasto de ATP
Glicose 6-fosfato
Frutose 6-fosfato
Frutose 1,6-fosfato
Gasto de ATP
Diidroxiacetona + Gliceraldeído
3-fosfato
Gliceraldeído
3-fosfato
2 (Gliceraldeído 3-fosfato)
Produção de 2 NADH
2 (1,3-Difosfoglicerato)
Produção de 2 ATP
2 (3-Fosfoglicerato)
2 (Fosfoenolpiruvato)
Produção de 2 ATP
2 (Piruvato)
Produção de 2 NADH
2 (Acetil-CoA)
2 oxaloacetato 2 citrato
Produção de 2 NADH
2 malato 2 isocitrato
Produção de 2 NADH
2 fumarato 2 a-cetoglutarato
Produção de 2 NADH
Produção de 2 FADH2
2 succinato 2 succinil-CoA
Produção de 2 GTP
Figura 56 – Produção de moléculas importantes para a obtenção de energia na glicólise aeróbica e no ciclo de Krebs
56
BIOQUÍMICA
Pode-se observar que da energia total disponível na molécula de glicose, uma pequena parte
foi utilizada para gerar energia na forma de ATP. Apenas um saldo final de duas moléculas de ATP é
produzido na glicólise e no ciclo de Krebs. O restante da energia permanece conservado nas coenzimas
que foram reduzidas. Elas serão oxidadas na cadeia de transporte de elétrons, e a energia armazenada
por elas será transformada em ATP num processo chamado de fosforilação oxidativa.
Lembrete
No processo de oxidação da glicose, ocorre a redução de várias coenzimas NAD+ e FADH, formando-se
NADH e FADH2, respectivamente. As coenzimas NADH precisam ser oxidadas para voltar à forma de
NAD+ a fim de que possam ser reutilizadas na oxidação de outras moléculas de glicose e também para
que a energia nelas armazenada possa ser utilizada na síntese de ATP.
Os compostos que fazem parte da cadeia de transporte de elétrons agrupam-se em quatro complexos
designados: I, II, III e IV. Existem dois componentes que não fazem parte de complexos, a coenzima Q
(CoQ), também conhecida como ubiquinona, que conecta os complexos I e II com o complexo III, e o
citocromo c, que conecta o complexo III com o complexo IV (figura a seguir).
Espaço intermembranas
C
I III IV
CoQ Membrana
interna
II
Matriz mitocondrial
Figura 57 – Distribuição dos complexos I, II, III e IV, da coenzima Q e do citocromo c na membrana interna da mitocôndria
Os elétrons presentes no NADH são transferidos para o complexo I, para a coenzima Q, para o
complexo III, para o citocromo c, para o complexo IV e, por fim, para o oxigênio (figura a seguir).
57
Unidade I
e- C e-
I III IV
e- e-
CoQ
e-
e- II
NADH O2
Os elétrons presentes no succinato são transferidos para o complexo II, para a coenzima Q, para o
complexo III, para o citocromo c, para o complexo IV e, por fim, para o oxigênio (figura a seguir).
e- C
e-
I III IV
CoQ e-
e-
e-
II
e-
succinato O2
O complexo I é formado por cerca de 26 cadeias polipeptídicas. A essas cadeias estão associados
1 molécula de flavina mononucleotídeo (FMN) e de 6 a 7 centros ferro-enxofre, os quais são formados
por íons de ferro e de enxofre.
A primeira transferência de elétrons ocorre do NADH para FMN. Nessa reação, o NADH fornece
elétrons para a redução do FMN, o qual é transformado em FMNH2:
Observação
Os íons de ferro e enxofre estão associados a resíduos de cisteína. Eles irão transportar os elétrons
da molécula FMN para a coenzima Q. Uma característica importante é que os centros de ferro e enxofre
58
BIOQUÍMICA
não recebem prótons e, portanto, os prótons são transferidos para o espaço intermembranas. Começa,
então, a formação do gradiente de prótons (figura a seguir).
2H+ Espaço
intermembranas
Fe2+- S
Fe3+- S e- Membrana
CoQ
interna
FMNH2
FMN
Matriz
NADH + H+ NAD+
Figura 60 – Complexo I e o transporte de elétrons. A seta vermelha indica a trajetória dos elétrons
provenientes de NADH. Os prótons são liberados no espaço intermembranas
No complexo II, está presente a enzima succinato desidrogenase, alguns centros Fe-S e o citocromo b560.
Lembrete
A enzima succinato desidrogenase tem como coenzima o FAD. Na reação catalisada por essa enzima,
o succinato é oxidado a fumarato, e o FAD é reduzido a FADH2. Os elétrons são transferidos primeiro para
os centros Fe-S e depois para a coenzima Q. Nem os centros Fe-S nem o citocromo b560 recebem prótons
e, portanto, os prótons presentes no FADH2 retornam à matriz mitocondrial, não contribuindo para o
gradiente de prótons (figura a seguir).
Espaço intermembranas
citb560
e-
Membrana
Fe2+- S CoQ interna
Fe3+- S
FADH2 Matriz
2H+ FAD
succinato fumarato
Figura 61 – Transporte de elétrons pelo complexo II. A seta vermelha indica a trajetória dos elétrons pelo complexo II.
Os elétrons do succinato são transferidos para o FAD, depois para os centros Fe-S, depois para o citocromo b560 e deste para a coenzima Q
59
Unidade I
O CH3
CH3O CH3
O
H+ + e-
O CH3
CH3O CH3
OH
H+ + e-
OH CH3
CH3O CH3
OH
60
BIOQUÍMICA
O complexo III é constituído por dois citocromos b, um centro Fe-S e pelo citocromo c1. Os elétrons
são transferidos da coenzima Q para os componentes do complexo III e deste para o citocromo c.
Na transferência de elétrons para o complexo III, prótons presentes na coenzima Q são liberados no
espaço intermembranas, contribuindo para o gradiente de prótons.
O citocromo c é uma proteína periférica e pequena que transporta elétrons do complexo III para o
complexo IV.
O complexo IV tem dois citocromos a – a e a3 –, que têm íons de cobre associados. O transporte exato
dos elétrons que esse complexo faz ainda não está bem definido, mas se conhecem algumas de suas
características: o transporte de elétrons por esses íons faz com que eles mudem do estado de oxidação
Cu2+ para Cu1+; o complexo IV doa quatro elétrons para a molécula de oxigênio e este capta prótons da
matriz mitocondrial, formando duas moléculas de H2O.
C Espaço
intermembranas
cita - Cu
Membrana
interna
cita3 - Cu
Matriz
O2
+ 2H2O
4H+
É importante esclarecer que, por meio de experimentos feitos isoladamente com os complexos,
descobriu-se a existência do transporte de prótons, porém o mecanismo exato desse transporte ainda
não foi totalmente elucidado.
61
Unidade I
- - - - - - +
-
Matriz ADP + Pi +
-
mitocondrial
H+ H+
ATP
-
ATP sintase +
-
Para cada NADH que transporta seus elétrons pelos complexos I, III e IV, há síntese de três moléculas
de ATP e, para cada succinato que reduz FAD a FADH2, há síntese de duas moléculas de ATP.
Sabendo quantas moléculas de ATP são produzidas a partir de NADH e FADH2, e sabendo o quanto
dessas moléculas é gerado na cadeia respiratória, pode-se calcular a quantidade total de ATP formado
(figura a seguir).
62
BIOQUÍMICA
Glicose
Gasto de ATP
Glicose 6-fosfato
Frutose 6-fosfato
Gasto de 2 ATP
Frutose 1,6-fosfato
Gasto de ATP
Diidroxiacetona + Gliceraldeído
3-fosfato
Gliceraldeído
3-fosfato
2 (Gliceraldeído 3-fosfato)
Produção de 2 NADH x 3 = 6 ATP
2 (1,3-Difosfoglicerato)
Produção de 2 ATP
2 (3-Fosfoglicerato)
Produção
de 4 ATP
2 (Fosfoenolpiruvato)
Produção de 2 ATP
2 (Piruvato)
2 oxaloacetato 2 citrato
Produção de 2 NADH
x 3 = 6 ATP
2 malato 2 isocitrato
2 fumarato 2 a-cetoglutarato
Somando todas as moléculas de ATP produzidas e subtraindo as duas moléculas de ATP que foram
gastas na fase de investimento, obtém-se um rendimento de 38 moléculas de ATP.
63
Unidade I
Na primeira etapa da oxidação da glicose, que compreende a conversão de glicose em duas moléculas
de piruvato, existe a produção de duas moléculas de NADH, porém esse NADH produzido está no citosol, e
a cadeia de transporte de elétrons ocorre na membrana interna da mitocôndria, que é impermeável tanto a
NADH quanto a NAD+. Para que o NADH produzido no citosol possa ser oxidado pela cadeia de transporte de
elétrons, há a necessidade de sistemas chamados de lançadeiras. Neles, os elétrons do NADH são transferidos
para um composto que pode atravessar a membrana interna da mitocôndria ou os elétrons são
transferidos para um composto que posteriormente pode retransferi-los para um componente da cadeia de
transporte de elétrons. Existem dois tipos de lançadeiras conhecidas que serão descritas a seguir:
Aspartato Aspartato
Oxaloacetato Oxaloacetato
-
e e-
NADH NADH
NAD+ NAD+
Malato Malato
Matriz
Citosol mitocondrial
64
BIOQUÍMICA
• Lançadeira do glicerol 3-fosfato: o NADH citosólico doa seu elétron para a diidroxiacetona
fosfato formando glicerol 3-fosfato. Essa reação é catalisada pela enzima glicerol 3-fosfato
desidrogenase. O glicerol 3-fosfato difunde-se até a face externa da membrana interna, em que
se localiza outra enzima glicerol 3-fosfato desidrogenase que contém FAD. O glicerol 3-fosfato
regenera a diidroxiacetona fosfato, produzindo FADH2, que, por meio de um centro Fe-S, entrega
seus elétrons à coenzima Q (figura a seguir).
Glicerol 3-fosfato
e- Glicerol 3-fosfato
desidrogenase
FAD
Fe-S
e-
CoQ
Esse sistema atua no músculo do voo dos insetos, em seu músculo esquelético (provavelmente) e no
cérebro de mamíferos. Nele, cada NADH gera apenas duas moléculas de ATP.
Quando o corpo necessita dos depósitos de glicogênio, ele passa por uma série de reações chamadas
de glicogenólise.
Lembrete
65
Unidade I
A degradação do glicogênio consiste na remoção dos resíduos de glicose. A primeira enzima que
atua nessa remoção é a glicogênio fosforilase, a qual catalisa a fosforólise da ligação glicosídica α-1,4;
resíduos de glicose 1-fosfato resultam dessa reação (figura a seguir).
CH2OH CH2OH
5 5
C O C O
4C OH 4C OH
C1 + C1
C3 C2 O C3 C2 O...
HO
OH OH
A remoção dos resíduos de glicose acontece até o quarto resíduo antes de uma ramificação (figura
a seguir).
Glicogênio Glicogênio
fosforilase fosforilase
+ +
Glicose Glicose
a-1,6 a-1,6 1-fosfato a-1,6 1-fosfato
O próximo passo é feito pela enzima desramificadora. Essa enzima apresenta dois domínios: um com
atividade de transferase e outro com atividade de glicosidase.
O domínio com atividade de transferase transfere três dos quatro resíduos de glicose deixados pela
enzima glicogênio fosforilase, formando uma nova ligação glicosídica α-1,4 (figura a seguir).
66
BIOQUÍMICA
Transferase
a-1,6 a-1,6
Os resíduos transferidos podem ser retirados pelo glicogênio fosforilase, pois apresentam ligações
glicosídicas α-1,4 entre eles (figura a seguir).
Os resíduos de glicose conectados por ligações glicosídicas α-1,6 são liberados pela segunda atividade
da enzima desramificadora α-1,6 glicosidase. Essa é uma reação de hidrólise.
a-1,6 a-1,6
glicosidase
+
H2O Glicose
A. B.
Músculo
Glicogênio
Fígado
Glicogênio
Glicose 6-fosfato
Energia
Corrente sanguínea
67
Unidade I
Observação
• ele fica armazenado em grânulos citoplasmáticos que contêm a maioria das enzimas necessárias
para a síntese e para a degradação do glicogênio;
Observação
3 SÍNTESE DE CARBOIDRATOS
O glicogênio é sintetizado a partir da adição de moléculas de α-glicose. Nessa via, a glicose deve
ser primeiramente ativada, sendo que essa ativação depende de ATP e UTP (uridina trifosfato). A seguir
estão representadas as reações para a ativação da glicose:
A enzima glicogênio sintase catalisa apenas a formação de ligações glicosídicas α-1,4. Outra enzima
chamada de ramificadora forma ligações glicosídicas α-1,6 através da transferência de seis a sete
resíduos de glicose da molécula linear para a parte mais interna da molécula, formando, assim, as
ramificações (figura a seguir).
Enzima
ramificadora
a-1,6
Pode-se observar que são consumidas duas moléculas de ATP por resíduo de glicose incorporado na
molécula de glicogênio. Uma das moléculas é consumida na conversão de glicose em glicose 6-fosfato,
e a outra é consumida na conversão de UDP em UTP.
69
Unidade I
Lembrete
A síntese do amido e a do glicogênio são muito semelhantes. A diferença que existe entre as duas é
a forma ativada da glicose. Na síntese de glicogênio, a forma ativada da glicose é a UDP-glicose e, na
síntese do amido, é a ADP-glicose.
A adição da glicose ativada é catalisada pela enzima ADP-glicose sintase. Segue a reação de formação
do amido:
4 GLICONEOGÊNESE
Podemos obter glicose de três maneiras: pela dieta, pelo glicogênio hepático (que consegue gerar
glicose por cerca de oito horas) e pela gliconeogênese.
A gliconeogênese é uma via que forma glicose a partir dos precursores glicerol, lactato e aminoácidos;
ela ocorre no fígado e nos rins. A contribuição do fígado para esse processo é maior, porém, dependendo
do tempo de jejum, a dos rins pode chegar até a 40%.
70
BIOQUÍMICA
A existência do estoque de glicogênio e de uma via para obter glicose a partir de outros compostos
mostra a importância desse composto no nosso organismo. A maioria dos tecidos é capaz de obter
energia a partir de vários compostos, como açúcares e ácidos graxos, porém alguns tecidos utilizam
exclusivamente glicose como fonte de energia, conforme mostra o quadro a seguir:
O glicerol é obtido pela hidrólise de triacilglicerol, estocado no tecido adiposo, e levado até o fígado
pela corrente sanguínea.
O lactato é liberado pelo músculo esquelético em exercício e pelas células que não têm mitocôndrias.
Ele é liberado na corrente sanguínea, captado pelo fígado, transformado em piruvato e posteriormente
transformado em glicose, que retorna à corrente sanguínea e pode novamente ser utilizada pelo
músculo, formando o lactato. Essas transformações são chamadas de ciclo de Cori (figura a seguir).
A. B.
Fígado Músculo
Glicose
Glicose
Glicose
Lactato
Lactato
Lactato
Sangue
71
Unidade I
No fígado, o glicerol é fosforilado pela ação da enzima glicerol quinase. O glicerol-fosfato é oxidado
pela glicerol-fosfato-desidrogenase, produzindo diidroxiacetona fosfato, um intermediário da glicólise,
que é fosforilado, formando glicerol.
Observação
Lembrete
Essa etapa é realizada por duas reações: primeiramente, o piruvato é carboxilado pela ação da enzima
piruvato carboxilase, produzindo oxaloacetato, que então é convertido em fosfoenolpiruvato pela ação
da fosfoenolpiruvato carboxiquinase. A seguir estão representadas essas reações:
72
BIOQUÍMICA
A piruvato carboxilase é uma enzima mitocondrial, portanto, para o piruvato citosólico ser
transformado em oxaloacetato, ele deve entrar na mitocôndria. A entrada na mitocôndria é feita pela
ação da piruvato translocase. Uma vez formado o oxaloacetato, este passa para o citosol por meio da
lançadeira malato-aspartato.
Observação
A conversão de frutose 1,6-bifosfato em frutose 6-fosfato é uma hidrólise catalisada pela enzima
frutose 1,6-bifosfatase. Segue a representação dessa reação:
No próximo passo, a conversão de frutose 6-fosfato em glicose 6-fosfato é realizada pela mesma
enzima da glicólise, a fosfoglicoisomerase, já que essa enzima catalisa uma reação reversível.
Observação
Essa reação é semelhante à anterior. A conversão de glicose 6-fosfato em glicose é uma hidrólise
catalisada pela enzima glicose 6-fosfatase. Segue a representação dessa reação:
73
Unidade I
Alanina
Lactato Piruvato
Piruvato carboxilase
Oxaloacetato
Fosfoenolpiruvato carboxiquinase
Fosfoenolpiruvato
3-Fosfoglicerato
1,3-Difosfoglicerato
Gliceraldeído
3-fosfato + Diidroxiacetona
Frutose 1,6-fosfato
Frutose 1,6-fosfatase
Frutose 6-fosfato
Glicose 6-fosfato
Glicose 1,6-fosfatase
Glicose
74
BIOQUÍMICA
Glicólise Gliconogênese
Glicose Piruvato
Fosfofrutoquinase
Frutose 1,6-fosfato
Frutose 1,6-fosfato
Frutose 1,6-fosfatase
Piruvato quinase
Glicose 1,6-fosfatase
Glicose
75
Unidade I
Resumo
76
BIOQUÍMICA
Exercícios
Questão 1. (Udesc 2016, adaptada) Na composição química das células, um constituinte de extrema
importância são os glicídios, também chamados de açúcares ou carboidratos. Analise as afirmativas a
seguir com relação a essas moléculas.
I – Algumas são a fonte primária de energia para as células, e outras atuam como reserva dessa energia.
III – Como exemplo dessas moléculas podemos citar a glicose, o amido, o glicogênio e a celulose.
IV – Além de função energética, elas podem ter papel estrutural em algumas células.
A) I, II e III.
B) I e III.
C) II e IV.
D) III e IV.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: a glicose, por exemplo, é fonte primária de energia, enquanto o amido é uma
reserva energética.
78
BIOQUÍMICA
II – Afirmativa correta.
IV – Afirmativa correta.
III – A energia liberada nos processos do metabolismo energético é armazenada nas moléculas de ATP.
IV – No processo de fermentação, não existe uma cadeia de aceptores de hidrogênio que está
presente na respiração aeróbica e anaeróbica.
A) I, III, IV, V.
B) I, III, V, VI.
C) I, IV, V, VI.
D) I, II, IV, V.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: a quebra de moléculas orgânicas mais complexas, como a glicose, para a liberação de
energia e consequente formação de moléculas mais simples, como o CO2, ocorre na fermentação, na
respiração celular aeróbia e na respiração celular anaeróbia.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: a quebra das ligações das moléculas de glicose resulta em liberação de energia, por
exemplo, que ficarão armazenadas em moléculas de ATP para quando a célula precisar utilizá-las.
IV – Afirmativa correta.
V – Afirmativa correta.
VI – Afirmativa incorreta.
Justificativa: na fermentação são formados somente 2 ATPs, enquanto na respiração aeróbia são
formados em média 38 ATPs.
80